Jogada No To Da Russia

  • October 2019
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  • Words: 64,890
  • Pages: 257
jogada no campeonato da Russia (1940), vencido por Lilienthal, empatado com Bondarewsky, com 13,5 pontos de 19 possiveis, o que da uma ideia de quanto foi encarnicada a luta (Lilienthal e hungaro, nacionalizado russo). A esperanca estoniana, Keres, chegou em quarto. O Campeao mundial, Botwinnik ficou em sexto e o 19 posto foi ocupado por um mestre da forca de Loewenfisch, o que sugere o poderio dos 20 competidores. Estes chegaram a final depois de uma selecao entre meio milhao de enxadristas. E de fazer notar que nos paises da antiga Russia se ensina xadrez aos meninos na escola, como se se tratasse de uma materia a mais do programa. Dai a enorme difusao deste jogo e os conhecimentos surpreendentes dos jogadores destas nacoes. A pratica tem demonstrado que o xadrez e uma tecnica e como tal pode ser ensinada do mesmo modo que a medicina, engenharia, arquitetura, etc. E um erro crer que um jogador chega a ser bom porque tem "condicoes naturais" para este jogo. Diriamos melhor que esse jogador, a forca do estudo e vontade, chegou a aperfeicoar sua tecnica a tal ponto que se destaca entre os demais. Porem, vamos a partida, que nos servira para demonstrar que O FIANCHETO DA DAMA E INFERIOR AO DO REI. Brancas: Lilienthal Negras: Botwinnik} 1... Nf6 {Com Cf6 po de-se jogar logo um fiancheto de Rei, ou um fiancheto de dama, ou d6, ou

simplesmente d5. A jogada "usual"(d5) e menos elastica que Cf6 porque com ela entramos diretamente numa "Abertura do peao da dama", sem poder seguir outros caminhos.} 2. c4 e6 {O branco conti nua desenvolvendo uma abertura da dama, com c4, pressiona sobre a casa d5 (que ja domina com o cavalo) intentando disputa-la. O negro, com e6, mantem o controle da mesma casa e procura abrir um caminho a seu bispo de rei.} 3. Nf3 b6 {Conhecer abertura s nao significa reter na memoria uma serie interminaveis de jogadas para cada variante ou sub-variante, senao que saber manter o equilibrio da balanca, tratando, esta claro, de inclinar o prato a seu favor. Depois, no meio-jogo, busca-se as contra-chances. Continuemos a partida: o negro com 3...b6 indica que se decide a jogar um "fiancheto de dama", desenvolvendo seu bispo por b7. Quando um jogador pretenda um fiancheto de dama, o melhor e contestar em seguida com um fiancheto de rei ( Ja veremos, mais adiante o por que). Porem, deve-se ter em conta, para isso, que o "peao do rei" esteja em sua casa inicial. Do contrario, existira uma debilidade na casa f3; debilidade que o adversario pode explorar, ja que da lugar a combinacoes baseadas nessa debilidade. Nunca devemos esquecer que os peoes sao os unicos que, uma vez

avancados, nao podem retroceder e que PEAO QUE SE MOVE DEIXA UMA OU DUAS CASAS FRACAS. Porem, nao e possivel manter em toda a partida os peoes na casa inicial: para ganhar ha que arriscar algo e, entao, e claro que devemos avancar os peoes, mas cuidando sempre das debilidades que vao deixando atras de si. O condutor das brancas (Lilienthal), seguindo as regras acima jogou...} 4. g3 {e a partida continuou assim.} 4... Bb7 5. Bg2 Be7 6. O-O O-O { Agora vemos claramente porque o fiancheto de rei e melhor do que o fiancheto de dama. Ao produzir-se o roque, o rei branco defende seu bispo de g2, enquanto que o bispo da dama negro esta indefeso. Isto pode dar lugar a combinacoes que veremos mais adiante, baseadas nesta falta de apoio do bispo dama. E claro que se este bispo cai, tambem caira imediatamente a torre da dama do negro e isso e, precisamente, o mais grave. Poderia-se dizer "porem o negro pode apoiar seu bispo". Esta certo mas, para isso, teria de perder um "tempo" levando sua dama a c8. Esta jogada, alem de significar perda de um "tempo" precioso, nao e recomendavel porque a dama, entao, deixaria de prestar apoio ao outro bispo e se escravizaria na defesa de seu bispo de b7. Com o exposto, ja vemos que nesta abertura o equilibrio da balanca foi rompido. Podemos afirmar rotundamente que as brancas estao melhor. Agora e questao de

saber fazer valer esta superioridade. Em outras palavras, colocar em jogo esta pequena vantagem.} 7. Nc3 Ne4 {O negro trata de forcar a troca de cavalos em e5 para instalar ai seu bispo. O branco, entao, deve tratar de evitar isso.} 8. Qc2 Nxc3 {Com a dama em c2, ameacava-se duas vezes o cavalo negro, que estava defendido somente uma vez, o que forcou a troca de cavalos. E aqui ja vemos qual e a combinacao a que da motivo o indefeso bispo negro de b7. Suponhamos, por um momento, que nao fosse possivel ao cavalo negro tomar o peao de "e" dando xeque. Vejamos o que sucederia se o cavalo branco saltasse a g5, ameacando mate com a dama em h7. O negro estaria obrigado a tomar este cavalo e, entao, o bispo do fiancheto capturaria o bispo indefeso das negras, ganhando imediatamente a torre da dama, obtendo, com isso, vantagem material. Porem e necessario, previamente, tomar o cavalo do negro e deve fazer-se com a dama para nao dobrar peoes.} 9. Qxc3 d6 10. Qc2 {A dama volta a c2 para continuar ameacando a combinacao que ja vimos;combinacao sumamente apreciavel para o negro, que deve para-la imediatamente e, para isso joga:} 10... f5 11. Ne1 $5 {E aqui, que Lilienthal nos perdoe, mas nao cremos que haja jogado o melhor. Esta classe de posicao e tipica nestas aberturas e esta comprovado que

era melhor 11.d5 com o que se ganhava rapidamente. Trazendo o cavalo a e1 se da a oportunidade ao negro para que obtenha a igualdade jogando Bxb2, depois do que o equilibrio haveria voltado, pois nao existiria a superioridade do fiancheto do rei sobre o outro. E possivel que Botvinnik necessitasse ganhar este ponto para seu escore, pelo que deixou de procurar empate com Bxb2 e preferiu forcar com o lance a seguir.} ( 11. d5 {Vamos esclarecer que com 11.d5 haveria restado dois caminhos ao negro: tomar o peao da com seu peao do rei ou avancar seu peao do rei. Se se toma o peao, o desastre e imediato porque o branco joga 12.Cd4, impedindo que o negro prossiga tomando o outro peao porque cairia o bispo e a torre, e ameacando levar o cavalo a e6 para dar o "duplo"na dama e torre negras. Se o negro prefere avancar seu peao a e4, seguiria: [11. d5 e5 12.Nxe5 dxe5 13.d6 Bxg2 14. dxe7 Qxe7 15.Kxg2 com melhor jogo para o branco.]} 11... e5 12. Nxe5 dxe5 13. d6 Bxg2 14. dxe7 Qxe7 15. Kxg2 { con mejor juego para el blanco.}) 11... Nc6 12. d5 exd5 {Esta ultima captura e forcada, do contrario as negras perdem o peao de "e" (e entra a combinacao ja explicada) ou o cavalo.} 13. cxd5 (13. Bxd5+ {Para as brancas

era tentadora a jogada 13.Bxd5+. Porem o lance de Lilienthal e muito melhor porque leva um peao ao centro, em d5, o qual dara dois pontos fortes para o branco: e6 e c6, nos quais, mais adiante, pode-se instalar um cavalo.}) 13... Nb4 {Agora o cavalo negro ameaca a dama e o peao avancado. Onde as brancas devem colocar a dama? Observemos que o bispo da dama do branco (ainda nao desenvolvido) nao tem nenhum "programa" na diagonal c1-h6 e deduzimos, entao, que sera melhor desenvolve-lo por fiancheto, pressionando diretamente sobre o roque inimigo. Entao, nao devemos por a dama em b3. Restam as casas c4 e d2. Descartamos c4 porque depois de 14...a5 (apoiando o cavalo) o negro continuaria 15...Ba6 com consequeencias muito desagradaveis para as brancas. Preferimos, entao...} 14. Qd2 a5 15. a3 Na6 16. b4 Bf6 {As negras tratam de se opor ao fiancheto preparado pelo branco, poremobservemos a diferenca: o bispo dama branco estara em b2 apoiado pela dama. As brancas podem jogar tranqueilamente...} 17. Bb2 Qd7 { Para avancar o peao da casa c7 a c6 e apoiar seu bispo da dama.} 18. Bxf6 Rxf6 {Se o branco pudesse instalar um cavalo em e6, restringiria o jogo negro. Trata-se, entao, de levar o cavalo a casa e6...} 19. Nd3 a4 20. Rac1 {

Tomando a coluna.} 20... Qf7 {ameacando o peao de d5.} 21. Nf4 { Defendendo o peao de d5.} 21... Bc8 {Retirar o bispo a c8 significa que o negro reconhece a inferioridade do fiancheto de dama frente ao fiancheto de rei, que e o que estamos demonstrando nesta licao. Bastaria isso para confirma-lo; porem sigamos com a partida, pois ainda nao terminou a forte pressao que exerce o bispo branco de g2. Agora o branco tratara de dobrar as torres na coluna "c" para pressionar o peao de c7 e manter o cavalo preso.} 22. Rc3 Bd7 {Para fazer algo.} 23. Rfc1 h6 {Ao fazer este lance o negro deixa um ponto fraco em g6, que seria magnifico para instalar o cavalo. Impoe-se, entao, garantir este ponto.} 24. h4 Ra7 {Perdendo tempo.} 25. h5 Ra8 {Regresso.} 26. Re3 Kh7 {Depois que o cavalo se instalasse em g6 seria muito forte por a torre em e7. Por isso, as brancas levaram a torre para dita coluna, sem apressar-se em jogar Cg6. O negro ja esta perdido, porem o branco recorda que QUANDO A POSICAO E SUPERIOR NAO HA QUE APRESSAR-SE EM ATACAR. A FRUTA MADURA CAI DA ARVORE POR SI SO.} 27. Rcc3 Rb8 { Para sair da acao do bispo branco, porem deixa o cavalo sem apoio e o branco aproveita imediatamente.} 28. Qd3 Ra8 {

Voltando a por-se sob o "fogo" do bispo.} 29. Ng6 Rxg6 { Este e um sacrificio para se livrar da pressao, mas nao resolvera.} 30. hxg6+ Kxg6 31. Re6+ Kh7 (31... Bxe6 {Esta claro que nao se pode 31...Bxe6 porque segue 32.dxe6 atacando a Dama, e entao o bispo do fiancheto rei ganha "limpamente" a torre-dama. Uma vez mais se comprova a forca deste fianchetto.} 32. dxe6 {Atacando la Dama, y entonces el alfil del fiancheto rey se gana "limpiamente" la torre-dama. Una vez mas se comprueba la fuerza de este fiancheto}) 32. g4 c5 {Tratando de liberar-se no flanco dama.} 33. b5 Nc7 34. gxf5 Nxb5 {Tampouco agora se poderia tomar a torre com o cavalo pelas mesmas razoes que ja explicamos.} 35. f6+ Kg8 (35... g6 {Nao se poderia jogar 35...g6 porque a torre branca entraria na 7 linha, ganhando a dama.}) ( { tampoco se podia jugar:} 35... Qg6 { Tampouco se podia jogar 35...Dg6 devido a 36.Dxg6+ seguido de} 36. Qxg6+ { seguido de} 36... Kxg6 37. Rg3+ Kh7 (37... Kh5 38. Bf3+ Kh4 39. Re4+ Bg4 40. Rexg4+ Kh5 41. Rf4#) 38. Rxg7+) 36. Rc4 Re8 {por fim sai da diagonal.} 37. Rg4 g5 38. Rxe8+ Bxe8 39. Re4 Kf8 (39... Qxf6

{ Nao se pode tomar o peao em f6 39...Dxf6 devido a...} 40. Rxe8+ Kf7 41. Qxb5 { e o branco fica com uma vantagem ganhadora.}) 40. Re7 Qg6 { Tampouco agora se pode tomar o peao de f6.} 41. Be4 Qh5 {O bispo entra "cortando" por outra diagonal e e ele que decida as ultimas acoes.} 42. Bf3 Qg6 43. Rxe8+ Qxe8 {forcado.} 44. Qh7 {E as negras abandonam. A dama branca ameacava dar mate em g7.Contra isto a unica jogada seria:} 44... Qf7 45. Qxh6+ Kg8 (45... Ke8 46. Bh5 {ganhando a dama.}) 46. Bh5 Qd7 { Ou qualquer outra.} 47. f7+ {E e necessario sacrificar a dama negra, perdendo rapidamente. CONCLUSAO: Poderiamos trazer muitos outros exemplos para reafirmar a conclusao que chegamos: QUE O FIANCHETO DE DAMA E INFERIOR AO FIANCHETO DE REI. Porem, com a partida exposta ha o suficiente para esta licao. Para terminar, diremos que nao estamos sos ao fazer esta afirmacao: o grande campeao do mundo, Dr. Alejandro Alekhine mantinha a mesma opiniao, se bem que em seus artigos cuida muito bem em dizer: Por que o gambito da dama e inferior. Saudacoes, amigos enxadristas, e ate a proxima licao. Prof. Erich Gonzalez e -

mail: [email protected] (Traducao: Elias Muniz)} 1-0 [Event "A INICIATIVA"] [Site "?"] [Date "????.??.??"] [Round "?"] [White "LICAO 2"] [Black "?"] [Result "1-0"] [ECO "C44"] [PlyCount "65"] 1. e4 {LICAO 2 TRANSCRICAO pelo Professor ERICH GONZALEZ, na cidade de Maracaibo, Estado Zulia, Venezuela. LICOES DO Dr RAFAEL BENSADON EM APONTAMENTOS TOMADOS PELO ALUNO ERNESTO CARRANZA. LICAO 2 - A INICIATIVA Estimados amigos leitores desta pagina. Faco-lhes a entrega da segunda licao. Pode-se entender por "iniciativa" a forma de conduzir as pecas de maneira que signifiquem um ataque constante sobre o rival, constituindo ameacas, das quais se deve defender imediatamente, buscando sempre "ganhar tempos", ainda a custa de perder peoes e pecas para atingir o objetivo perseguido. QUANDO UM JOGADOR CONSEGUE LEVAR UMA INICIATIVA CONTINUA, CHEGA UM MOMENTO QUE SE ESGOTAM AS JOGADAS BOAS DO OUTRO. Baseadas neste conceito, existem muitas partidas (mesmo entre mestres) em que um dos jogadores se apodera da iniciativa desde a

abertura e nao a cede, mesmo que deva perder pecas, fazer sacrificios e buscar dificeis combinacoes; conseguindo obter a vitoria se for capaz de manter um ataque continuo, perdendo lamentavelmente se o outro consegue encontrar replicas justas que desbaratem seus planos. Porque todos os jogadores conhecem o valor da iniciativa , logicamente, desde a saida, tratam de se opor a do rival. Os jogadores sabem perfeitamente que: AS VEZES, A DESVANTAGEM MATERIAL ESTA AMPLAMENTE COMPENSADA COM A VANTAGEM DE "TEMPO" E ESPACO. A partida que vamos analisar foi jogada em La Habana, Cuba, em 1892, pelo campeonato do mundo, entre Steinitz e Tchigorin. E nao e, por certo, "uma partida modelo", senao um duelo onde nenhum dos dois quer ceder a iniciativa e, para isso, realizam jogadas incompreensiveis para os profanos. Para compreende-la e necessario saber que Tchigorin vinha de varias derrotas seguidas para Steinitz e transbordava de furia dissimulada. Seu rival tampouco queria ceder porque estava em disputa o campeonato do mundo. Em outras palavras: ambos estavam dispostos a "tirarse las piezas por la cabeza" Foi jogada uma abertura de peao do rei, que ja sabemos, significa "luta a morte" onde a combinacao ha de primar sobre o jogo posicional. Em seguida, derivou a um Gambito Danes aceito e ja veremos como ambos tratam de tomar a iniciativa. BRANCAS: Tchigorin NEGRAS: Steinitz}

1... e5 2. Nf3 Nc6 3. d4 {muito ativa.} 3... exd4 { tomando a iniciativa.} 4. Nxd4 Qh4 {As brancas am o Gambito Danes, que ataca duas vezes o peao do rei negro, com a evidente intencao de tomar resolutamente a iniciativa, porem, ante a resposta do negro - aceitando o gambito, tambem para se apoderar da iniciativa - decidiu jogar 4. Cxd4, com o que cede este direito a seu rival, que imediatamente jogou 4...Dh4, atacando o peao do rei para obrigar as brancas a defende-lo. Vamos esclarecer aqui que, em nossa opiniao A SAIDA PREMATURA DA DAMA NA ABERTURA NAO E MUITO RECOMENDAVEL. Porem, ja dissemos que os contendores jogavam com "raiva"e nao se preocupavam muito com debilidades. A prova esta na seguinte jogada do branco. A jogada "chata" que fariam a maioria dos aficcionados seria 5.Cc3, defendendo o peao do rei. Porem isso da lugar a que o negro continue com a iniciativa e ja dissemos que aqui nao se trata de "andar com elegancia".} 5. Nb5 $1 {Esta e a jogada mais ativa de que dispoe as brancas. Se bem que perdem um peao (com xeque), aproveitam esta circunstancia para desenvolver o bispo dama e, logo, o negro tera que se defender da ameaca de "duplo" ao rei e a torre, do contrario o cavalo tomaria o peao de c7, com o que reconquistaria a iniciativa. E, pois, uma luta pela iniciativa, na qual se trata de acumular

tempos a custa de material.} 5... Qxe4+ 6. Be3 Kd8 {As negras acreditam que o melhor para sair do xeque e mover o rei e ao mesmo tempo apoiar o peao atacado. Resignam-se a jogar sem roque para evitar perder tempos.} ( 6... Bd6 { Nao era bom} 7. Qxd6 cxd6 8. Nxd6+ { recuperando a dama e ganhando um bispo e um peao}) (6... Qe5 {Tampouco servia 6...Qe5 porque, como veremos mais adiante, a dama esta mal colocada nessa casa. ]}) 7. N1c3 Qe5 8. Nd5 $1 {Em que se fundamenta o branco para tomar tao resolutamente a iniciativa a custa de "material"? Fundamenta-se no fato de que pode chegar a reconquistar o material com acrescimo se consegue mante-la.} 8... Nf6 9. Nbxc7 Bd6 $1 {Entregando a torre, porem imobilizando esse cavalo (se esta toma a torre) porque nao podera sair mais, e ameacando 9...Cxd5 com o que compensaria a desvantagem, levando a iniciativa e ate com ganho de material porque se poderia dizer que teriam trocado sua torre imovel por "dois" cavalos ativos; alem da ameaca que se faz sobre o bispo de 'e3'. Se o cavalo branco nao toma a torre, o negro jogara tranqueilamente Bxc7 com ganho limpo de material.} 10. f4 $1 Qe4 11. Bd3

{Ganhando "tempo".A dama negra nao tem retirada na coluna do rei nem nas diagonais que sao dominadas pelos bispos. Restam somente duas jogadas: Ir a casa 'a4' ou tomar o peao de 'g2'. Jogar 11...Da4 seria inocuo. Opta por..} 11... Qxg2 12. Rg1 Qxh2 { Steinitz jogou aqui com criterio "sanchesco". Preferiu pensar: "se morrer sera com a barriga cheia", porque do contrario haveria previsto aseguintecontinuaca o, onde se perde a dama, porem acaba compensada amplamente: [12...Nxd5 13.Rxg2 se (13.Nxd5 segue 13...Qxd5) 13...Nxe3 14.Qf3 Nxg2+ 15.Qxg2 Bxc7 e se haveria trocado a dama e um cavalo, por dois cavalos, um bispo e uma torre, o que, como dissemos, e compensacao mais que suficiente. E claro que o branco seguiria com a iniciativa e o negro tem colocadas defeituosamente a maioria de suas pecas, porem isto seria sempre preferivel aos apertos que vem depois de12. ..D x h2.]} ( 12... Nxd5 { Isto seria sempre preferivel aos apertos que vem depois de12...D x h2.} 13. Rxg2 {si} (13. Nxd5 {sigue} 13... Qxd5) 13... Nxe3 14. Qf3 Nxg2+ 15. Qxg2 Bxc7 {e se haveria trocado a dama e um cavalo, por dois cavalos, um bispo e uma torre, o que, como dissemos, e compensacao mais que suficiente. E claro

que o branco seguiria com a iniciativa e o negro tem colocadas defeituosamente a maioria de suas pecas, porem isto seria sempre preferivel aos apertos que vem depois de12...D x h2.]}) 13. Qf3 Nxd5 {O branco ameacava 14.Th1 ganhando a dama, que nao tem retirada. Agora se se joga 17. Th1 o negro contestaria Dxh1 e logo Cxd5, trocando a dama por dois cavalos e torre.} 14. Nxd5 Qh6 15. O-O-O f5 {O negro entrega um peao para evitar (momentaneamente) o avanco do peao branco de 'f' , o que seria fatal, pois a dama negra nao teria jogada satisfatoria (se Dh4 seguiria Bg5 ganhando a dama). Dito movimento tem o objetivo de ganhar tempos e preparar a "escapada" da dama. AQUI SE APRECIA O UTIL E NECESSARIO QUE E MANTER O "TEMPO", O MATERIAL, ESPACO E A INICIATIVA.} 16. Bxf5 g6 17. Nf6 $1 {O branco continua disposto a nao ceder a iniciativa. [se 17...gxf5 18.Rxd6 etc.]} 17... Qf8 { Defende seu bispo e ameaca o cavalo e o bispo do contrario.} 18. Bxd7 $1 Qxf6 (18... Bxd7 {nao e possivel porque segue} 19. Nxd7 Kxd7 20. Bc5 { ganhando. A ideia do branco e abrir a linha da dama para sua torre.}) 19. Bxc6 Kc7 {Nao era possivel bxc6 devido a Dxc6 ameacando a torre e tomando e o

bispo da casa 'd6'. Aqui o negro joga tranqueilo e consegue uma posicao aproximadamente igual. Transcorreram-se somente 19 lances, sumamente violentos; presenciamos uma luta de morte pela iniciativa e se poderia dizer que chegamos ao '"final" da abertura. Seria este o momento de fazer um balanco. Vemos que cada lado conserva quatro peoes, dois bispos, duas torres e a dama. Ou seja, "materialmente" estao iguais. Onde esta, pois, a vantagem do branco, que nao cedeu a iniciativa e que ainda a conserva? Resposta: na maior mobilidade de suas pecas e, sobretudo, na colocacao do rei. Enquanto o rei negro esta numa situacao precaria, o rei branco esta a salvo de possiveis ataques. Trata-se, pois, de explorar essa diferenca. Dissemos que a abertura chegou ao "final" e logo veremos a confirmacao disso, porque as jogadas que seguem sao mais "posicionais" (para voltar a engrenar logo a iniciativa).} 20. Be4 Rf8 21. Rgf1 Bd7 22. Rd3 (22. Bxb7 $5 {Nao era bom, devido a} 22... Rab8 $1 {atuando em uma coluna aberta e pressionando o peao de 'b2', que ja esta ameacado pela dama, o que constitui um serio perigo.}) 22... Bc6 23. Bxc6 bxc6 24. Bd2 $1 {A que se p ropoe este bispo? Dominar a grande diagonal de casas negras que vai de 'a1' a 'h8' e, se for possivel, colocar-se em 'e5', apoiando seu peao isolado pela

frente; mas, para isso, "disfarca" seu proposito com outra jogada que nao chegara a realizar: ameaca dar xeque ao rei desde 'a5' a fim de leva-lo as colunas da ala da dama, onde estaria muito exposto ao "fogo" das torres e da dama. O negro prefere se defender deste xeque e procura levar seu bispo a casa 'b6', tratando de troca-lo ali, com o que levaria seu peao de 'a7' a 'b6' mais ao centro, onde ajudaria na protecao de seu rei.} 24... Bc5 (24... a5 { talvez fosse melhor.}) 25. Bc3 Qf7 26. Be5+ Kb7 27. Rfd1 ( 27. Rb3+ {Em vez de d obrar suas torres, o branco poderia ter jogado 27.Tb3+ porem isso favoreceria ao rival, que cobriria com} 27... Bb6) 27... Qc4 {Nao devemos esquecer que: OS XEQUES DEVEM SER RESERVADOS. No momento oportuno se pode "salvar" uma peca ameacada com um xeque; nao facamos como os principiantes que "XEQUE QUE VEEM, XEQUE QUE DAO".} ( 27... Qxa2 {porque se expoe a um ataque perigoso do branco.} 28. Rb3+ Kc8 ( 28... Ka6 29. Qxc6+ Bb6 (29... Ka5 30. Qb5#) 30. Ra3+ { ganhando a dama.}) 29. Qxc6#) 28. Rc3 Qb5 29. Rb3 Bb4 30. Rd7+ Kb6 (30... Kc8 31. Rxb4 Qxb4 32. Qxc6#) (30... Ka6 31. Rxb4 Qxb4 32. Qxc6+ Qb6 33. Qa4+ Qa5 34. Rd6+ {ganhando a Dama.}) 31. Bc7+ Ka6 (31... Kb7 {Nao serve devido a} 32. Rxb4 Qxb4

33. Ba5+ {ganhando a Dama.}) 32. Rxb4 $1 {e ganham porque se} 32... Qxb4 33. Qxc6+ {RESULTADO: Vimos a enorme importancia que tem a INICIATIVA; dai se depreende que nao devemos cede-la nunca e, se nao a temos, devemos toma-la. Quando nos atacam um peao, em vez da defesa "chata", busquemos a jogada que ataque uma peca contraria; se nos atacam uma peca menor, ataquemos o rei ou a dama adversaria; se nos atacam a dama, busquemos atacar o rei. E recordemos este axioma: "QUANDO SE PODE MANTER A INICIATIVA, GANHA-SE" Ate a proxima licao, amigos leitores. Agradecolhes qualquer correcao e sugestao. Professor. Erich Gonzaleze - mail: [email protected] (Traducao: Elias Muniz)} 1-0 [Event "A DEBILIDADE DA CASA 'f7'"] [Site "?"] [Date "????.??.??"] [Round "?"] [White "LICAO 3 - PRIMEIRA PARTE"] [Black "?"] [Result "1-0"] [ECO "C23"] [PlyCount "7"] 1. e4 {LICAO 3 - PRIMEIRA PARTE TRANSCRICAO pelo Professor ERICH GONZALEZ, na cidade de Maracaibo, Estado Zulia, Venezuela. LICOES DO Dr RAFAEL BENSADON EM APONTAMENTOS TOMADOS PELO ALUNO ERNESTO CARRANZA. AULA 3 - PRIMEIRA PARTE A

DEBILIDADE DA CASA 'F7'. Estimados amigos leitores desta pagina. Entrego-lhes esta simples e terceira aula. A maioria dos aficcionados nao conhecem a importancia da casa 'f7' ('f2' para as brancas) nem a forma de explorar sua debilidade. COLOQUEMOS AS PECAS NO TABULEIRO EM SUA POSICAO INICIAL E OBSERVAREMOS QUE TODOS OS PEOES ESTAO DEFENDIDOS, AO MENOS, POR UMA PECA. As pecas, por sua vez, defendem-se entre si, com excecao das torres, que estao isoladas. Porem nao e possivel no inicio do jogo chegar ate elas e ataca-las. Feita esta observacao, chegamos a conclusao que: DE TODOS OS PEOES O MAIS FRACO E O DA COLUNA 'f', porque unicamente o rei o defende. Por conseguinte, a casa 'f7' ('f2' das brancas) e a mais fraca do tabuleiro e e precisamente nisso que se baseiam os "mates relampagos", como sao os conhecidos "Mate Pastor" e "Mate de Legal". O PONTO 'f7' E 'f2', ESTANDO UNICAMENTE DEFENDIDO PELO REI, E PERFEITAMENTE POSSIVEL TOMA-LO COM DUAS PECAS QUE O ATAQUEM e sobrevem fatais consequeencias, porque entram com xeque, que pode ser mate e definir a partida. Nao e demais, aqui, reproduzir o "Mate do Pastor".} 1... e5 2. Bc4 Nc6 3. Qf3 (3. Qh5 Nf6 4. Qxf7#) 3... d6 $4 (3... Bc5 $4) 4. Qxf7# { Como ja dissemos, o mate se produz ao tomar a dama a casa 'f7'. Devemos esclarecer, ainda que todos saibam, que este mate pode ser dado em um novato

que nao saiba mover as pecas para se defender ou por um descuido do negro (ou do branco), pois se as negras houvessem jogado neste exemplo 3... Cf6 (se a dama branca estivesse em 'f3') ou 3...g6 (se estivesse em 'h5') o perigo estava afastado e as negras ficariam em melhor posicao.} 1-0 [Event "JOGO POSICIONAL E CONCEITO COMBINATIVO"] [Site "?"] [Date "????.??.??"] [Round "?"] [White "LICAO 4"] [Black "?"] [Result "0-1"] [ECO "C00"] [PlyCount "60"] 1. e4 {LICAO 4 - JOGO POSICIONAL E CONCEITO COMBINATIVO TRANSCRICAO pelo Professor ERICH GONZALEZ, na cidade de Maracaibo, Estado Zulia, Venezuela. LICOES DO Dr RAFAEL BENSADON EM APONTAMENTOS TOMADOS PELO ALUNO ERNESTO CARRANZA. Amigos leitores desta pagina. Uma vez mais quero fazer chegar ate voces as licoes do Dr. Rafael Bensandon, as quais tem o objetivo de ajudar a melhorar seu jogo. Espero que obtenham o maximo de proveito. LICAO 4 JOGO POSICIONAL E CONCEITO COMBINATIVO Em geral, pode-se dizer que existem duas classes de jogadores de xadrez. Aqueles que por seu temperamento preferem o

jogo posicional e os outros, que tambem por seu temperamento optam pelo jogo de combinacao. Na realidade, nao existem jogadores puramente posicionais ou exclusivamente combinativos. O aficionado que deseje se destacar deve aprender uma serie de principios estrategicos que lhe servira para discernir sobre o valor intrinseco das pecas e as casas; principios que desaparecem ao entrar o jogo combinativo, ja que bem sabemos que ha situacoes especialissimas em que um cavalo pode valer mais que a dama, um bispo mais que a torre, etc. O certo e que um jogador posicional tambem necessita de combinar e um jogador combinativo deve conhecer principios posicionais. Em outras palavras: o jogador completo deve possuir ambos conhecimentos e harmoniza-los em justa medida. Veremos agora uma partida em que o conceito posicional existe, porem tambem entra a combinacao. E sabido que PARA QUE UMA COMBINACAO CHEGUE A UM FELIZ TERMO NECESSITA DE CERTOS FATORES. Tais como a ma situacao do rei, a falta do roque do adversario; quando esta rocado, porem desapareceu o cavalo de 'f3' (para as negras) ou 'f6' (para as brancas), quando se avancou os peoes do roque, quando a ala do rei esta ameacada por forcas superiores, quando as torres podem entrar na setima ou oitava linha, quando existem possibilidades (mediante sacrificios) de dar xeque descoberto, etc. Porem, enquanto tais situacoes nao se produzam, o bom jogador deve se limitar a um jogo de posicao.

Assim, veremos Nimzovitsch, que foi reconhecido mundialmente como jogador combinativo, fazer fortes movimentos posicionais, e Bogoljubov, reconhecido como posicional, realizar uma longa combinacao que o leva a vitoria, quando a situacao lhe permitiu executa-la. Blancas: NIMZOVITSCH Negras: BOGOLJUBOW TRANSCRIPCION Defensa Francesa} 1... e6 {O negro opta por uma Defesa Francesa. Sabemos que esta defesa da um jogo fechado, permitindo ao branco uma serie de ataques que nao comentaremos porque seria demasiado extenso. Porem se as negras conseguem "parar" esses ataques, saem em boa posicao da abertura. Mesmo sempre estando na moda, a Defesa Francesa nao e melhor nem pior que as outras; diriamos que e "jogavel".} 2. d4 d5 3. e5 {Com esta jogada entramos na variante do avanco na Defesa Francesa. Tampouco e melhor nem pior que as demais jogadas de que dispoe as brancas. E feita com a ideia de restringir os movimentos do cavalo do rei negro e, caso se consiga manter um peao em 'e5', as negras estarao muito restringidas. Se se houvesse trocado os peoes depois de 3...exd5 o negro esta melhor, ja que tomam a iniciativa diante de qualquer movimento das brancas. Pode-se analisar tranqueilamente a posicao e veremos que, faca o que fizer o branco, as negras sempre tem uma jogada em que conservam a iniciativa. Claro que a desvantagem de 3.e5 e o enfraquecimento do

peao central ( peao de 'd') sobre o qual seguirao agora os ataques das negras e as defesas do branco.} 3... c5 4. Nf3 {Necessaria.} 4... Nc6 { Novo ataque ao peao de 'd4'.} 5. c3 Qb6 {Esta ultima jogada tambem pressiona o peao de 'd4', porem aponta para outro objetivo: impede, no momento, a saida do bispo dama das brancas, porque isso deixaria sem defesa o peao de 'b2'; e nao esquecamos que o bispo dama seria outra peca que poderia defender o peao de 'd4', colocando-se em 'e3'.} 6. Be2 cxd4 7. cxd4 Nge7 { Para leva-lo a 'f5', atacando em 'd4'.} 8. Nc3 Nf5 {Vemos que as maiores dificuldades do branco consiste em que, antes de mover seu cavalo do rei, deveria ter avancado seu peao de 'f' a quarta casa, apoiando seu peao adiantado. Agora tratam de defender indiretamente seus peoes centrais.} 9. Na4 Bb4+ {Jogada intermediaria. Nao servia 9...Qb4+ 10.Bd2 e a dama deve se retirar a "e7".} ( 9... Qb4+ 10. Bd2 {e a dama deve se retirar a "e7".}) 10. Kf1 {Para nao perder tempo.} 10... Qd8 11. a3 Be7 (11... Ba5 {Nao serve devido a} 12. b4 {e o bispo nao tem boa casa para se colocar.}) 12. b4 O-O { Bem, chegamos a posicao que e objeto desta licao. Ate aqui o jogofoi"posiciona

l". Houve uma serie de escaramucas em torno do peao branco de "d", que momentaneamente terminou. Neste momento anteve a combinacao que ha de leva-lo a vitoria. QUANDO O REI ESTA NUMA COLUNA ONDE HA UMA TORRE OU UMA DAMA, HA QUE TRATAR DE POR O MONARCA EM SEGURANCA. O Rei branco esta nesta posicao, ainda que existem varias pecas entre ele e a torre. A melhor jogada de Nimzovitch seria 13.Rg1, porem nao a viu ou nao lhe deu importancia e este unico detalhe transforma esta partida posicional em combinativa. Talvez Nimzovitch recordou o principio enunciado, mas ao inverso, e em vez de por seu rei em seguranca, colocou sua torre na mesma coluna do rei contrario. Porem e o negro que tem a iniciativa.} 13. Rg1 f6 {Para abrir a coluna.} 14. g4 {O cavalo nao tem boa retirada, porem isto estava nos planos de Bogoljubov, que precisa de abrir a coluna 'f' e aceita trocar seu cavalo por dois peoes.} 14... Nfxd4 15. Nxd4 Nxd4 16. Qxd4 fxe5 {Ja se abriu a coluna.} 17. Qd2 ( 17. Qxe5 { Nao serve devido a} 17... Bf6) 17... b6 $3 {Fino detalhe de quem sabe que o rei branco deve tratar de se colocar em seguranca, fazendo o que fazem todos os reis do xadrez ou dos povos. Quando estao em perigo, escapam. Com o bispo da dama desenvolvido por fiancheto, sera cortada a retirada do rei e, por isso, jogou 17...b6.}

18. g5 {Para bloquear o bispo do rei.} 18... d4 { Abre caminho para seu bispo dama.} 19. Bc4 b5 $1 {O bispo branco colocado na casa 'c4' entorpece os planos do negro, ja que nao lhe deixara levar seu bispo dama a casa 'b7'. Bogoljubov idealiza a forma de retirar este molesto bispo da diagonal em que se encontra e, para isso, entrega o peao de 'b5'. Baseia-se neste principio: QUANDO HA POSSIBILIDADES DE COMBINACAO, NAO SE DEVE PERDER TEMPO.} 20. Bxb5 Qd5 {Toma a diagonal e ameaca o bispo.} 21. Qe2 e4 $1 {Com varias ameacas, como e3 ou d3.} 22. Bc4 d3 23. Qa2 (23. Bxd5 dxe2+ 24. Kxe2 exd5 {e as negras estao muito melhor.}) 23... Qd4 24. Rg4 {evita e6 que seria fatal} (24. Bxe6+ {Nao seria bom devido a} 24... Bxe6 25. Qxe6+ Rf7 {e logo dobrar as torres.}) 24... d2 {Observemos que a Dama branca defende o bispo e o mate. Com 24.- .......d2 se corta a comunicacao.} 25. Qxd2 {Se 25.Bxd2 Qxf2#. E necessario resignar-se a perder o bispo de 'c4', devolvendo a peca.} ( 25. Bxd2 Qxf2# { E necessario resignar-se a perder o bispo de 'c4', devolvendo a peca.}) 25... Qxc4+

{Tambem se podia tomar D x a1, porem seria menos eficaz porque 26.Db2 e depois da troca de Damas a partida se prolonga.} 26. Qe2 Qb3 {Se ameaca t omar o cavalo branco e com isso se ganha tempo, pois agora existe outra combinacao que ja veremos.} 27. Nc5 $2 Bxc5 28. bxc5 Ba6 { E claro que se 29.Qxa6 tira-se a defesa da torre branca de g4.} 29. Qxa6 { E claro que se 29.Qxa6 tira-se a defesa da torre branca de g4 e entao seguiria} 29... Qd1+ 30. Kg2 Qxg4+ {RESUMO Vimos a transformacao de uma partida posicional em combinativa e apreciamos como Bogoljubov, considerado jogador posicional, realizou uma longa combinacao ganhadora, baseada na ma situacao do rei branco, colocado na mesma coluna da torre inimiga. Isso demonstra que UMA PARTIDA POSICIONAL PODE SE TRANSFORMAR EM COMBINATIVA e que UM JOGADOR COMPLETO DEVE POSSUIR AMBOS CONHECIMENTOS. Porem nao nos entusiasmemos muito e recordemos que PARA PODER COMBINAR E NECESSARIO QUE EXISTAM ALGUNS FATORES. Do contrario, e conveniente jogar posicionalmente. AINDA QUE NUNCA SE PODE JOGAR UNICAMENTE POSICIONAL. Prezados amigos leitores. Finalizamos esta quarta licao. Espero que lhes ajude muito. O xadrez e um caminho sem fim, no qual, a cada

dia, vemos uma serie de inovacoes que nos fazem repensar e dizer: QUE GRANDE E MARAVILHOSO E O XADREZ. Ate a proxima licao. Professor: Erich Gonzalez. e mail: [email protected] Line (Traducao: Elias Muniz)} 0-1 [Event "A MAQUINA"] [Date "????.??.??"] [White "LICAO 5"] [Result "1-0"] [ECO "A45"] [PlyCount "55"] [Site "?"] [Round "?"] [Black "?"] 1. d4 {TRANSCRICAO pelo Professor ERICH GONZALEZ, na cidade de Maracaibo, Estado Zulia, Venezuela. LICOES DO Dr RAFAEL BENSADON EM APONTAMENTOS TOMADOS PELO ALUNO ERNESTO CARRANZA. LICAO 5 A MAQUINA Prezados leitores. Minhas saudacoes e respeitos. Uma vez mais, continuemos com as licoes do Dr. Besandon. Licoes que faco chegar ate voces com o unico proposito de ajudar a melhorar seu jogo, ja que e um texto ameno e simples. As seguintes palavras escritas pelo aluno Ernesto Carranza, a quem gostaria de apertar sua mao pela magnifica obra junto ao excelente professor Rafael Bensadon, sao significativas. O sistema didatico do Dr. Bensadon se baseia em preceitos distintos dos praticados ate agora na maioria dos livros publicados. Em lugar de sobrecarregar o aluno com uma serie interminavel de

variantes para cada posicao, das quais nada retera, o professor Bensadon prefere ditar regras faceis de recordar, oferecer conselhos praticos, assinalar teorias, reiterar conceitos. Em outras palavras, da a ideia fundamental, que serve nao somente para a posicao que esta sendo analisada, mas para qualquer outra similar. Com tudo isso, o aluno forma sua bagagem de conhecimentos e sabe a que se ater quando se lhe coloquem casos analogos, sem necessidade de "acertar" de memoria a jogada que deve executar, porque conhece o plano ao qual deve ajustar seu jogo. Dito com mais brevidade: sabe o que deve fazer. LICAO 5 A MAQUINA Vamos tratar de um tema aparentemente simples, que em nosso meio enxadristico e conhecido por "MONTAR A MAQUINA". Fazemos notar que PARA QUE A "MAQUINA" SEJA EFICAZ, E NECESSARIO QUE O CONTRARIO NAO SE DE CONTA DE QUE ESTAMOS POR MONTA-LA. Devemos, portanto, disfarcar nossa intencao com outras ameacas como veremos mais adiante. "A maquina" consiste em ameacar mate direto com um bispo e a dama apontando em diagonal ao roque inimigo. Parece simples, porem quando haja desaparecido o cavalo de 'f6' (ou 'f3' das brancas) do contrario e se consegue "armar a maquina", muitas vezes resulta suficiente para ganhar em seguida, ja que nao so constitui uma ameaca de mate fulminante, senao que continua sendo uma "ameaca latente", que para ser destruida pode custar uma peca ao adversario. Ademais, seja ou nao infantil, o adversario deve para-la e resulta dificil se defender, pois quase sempre debilita seu roque o que da lugar a outras possibilidades e ate permite ganhar

tempos para o ataque. Como e facil um jogador nao ver a intencao de "montar a maquina" ou, ainda que veja, nao lhe de importancia porque acredita que pode para-la facilmente, resulta que em muitas partidas se pode fazer uso da maquina. E desde ja diremos: EM POSICOES ABERTAS "A MAQUINA" E MUITO DIFICIL DE PARAR. A partida que veremos foi jogada no torneio de Folkestone e, nela, depois de uma serie de jogadas estrategicas chegamos a uma posicao ( movimento 22) em que o branco se propoe a "armar a maquina" e o consegue, pois apesar de o adversario pressentir, deve atender a outras ameacas. Uma vez que a montou, ganhase a partida rapidamente com um correto sacrificio de torre, que para o aficionado constitui uma "jogada brilhante". BRANCAS: OPOCENSKY NEGRAS: MACKENZIE} 1... Nf6 {Ja sabemos que a jogada efetuada pelo negro e uma das melhores contra as aberturas de peao dama devido a sua elasticidade, ja que por enquanto nao "mostram a cara", reservando-se o direito de jogar a defesa que mais lhe agrade.} 2. c4 {Mostrando a cara.} 2... e6 3. Nc3 Bb4 {O lance das negras e o inicio da chamada "DEFESA NIMZOVITSCH", criada pelo mestre do mesmo nome, um revolucionario do xadrez, de conceitos um tanto extravagantes, porem baseados em solidas razoes estrategicas. Esta defesa consiste em nao deixar o branco jogar um "vulgar" gambito de dama e, ja sabemos que E UM BOM PLANO TATICO NAO JOGAR DE ACORDO COM O GOSTO DO ADVERSARIO. Entretanto, a Defesa Nimxovitsch nao e aconselhavel para os aficionados. Para um

bom jogador sim, porque sabera desembaracarse dos problemas que surgirem. Porem, para o iniciante, a abertura e de grande importancia, pois caso se encontre em posicao inferior e nao saiba como sair dela perdera irremediavelmente. A principal razao pela qual nao aconselho a Defesa Nimzovitsch e a seguinte: mais adiante o branco jogara 'a3' e ao bispo restara dois caminhos: tomar o cavalo ou se retirar. Analisemos todas as possibilidades. Se mata o cavalo, "nao e negocio" porque sabemos que e mais conveniente conservar o par de bispos. Caso se retire a 'a5', o branco segue 'b4'e o bispo morre sem pena e sem gloria, ja que em 'b6'seria alcancado com 'c5'. E, por ultimo, se se retira por sua diagonal, deve ir a 'e7', com o que teremos perdido miseravelmente um tempo e deixamos a iniciativa nas maos do adversario.} 4. Qc2 O-O $2 {Agora o branco aproveita e leva outro peao ao centro, dominando a casa 'd5'. (Segundo as analises que realizou o grande campeao mundial Jose Raul Capablanca, para as negras e melhor 4...d5, disputando o centro.)} 5. e4 Bxc3+ {Obrigando a retomar o bispo com o peao de 'b2'. Se 6.Dxc3 segue Cxe4.} 6. bxc3 {As negras pensam que dobrando os peoes inimigos compensam a diferenca do bispo pelo cavalo. Desta maneira se desfazem de seu bispo e nao perdem um tempo. Nao esta mal o raciocinio, ainda que logo veremos que nao resultou eficaz.} ( 6. Qxc3 {seguiria} 6... Nxe4) 6... h6 {Dando escape a seu cavalo, em caso de 'e5'.} 7. Bd3 d6

{Aqui vemos como e boa a elasticidade de 1...Cf6 em vez de 1...d5. Agora, deve-se jogar o peao da dama a casa 'd6' por varias razoes: Para disputar o centro e para tornar "bom" o "bispo mau". Esclarecamos: ENTENDESE POR BISPO MAU AQUELE QUE NAO TEM MOBILIDADE devido a colocacao dos proprios peoes, colocados em casa da mesma cor do bispo. Porem este qualificativo so vale quando os peoes ja estao "fixos" e nao quando o bispo esta por tras de peoes "moveis" (como seria o presente caso). Agora, colocando os peoes em casas de cor distinta a de seu unico bispo, o negro trata de tornar "bom" seu "bispo mau".} 8. f4 $1 {Levando outro peão ao centro e obtendo enorme vantagem em espaço.} 8... e5 {Era necessário para não "morrer afogado". Aparentemente, perde-se um peão, porém logo se compensa e até se recupera.} 9. Nf3 ({Si} 9. fxe5 dxe5 10. dxe5 {ameaçando o peão dobrado; se o branco defende com:} 10... Ng4 11. Nf3 Re8 {AOS POUCOS, OS PEÕES DOBRADOS CAEM COMO FRUTA MADURA (ou, se acharem melhor, como dentes de velhas).}) 9... Nbd7 10. c5 {Vimos que ambos os jogadores puderam trocar os peões centrais e não o fizeram; isso significa que nenhum deles está disposto a tomá-los. Daí porque o branco o "apure".} 10... Qe7 ({Si:} 10... dxc5 11. fxe5 {com grande domínio do centro.}) 11. cxd6 {Desdobrando-se.} 11... cxd6 {Recordemos o que dissemos no lance 5... Bxc3+. O branco conseguiu se desembaraçar de seu peão dobrado, resultando um "mau

negócio" trocar o bispo pelo cavalo. Acrescente-se que o peão negro de 'd6' é um ponto fraco, mantido unicamente por uma peça maior.} 12. O-O exf4 13. Bxf4 Nb6 {Para dar jogo a seu bispo. Se fizermos um balanço, veremos que existem vantagens claras para o branco em espaço, tempo e iniciativa.} 14. Rae1 Be6 {Para fechar um pouco a coluna do rei.} 15. e5 {(para abrir)} 15... dxe5 {A melhor;} 16. Nxe5 {Haveria sido igualmente bom tomar o peão com o bispo ou com a torre. QUANDO A POSIÇÃO É SUPERIOR, QUASE TODAS AS JOGADAS SÃO BOAS. Façamos outra observação: o negro tinha um peão fraco em 'd6', do qual se desembaraçou porque as brancas facilitaram isso. E o que o branco obteve em compensação? Tem o peão da dama "passado" (nenhum peão negro pode se opor à marcha deste peão até a oitava fila) e pode se transformar em dama com facilidade.} 16... Rac8 17. c4 {Este é um lance ou, se quisermos, uma cilada. O peão de 'c4' está agora atacado por três peças e defendido por três (uma das quais é a dama), porém não se pode tomar o peão.} 17... Qb4 {porque se} (17... Nxc4 18. Bxc4 Bxc4 19. Nxc4 {e a torre atua sobre a dama, que deverá se mover, e o melhor será a 'b4'; então} 19... Qb4 {então} 20. Bd6 {e se} 20... Qxd6 21. Nxd6 Rxc2 {etc.}) 18. Rb1 {Jogada ativa.} 18... Qe7 {(regressa)} 19. Qe2 Rcd8 {Ataca o peão de 'd4'.} 20. Qf2

{O branco reserva o avanço do peão a 'd5'. Provavelmente não seria interessante porque as negras poderiam sacrificar uma peça por dois peões centrais, entrando em uma série de possíveis combinações.} 20... Ng4 21. Nxg4 Bxg4 22. d5 {Agora avança.} 22... Bc8 {O negro viu que seu peão de 'b7' está defendido somente pela dama, o que a imobiliza na segunda linha, se mais adiante deseje jogar seu cavalo, ou se este fosse desalojado com um possível avanço do peão a 'c5'. Assim se explica 22...Bc8. E já chegamos ao momento preciso que desejávamos para esta lição. Ao avançar seu peão a 'd5', o branco anteviu a idéia que lhe dará a vitória. E, diante do movimento inofensivo do negro, decide "montar a máquina". Observemos que o cavalo negro de "f6' desapareceu e que a posição é aberta, o que indica que a maquina será eficaz. Como se poderia fazer para montá-la? Os lances "saem por si". Trata-se de por a dama em 'd4' e o bispo atrás, em 'c3' ou 'b2', tomando a grande diagonal e apontando ao roque inimigo. Também é necessário realizar tudo NO MENOR NÚMERO POSSÍVEL DE JOGADAS E DISSIMULANDO O PROPÓSITO. As brancas começam por buscar o caminho para seu bispo dama.} 23. Bd2 {Para colocá-lo em 'c3'.} 23... Qa3 {As negras vislumbraram a combinação e tratam de impedi-la. Com 23... Da3 evitam que o bispo se situe em 'c3', ao mesmo tempo que ameaçam o outro bispo e o peão de 'a2'. A idéia é boa, porém QUANDO SE DOMINA MUITO ESPAÇO, SEMPRE HÁ JOGADAS BOAS PARA SE OPOR AO RIVAL, e é por isso que as brancas darão uma forte réplica, enquanto continuam com

seu plano. QUANDO OS DOIS BISPOS E A DAMA APONTAM PARA O ROQUE CONTRÁRIO QUE JÁ NÃO TEM O CAVALO EM 'F6', DIFICILMENTE O ADVERSÁRIO PODERÁ SE MANTER. Alem disso, uma vez que a dama branca vá a 'd4', ameaça-se ganhar a qualidade com Bb4 e existe a possibilidade de armar duas máquinas.} 24. Qd4 Rfe8 {As negras devem se opor à montagem das maquinas. Para isso, levam sua torre de 'f8' a 'e8' para tomar a coluna 'e', impedindo uma das máquinas e com a idéia de por sua dama em 'f8', defendendo o peão de 'g7', sobre o qual vai se desencadear a tormenta.} 25. Bb4 {Com isso se impede que a dama possa defender o peão de 'g7'. As brancas poderiam jogar diretamente Bc3 montando a máquina..} ( {Si} 25. Bc3 Qf8 {então} 26. Bb4 {ganhando a qualidade, porém sem dar mate. O lance de Opocensky é mais eficaz.}) 25... Qa4 {Tomar o peão de 'a2' não faria diferença.} 26. Bc3 {Montou a máquina.} 26... f6 {Única para se salvar do mate, porém debilitando fortemente o roque, o que dá motivo a que o branco execute uma "jogada brilhante", que só não é tal porque existe na posição uma ameaça latente contra o roque negro e a torre branca domina a coluna 'f' aberta.} 27. Rxf6 Nxd5 ({No se podia} 27... gxf6 {porque el mate seria inevitable despues de} 28. Qxf6 Rd7 ({o} 28... Qd7 29. Qh8+ Kf7 30. Qg7#) 29. Qh8+ (29. Qg6+ Kf8 (29... Rg7 30. Qxg7#) 30. Rf1+

Ke7 (30... Rf7 31. Qxf7#) 31. Qf6#) 29... Kf7 30. Qg7# {Las negras entonces no toman la torre e idean otra replica para zafarse de la comprometida situacion.}) 28. Rf8+ {Entrega a torre outra vez!. E as negras abandonam. A jogada é decisiva. O rei não pode "escapar". O mate é inevitável com outro "brillantismo" que não é tal, senão uma jogada correta que define a partida.} ( 28. Qxd5+ {El caballo no puede ser tomado con la dama a causa de} 28... Rxd5) ( {Ni puede tomarse con el peon porque} 28. cxd5 Qxd4+ 29. Bxd4 gxf6 {CONCLUSÃO: "A máquina" é um bom recurso tático quando se sabe usar e pode dar lugar a partidas "brilhantes". Porém, não nos entusiasmemos muito, porque é uma coisa muito simples e porque A MÁQUINA SÓ É RECOMENDÁVEL QUANDO O CAVALO DE 'F5' TIVER DESAPARECIDO E EM POSIÇÕES ABERTAS. Em tais casos, ganha-se de forma fulminante. Bom, amigos leitores, finalizamos a quinta lição, esperando que tenham gostado. Na próxima, tratarei de outro tema interessante. Até breve.}) 1-0 [Event "O PEAO DOBRADO"] [Site "?"] [Date "????.??.??"] [Round "?"] [White "LICAO 6"] [Black "?"] [Result "1/2-1/2"]

[ECO "A40"] [PlyCount "94"] 1. d4 {TRANSCRICAO pelo Professor ERICH GONZALEZ, na cidade de Maracaibo, Estado Zulia, Venezuela. LICOES DO Dr RAFAEL BENSADON EM APONTAMENTOS TOMADOS PELO ALUNO ERNESTO CARRANZA. Licao 6 O peao dobrado Estimados leitores desta pagina. Minha gratidao pelo interesse demonstrado por estas licoes e meu agradecimentos por sua motivacao de continuar com as mesmas. LICAO 6 PROS E CONTRAS DO PEAO DO BISPO DA DAMA DOBRADO. Vamos tratar, hoje, de um caso muito comum em muitas partidas: O PEAO DOBRADO. Ocorre que quem tem o peao dobrado nao sabe como se desfazer dele e o contrario nao sabe como fazer valer essa vantagem conseguida. Porque nao ha duvida de que e uma desvantagem possuir peoes dobrados e aquele que os tenha fara bem se conseguir se livrar deles. Apressemo-nos em dizer que: A ESTRATEGIA DOS PEOES E A PARTE MAIS IMPORTANTE DO XADREZ. E vamos demonstra-lo. Quando falamos de bispo "mau" e de bispo "bom", em que nos baseamos? Na posicao dos peoes sobre o tabuleiro. Quando falamos de posicoes "fechadas" ou "abertas", que dao maior ou menor valor ao cavalo, em que radica a diferenca? Na colocacao dos peoes. Quando uma torre se valoriza ao tomar uma coluna aberta, a que se deve? Ao desaparecimento dos peoes nesta mesma coluna. Como vemos, o maior ou menor "valor" das demais

pecas gira em torno da situacao dos peoes no tabuleiro. O PEAO E O ESQUELETO DA PARTIDA, O PILAR DA CONSTUCAO. Se este esqueleto e frouxo, a partida vem abaixo. Hoje estudaremos o caso mais vulgar: quando se dobra um peao na linha do bispo da dama "linha c". E muito comum que um bispo tome o cavalo "cravado"na casa "c3"', dando xeque, o que obriga a retomar com o peao de "b2" e ja temos a posicao de peoes dobrados na coluna "c". E evidente que nao so existe uma vantagem pelo peao dobrado, senao que em tais casos o peao da coluna "a" fica isolado e fraco. E ja sao duas coisas a explorar. Esta e uma posicao classica, que se repete com muita frequeencia. Diremos que ainda quando o peao da dama esteja em sua casa inicial, se o bispo toma o cavalo em "c3" quase sempre ha que retomar com o peao mais afastado do centro. Veremos agora quando isto e bom e quando e mau. Para sabe-lo, ha que raciocinar sobre um pequeno quadrado, dentro do qual estejam compreendidos esses peoes. Quase sempre o quadrado mencionado esta formado pelas casas c2 - c3 - d2 e d3. Se o peao que esta ao lado dos dobrados (neste caso, o peao da dama) se encontra dentro do quadrado, a posicao dos peoes e forte; nao representa maior desvantagem (ex. c2 - c3- d3). Porem, quando um dos peoes tenha saido do quadrado, a posicao e fraca. E esta debilidade esta precisamente na casa que fica adiante do peao dobrado. Com os peoes dentro do quadrado, vigia-se esta

casa e se impede que uma peca possa se instalar ali. Se algum peao esta fora do quadrado e um cavalo contrario se coloca diante do peao dobrado, resulta pouco menos que impossivel desaloja-lo, pois havera que se utilizar do recurso de troca-lo por um bispo, o que "nao e negocio". As vezes, pode dar-se o caso de que o peao da dama esteja fora do quadrado (por exemplo: em c4), porem existe a possibilidade de formar o quadrado mais acima (casas c3 - c4 - d3 e d4). Conseguindo-se isso, a posicao dos peoes segue sendo forte. Do mesmo modo, o quadrado poderia se formar mais adiante, porem nao esquecamos que QUANTO MAIS ADIANTADOS ESTEJAM OS PEOES, MAIS DIFICIL SERA FORMA-LOS "EM QUADRO". Ha outros casos de peoes dobrados, especialmente os peoes centrais e o peao do bispo do rei (peao de f), que estudaremos outro dia. Quem tem peoes dobrados deve tratar por todos os meios de desfazerse deles, o que nao e facil se o adversario sabe jogar. QUANDO OS PEOES DOBRADOS ESTAO ISOLADOS, SUA POSICAO E SUMAMENTE FRACA E INSUSTENTAVEL. Vamos reproduzir uma "partida exemplar", jogada entre dois eternos rivais: Capablanca e Alekhine, no torneio de Nova York de 1924. BRANCAS: Capablanca NEGRAS: Alekine Defesa Francesa, por transposicao.} 1... e6 {Quase sempre que Alekhine jogava com Capablanca fazia este "convite" para jogar uma Defesa Francesa. E Capablanca o aceitava.}

2. e4 d5 3. Nc3 {Hoje esta mais em moda jogar: 3.Cd2 desde que Keres a implantou. Possivelmente, a razao esta em que este lance permite desenvolver-se mais o branco e resulta mais eficaz.} 3... Nf6 {Ataca o peao central.} 4. Bg5 {Crava.} 4... Bb4 {Crava tambem.} 5. exd5 {Esta jogada poe a negras em um dilema: podem retomar o peao com a dama ou com o peao do rei. Se o tomam com o peao se produz uma partida que quase sempre e empate.} ( 5. e5 { Nao seria bom 5.e5 devido a} 5... h6 {e se} 6. Bh4 g5 7. Bg3 Ne4 8. Qd3 Bxc3+ 9. bxc3 {dobrando o peao.}) 5... Qxd5 6. Bxf6 {Nao e muito conveniente "matar" o cavalo com o bispo, porem a dama negra ameacava o bispo, que devia se retirar ou jogar Cf3 dando a iniciativa ao negro, que jogaria Ce4 ou Cc6, etc. Capablanca optou por dobrar um peao na coluna "f", mas as negras tambem podem fazer o mesmo na coluna "c" e nao se fazem de rogada.} 6... Bxc3+ 7. bxc3 gxf6 {E ja temos peoes dobrados por ambos os lados. Uma pergunta: Qual dos dois tem seus peoes em melhor posicao? O negro, porque seus peoes estao dentro do quadrado. Entretanto, observemos que o branco pode igualar, formando seu quadro um pouco mais acima, pondo o peao dobrado em "c4" e o outro em "c3",

com o que fara o quadrado das casas c3 - d3 e d4. E isso sera o que fara Capablanca, ainda que, por enquanto, nao tenha pressa e seu primeiro movimento seja para evitar definitivamente o roque curto das negras.} 8. Qd2 Nd7 { O negro trata de levar este cavalo a casa "b6" para impedir o avanco do peao dobrado e para se instalar logo em "c4". Por isso, as brancas dever se apressar e jogam.} 9. c4 Qe4+ {Para reconquistar o tempo perdido.} 10. Ne2 Nb6 {A partida gira em torno do peao dobrado branco. Este foi obrigado a jogar 10.Ce2, obstruindo a diagonal do bispo, e agora esta ameacado de perder o peao de "c4". Capablanca se defende indiretamente.} 11. f3 Qc6 { Continua a pressao sobre o peao dobrado "convidando-o" a avancar. JA SABEMOS QUE QUANTO MAIS AVANCADOS ESTEJAM OS PEOES, MAIS DIFICIL SERA FORMA-LOS EM QUADRADO.} 12. c5 Nd5 13. c4 {Formou o quadrado! Capablanca, conhecedor da teoria que estamos expondo, aproveitou a ultima oportunidade que lhe restava para formar seu quadrado de casas c4 - c5 d4 e d5. Agora seu peao dobrado e forte e muito mais porque esta bem avancado em campo inimigo.} 13... Ne7 {

Unica casa disponivel.} 14. Nc3 f5 $5 {O cavalo branco ameacava se instalar em "e4", atacando o peao dobrado. Para impedir isso, Alekhine o avancou a "f5" desfazendo seu quadrado. Porem, que remedio restava? (Dos males, o menor). Alem disso, podera formar seu quadrado um pouco mais acima, avancando a "f6" o outro peao (casas f6 - f5 - e6- e e5).} 15. Be2 {Era necessa rio desenvolver o bispo do rei e o melhor era coloca-lo em "e2", ainda que talvez jogasse um pouco mais em "d3". Mas NAS ABERTURAS, NUNCA E CONVENIENTE COLOCAR UMA PECA QUE CORTE A ACAO DA DAMA SOBRE O PEAO DA DAMA.} 15... Rg8 { Pressiona o ponto debil e poe as brancas em uma encruzilhada. Nao e possivel rocar grande porque os peoes deste flanco foram adiantados e o rei estaria desguarnecido. Resta-lhes rocar curto ou nao rocar. Se rocam, poem o rei na mesma coluna da torre e, se nao rocam, tambem estara o rei muito exposto. Ainda que seja muito perigoso, Capablanca opta por rocar, pensando que mais adiante levara seu rei a "h1".} 16. O-O Bd7 { Sua acao e muito restringida pela ma colocacao de seus peoes.} 17. Qe3 { Para que? Para pressionar o rei negro e defender o peao dobrado atraves de seu

peao dama. Tambem prepara eventualmente "d5", forcando a desdobrar seus peoes, ja que a dama negra nao tem muitas casas de escape.} 17... b6 {Isto e uma ssao de inferioridade por parte do negro. Permite desdobrar os peoes brancos e demonstra que se sente em apuros. Capablanca aproveitou para jogar:} 18. Rfd1 { Entrega um peao, como ja veremos na partida, porem dobra outros peoes negros e pressiona fortemente, reconquistando-o.} 18... bxc5 19. d5 Qb6 20. dxe6 Qxe6 {Era evidente que das tres pecas que podiam tomar o peao branco, a melhor era peao por peao (desdobrando), porem Alekhine anteviu o final e deseja trocar as damas a todo custo. O branco se opoe, como e logico.} 21. Qxc5 { Recuperando o peao entregue e deixando o negro com seus peoes dobrados na coluna bispo rei. O negro insiste em trocar as damas.} 21... Qb6 22. Qf2 { Ja que nao ha mais como evitar a troca de damas, as brancas preferem que seja na casa "f2". Ha varias razoes: Primeiro, que em "b6" se uniriam os peoes isolados do negro. Segundo, que o rei branco nao pode escapar da coluna cavalo rei e poderia sair dali ganhando um tempo. Terceiro, que em alguns casos "c5"

poderia impedir a troca das damas.} 22... f4 23. Rab1 Qxf2+ 24. Kxf2 { Facamos um balanco: As negras conseguiram seu objetivo ao trocar as damas, porem a quem favorece a posicao? Nao ha vantagem "material" para nenhum lado. Entretanto, os peoes dobrados do branco desapareceram, enquanto o negro tem dobrados seus peoes na coluna do bispo do rei e, agora, sem possibilidades de fazer a formacao em "quadrado" por haver desaparecido o peao do rei. E ja dissemos que OS PEOES DOBRADOS CAEM COMO FRUTA MADURA. E evidente, pois, que as negras estao em posicao inferior. A que se deve esta diferenca? A que o branco jogou seu peao dobrado na formacao que hoje estamos tratando, enquanto o negro nao observou esta regra com os seus. So isso seria suficiente para deixa claramente estabelecido de que forma se deve jogar os peoes dobrados. Porem, continuemos com a partida:} 24... Bc6 25. Rd4 {Ataca o peao dobrado.} 25... Ng6 {Defende.} 26. Bd3 {Ameaca B x g3 e logo T x f4.} 26... Nh4 { Jogada ativa, que entrega o peao dobrado, porem ameaca tomar o peao de "g2" com xeque.} 27. Bf1 {Defendendo o peao em "g2".} 27... Ng6 { O branco ganha um tempo.} 28. Ne2 Ke7 29. Re1 Rgb8 {Busca contrachances. } 30. Nxf4+ {Descoberto.} 30... Kf8

{E caiu o peao dobrado! As brancas obtiveram, pois, vantagem material. Na realidade, para esta licao a partida terminou. Os jogadores que conduziam as pecas, Capablanca e Alekine, sao daqueles que sabiam o que faziam; de maneira que a diferenca de material nao pode ser atribuida a "trapalhadas", senao que a detalhes estrategicos. AS BRANCAS JUGARAM O PEAO DOBRADO SEGUINDO A TEORIA DO QUADRADO, ENQUANTO QUE AS NEGRAS O FIZERAM APARTANDO-SE DELA. Ficou, pois, demonstrado como se deve jogar com o peao do bispo da dama dobrado e, por contraste, vimos os maus resultados que traz o afastamento da regra. Entretanto, como a partida e muito interessante, seguiremos seu desenvolvimento sem maiores comentarios.} 31. Nxg6+ $2 {Nao ha duvida de que este e um erro de Capablanca. Com 31.Cd5 haveria ganho com relativa facilidade. E e um erro que une dois peoes isolados do negro, ao mesmo tempo que os centraliza e elimina seu cavalo, que lhe seria muito util neste final, onde teria um peao a mais e o negro quatro peoes, todos isolados. Capablanca pensou que com o peao a mais deveria ganhar de qualquer forma. Por isso decidiu eliminar pecas e este foi seu erro, porque EM FINAIS DE TORRES UM, OU MESMO DOIS, PEOES A MAIS PODEM NAO SER SUFICIENTES PARA GANHAR} 31... hxg6 {Unindo e centralizando.} 32. Bd3 Rb2+ 33. Re2 Rab8 34. Be4 $2 {

Para trocar, porem e outro erro de Capablanca, pelo que veremos na continuacao. } 34... Rxe2+ 35. Kxe2 Bxe4 $1 { Aqui vemos o outro erro de Capablanca, explorado por Alekhine .} 36. fxe4 { Desliga outro peao. Alem disso, NOS FINAIS DE TORRES, CASO SE DEIXEM OS BISPOS, TORNAM-SE MUITO DIFICEIS ECONVEMELIMINA-LOS} ( 36. Rxe4 { Nao serve 36.Txe4 devido a} 36... Rb2+ { e o negro ganha o peao de "a2" ou o de "g2".}) 36... Ke7 37. Rd2 {evita xeques. } 37... Ke6 38. Ke3 f6 {espera} 39. h4 $2 Rh8 40. g3 Rh5 { Muito bem instalada; corta todo o jogo do branco.} 41. Rh2 {Pretende "g4".} 41... Ra5 42. Kf4 c6 43. Rc2 Re5 44. c5 $2 {Corta a comunicacao da torre negra; reduz sua mobilidade, porem escraviza a torre branca na defesa do peao, perdendo tambem mobilidade.} 44... Rh5 45. Rc3 {( espera )} 45... a5 { Nao ha perigo.} 46. Rc2 {( espera )} 46... Re5 47. Rc3 {( espera )} 47... Rh5 { E depois de varias jogadas, a partida foi declarada EMPATE. Somente Alekhine pode salvar a diferenca de material causada pela ma conducao de seu peao dobrado. Para isso, viu-se favorecido pelos erros de Capablanca nos lances 31.

C x C + y 34. Ae4. Depois disso, as brancas nao puderam forcar porque : OS FINAIS DE TORRES E PEOES SAO COMPLEXOS E TRAICOEIROS. Assim mesmo, sempre conservou um peao a mais. RESUMO: Ja sabemos como se deve jogar os peoes dobrados na coluna do bispo dama. Caso se consiga mante-los numa formacao "em quadro", nao sao fracos e podem se tornar fortes e pressionar no flanco dama do rival. TUDO CONSISTE EM QUE O PEAO DAMA NAO SAIA DO QUADRADO QUE HOJE ESTUDAMOS. PORQUE, CASO SAIA, DEIXA MUITO FRACA A CASA EXISTENTE DIANTE DO PEAO DOBRADO E SERA MUITO DIFICIL DESALOJAR QUALQUER PECA ADVERSARIA QUE ALI SE INSTALE. Bom, amigos leitores, esta foi a licao de hoje. Ja teremos oportunidade de ver os casos do peao do bispo rei dobrado e dos peoes centrais dobrados. Espero que aprendam muito desta licao. Ate breve. Profesor. Erich Gonzalez E - mail: [email protected] (Traducao: Elias Muniz)} 1/2-1/2 [Event "POSICOES APARENTES"] [Site "?"] [Date "????.??.??"] [Round "?"] [White "LICAO 7"] [Black "?"] [Result "1-0"] [ECO "A45"] [PlyCount "53"] 1. d4

{Posicoes aparentes. Saudacoes, amigos leitores desta pagina. A licao de hoje trata de um tema muito interessante. Isto se apresenta em muitas partidas e, quando acontece conosco, nos lamentamos e inventamos uma serie de desculpas e lamentos quando perdemos a partida. LICAO 7: POSICOES APARENTES Vamos explicar um caso que para os jogadores novos resulta dificil compreender; Quer dizer, dificil de explicar porem facil de fazer. Esclarecamos: um jogador, em certo momento da partida ACREDITA QUE CHEGOU A UMA POSICAO BOA (e pode ser boa) , O JOGADOR SABE QUE E BOA E NO ENTANTO NAO JOGA COM A PRECISAO REQUERIDA E PERDE. Parecia-lhe que "ja estava ganha" e se jogasse "qualquer coisa" ganhava. Porem faz uma "capivarada" e perde. Depois ouviremos suas lamentacoes: "Eu estava melhor, fiz uma capivarada e perdi". Outros, mais impacientes, quando acreditam que estao melhor, lancam-se sobre as posicoes inimigas e perdem. Destes ouviremos: "eu estava muito melhor, fiz um ataque furioso, vi tudo claramente, mas me equivoquei e perdi". Isto se chama nao ter tranqueilidade e se deve a inexperiencia. QUANDO SE ESTA MELHOR, NAO SE DEVE ACREDITAR QUE COM "QUALQUER COISA" SE GANHA; deve-se tratar de conseguir o maximo da posicao, sabendo que, assim como se obteve a posicao melhor, deve seguir pensando para arrematar a partida. Contra essas "capivaradas" nao se pode dar regras fixas, porem se pode dar alguns conselhos e estes surgirao da partida que hoje vamos

analisar. Acontece comumente que o aficionado que "esta ganho" fique nervoso e faca uma "capivarada" (ma jogada) . Como se deve fazer para nao cair nesse erro? Um dos conselhos seria: NAO PENSAR QUE "ESTA GANHO" E SEGUIR BUSCANDO A MELHOR JOGADA. E outro: CALCULAR NAO SO SEUS PROPRIOS MOVIMENTOS, MAS TAMBEM OS DO ADVERSARIO. Existem muitas posicoes "aparentes" nas quais quem "ACREDITA" que esta melhor nao esta. Ou, se esta, e tao pouca a diferenca que nao o autoriza a pensar que "esta ganha". A partida que veremos mostra uma dessas "posicoes aparentes" e foi jogada no torneio de Londres entre os mestres Bogoljubov e Winter, que era campeao ingles nesta epoca. O primeiro era um jogador muito mais acostumado a grandes torneios, muito mais "cancheiro" que o campeao ingles, e jogou toda a partida com tranqueilidade, pensando que podia supera-lo no momento que achasse oportuno. BRANCAS: BOGOLJUBOW NEGRAS: WINTER} 1... Nf6 {A mais elastica.} 2. Nf3 { Limita as variantes do negro.} 2... e6 3. c4 Bb4+ {Bogoljubow este xeque como o melhor para as negras. Agora lhe tocara refutar seus proprios conselhos. Contra 3......Bb4+ dizia Bogoljubow que o melhor e 4.Bd2; porem nao o faz, porque calcula que joga com um rival inferior e deseja mete-lo em variantes que talvez nao conheca.} 4. Nbd2 {Isto se faz com a ideia de atacar, mais

adiante, o bispo negro com a3, forcando a troca pelo cavalo. Se o cavalo branco tivesse saido por c3, ao se produzir esta situacao, os peoes seriam dobrados na coluna do bispo da dama e Bogoljubow quer evita-lo.} 4... b6 { O negro prepara um fianchetto de dama, que neste caso nao e indicado porque o peao do rei branco ainda nao foi movido e, entao, as brancas podem opor um fianchetto de rei, que como ja sabemos e superior. Porem Bogoljubow nao quer jogar "o normal" e faz:} 5. a3 Bxd2+ {Evidentemente, se 5...Ba5 6.b4 perdendo peca e 5...Be7 perde um tempo. O melhor era trocar, tal como havia previsto Bogoljubow. Com o que se deve tomar este bispo? Descartemos o rei, por razoes obvias. Se o capturamos com o bispo branco 6.Bxd2 Ce4 e teria que troca-lo pelo cavalo; se 6.Dxd2 Ce4 e perdemos um tempo.} ( 5... Ba5 6. b4 { perdendo peca.}) (5... Be7 {perde um tempo.}) 6. Nxd2 ( 6. Bxd2 Ne4 { e teria que troca-lo pelo cavalo.}) (6. Qxd2 Ne4 {e perdemos um tempo.}) 6... Bb7 {evita e4.} 7. Qc2 {Para fazer e4.} 7... d6 ( 7... d5 { o caminho do bispo ficaria fechado.}) 8. b4 {Para fazer o fianchetto.} 8... O-O 9. Bb2 {Natural.} 9... c5 {

Teria sido conveniente primeiro prepara-lo com 9...Cbd7.} 10. e3 Nbd7 11. dxc5 {O branco toma o peao do bispo com o peao da dama para abrir a diagonal de seu bispo e para colocar o negro num dilema. Nisto demonstra sua tranqueilidade. SEMPRE QUE SE POSSA COLOCAR O ADVERSARIO EM UM DILEMA NAO SE DEVE PERDER A OPORTUNIDADE. Ha que jogar tambem psicologicamente. Porque se em certo momento ha varias jogadas ruins e uma so boa, devemos "obrigar" o adversario a encontra-la. E se nao a encontra... Ao negro se lhe coloca este problema: com o que deve retomar? Descartemos o cavalo. Restam d6 e b6. Sabemos, como regra geral, que se deve tomar com o peao mais distanciado do centro. Porem NO XADREZ NAO HA REGRA FIXA; NAO SE PODE REDUZIR O XADREZ A PILULAS, PORQUE ENTAO SERIA QUESTAO DE SE TOMAR A DOSE INDICADA E O JOGADOR GANHARIA TODAS SAUS PARTIDAS. Toda regra tem excecoes e este caso e a excecao. HA QUE JOGAR SEMPRE PENSANDO E NAO SUPERESTIMAR NOSSOS CONHECIMENTOS DE TAL OU QUAL REGRA.} 11... dxc5 {Com esta jogada, restam no flanco da dama 3 peoes contra 3. E agora e ao branco que se lhe coloca um problema: sua vantagem esta em que conserva o par de bispos, porem, em troca, seu rival ja tem todas as pecas desenvolvidas, enquanto ao branco falta desenvolver o bispo rei e rocar. Pode sair este bispo? Analisando-se um pouco, pode-se ver que sim.} (

11... bxc5 { , o peao da casa a7 fica isolado e, com} 12. b5 {o branco teria 3 peoes contra 2 no flanco dama, o que lhe daria uma superioridade que logo poderia aproveitar. Por isso, sempre ha que analisar.}) 12. Bd3 Qc7 {Ameaca o fut uro roque. Se 12...Bxg2 seguiria 13.Tg1 Bb7 14.Bxh7+ e se 14...Cxh7 15.Txg7+ Rh8 16.Dxh7#.} ( 12... Bxg2 {seguiria} 13. Rg1 Bb7 14. Bxh7+ {e se} 14... Nxh7 15. Rxg7+ Kh8 16. Qxh7#) 13. O-O Ne5 {A ninguem se lhe ocorreria trocar o bispo pelo cavalo, porque o par de bispos apontando para o roque adversario e muito forte; nao seria negocio trocar um forte bispo por um cavalo. Observemos outra coisa: o roque do negro e um pouco superior ao do branco, porque tem seu cavalo em f6 e as brancas nao.} 14. Ne4 { Nao convem 14.Cf3 devido a 14...Cxf3+.} (14. Nf3 {e fraco devido a} 14... Nxf3+) 14... Nfg4 $2 {Estudemos o que viu Winter. Conforme a resposta das brancas, seguiria : 15.....Cxh2; 16.Rxh2 Cf3+ 17.Rh1 y Dh2++. Se o rei escapa por h3, vem tambem 17.Dh2+ e o mate se produz poucas jogadas depois. Havia tambem outra combinacao parecida: 15......Cf3+ gxf3 e Dxh2++. Porem Bogoljubow,

jogador "cancheiro" e experimentado, viu tudo isto, demasiado simples para um mestre de sua talha e jogou tranquilo:} ( 14... Nxd3 {Nao seria bom porque segue } 15. Nxf6+ gxf6 16. Qxd3 {e as negras ficam com peoes dobrados na coluna do bispo rei, enquanto as brancas teriam dama e bispo apontando para o roque, com grandes possibilidades de "montar a maquina".}) 15. Ng3 { Logica. Corta a acao da dama em h2 e destroi a combinacao,} 15... f5 { Esta jogada e produto da ma apreciacao. O negro segue calculando suas proprias jogadas, porem nao as do adversario. Correto teria sido Cxd3, porem as negras nao querem perder seu ataque. Bogoljubow segue tranqueilo. QUANDO FALTA O CAVALO DE f3 EXISTE UMA MANEIRA DE SUBSTITUI-LO DE MANEIRA EFICAZ. (que Lasker praticou muito), E QUE CONSISTE EM COLOCAR OUTRO CAVALO EM f1, onde estara melhor do que em f3 e defendera a casa h2. Por isso joga sem afobamento.} 16. Rfe1 h5 17. Be2 (17. Nxh5 {Nao e possivel devido a} 17... Nxd3 18. Qxd3 Qxh2+ 19. Kf1 Bf3 20. gxf3 Qxf2#) 17... h4 {O branco joga tranqueilo, como se dissesse: "Deixe que venha", enquanto o negro continua obcecado em ganhar por mate. Fez h4 pensando: "Vou lhe destrocar!", porem sem se dar conta de que o cavalo em f1 estara melhor.} 18. Nf1 h3 {Forcando tudo.} 19. gxh3 Qc6

{A maquina! Esta era a jogada "chave" que se reservavam as negras; entregariam o cavalo, mas armariam "a maquina", com a qual dariam mate em g2 e h1. Porem as brancas o haviam previsto.} 20. e4 {A unica possivel.} 20... fxe4 {Este e o momento justo em que se rompeu a maquina e se terminou o ataque. Winter havia calculado: 21. f3 a o que seguiria Cxf3, etc. Porem Bogoljubow respondeu:} 21. b5 $1 {A jogada intermediaria.} 21... Qd7 {Que remedio?} 22. Bxg4 Nxg4 23. hxg4 {As negras tem uma peca a menos; estao perdidas. Entretanto, "tiram um lance da cartola".} 23... Rf3 24. Re3 {Para trocar.} 24... Raf8 25. Rxf3 exf3 {Terminou o ataque.} 26. Rd1 Qe7 { Ameacando "entrar" por h4.} 27. Qg6 {E as negras abandonam. As negras nao tem jogada satisfatoria e optam por abandonar, antes de seguir uma luta desigual. Onde esta o erro do negro? Pode-se dizer que "se equivocou" em algum movimento? Nao. E, no entanto, perdeu. Agora virao os lamentos "nao sei como perdi, se eu estava melhor!", dira depois. Porem, esta certo isso? Dissemos que nao. A posicao era aparente e o erro partiu de calcular seus proprios movimentos, porem nao os do adversario. Nao estava melhor. Acontecem muitas posicoes como esta, aparentes. E QUANDO UM JOGADOR ACREDITA QUE A PARTIDA ESTA GANHA, NAO E QUESTAO DE SE LANCAR A UM ATAQUE DESORDENADO, NEM DE JOGAR

"QUALQUER COISA"; HA QUE SEGUIR PENSANDO. ESTES SAO MEUS CONSELHOS. NO XADREZ, E MAIS DIFICIL ATACAR DO QUE SE DEFENDER, porque ha que encontrar sempre a jogada justa; enquanto que, para se defender, existem muitas que podem servir. Entretanto, os aficionados preferem atacar a se defender; e mais bonito, o jogador esta de melhor semblante, e mais alegre. E ao contrario do que ocorre em outros esportes: NO XADREZ, O MELHOR ATAQUE E UMA BOA DEFESA. Bom, amigos leitores, finalizamos esta setima licao, muito simples, porem de muita importancia para nos conscientizar de que quando estamos melhor nao significa que tenhamos a vitoria garantida. Pense sempre antes de jogar. Ate breve. Profesor. Erich Gonzalez E - mail: [email protected] TRANSCRICAO Pelo Profesor ERICH GONZALEZ, na Cidade de Maracaibo, Estado Zulia, Venezuela, das LICOES DO Dr RAFAEL BENSADON, EM APONTAMENTOS TOMADOS PELO ALUNO ERNESTO CARRANZA. (Traducao: Elias Muniz)} 1-0 [Event "O PEAO DO BISPO REI DOBRADO"] [Site "?"] [Date "????.??.??"] [Round "?"] [White "LICAO - 8"] [Black "?"] [Result "1-0"] [ECO "C47"] [PlyCount "57"] 1. e4

{O peao do bispo rei dobrado e suas debilidades Minhas saudacoes, amigos leitores. Uma vez mais com voces e uma nova licao para que melhorem seu jogo. Muitissimo obrigado por suas opinioes a respeito. LICAO 8 - COMO EXPLORAR O PEAO DO BISPO REI DOBRADO. Vimos em uma das licoes passadas o caso do peao do bispo dama dobrado. Hoje veremos o caso do peao do bispo rei dobrado. Desde ja, diremos que a coisa e muito mais grave. Qual e a razao? Quando se dobra o peao do bispo dama, quase nunca se tera feito o roque grande, que e menos praticado, e entao e raro que o rei esteja no flanco dama. Por outro lado, quando se dobra o peao do bispo rei e nao se fez o roque curto, e quase seguro que devemos renunciar a ele; e se o rei ja esta rocado nesse flanco, a coisa e muito pior. Todavia, diremos que a dobrada do peao do bispo rei e ainda mais grave quando se produz em uma abertura de peao rei, porque o mencionado peao rei tera sido avancado a quarta casa e resulta dificil formar o quadrado de que falamos na licao anterior. Quando a dobrada do peao do bispo rei se produz em uma abertura de peao dama, apesar de ser grave, nao o e tanto porque sempre ha contra-chances: podem formar-se os peoes "em quadro". Porem, quando o peao do rei avancou a sua quarta casa, deixou de controlar a casa quatro bispo rei e se produz a dobrada de peoes de que falamos. SE UM CAVALO SE INSTALA DIANTE DO PEAO DOBRADO, QUASE NUNCA SE PODE DESALOJA-LO, E ISTO E DECISIVO. Pode-se

afirmar que a partida esta cerca de 90% perdida e com maior razao quando a dama, uma torre ou os bispos podem "entrar" no flanco rei e "assaltar" o roque curto. Por isso, como diziamos antes, no flanco dama ha mais defesa do que no flanco rei. Vejamos: se se produz a dobrada de peoes na coluna do bispo dama, fica muito fraco o peao da torre dama e a casa a3 fica sem controle, porem isso nao e muito perigoso porque nosso rei dificilmente estara por "esses lados". Pelo contrario, ao se produzir a dobrada do peao do bispo rei, tambem fica fraco o peao da torre rei e as casas adjacentes ao roque curto, e isto e muito importante, dado que em seguida podese tramar uma combinacao direta sobre nosso rei e a partida termina por mate. Por isso, devemos evitar que nos dobrem peoes na coluna do bispo rei. Se isto acontecer e se um cavalo se situar na casa f5, o jogo estara praticamente decidido. A partida que transcrevemos foi jogada no Torneio de Ransgate e nos servira para ver como se explora a debilidade do peao do bispo rei dobrado, ao mesmo tempo que servira para nos dar algumas ideias sobre a "abertura simetrica". Abertura de los Quatro Cavalos (Simetrica) BRANCAS: MAROCZY NEGRAS: YATES} 1... e5 2. Nf3 Nc6 3. Nc3 Nf6 {Ja temos caracterizada a Abertura dos Quatro Cavalos. E interessante pela simetria que se estabelece sobre o tabuleiro. A unica

vantagem que o branco conserva e a do inicio do jogo.} 4. Bb5 {A melhor.} 4... Bb4 5. O-O O-O 6. d3 d6 {Ate agora, o negro respondeu com os mesmos movimentos do branco. Entretanto, A SIMETRIA SO PODE SEGUIR ATE UM CERTO MOMENTO, DADO QUE SE O BRANCO CHEGASSE A DAR MATE, O NEGRO FICARIA IMPOSSIBILITADO DE DAR O SEU. Havera pois, que se desviar da simetria. O melhor lance que o branco tem agora e 7.Bg5, porem Maroczy quer romper a simetria, ja que seu rival parece aferrado a ela.} 7. Ne2 {(para rompe r simetria), Con este analisis queda demostrado lo que deciamos: que la: SIMETRIA NO PUEDE PROLONGARSE INDEFINIDAMENTE; dado que llegara un momento en que el blanco dara mate, y el negro se queda sin el turno para dar el suyo; EL TIEMPO DE VENTAJA EN LA APERTURA ES VITAL. este fue un comentario al margen, ya que se presento la oportunidad de hablar de la aperturasimetrica. Pero continuemos con la partida} ( 7. Bg5 {Diziamos que a simetria so pode ser mantida ate um certo momento, e o demonstraremos. Se as brancas jogam este lance, poderia seguir} 7... Bg4 8. Nd5 Nd4 9. Nxb4 Nxb5 10. Nd5 Nd4 11. Qd2 {

entregando uma peca, porque se} 11... Bxf3 12. gxf3 (12. Bxf6 { o branco pode jogar 12.Bxf6} 12... gxf6 (12... Qd7 {E melhor para o negro nao tomar o bispo, senao que responder simetricamente. 12...Dd7 a que seguiria} 13. Qg5 {amecando mate direto, podendo o negro responder de duas maneiras:} 13... Qg4 {(simetrica).} (13... g6 {A isto, segue} 14. Qh6 { e o mate em g7 nao pode ser evitado.}) 14. Ne7+ Kh8 {e} 15. Bxg7#) 13. Qh6 {e nao se pode evitar a perda da dama para evitar o mate.} 13... Bg4 14. Nxf6+ Qxf6 15. Qxf6 {Com esta analise, fica demonstrado o que diziamos: que a simetria nao pode se prolongar indefinidamente, dado que chegara um momento em que o branco dara mate e o negro fica sem tempo para dar o seu. O TEMPO DE VANTAGEM NA ABERTURA E VITAL. Este foi um comentario a margem, ja que se apresentou a oportunidade de falar da abertura simetrica. Porem continuemos com a partida.}) 12... Nxf3+ {duplo no rei e na dama.}) 7... Ne7 { Continua simetrico.} 8. Ng3 c6 9. Ba4 Ng6 10. c3 Ba5 {E estamos outra vez em uma posicao simetrica. Porem e a ultima vez que se produzira.}

11. d4 Be6 {Poderia ainda imita-lo porem prefere romper a simetria.} 12. Bb3 Bxb3 $2 {Ate agora, a simetria deu bom resultado ao negro. Tem suas pecas bem desenvolvidas e saiu da abertura sem gastar tempo no relogio; nao teve que pensar muito, seguiu os mesmos planos do adversario. Entretanto, ao trocar Bxb3 cometeu um erro, pois trocou seu bispo "bom" pelo bispo "mau" do branco. Observemos: os peoes do rei estao fixos no centro e, ainda que sejam trocados, ali ficariam longo tempo, o que fara "bom" o bispo dama do branco e reduzira a mobilidade do bispo que resta ao negro. Com que peca se deve tomar este bispo? Recordemos que QUANDO NAO HAJA UMA RAZAO IMPORTANTE, NAO HA PORQUE DOBRAR OS PEOES. Ademais, ao tomar com a dama, se ameaca o peao da casa b7, ganhando um tempo.} 13. Qxb3 Bb6 $1 {As negras defendem indiretamente seu peao de b7 e tomam uma diagonal em cujo extremo esta colocado o rei branco. Portanto este movimento e muito bom.} 14. dxe5 dxe5 15. Bg5 $1 { Crava o cavalo. Onde deve ser colocada a dama negra?} 15... Qe7 (15... Qd6 16. Rad1) (15... Qc7 16. Bxf6 gxf6 {dobrando um peao na coluna bispo rei. E aqui vem o que diziamos no inicio. Se o branco instala logo um cavalo em f5, a partida esta quase ganha.}) 16. Rad1 Rad8 {Disputa a coluna.} 17. Nh5 {

Esta jogada e logica: se o cavalo negro de f6 esta cravado, trata-se de trazer outra peca que pressione esse cavalo. Porem ha que ter visto muito para fazer isso: com as replicas que darao as negras, perde-se um peao sem compensacao. Maroczy o tinha previsto depois de uma seria analise e o faz porque viu mais alem.} 17... Rxd1 18. Rxd1 Bxf2+ { A combinacao que diziamos deu seu fruto.} 19. Kf1 ( 19. Kxf2 {segue} 19... Nxe4+ 20. Kf1 {e logo} 20... Nxg5 { ganhando dois dos peoes e com forte "ataque" das negras.}) 19... Bb6 20. Bxf6 $1 {Foi melhor tomar com o bispo, pelo que explicamos: convem conservar os cavalos para instala-los logo diante do peao dobrado.} 20... gxf6 21. Rd7 Qc5 {Entretanto, a partida nao esta decidida e o negro ameaca com a maquina. Em uma das licoes anteriores dissemos que A MAQUINA, AINDA QUE SEJA UMA JOGADA SIMPLES, E FORTE, PORQUE OBRIGA AO CONTRARIO A SE DEFENDER. Sabemos que a maquina sempre ameaca dois xeques; na setima e oitava casas. Neste caso, o cavalo de f3 defende o xeque em g1, resta por defender somente a ameaca de mate em f2.} ( 21... Qxd7 {nao era aconselhavel devido a} 22. Nxf6+ {

duplo no rei e na dama.}) 22. Qc2 {Defendendo-se} (22. Nxf6+ { Neste momento nao e bom para as brancas porque segue} 22... Kg7 23. Ng4 h5 {e se perde uma peca;}) (22. Nxf6+ {Tampouco e bom porque segue} 22... Kg7 23. Ne8+ Kh8 { e fica latente a ameaca da maquina, estando as pecas brancas esparramadas.}) 22... Nf4 {Trata de trocar os cavalos.} 23. Nxf4 exf4 {Ficou dobrado outro peao negro na coluna bispo rei. E nao existe nenhuma possibilidade de forma-los "em quadro". Se contamos os peoes que ha sobre o tabuleiro, teremos 7 peoes para o negro e 6 peoes para o branco. Entretanto, ainda que pareca um paradoxo, afirmamos que o branco "tem um peao a mais" A razao esta em que os peoes dobrados do negro na coluna bispo rei equivalem a um. Outra observacao: estamos a um passo de que se produza a situacao que preconizavamos no comeco: O cavalo pode saltar a h4 e dali a f5, com o que definira a partida.} 24. Qe2 Rd8 25. Rxd8+ (25. Rxb7 {nao e bom porque segue} 25... Rd1+ 26. Qxd1 Qf2#) 25... Bxd8 {Desarmou-se a maquina.} 26. Nh4 $1 {(em marcha)} 26... Qg5 { Este lance tem o objetivo de impedir um xeque da dama branca em g4.} ( 26... Bb6 {Se as negras voltam a montar a maquina com 26...Bb6 segue} 27. Qg4+

Kf8 (27... Kh8 28. Qc8+ Kg7 29. Nf5+ Kg6 30. Qg8+ Kh5 31. Qxh7+ Kg5 32. Qg7+ Kh5 33. Qh6+ Kg4 34. Qh4#) 28. Qc8+ Ke7 (28... Kg7 29. Nf5+ Kg6 30. Qg8+ Kh5 31. Qxf7+ Kg5 (31... Kg4 32. Qg7+ Kh5 33. Qh6+ Kg4 34. Qh4#) 32. Qg7+ Kh5 33. Qh6+ Kg4 34. Qh4#) 29. Nf5+ {etc.,}) 27. Nf5 $1 {Ja esta o cavalo na posicao ideal. Para as negras, a situacao e grave. O cavalo nao pode ser desalojado ( a menos que se sacrifique a dama, o que seria um desatino). Observemos que o unico bispo negro corre por casas negras, nao proporcionando nem o recurso de trocar o bispo pelo cavalo. Neste momento, pode-se assegurar que o negro esta perdido. Como nao sabe o que fazer, na iminencia do desastre, trata de trocar as damas, e prepara com:} 27... h5 28. Qd2 {Ameaca o bispo.} 28... Bb6 29. h4 {E as negra s abandonam. Com esta simples jogada 29.h4, as brancas definem a partida. E sobram casas para a dama branca. Dado que o bispo deixou de controlar a casa e7 e pela colocacao privilegiada do cavalo branco, a dama negra nao pode ir nem a g6 devido a Ce7+ duplo, nem a g4 porque Ch6+ tambem com duplo no rei e dama. Jogada simples e decisiva. Esta partida e um exemplo pratico de como se deve utilizar uma casa forte em f5 e de como se explora o peao dobrado na coluna bispo rei. Bom, amigos leitores desta pagina, creio que nao e

necessario acrescentar mais nada. Espero que esta licao sirva muito em vossa aprendizagem do xadrez. E meu objetivo e minha maior satisfacao, em nome desse grande professor, Dr. Rafael Bensadon e de seu excelente aluno Ernesto Carranza. Ate a proxima licao. Prof. Erich Gonzalez E- mail: edgonzal@luz. ve (Traducao: Elias Muniz)} 1-0 [Event "AS CASAS CONJUGADAS"] [Site "?"] [Date "????.??.??"] [Round "?"] [White "LICAO 9"] [Black "?"] [Result "0-1"] [ECO "C49"] [PlyCount "68"] 1. e4 {Os "holes" (buracos) e as casas conjugadas dos cavalos. Os cavalos sao pecas especiais por sua propriedade unica de saltar por cima das outras. O cavalo odeia estar na borda do tabuleiro, onde domina poucas casas, e esta especialmente bem situado no centro. Esta colocacao se faz ainda mais poderosa se consegue se situar em casas do contrario, que nao podem ser atacadas por seus peoes:os denominados "holes" ou buracos, casas desde as quais atacam pontos importantes da posicao contraria e das quais nao podem ser desalojados. (Nota: o artigo usa o termo "casas conjugadas" para se referir tanto a estas

casas em que os cavalos adquirem um poder especial, como as casas em que um cavalo pode saltar em cada novo movimento. Fazemos notar este ponto para que nao haja confusao no que diz respeito ao uso deste termo na teoria dos finais de peoes) Saudacoes a todos os leitores desta pagina, meus agradecimentos pelo interesse demonstrado nestas licoes. Tem sido para mim um grande motivo de satisfacao e felicidade o fato de poder ajudar-lhes a elevar seu nivel de jogo e espero que tirem o maximo proveito das mesmas. LICAO 9 - AS CASAS CONJUGADAS Hoje trataremos de um tema que se refere ao movimento dos cavalos. Para poder entender o que e isto de "casas conjugadas" ou "casas relacionadas" ha que prestar atencao aos saltos de cavalos. Trata-se de algo simples: QUANDO UM CAVALO SAI, NORMALMENTE POR VIA f3, f6, c3 e c6 imediatamente dispoe de 8 casas principais a seu redor, em qualquer das quais poderia se instalar. Existe pois uma vinculacao entre essa casa e as 8 que rodeiam o cavalo. Quando o cavalo da um novo salto, existem outras 8 casas as quais pode chegar, com as quais se estabelecem relacoes, apesar de que, a primeira vista, nao tenham conexao entre si. Estas sao as casas conjugadas. O JOGADOR DEVE PREVER OS PROXIMOS SALTOS DE CAVALO E DEFENDER POR ANTECIPACAO AS CASAS CONJUGADAS. Isto tem grande importancia, porque essas casas nao sao tao faceis de ver como o seriam as casas que domina um bispo em uma diagonal ou uma torre em uma coluna

aberta. Ademais, um cavalo tem a sua disposicao essas 8 casas e salta por cima das demais pecas para chegar a elas, razao pela qual nao se pode interpor peoes ou pecas que cortem sua acao, tal como se poderia fazer com os bispos, as torres e a dama, colocando-lhe obstaculos no caminho de sua diagonal ou de sua linha, que restrinjam seus movimentos. CONTRA O CAVALO E NECESARIO DEFENDER POR ANTECIPACAO AS CASAS CONJUGADAS, CASO SE QUEIRA EVITAR SEUS SALTOS. Ha que levar em conta a rede de casas que o cavalo domina e estabelecer quais sao as principais. Em uma das licoes anteriores voces terao ouvido dizer muitas vezes que quando se joga uma abertura de peao de rei e porque as brancas desejam jogar uma partida de ataque, a morte. E que quando se sai com peao dama e porque se deseja fazer uma partida posicional, onde o ataque, caso se produza, e acessorio. Agora volto a ressaltar estes principios. E por que e assim? Na abertura de peao rei (depois de 1.e4 e5), as casas criticas sao as que ficam nas proximidades do peao contrario; ou seja: f5 e d5. Se um cavalo se instala fortemente em f5 e o rei negro esta rocado curto, e muito perigoso, porque dali o cavalo domina, entre outras, as casas g7, h6, e7 e d6, que sao de vital importancia, e a partida pode terminar por mate. E se o cavalo se coloca na outra casa critica, d5, teremos um produto que beneficiara grandemente as brancas, e a partida tambem pode terminar por mate. Porem,

quando se joga a abertura de peao dama (depois de 1.d4 d5) as casas criticas seriam e5 e c5. Se um cavalo se instala em e5, atacando a casa f7 que geralmente esta defendida pela torre do roque curto, pode exercer uma forte pressao mas nao da muitas possibilidades de mate; se um cavalo chega a c5, ainda que seja forte, nao ataca diretamente as posicoes proximas ao rei contrario, o que tambem dificulta as probabilidades de mate. Ademais, nas aberturas de peao dama, o negro tem quase sempre um peao em e3, o que impede a colocacao de um cavalo em f5 para assaltar o roque. Nisso reside a maior diferenca entre a abertura de peao rei e a de peao dama. Que importancia pode ter isto de casas conjugadas? Veremos na partida que reproduziremos. Nela se utiliza a abertura dos quatro cavalos (como a que vimos na licao anterior), com a simetria inicial habitual neste tipo de abertura. Nao e necessario repetir que a simetria so pode ser seguida ate determinado momento, porque chega uma posicao em que o branco da mate e o negro nao tem tempo para dar o "seu" mate. Vantagens do tempo da saida. No xadrez, como no truco, ganha a mao. Abertura 4 Cavalos (simetrica). BRANCAS: MILLNER BARRY NEGRAS: STEINER} 1... e5 2. Nf3 Nc6 3. Nc3 Nf6 4. Bb5 Bb4 5. O-O O-O 6. d3 d6 7. Bg5 Bxc3 { Vimos na partida da licao anterior que neste momento Maroczy jogou 7.Ce2 para

sair dos caminhos trilhados, porem Millner Barry preferiu fazer a melhor (7. Bg5), que, como vimos, rompe a simetria, ja que se o negro respondesse com o mesmo, viria a variante explicada, onde as brancas dao mate antes de seu rival. Isso obriga as negras a jogar 7.....Bxc3, trocando um bispo por um cavalo, porem dobrando um peao na coluna bispo dama, que como estudamos, nao e muito grave se o branco mantem o quadrado de peoes duplos. Nao ha, pois, compensacao. } 8. bxc3 Qe7 {O negro anteviu o plano a seguir e joga com uma ideia. Para que pos a dama em e7? E um pouco oculto; nao resulta muito facil ver a continuacao. Estamos falando das casas conjugadas. NA ABERTURA DO PEAO REI AS CASAS CRITICAS SAO AS QUE FICAM AO LADO DO PEAO REI CONTRARIO: O SEJA, d5 E f5. Pois bem: o cavalo dama do negro nao tem nenhum programa em d4, ja que por razoes obvias ali nao poderia se instalar. Trata entao de levar esse cavalo a outra casa critica (f4) por intermedio da rede de casas conjugadas. Como? Jogando-o primeiro a d8, logo a e6 e depois a f5, onde se instalara de forma tao eficaz que decidira a partida. Como dissemos, o plano e um pouco oculto, e tanto e assim que as brancas nao o advertem. Se neste momento houvessem feito 9. Bxc6, dobraria tambem o peao do bispo dama e a partida seria possivelmente empate. As brancas continuam tranqueilamente:}

9. Re1 Nd8 $1 10. d4 $2 Bg4 {Cravando o cavalo. Depois que o cavalo negro se retirou a d8, as brancas advertiram que seu bispo em b5 nao tinha nada a fazer ali e que jogaria muito pouco em toda a partida. Por isso fizeram d4, jogada ruim, que tira o peao d3 do quadrado de peoes dobrados, que entao serao fracos, porem abre um caminho a seu bispo. A unica possibilidade do branco e que o negro tome exd4, com o que dobraria os seus e ficaria muito bem. Porem se subentende que Steiner nao vai tomar o peao de d4; deixara as coisas assim no centro (por agora) e aproveita para desenvolver a unica peca que faltava: seu bispo dama. Nao era possivel seguir o plano das casas conjugadas, porque a 10....Ce6 se corta a acao da dama sobre seu peao em e5, que seria perdido.} 11. Kh1 $2 Ne6 {Segue o plano. O branco acreditou que tinha tempo. Nao "viu" a continuacao. Alem disso, parece que quer ficar com seu par de bispos. Ao fazer Ce6, as negras continuam com seu plano e ameacam o bispo de g5. As brancas, para conserva-lo, devem retira-lo. Mas para onde? Se vai a h4 perde o controle da casa f4 que e a que interessa seguir defendendo. Se vai a e3, as negras seguem Cxe4. Se vai a d2, perde-se o peao de d4 depois de 11... ..exd4 12. cxd4. Cxd4 e nao se pode jogar 13.Cxd4 porque o cavalo esta "cravado", o que poe o branco em serios apertos. Nao resta outro remedio, que leva-lo a c1,

onde atrapalhara a comunicacao das torres, porem impedira (por agora) que o cavalo negro salte a f4. Chegamos a comprovar, entao, o que dissemos na licao anterior: QUE O BISPO DAMA JA "JOGA" DESDE SUA CASA INICIAL E NAO HA NECESIDADE DE MOVE-LO DALI ATE QUE A POSICAO "FIQUE CLARA".} 12. Bc1 c5 $1 {Se o branco avanca seu peao a d5, a posicao seria fechada e entao os cavalos negros seriam mais valorizados, enquanto os bispos brancos quase nao jogariam. E se o branco nao move seus peoes, as negras ganharao um peao depois de 13.....cxd4 14.cxd4 e Cxd4 porque o cavalo branco, ja dissemos, esta cravado. Se tentam "descravar-se" mediante 13. Dd3, as negras tambem ganham um peao depois de 13.....Bxf3 14.gxf3? cxd4 15.cxd4 Cxd4. Nao ha mais solucao, senao que se decidir a trocar o peao de d4 pelo peao contrario, renunciando para sempre a formar os peoes dobrados "em quadro" CALCULO PARA TOMAR UMA PECA ATACADA E DEFENDIDA. Vamos fazer um comentario a margem. Observo que muitos aficionados ficam confusos quando se encontram em situacoes como esta e nao sabem claramente quando se pode tomar uma peca e quando nao. Comecam a fazer deducoes mais ou menos assim. Eu tomo peao por peao, e, se continuo cavalo por peao, fara bispo por cavalo ou peao por cavalo, ou peao por peao, e por ai perdem o "fio". Nao e necessario engolfar-se em tais deducoes para saber

quando se pode tomar e quando nao. So basta fixar-se na quantidade de pecas que atacam a peca ameacada e na quantidade de defensores (no caso desta partida, nao se pode contar como "defensor" o cavalo cravado). E a regra e facil: E NECESSARIO QUE HAJA PELO MENOS UM ATACANTE A MAIS PARA PODER TOMAR. A UM NUMERO IGUAL DE ATACANTES E DEFENSORES, O QUE TOMA PRIMEIRO PERDE ALGO. Neste caso, ha 3 atacantes e somente 2 defensores: pode-se tomar o peao dama. Sigamos com nossa licao.} 13. dxe5 dxe5 { Com isto ja podemos dizer que a partida e sumamente favoravel as negras.} 14. h3 Bh5 15. Qe2 {As brancas tiram sua dama da coluna aberta e defendem o bispo de b5. Entretanto, e a situacao deste bispo o que origina a proxima jogada das negras.} 15... Qc7 {Aparentemente, esta dama foi posta ai para prestar apoio a seu peao em c5 e a seu peao em e5, que poderiam ser atacados. Porem, seu objetivo e outro. Agora o negro esta ameacando jogar: 16....a6 17Ba4 ou Bc5 ou Bd3 ao que seguiria b5 e c4 ganhando uma peca. Vemos, pois, a ma situacao deste bispo, que foge antes que o ataquem.} 16. Bd3 Rac8 {Ameaca c4.} 17. g4 {Ataca o outro bispo.} 17... c4 {Nao perde tempo em escapar com seu bispo.} 18. gxh5 cxd3 19. cxd3 Nxh5 $1 {As brancas conseguiram desdobrar seu

peao de c2. Nao se podia tomar 19...Dxc3 devido a 20.Bb2 ganhando o peao de e5. Esse peao nao interessa. E muito mais importante o peao de h5, porque agora se ameaca claramente instalar um cavalo na casa critica f4, defendida pelo outro cavalo. De maneira que se as brancas matassem um cavalo com seu bispo dama, imediatamente se poria ali o outro cavalo e ja e muito dificil desaloja-lo. Vemos tambem que na rede de casas conjugadas entrava a casa h5, para chegar a f4. A proxima jogada das brancas mostra sua insuficiencia. Como nao lhes sera possivel desalojar os cavalos de f4, optam por cede-la, sem luta, para buscar contra-chances sobre o peao central do negro; por isso fazem...} ( 19... Qxc3 { Nao se podia tomar 19...Dxc3 devido a} 20. Bb2 {ganhando o peao de e5.}) 20. Bb2 Nhf4 $1 {Era logico que haveria que instalar ali o cavalo mais distante do centro. E ja o temos firmemente instalado na casa que as negras se propuseram dominar desde sua oitava jogada e a qual sabiam que chegariam por intermedio da rede de casas conjugadas. Agora a situacao das brancas se torna angustiante e seus proximos movimentos serao quase forcados. O negro toma a iniciativa decididamente. O cavalo esta ameacando a dama e o peao de h3; a jogada que segue e forcada, e nao e boa porque a dama em f1 estara na mesma coluna da torre, a qual o negro tratara de abrir}

21. Qf1 f6 {Apoia-se o peao rei, para cortar a diagonal do bispo branco e se ameaca Df7 para "entrar" por h5, etc.} 22. d4 {Quer abrir a diagonal.} 22... Qf7 {Segue seu plano.} 23. d5 (23. dxe5 {Nao e bom 23.dxe5 devido a} 23... Qh5 { Dh5 atacando o cavalo e peao de h3.}) 23... Qh5 24. Ng1 {O branco se deu conta de que nao adiantaria tomar 23.dxe5 porque abriria a coluna bispo rei, facilitando os planos de seu rival e avancou o peao a d5 para desalojar o cavalo de e6; porem as negras nao perdem tempo e seguem seu plano, ja que se 24.dxe6 Dxf3+ 25.Rh2 ou (25.Rg1 e as negras teriam a sua disposicao jogadas ganhadoras.} ( 24. dxe6 {Nao servia devido a} 24... Qxf3+ 25. Kh2 {ou} (25. Kg1 {e as negras teriam a sua disposicao jogadas ganhadoras.})) 24... Ng5 { Ameaca-se tres vezes ao peao de h3, que so esta defendido por duas pecas. Se caisse este peao, toda a resistencia do branco se desmoronaria. Observemos que o cavalo de f4 e tao forte que obriga as pecas contrarias a ir "para tras".} 25. Re3 {Defendendo o peao de h5 e o de e4} 25... f5 {Para abrir a coluna.} 26. exf5 {O melhor que tinha.} 26... Nxd5 {As brancas poderiam jogar: 26...Txf5, porem preferiram tomar com o cavalo o peao de d5 porque e mais ativa. AS CASAS

CONJUGADAS TEM UMA GRANDE VANTAGEM: A IDA E A VOLTA. Este cavalo voltara a f4, a seguir pressionando, com as mesmas ameacas. E este vai-vem e "torturante" para o contrario, que esta atado de pes e mao, e deve seguir lutando, sabendo-se perdido. E uma verdadeira guerra de nervos, que termina por aniquila-lo. O cavalo vai e volta... afrouxa e oprime... como o gato com o rato.} ( 26... Rxf5 {As brancas poderiam jogar: 26...Txf5, porem preferiram tomar com o cavalo o peao de d5 porque e mais ativa. AS CASAS CONJUGADAS TEM UMA GRANDE VANTAGEM: A IDA E A VOLTA.}) 27. Rxe5 { Deixa sem defesa o peao de h3.} 27... Nf4 {Volta.} 28. Kh2 {As brancas, ja desesperadas, tratam de "manter tudo". Se houvessem trazido sua torre outra vez a e3, cairia o peao de f5. Entao, decidiram-se a defender seu peao de h3 com a unica peca de que dispunham: seu proprio rei... Na realidade, nao defendem nada. Observemos que, devido a eficaz acao do cavalo de f4, todas as pecas brancas estao imoveis e o bispo nao joga. O negro segue demolindo lentamente a posicao de seu rival, valendose do cavalo que tem sua "base" em f4, em movimentos de ida e volta.} 28... Nfxh3 29. Qd1 Qh4 {Diante do des astre, as brancas tratam de trocar as damas, porem o negro nao lhe da o gosto,

e segue oprimindo-lhe. As brancas, por fazer algo, dao um xeque inutil.} ( 29... Qxd1 {E evidente que mesmo trocando as damas, o negro ganhava. Vejamos: 29... Dxd1 30.Txd1 Cxg1 31.Rxg1 Cf3+ ganhando a torre de e5. As brancas, por fazer algo, dao um xeque inutil} 30. Rxd1 Nxg1 31. Kxg1 Nf3+ { ganhando a torre de e5.}) 30. Qb3+ Kh8 31. c4 Nf4+ { Volta a "base" e da xeque descoberto de dama.} 32. Nh3 {Cobre?} 32... Nfxh3 { Ida e volta.} 33. Qg3 {Para trocar as damas.} 33... Nf3+ {Diante da inutilidade da luta, as brancas abandonam. Claro que nao se pode tomar o cavalo de f3.} 34. Qxf3 (34. Kh1 {Nao resolve por} 34... Nxf2+ 35. Kg2 Qxg3+ 36. Kxg3 Nxe5 { etc,}) (34. Kg2 {Tambem nao serve devido a} 34... Qxg3+ 35. fxg3 (35. Kxg3 Nxe5 36. Bxe5 Rxf5 {ficando sempre com uma torre limpa de vantagem.}) 35... Nxe5) 34... Ng5+ {descoberto ganhando a dama. Ficou demonstrado o proveito que pode dar a sabia utilizacao das casas conjugadas. Os cavalos negros manobraram por intermedio da rede de casas conjugadas, ate instalar um deles na casa critica f4 e, uma vez ali, tomando-a como "base de operacoes e reabastecimento", o cavalo fez "das suas" em viagens de ida e volta, ate

decidir a partida. Essa e a grande vantagem das casas conjugadas. TEM MAIS IMPORTANCIA CALCULAR OS SALTOS DO CAVALO DO QUE OS MOVIMENTOS DO BISPO, TORRE OU DAMA, PORQUE ESTES SE "VEEM" MAIS FACILMENTE; OS DE CAVALO SAO MAIS DIFICEIS E, QUANDO VOCE QUER ACORDAR, O TEM EM CIMA. Prezados amigos leitores, finalizamos esta licao. Muitissimo obrigado por me escreverem. Desde novicos ate mestres internacionais, agradeco-lhes suas opinioes e motivacoes para continuar com as mesmas. Ate a proxima licao. Prof: Erich Gonzalez Email: [email protected] TRANSCRICAO Pelo Professor ERICH GONZALEZ, na Cidade de Maracaibo, Estado Zulia, Venezuela, das LICOES DO Dr RAFAEL BENSADON, EM APONTAMENTOS TOMADOS PELO ALUNO ERNESTO CARRANZA. (Traducao: Anderson de Jesus)} 0-1 [Event "PEÃO CENTRAL DOBRADO"] [Site "?"] [Date "2001.11.??"] [Round "?"] [White "LIÇÃO 10"] [Black "?"] [Result "*"] [ECO "C60"] [PlyCount "89"] { Saudações, amigos Hoje trataremos de um para nós. Trata-se do Recordemos sempre que

leitores desta página. tema que não é novo peão dobrado. A ESTRATÉGIA DOS PEÕES

É A MAIS IMPORTANTE DO XADREZ E O ESQULETO DA PARTIDA. LIÇÃO 10 - PEÃO CENTRAL DOBRADO Já nos referimos em outras lições a existência de peões dobrados nas colunas bispo dama e bispo rei. Falaremos, hoje, do peão central dobrado. Pode ser, indistintamente, o peão rei ou o peão dama. Desde já, diremos que se trata de uma situação delicada para os dois jogadores. Estas situações podem ocorrer de várias maneiras. Por exemplo: pode-se dobrar um peão na coluna do rei e ser o peão do bispo rei ou o peão dama que passou para dita coluna. Do mesmo modo, o peão dobrado na coluna da dama pode ser o peão rei ou o peão bispo dama. Que vantagens e desvantagens há em se dobrar estes peões? Vale a pena fazêlo ou não? É o que veremos nesta lição. As desvantagens do peão central dobrado são: Além da debilidade de todo peão dobrado, entorpecem o jogo de seus próprios bispos, no principio do jogo ou mais adiante. Suas vantagens são: podem facilitar o jogo das torres nas colunas adjacentes e vigiar as quatro casas centrais. É claro que as desvantagens costumam ser maiores que suas vantagens e é raro não ficarem completamente fracos por falta de sustentação lateral. Neste caso, serão facilmente atacáveis pelas torres contrárias e, cedo ou tarde, devem cair. Isso não é tão grave quando o contrário tem um peão na mesma coluna, o que corta o jogo das torres. OS PEÕES CENTRAIS DOBRADOS SÃO UM PESO MORTO PARA QUEM OS LEVA. Pode-se ganhar, porém é uma grave desvantagem.

Fazendo um resumo, diremos: O peão bispo dama dobrado é uma desvantagem relativa. O peão bispo rei dobrado é uma desvantagem grande. E o peão central dobrado tem seus prós e seus contras, porém os contras geralmente são maiores. Se for possível evitar, melhor. A partida de hoje pertence ao torneio de Nova York e foi jogada pelos mestres Lasker e Marshal. Sabemos que o desaparecido mestre Lasker foi campeão mundial durante largos anos, e que não jogava só com as peças, mas o fazia psicologicamente. Esta tática muitas vezes lhe deu excelentes resultados. Foi jogada uma abertura Ruy López, uma das mais antigas e sólidas, a mais analisada de todas, e que ainda hoje é praticada por muitos mestres porque dá muita iniciativa às brancas. Abertura Ruy López - Torneio de Nova York. BRANCAS: E. LASKER NEGRAS: MARSHAL} 1. e4 e5 2. Nf3 Nc6 3. Bb5 a6 {(Defesa Morphy) A defesa atribuída a Morphy "não agradava" a Lasker, que preferia jogar suas partidas deixando cravado o cavalo dama negro. Nesta posição, quase todos os jogadores retiram o bispo para a4, a fim de levá-lo (depois de várias jogadas) a c2 porque na Ruy López este é o bispo mais ativo das brancas. Por tal causa, não é aconselhável trocá-lo jogando 4. BxCc6. (Variante da troca). Entretanto, Lasker o fez. Sabemos que o peão dobrado na coluna bispo dama não representa maior desvantagem e, portanto, não compensa a troca do bispo pelo cavalo.} 4. Bxc6 dxc6 $2

{Era melhor tomar o bispo com o peão de b7. Pareceria que, nessa situação, perde-se o peão rei, porém não é assim. Existe uma infinidade de variantes na Ruy López onde se demonstra que se recupera esse peão. Não o faremos aqui por ser demasiado longo. Porém, nessa época, costumava-se tomar o bispo com o peão de d7 e a razão era que se poderia responder com Dd4 a um eventual 5. Cxe5. Se tomar com o peão dama fosse forçado, valeria a pena. Caso contrário, não é conveniente. O principal é que ficam 4 peões brancos contra 3 negros no flanco dama, porque o peão dobrado é contado como um só. E o procedimento para ganhar é trocar imediatamente o peão dama branco pelo peão rei negro, com o que se deixa o flanco dama equilibrado (3 contra "3"), enquanto que no flanco rei o branco tem um peão a mais, com o que pode-se ganhar. Talvez mais adiante falaremos deste tema. Lasker, que conhecia muito bem esta teoria, coloca-a em prática sem demora, como veremos} 5. d4 $1 Bg4 {(a lógica);} ({Não convém ao negro jogar:} 5... exd4 {devido a } 6. Qxd4 Qxd4 7. Nxd4 { ficando o branco com um peão a mais no flanco rei; ou seja, o que dissemos acima. É um final que se pode ganhar matematicamente; Reti o demonstrou em muitas partidas. Portanto, Marshal "não entrou" e fez a jogada lógica 5... Bg4 cravando o cavalo.}) 6. dxe5 $1 Qxd1+ 7. Kxd1 O-O-O+ { O negro rocou. Ganhou um tempo porque o fez dando xeque e impediu o roque das brancas. Além disso, em troca do peão dobrado na

coluna do bispo dama, ficou com o par de bispos e poderia agora dobrar um peão na coluna bispo rei, fazendo Bxf3. Porém, Marshal parece decidido a conservar seus bispos e não o fará. Neste momento, as negras estão melhor, ainda que tenham 2 peões a menos. Observemos que já se produziu o dobramento de peões centrais na coluna do rei. Esses peões vigiam quatro casas centrais muito importantes e, por enquanto, não se vê nenhuma debilidade. Entretanto, a partir deste momento, a partida gira ao redor dos peões centrais dobrados. Marshal perdeu esta partida porque seu adversário "era Lasker" e porque tinha um peão "a menos" no flanco dama. Mas as incidências da mesma nos ensinaram como se deve proceder contra os peões centrais dobrados, até conseguir sua queda. Nesta posição, a maioria joga 8.Re2, mas Lasker, que como dissemos, jogava psicologicamente, fez Re1, que dá a impressão de ser ruim mas não é.} 8. Ke1 Bc5 ({Se} 8... Bxf3 {dobra-se mais um peão na coluna bispo rei. Mas já dissemos que Marshal quer conservar seus bispos e Lasker, que já adivinhou, depois de uma análise psicológica, advertiu que se antes não o fez agora tampouco o fará.}) 9. h3 Bh5 10. Bf4 { As brancas sustentam de todas as formas o peão central a mais.} 10... f5 11. Nbd2 ({As negras entregam um novo peão. Convém tomá-lo? Vejamos: se} 11. exf5 Bxf3 12. gxf3

{e ficam três peões brancos dobrados na coluna bispo rei. O negro os atacará e facilmente os irá tomando.}) ( { Também se pode tomar este peão en pasant, com o que aparentemente se desdobra.} 11. exf6 Nxf6 12. Nbd2 Rhe8 {Todas as peças do negro estão sobre o rei branco, que perdeu o roque, e sua posição é muito ruim. O peão a mais está dando trabalho e Lasker pensou: para que ganhar outro peão? E jogou tranqüilamente, tratando de sustentar tudo.}) 11... Ne7 {Mais adiante, as negras levarão uma torre a e8 para "trabalhar" os peões dobrados.} 12. Bg5 {(Crava o cavalo.)} ({O branco também pode jogar} 12. exf5 {porém, por que não o faz? Pelas mesmas razões que antes. Dissemos que a vantagem dos peões dobrados está em vigiar 4 casas centrais importantes. Esses peões, por agora, paralisam o cavalo negro; não lhe permitem saltar a d5 nem a f5. Tampouco poderia ir a g6. A lasker, com essa sagacidade de velho zorro que tinha, se lhe ocorre: já que a vantagem desses peões está em tomar suas casas laterais, se os pudesse conservar e seguir com o peão a mais, é evidente que o final me seria favorável. E é por isso que não faz 12.exf5, já que permitiria Cxf5 ou Cd5, "entrando" o cavalo e destruindo essa situação dos peões centrais.}) 12... Bxf3 { (Decidiu-se.) Há que tomar esse bispo com o peão de g2.} 13. gxf3 ( {se} 13. Nxf3 {segue} 13... fxe4

{etc., e o negro recupera o peão, ficando as brancas com um peão rei muito fraco.}) 13... Rhe8 14. Rd1 {(Defendendo-se.)} 14... fxe4 15. fxe4 {Poderia jogar CxP, desdobrando-se no centro, porém sua situação não melhoraria porque, em seguida, seriam trocadas as torres e o cavalo negro "entra". Além disso, continuariam dobrados os peões da coluna bispo rei. Com 15. fxe4, os peões continuam sendo fracos, porém a posição o exige.} 15... h6 16. Bh4 Bd4 {Este bispo ameaça dois peões ao mesmo tempo: o peão de e5 e o de b2. A única possível para salvar tudo é 17. Cc4 ao que seguiria b5, desalojando o cavalo; porém, Lasker viu que há outra jogada intermediária:} 17. Nc4 g5 {(Ameaça o bispo.)} 18. c3 {É esta a jogada intermediária de que falávamos. Se 17.....b5, Lasker salvava tudo com ela. As negras aproveitam agora para fazer trabalhar seu cavalo.} 18... Ng6 19. cxd4 Nxh4 {Ao tomar o bispo, as brancas aproveitaram para formar o quadrado de 4 casas, que dará força aos peões centrais dobrados. Por agora, estabiliza o centro de peões. Porém, apesar de ter um peão a mais, é o branco quem tem que se defender. As negras ameaçam Cf3+, ganhando o peão de d4. É CONVENIENTE ESCAPAR COM O REI ANTES QUE LHE DÊEM O XEQUE:} 20. Ke2 Rd7 {O negro busca contra-chances: poderá dobrar as torres na coluna da dama, ou correr ao

flanco rei, segundo convenha. A posição é favorável às negras.} 21. f3 {(Sustenta.)} 21... Ng6 {Este cavalo quer ir ao melhor lugar onde poderia estar: a casa f4, e o branco não pode evitar. Porém, por sua vez, as brancas podem levar seu cavalo à casa f5:} 22. Ne3 c5 $1 {As negras oferecem outro peão, que é seu peão dobrado, de maneira que pouco vale. Porém não convém tomá-lo porque 23.dxc5 Txe5 que se jogará agora ou mais adiante, tomando um peão central.} 23. dxc5 ({Não serve} 23. d5 {devido a } 23... Rxe5) ({Tampouco é bom} 23. Nc2 {por} 23... cxd4 {E, mais adiante, Txe5 ou Cxe5}) ({ Tampouco serve} 23. Nd5 {por} 23... Nf4+ { forçando a troca de cavalos, ficando o branco inferior.}) {Vemos, pois, que esta posição conglomerada de peões é fraca e lasker o admite. O dilema é simplesmente deixá-los entregues a sua própria sorte! Lasker pensou: ainda que se percam os dois peões centrais, recém estaremos iguais de material!! Por isso não temeu e jogou 23.dxc5. Mas se isso tivesse ocorrido em uma partida vulgar, onde os dois lados estivessem iguais, o negro ficaria com dois peões a mais. E isso é o que queremos demonstrar: QUE AS DESVANTAGENS DO PEÃO CENTRAL DOBRADO SÃO MAIORES QUE SUAS VANTAGENS. } 23... Nf4+ {(Pressiona um pouco mais.)} 24. Kf2 Rxd1 25. Rxd1 Rxe5 {E CAIU O PEÃO CENTRAL DOBRADO, QUE ERA O QUE INTERESAVA

MOSTRAR. Claro que, nesta partida, isso tem pouca importância devido a diferença de material existente. Porém, como dissemos, se isso ocorresse em uma partida equilibrada, seria decisivo. É esta a parte a que queríamos chegar nesta lição. Não obstante, vamos continuar desenvolvendo a partida, que vale a pena. Agora, à custa dos dois peões que perde, o branco pensa em ficar com um peão rei passado e com mais mobilidade. O peão branco de h3 ficou sem defesa. Pouco importa a Lasker, porque, à sua custa, conseguirá imobilizar o cavalo negro. Por enquanto, trata de cortar o caminho entre a torre negra e seu peão em c5. } 26. Nd5 Nxh3+ ({Se} 26... c6 27. Nb6+ { e logo apoiará seu peão de c5.}) 27. Kg3 {(Ganha tempo.),} 27... g4 $1 ({ Se as negras tivessem jogado} 27... Nf4 28. Nxf4 gxf4+ 29. Kxf4 Rxc5 { E o peão passado de e4 começa a avançar e decide a partida. }) 28. Nf6 ( {Se} 28. Kxg4 Nf2+ {com duplo no rei e na torre.}) ({E se} 28. fxg4 Ng5 {e cai o peão central com xeque.}) {Vemos que o negro já conseguiu igualar em material, porém agora as vantagens estão do lado do branco, porque aproveitou os tempos que o outro perdeu em tomar os peões para colocar melhor seu cavalo, sua torre em uma coluna aberta e seu rei de forma mais ativa que o rei contrário.} 28... h5 29. f4 {Quando as brancas jogaram 28.Cf6, a idéia não era tomar o peão de g4, como aparentava,

mas apoiar seu peão de e4, para logo avançar com f4 e, desta maneira, ter dois peões passados que começaram a "caminhar" para chegar à oitava casa. Assim o fez. À torre negra não resta mais remédio que tomar o peão em c5, já que qualquer outro movimento seria inócuo. Assim, as negras obtém um peão a mais, que está amplamente compensado com os peões brancos passados.} 29... Rxc5 ({Uma combinação falsa seria} 29... h4+ {porque} 30. Kxg4 { e mesmo que siga} 30... Nf2+ 31. Kxh4 Nxd1 {e} 32. fxe5 { e esses peões centrais são imparáveis.}) {À essa altura da partida, já não importa ter peões centrais dobrados. O que dissemos nesta lição vale para a abertura e o meio jogo, enquanto haja muitas peças no tabuleiro.} 30. Re1 {Na maioria das vezes, QUANDO SE QUER LEVAR UM PEÃO À DAMA, O MELHOR É "EMPURRÁ-LO" COM UMA TORRE POR TRAS. Por isso, Lasker jogou 30.Te1, apesar de que sua torre em d1 estava muito bem, já que paralisava o rei contrário. Mas tinha visto a continuação.} 30... Rb5 31. e5 ({Podiam fazer} 31. Nxh5 {Mas não há problema. O peão negro de h5 "espera turno".}) 31... Kd8 32. Nxh5 Ke7 33. f5 {Agora se vê por que se necessitava da torre atrás do peão rei. Também poderia tomar o peão de g4, porém Lasker "era Lasker" e fazia o mais seguro. Vemos que o cavalo negro continua imobilizado. Marshal se

aborrece de tê-lo inativo e, quando se lhe apresenta a oportunidade, tira-o dali, ainda que não esteja bem colocado em g5 e não possa evitar a perda do peão de g4.} 33... Ng5 34. Kxg4 Nh7 {(Completamente inofensivo.)} 35. Nf4 Rxb2 36. Nd5+ Kd7 37. e6+ Kd6 38. e7 Kxd5 39. Re6 ({Se agora} 39. e8=Q Nf6+ {capturando a dama e ganhando um peão.}) 39... Rg2+ 40. Kf4 Rg8 41. e8=Q Rxe8 42. Rxe8 {O peão rei passado custou a torre. As brancas tem qualidade de vantagem. As negras tratam agora de avançar com seus peões. Porém aqui é onde se vê a tranqüilidade do mestre Lasker, que "aperta" o contrário até tirar o máximo jogo da posição.} 42... c5 43. Rd8+ { e as negras abandonam.} {Se} 43... Kc6 44. Rh8 {E se} 44... Nf6 $8 45. Rh6 {ganhando o cavalo, porque está cravado. CONCLUSÕES: Como vêem, Lasker ganhou esta partida porque "era Lasker" e pela vantagem obtida nos primeiros movimentos da abertura, em que obteve vantagens materiais. O que interessa para esta lição é a primeira parte do jogo (depois que se dobraram os peões centrais), onde, se houvesse igualdade de peças, não teria sido possível às brancas sacrificar dois peões. O negro levou a iniciativa durante quase todo o jogo, devido à má situação dos peões centrais dobrados. Donde resulta que AS DESVANTAGENS DOS PEÕES CENTRAIS DOBRADOS SÃO MAIORES QUE SUAS VANTAGENS. Bem, prezados amigos leitores, é tudo por enquanto. Obrigado por suas felicitações, o que me motiva a seguir

com esta meta de ajudar-lhes a elevar seu nível de jogo. Até a próxima lição. TRANSCRIÇÃO feita pelo Professor ERICH GONZALEZ, da Cidade de Maracaibo, estado Zulia. Venezuela LIÇÕES DO Dr. RAFAEL BESANDON, BASEADOS EM APONTAMENTOS TOMADOS PELO ALUNO ERNESTO CARRANZA. Prof.: Erich Gonzalez e - mail: [email protected] } * [Event "PEÇAS SOBRECARREGADAS"] [Date "??.??.??"] [White "LIÇÃO 11"] [Black "?"] [Result "1-0"] [Site "?"] [Round "?"] 1. d4 {A peça sobrecarregada Saudações, amigos leitores desta página. Desculpem a demora em entregar-lhes esta lição. Porém já estou de novo com vocês, desde a Pátria de nosso Ilustre Libertador Simón Bolívar. LIÇÃO 11 - PEÇAS SOBRECARREGADAS Hoje vamos considerar o caso das peças sobrecarregadas, coisa muito freqüente no xadrez. Chamamos "peça sobrecarregada" àquela que por necessidades da partida realiza mais de uma missão ao mesmo tempo. Esta é uma situação que pode ser explorada com proveito.

Diremos que quando uma peça cumpre um objetivo, cumpre uma só missão. Porém SE TEM QUE ATENDER A DOIS PONTOS AO MESMO TEMPO, É UMA PEÇA SOBRECARREGADA. Se um atendente de escritório deve atender ao telefone, escrever à máquina, levar os livros, etc., tudo ao mesmo tempo, é muito fácil que possa se confundir e cometer algum engano. O mesmo ocorre no xadrez com uma peça sobrecarregada, porém aqui a coisa se complica. E quando o adversário sabe aproveitar essas circunstâncias, pode decidir a partida. Há nas partidas detalhes aparentemente sem importância, que podem dar lugar ao ganho ou a perda do jogo. A partida que lhes trago dará uma idéia de como deve proceder quando existir uma peça sobrecarregada. Foi jogada entre os mestres José Raúl Capablanca, ex- campeão do mundo, e Gilg. Como toda partida moderna, foi jogado um gambito de dama. Já dissemos em lições anteriores e repetimos que ao jogar a abertura com o peão de d4 é porque as brancas desejam um jogo posicional. GAMBITO DE DAMA BRANCAS: J. R. CAPABLANCA NEGRAS: GILG } 1... d5 2. c4 {Este lance tem sido jogado faz muitos anos. O mesmo fez Capablanca em muitas ocasiões quando queria jogar o Gambito da Dama. Na realidade, este lance e 2.Cf3 são os melhores de que dispõe o branco. E 2.c4 é lógico e correto. Porém, em minha opinião pessoal,

deve-se dar preferência a 2.Cf3, principalmente os menos experientes. A razão é que o Gambito da Dama encerra uma série imensa de detalhes posicionais que os novos não conhecem. Com 2.Cf3, restringe-se as jogadas do negro, ao dominar a casa e5. Desta forma, o negro se vê obrigado a "entrar" no Gambito da dama. Façamos uma digressão e vejamos o que aconteceria se as brancas tivessem jogado: 1. d4 Cf6 2.c4. Aqui as negras podem jogar o Gambito Budapeste, que não é bom, porém é necessário conhecê-lo, pois do contrário pode-se ter surpresas desagradáveis, além de ceder a iniciativa às negras. O Gambito Budapeste consiste em jogar 2...e5 e se 3.dxe5 então 3...Cg4 atacando o peão e ameaçando uma série de coisas que requerem muito espaço para explicar. Já dissemos que o Gambito Budapeste é inferior, porém aquele que não o conhece pode perder facilmente. Se as brancas tivessem jogado 2.Cf3, já não seria possível jogar este gambito porque a 2... e5 3.Cxe5. E por que devemos dar esta oportunidade se podemos evitá-la? Gilk jogou:} 2... e6 {O correto. } 3. Nf3 {Já vimos como se podem alternar as jogadas e estar na mesma posição, porém procedendo de outra maneira se evita entrar em variantes desconhecidas. Agora também se pode jogar: 3.Cc3 porém então damos opção às negras para que elejam uma espécie de Defesa Nimzowitsch

que consiste em 3...Bb4 cravando este cavalo. Portanto é melhor 3.Cf3, já que se agora Bb5+ segue-se 4.Bd2, segundo preconizava Bogoljubow. } 3... Nf6 4. Bg5 Be7 {Saindo da cravada. } 5. e3 Nbd7 {Onde se deve jogar o cavalo dama branco? Vemos que até agora Capablanca se reservou o direito de tira-lo por c3 ou por d2. É um pouco melhor Cc3 porque dali domina as casas e4 e d5 que estão em disputa. Com Cd2 se domina somente o ponto e4, ainda que exista a possibilidade de retomar em c4 com este cavalo, caso o negro mais adiante jogue dxc4. E então sim, os dois cavalos pressionariam fortemente. Convenhamos que Cd2 "pode ser jogado" porém é mais correto Cc3. Capablanca especula com o fato de Gilg não ser um mestre de relevo e trata de desorientá-lo. Claro que contra Alekhine, por exemplo, teria feito 6.Cc3} 6. Nbd2 h6 {As negras "convidam" o bispo de g5 a que se defina. Aqui só há três jogadas a analisar: Bxf6, Bh4 ou Bf4. Descartemos a primeira porque: EM TODAS AS POSIÇÕES EM QUE SE POSSA CONSERVAR OS BISPOS, NÃO HÁ RAZÃO PARA TROCÁ-LOS PELOS CAVALOS. Restam a considerar as outras duas e, para isso, há uma regra. NA ABERTURA PEÃO DAMA (e especialmente para esta posição), QUANDO O BISPO BRANCO COLOCADO EM g5 É "PROVOCADO" COM O PEÃO EM h6; SE O NEGRO JÁ ESTÁ ROCADO, DEVE-SE RETIRAR O BISPO A f4 E SE NÃO ESTÁ DEVE-SE RETIRÁ-LO A h4. A razão é que, se o negro não está rocado, o bispo desde h4 continua cravando o cavalo,

já que o negro pode optar por não rocar, ou pode fazer o roque grande. Entretanto, se as negras estão rocadas, por exemplo 6...O-O e logo 7...h6, sabemos que o roque curto está forte porque existe um cavalo em f6 que defende a casa h7 e que, caso o bispo tome este cavalo, o outro se colocaria na mesma casa (ou mais adiante em f8). Convém nestes casos jogar o bispo a f4 porque dali pressiona a casa fraca c7, defendida unicamente pela dama, que logo se poderá explorar levando a torre de a1 para c1 e abrindo a coluna com cxd5. Com 6...h6, o negro não mostra seu jogo e "obriga" o bispo a ir para h4. } 7. Bh4 O-O {Agora sim, rocam as negras. Se as brancas desejam neste momento tomar a diagonal para pressionar na casa c7, devem perder um tempo ao levar seu bispo a g3. } 8. Rc1 c5 {Este movimento é arriscado. Seria melhor 8...c6 defendendo indiretamente a casa c7, mas este contra-gambito é jogado regularmente. } 9. cxd5 {E também existe uma espécie de regra fixa. NO GAMBITO DE DAMA, CONTRA c5 DAS NEGRAS, EM 99% DOS CASOS, O MELHOR É TOMAR O PEÃO DAMA. Recordem sempre que se lhes apresente esta situação, o primeiro a considerar é isso. A razão é que, tomando cxd5, as negras se vêem quase obrigadas a jogar com um peão central isolado, diante do qual se pode instalar um cavalo. Capablanca o tomou, porém nesta partida, devido ao fato de que as brancas tem seu cavalo dama em d2, em lugar de estar em c3,

as negras tem a alternativa de retomar com cavalo ou com peão. E preferem fazê-lo com o cavalo para não deixar o peão isolado de que falamos. Ademais, ameaça duas vezes o bispo branco de h4. } 9... Nxd5 {A brancas devem optar pela troca de bispos ou pela retirada. Preferem levá-lo a g3 para tomar a diagonal que domina a casa c7, que também estará dominada pela torre de c1, quando desapareça o peão dessa coluna. } 10. Bg3 b6 {Busca fiancheto de dama. } 11. Bd3 cxd4 {A negras colocam o mesmo problema: com que devem as brancas tomar esse peão? O correto é tomar com cavalo. Porque do contrário ficará um peão central isolado, diante do qual já está um cavalo, que pode ser apoiado pelo outro cavalo desde f6. Porém Capablanca sabe com quem joga. E sabe o que representa um peão isolado. Nesta partida, interessa-lhe mais ter possibilidades do que ter segurança. Claro que contra Alekhine (por exemplo) não faria 12 exd4, porém Gilg não é Alekhine. Sabemos que os peões isolados tem suas vantagem e suas desvantagens e que, jogando bem, cedo ou tarde devem cair por falta de um peão lateral que os sustente. Mas tem a seu favor o fato de permitirem a atuação forte das torres nas colunas adjacentes (neste caso, coluna do rei e do bispo dama); e que dominam duas casas importantes (que seriam e5 e c5) Por tais razões Capablanca jogou: } 12. exd4 Bb7 13. O-O N7f6 14. Re1 {Toma a linha. } 14... Rc8 {Disputa. } 15. Rxc8 Qxc8

{Aparentemente, com isto as negras dominam a coluna bispo dama, porém não é assim. Observemos que todas as casas da linha, menos a de c6, estão dominadas por peças brancas. Ademais, OS PONTOS MAIS FRACOS DE UMA COLUNA DOMINADA SÃO AS CASAS SÉTIMA E OITAVA que, neste caso, estão defendidas pela dama branca. } 16. Ne5 {Agora as brancas dominam todas as casas da coluna bispo dama, ao mesmo tempo que ocupam um dos pontos fortes que o peão isolado sustenta. As negras compreendem isso e tiram sua dama dessa coluna, ameaçando também Cb4. } 16... Qd8 17. a3 {Evita o salto de cavalo. } 17... a6 {Impede 18.Bb5 e trata de fazer b4 e Cb3. } 18. Nb3 Bd6 (18... b5 19. Nc5) {etc. Observemos que à esta altura o negro não tem chances, nem planos a realizar, nem peça ativa. Pouco a pouco, Capablanca irá amarrando o negro. } 19. Qe2 a5 20. Nd2 {Para entrar por e4 ou c4.} 20... Qe7 {Este último lance é criticável porque põe a dama na coluna onde está uma torre e, a partir de agora, ficará sob sua pressão indireta. Até aqui, vimos uma série de jogadas simples por parte do branco, sem ameaças de mate, sem sacrifícios brilhantes, sem combinações audazes e, o entanto, as negras estão completamente restringidas, enquanto as brancas dispõem de espaço para mover-se a seu gosto. Essas "simplicidades" são próprias de Capablanca. Agora começa a trabalhar. } 21. Bb1

{Para que? Quem lembrar das lições anteriores o saberá: para montar a máquina. Já dissemos que a máquina é algo simples, porém uma arma de dois fios: ofensiva e defensiva. } 21... Rc8 22. Qd3 {Já está montada a máquina, mas por agora não há ameaça de mate, porque o cavalo de f6 defende sua casa h7 e, caso se mate este cavalo, ainda restará o outro. O segredo consiste, pois, em ir eliminando as defesas do roque negro. E já vamos chegando ao tema desta classe. A dama negra tem a dupla missão de defender o roque e seu bispo de d6 de um ataque de surpresa. Convém, pois, aliviá-la da dupla tarefa e, por isso, fazem: } 22... Bb8 23. f4 {Para que? para seguir avançando-o e limpar a coluna na qual a dama negra sofre a pressão indireta da torre. } 23... Qf8 {As negras advertem o perigo e retiram sua dama. De qualquer maneira, já não é suficiente para defender-se. Chegamos ao assunto desta classe: as peças sobrecarregadas. Observemos que o cavalo negro de f6 tem uma dupla missão: defende o mate em h7 e a casa d7. Capablanca aproveita essa situação para fazer: } 24. Nd7 {! É claro que não se pode jogar 24....Cxd7 porque segue 25.Dh7++. Não resta mais remédio, a não ser mover a dama. Não faz muito diferença levá-la a e8, e2 ou d1. } 24... Qe8 {Colocando-se outra vez sob o fogo da torre branca. } 25. Nxb8 Rxb8

26. f5 {Aproveitando a circunstância de estar a torre negra na diagonal do bispo de g3 e a dama negra na coluna da torre, as brancas avançam seu peão. } 26... Rd8 27. Nf3 {Ameaça-se levar este cavalo a e5. A posição do negro vai piorando. } 27... Bc8 {Boa, porém tardia; } 28. fxe6 Bxe6 29. Ne5 Qf8 {Novamente a dama negra trata de escapar da pressão da torre. E outra vez entra o tema das peças sobrecarregadas: o peão de f7 tem o duplo fim de apoiar o bispo e defender a casa g6. Está sobrecarregado. Como não pode fazer as duas coisas ao mesmo tempo, Capablanca joga: } 30. Ng6 {Ataca a dama. } 30... Qe8 {Se 30...fxg6, vem 31.Txe6, etc., ficando muito comprometida a posição negra. E se não toma, onde vai a dama? Outra vez a colocarse sob fogo da torre. } 31. Nf4 {Ameaça Cxe6. Como este cavalo é bastante molesto, as negras decidem trocá-lo. Vemos que até aqui as negras se defenderam sumamente bem, porém não é suficiente porque QUANDO A POSIÇÃO É TÃO SUPERIOR E SE TEM A INICIATIVA, SEMPRE HÁ JOGADAS PARA SEGUIR PRESSIONANDO AO CONTRÁRIO. } 31... Nxf4 32. Bxf4 Qd7 {Por fim a dama escapa da pressão da torre, ao mesmo tempo que ameaça o peão isolado, que Capablanca quis ter assim. } 33. Be5 {Defende-se e ameaça Bxf6, entrando logo com a dama em h7. Não se pode joga 33.....g6, evitando a entrada, porque segue Bxf6 e as

negras perdem o cavalo. Diante de tal situação, o que pode fazer o rei negro? Escapar! Que é o que fazem todos os reis na guerra. } 33... Kf8 34. h3 {Ar. } 34... Ne8 35. Qh7 f6 {Denota inferioridade. } 36. Qh8+ Ke7 {Seria um pouco melhor colocar o rei em f7. Como o branco tem tempo, retira seu bispo ameaçado, para logo fazer Bf5 ou Bh7, pressionando o bispo e o rei negro. } 37. Bg3 Qd5 {Trata de impedir as ameaças do bispo. Poderia ter jogado 37...Dxd4+ porém 38.Bf2 era muito forte, podendo fazer cair o peão de b6. Observemos que o cavalo negro sustenta a base de toda a defesa: o peão em g7. Logo, trata-se de eliminá-lo. } 38. Bg6 1-0 [Event "A CENTRALIZAÇÃO DAS PEÇAS"] [Date "??.??.??"] [White "LIÇÃO 12"] [Black "?"] [Result "1-0"] [Site "?"] [Round "?"] 1. c4 {Lição 12: A centralização Amigos leitores desta página, continuemos com as lições, cujo propósito é ajudar-lhes a conhecer uma série de técnicas aplicáveis neste maravilhoso jogo. LIÇÃO 12: A CENTRALIZAÇÃO DAS PEÇAS Parte A: da dama A lição de hoje versará sobre a centralização das peças. É um tema que em

sua época pôs em moda Alekhine. Pelo menos foi ele quem primeiro falou publicamente disso, ainda que os bons jogadores já o conheciam. SE CENTRALIZAR UMA PEÇA CONSISTISSE SOMENTE EM COLOCA-LA EM UM LUGAR CENTRAL, SERIA ALGO MUITO FÁCIL, PORÉM NÃO É ASSIM. Centralizar uma peça não quer dizer colocá-la no centro e nada mais. "CENTRALIZAR" EM TERMOS ENXADRÍSTICOS, É COLOCA-LA NO CENTRO PORÉM DE FORMA QUE NÃO POSSA SER EXPULSA DALI PELAS PEÇAS ADVERSÁRIAS. São pois, dois conceitos completamente distintos. Por exemplo, nesta abertura: 1.e4 d5 2.exd5 Dxd5 Poderia se dizer que a dama já está "centralizada" porque está em uma casa central, porém já sabemos que a saída prematura da dama nas aberturas é ruim. Por que? Porque pode ser facilmente expulsa dali pelas peças contrárias. Isso seria jogar mal. JOGAR BEM SERIA LEVAR A DAMA AO CENTRO EM CERTO MOMENTO E POSIÇÃO QUE NÃO POSSA SER EXPULSA DALI. Bem, dirão vocês, e a dama em uma situação central, que importância tem? É o que veremos nesta lição. Uma dama nessas condições pode mover-se em todas as direções. Quer dizer, TEM OITO CASAS A SUA DISPOSIÇÃO, O QUE LHE PERMITE IR IMEDIATAMENTE A TODOS OS LUGARES DO TABULEIRO. Uma dama "centralizada" é uma dama móvel, que em 1, 2 ou 3 movimentos pode dar a volta no tabuleiro. Repetimos, pois, que uma dama no centro, que não possa ser expulsa dali, é muito forte. Parece algo sem importância,

porém isso dá lugar a combinações decisivas, porque desde ali tem um controle muito grande, tanto no flanco rei como no flanco dama. A MELHOR COLOCAÇÃO PARA "CENTRALIZAR" A DAMA SÃO AS CASAS e4 E d4. A partida que lhes trago foi jogada no Torneio das Nações do ano 1927, entre o desaparecido mestre Reti e o francês Muffang. Como vocês sabem, Reti foi o criador da escola hipermoderna e jogou esta partida de acordo com suas idéias estratégicas. Já vimos que na maioria das aberturas se faz 1.e4 ou 1.d4 para dominar em seguida o centro, colocando ali os peões. A escola hipermoderna procede de outra maneira. Ao criar seu sistema, Reti pensou assim "que necessidade há de colocar uma peça no centro para dominá-lo se podemos dominar o centro desde longe?". E nos anos transcorridos até agora, desde que Reti enunciou sua teoria, parece que os fatos o tem confirmado. O sistema Reti consiste em dominar o centro em três etapas: Primeira: dominá-lo desde longe. Segunda: ocupá-lo pondo ali os peões; e Terceira: ir desalojando os peões para ocupar com as peças as casas que estes deixam. E, de todas as peças, A DAMA "CENTRALIZADA" É A QUE MAIS INTERESSA. E SE NÃO FOR POSSÍVEL, UM CAVALO. BRANCAS: RETI NEGRAS: MUFFANG } 1... Nf6 2. Nf3 b6 {De acordo com suas teorias, Reti trata de dominar as casas centrais, sem ocupá-las diretamente. Desta teoria de dominar de longe as casas centrais nasce a idéia dos fianchetos, e as negras começam a preparar

um fiancheto de dama que, como vocês sabem, tem seus inconvenientes; o principal dos quais consiste em que o bispo de b2 ou de b7 estará indefeso e que, se o contrário opõe um fiancheto de rei, o bispo em g7 ou g2 será defendido por seu próprio rei quando se faça o roque. ISSO DÁ UMA GRANDE VANTAGEM PARA QUEM FAZ O FIANCHETO DE REI. E Reti imediatamente o faz: } 3. g3 Bb7 4. Bg2 e6 5. O-O Be7 {A melhor. O bispo rei das negras não tem outras casas boas. Não pode ir a c5 por d4, nem a d6 porque um próximo avanço de peões pode atacar simultaneamente a este bispo e ao cavalo de f6. Vemos que as brancas tratam dominar o centro desde longe e já vamos entrando na segunda etapa, consistente em ocupá-lo com os peões. Porém isto deve ser preparado e as jogadas que seguem tem esse objetivo. } 6. d3 {Pessoalmente, creio que nesta posição 6. d4 é mais agressivo e, portanto, o que deve ser feito, em vez do que Réti jogou. Porém 6.d4 é algo mais conhecido e analisado, motivo pelo qual o adversário sabe a continuação. Outra era a idéia de Reti (como o veremos) e por isso não é criticável esse movimento. } 6... O-O 7. e4 {Aqui vemos porque antes as brancas fizeram d3. Também aqui devo dizer que não sou partidário de 7.e4, que não me satisfaz. Porém, a idéia de Reti ao fazer isto é poder tirar seu cavalo de f3 sem trocar os bispos dos fianchetos; coisa que não podia ser evitada se o peão rei estivesse em sua casa inicial ou em e3. }

7... d6 {Para jogar logo Cbd7. } 8. Nc3 Nbd7 9. Ne1 {Como dissemos, isto não poderia ser feito sem trocar os bispos se não houvesse jogado e4. E já estamos na segunda etapa da partida. O branco trata de dominar as casas centrais ocupando-as com peões, "centralizando" os peões, porém também buscando ter um centro móvel, pois seu objetivo não é deixar seus peões ali, mas avançá-los para pôr suas peças nas casas deixadas pelos peões. Se o centro fosse fixo, a posição seria "fechada" e portanto os bispos jogariam pouco e não se poderia avançar os peões. Isto não o desejam as brancas. Por agora, está se criando uma ameaça acessória ao plano geral: avançar o peão rei, pois se a 10.e5 se seguisse 10....BxB 11.exf6 e um dos dois bispos negros cai. As negras optam por se retirar a tempo. } 9... Ne8 10. d4 {Estamos em plena segunda etapa: a ocupação do centro com peões. Poderia se considerar: porém as brancas perderam um tempo por haver movido seu peão dama duas vezes em vez de fazer diretamente d4 Que necessidade havia de fazer d3? Não senhores, havia uma necessidade posicional. Sem d3 não haveria sido possível e4 e retirar o cavalo a e1, que formava parte do plano. } 10... g6 {? } {Isto não pode ser bom, pois sabemos que: PEÃO QUE AVANÇA DEIXA ATRÁS DE SI UMA OU DUAS DEBILIDADES. Neste caso, a casa h6; que rapidamente aproveitará o rival. Ainda supondo-a necessária, g6 seria ruim. E se não há nenhuma necessidade peremptória não

devia ser feita. A idéia do negro era fazer depois f5, tratando de romper o centro de peões brancos. } 11. Bh6 Ng7 {Forçado. } 12. Nd3 {Agora Reti trata de ir centralizando as peças. Como dissemos, isto não quer dizer somente "colocá-las no centro senão de modo que não possam ser desalojadas. } 12... e5 {Aqui se impõe um conselho de Philidor (que foi seguido por Reti) Dizia este antigo mestre: quando temos peões centrais emparelhados (d4 e c5) e outro peão lateral contrário o ataca, nunca se deve trocar (é muito raro que isso seja necessário, agregaremos), senão que se deve avançar o peão agredido. Parecerá que agora fica um centro de peões "fixo", porém o branco tratará que isso não ocorra. } 13. d5 {!} 13... Nc5 14. Nxc5 {O cavalo branco de d3 ainda não estava "centralizado" e, por isso, o branco troca pelo cavalo negro que o ameaçava. Ademais, dobra-se um peão negro. Se 14. dxc5 ficaria um peão excêntrico, que é mau e com 15.f4 se rompe o centro, que será dominado completamente pelo branco. E se 14.bxc5, o bispo dama negro não tem boas casas para jogar, ficará um peão dobrado, cuja debilidade se fará sentir porque não se pode formá-lo "em quadro", e apesar de que o bispo branco de g2 não jogue, isso está compensado porque o outro bispo contrário tampouco joga. } 14... bxc5 15. f4 {Continua o plano. } 15... exf4

{O negro se viu forçado a tomar o peão de f4 porque do contrário seu adversário teria jogado fxe5 e seria pior. Vemos aqui como Reti não permite que se faça um centro de peões "fixo" senão que, de acordo com seus planos, trata de fazê-lo "móvel". Bem: com que peça se deve retomar esse peão? Pode-se fazer com três peças: com a Torre, com bispo ou com o peão. Com qual é melhor? Se 16.Txf4 segue Bg5 e força a troca dos bispos, o que não seria muito bom, dado que por a colocação do bispo de h6 é melhor que a do bispo das negras. Ademais, este é o bispo "bom" das brancas. Se 16. Bxf4 pode seguir o mesmo Bg5 ou Ch5, que não á agradável. Então, o melhor é tomar com peão, para fazer o centro "móvel". Observemos também que se desaparecesse o peão dama negro toda sua defesa se desmoronaria e os peões dobrados na coluna bispo dama ficariam muito fracos. Ao tomar 16.gxf4 está se ameaçando 17.e5.... } 16. gxf4 Bf6 {Para evitar o avanço do peão rei, as negras tratam de dominar a casa e5. Porém, com Bf6 conseguem isso? Em seguida, veremos porque Reti jogou 17.e5 e parece que perde um peão, porém não é assim, pelo que ocorre na partida: } 17. e5 dxe5 18. Ne4 {! } {O negro trata então de conservar o peão e joga: } 18... exf4 {Se as negras jogassem 18...Be7 as brancas jogariam 19.fxe5 e a partida está ganha porque o centro de peões brancos é muito forte. } 19. Nxc5

{Caiu um peão dobrado e o outro (de f4) está por um fio. Porém não é isto o mais importante: o bispo negro de b7 não tem muitas casas boas onde ir e caso se defendesse: 19....Tb8 se faz 20.Cxb7 Txb7 ficando esta torre sob o fogo do bispo de g2 e mal colocada. As brancas poderiam jogar 21.d6 contra o qual o melhor é c6, dando jogo à dama negra; pois contra 22.Bxc6 existe a réplica Db6+ ganhado este bispo. } 19... Bc8 20. Bxf4 {Se agora 20.d6 (atacando a torre) 20...c6 21.Bxc6 Tb8 (pressionando o peão de b2) e se 22.d7 Ba6 e recupera tudo, já que a 23.Cxa6 viria 23...Db6+ etc. O branco tem tempo se reserva essas ameaças. } 20... Nf5 {! É um bom lance por que domina vários pontos centrais e se aproxima do centro. Já veremos a importância deste cavalo nessa casa. } 21. Ne4 {Por um tempo, centraliza o cavalo, porém isto todavia não é definitivo. Ademais, o que interessa não é centralizar o cavalo, mas a dama, que é mais importante. Estamos em plena terceira etapa: OCUPAÇÃO DO CENTRO, COLOCANDO PEÇAS NAS CASAS QUE VÃO SENDO DEIXADAS PELOS PEÕES. } 21... Bd4+ 22. Kh1 Rb8 {Ameaça duas vezes o indefeso peão de b2, que parece condenado a morrer. Porém as brancas tem um recurso. Justamente o que vimos na lição anterior: as peças sobrecarregadas (No xadrez salta-se rapidamente de um tema a outro). Observemos que o cavalo negro de f5 tem, entre outras manobras, que

defender o bispo de d4 e as casas h6 e g7. Então se aproveita disso para jogar: } 23. Bh6 Bg7 {Se 23...Cxh6 24.Dxd4 e tudo está defendido.; Se o negro move sua torre, por exemplo: 23...Te8 24.Txf5 gxf5 25.Dxd4 trocando uma torre por bispo e cavalo, e dobrando um peão. Se 23...Bxb2 24.Tb1 vindo uma combinação mais longa, porém ganhadora. } 24. Bxg7 Kxg7 {Observemos que o negro conserva o cavalo de f5, que ainda não pode sair dali, e que estava ameaçando um "duplo" na dama e na torre em e3. Claro que agora já não se poderia fazer isso devido ao xeque de dama em d4, defendendo o peão de b2 e sendo pouco menos que "indesalojável" dali. Se as negras em vez de tomar Rxg7 tivessem feito 24...Ce3 seguiria 25.Dd4 perdendo a qualidade, porém preparando a máquina por que se 25...Cxf1 26.Bh8 f6 27.Cxf6+ Txf6 28.Bxf6 Df8 29.Txf1 recuperando a qualidade com acréscimos. De tudo isso nasce a idéia de que quando desaparecer o cavalo negro de f5 (tão bem colocado) a Dama branca se "centraliza" e já não se poderá ser expulsa dali. Essa é a idéia que Reti colocará em prática mais adiante. } 25. Qd2 {Defende o duplo e o peão de b2. } 25... Qe7 {Respiram.} 26. Rae1 {Bom. } 26... Qb4 {Esta dama escapa da pressão da torre e ameaça duas vezes o peão de b2, ao mesmo tempo que busca a troca de damas. } 27. Qd3 {Não é bom fazer 27.Dxb4 Txb4 28.b3 por que com isso colocaríamos todos os peões brancos

em casas brancas e, como o único bispo que o branco conserva corre por essas casas, torna-se "mau". Por isso, e por que já dissemos que as brancas estão jogando com a idéia de "centralizar" a dama, não lhes convém fazer a troca. Porém, caso se troque, como se defende tudo? A jogada é um pouco indireta e difícil de ver. Parece que com 27. Dd3 as brancas entregam o peão de b2, porém não é assim porque em caso de 27.....Dxb2, 28.Tb1 ganhando a torre negra. Vemos que a dama branca desde d3 dá apoio a sua torre em b1, pelo que do contrário o negro poderia optar por trocar sua dama pelas duas torres. } 27... Bd7 {Comunica as torres e, agora sim, ameaça Dxb2. } 28. b3 {Não há mais perigo neste flanco. } 28... Rbe8 29. Re2 Re5 {! O negro trata de dobrar suas torres na coluna do rei. E para isso começa por colocar uma delas em e5, que, havendo desaparecido o bispo contrario que corria por diagonais negras, é uma casa débil para o branco. Vemos também a excelente colocação do cavalo negro de f5, que impede centralizar a dama e é por isso que Reti se decide a eliminá-lo. } 30. Bh3 Rfe8 31. Bxf5 {HÁ QUE PENSAR MUITO BEM ANTES DE TROCAR UM BISPO POR UM CAVALO. Há que considerar muito bem o que se faz. Reti viu a continuação: a "centralização" da dama, que tão só o cavalo impedia, e por isso o fez. } 31... Bxf5 32. Qd4 {!

E já temos a dama "centralizada" que é o tema desta lição. Em seguida compreendemos sua importância. Por enquanto se ameaça o peão de a7 e se "crava" a torre de e5. } 32... f6 {Para "descravar-se" as negras acreditaram que isto era o melhor. Porém é ruim, por que dá lugar a uma combinação que imediatamente veremos. O melhor era escapar com o rei, tal vez a f8, porém isso não seria suficiente por que, enquanto se movesse a torre de e5, a dama branca entraria em h8 com xeque, ganhando fácil. Vejamos, então a combinação final, baseada nesta jogada defeituosa, na torre cravada e na enorme mobilidade da dama "centralizada". } 33. Nxf6 {!} 33... Kxf6 {Era forçado tomar o cavalo por que estava ameaçando a torre de e8 e logo até se poderia ganhar a torre de e5. Este sacrifício se baseia em que o rei negro fica na diagonal onde está a dama branca, cravando a torre. } 34. Rfe1 {Ameaça ganhar uma torre } 34... c5 {Se 34...Dd6 35.c5 Dxd5+ 36.Dxd5 Txd5 37.Txe8 ficando com qualidade a mais; Tampouco é bom 34...De7 por 35.Txe5 ganha a dama 35...Dxe5 36.Txe5 Txe5 37.c5 etc. As negras procuram sair de outra maneira. } 35. Qh4+ {As brancas podiam jogar peão por peão en pasant, 35.dxc6 porém isso permitiria 35...Db8 defendendo a torre cravada. Agora: VEREMOS A IMPORTÂNCIA DA DAMA "CENTRALIZADA" QUE PODE IR A QUALQUER PARTE EM POUCOS MOVIMENTOS. }

35... g5 {Única boa porque a qualquer outro movimento de rei, perde-se uma torre. } 36. Qh6+ Bg6 {Cobre. Também é a única boa pelas mesmas razões que a anterior. } 37. Rxe5 Rxe5 {Forçado. } 38. Qf8+ {E as negras abandonam. Porém se continuamos a partida veremos por que abandonam. Se as negras jogassem: } 38... Bf7 {Única. } 39. Qd6+ 1-0 [Event "AS PEÇAS INDEFESAS"] [Date "??.??.??"] [White "LIÇÃO 13"] [Black "?"] [Result "1-0"] [Site "?"] [Round "?"] 1. d4 {Amigos leitores desta pagina. Novamente com vocês, com outra lição. Muitíssimo obrigado por seus comentários sobre as mesmas. Sudações e um abraço desde minha pátria Bolivariana, minha querida VENEZUELA. LIÇÃO 13 AS PEÇAS INDEFESAS Vamos tratar de um tema que se presta para muitas manobras e tem aplicação em quase todas as partidas. Refiro-me às peças indefesas e às peças mal defendidas. São dois conceitos parecidos porém não iguais. Não é necessário dizer que uma peça indefesa é aquela que não tem apoio de nenhuma outra. Porém, uma peça mal defendida é a que está defendida, porém não o suficiente e pode, portanto, ser atacada e capturada. Por exemplo: uma peça mal defendida seria a que estivesse apoiada por um peão ou outra peça

"cravada"; de maneira que, se atacada, essa peça mal defendida, seu apoio é nulo, desde que se possa tomar e o adversário não possa retomar com a "cravada". A PEÇA INDEFESA SE APRESENTA EM QUASE TODAS AS PARTIDAS. Nas aberturas, os aficionados tratam de desenvolver suas peças e se esquecem que estas podem ficar sem apoio. Isso só dá tema para combinações do rival. Há que movê-las harmonicamente, sustentandoas entre si. E aquele que não o faz, sofrem com combinações que lhes ganham uma peça. Depois dirá: "Me equivoquei; se não me esqueço da peça que estava no ar teria ganho". Porém, a verdade é que isso não teria ocorrido se não houvesse deixado a peça indefesa. E o que ocorre aos aficionados costuma passar também com os mestres. Até os mestres "entram" nestes caminhos. Claro que o que sabe menos "entrará" mais vezes. A partida que reproduziremos foi jugada em 1928, no torneio de Baden-Baden, entre os mestres Bogoljubow e Thomas, e começou com um Gambito de dama, que já comentamos em lições anteriores. BRANCAS: BOGOLJUBOW NEGRAS THOMAS } 1... Nf6 2. c4 e6 3. Nf3 {Dissemos, outras vezes, que mover o cavalo do rei a 'f3' era melhor no segundo lance, antes de c4, porque limitava as variantes do negro. Bogoljubow com um procedimento inverso obtém a mesma posição. Por que move agora este cavalo e não o cavalo dama a c3? Por um estudo que ele fez do gambito de dama e que leva seu nome: "Defesa Bogoljubow": Se tivesse feito 3.Cc3 as negras poderiam jogar

(se quisesse) 3...Bb4 cravando este cavalo e entrando na defesa Nimzovitsch, que comentamos em outra lição. } 3... d5 {Porém ao não ter desenvolvido o cavalo dama, caso as negras joguem: 3...Bb4+ que constitui a citada defesa Bogoljubow, a coisa é diferente porque as brancas podem eleger entre três jogadas: 4.Bd2, 4.Cbd2 ou 4.Cc3 (não é recomendável 4.Cfd2 porque perde um tempo). Dessas três possibilidades, Bogoljubow recomendava 4.Bd2 seguindo Bxd2; visto que se o bispo negro se retira terá perdido um tempo.] Entretanto, Thomas não "entrou" nessa defesa , não dá este "gosto" a seu adversário, anda que mais não seja, pelo que dissemos: É BOA TÁCTICA NÃO DAR "GOSTO" AO RIVAL } 4. Nc3 {Já não há mais defesa Bogoljubow. } 4... c6 {Isto é um pouco tímido, como idéia geral. Nesta posição, o negro pode escolher entre: c5, Cbd7 ou Be7. Fez c6 para ver como o branco respondia, talvez com o propósito de jogar uma Cambridge-Springs caso seguisse 5.Bg5. Esta defesa consiste em levar a dama negra à casa a5 e o bispo a b4, pressionando o cavalo "cravado" para, logo, fazer dxc4 e há muitas chances de capturar o bispo de g5. Não podemos nos deter neste estudo. Diremos somente que a melhor maneira de evitar a Cambridge-Springs é jogar 5.e3 (como fez Bogoljubow) e já não há ameaças fortes sobre o cavalo cravado porque este se descrava facilmente com Bd2. } 5. e3 Nbd7 {Espera. } 6. Bd3 {Segue o plano conhecido. } 6... dxc4

{NO GAMBITO DA DAMA, HÁ QUE ESPERAR O MOMENTO EM QUE AS BRANCAS DESENVOLVEM O BISPO REI PARA TOMAR O PEÃO DO BISPO DAMA. COM ISSO, ENQUANTO RETOMAM O PEÃO COM O BISPO, AS BRANCAS PERDEM UM TEMPO. Por haver sabido esperar, as negras ganham um tempo, que nesta abertura é só uma pequena vantagem, como veremos mais adiante. } 7. Bxc4 b5 {A VARIANTE DE MERANO. Sabemos que na abertura de peão dama o bispo dama das negras não entra em jogo facilmente, devido ao fato de que suas diagonais estão interrompidas pelo peão de e6 e pelo peão de b7. Antigamente, costumava-se jogar 7...b6 para logo desenvolver este bispo por fiancheto. Porém, no torneio de Merano, surgiu esta variante (7...b5) com a qual o bispo dama negro poderá logo desenvolver-se por fiancheto, enquanto ganha um tempo, já que aproveita a má situação do bispo rei branco (depois de tomar Bxc4). Onde pode ir este bispo? A "b3" ou voltar para onde estava (Bd3), que é a mais usual, dado que dali ameaça o ponto h7. } 8. Bd3 {Dizíamos que o branco perdeu outro tempo e, com este, já são 2 os tempos perdidos, pois primeiro levou seu bispo rei a d3, logo, com o mesmo bispo, toma um peão em c4 e agora volta a d3. Quer dizer que necessitou de 3 tempos para instalar mais ou menos bem seu bispo rei em d3. Porém, tudo isto é aparente. Porque o problema das negras ainda não está resolvido. Se desenvolvem seu bispo dama a b7, sua ação estará interrompida por seu próprio peão de c6. Então, terá que

avançar este peão para que o bispo "jogue"; mas se avançam o peão a c5, o peão de b5 fica sem defesa, o que obriga a perder um tempo em defendê-lo primeiro com a6. É um tempo que o branco recuperará e que, somado ao que será usado em avançar o peão bispo dama, serão dois. Enfim, seria necessário muito espaço para ver todas as variantes e, sobretudo, saber a última novidade, a última moda. Vocês devem ter observado que as mulheres saem de repente à rua levando chapéus pontiagudos, depois achatados, logo, de cores vivas, mais tarde, de cores opacas, etc. Nós rimos desses chapéus, porém elas não nos levam em consideração e os usam Por que? Porque estão na moda! Bem: NAS VARIANTES ENXADRÍSTICAS HÁ MAIS MODAS QUE NOS CHAPÉUS FEMININOS. É raro vocês me ouvirem dizer: "Esta variante é melhor do que aquela outra". Não. De mim ouvirão "Esta variante está mais na moda do que essa outra" o caso que hoje veremos é um deles. } 8... a6 {Tempo perdido, mas necessário. } 9. e4 {Antes de se jogar esta partida, estava na moda fazer 9.0-0 ou até 9.De2, porém, depois entrou na moda 9.e4, que aparentemente domina mais casas centrais e ameaça e5, desenvolvendo o cavalo de f6. Porém o negro não é "manco" e respondeu: } 9... c5 {As negras perderam outro tempo? Aparentemente já se equilibraram os tempos perdidos por cada lado. Agora se ameaça o peão de d4 branco e, se segue e5, é evidente que mais adiante o peão de d4 será tomado, ficando muito fraco o peão rei branco.

Porém, precisamente esta partida deu origem a uma série interminável de discussões sobre a força da Variante de Merano porque agora se produz uma situação interessantíssima. } 10. e5 {!? Ameaça o cavalo de f6, porém as negras têm uma série de continuações também violentas, sobre as quais ainda não se disse a última palavra. Dissemos que esta partida foi jogada no torneio de Baden - Baden de 1928 e, desde então, já transcorreram uns quantos anos. Ainda assim não se sabe se 10.e5 é boa ou não. As negras replicam: } 10... cxd4 {Por sua vez, estão ameaçando o cavalo branco de c3. Os teóricos, até o ano 1930, opinavam que não era bom seguir 11.Cf3xd4 porque as negras fazem Cxe5 e ficam com um peão a mais. Então seria melhor 11.exf7, porém as negras também fariam dxc3, e para retomar este peão seria necessário debilitar o flanco dama, pois bxc3 deixa dos peões isolados. Ou seja, que ficariam igual em material, porém as brancas com dois peões isolados. Nessas discussões os "sabios" se perderam 5 anos. Analisando, analisando, houve quem opinou que melhor era tirar o cavalo branco a e2 ou a e4, porém então as negras jogariam 11.......Cg4 e se 12.Cxd4, fariam Cg4xe5 ou, também, pudessem Cd7xe5, apoiando o outro cavalo. Enfim, um trabalho bárbaro. De tudo isso, nasceu outra idéia, que é a última moda, o último alarido. Dizem "Já que se nos decidirmos a jogar 11.exf6, devemos nos resignarmos a perder o cavalo de c3

(debilitando esse flanco), o melhor seria entregar, desde já, este cavalo, porém a custa de um peão inimigo e debilitando seu flanco dama". Assim: } 11. Nxb5 {Aqui também se produzem uma série de subvariantes que não podemos nos deter a analisar. Se os teóricos gastaram 13 anos e ainda não o resolveram, mal poderíamos resolvê-los nós em poucos minutos. O certo é que há posições onde acabam equilibrados (5 peões contra 5) e outras onde o negro fica com os dois peões centrais, porém as brancas com dois peões "passados" no flanco dama. } 11... axb5 12. exf6 {O peão em b5 do negro ficou indefeso e aqui já poderíamos falar de peças indefesas, ainda quando, ao dizer "peças", não nos referimos aos peões, senão às outras mais "gordas" (claro que um peão é uma das 32 peças do jogo e também lhe cabe este qualificativo). Se cai este peão, restarão 5 peões contra 5, já que o outro peão branco avançado também cairá. } 12... e5 {Se as negras tivessem jogado, sem pensar, 12...Dxf6, então 13.Bg5 e perdem a dama. } 13. fxg7 Bxg7 {Se agora cai o peão de b5, restam 5 peões brancos contra 4 negros. Porém isso é uma cilada. } 14. Qe2 {Se 14.Bxb5 Da5+ e morre esse bispo indefeso. Quer dizer: ANTES DE POR UMA PEÇA INDEFESA HÁ QUE VER MUITO BEM O QUE PODE VIR. Foi dado um apoio ao bispo para o momento em que tome o peão de b5 e, além disso, ameaça-se outra coisa: tomar o peão

negro de e5 com o cavalo porque, como o peão de e5 está cravado, não poderá retomar. É um caso de "peça mal defendida". O negro trata, então, de descravar seu peão de e5, com o qual defende indiretamente seu peão. } 14... Qe7 15. O-O {Podia tomar o peão de b5, porém isto é mais seguro. Tira seu rei de trás da dama, por algum possível ataque e pelo que veremos: } 15... Bb7 {Jogada aparente. O negro desenvolve seu bispo dama, porém o deixa indefeso. Isso pode dar lugar a combinações. E se agregamos que também o bispo rei negro está indefeso, convenhamos que são detalhes muito importantes, que não escaparão a um jogador experimentado, como Bogoljubow. } 16. Re1 {De novo se ameaça ganhar o peão de d4. Por que? Porque a dama está mal defendida. Atacam-na (através de e5) duas peças e só está defendida por uma; seu rei. Mais, dissemos muitas vezes que é mau ter o rei ou a dama na mesma coluna na qual, na outra ponta, está uma torre; e aqui a situação é mais grave porque estão os dois. Se um sai, o outro acaba "preso". } 16... Qd6 {Escapando e defendendo. Porém já não é suficiente. Para a continuação do branco, a idéia já es fácil de captar. Recordemos o que dissemos ao falar das casas conjugadas. Uma casa crítica para o cavalo branco seria f5, de onde ataca simultaneamente a dama e o bispo indefeso de g7. Portanto, o lance "sai por si só": } 17. Nh4 {Para ir a f5. } 17... Kf8

{O rei negro escapa da coluna onde estão dama e torre inimigas, ao mesmo tempo em que defende um bispo indefeso. Podia ter rocado, porém seria fraco porque o cavalo branco iria a f5 e logo "entram" no flanco rei os dois bispos, a dama e, até possivelmente uma torre, destruindo o roque e ganhando por ataque de mate. Tampouco se pode falar de roque grande, pois isso seria um suicídio, já que esse flanco está completamente desguarnecido. Não se pode impedir: } 18. Nf5 Qf6 {O bispo em g7 acabou bem defendido porém, agora, estão "no ar" o cavalo de d7 e o bispo de b7. Então as brancas poderão especular sobre estas peças indefesas. } 19. Bd2 {A ameaça é 20.Bb4+ e Cd6+ ou Ce7+ (de acordo com o movimento do rei negro), com ganhos decisivos. } 19... Re8 20. Qg4 {Não só é um ataque ao flanco rei, senão que as brancas estão combinando: através de seu cavalo, estão ameaçando o cavalo negro indefeso. No momento oportuno podem fazer Cxg7 e logo Dxd7, trocando uma peça por duas. } 20... h5 21. Qh3 {Mantém ameaças. } 21... Bd5 {Aqui "parece" que o negro se equivocou. Porque poderia vir a jogada que já explicamos, na qual as brancas ganham uma peça. "Parece" que não a viu, porém está tirando um lance; em bom crioulo: "se faz de burro". QUANDO NOSSO RIVAL NOS FAZ UM "REGALO" HÁ QUE DESCONFIAR. Devemos olhar muito bem antes de tomar e não esqueçamos que o outro jogador também tem dois olhos

para ver e um cérebro para pensar. Somente deve-se tomar depois de uma longa análise. } 22. Bxb5 {Vejamos: se 22.Cxg7 Dxg7 e a 23.Dxd7 Dxg2# De maneira que não se pode ganhar uma peça. Somente se poderia trocar o cavalo de f5 pelo bispo de g7. Porém as brancas optam por tomar o peão de b5, que há tempo está indefeso, com o qual também ameaçam o cavalo negro indefeso. } 22... Be6 {Esta jogada é defensiva e ofensiva, já que apóia seu cavalo indefeso e ataca duas vezes o cavalo branco. Se as brancas o defendem, perdem a iniciativa. E aqui se vê o que é ter um xeque a disposição; enquanto o rei é movido, o branco segue com a iniciativa. } 23. Qa3+ Kg8 {Única. } 24. Nd6 {Ameaça a torre.} 24... Rd8 {A melhor. Defende o cavalo negro, que era a pedra de toque de todo o ataque branco. } 25. Ne4 {Este cavalo ataca a dama e fica mais ou menos "centralizado". A dama negra está defendendo sua torre de d8; caso saia dessa diagonal, deixará a mesma indefesa e permitirá a "entrada" com a dama branca em e7, ameaçando duas vezes o cavalo, que está defendido só uma vez. } 25... Qg6 {Se 25...Dh4 26.Bg5 e se ganha a torre. Tem que fugir daí } 26. Qe7 {Entrou a dama na casa que dissemos. A torre deve escapar e, onde quer que vá, deixa o cavalo indefeso, que se pode matar com o bispo. } 26... Ra8 {Se 26...Rh7 segue 27.Cg5+ e se ganha facilmente. Com 26...Bf6 perde-se um peão e

o negro fica destroçado porque 27.Cxf6+ Dxf6 28.Dxf6 Cxf6 29.Txe5 e o branco terá dois peões a mais e a possibilidade de tomar outros. Não havia mais remédio a não ser mover a torre, perdendo o cavalo que, POR ESTAR INDEFESO OU MAL DEFENDIDO, CONSTITUIU A BASE DE TODAS AS COMBINAÇÕES DO BRANCO. Claro que as negras estão preparando outro lance, pois quando venha 27.....BxC farão Bf8, atacando a dama, que deixaria indefeso o bispo e as negras poderiam recuperar a peça perdida. Porém Bogoljubow viu mais além e tomou o cavalo.} 27. Bxd7 Bf8 28. Qg5 {Com isto se defende indiretamente o bispo de d7. } 28... Qxg5 {Se 28...Bxd7 29.Dxg6+ fxg6 y 30.Cf6+ retomando o bispo. O mesmo também se pode ver sem a troca de damas porque a dama negra está cravada. As negras "tiram" outro lance: } 29. Bxg5 {Se as brancas se equivocam e fazem 29.Cxg5, então 29...Bxd7 recuperando sua peça. } 29... Bxd7 30. Nf6+ Kg7 31. Nxd7 1-0 [Event "O CAVALO CENTRALIZADO"] [Site "?"] [Date "????.??.??"] [Round "?"] [White "LICAO 14"] [Black "?"] [Result "1-0"] {Amigos leitores desta pagina. Novamente com vocês, com outra lição. Muitíssimo obrigado por seus comentários sobre as mesmas.

Sudações e um abraço desde minha pátria Bolivariana, minha querida VENEZUELA. LIÇÃO 14: O CAVALO CENTRALIZADO Vimos, em uma lição passada, o tema da "centralização" das peças, e especialmente o caso da dama. Porém, disse-lhes que era difícil que isto ocorresse porque os jogadores, por instinto ou por táctica, não deixam centralizar a dama. Quando muito, se poderá por a dama no centro, porém temporariamente, o que não tem nenhum valor, pois já dissemos que "centralizar" não quer dizer simplesmente colocar uma peça no centro do tabuleiro e nada mais, mas colocála ali de tal maneira que não possa ser desalojada por nenhuma peça contrária. Centralizar as peças menores já é mais fácil e, de todas elas, a mais indicada é o cavalo. Una vez que se haja conseguido instalar bem um cavalo, que não possa ser desalojado do centro, pode afirmar-se que há muitas chances de ganhar a partida. Um cavalo que tome uma posição central, como seriam AS CASAS e4, d4, e5 ou d5, e sempre que os peões das colunas adjacentes não possam desalojá-lo dali, é uma peça que dá dores de cabeça ao contrário, que se verá pressionado a trocá-lo por outro cavalo (se possível), ou por um bispo (o que é raro), ou sacrificar qualidade, trocando-o por uma torre. Em tal caso, se perderá a "centralização", porém assim estaria amplamente compensado com a diferença de qualidade e posição. Em outras palavras, já se terá obtido ganhos. A POSIÇÃO DE UM CAVALO CENTRALIZADO É MAIS FÁCIL DE CONSEGUIR DO QUE A DAMA PORQUE, GERALMENTE, OS AFICIONADOS NÃO LHE

DÃO IMPORTÂNCIA. Pensam: "O cavalo tem saltos muito curtos (apenas de 3 passos) e está longe do rei rocado, de maneira que isso não tem maior importância" e o deixam estar, sem advertir que um cavalo centralizado é uma vantagem muito grande para quem o consegue. A partida que hoje veremos foi jogada em 1928 e pertence ao match amistoso que mantiveram Euwe e Bogoljubow, disputando a primazia para medir-se com Alekine pelo campeonato do mundo. Esse match foi ganho por Bogoljubow pela mínima diferença (5. 1/2 pontos a 4. 1/2), porém, nesta partida, Euwe se impôs. Servirá para que possamos compreender a importância de um cavalo centralizado que as brancas conseguem instalar nas primeiras jogadas, dominando, desde essa posição, fortes casas do tabuleiro e terminando por decidir a partida. Compreendemos também que se um mestre da talha de Bogojubow caía nestes erros e "deixava estar" um cavalo centralizado, é fácil que também o jogador menos experto caia em ditos erros. BRANCAS: MAX EUWE NEGRAS: BOGOLJUBOW } 1. d4 d5 2. c4 e6 {As negras, sem meter-se em variantes nebulosas, "entram" diretamente num Gambito de Dama. E já temos no tabuleiro uma vulgar abertura de dama, gambito ortodoxo, ao estilo de 1900. } 3. Nc3 Nf6 4. Bg5 {O fato de cravar o cavalo negro de f6 significa lesionar o peão dama negro. Podemse escolher muitas formas de defesa e uma delas, que se joga regularmente, é:}

4... Nbd7 {Porém o que muitos aficionados não sabem é que, ao fazer isto, está sendo sacrificado o peão dama. Há quem o faz "porque já viu fazer", sem saber que isto constitui uma cilada elementar do gambito de dama. Já sei que a maioria de vocês a conhece, porém não é demais ensiná-la. O cavalo negro de f6 está cravado e o peão de d5 atacado duas vezes; quer dizer que as brancas poderiam jogar 5.cxd5 e se 5....exd5 vem Cxd5 e, aqui, parece que as negras perderam um peão, já que o cavalo de f6 está cravado; porém não é assim, já que se joga tranqüilamente 6......Cxd5 e se 7.Bxd8 (creio que não resta outro remédio) contesta-se 7...Bb4+ e, como o rei branco está encerrado, deve-se cobrir o xeque para o que não há nada mais que a dama. Então é forçado 8. Dd2 e segue 8....Bxd2+ 9.Rxd2. Resultado: as negras ganharam um cavalo em troca de um peão e a partida já está decidida. Isto foi um simples comentário à margem, porém o fiz porque bem poderia ser que vocês jogassem o movimento tão vulgar 4...Cbd2 e, caso ocorresse ao contrário tomar o peão de d5 negro, poderiam ficar sem saber o que responder. Esta cilada é uma das razões por que muitas vezes lhes diga: convém desenvolver primeiro o cavalo rei, antes do cavalo dama. Com Cf3 não poderia seguir isso porque a 7...Bb4+ cobre-se com o cavalo. Assim, Cf3 É MAIS PREVENTIVO QUE Cc3. Sigamos a partida: } 5. e3 Be7 {Descrava. Ao fazer e3, as brancas ameaçavam tomar o peão de d5, já que ao xeque Bb4+ o

rei move a e2. Era necessário defendê-lo e, para isso, é bom descravar-se. } 6. Nf3 O-O 7. Rc1 {A jogada normal do branco seria desenvolver o bispo rei, porém já sabemos que, enquanto o faça, as negras tomarão o peão do gambito obrigando a retomar e perder um tempo. Por isso retardam o desenvolvimento do bispo rei; para ver se as negras se decidem a tomar o peão. Naturalmente não farão isso. } 7... c6 {É boa por várias razões; entre outras, porque esse peão na casa c7 é fraco, já que somente a dama o defende e poderia ser atacado pela torre de c1 e pelo bispo colocado em f4. Além disso, assim apóia o peão de d5, defende a casa b5, corta o caminho da torre branca, defende indiretamente a casa c7 e, mais adiante, quando se tome o peão do gambito e o bispo rei o retome, servirá de trampolim para aproveitar essa má situação do bispo e poder jogar b5, preparando o fiancheto de dama. } 8. Bd3 {Daqui, este bispo ataca o ponto h7 e, por tanto, está melhor aqui do que em e2. Até este momento, tudo o jogado é "normal", tão normal que em 17 partidas do match AlekineCapabranca se chegou a esta mesma posição e poderíamos acrescentar que de 100 partidas que se jogam hoje em dia, 50 têm esta posição. O caminho do negro oferece poucas variações. A jogada lógica seria: 8...dxc4 para seguir 9.Bxc4, b5. 10.Bd3, etc. Com o que se obtém uma paridade. Porém Alekhine, sempre que enfrentou Capablanca, fez: 8...a6, conhecida por "Variante Heneberger", que tem seus

inconvenientes, porém cuja idéia é ganhar um tempo quando o negro faça 9.....dxc4 10.Bxc4, b5 (já apoiado) 11.Bd3 e em seguida c5! Claro que, como agora o lance pertence ao branco, este se oporá a estes planos. E para isso existe uma regra: EM TODAS AS POSIÇÕES DO GAMBITO DE DAMA. QUANDO AS NEGRAS JOGUEM a6, DEVE-SE TROCAR OS PEÕES CENTRAIS. Os inconvenientes que tem 8....a6 são: que deixa as casas b6 e c4 a disposição do branco, que com um salto de Ca4 as toma imediatamente e isso o demonstrou magistralmente Capablanca. Ou seja, que 8...a6 é uma debilidade; as negras devem esperar ou tomar o peão do gambito. Entretanto, Bogoljubow preferiu a variante Heneberger. } 8... a6 9. cxd5 {Segue a regra. } 9... cxd5 {? As negras podiam retomar o peão branco com três peças: o cavalo ou o peão bispo. A jogada justa era exd5, que é a lógica porque, através do cavalo de d7, abre a diagonal de seu bispo dama, já que seu próprio peão do rei, colocado na terceira casa, é o obstáculo que o bispo dama negro tem para se desenvolver nesta abertura. Nesta partida, Bogoljubow tomou com o peão bispo; não porque desconhecesse o que dissemos, mas porque acreditou que seu rival não saberia a reposta exata que deveria dar. Porém, equivocou-se grandemente, como o veremos. Logo observamos que o bispo dama negro segue encerrado, não pode sair nem por fiancheto, nem por sua diagonal natural, devido a que os peões em e6 e b7 cortam seus

movimentos. Bogoljubow intentou libertá-lo, porém não conseguiu de forma satisfatória. } 10. O-O b5 {Este avanço, a parte de permitir o desenvolvimento do bispo dama por fiancheto, tem por objetivo dominar duas vezes a casa c4, onde seria muito forte instalar um cavalo.} 11. Ne5 {A que se propõe Euwe ao fazer isto, que tem a aparência de uma capivarada? Não é possível crer que não viu a continuação. Observemos que esse cavalo de e5 está defendido pelo peão de d4 e ninguém impede as negras de fazer 11...Cxe5; ao que deve seguir 12. dxe5, ficando as brancas com um peão dobrado na coluna do rei, que será rapidamente atacado com 12..... Cd7. O que Euwe ganha com isto? É inconcebível que não haja previsto uma coisa tão fácil. Tranqüilizem-se. Euwe sabia o que via. No momento viu que pressionava o cavalo negro de f6, tirando uma defesa do roque, e o restante veremos muito mais claro dentro de duas jogadas. Por enquanto, se as negras não trocam Cxe5, já se tem um cavalo no centro. (Porém não "centralizado" porque já sabem que centralizado é "intocável" ). E se trocam os cavalos, como ocorreu na partida... } 11... Nxe5 12. dxe5 Nd7 13. Bf4 {! Já vão ficando mais claros os planos de Euwe. Não aceitou a troca de bispos, apesar de que o seu é o "mau" e o das negras é "bom", porque necessitava apoiar seu peão dobrado de e5. E agora se pode ver que, ao sair o peão da casa d4, deixou esse ponto

para poder colocar ali uma peça, que poderia ser seu cavalo. Está, pois, jogando com a firme idéia de centralizar um cavalo que, caso consiga, estará em d4 perfeitamente instalado, obrigando o contrário (se quer tirá-lo), a trocar por seu bispo "bom", o que será difícil que ocorra porque as negras trataram de chegar ao final com o par de bispos. Por tudo isso, "deixaram estar" ali o cavalo (que não pode ser atacado pelo peão de d5 travado), ficando toda a partida irremovível. } 13... Bb7 {Ameaça avançar o peão de d5. } 14. Ne2 {! Já se vê claro. As brancas buscam a "centralização" do cavalo, ao mesmo tempo em que impedem o avanço do peão de d5 do negro. } 14... Qb8 {? Evidentemente, esta jogada é fraca porque põe a a dama na diagonal de um bispo contrário. Por outra parte, o peão dobrado não pode ser tomado. } 15. Nd4 {! E já temos o cavalo centralizado, que é o tema desta lição. Ali permanecerá "intocável" porque, como já dissemos, não pode ser desalijado pelo peão do rei travado e, caso se troque pelo bispo "bom" das negras, o branco sairá ganhando na troca. Além disso, não se pode tomar o peão de e5 dobrado porque a 15......Cxe5 segue Bxh7+, Rxh7 17.Dh5+ e se ganha o cavalo. Também pode vir diretamente 16. Dh5, ameaçando dar mate, pelo qual não é necessário f5, porém

isso não é suficiente porque 17.Ce6 é decisivo. Começamos a sentir AS VANTAGENS DE UM CAVALO CENTRALIZADO. ESTÁ MUITO LONGE DO REI CONTRÁRIO, PORÉM ATACA E DEFENDE. Desde sua posição, domina importantes casas do campo adversário e mesmo em caso de perigo pode ir a f3, defendendo seu roque. Para dizer mais claro: é ele que ganha a partida. } 15... g6 {As negras deviam impedir a entrada da dama em h5 e não encontraram melhor recurso que este, evidentemente mau porque PEÃO QUE SE AVANÇA DEIXA UMA OU MAIS CASAS FRACAS. Que neste caso são h6 e f6. As brancas ganham tempo jogando: } 16. Bh6 {Atacam a torre. } 16... Rc8 17. Rxc8+ Qxc8 {Aparentemente o negro domina a coluna c1c8, porém não é bem assim, porque qiase todas as casas, menos a segunda e a quarta, estão tomadas por peças brancas, e essas pouca importância tem nesta luta. As negras podem agora tomar o peão de e5 dobrado; de maneira que é necessário defendê-lo. } 18. f4 Nc5 {Ameaça tomar Cxd3, porém a posição do cavalo centralizado é tão forte que permite despreocupar-se por estas trocas. Há outros objetivos mais importantes: tomar a casa f5, que neste caso é a casa crítica. Por isso há que levar mais peões ao ataque. } 19. g4 Nxd3 20. Qxd3 Qc4 {Não haveria sido bom 20...Bc5 devido a 21.Tc1 cravando o bispo. Bogoljubow trata de trocar as damas para buscar um final onde possa fazer valer seu par de bispos. Todavia, não crê nas moléstias de um cavalo

centralizado. Não há razão para trocar as damas, pelo que Euwe responde: } 21. Qd2 {Vemos que se permite a entrada do bispo negro em b4 e que entrega o peão de a2; porém tudo isto pode ser feito porque f5 romperá o flanco rei das negras e valorizará suas peças. } 21... Bb4 22. Qf2 {Até nisto vemos a ação do cavalo centralizado: corta as entrada da dama rival, ajuda a fazer f5 e está perfeitamente instalado, já que não há peões laterais que possam atrapalhá-lo. Ademais, faz o centro semi-fechado, desvalorizando os bispos contrários, pois o que está em b7 não faz nada e o outro trabalha muito pouco. } 22... Qd3 23. f5 {! Contra tudo e apesar de tudo, as brancas jogam o peão a f5. Há três defensores contra quatro atacantes; de maneira que se pode fazer. Seria mau para as negras trocar ali os peões porque em seguida há um xeque de dama em g3 e logo mate em g7. } 23... Qe4 {Ameaça dois peões. } 24. Qg3 {Seria mau fazer 24.fxe6 devido a 24...Dxg4+ e logo 25.Rh1 De4+ etc.., desaparecendo todo o perigo. Melhor é defender tudo e reservarse as ameaças. NO XADREZ HÁ QUE IMOBILIZAR O OPONENTE ENQUANTO SE POSSA. } 24... exf5 25. gxf5 Bf8 {Há que fazer uma jogada indiferente, e as negras preferem buscar a troca de bispos. O branco não se faz de rogado. } 26. Bxf8 {Com que peça se tomará este bispo? Descartado o rei, porque se coloca na mesma

coluna onde há uma torre contrária (seguiria fxg6, etc..,) resta somente. } 26... Rxf8 27. f6 {! Observemos que se o peão de 'd5' negro desaparecesse ou se avançasse o mesmo, já estaria "montada a máquina" e as negras dariam mate rapidamente. Portanto o cavalo centralizado tem agora a tarefa de impedir esse avanço, por cuja razão não deve moverse de onde está. As brancas encontraram que a melhor continuação era 27.f6 ameaçando 28.Dh3 e ainda Dxe5, entra rapidamente 29.Dh6, para dar mate inevitável em g7. E se não toma o peão de e5, seguiria algo assim como 29.e6, etc. } 27... h5 {Para evitar a entrada da dama branca, as negras apelam a este recurso, que já não é suficiente. Para os amantes dos "brilhantismos", lhes direi que esta partida se poderia ganhar com 28.e6 e se fxe6 29.Cf5 e não se pode Txf6, devido a 30.Db8+ e em todas as variantes se ganha. Porém é mais seguro 28.Dg5 (que é o que fez Euwe) porque ameaçam Dh6 e mate em g7. } 28. Qg5 Qg4+ {Ante o inevitável desastre, as negras buscaram a troca de damas, que indubitavelmente também Euwe o previu. } 29. Qxg4 hxg4 30. e6 {Vemos que tudo vai ser reduzido a um final em que o branco tem dois peões avançados. Até aqui, o cavalo branco fez tão só três movimentos e é o que ganhou a partida. Tanto é assim que ele imobilizou o bispo das negras, colaborou em todos os ataques e

combinações e, agora, está valorizando seus peões avançados, porque a 30....fxe6 vem 31.Cxe6 e se a torre vai a qualquer casa da primeira linha segue 32.f7+ e em seguida f8= D, Txf8 e Cxf8, ganhando o final. Porém se depois de 30.....fxe6 31.Cxe6, a torre vai à segunda linha Tf7, o cavalo salta 32.Cd8 (duplo) Td7 33.f7+ Rf8 e Ce6+ entrando a dama. Pelo que foi, dito não se pode fazer 30....fxe6. } 30... Kh7 31. e7 Re8 {É a única possível. Observemos que agora as peças negras estão imóveis. O rei no encerrado, a torre impedindo a entrada do peão e o bispo sem nenhum programa. Poderia ir a c8, porém o branco termina por cortarlhe essa probabilidade com: } 32. Rc1 Kh6 {Espera. } 33. Ne6 {E as negras abandonam. As negras estavam irremediavelmente perdidas. se 33...fxe6 34.f7 e entra a dama. E se não tomam o cavalo, seguiria 34.Cc7, tirando a torre de onde se encontra, o que se aproveitará para entrar com a dama e ganhar. COMENTÁRIO: O cavalo centralizado fez somente quatro movimentos (3.Cc3; 14.Ce2; Cd4 e 33.Ce6), e é o que ganhou a partida. Isso quer dizer que: "A UM CAVALO CENTRALIZADO HÁ QUE VIGIA-LO MUITO E NÃO É POSSÍVEL "DEIXÁ-LO ESTAR". Do contrário, se o deixamos centralizar, damos a oportunidade a que se produza essa lição de jogo que acabamos de ver. Bom, amigos leitores, não é necessário acrescentar nada mais para compreender sua enorme importância. Até a próxima lição. Prof. Erich González

TRANSCRIÇÃO Pelo Professor ERICH GONZALEZ, na Cidade de Maracaibo, Estado Zulia, Venezuela, das LIÇÕES DO Dr RAFAEL BENSADÓN, EM APONTAMENTOS TOMADOS PELO ALUNO ERNESTO CARRANZA. (Tradução: Anderson de Jesus)} 1-0 [Event "DEBILIDADE DA DIAGONAL a2 - g8"] [Date "??.??.??"] [White "LIÇÃO 15"] [Black "?"] [Result "1-0"] [Site "?"] [Round "?"] 1. d4 {Amigos leitores desta pagina. Novamente com vocês, com outra lição. Muitíssimo obrigado por seus comentários sobre as mesmas. Sudações e um abraço desde minha pátria Bolivariana, minha querida VENEZUELA. LIÇÃO 15 DEBILIDADE DA DIAGONAL a2 - g8 Hoje vamos ver como se explora a debilidade da diagonal a2 - g8 (para explorar dos dois lados), quando, por um defeito da abertura, se avança o peão do bispo rei ( f6). Na realidade, AVANÇAR O PEÃO DE f6 DEPOIS DE HAVER FEITO O ROQUE CURTO QUASE SEMPRE É MAU, porque dá origem à debilidade da diagonal antes mencionada. E a partida, por isso só, está perdida quando o adversário ainda conserva seu bispo rei, que há de dominar essa diagonal, por exemplo, desde a casa c4. De maneira que saber se é bom ou mau fazer f5, veremos em seguida: se o adversário tem o bispo que corre pelas diagonais da mesma cor que a2 - g8 e pode

explorar esta debilidade (porque poderia acontecer que esse bispo estivesse encerrado e não pudesse chegar à diagonal mencionada), é indubitável que essa jogada é ruim. A jogada f4 ou f5 deve ser muito bem pensada. Porém, ainda há mais: suponhamos que já tenha desaparecido o bispo rei do adversário; Ainda assim, resta a Dama, que pode substitui-lo! E quando a Dama pode substituir esse bispo deve-se considerar com muita cautela para não sofrer as conseqüências. Muitas partidas foram perdidas e muitas se perderão unicamente por esse detalhe. Quando se faz, por exemplo, f4 a idéia é fazer jogar a torre de f1 ou, às vezes, cortar a ação do bispo rei contrário contra a casa a2. Porém, então essa diagonal já não interessa, pois o bispo rei passa à outra diagonal (a2 - g8). Daí que, quando em qualquer partida estejamos por jogar f5 (depois do roque curto), devemos levar muito em conta os detalhes e pensar muito no que vem. Claro que às vezes é obrigatório fazer f5 para evitar o mate e não resta outro remédio. O que vamos fazer! Na partida que reproduziremos ficará bem claro a debilidade que hoje estudaremos. E novamente lhes digo: se até os grandes mestres esquecem desses detalhes, um aficionado também pode cair e fazer f5 sem muito analisar. BRANCAS: SPIELMANN NEGRAS: THOMAS} 1... e6 {A resposta das negras é outra jogada elástica e significa um convite ao branco para variar os planos. Efetivamente, quando as brancas iniciam com e4 e as negras respondem (como agora) e6, entra na conhecida Defesa Francesa, cuja idéia é

jogar com um centro atrasado para depois atacar o peão do rei branco mediante d5. Os lances que caracterizam esta defesa são: 1. e4, e6 2. d4, d5, depois do que há várias estratégias. Aqui as brancas começaram com 1. d4 e a resposta e6 das negras significa que o convidam a jogar 2. e4, entrando em uma Defesa Francesa por transposição de jogadas. Spielman não aceita. Não lhe agrada, pelo que já disse nas lições anteriores muitas vezes: É BOA TÁCTICA NÃO FAZER O GOSTO DO ADVERSÁRIO. DO ADVERSÁRIO PODEMOS ACEITAR OS CONVITES PARA TOMAR CAFÉ, JANTAR OU IR AO CINEMA, ETC. PORÉM, NO TABULEIRO, NÃO DEVEMOS ACEITAR CONVITES. HÁ QUE RECUSAR.} 2. c4 Nf6 {Vemos que o branco segue obstinado em seu intento: estabeleceu uma abertura peão dama e segue com sua idéia de jogar um gambito de dama. O negro, por sua parte, atrasa o desenvolvimento de seu peão dama. (Pode-se fazer).} 3. Nc3 d5 {Agora é o branco que convida a entrar em uma defesa Nimzovitsch (3.......Bb4), porém seu adversário não aceitará e entra em um peão dama normal. Sabemos que nesta abertura a situação é difícil de desequilibrar para um ou outro lado, se não houver erros. Aqui, trata-se de ir dominando casas importantes. Ao contrário, na abertura de peão rei, trata-se de ir logo ao flanco rei e atacar em seguida. Na peão dama, as peças não estão em lugares agressivos; faz-se o jogo posicional.} 4. Bg5

{A brancas atrasam o desenvolvimento do cavalo rei, reservando-se o direito de tirálo pela casa f3 ou por e2. O plano é bom.} 4... Nbd7 {Já comentamos este lance na lição anterior. Encerra a cilada já demonstrada. Para os teóricos, a dificuldade está em saber se deve fazer-se primeiro Be7 ou Cbd7. A moda de hoje está por Be7. Sua razão é que com Cbd7 facilita-se o jogo das brancas, que poderiam seguir 5. e4; coisa que Be7 não permite. Em troca, Cbd7 tem a vantagem de que as negras ainda não desenvolveram seu bispo rei e, portanto, se reservam o direito de fazer uma Cambridge-Springs, que como dissemos consiste em levar este bispo a b4 e a dama a a5, pressionando sobre o cavalo cravado em c3. Na partida, não acontece assim; as brancas jogam tranqüilamente:} 5. e3 c6 {Depois disso, pareceria que o negro tem a idéia de jogar uma Cambrigde-Springs; idéia discutível nesta posição, já que não está desenvolvido o cavalo rei branco, que pode sair por e2 e o plano das negras fracassa. Porém o branco não quer complicações. Uma boa maneira de parar a Cambridge-Springs é fazer:} 6. cxd5 exd5 {Já expliquei que é melhor tomar com o peão de e6 (peão rei negro) do que com o peão de c6. A razão é que facilita às negras a saída de seu bispo dama, que logo jogará perfeitamente bem.} 7. Bd3 Be7 {As negras renunciam a colocação da Cambridge-Springs, já que as brancas, com Cge2, pararão todas as ameaças.}

8. Qc2 O-O {Aqui existe um plano, que se joga hoje em dia, para liquidar está situação. O plano consiste em não fazer o roque, mas jogar: [ 8...Ch5 ao que poderia seguir 9.Bxe7 Dxe7 10.Bxh7 g6 (encerrando o bispo) 11.Bxg6 fxg6 12.Dxg6+ etc. E, como vemos, o branco trocou uma peça por três peões do flanco rei.] Não há, pois, nenhum perigo para o negro em fazer este plano porque: ENQUANTO NÃO SE CHEGUE A UM FINAL CLARO, OS TRÊS PEÕES NÃO COMPENSAM A PEÇA PERDIDA. ESTARIA COMPENSADA SE AINDA RESTASSEM DEBILIDADES A EXPLORAR, DO CONTRÁRIO, A PEÇA VALE MAIS. É distinta a situação quando se chega a um final puro; por exemplo: um lado com rei e bispo e o outro com rei e três peões; não há nenhuma dúvida de que os três peões valem muito mais do que a peça porque com o bispo somente não se pode dar mate, enquanto que os peões podem ser coroados e ganhar a partida. Por isso, repito, o plano anterior tem certa vitalidade. Porém sigamos com a partida.} 9. Nce2 Re8 {Observemos que assim se torna forte a pressão do bispo e da dama brancos sobre a casa h7, coisa que com o plano se elimina, para fazer depois g6. Vemos que agora as negras não podiam tirar seu cavalo de f6, por que viria Bxh7+. Para poder fazê-lo, primeiro devem ter movido sua torre a e8 e depois devem colocar o Cd7 em f8.} 10. O-O-O {Sabemos que QUANDO SE FAZ O ROQUE GRANDE TENDO O ADVERSÁRIO O ROQUE PEQUENO, SIGNIFICA QUE SE VAI ENTRAR EM UM "DUELO DE MORTE". Os planos do branco são: levar um ataque de peões no flanco rei para destruir

o roque. Se não fosse por isso, e porque a posição se presta para tais manobras, o roque grande não seria recomendável. Aqui é possível porque o rei negro está mal colocado e há contra-chances.} 10... Ne4 {Com a idéia de evitar o que dissemos se faz 10.......Ce4; porém, isto é o início de um plano equivocado. Logo as negras entregam um peão e trocam seu bom bispo da defesa por outro bispo que não trabalha.} 11. Bxe4 {Se 11.Bxe7 Dxe7 e o cavalo negro de e4 acabará bem defendido e até ameaça um duplo às torres, tomando o peão de f2. Isso foi o que pensou Thomas, porém Spielman não o fará. A situação é um tanto complicada. Se 11.Cxe4 o indefeso bispo de g4 acaba protegido, mas só pelo momento porque segue 11...dxe4 e se 12.Bxe4 ( se 12.Bxe7 exd3 13.Dxd3 Dxe7 com ganho de peça para o segundo jogador.) 12...Bxg5 13.Bxh7+ Rf8 e as negras trocam dois peões por um bispo. Tampouco serve 11.h4 porque se perde a qualidade com 11...Cxf2]} 11... dxe4 {Ao não poder tomar o bispo de g5, as negras devem conformar-se em matar o outro bispo. Então, agora é o momento de dar um apoio ao indefeso bispo de g5 com 12. h4 e se Bxg5 13.hxg5,Dxg5 14. Cxe4 e as brancas conseguem abrir a coluna h1-h8 (que é o que querem) para exercer uma forte pressão sobre o roque com a torre e a dama apontando a h7.} 12. h4 f5 {Chegamos ao momento que desejávamos para esta lição. As negras, prevendo que depois da troca de bispos não lhes seria fácil

defender seu peão avançado de e4, analisam superficialmente a posição e avançam o peão a f5 para dar-lhe apoio. E já se cometeu o erro tão comum que escolhi para o tema de esta lição. Antes de seguir adiante, vamos fazer outras esclarecimentos sobre esta partida. Com 12.Bf6 tampouco se defendia o peão de e4. E se jogassem 12.....h6 as brancas poderiam estudar a possibilidade de perder o bispo de g5, para abrir a coluna da torre, já que isso dá lugar a uma série de combinações um pouco longas de resumir. De todo o que, se infere que o salto de 10......Ce4 era mau. Observemos que as brancas carecem do bispo rei, que poderia dominar a diagonal de quadros brancos (a2g8). Mas tem a dama que pode substitui-lo! O negro conseguiu defender seu peão de e4, porém deixou uma enorme debilidade, que neste caso basta para perder. O negro acredita poder solucionar estes problemas, porém não é isso o que acontece, porque logo vem a dama a tomar essa diagonal e com xeque, com o que ganha mais tempo para o ataque. Daqui para frente, o negro deverá fazer unicamente jogadas defensivas que, não obstante, serão insuficientes para equilibrar a luta.} 13. Qb3+ Kh8 {Ao não poder cobrir com nenhuma peça, aonde poderia ter ido o rei? Talvez em f8 poderia ter se defendido um pouco mais, já que a pressão da torre de h1 não seria tão decisiva. Porém estamos seguros de que 999 jogadores sobre 1000 teriam feito, por princípios gerais ou por costume Rh8, que foi o que Thomas jogou, sem advertir que existe uma força muito grande na coluna h1-

h8, e que a ação da torre, a longo prazo, dará seus frutos. Agora, trata-se de explorar ainda mais a má colocação do rei negro.} 14. Nf4 {Ameaça-se um salto de cavalo a e6, que seria forte. Porém se agora viesse 14......Bxg5 seguiria 15.Cg6+ (com o que se dá jogo à torre) porque a: hxg6 e 16.hxg5++ (mate). Donde se demonstra, uma vez mais, que A MÁ COLOCAÇÃO DO REI PERMITE COMBINAR E SEMPRE SE ENCONTRARÁ A MANEIRA DE CONTINUAR O ATAQUE. Observemos que não só o rei está colocado na mesma coluna onde, na outra ponta, está uma torre, senão que também a dama negra está nas mesmas condições, apesar de que existam peças entre elas, que, como sabemos, desaparecerão quando o branco se propuser a isso. Para defender a casa e6 e reforçar h7, faz:} 14... Nf6 15. h5 {As brancas estão ameaçando mate com 16.Cg6+, hxg6 e 17. hxg6++. A ação da torre sobre o rei é decisiva, enquanto que a dama colocada na diagonal a2-g8 vigia o movimento do rei negro. Não resta mais remédio que não seja cobrir a diagonal dominada pela dama branca. E com o único movimento possível; com o cavalo em d5. No momento, não haverá mate, porém a posição está perdida.} 15... Nd5 {Como se defende o mate? se joga: 15...h6 que não é bom devido a 16.Df7 hxg5 17.h6 gxf4 18.hxg7# ou qualquer outra combinação parecida, que ganha rapidamente.} 16. Bxe7 Nxe7 {Não seria bom 16...Dxe7 devido a 17.Cg6+ (duplo) 17...hxg6 18.hxg6+ Rg8 19.Cxd5 etc.

Além disso, as negras acreditam que com o movimento da partida impedirão, por agora, 17. Cg6+. Mas, apesar de todo.......} 17. Ng6+ Nxg6 18. hxg6 Be6 {Finalmente as negras conseguiram cortar a ação da dama na diagonal a2-g8, ainda que demasiado tarde. Com 19.Dxb7 é suficiente para ganhar, porém não se pode dar mate, que é ao que Spielman se propõe, em vista de sua favorável posição. Como não há pressa em retirar a dama porque existe a pressão da torre sobre o rei, faz:} 19. Rxh7+ Kg8 {Única.} 20. d5 {É esta a jogada lógica porque, enquanto interrompe a ação do bispo, limpará a coluna d1-d8 para que a outra torre logo pressione sobre a dama negra.} 20... cxd5 21. Rxd5 {E já se conseguiu limpar a coluna d1-d8, que parecia tão fechada. Porém agora as negras aproveitam a debilidade do roque grande, que nesta partida não tem maior importância, mas em outras é tema para explorar. } 21... Rc8+ 22. Kb1 Qg5 {A dama se desfaz da pressão da torre, ameaçando também tomar o peão de g6. Veremos que isto não resultará suficiente: } 23. Rh1 Qxg6 24. Rh8+ Kf7 {Única. } 25. Qxb7+ {E as negras abandonam. RESUMO: Nesta partida, a dama, desde a décima terceira jogada, (depois que se jogou 12.....f5), exerceu uma forte pressão na diagonal a2-g8, que também poderia ter exercido o bispo rei se as brancas o tivessem; o que foi suficiente para demolir todas as defesas de seu adversário. Vimos

como, unicamente por esse detalhe, perdeu-se uma partida que, até então, era mais ou menos equilibrada. Repito o que disse muitas vezes: É PERIGOSO DESCUIDAR DE DETALHES NO AFÃ DE SUSTENTAR TUDO, PORQUE SE O CONTRÁRIO SABE EXPLORÁ-LOS (como neste caso) A PARTIDA SE TORNA INDEFENSÁVEL. Bom, amigos leitores, é tudo por enquanto. Façam seus próprios comentários no que se refere a esta lição. Agradeço-lhes suas correções. Até breve. Prof. Erich González TRANSCRIÇÃO Pelo Professor ERICH GONZALEZ, na Cidade de Maracaibo, Estado Zulia, Venezuela, das LIÇÕES DO Dr RAFAEL BENSADÓN, EM APONTAMENTOS TOMADOS PELO ALUNO ERNESTO CARRANZA. (Tradução: Anderson de Jesus)} 1-0 [Event "DOIS CAVALOS CENTRALIZADOS"] [Site "?"] [Date "????.??.??"] [Round "?"] [White "LICAO 16"] [Black "?"] [Result "1-0"] [ECO "A00"] [PlyCount "93"] {Os cavalos centralizados Estimados leitores desta página. Uma saudação muito cordial, de irmandade, fraternidade, carinho e respeito em nome da Revolução Bolivariana que faz de meu País uma Nação mais próspera e de progresso. LIÇÃO 16 - DOIS CAVALOS CENTRALIZADOS.

Vamos seguir com variações sobre o tema das peças centralizadas. Vimos primeiro o caso de uma dama centralizada, que devido a sua enorme mobilidade pode dar "a volta ao tabuleiro" em poucos golpes, ganhando a partida. Logo vimos um cavalo centralizado, que tão só realizou 4 movimentos desde sua saída e, não obstante sua relativa imobilidade, colaborou no ataque e na defesa, sendo o principal fator da vitória. Hoje veremos um caso parecido, onde se centralizam dois cavalos (um por lado), porém um deles não fica imóvel em sua casa central, senão que vai e volta. Trata-se de uma partida muito interessante, jogada no torneio das nações em 1939, entre o inglês Millner Barre e o eslovaco Foltes, na qual se jogou uma abertura de peão rei que foi contestada com uma Defesa Siciliana. Já falamos outras vezes desta Defesa e dissemos que muitos mestres quando tem que levar as negras não contestam 1...e5 porque com isso se entraria em uma abertura de peão de rei normal e conhecida, senão que preferem jogar uma defesa irregular, e dentre elas pode-se escolher a Siciliana. BRANCAS: MILLNER BARRE NEGRAS: JAN FOLTES Defesa Siciliana } 1. e4 c5 {Esta é uma maneira de não estabelecer contato de peões no centro e de dominar a casa d4, que o branco disputará em seguida. A idéia é boa e se apresentará freqüentemente. } 2. Nf3 Nc6 {Lógica. } 3. d4 cxd4 4. Nxd4 {A casa em disputa ficou em poder do branco. Não é conveniente 4....Cxd4 por que5. Dxd4 e

apesar de a dama ainda não estar "centralizada", ocupa já uma posição central e é difícil desalojá-la dali com as peças adversárias. É muito melhor atacar o peão rei branco, que não está defendido } 4... Nf6 {Por que se faz isto e não a jogada lógica, que seria 4.....d6? Porque em caso de 4....d6 o branco aproveita para dominar a casa d5 mediante c4. Por outro lado, com 4....Cf6, como se ataca ao peão de e4, é necessário defendê-lo e o melhor é 5.Cc3, que impedirá logo o avanço do peão bispo dama branco. } 5. Nc3 d6 {Agora se fez d6 e vemos que o negro tem a mesma posição que desejava, porém o branco não tem o peão em c4, o que seria de suma importância. } 6. Be2 g6 {As negras vão fazer um fiancheto de rei, tratando de dominar o centro de longe, com Bg7. Costuma-se jogar esta variante e também e6, porém em minha opinião pessoal é melhor o fiancheto, porque o negro segue com a idéia de dominar o centro indiretamente. NO XADREZ, É BOM PERSISTIR EM UMA IDÉIA. HÁ QUE SE PROPOR A ALGO E TRATAR DE CHEGAR A CUMPRI-LO. } 7. Be3 {Quando as negras tirarem seu bispo rei a g7, ameaçarão (através de seu cavalo) o cavalo de d4. Por isso o branco o refuta por antecipação com 7.Be3, que tem por base se opor ao fiancheto. } 7... Bg7 8. Nb3 {Esta é a jogada "da moda". Antigamente se continuava com 8. 0-0, que tem suas

vantagens e desvantagens. A jogada 8. Cb3 parece um pouco ilógica, porque se a idéia do branco era sustentar o centro (e para isso fez 7.Be3), não há razão para afastarse desta forma. Entretanto, faz Cb3 porque, ainda que se abandone em parte o domínio do centro, permite levar um ataque (hoje muito em moda), que chegou a colocar em dúvida a força da Defesa Siciliana, e que consiste em preparar um assalto de peões no flanco rei para destruir o roque negro. Eu não critico a jogada 8.Cb3. Digo simplesmente que não segue um plano harmônico, porém é boa e tem sido jogada. } 8... O-O 9. f4 {Começa o "assalto" de que falávamos. Mais adiante, o branco fará também g4. Este assalto coloca em perigo a posição do negro se este não conhece bem a defesa. Também lhes direi que este ataque de peões é perigoso e difícil de conduzir. É uma arma de duplo fio porque, se fracassa, o rei branco fica muito comprometido. Porém, até agora, parece que é o mais eficaz que existe contra a Defesa Siciliana. Tanto é assim que hoje se duvida da validade dessa Defesa, precisamente por este ataque. } 9... Be6 {Se o cavalo branco estivesse em d4, não se poderia jogar isso. Então, por que se fez 8.Cb3? Logo veremos. } 10. O-O Na5 {! Eis aqui a VARIANTE TARTAKOWER. É esta a jogada justa do negro. Aparentemente, o mestre polaco Saviele Tartakower, depois de muito pensar, encontrou este movimento, que resolveu a posição das negras.

Pode-se responder de várias maneiras. Por exemplo: 11.f5, explorando a má situação do bispo negro. Alekine em um match contra Botwinnik preferiu fazer 11.g4, e a partida resultou em empate, porém Botwinnik passou por sérios apuros. A outra que pode fazer é Cxa5, porém esta tem suas desvantagens. Quais são? Fazendo um jogo de palavras, direi que é difícil de se ver porque é muito fácil. E também porque a razão não está no tabuleiro. Vejamos: o cavalo que o branco tem em b3, saiu de sua casa inicial e foi a f3, dali passou a d4 (tomando um peão), depois retrocedeu a b3 e, se agora faz Cxa5, resulta que terá utilizado quatro tempos em fazer todo este percurso. Em troca, o cavalo negro de a5 saiu de sua casa inicial para ir a c6 e dali a a5, no que usou dois tempos somente. A coisa é simples: 4 - 2 = 2; se o branco toma, terá perdido 2 tempos. Alguns jogadores fizeram a troca de cavalos, perdendo os dois tempos, e as negras obtiveram uma posição cômoda. Então? É melhor fazer a de Alekine (11.g4) ou seguir com a vulgar 11.f5, colocando ao negro difíceis problemas. } 11. f5 Bc4 {Não é bom 11...gxf5 porque se desfaz o roque. É melhor o movimento do bispo a c4. Caso se volte atrás, terá perdido um tempo; então o lógico é combinar, aproveitando a eventual posição do cavalo em a5. Por tudo isso, a idéia de Tartakower é interessante e digna de ser estudada. O branco continua seu plano de assaltar o flanco rei, com uma jogada que ameaça muitas coisas. } 12. Nxa5

{Finalmente o branco se decidiu pela troca de cavalos. Quer dizer que "deixou escorregar" dois tempos. Porém é aparente. Onde está pois a compensação? Outra vez a razão não está no tabuleiro. Vejamos: o bispo negro, que está na casa c4, saiu de sua casa inicial para e6, dali passou a c4 e, caso tome o outro bispo, resultará que terá usado três tempos para todo seu percurso. Em troca, o bispo branco de e2 realizou um só movimento. Outra vez empregamos a aritmética: 3 - 1 = 2. Donde resulta que o branco, ao tomar agora o cavalo, perde dois tempos, porém ao trocar os bispos (que é inevitável), ganha dois tempos. Façamos números: 2 -2 = 0. Os tempos estão equilibrados. E também resulta que o avanço de peões no flanco rei tem ampla compensação, porque se ganhou tempos para o ataque. } 12... Bxe2 13. Qxe2 Qxa5 14. g4 Nd7 {Vamos nos deter um pouco. Até agora, o que aconteceu? Os tempos estão iguais, porém os peões avançados no flanco rei permitem ao branco certas manobras que evidentemente o negro não pode realizar. Conseqüência: há vantagem para o branco. Façamos a análise posicional: o bispo negro do fiancheto é "bom", porém o bispo branco também é "bom". As damas de ambos os lados tem possibilidades iguais; o cavalo negro pode ser centralizado em e4, e o cavalo branco continua dominando a casa d5, que foi disputada desde a abertura, onde poderia se instalar. Conseqüência: existe leve vantagem das brancas, devido aos peões avançados, que permitem um possível ataque sobre o roque inimigo.

Façamos a análise táctica: o bispo negro está dominando a grande diagonal do fiancheto e, em união com a dama, ataca o cavalo de c3, que poderia ser capturado, ganhando um peão. E se o cavalo sai daí, deixa sem defesa o peão de e4. Não obstante, o branco prefere levar seu cavalo a d5, ocupando uma posição central, desde onde ameaça o peão de e7, que poderia ser tomado com xeque, com o que ficariam 1 a 1. Observem que disse "posição central" e não centralizado, que não é o mesmo, porque em d5 o cavalo pode ser desalojado pelo peão de e7 do negro, e "centralizado significa que não pode ser desalojado (a menos que se sacrifique qualidade). } 15. Nd5 Rfe8 {Esta parece a jogada lógica e simples para defender o peão de e7, porém logo veremos que as negras deviam ter colocado aí a outra torre. HÁ QUE LER MAIS DO QUE SE VÊ A PRIMEIRA VISTA E SABER LER NAS ENTRE LINHAS PARA GANHAR UMA PARTIDA. Por que era melhor Tae8? Porque a torre teria a missão de defender o ponto débil f7, sobre o qual existem ameaças depois da troca de peões. As brancas aproveitam e levam outra peça para atuar sobre o ponto f2, que é muito mais importante. } 16. Qf2 Ne5 {As negras "centralizam" seu cavalo; põe-no em uma casa ideal, de onde não poderá ser expulso e, caso se queira trocar, terá que ser pelo bispo "bom" das brancas. Ademais, já começam a ficar palpáveis as vantagens de um cavalo centralizado: defende sua casa de f7 e ameaça tomar o peão branco de g4. } 17. fxg6

{Abre a coluna. Se 17.Dh4, com intenção de defender seu peão de g4 e ameaçar 18.f6, o negro trocaria tudo (18.....dxf6, 19.Cxf6+, Bxf6; 20.Dxf6 e Cxg4) destruindo todo o ataque branco e colocando-se evidentemente em posição superior. A jogada de Millner Barre é melhor porque está especulando sobre a peça sobrecarregada, que neste caso é o cavalo negro, que deve atender ao mesmo tempo à defesa do ponto f6 e o ataque do peão de g4. } 17... hxg6 {Trazendo o peão mais ao centro. } 18. Bd4 {Aqui vemos o que é a análise quando se tem um claro conceito da posição. O branco, com a picardia de quem sabe, trata de trocar seu bispo bom pelo cavalo centralizado. Não teme efetuar esta liquidação porque esse cavalo lhe "dá coceira". Sabemos que um bispo vale algo mais que um cavalo, porém se o cavalo está centralizado convém efetuar a troca. O negro vê a possibilidade de ganhar tempo utilizando a idéia das peças indefesas (o bispo branco) e assim o faz. } 18... Nf3+ 19. Qxf3 Bxd4+ {Este xeque permite defender o peão de f7. Também se poderia tomar o peão de b2, porém o negro analisa que se toma, entra a dama branca dando xeque, o que não seria aconselhável permitir. Depois que se tenha movido o rei branco (20.Rh1), caso se fizesse 20...f6 seguiria 21.g5 e logo não se poderia expulsar o cavalo branco com e6. } 20. Kh1 Rf8 {Não restava mais remédio do que defender o peão de f7 com a torre, permitindo que o cavalo tome o peão de e7 com xeque. As

negras estão perdidas. Vemos agora por que era melhor jogar 15.....Tae8. O branco não se faz de rogado... } 21. Nxe7+ {As brancas ganharam um peão, porém há algo mais importante: o cavalo, apesar de não estar colocado em uma posição central, podese dizer que já está centralizado. Por que quando volte a d5 não poderá ser desalojado dali com nada (a menos que se sacrifique a qualidade). Nem sequer fica o recurso que o branco acaba de utilizar, trocá-lo pelo bispo negro, devido ao fato de que este corre por casas de cor oposta a d5. A única peça negra que poderia fazê-lo seria o peão de e7, que acaba de desaparecer. Eis aqui, pois, um caso de cavalo centralizado (que vai e volta) e isso que agora não ocupa uma posição central. } 21... Kg7 {Bem. O branco tem um peão a mais, porém o ataque é difícil; não se vê a forma de ganhar a partida. Além disso, para se opor ao cavalo branco, as negras possuem um bispo, e como a posição é aberta, teoricamente o bispo valeria mais do que o cavalo, em termos gerais. Neste caso não, porque o cavalo está "centralizado". As brancas começam por defender seu peão de b2, que está ameaçado pelo bispo, fazendo uma jogada ativa: } 22. c3 Be5 {Também o negro centraliza seu bispo, que não pode ser desalojado dali, salvo que se troque pelo cavalo ou se sacrifique qualidade. PORÉM, TEM POUCA IMPORTÂNCIA CENTRALIZAR UM BISPO. É melhor centralizar o cavalo ou dama, que são peças que atacam e

defendem simultaneamente. CENTRALIZAR UM BISPO TEM RELATIVA IMPORTÂNCIA. As brancas começam por prevenir um futuro ataque ao peão de h2. } 23. Rf2 Qd8 {A dama negra se encarrega de levar o cavalo branco a sua posição ideal, no centro. Esta dama, colocada à margem do tabuleiro, não fazia nada e, portanto, era necessário trazê-la ao centro de operações. } 24. Nd5 {!} 24... Qh4 {A dama se meteu em uma excursão arriscada. Vemos que em união com seu bispo ameaça o peão de h2, que foi defendido por antecipação, e portanto não entranha nenhum perigo. } 25. Raf1 {Triplica. } 25... Rae8 26. Rg2 {As brancas ameaçam uma pequena cilada, mediante 27.g5, cortando a retirada da dama negra, para depois de jogar a Tf1 a f2 fazer 29.Tg4 e forçá-la a se retirar a h8 ou h7, onde pouco fará, para logo entrar com o cavalo em f6, etc. } 26... Qg5 {A dama sai de seu encerramento, porém sabemos que esta jogada é ruim porque se coloca na mesma coluna onde há uma torre. Além disso, também o rei negro está nessa coluna, o que agrava a situação. Façamos uma observação à margem: Vemos aqui como um mestre de categoria (como era Jan Foltes) faz jogadas ruins; porém reconheçamos que É A POSIÇÃO QUE O LEVA A FAZER JOGADAS RUINS. A dama negra não tinha outras casas melhores para ocupar. ALGUÉM JÁ DISSE: QUANDO SE ESGOTAM AS JOGADAS BOAS NÃO HÁ MAIS REMÉDIO QUE LANÇAR MÃO DAS RUINS. Dizíamos, há poucos lances

atrás, que mesmo tendo superioridade, não era fácil para as brancas forçar a partida. Porém há pequenos detalhes que logo dão o plano a seguir. Por exemplo: agora estão na mesma coluna de uma torre branca, o rei e a dama negra. O plano "sai por si só". Se o branco colocasse seu cavalo em f5, poderia continuar o ataque, já que ele não poderá ser tomado pelo peão porque seguiria gxf5, ficando a dama e rei sob o fogo da torre branca. } 27. Ne3 f6 {As negras advertem o plano do cavalo centralizado e, como não podem evitar que vá a f5, buscam dar um "escape" a seu rei por f7. } 28. Nf5+ Kf7 {O rei negro ocupa a casa que havia sido preparada. Porém agora há outra coisa: a dama negra ficou encerrada. A próxima jogada também "sai por si só". E aqui temos uma partida que há pouco não se podia forçar e ganhar. } 29. h4 Rh8 {Entretanto, o negro tinha este recurso; crava o peão de h4 sobre o rei branco, impedindo, por agora, que possa tomar a dama. As brancas se "descravam" da melhor maneira. } 30. Rh2 gxf5 {30...Bxh2 seria respondido com 31.hxg5 sem temor ao xeque descoberto. Se 30...Txh4 31.Cxh4 ganhando qualidade etc. } 31. hxg5 Rxh2+ 32. Kg1 {Única. } 32... Reh8 {As brancas não temem o xeque em h1 porque o rei branco sairia por f2 e logo e1. Por isso fazem: } 33. Qxf5 Rxb2

{Aqui Foltes tenta uma variante de empate por xeque perpétuo com 34.......Bh2+; 35.Rh1, Be5+ descoberto; Bh2+, etc., ou mesmo tentar forçar com 35.....Bf4+ seguido de Be3+. Porém o branco está melhor e não lhe dá tempo para consumar seus planos. } 34. Qd7+ Kg6 35. Rxf6+ Bxf6 {Era forçado tomar a torre porque, do contrário, o rei negro só poderia jogar 35...Rxg5 ao que seguiria 36.Dg7+ Rh4 (única) 37.Dxh8+. } 36. Qf5+ {E as negras abandonam. Se: 36...Rg7 [ Tampouco serve 36...Rf7 37.Dxf6+ Re8 ( 37...Rg8 38.g6 com mate na próxima jogada.) 38.Dxh8+] 37.Dxf6+ Rh7 [ Se 37...Rg8 38.g6 e mate na próxima jogada do branco.] 38.Df7# Nesta partida, os dois lados centralizaram suas peças, porém no final primou o bom critério do branco que: UTILIZOU MELHOR A CENTRALIZAÇÃO DE SEU CAVALO E NÃO PERMITIU AO OUTRO QUE TIVESSE CENTRALIZADO O CAVALO NEGRO, AINDA A CUSTA DE TROCÁ-LO POR SEU BISPO "BOM". Esses detalhes ganham partidas. Bom, amigos leitores, é tudo, por agora. Voltarei logo com a próxima lição, desde minha pátria da Revolução Bolivariana, minha querida Venezuela. Prof. Erich González TRANSCRIÇÃO Pelo Professor ERICH GONZALEZ, na Cidade de Maracaibo, Estado Zulia, Venezuela, das LIÇÕES DO Dr RAFAEL BENSADÓN, EM APONTAMENTOS TOMADOS PELO ALUNO ERNESTO CARRANZA. (Tradução: Anderson de Jesus)} 1-0

[Event "O DOMÍNIO DA COLUNA DE DAMA (d1d8)"] [Site "?"] [Date "????.??.??"] [Round "?"] [White "LICAO 17"] [Black "?"] [Result "1-0"] {As colunas abertas Minhas saudações, amigos leitores desta página. Uma vez mais, com vocês. Até agora, completamos dezessete lições, pelo que me sinto muito feliz de estar conseguindo o objetivo proposto. Obrigado por seus elogios e lhes agradeço seus conselhos e correções. LIÇÃO 17 - O DOMÍNIO DA COLUNA DE DAMA (d1d8) Na vez passada, vimos a importância do domínio da diagonal a2-g8, quando esta se debilitava ao avançar o peão de f7. Hoje estudaremos o domínio da coluna da dama aberta (d1 - d8), que é muito interessante. Para isso, escolhi uma partida jogada no Torneio de Mar del Plata entre o mestre Najdorf e o jogador Juan Iliesco, romeno de nascimento, porém estabelecido na Argentina. Essa partida, Najdorf perdeu, e é interessante assinalar que para perder para Iliesco, que evidentemente não era um jogador de sua força, alguma razão havia. Em primeiro lugar, sua derrota está relacionada com a enorme confiança que tinha o mestre ao enfrentar um jogador que sabia ser inferior a ele. Em bom crioulo diremos: lhe deu corda, sem acreditar que o outro saberia aproveitar essas vantagens para transformá-las em vitória.

Najdorf era um forte mestre, especialista em partidas simultâneas e portanto muito amigo de "tirar-se lances". Fez isso nesta partida, porém Iliesco não era tão míope como para não ver ditas ciladas, e ao tempo em que as parou todas, QUANDO SE ABRIU A COLUNA DA DAMA (d1-d8), APROVEITOU OS TEMPOS PARA DOMINÁ-LA COM SUAS TORRES, e isso foi suficiente para conseguir o triunfo sobre o mestre. Esse domínio será o tema desta lição. A partida iniciou com uma abertura Zuckertort, que as negras replicaram com uma defesa simétrica. Já sabemos que a simetria não pode ser seguida indefinidamente porque chega um momento em que o branco dá mate e as negras ficam sem dar o seu. Entretanto, é boa prática para as primeiras três ou quatro jogadas: dá chances equilibradas e, não havendo perigo imediato de mate, pode-se jogar "até certo momento". BRANCAS: J. ILIESCO NEGRAS: M. NAJDORF } 1. Nf3 Nf6 2. g3 g6 3. Bg2 Bg7 4. O-O O-O {Até aqui, as negras responderam com os mesmos lances que fizeram as brancas. Porém, a partir do próximo lance se separam da simetria. Ambos adversários fizeram fiancheto de rei, que tem por principal objetivo dominar a casa d5, e controlar o centro desde longe. } 5. c4 d6 6. d4 Nbd7 {As brancas tentam agora dominar o ponto e5, porém nada pode impedir que as negras façam e5. Seria mau seguir 7.Bf4 devido a Ch5, fazendo perder um tempo ou forçando a troca do bispo pelo cavalo. Então as brancas

abandonam essa idéia e seguem com o plano primitivo de dominar a casa d5. } 7. Nc3 e5 8. dxe5 dxe5 {É melhor tomar com o peão do que com o cavalo porque o peão pode dar um ponto de apoio para um cavalo em d4, ao mesmo tempo em que controla o ponto de f4 e até ameaça para mais adiante e4, desalojando o cavalo branco de f3 e obstruindo a diagonal do fiancheto. Até agora, não há nada incorreto. Também não há nada da "corda" que disse no início, a qual virá depois, crendo Najdorf que Iliesco não saberia explorar as debilidades que se criava. Entre parênteses, vou esclarecer que se depois que as negras fizeram e5, as brancas tivessem recusado a troca de peões e tivessem feito 8.d5, deixariam um ponto fraco em c5, que bem poderia utilizar-se mais adiante para instalar o cavalo dama negro, para o qual o preparariam com a5 e se as brancas jogassem a3 para logo fazer b4 (sempre com a idéia de expulsar o cavalo de c5), até se poderia estudar a forma de explorar a má situação do cavalo e a torre branca na diagonal do bispo do fiancheto. Há outras posições em que as negras até podem seguir com a4, impedindo definitivamente o avanço do peão a b4 porque o tomam en pasant. Bem, dissemos que as negras tem a intenção de avançar (mais adiante) seu peão de rei. Vocês contestarão: "Certo, porém ao jogar 9. e4, as brancas detém esse avanço". Esse lance tem suas vantagens, posto que paralisa o peão rei inimigo e deixa sem o bispo rei negro sem jogo, mas também fica travado o peão rei branco e seu bispo rei não joga.

Há no tabuleiro outra coisa mais importante, que precisamente é o tema de hoje. Ao se produzir a troca de peões, vemos que ficou livre a coluna da dama e já sabemos que A MELHOR FORMA DE APROVEITAR UMA COLUNA ABERTA É OCUPÁ-LA COM AS TORRES. Então, melhor do que 9.e4 é jogar o que fez Iliesco 9.Dc2, que também detém o avanço do peão do rei e reserva a casa d1 para sua torre do rei. } 9. Qc2 {Teria sido mau 9.Bg5 por 9...h6 que obriga a uma definição; Tampouco convém 9.Cg5 por 9...h6 10.Cge4 Cxe4 11.Cxe4 e logo o negro expulsa esse cavalo do centro com seu peão de 'f', com seu cavalo dama em f6, ou com seu bispo dama, segundo se desenvolva o jogo. Na partida, veio o avanço do peão do rei negro, dando jogo a seu bispo rei, porém esse peão avançado precisa ser defendido porque as brancas respondem Cg5 e chega um momento em que está fraco e mal colocado. (Assim foi na partida). } 9... c6 {É bom porque controla a casa d5, porém não pode evitar: } 10. Rd1 Qe7 {"Tira" sua dama e apoiará o peão de e5. } 11. a3 {Prepara o fiancheto. } 11... Nb6 {Ataca o peão de c4.} 12. b3 e4 {Aqui Najdorf se iludiu com a má posição do cavalo e da torre branca na diagonal de seu bispo rei e jogou 12....e4 para dar-lhe jogo. } 13. Nd4 {Não era bom: 13.Cd2 Porque fecha a ação do bispo dama e vem 13...e3 que ocasiona muitas complicações. Tampouco serve 13.Cg5 porque o peão negro de e4 não pode ser tomado devido ao fato de que o cavalo de c3 do branco está cravado pelo bispo rei negro. E se: 13...Bf5

14.Cgxe4 Cxe4 15.Bxe4 Bxe4 16.Cxe4 Bxa1 17.Bg5 f6 ganhando. } 13... a6 {Novamente Najdorf se ilude. A jogada 13...a6, é bastante superficial; certamente, contra um adversário mais forte não a teria feito e teria procurado algum plano mais profundo. As negras tomaram a última casa de escape do cavalo de d4, para fazer logo 14.....c5 e ganhá-lo. Najdorf acredita que o adversário não a verá; em outras palavras: acreditava que ganharia com qualquer coisa. Iliesco, sem pressa, dá a casa e2 para seu cavalo de d4, jogando: } 14. e3 Bg4 {As negras compreendem que não podem ganhar o cavalo, porém voltam a jogar "qualquer coisa", já que, apesar de ameaçarem a torre de d1, convém ao branco que esta saia daí porque sua verdadeira intenção é dobrar as torres na coluna da dama (d1-d8), que está aberta e que lhe reportará a vitória. Najdorf está "dando corda" ao adversário, porém este joga tranqüilo. } 15. Rd2 Bf3 {Agora o negro se dá conta de que seu peão avançado em e4 é uma debilidade e trata de liquidar essa situação. Se as brancas quisessem, já poderiam ganhar um peão com 16.Cxf3,exf3. 17.Bxf3. Ademais, com esse bispo em f3 controlam todos os saltos do cavalo rei negro. Iliesco não o tomou porque pensou que havia outras coisas. Sem se apressar, fez o fiancheto de dama (com o bispo apoiado), preparando também (para depois) trazer a torre a d1. } 16. Bb2 c5

{Que se decida! Najdorf faz outra jogada psicológica. Pensou: "se antes não tomou Cxf3, tampouco o fará agora". E não se equivocou. Talvez Iliesco estivesse um pouco assustado, porém sua jogada é boa, já que cortará a ação do bispo negro em d1, permitindo colocar a outra torre ali. } 17. Nde2 g5 {Para impedir 18.Cf4, porém não era essa a intenção do branco, senão dobrar suas torres. } 18. Rad1 {! E já temos as duas torres muito bem colocadas na coluna aberta da dama. O negro continua sem dar-lhe importância porque tem controle sobre todas as casas dessa coluna, menos d6. Entretanto, o domínio desta coluna será decisivo. } 18... Rfe8 {Consolida seu peão de e4. } 19. Rd6 {As torres começam a atuar. Uma delas vai à única casa que podia, porém já ameaça o indefeso cavalo negro de b6. Terá que perder um tempo para retirá-lo. } 19... Nbd7 {Najdorf continua sem dar importância ao domínio da coluna da dama (d1-d8) e a seu adversário. Se tivesse pensado que as torres lhe molestariam, a jogada lógica teria sido 19....Cc8. Porém, já explicamos que ele acreditava que Iliesco não saberia aproveitar isso. Mas aqui é onde seu rival começa a jogar bem. } 20. Nd5 {! Parece que entrega uma torre. } 20... Nxd5 {Se tivesse tomado a torre com 20...Dxd6 seguiria 21.Cxf6+ ganhando a dama. O domínio

da coluna já "dá coceira" no mestre, que trata de destruir essas ameaças. Observemos, de passagem, que o domínio da casa d5, principal objetivo desta abertura, ficou em poder do branco. Então: } 21. R1xd5 Ne5 {Vemos que a situação se torna melhor para o branco, porém esse cavalo negro ameaça posicionar-se em pontos fortes. Iliesco não tem dúvida em trocar um bispo por um cavalo. A POSIÇÃO É FECHADA E, POR TANTO, OS CAVALOS VALEM MAIS QUE OS BISPOS. } 22. Bxe5 Bxe5 23. Rd7 {As brancas obtiveram o máximo de suas aspirações: colocar uma torre na sétima. QUANDO AS TORRES DOBRADAS DOMINAM UMA COLUNA E UMA DELAS CONSEGUE ENTRAR NA SÉTIMA LINHA, SAINDO LOGO PARA UM LADO (SE FOR POSSÍVEL TOMANDO UM PEÃO) PARA QUE A OUTRA TORRE VÁ TAMBÉM À SÉTIMA LINHA, É QUASE CERTO QUE "ESTÁ LIQUIDADA A FATURA". Iliesco conseguiu grande parte de seu objetivo. } 23... Qe6 24. Nc3 {Com isso, o branco prepara a centralização de seu cavalo nessa casa, logo depois que tenha tirado a torre de d5 . As brancas estão jogando com mais conceito do que as negras. Ademais estão ameaçando o famoso peão de e4 do negro. Há que defendê-lo. } 24... f5 {QUANDO SE MOVE ALGUM DOS PEÕES QUE DEFENDEM O ROQUE, AS TORRES NA SÉTIMA LINHA JOGAM UMA "BARBARIDADE". A partida (para o negro) é difícil de sustentar. Pode-se afirmar que está em posição perdida. Iliesco trata agora de levar também a outra torre à sétima linha e faz: } 25. Rxb7 {Ganha um peão. } 25... Rad8

{Najdorf compreende que não pode deixar as duas torres entrarem na sétima linha e somente agora trata de disputar o domínio da coluna da dama (d1-d8). Deu-se conta muito tarde. O domínio dessa coluna já deu ao branco clara superioridade. } 26. Qd2 {Mantém a torre e faz uma pequena cilada. } 26... Rxd5 {Se 26...Bxc3 27.Dxc3 e eis aqui a cilada. Parece que se perde uma torre com 27...Txd5, porém segue 28.Dg7#. } 27. Nxd5 {Este cavalo já está centralizado. Somente isso (já o sabemos) basta para ganhar aqui. A partida está estrategicamente decidida. Em vista disso, e para não perder o costume, Najdorf continua "buscando lances": } 27... f4 {Este lance é um pouco melhor do que os outros, porém não é suficiente. O que ameaça? É um pouco difícil de ver, porém certamente que um jogador como Iliesco o verá. } 28. exf4 {Por exemplo: se o branco tivesse feito uma jogada indiferente, como poderia ser 28.Dc2 ou qualquer outra, seguiria: 28...Bxg2 29.Rxg2 f3+ e se 30.Rg1 ( É melhor 30.Rf1 Dh3+ 31.Re1 Dxh2 e o rei escapa e não é mate, ainda que a situação é comprometida.) 30...Dh3 e mate na outra com Dg2++. } 28... gxf4 29. Nxf4 {Não é bom 29.gxf4 devido a 29...Dg4 e se 30.Rf1 ( porém a 30.Ce3 Dxf4 etc.) 30...Dxg2+ e mate em seguida. O negro joga com a esperança de que o outro se equivoque ao tomar. Com tudo isso, as brancas ganharam dois peões e há um terceiro na mira, que é o

famoso peão avançado de e3. Já desesperado, Najdorf procura um lance da "cartola". Apesar de que sua dama está atacada joga: } 29... e3 {Isto é como se atirar na água sem saber nadar. Perdido por perdido, tenta fazer com que o outro se equivoque e tenta "pescar em mar revolto". Com esse peão, que foi um dos seus problemas, ataca a dama contrária e, ao mesmo tempo, seu bispo de f3 ataca a torre branca. } 30. Qxe3 {Se 30.Cxe6 exd2 e logo tratará de coroar. Porém tudo isso é aparente; tudo está "no ar" e somente pode acontecer um desastre se Iliesco se equivocar ao tomar. } 30... Bxf4 {Outra vez busca que seu adversário se equivoque nas tomadas, porém as brancas simplificam: } 31. Qxe6+ Rxe6 32. Bxf3 {As brancas podiam escolher um dos dois bispos. Porém, se tivessem feito 32.gxf4 perdiam irremissivelmente com 32...Tg6 ( Outra variante seria 32...Te1+ 33.Bf1 Bxb7 ganhando uma torre limpa.) 33.Rf1 Bxg2+ 34.Re2 Bxb7. } 32... Re1+ 33. Kg2 Bc1 {Ataca um peão. } 34. Ra7 {Ataca outro peão. } 34... Bxa3 35. Rxa6 {Ficam 1 a 1. } 35... Bb2 {QUANDO SE CHEGA A UM FINAL DE BISPOS DE CORES OPOSTAS, CONVÉM CONSERVAR AS TORRES PARA PODER GANHAR. } 36. Ra7 {Para imobilizar o rei. } 36... Bd4 {As negras tentarão "travar" o peão de f2 com este bispo e com sua torre. }

37. Bd5+ Kh8 {Era necessário ir com o rei a h8 para não perder o peão de h7. } 38. Rf7 {Defende o peão de f2. } 38... Rb1 {? Tenta ganhar o peão de b3, sem advertir que coloca mal sua torre, em casa branca, que o bispo contrário dominará. Iliesco responde energicamente: } 39. Rxh7+ {e as negras abandonam. É claro que se continuasse: 39...Rxh7 viria 40.Be4+ Rh6 41.Bxb1 e a vantagem de peões é mais do que suficiente. COMENTÁRIO: Vimos como, afinal, o "aficionado" consegue vencer o "mestre". Como pode ser isso? Devido à "corda" que lhe deu o mestre, permitindo que se apoderasse da coluna da dama aberta, o que motivou uma superioridade posicional que fui se materializando em peões de vantagem até chegar a um final com quatro peões a mais. Entre jogadores da mesma categoria, caso se possa ter as torres dobradas na coluna da dama (aberta), a partida se decide de forma muito mais fácil. SE UM "AFICIONADO" PODE VENCER UM MESTRE PELO DOMÍNIO DESSA COLUNA, COM MAIOR RAZÃO OCORRERÁ ENTRE DOIS DE FORÇAS EQUILIBRADAS. Bom, amigos leitores desta pagina, finalizamos esta interessante lição. Espero que, a esta altura, seu nível de jogo tenha melhorado; que é meu objetivo e minha maior satisfação. Até a próxima lição. Prof. Erich González E-mail: [email protected] <mailto:[email protected]> TRANSCRIÇÃO Pelo Professor ERICH GONZALEZ, na Cidade de Maracaibo, Estado Zulia,

Venezuela, das LIÇÕES DO Dr RAFAEL BENSADÓN, EM APONTAMENTOS TOMADOS PELO ALUNO ERNESTO CARRANZA. (Tradução: Anderson de Jesus)} 1-0 [Event "DEBILIDADE DO ROQUE"] [Site "?"] [Date "????.??.??"] [Round "?"] [White "LICAO 18"] [Black "?"] [Result "1-0"] {Debilidades do roque Prezados amigos leitores desta página. Minhas saudações e respeitos. De novo com vocês, com a lição 18. LIÇÃO 18 - DEBILIDADES DO ROQUE Vamos ver um tema muito importante, que se vê em todas as partidas: as debilidades que se produzem no roque. Levaria muito tempo analisar tudo o que se refere a este tema. Por isso veremos o "que se possa". Sabemos que TODO ROQUE (PEQUENO) É BOM QUANDO TEM SEUS TRÊS PEÕES (PT, PC, PA) NA CASA INICIAL E UM CAVALO NA CASA f3 OU f6. Esta é a situação ideal, que nem sempre se pode ter porque as partidas de xadrez são muito cambiantes. No início, é possível ter essa situação ideal, porém, por necessidades da partida, pode ocorrer que o cavalo seja trocado por outra peça, ou seja expulso de f3 ou de f6, ou o levemos a outra casa etc. e então o roque se debilita. Outras vezes, se avançam os peões do roque: EM QUALQUER CASO, AINDA QUE SEJA OBRIGATÓRIO, AVANÇAR OS PEÕES DO

ROQUE É UMA DEBILIDADE. E já veremos como, por qualquer destas circunstâncias, o roque perde sua força. Porém, apesar de que estabeleçamos isto como uma lei, nem sempre se mantém a posição ideal e há mais: há jogadores que não sabem explorar essas debilidades. Às vezes, os aficionados nem mesmo sabem que é uma debilidade, nem sabem se existe. Para eles, o melhor é ver como os grandes mestres exploram essas posições e acostumar a visão para captar o plano, que pode ser o plano ganhador. A partida que lhes trago foi a sétima disputada pelo campeonato do mundo entre Alekhine e Bogoljubow, no ano de 1929. Nesse match, foram jogadas muitos tipos de aberturas, porém preferentemente o peão dama. BRANCAS: ALEKHINE NEGRAS: BOGOLJUBOW } 1. d4 Nf6 2. c4 g6 {O negro prepara um fiancheto de rei. Não é criticável isto, desde o ponto de vista posicional. Inclusive, é bem jogado hoje em dia. É bom, sobretudo quando o peão do rei não tenha sido movido. Porém, de acordo com o que acabamos de dizer sobre as debilidades do roque, vemos que há um motivo para explorar. Claro que nem sempre se pode aproveitar esta circunstância; é simplesmente uma idéia que poderia servir. Às vezes se pode explorar e outras vezes não. Porém, atentemos para esse detalhe que Alekhine nos ensinará nessa partida, como se deve proceder. Já dissemos que avançar os peões do roque significa certa debilidade, e

das três possibilidades de avanços de peões, esta é a situação mais forte. Avançando qualquer dos outros, o negro estaria em situação mais inferior do que no caso atual. } 3. g3 {O branco imita seu rival. Tudo o que acabamos de dizer também pode ser aplicado para o branco. } 3... c6 {Caracteriza a Defesa Grunfeld (se 4. Cc3; d5!), que encerra certo dinamismo para o negro. Quando Grunfeld criou sua defesa, foi desconsiderado porque os maestros dessa época acreditavam que não era suficiente, porém, hoje, volta a ser avaliada. Kasparov costuma jogá-la. É bastante boa, porém conhecendo-a bem. Ademais, ainda que as brancas não entrem nessa Defesa (como ocorreu na partida), a jogada 3...c6 é elástica, já que permite jogar o peão da dama a d6 ou d5, segundo convenha (e forma uma muralha de peões contra o fiancheto branco). } 4. Bg2 d5 {Sabemos que no Gambito de Dama normal as brancas podem permitir que seu rival tome o peão de c4 (d5xc4) porque sempre o recuperam. Porém, estando o bispo rei em g2, pode-se deixar esse peão sem defender e recuperá-lo? Sim, e em todos os casos se recupera. E mais: constitui uma "isca" porque o negro cairá na tentação de tomá-lo. Pode ser que não o faça na primeira oportunidade, porém na segunda ou na terceira não agüenta mais e o toma. A próxima jogada das brancas será: } 5. Nf3 Bg7

{Se jogam 5...dxc4 segue 6.Ce5 e as negras não tem jogada boa para manter esse peão avançado, dado que a 6...b5 vem 7.Cxc6 com ameaças à torre em a8. } 6. O-O O-O 7. Nc3 dxc4 {As negras morderam o anzol; não puderam resistir mais à tentação e tomaram o peão. Observemos que as negras são conduzidas por ninguém menos que Bogoljubow, que sabe perfeitamente tudo o que acabamos de dizer (e muito mais). Por enquanto não se vê claro se é possível defender ou não o peão avançado, por isso o negro tinha alguma razão, porém não o suficiente. } 8. Ne5 Be6 {Alekhine continuou seu jogo tranqüilamente, sem se preocupar em recuperar o peão. Vemos que: TUDO CONSISTE EM SABER VER AS DEBILIDADES DO CONTRÁRIO, QUE ÀS VEZES NÃO SE VÊEM PORQUE O JOGADOR NÃO TEM CONHECIMENTO PARA VÊ-LAS E EXPLORÁ-LAS. Alekhine pensou: se pudesse levar um peão a f5 atacaria o bispo mal colocado e ao mesmo tempo começaria a vulnerar o roque rival, porque (como já dissemos) o peão de g6 não é uma debilidade, porém.... poderia chegar a ser. Com essa idéia jogou previamente: } 9. e4 Nbd7 {Desenvolve.} 10. f4 {A ameaça é 11.f5 e como não é possível retirar o bispo as negras fazem uma manobra interessante: cravam o peão dama sobre o rei, pensando que se vem 11.f5 podem jogar Cxe5, com igualdade. Aparentemente, toda réplica tem contra-réplica. } 10... Qb6 {Porém, Alekhine não se assusta e faz não mais do que havia pensado: } 11. f5 {!

A primeira vista, parece que seu cavalo de e5 "está no ar" por ficar cravado o peão d4 e porque a 11....Cxe5 segue 12.dxe5, etc. Nisso pensou Bogoljubow, porém as coisas não são bem assim. A 11....Cxe5, as brancas respondem 12.Ca4! atacando a dama, cuja melhor jogada seria Dc7 e então o branco ganha uma peça com 13.dxe4, já que há duas peças negras ameaçadas e não se pode salvar ambas. Vemos, pois, que o que se queria evitar (11.f5!) não foi possível. Para desfazer um pouco esta desagradável posição, as negras respondem: } 11... gxf5 {E já temos o desaparecimento do peão de g6 do roque negro, abrindo-se a coluna. Ainda que não seja nada, estes detalhes dão lugar a uma série de pequenas coisas, até que chega um momento em que o jogador perde a partida "e não sabe por que perdeu". Dissemos que a melhor situação do roque é com seus três peões na casa inicial e aqui, apesar de haver desaparecido um deles, não se vê maior debilidade, por enquanto... } 12. exf5 Bd5 {Não seria bom, neste momento 12...Cxe5 devido a 13.Ca4! ganhando uma peça. O único lance possível é retirar o bispo. Uma rápida análise nos diz que a posição nesta partida tem tendência a ser aberta porque os peões não se bloqueiam no centro e isso significa que os bispos valerão muito mais do que os cavalos. Portanto, Alekhine não perde a oportunidade de trocar. } 13. Nxd5 cxd5 {Desdobrando. O cavalo negro de f6 está sobrecarregado, porque sabemos que tem a missão de defender o roque e, nesta partida,

também defende o outro cavalo de d7 e o peão de d5. O melhor é, então, desalojá-lo de sua situação de defensor. Outra debilidade para o roque. } 14. Nxd7 Nxd7 15. Bxd5 {Bem; já estão iguais em quantidade de peões, porém as negras ameaçam tomar o peão central com xeque (em d4). Também as brancas ameaçam o peão em c4. Nisso e situação é equilibrada, porém o branco tem o par de bispos (superior aos cavalos nesta posição) e o negro possui o roque debilitado. O branco tampouco tem o seu muito bem, porém não se vê a forma de explorá-lo. Há que buscá-la, e nisso se aprecia a garra do jogador. } 15... Rad8 {Entende que o peão de c4 não poderá ser defendido e que a torre na mesma coluna da dama ameaçará uma série de coisas que obrigará a um jogo cuidadoso. A posição é difícil e o melhor é escolher o peão que se deseja perder. Alekhine responde de forma simples e lógica: a dama contrária lhe molesta por estar na diagonal de seu rei; prefere entregar o peão de b2. Se 15...Bxd4+ vem 16.Rh1 Ce5 para defender o peão de c4 17.Dh5 com ataque forte e ganhador 17...Rh8 18.Tf4 h6 19.f6 etc. } 16. Be3 Qxb2 17. Bxc4 Nb6 {Até agora, há 5 peões para cada lado, porém já esclarecemos que o branco tem vantagens devido a seus bispos numa posição aberta. Ao sair o cavalo negro da coluna de dama, seria conveniente mover a dama branca dali. Porém, como o bispo de d4 também está ameaçado, não se pode perder tempo. } 18. Bb3 Rxd4

{! Aqui se faz sentir a força da torre na mesma coluna da dama. É boa idéia das negras porque buscam a troca de peças, com um peão a mais, que é muito importante porque pode ganhar a partida. Como isso não convém às brancas porque no final o peão a mais se fará sentir, devem complicar as coisas para ter chances. Como? Explorando a má posição do roque negro, ao qual falta um peão e não tem seu cavalo em f6. Aproveitando que a torre negra de d4 está ameaçada e terá que perder um tempo em movê-la fazem: } 19. Qh5 {Se 19.Bxd4 segue 19...Bxd4+ e a 20.Rh1 Dxa1 recuperando a qualidade, depois de haver ganho o peão central 21.Dxa1 Bxa1 22.Txa1. De passagem, diremos de novo que se o cavalo negro estivesse em f6 não seria possível levar a dama a h5. As negras devem mover sua torre e jogam: } 19... Re4 {As negras consideraram que isto era o melhor porque, ao tempo em que retiram sua torre, fazem-no ameaçando o bispo indefeso. Na verdade, a posição é difícil, porém Alekhine a resolve por seu conceito da debilidade do roque. } 20. f6 {Com que idéia? É um pouco oculta: trata-se de ameaçar o ponto e7, para dar mate, baseado sempre na debilidade do roque. Bogoljubow acreditou que a verdade era outra; e cometeu um erro. } 20... Rxe3 {? Se 20...exf6, que seria o melhor, as brancas possivelmente teriam seguido 21.Df5 para

logo "montar a maquina" colocando seu bispo em c2, e como o negro não domina as casas brancas, seria muito difícil se defender. Esta é uma partida pelo Campeonato do mundo e vemos que até os grandes mestres cometem erros. Enfim: TODOS COMETEMOS ERROS. Bogoljubow não estava tão desacertado, porém não viu a continuação: } 21. Qg5 {Ameaça dar mate ou tomar a torre, ganhando, pelo menos, a qualidade. Ante tal dilema, já que vai perder sua torre, Bogoljubow prefere entregá-la tomando um peão: } 21... Rxg3+ 22. Qxg3 exf6 {Balanço: há qualidade a favor das brancas, porém o negro tem 5 peões contra 2. Materialmente a partida está mais ou menos compensada, porém o bispo negro está encerrado e seu roque muito debilitado. O roque branco tampouco está bem, porém é difícil atacá-lo. } 23. Rad1 {Retira a torre do "assédio" da dama contrária e prepara um ataque à base de Tf4 e logo Tg4, pressionando sempre sobre o fraco roque negro. } 23... Kh8 {Este movimento é defensivo e ofensivo porque tira o rei da pressão da dama e ameaça levar a torre a g8, em cuja coluna estão a dama e o rei brancos. É conveniente escapar a esta pressão. } 24. Kh1 Bh6 {Com isso, o negro prepara 25....Tg8 e, se o desejam, podem dar "um susto" em g2, combinando a ação da torre e da dama. Há que jogar bem. Como? BUSCANDO OS PONTOS FRACOS DO CONTRÁRIO E "TRABALHANDO-OS". Pelo

momento, o peão de f6 dobrado já é débil e pode ser atacado. } 25. Qd6 Bg7 {Volta a defender o peão e a torre; } 26. Qe7 {Agora se exploram outros pontos débeis: o peão de b7 negro e também (com o B) o peão de f7. Com isto, se mantém a iniciativa. Como não se pode defender os dois peões ao mesmo tempo, as negras buscam a troca de damas, que Alekhine recusará: } 26... Qe5 27. Qxb7 f5 {Observemos que o cavalo negro tem todos seus saltos mais importantes tomados pelo bispo contrário. As negras desistem da defesa do peão de a7 e tratam de organizar um ataque à base da "entrada" de seu bispo (que também está inativo) para ver se em união com a dama poderia ameaçar a casa h2 do branco. Porém criaram outro ponto débil: o peão que acaba de avançar e que por estar em casa branca não poderá ser sustentado. As brancas ganham tempo: } 28. Rde1 Qf6 29. Qf3 {O peão negro de f5 esta perdido. Bogoljubow volta a propor a troca de damas. } 29... Qc3 30. Qxf5 Nc8 {As negras se cansaram de ter inativo seu cavalo e tratam de fazê-lo entrar em jogo. É tarde, porque as brancas podem "montar a máquina" que resultará muito forte, dado que toma as casas brancas e seu rival só domina as casas negras. Vemos também como: A MÁ SITUAÇÃO DO ROQUE DÁ LUGAR A QUE SE PASSE DE UMA DEBILIDADE A OUTRA , ATÉ QUE A POSIÇÃO SE FAZ CRÍTICA. } 31. Bc2

{Ameaça mate "seco", e já está montada a máquina colocando o negro ante o grave problema: como defende o mate? Observemos que a única peça que pode fazê-lo é a dama negra, porém esta não pode, em um só movimento, "correr" em auxilio à casa h7. Surge então, com clareza, que a única jogada possível é dar um xeque com a dama em c6, para depois levá-la ao flanco rei, em h6 ou em g6. E assim faz: } 31... Qc6+ 32. Rf3 {Contra o que se esperava, Alekhine não move seu rei, nem cobre com o bispo, senão que cobre com uma torre, que logo poderá levar a h3 e seguir ameaçando o mate. Como não é possível fazer Dh6 devido a esta ameaça, as negras a levam a g6, propondo novamente uma troca de damas. } 32... Qg6 {Existe uma qualidade de vantagem para as brancas, porém o negro tem três peões contra dois. A troca de damas convém porque as negras não poderão retomar com o peão de f7 devido a TxT+ e se BxT, fazem Te8 ganhando uma das duas peças. E se retomam com o peão de h7, como ocorreu na partida.... logo veremos que há algo parecido: } 33. Qxg6 hxg6 34. Bxg6 {Um brilhantismo que tem sua razão de ser. Se as negras tomam 34....fxg6, vem algo parecido ao que acabamos de estudar: 35. TxT+, BxT e 36.Te8, recuperando uma peça e ficando com qualidade a mais e igualdade de peões. Para evitar isso, as negras levam seu rei em defesa da torre, porém não é suficiente, porque o branco segue "sacrificando". } 34... Kg8 35. Bxf7+

{E as negras abandonam. É evidente que se tomam: 35...Txf7 vem 36.Te8+ Tf8 37.Tfxf8+ Bxf8 38.Txc8 e como agora o rei negro deve se livrar da cravada, viria 38...Rg7 39.Tc7+ rei move e 39...Rg6 40.Txa7 chegando-se a um final em que o branco tem 2 peões e qualidade a mais. Bom, amigo leitores de esta pagina, VIMOS AO QUE CONDUZEM AS DEBILIDADES DO ROQUE. O DIFÍCIL ESTÁ EM VER ESSAS DEBILIDADES E SABER EXPLORÁ-LAS. Não se pode pretender que um aficionado as veja em seguida. Dou-lhe um conselho: há que acostumar o olho e, acostumando a vista.....pode-se pegar a bala. Bom, é tudo por enquanto. Até a próxima lição. Prof. Erich González E-mail: [email protected] <mailto:[email protected]> TRANSCRIÇÃO Pelo Professor ERICH GONZALEZ, na Cidade de Maracaibo, Estado Zulia, Venezuela, das LIÇÕES DO Dr RAFAEL BENSADÓN, EM APONTAMENTOS TOMADOS PELO ALUNO ERNESTO CARRANZA. (Tradução: Anderson de Jesus)} 1-0 [Event "O DOMÍNIO DA COLUNA DO BISPO DAMA"] [Date "??.??.??"] [White "LIÇÃO 19"] [Black "?"] [Result "1-0"] [Site "?"] [Round "?"] 1. c4 {Estimados amigos enxadristas leitores desta página. Muito obrigado por seus e-mails.

Continuemos com as lições e obrigado por suas opiniões sobre Maestro-Aficionado. LIÇÃO 19: O DOMÍNIO DA COLUNA DO BISPO DAMA. Vimos em uma lição passada (Lição 17) a importância que tinha o domínio da coluna da dama. Hoje seguiremos estudando o domínio, porém da coluna bispo dama, que é mais importante, dado que resulta difícil que se abra a coluna da dama, enquanto que é muito mais fácil que se possa abrir a coluna bispo dama (c1 - c8). Quando a coluna da dama se abre, já sabemos que o melhor é tomá-la com uma torre, e se fosse possível, dobrar ali as duas torres. Para a coluna de bispo dama se procede da mesma maneira. Hoje veremos um caso especial. Trata-se de uma partida do torneio de Barcelona, jogada entre o ex-campeão mundial José Raúl Capablanca e o mestre Colle. É uma partida linda, nítida e precisa, como são a maioria das partidas de Capablanca. O grande mestre Cubano tinha essa precisão para escolher, dentre várias jogadas a realizar, a mais simples, a mais clara e a que lhe dava maior vantagem posicional. Estudando suas partidas, pode-se aprender muitas coisas. Na partida de hoje, veremos que Capablanca observa, desde os primeiros movimentos, que se abrirá a coluna bispo dama (c1 - c8) e a toma, domina-a, e apenas isso lhe dá a superioridade que decide a partida com bastante rapidez e simplicidade. Nesta partida, foi jogada a Abertura Inglesa. Antes de seguir adiante, vamos dizer que essa abertura tem por objeto transformar a posição em uma espécie de Defesa Siciliana -porém com as brancas.

Rapidamente compreendemos que se a Defesa Siciliana é factível de ser jogada com as negras, com maior razão se poderá jogar com as brancas, que levam um tempo de vantagem. Se é boa para as negras, também o será para as brancas, e muito mais por um detalhe que em seguida veremos. A Defesa Siciliana consiste em: 1.e4,c5. 2.Cf3,Cc6. 3.d4,cxd4. 4.Cxd4 e então as negras estão forçadas a jogar: 4....Cf6, e não 4...d6 que seria a lógica, porque se fizessem esta última as brancas aproveitariam esse tempo para responder 5.c4!, dominado o ponto d5, o que será muito forte. Como disse, as negras devem jogar 4....Cf6 e as brancas, para defender seu peão de rei, deverão fazer 5.Cc3 com o que impedem o avanço do peão do bispo dama, que seria uma jogada ideal. Na abertura inglesa, como as brancas levam um tempo a mais, podem ter suas peças na mesma posição que as negras na Defesa Siciliana, porém dando-se ao luxo de ter seu peão do bispo dama na quarta casa (c4), com o que controlam o ponto d5. Ademais, com o primeiro movimento da Abertura Inglesa, as brancas não mostram seu plano, dado que podem escolher vários caminhos, e entre outros podem escolher por jogar um vulgar Gambito de Dama. ABERTURA INGLESA BRANCAS: J. R. CAPABLANCA NEGRAS: COLLE} 1... Nf6 {Tampouco mostra seu plano.} 2. Nf3 c5 {Escolhe a simetria.} 3. Nc3 Nc6 {Continua a simetria. } 4. d4 {Provoca a troca de peões e ameaça d5. Caso se troque os peões, se produz o mesmo que na

Siciliana, porém com um tempo a mais. Assim foi: } 4... cxd4 5. Nxd4 {E já temos a mesma posição que na Defesa Siciliana, porém com a diferença muito importante de que as brancas fizeram c5, jogada de Maroczy. } 5... Nxd4 {Jogada arriscada. Sabemos que nesta mesma posição da Defesa Siciliana não é conveniente trocar os cavalos porque as brancas retomam com a dama e ficam em uma boa posição central. Observem que não digo "centralizada" porque pode ser expulsa dali. Não obstante, a dama permanecerá longo tempo nessa posição central. Quando existe o Cavalo Dama negro colocado, a dama contrária no centro é uma jogada fraca, porém agora não. Essa dama estará muito bem ali e permite contra-chances e combinações. Convenhamos que para tirar esse cavalo do meio do tabuleiro tampouco teria sido bom: 5...e5 devido a 6.Cdb5 e se 6...a6 7.Cd6+ Bxd6 8.Dxd6. Não vale a pena efetuar esta troca porque o negro deixará de controlar as casas negras, o que pode ser devidamente aproveitado pelo rival, que possui o bispo dessa cor. Por isso Colle preferiu trocar os cavalos e logo tentar desalojar a dama do centro com um fiancheto de rei. } 6. Qxd4 g6 7. e4 {Vemos que o branco domina com 4 peças a casa d5, pelo que será difícil tirar-lhe essa posição. Isso, nas mãos de Capablanca tem que dar seu fruto. } 7... d6 {Era necessário para impedir e5. A abertura Inglesa leva a uma posição exatamente igual

a da Defesa Siciliana, portanto o plano a seguir é o mesmo; os movimentos são os mesmas: } 8. Be3 Bg7 {O cavalo negro poderia saltar (mais adiante) a g4. Por conseguinte, trata-se de impedir esse salto com outra jogada que também se faz na Siciliana: } 9. f3 Qa5 {Crava o cavalo.} 10. Qd2 {Descrava.} 10... a6 {Capablanca se "ganhou saúde" ao tirar sua dama da ameaça indireta do bispo fianchetado, ao mesmo tempo em que, com seu bispo, domina a diagonal que vai até h6, e caso se veja apurado tratará de trocar os bispos nessa casa. Talvez as negras fizessem melhor se tivessem jogado: 10...0-0 porém preferiram evitar um possível salto de cavalo a b5, forçando a trocar as damas, para logo dar um "duplo" no rei e na torre de c7. } 11. Be2 Be6 {Isto se vê em outras partidas com a Defesa Siciliana, quando o outro bispo se desenvolve por fiancheto. } 12. Rc1 {! Aqui já se vê a idéia de Capablanca, que tem a intenção de abrir a coluna bispo dama (c1 - c8), e desde já prepara sua ocupação. Por que razão supõe que se abrirá essa linha? Vejamos: se o negro roca (e deve ser roque pequeno somente) como logo o fará (e o branco imitará), vai deixar um ponto sem defesa: o peão de e7, e então com um salto de cavalo a d5 se propõe a troca de damas ao mesmo tempo em que se ameaça esse peão. Se o cavalo ou o bispo negro tomam esse cavalo,

retoma-se com o peão de c5, abrindo-se a coluna e a torre que está em c1 "começa a funcionar". Por isso, colocar a torre dama em d1 seria um contra-senso porque essa coluna permanecerá fechada por um longo tempo. Ademais, ao mover a torre se sai de uma possível ameaça do bispo fianchetado. A idéia de mover a torre não só é preventiva, senão também curativa. } 12... Rc8 {Ataca o peão de c5 e disputará a coluna.} 13. b3 {Defende o peão de c5.} 13... Nd7 {Ameaça duplamente o cavalo. O branco joga tranqüilamente. } 14. O-O O-O {E já temos a posição que Capablanca havia previsto, com a debilidade da casa e7. Não deve perder-se a oportunidade de fazer: } 15. Nd5 {! E não deve perder-se essa oportunidade por varias razões: primeiro: Porque colocamos o cavalo em uma posição central. Segundo: Porque se apossa de um ponto forte como é a casa d5. Terceiro: Porque pressiona um ponto fraco do contrário, que é o peão de e7. Quarto: Porque se as negras trocam a dama, ganha-se um peão (15....Dxd2. 16.Cxe7+,Rh7 e 17.Bxd2). Quinto: Porque se a dama se retira e logo as negras fazem Bxd5, se haverá ganho na troca, uma vez que se abrirá a coluna bispo dama, que o branco se propôs a dominar. Capablanca, com essa simplicidade característica, vê a pequena vantagem e trata de explorá-la. Entre parênteses direi que, a meu juízo, é a melhor maneira de se jogar porque não se arrisca nada, o que significa que, no pior dos casos, pode-se

conseguir o empate. E se o contrário começa a fazer jogadas duvidosas, então "se lhe corta a cabeça". A única jogada "possível" do negro é: } 15... Qd8 {Defende tudo. Vemos também como um ponto forte (a casa d5 que o branco controla claramente) obrigou o adversário a perder dois tempos com a dama. Novamente Capablanca observa que seu rival tem outro ponto fraco: o peão de b7, e se lhe ocorre a jogada mais simples: } 16. Qb4 {Não se pode defender o peão, avançando-o, porque o branco o ganharia sempre. Tampouco se pode jogar Tc7 porque o cavalo domina essa casa. Nem é possível Tb1 por Ba7, etc. Nem serve Cc5 por Bxc5, etc. E em todas as variantes as brancas ganham o peão. Não sendo possível a "defesa direta", há que fazer uma jogada indireta, como poderia ser "matar" um dos dois atacantes. } 16... Bxd5 17. cxd5 {Foi aberta a coluna do bispo dama (c1 c8), tema desta lição. Veremos como Capablanca a explora. } 17... Rxc1 18. Rxc1 Qb8 {Por fim as negras podem sustentar seu peão de b7, enquanto vigiam a casa c7, principal objetivo da torre branca. As trocas que acabamos de ver foram obrigados para poder defender o peão atacado, porém com isso as brancas conseguiram dominar a coluna bispo dama (c1 - c8). Em realidade, ainda não a dominam de todo porque não controlam as casas principais (sétima e oitava) e porque o negro está ameaçando 19.Tc8, forçando a

troca de torres. QUANDO JÁ SE TROCOU UMA DAS TORRES E O CONTRÁRIO AMEAÇA TROCAR A OUTRA, HÁ UMA FORMA DE EVITÁ-LO E FICAR COM O DOMÍNIO DA COLUNA ABERTA: COLOCA-SE A DAMA COMO SE FOSSE OUTRA TORRE. Assim se faz: } 19. Qc4 {A coluna já ficou em poder do branco. O que se ganha com isso? O domínio da sétima casa, que seu rival não poderá controlar mais, pelo que se ameaça: 20.Dc7,Dxc7 e 21.Txc7, ganhando, no mínimo, um peão e colocando a torre em sua posição ideal. Se agora respondessem: 19.....Cc5, 20.Bxc5,dxc5 e 21.Dxc5, com o ganho de um peão e a mesma ameaça explicada. Restariam bispos de cores opostas, o que daria ao negro uma remota possibilidade de empate, ainda que nem tanta como a gente vulgarmente acredita. As negras fazem agora uma jogada inocente, dessa que jogam os noviços quando não sabem o que fazer: } 19... Bb2 {Ataca a torre.} 20. Qc2 {Contraataca.} 20... Bf6 {O bispo negro teve que se retirar e preferiu ir para onde defenderá um de seus pontos fracos: o peão de e7. Percebe-se que o negro poderia jogar Ce5, que mesmo não estando "centralizado", porque logo o peão o expulsaria, poderia apoderar-se de casas fortes. O branco lhe tira essa possibilidade. } 21. f4 Rd8 {As negras não sabem o que fazer. Essa jogada não tem objetivo. Vemos novamente como o branco, sem haver ganho nada, sem haver ameaçado mate, sem fazer sacrifícios, sem combinações brilhantes, nem nada do

estilo, pouco a pouco vai encurralando seu adversário. É QUE AS PARTIDAS DE CAPABLANCA SÃO DE UMA SIMPLICIDADE "APLASTANTE". Agora buscará a troca de damas, que seu rival não pode aceitar, porque a torre entra na sétima linha. } 22. Qc7 Qa8 {Triste posição para uma dama! Havendo no tabuleiro tantas boas casas para colocar eficientemente uma dama, esta pobre peça negra teve que confinar-se em um rincão, sem esperanças de intervir no curso da luta. Bem, as negras aparentemente não estão em tão má posição. Tem tudo defendido, cada uma de suas peças está apoiada por outra e, em verdade, resulta difícil continuar o ataque. O que se poderia fazer? Há que pensar e ser engenhoso. Por exemplo: o cavalo negro tem seus saltos para frente controlados e está defendido só pela torre e atacado pela dama. Se o atacássemos outra vez, teria que se retirar para a casa f8, dando lugar ao avanço e5. E se dxe5 segue fxd5, o bispo negro sai e cai o peão de e7, que continua sendo o ponto vulnerável das negras. A jogada é: } 23. Bg4 Nc5 {O negro se decide. Perde um peão, mas busca um final com bispos de cores opostas. Podese fazer 24.Bxc5, dxc5 e 25.Dxc5, ganhando um peão, porém Capablanca não se iludo. Raciocina: o cavalo está sustentado somente por seu peão de d7. Quer dizer que se avançássemos o peão de e4 a e5, este não poderia ser tomado (porque cai o cavalo) e então o bispo negro deverá retroceder porque se vai a h4 pode-se fazer tranqüilamente g3. Se o bispo vai para trás, perde-se o peão de

e7, que como vemos está condenado a morrer. E sempre haverá tempo para jogar Bxc5 ganhando outro peão. } 24. e5 Bg7 25. Qxe7 {O negro está atado. Se move a torre, desaparece a defesa do peão de d6, que sustenta o cavalo; este pouco pode fazer; sua dama está confinada em um rincão; seu bispo não tem lance útil; enfim, suas peças estão "embotelladas". Diante de tal situação, trata de ganhar espaço, expulsando um dos atacantes. } 25... h5 {O bispo poderia se retirar porque a partida está decidida. Com um peão de vantagem e o par de bispos, as brancas tem a vitória em suas mão. Porém ERA ELEGANTE A FORMA COMO CAPABLANCA ARREMATAVA SUAS PARTIDAS: } 26. e6 {Entrega o bispo, porém calculou toda a continuação. Porque se as negras tomam o bispo, abrem a coluna da torre (h1 - h8), que será de suma importância. E se tomam 26.fxe6, as contestações são claras. Nesse dilema, o negro se decide a "morrer com a barriga cheia" e joga. } 26... hxg4 27. exf7+ Kh7 28. Qh4+ Bh6 {Forçado. } 29. f5 g5 {Novamente forçado. Se 29...gxf5 30.Dxh6#.} 30. Bxg5 Kg7 31. Qxh6+ {e as negras abandonam. Em todas as continuações há mate. Se 31...Rxf7 (única) 32.Dh7+ Re8 [ Se 32...Rf8 33.Bh6+ Re8 34.Te2+ Ce6 35.Txe6#] 33.De7# EM RESUMO: MANTER O DOMÍNIO DA COLUNA BISPO DAMA (c1 - c8) É DE SUMA IMPORTÂNCIA. Vimos claramente as vantagens que se pode obter sabendo explorar essa coluna.

Muitos leitores desta página me pedem partidas dos jogadores ativos do momento e eu lhes mostro partidas de Alekine e de Capablanca porque, apesar de que agora os jogadores tem desenvolvida uma alta técnica enxadrista graças à tecnologia moderna, as partidas de Capablanca, Nimzovitsch, Euwe, Bogoljubow, Alekine. etc., ensinam. Digo-lhes, aquele que sabe desentranhar a rameira "pesca" coisas muito lindas em suas partidas. Vocês vêem como seus sistemas são simples, e isso é o bom e o difícil nas partidas de xadrez. Bem, prezados leitores, finalizamos esta lição. Agora está pendente a segunda partida Maestro Vs Aficionado. E de novo lhes digo: viva a Revolução Bolivariana de meu País, Venezuela. Até breve. Prof. Erich González E-mail: [email protected] <mailto:[email protected]> TRANSCRIÇÃO Pelo Professor ERICH GONZALEZ, na Cidade de Maracaibo, Estado Zulia, Venezuela, das LIÇÕES DO Dr RAFAEL BENSADÓN, EM APONTAMENTOS TOMADOS PELO ALUNO ERNESTO CARRANZA. (Tradução: Anderson de Jesus)} 1-0 [Event "COMO PROVOCAR DEBILIDADES NO ROQUE "] [Site "?"] [Date "????.03.26"] [Round "?"] [White "CLASE 20"] [Black "?"] [Result "1-0"] [ECO "A00"]

[Annotator "Prof. Erich Gonzalez"] [PlyCount "67"] {Como provocar debilidades no roque Prezados amigos, leitores desta pagina. E uma honra para mim fazer-lhes chegar estas licoes, em contraposicao ao egoismo que se aferra em muitos mestres, que temem revelar os segredos de seu jogo porque lhe custou muito tempo de dedicacao e estudo. Sao meus deveres e assim os entendo, como professor Universitario e Bolivariano desta grandiosa patria, minha querida Venezuela. LICAO 20 COMO PROVOCAR DEBILIDADES NO ROQUE Vamos continuar com o tema das debilidades do roque, porem esta vez estudaremos outro tipo de partida, diferente da que vimos na licao anterior (Licao 18). Naquela licao as negras fizeram um fiancheto de rei, o que ja e um germe de debilidade (pelo avanco do peao de g7 a g6), o que foi aproveitado pelo contrario, que ganhou em grande forma. A partida desta licao e de outro tipo: as brancas "PROVOCAM" O DEBILITAMENTO DO ROQUE CONTRARIO, para logo aproveita-lo devidamente. E o fazem com uma ideia que se usa em 99% dos casos: COM AMEACAS DIRETAS AO ROQUE. Este tema e importante, e me detenho nele porque as ideias que agora veremos podem ser usadas em muitas partidas. Trata-se do encontro entre Andres Steiner (irmao de Lajos Steiner) com essa gloria do xadrez, Savielly Tartakower, no torneio de Budapest. Essa partida foi vencida

por Steiner e isso so nos faz ver que Tartakower perdeu para um jogador evidentemente inferior a ele e tera sido por alguma. O grande mestre Polaco nao era homem de cometer erros grosseiros, nem de fazer coisas raras, nem de "tirar-se" lances. Entao, repito, se Tartakower perdeu, tera sido por "algo". Isso e o que veremos em seguida. Defesa Francesa BRANCAS: A. STEINER NEGRAS: S. TARTAKOWER} 1. e4 e6 {Ja esta estabelecida a Defesa Francesa. Esta linha de jogo e feita com a ideia de atrasar o peao do rei negro para logo poder jogar d5. Pessoalmente, nao sou partidario desta defesa, nao me agrada. E nao me agrada por varias razoes. Uma delas e que o negro encerra voluntariamente seu bispo de c8 por longo tempo, enquanto as brancas podem jogar (mais adiante) Bd3, atacando fortemente o ponto h7, onde estara rocado o rei negro. A outra razao e que as negras devem se defender durante as primeiras "50 jogadas", e se a partida passa desse numero de movimentos, entao a posicao e solida. Porem assegurar que uma partida vai durar mais de 50 jogadas e uma temeridade, e estar 50 jogadas defendendo-se continuamente e uma asneira. Tartakower era amante desta defesa, porem, nesta partida, levou uma surpresa porque seu rival nao seguiu com a jogada vulgar 2.d4, senao que fez outra que pressiona fortemente a casa d5, onde deve produzir-se a crise. } 2. c4 $1 d5

{Sem se perturbar, Tartakower segue com o normal, porem tambem o faz com logica, porque em caso de produzirse a troca de peoes no centro (por exemplo 3.cxd5,exd5; 4.exd5 e Dxd5), as brancas deverao jogar a partida com seu peao em d5 isolado. Porem, o que Tartakower esperava nao se produziu. O branco trazia uma arma debaixo da manga e em seguida a esgrimiu:} 3. cxd5 exd5 4. Qa4+ $1 {Diante deste desusado xeque, evidentemente nao deve mover-se o rei, senao tapar. Como? pode ser na casa c6 ou em d7.} 4... Bd7 {Tapando o xeque, com Bd7, o negro ataca a dama e, portanto, defende indiretamente seu peao de d5. Porem, aparentemente, o branco trazia estas variantes muito bem estudadas. Fez:} ( {Se} 4... Nc6 {segue} 5. exd5 Qxd5 6. Nc3 {com bom desenvolvimento para o branco, que ganha um tempo enquanto ataca a dama.}) ( {Se} 4... c6 { segue tambem} 5. exd5 Qxd5 6. Nc3 {ou seja, mais o menos o mesmo.}) ({Fazer} 4... Nd7 {seria muito ruim porque obstrui a acao de sua dama e de seu bispo e o branco ganha um peao.}) ( {Se} 4... Qd7 {as brancas ganham um tempo com} 5. Nc3 {e se} ({ou talvez} 5. Qd4 Nc6 6. Qxd5) 5... Nc6 6. Nxd5) 5. Qb3 {

Parece que entrega o peao de e4, porem nao e assim porque o recupera em seguida e pode ganhar outro.} 5... Bc6 {Com a jogada 5....Bc6, as negras preferiram defender-se e ameacam 6....dxe4, porem o branco nao se assusta, ja que esse peao nao pode ser tomado devido a 7.Bc4, pressionando em f7 com xeque e destruindo o roque. Porem, como as negras poderiam defende-lo com Ch6, as brancas cortam-lhe essa possibilidade jogando:} ( {Se} 5... dxe4 6. Bc4 { com forte ataque sobre o peao de f7 e o de b7.}) 6. d4 Nf6 {De tudo o que foi exposto podemos deduzir que nao se pode tomar o peao branco de e4 e que a posicao e ruim para o negro, dado que agora se ameaca com a jogada 7.e5, e chegamos a conclusao do que expus no inicio: NA DEFESA FRANCESA, O DESENVOLVIMENTO DO BISPO DAMA PARA AS NEGRAS E UM PROBLEMA. Para se desenvolver e atacar um pouco o peao do rei branco, Tartakower cometeu outro erro.} ( {Se} 6... Nh6 {viria} 7. Bxh6 {tirando a defesa do peao de f7.}) ( { Em caso de} 6... dxe4 {segue} 7. Bc4 {ao que se podia jogar unicamente:} 7... Qe7 {vem} ({ou} 7... Qd7) 8. d5 {o bispo sai} 8... Bd7 ({E muito melhor} 8... Qb4+ 9. Qxb4 Bxb4+ 10. Bd2 Bxd2+ 11. Nxd2

{e subsiste a ameaca sobre o bispol negro e sobre o peao avancado de e4, que nao pode ser mantido, porque a:} 11... Bd7 12. Nxe4 {recuperando, com evidente vantagem de espaco para o branco, que tambem ganhou dois tempos, enquanto o negro tem uma unica peca desenvolvida.}) 9. Qxb7 {ameacando a torre e o cavalo.}) ({Vejamos esta outra variante} 6... dxe4 7. Bc4 {e agora} 7... Qd7 8. d5 Ba4 9. Qxb7 { e a torre negra esta perdida irremissivelmente.}) 7. e5 $1 {Com isto se expulsa o cavalo dessa casa. Que importancia tem? Que se tira do futuro roque negro sua defesa natural, que e um cavalo em f6. Essas debilidades decidem partidas, ainda que muitos jogadores (como agora Tartakower) suponha que isso nao ha de ser tao mau. Porem, aqui, a teoria e a pratica se juntam para demonstra-lo. Nao seria bom levar esse cavalo para diante, porque a Ce4, vem f3 e nao tem retirada satisfatoria. Colocalo indefeso em g4 e mais ou menos o mesmo. Entao: } 7... Nfd7 {E agora. Que figura fazem essas pecas amontoadas? Se antes a situacao era ruim para o negro, agora e pior. Entretanto, o branco nao pode tirar proveito imediato dessa posicao porque nao tem pecas menores desenvolvidas. Nao obstante, faz um movimento que indica claramente qual e sua

ideia principal, atacar o possivel roque curto das negras.} 8. Qg3 f6 $2 { Tartakower ja se sentiu molestado pela pressao do peao em e5 e tratou de destrui-lo. Porem, e evidente que essa jogada e ruim. E e ruim porque o avanco do peao de f7 a f6 deixa casas fracas e piora ainda mais o futuro roque negro. Repetiremos o que dizia um "chusco": quando se esgotam as jogadas boas, ha que lancar mao das mas, porque QUANDO A POSICAO E ASFIXIANTE, CHEGA UM MOMENTO EM QUE O JOGADOR SABE QUE UMA JOGADA E RUIM, POREM DEVE FAZE-LA; A POSICAO O EXIGE. Como o peao de e5 do branco esta bem defendido, continuadesenvolvendo-se , sem se perturbar, e atacando a casa h7 do possivel roque negro.} 9. Bd3 { EM QUASE TODAS AS PARTIDAS COM DEFESA FRANCESA O BISPO REI DAS BRANCAS VAI A CASA d3, PARA ATACAR O PONTO h7. As negras agora ganham um tempo com xeque:} 9... Bb4+ 10. Nc3 {desenvolve;} 10... O-O {E pior o remedio que a enfermidade. Ha coisas que saltam a vista. Esse roque, sem o cavalo na casa f6 e com o peao de f7 adiantado a f6, e muito fraco. Ha que ataca-lo imediatamente e, se for possivel, provocar mais debilidades. Para isso, se comeca pelo mais simples: ameacar uma de suas casas indefesas como a h7.} 11. Qh3 {"Aponta" para o peao

de h7 e ate ameaca "meter-se" por e6 com xeque. Que remedio ha? Mover o peao a h6 ou a g6. Ja veremos essa variante.} 11... g6 {Chegamos outra vez ao que diziamos: A OBRIGACAO FAZ COM QUE UM BOM JOGADOR FACA JOGADAS RUINS. Neste caso, nao ha (como na partida que vimos na licao anterior) um bispo em g7, por cuja razao as debilidades sao maiores. Repetimos, e nao me cansarei de repetir: PEAO QUE SE AVANCA DEIXA UMA OU MAIS CASAS FRACAS. Quais sao as casas que ficaram positivamente fracas pelo avanco do peao de g7 a g6? As que esse peao vigiava: h6 e f6, que o contrario tratara de explorar, e para isso comecara por aproveitar para colocar em jogo um bispo que, ate agora nao "trabalhava". } ( {Se} 11... h6 $2 {a dama se mete pelas casas brancas, com} 12. Qe6+ Kh8 ( { e ruim} 12... Rf7) 13. Qf5 {montando o que eu chamo de "a maquina". Depois do que a situacao e "de firma". E que figura fazem esses peoes?}) 12. Bh6 { As duas casas fracas do roque serao, daqui em diante, a base de todo o ataque. E QUANDO SE TEM A INICIATIVA E HA PONTOS PARA EXPLORAR, SAO MUITAS AS JOGADAS BOAS QUE SE PODEM FAZER. No momento, as brancas mantiveram o ataque quase sem pecas.} 12... Re8

{A jogada 12....Te8 do negro nao so e defensiva, senao que tambem e ofensiva porque esta se ameacando o peao e5 do branco, que se nao o defendem uma vez mais, caira. As brancas poderiam fazer 13.Cf6, porem e melhor trazer outro peao ao centro, formando um baluarte que nao se podera romper. Por isso jogam:} ( {Nao seria bom jogar} 12... Rf7 {porque as brancas primeiro rocariam e logo teriam a possibilidade de avancar o peao de e5 a e6 atacando simultaneamente a torre e o cavalo. Se as brancas se apressam e jogam} 13. e6 { seria mau porque com} 13... Re7 {se crava o peao e se ameaca o rei.}) 13. f4 Nf8 {As negras realizaram o movimento "de emergencia". E uma maneira de sustentar-se, porem entranha a falta de comunicacao do rei com sua torre e sua dama. Evidentemente, sua situacao e ruim. O branco tratara agora de rocar, escapando com seu rei dos fogos da torre e, de passagem, fortificara o centro.} 14. Nf3 Qd7 {As negras buscam a troca de damas. QUANDO EXISTE UM FORTE ATAQUE, O LADO ATACADO DEVE TRATAR DE TROCAR AS DAMAS PORQUE, SE O CONSEGUE, O ATAQUE E PARALISADO EM 50%. Por outro lado, ao atacante nao lhe convem a troca e, se pode, tratara de evita-la.} 15. Qh4 fxe5 {Ha tres pecas para

retomar este peao. Qualquer das tres e boa. Se 16.Cxe5 fica um cavalo centralizado, tao forte que forcara as negras a sacrificar qualidade (agora ou mais adiante). Com 16...Txe4, ou seja, uma troca vantajosa para as brancas, porem o ataque perde forca e esse cavalo e necessario para arrematar a partida. E melhor entao retomar com o peao de f4. Por que? Porque depois que o branco roque, a torre estara na casa f1 e, com a coluna aberta, comecara a "funcionar" em seguida. } 16. fxe5 Bb5 {As negras advertem o plano e tratam de impedir o roque. E boa jogada, porque esse bispo nao fazia nada na casa c6 e agora esta forcando a troca de bispos, dado que se o bispo branco de d3 se movesse ja nao seria possivel realizar o roque e, quanto ao roque longo nao ha nem que pensar, porque seria completamente fraco por obvias razoes.} 17. Bxb5 Qxb5 {As negras conseguiram evitar o roque (por agora), porem ha uma serie de detalhes que o branco pode usar em seu beneficio. Por exemplo: a debilidade da casa f6 do negro (motivada pelo avanco do peao de g7 a g6), ameacando dar mate "seco" em g7.} 18. Qf6 {O bispo e a dama branca tomaram as duas casas fracas do roque, conseguidas na "provocacao" de 11.Dh3. Para evitar o mate, nao ha mais que dois movimentos factiveis: fazer Dd7, ou jogar Ce6. Se

a dama retrocede, permitem o roque das brancas e se atrasam em seu desenvolvimento. Entao jogam:} 18... Ne6 {Aparentemente as negras sustentam tudo e evitam o roque. Porem, o que aconteceria se desaparecesse o cavalo de e6 do negro? Se poderia dar o mate ameacado em g7. A jogada logica para destruir essa defesa, base do jogo negro, e:} 19. Ng5 Qd7 {Era necessario defender o cavalo e o mate, e nao havia mais remedio que retroceder com a dama. Se as negras tivessem pretendido expulsar a dama branca com 19...Cd7 viria 20. Df7+ Rh8 21.Dxh7#. Isso significa que o cavalo branco em g5 ataca outros pontos do roque que e necessario defender. Bem, ao retroceder a dama negra, o que se deve fazer em seguida? O roque. Dessa maneira, a torre toma a linha aberta da coluna f e, como esta ameacando o cavalo negro, poderia existir alguma combinacao que terminasse em mate.} ( { Se, no afa de expulsar a dama, as negras jogam} 19... Nd7 {seguiria} 20. Qf7+ Kh8 21. Qxh7# {Isso significa que o cavalo de g5 do branco ataca outros pontos do roque que e necesario defender.}) 20. O-O Nxg5 ({Se} 20... Be7 { vemos que se corta a comunicacao da dama negra com as casas f7, g7 e h7, com o

que paralisa sua propria defesa e poderiavir} 21. Nxd5 ({Se} 21. Qxe6+ Qxe6 22. Nxe6 {ganha uma peca porem perde o ataque ganhador.}) 21... Bxf6 ({ Nao serve} 21... Qxd5 {devido a} 22. Qf7+ Kh8 23. Qxh7#) 22. Nxf6+ Kh8 {e } 23. Nxd7 { recuperando a dama, ganhando um peao e ficando numa posicao ganhadora.}) 21. Qxg5 {HA QUE OLHAR MUITO BEM. AS VEZES, PERDEM-SE PARTIDAS "GANHAS" COM ESSES ENGANOS.} ( {O negro, em sua jogada 20....Cxg5 "tirou um lance". A primeiras vista, parecia que se podia tomar esse cavalo com o bispo. Porem se} 21. Bxg5 { segue} 21... Rf8 {e a dama branca esta encerrada, nao tem escapatoria.}) 21... Nc6 {Por fim, saiu esse cavalo e se comunicaram as torres! POREM, QUANDO EXISTE UM PEAO NA SETIMA FILA, DEFENDIDO POR OUTRO NA SEXTA FILA E NAO HA BISPO OU CAVALO QUE POSSAM, EM SEGUIDA, DESTRUIR ESSA DEFESA, HA QUE CONTEMPLAR A POSSIBILIDADE DE DEBILITAR ESSE BALUARTE DE PEOES QUE DEFENDEM O ROQUE. COMO? HA UM METODO LENTO, QUE CONSISTE EM JOGAR h4 E LOGO h5, POREM HA OUTRA MANEIRA MAIS RAPIDA: FAZER UM SACRIFICIO. O SACRIFICIO E MAS DIRETO.} 22. Rf6 $1 Nxd4

{Com a jogada 22...Cxd4, Tartakower trata de meter logo esse cavalo na casa e6 ou em f5, defendendo sua casa fraca g7, onde se fazem as maiores ameacas de mate. Claro que agora nao seria bom o sacrificio de Txg6+ porque a dama negra defende casa g7. So seria factivel depois de expulsar essa dama da setima linha. Por isso o branco joga tranqueilamente.} ( { Se respondem com} 22... Be7 $4 {vem o sacrificio} 23. Rxg6+ hxg6 24. Qxg6+ Kh8 25. Qg7# {Vemos que nao se deve cortar a comunicacao da dama negra com as casas do flanco rei.}) 23. Nxd5 {Nao e possivel 23....Dxd5 devido ao sacrificio explicado. Ademais, ja estamos vendo que se a dama negra nao se move de onde esta poderia haver a possibilidade de dar um duplo no rei e na dama, com esse cavalo em f6. (Sempre a famosa debilidade). Tambem, e de passagem, o cavalo branco esta ameacando ganhar o bispo de b4, coisa que por agora nao interessa. As negras optam por ameacar a dama rival, pensando "no momento a dama tera de ir, e depois veremos". Porem se equivocou, porque veio o sacrificio que Steiner havia previsto:} 23... Ne6 24. Rxg6+ hxg6 ({Nao serve } 24... Ng7 25. Nf6+ {ganhando facil.}) 25. Qxg6+ Kh8 ({Se cobre com} 25... Ng7 {segue} 26. Nf6+ {duplo no rey e na dama ganhando.}) 26. Nf6 {Com isso, alem

de ameacar a dama e a torre, tomam-se todas as saidas do rei. O negro esta claramente perdido, porem se defende desesperadamente, prolongando sua agonia.} 26... Rg8 {. A jogada das negras 26....Tg8 e um pouco melhor que as outras, porem se o branco quisesse podia recuperar sua torre com Cxg8. Mas nao valia a pena ter sacrificado uma torre para chegar a isso. As brancas especulam como o fato de que o rei negro nao pode escapar porque tem todas as casas adjacentes tomadas.} ( {Nao era bom} 26... Qe7 {devido a} 27. Qh5 { ameacando mate rapido con Bg8+, etc.}) 27. Qh5 Rxg2+ $2 {Em verdade, para o negro era dificil jogar algo. Comeca por devolver um pouco do que tem de mais, tratando de destruir o roque do rival. As brancas poderiam continuar 28.Rh1, porem isso seria "dar gosto ao contrario", e, alem disso, NAO CONVEM ARRISCAR MUITO COM A OBSESSAO DE DAR O MATE AMEACADO.} 28. Kxg2 Qc6+ 29. Kh3 { Sai da ameaca e acabaram-se os xeques. A posicao do negro e desastrosa. Nao obstante, segue defendendo-se, enquanto ataca a dama contraria.} 29... Ng7 30. Bxg7+ Kxg7 {QUANDO UM REI PERDEU TODOS OS PEOES QUE DEVERIA TER DIANTE DE SI, NAO HA PECAS QUE SUFICIENTES PARA PROTEGE-LO. Os dos lado estao iguais

em pecas, porem o rei negro e esta em situacao muito ruim.} 31. Rg1+ Kf8 {Unica. SE AS BRANCAS INSISTEM BUSCANDO O MATE, E POSSIVEL QUE SAIAM PERDENDO. Vou lhes dar um conselho para quando se encontrem em posicoes como esta: SE EXISTE A POSSIBILIDADE DE DAR UM XEQUE NA OITAVA LINHA E EM SEGUIDA CAPTURAR UMA TORRE, NAO HA MAIS NADA QUE PENSAR. NEM QUEBRAR A CABECA BUSCANDO O MATE.} 32. Rg8+ Ke7 33. Rxa8 {Ja ganhou uma torre e a posicao de mate subsiste. Quer dizer que O SEGURO E O MELHOR.} 33... Qe6+ {Com uma torre de vantagem, nao interessa ao branco buscar um mate imediato, nem deve ter medo de TROCAR AS DAMAS. PORQUE SE NOS EMPENHAMOS EM NAO TROCA-LAS PARA DAR NOSSO MATE, NUMA DESSAS O CONTRARIO ENCONTRA UM XEQUE PERPETUO E FICAMOS COM A VONTADE E COM ... ...A RAIVA.} 34. Qg4 {e as negras abandonam. Vimos, nesta licao, como ao provocar o avanco do peao negro de g7. O branco teve o dominio das casas h6 e f6, que lhe deram a vitoria. Vimos como entrou um bispo na casa h6, e logo sucessivamente, a Dama, a Torre e o Cavalo em f6. Sempre se especulou sobre os mesmos pontos. Bem amigos, terminamos esta licao. Espero que gostem e que aprendam muito com ela. De minha parte, um forte abraco a todos, em nome de

meu pais e de nossa Revolucao Bolivariana, que, dia a dia, acaba com a anarquia e com a oligarquia, que sempre predominou na Venezuela. Ate breve. Prof. Erich Gonzalez e - mail: [email protected]} 1-0 [Event "COMO APROVEITAR O DOMÍNIO DA COLUNA BISPO DAMA"] [Date "??.??.??"] [White "LIÇÃO 21"] [Black "?"] [Result "1-0"] [Site "?"] [Round "?"] 1. e4 {A imortal do zugzwang Estimados amigos enxadristas leitores desta página. Muito obrigado por seus e-mails e por suas opiniões sobre os finais de G. M. Kasparian. Continuemos com as lições em prol de difundir o xadrez. Nosso ilustre libertador Simón Bolívar dizia: "A cultura é dos povos; mas não somente dos oligarcas poderosos". E o xadrez é cultura, e é do povo. LIÇÃO 21 - COMO APROVEITAR O DOMÍNIO DA COLUNA BISPO DAMA (c1 - c8) Em lições passadas (lição 19), estudamos algumas das vantagens de dominar a coluna bispo dama (c1-c8), que nos serviu para ver como se pode entrar com uma torre na sétima linha e varrer os peões do contrário. Hoje, veremos outra partida onde toda a ação se desenvolve na coluna bispo dama e se decide nessa mesma linha. Aqui, o domínio da

coluna, unicamente por sua ação, dá a vitória. É uma partida muito interessante, jogada em San Remo, no ano de 1930, entre os mestres Alekhine e Nimzowitsch. Eram dois jogadores de grande força, o que nos dá a idéia de que tanto o que ataca como o que se defende "VÊ MUITO". E, por isso mesmo, as ações no tabuleiro se equilibram e dão uma luta parelha. É diferente quando se encontram dois jogadores de forças desiguais; a partida perde interesse porque é de supor que o mais fraco não vê tudo o que o outro vê. Sendo dois mestres iguais, a luta é mais interessante. Os dois rivais de hoje são quase da mesma força; quer dizer que todo o que Alekhine viu, também o viu Nimzowitsch. Uma partida assim tem mais importância, e demonstra que se um deles se impõe é porque soube aproveitar melhor algum detalhe estratégico. Trata-se, como vocês sabem, do domínio da coluna bispo dama. Alekhine nos mostrará como se pode aproveitar esse domínio para obter o triunfo. A partida começou com uma abertura de peão de rei, que Nimzowitsch, fiel a seus princípios, replicou com uma DEFESA FRANCESA porque DIZ QUE COM ISSO SE MANTÉM A TENSÃO CENTRAL E O DINAMISMO DE SUAS PEÇAS. ISSO O DIZIA ELE; FALTA SABER SE É CERTO. Na lição anterior (lição 20), expressei minha opinião pessoal sobre as desvantagens desta defesa. Defesa Francesa BRANCAS: ALEKHINE NEGRAS: NIMZOWITSCH} 1... e6 2. d4 d5

{Já temos a posição clássica da Defesa Francesa, disputando as casas centrais. } 3. Nc3 {Hoje em dia, as brancas possivelmente não teriam respondido com esta jogada, senão com Cd2, que nessa época foi popularizada por Paul Keres e que em minha opinião não é nem melhor nem pior do que a que fez Alekhine, senão que, como era pouco jogada, gozava da vantagem de estar menos analisada. Um de seus aspectos favoráveis é surpreender o contrário. Nimzowitsch segue com a jogada de Maroczy: } 3... Bb4 {Essa posição do bispo que crava o cavalo sobre o rei tem suas vantagens e suas desvantagens. As vantagens as estamos vendo claramente: se ameaça tomar o peão de e4 branco. Porém as desvantagens são que sabemos que se os peões (do negro) estão colocados em casas brancas, o bispo que corre por casas negras é o "bom", por sua maior mobilidade, (e o bispo-dama é o "mau"). Porém, se a isso agregamos que em 90% dos casos que se faz Bb4 será quase necessário trocá-lo pelo cavalo, porque se retrocede haverá perdido um tempo, convenhamos que a troca não é muito aceitável, e que quem sairá ganhando com isso é o branco. Vocês vêem como, sem saber aberturas, podese jogar bem por meio de conceitos gerais. Quem os tenha, ainda que não conheça todas as variantes de uma abertura, dificilmente será superado nela porque, ainda que não responda exatamente a jogada aconselhada em tal ou qual defesa, tampouco o contrário pode saber todas as do livro. Estudar a dedo

a teoria de aberturas (todo o mundo acredita que com isso vai aprender xadrez) não é tão importante como conhecer conceitos gerais. Um aficionado, estudando muito, poderá chegar a saber de memória duas o três aberturas com suas variantes inteiras, e, sem embargo, quem saiba nada mais que duas ou três aberturas não sabe nada de xadrez. Em troca, o que sabe os conceitos gerais poderá jogar bem em todas as aberturas. Bem, diante da jogada de Maroczy, 3.....Bb4, há várias razões pelas quais a contestação 4.exd5 "nem se pensa". Em primeiro lugar, se sabemos que o bispo negro da casa b4 vai ter que ser trocado pelo cavalo, ou seja, que as negras ficarão unicamente com o bispo dama, que corre por casas brancas, convém imobilizar os peões do centro para que esse bispo continue sendo "mau". Segundo, se na Defesa Francesa, como já dissemos, o bispo rei branco irá a d3 para pressionar o ponto h7 do roque negro, convém então, desde já, despejar essa diagonal. Não se deve fazer nunca 4.exd5, como vemos em muitas partidas, porque isso dá bom jogo ao negro. } 4. e5 c5 {As negras vão minar a base desses peões centrais; é a jogada lógica. Porém, já vemos que esse peão em c5 interrompe a diagonal de seu bispo de b4, que está condenado a ser trocado pelo cavalo. } 5. Bd2 {Descrava. } 5... Ne7 {Pode-se ver, pois, que as negras necessitam desse bispo, que trocam, para controlar as casas negras. Com a jogada 5....Ce7, o negro escolhe essa via, já que o cavalo não pode sair pela casa f6 e prepara seu roque. As brancas aproveitam que tem seu cavalo

descravado e, com a mesma idéia de levá-lo a d6, dão o xeque e, rompendo o roque contrário, fazem Cb5, que também serve para forçar o troca do bispo "bom" das negras pelo bispo "mau" das brancas. Busca um troca favorável e explora a má situação da casa d6, devido ao fato de que o peão de c7 foi avançado a c5 e já não poderá expulsar dali o cavalo. Se 5...cxd4 6.Cb5 com o propósito de aproveitar a forte casa d6 sustentada pelo peão avançado. As negras devem responder 6...Bxd2+ e segue 7.Dxd2 atacando duas vezes o peão dobrado, o que quer dizer que no pior dos casos se as negras fazem 7...Cc6, defendendo-o, sempre se recupera e nada pode impedir que, mais adiante, o cavalo vá à d6, centralizando-se, o que seria muito forte. } 6. Nb5 Bxd2+ {E o negro pode dar graças por haver trocado seu bispo por outro bispo e não por um cavalo, o que seria pior. } 7. Qxd2 O-O {O negro conseguiu escapar com seu rei antes que lhe dessem o xeque. Sua posição não tinha, por agora, mais que um só defeito: a debilidade da casa d6, já que com nenhuma peça haveria conseguido evitar, em seguida, a entrada do cavalo em d6, dando xeque. Era então melhor rocar antes de tudo. Porém, depois do roque, as negras ficaram com outra debilidade: o cavalo em e7. } 8. c3 {Alekhine sustenta seu centro e "tem tempo" para fazer Cd6. Vocês vêem que não usa essa casa. Faz isso por uma razão psicológica. QUANDO SE TEM UMA CASA A EXPLORAR, É MELHOR "AMEAÇAR" ENTRAR NELA QUE ENTRAR

DIRETAMENTE. Por que? Porque o contrário não sabe se vamos ocupá-la ou não, se tem que defendê-la, se temos outro plano ou se há "algo mais" que não vê. Em troca, se a ocupamos diretamente, sente um alívio porque vê que tudo era como ele pensava. } 8... b6 {Prepara a saída de seu bispo dama. É este um bispo mau porque caso vá a b7 pouco poderá fazer e, em a6, somente ameaça um cavalo que está defendido. Já dissemos que "não é negocio" trocar o bispo pelo cavalo. } 9. f4 {Esta é a formação clássica de peões na Defesa Francesa. Porque o peão em e5 é relativamente fraco e se o deixamos sem mais apoio, pode cair. Sustentando-o com outro peão, torna-se mais forte e devemos ter em conta que depois se poderá jogar Cf3, reforçando-o, resulta uma cunha que trava o jogo das negras. } 9... Ba6 {Única de onde este bispo ainda pode jogar. } 10. Nf3 {Com isso, Nimzowitsch acredita que esse cavalo já não irá a d6, que era o que estava ameaçando. Se as brancas jogam 10.Cd6 vem 10...Bxf1 trocando seu bispo mau pelo bispo bom de Alekhine. } 10... Qd7 {As negras começam a se preocupar com esse cavalo em b5 e o fustigam para que se decida, buscando a troca de bispos, que também deixará sem as brancas sem roque. Por isso, Alekhine acredita que é melhor manter ai esse cavalo. } 11. a4 Nbc6

{Saiu o cavalo dama para a única casa que podia ir e o negro já tem todas suas peças desenvolvidas. Bem, nesta posição vamos nos deter um pouco. É interessante observar que probabilidades tem o negro sobre o jogo do branco. Se jogássemos com as negras, que possibilidades teríamos? Aonde poderíamos ir? Que plano se nos ocorre? Ao pouco que estudamos, nos damos conta de que as negras devem permanecer na expectativa porque não há nenhum plano sério para poder desenvolver. No máximo haverá jogadas isoladas. Quais? Cf5, com a intenção de tomar o peão de d4 branco, vemos que não é possível porque está defendido quatro vezes e somente o atacaríamos três vezes. Nem que fizéssemos Bxb5 para tirar essa defesa desse peão se poderia tomar, porque seriam três atacantes e três defensores. Se o negro fizesse f5 ficaria um peão fraco em e6, ainda que esse lance seja habitual na Defesa Francesa porque como o bispo de f1 irá a d3, atacando o ponto h7, há que cerrar essa diagonal. É difícil, pois, esboçar um plano para as negras. Em troca, façamos as mesmas perguntas para as brancas. Se pode ver claramente que podem estas levar um bom ataque no flanco de rei; que também no flanco dama podem levar outro ataque, abrindo a coluna bispo dama (coluna c ou c1-c8), e que podem preparar seu roque com Bd3, o qual, em união com um cavalo em g5, pode pressionar o roque contrário, etc. Enfim, o branco dispõe de vários planos a escolher e o negro de nenhum. Suas possibilidades são melhores. Sem embargo, não se vê como se pode ganhar. Nessa encruzilhada, Alekhine toma uma decisão.

Pensa: "Há um peão em c5, defendido uma só vez e é o que mantém a tensão central; então há que atacá-lo duas vezes para ver o que faz. Que tome ou que avance". E joga } 12. b4 {! Se toma, abre a coluna do bispo dama e se poderá utilizar o plano de atacar por ela. Se avança, fecha completamente o flanco dama e então se fará o ataque pelo flanco rei. Mas há outro problema para o negro: se avança o peão de c5 a c4 inutilizará seu único bispo, porque este nada poderá fazer por detrás de sua cadeia de peões fixos. Como não é possível defender uma vez mais esse peão, será melhor tomar. Porém, qual dos dois peões brancos? Se c5xb4 vem 13.c3xb4, com a coluna bispo dama aberta. E se c5xd4, as brancas podem seguir 13.c3xd4, que daria mais ou menos na mesma posição, ou escolher entre 13.Cb5xd4 ou Cf3xd4, que dão posições e continuações completamente distintas. Isso seria dar muitas possibilidades ao contrário. } 12... cxb4 13. cxb4 {Já está aberta a coluna bispo dama. Qual dos dois lados a poderá explorar? O negro não pode por uma torre em c8 porque logo vem 14.Cd6 e se 14.....a6xc1 15.Cxc8 e, enquanto o bispo negro se retira 16.Cxe7+, ou se toma Dxe7 vem 16. Rxc1. O salto de cavalo a d6 continua sendo muito bom. Se o querem matar com a6xb5, continua 14.c1xb5 cravando o cavalo negro. Enfim, a coluna bispo dama é favorável ao branco, que pode dominá-la com sua torre e, depois de rocado, dobrar ali as duas. } 13... Bb7

{Põe seu bispo em segurança para poder fazer a6, expulsando o cavalo de b5, para que, caso seja possível, levar logo sua torre à linha aberta. Porém esse bispo está condenado à morte. À longo prazo, deve ser trocado pelo cavalo. } 14. Nd6 f5 {Quando não há muitos planos, não se pode escolher. O avanço deste peão é mau porque, como dissemos, deixa um ponto fraco em e6, porém fecha a diagonal na qual se instalará o bispo branco. Não pode 15.e5xf6 en pasant porque perde o cavalo de d6. Como Alekhine pensa atacar pelo flanco dama, trata de debilitar mais esse flanco: } 15. a5 {A idéia deste lance é um pouco difícil de explicar. Com ele o branco trata de ganhar um tempo. Como? É evidente que o cavalo negro de e7 terá que sair e o Cc6 não terá mais do que o apoio da dama. Nesse momento as brancas fazem Cxb7, terá que retomar com a dama e logo essa dama, para apoiar o cavalo de c6, não tem mais casas do que b7 e d7 (porque pô-la em c7 é mau, já que a essa coluna virão as torres). O que quer dizer que se depois de DxCb7 o branco faz a6, tira-se da dama uma das casas que esta tem para sustentar o cavalo, o qual é um pouco complicado para os aficionados, porém ganha um tempo e espaço. Não teria sido bom 15.b5 pois seguiria 15....Ca5 travando os peões desse flanco e o único bispo das brancas fica mau porque não tem por onde jogar. Como o flanco rei já estaria cerrado e no flanco dama as negras não ficariam com peças fracas, não teria forma de ganhar.

As brancas não podem perder sua única possibilidade que é dominar a coluna bispo dama. } 15... Nc8 {Obriga a decidir-se. Esse cavalo em d6 incomoda Nimzowitsch. Que se vá ou que tome o bispo de uma vez! Não seria bom retroceder com o cavalo e convém trocá-lo pelo bispo porque se ganha um tempo. Com essa troca, também se lhe quitará um apoio ao cavalo negro de c6 e as brancas ficarão com seu bispo bom para levá-lo onde mais convenha. } 16. Nxb7 Qxb7 17. a6 Qf7 {Se cumpriram as previsões de Alekhine. Ganhou um tempo, enquanto a dama se foi. Observemos que o cavalo de c6 não tem nenhum programa: as únicas casas onde poderia ir estão dentro de seu próprio campo, e as três são ruins. Quer dizer que deve permanecer onde está, e se deve ficar ali, como lógica conseqüência, haverá que defendê-lo e será um ponto fraco a ser explorado, que obrigará a dama a vir mantê-lo. Chegou o momento em que o branco deve usar seu bispo para imobilizar o cavalo e seguir pressionando. } 18. Bb5 N8e7 {Defende o outro cavalo; } 19. O-O {Comunica as torres. } 19... h6 {Se produziu outra debilidade no setor das negras, porém impedem que seu rival faça 20.Cg5 atacando o peão de e6 e a dama. A posição se vai ficando aguda. } 20. Rfc1 {Toma a coluna.} 20... Rfc8 {O negro defende uma vez mais seu cavalo de c6 e disputa a coluna aberta. } 21. Rc2 {Para dobrar torres.} 21... Qe8 {Nimzowitsch se dá conta de que suas peças vão ficar travadas e trata de se opor com uma manobra bastante engenhosa. Porém não a

conseguirá, porque sua posição já pode considerar-se perdida. Prevendo a dobrada de torres na coluna bispo dama, o negro busca defender três vezes seu cavalo, e como serão três os atacantes, não se poderá tomar. Porém já sabemos que não pode ser bom colocar a dama na mesma diagonal onde está um bispo. Não era bom 21...Cxb4 devido a 22.Txc8+ Txc8 23.Dxb4 ganhando uma peça.} 22. Rac1 Rab8 {A idéia deste lance é a seguinte: é possível que mais adiante as brancas levem seu bispo a a4 (ou a qualquer outra casa) para jogar b5, expulsando o cavalo negro de c6. Então, enquanto saia o bispo de onde está, as negras fariam b5 e liberariam sua posição, assim que impedem o desalojamento do cavalo. Vemos que a luta segue sobre o mesmo ponto e sobre a mesma coluna. Claro que como o movimento do bispo branco é voluntário, Alekhine não o fará até que lhe convenha. Se as negras tivessem jogado: 22...Tc7 com a intenção de dobrar suas torres, (que será o plano que logo levará a cabo), não seria muito bom porque essa torre estaria "no ar" e seria outro ponto a explorar.} 23. Qe3 {Apesar do domínio da coluna bispo dama, o branco mesmo não sabe como entrar porque seu rival defendeu tudo. É raro que Alekhine não tenha encontrado em seguida o plano ganhador porque é tão simples que quando se lhe vê executar uma vez já se aprende para toda a vida. E Alekhine o terá visto fazer muitas vezes. Tanto é assim que no próximo lance o porá em prática. Porém sua jogada 23.Ce3 demonstra que não o viu.}

23... Rc7 {Para dobrar. E já se lhe fez a luz à Alekhine; viu como tem que atacar. QUANDO TEMOS DUAS TORRES DUPLICADAS EM UMA COLUNA ABERTA E NÃO HÁ MAIS PEÇAS PARA SEGUIR ATACANDO, PODEMOS LEVAR A DAMA A ESSA COLUNA, PORÉM NÃO COLOCÁ-LA DIANTE DAS TORRES, SENÃO QUE ATRÁS DELAS. Esse é o simples plano a executar. Trata-se de "subir" as duas torres um escalão mais e depois por a dama debaixo (em c1), apontando com as três e o bispo para o cavalo negro, que caso se vá deixará indefesa a torre de c2. Que Alekhine não viu antes este plano, o demonstra seu lance 23.De3 porque com a dama em d2, (onde antes estava), também o poderá realizar. Enquanto o branco prepara sua maquinaria, o negro, que se deu conta, prepara seu defesa. } 24. Rc3 {!} 24... Qd7 25. R1c2 Kf8 {! Agora a "coisa" está apertando. Há que trazer todos os elementos à defesa! A batalha definitiva vai acontecer sobre o cavalo de c6 ou sobre a torre de c7 e Nimzowitsch, que o viu, traz a última peça que pode levar (seu rei) a colaborar na defesa. Parece que não chegará a tempo, porém já veremos como calculou os movimentos com notável precisão. } 26. Qc1 {A dama já está em sua posição ideal para o assalto: atrás de suas duas torres. Sobre o famoso cavalo, há quatro atacantes e tão só três defensores. É necessário apoiá-lo uma vez mais, pelo menos. } 26... Rbc8

{Agora há quatro contra quatro. Não se pode tomar o cavalo. Então, como se faz para ganhar? Caso se pudesse levar o outro cavalo branco, o problema estaria resolvido, mas por onde pode entrar essa peça? Por pouco que estudemos, compreendemos que o cavalo branco não pode ir atacar o cavalo negro de c6. Bem, e se não pode ir, para que diabos Alekhine perdeu tanto tempo em mover as torres, a dama e planejar este ataque? Há outra razão: o branco pode esperar e fazer o plano que quer. De maneira que vai a empregar outro recurso. Ao sair a torre negra de b8, Nimzowitsch já não pode jogar b5 quando o bispo saia de b5. Isso significa que já é possível tirar esse bispo para logo jogar b5, ameaçando tomar o famoso cavalo. E se este se vai, cai a torre de c7, porque teria três atacantes e só dois defensores. Porém o notável é que Nimzowitsch também calculou tudo isto e parece que salvará tudo. Vejamos: } 27. Ba4 {Para fazer b5.} 27... b5 {! Demora o temporal. Entrega um peão, é certo, porém enquanto o bispo branco toma, volte a retirar-se e, se avança o peão a b5, o rei negro ganha dois tempos, que são os dois passos que lhe faltam para chegar a socorrer sua torre de c7. É formidável a exatidão do cálculo de Nimzowitsch desde que começou a mover seu rei. Significa que havia previsto tudo o que ocorreu. Claro que há algo que não entrou em seus cálculos e por isso perdeu. Logo veremos. } 28. Bxb5 {Ganha um peão, } 28... Ke8 29. Ba4 Kd8

{E chegou justo a tempo para defender a torre de c7! Já pode vir 30.b5, que retira seu cavalo de c6 e tudo está defendido. Fazer agora 30.b5 seria um equívoco; já não há interesse nisso porque nada se ganharia. E então, como Alekhine pode ganhar? Observemos que o negro tem todas suas peças cravadas. Enquanto mova uma, perde algo. Vejamos uma por uma: se tira o famoso cavalo de c6, vem Bxd7. Se move o outro cavalo, cai o cavalo famoso. Se tira alguma das duas torres, ou a dama ou o rei, vem b5 e perdese uma peça. Isto é o que se chama uma POSIÇÃO "ZUGZWANG", JOGAR PARA PERDER, TUDO CRAVADO. Quer dizer, o único que podem fazer as negras é mover os dois miseráveis peõezinhos do flanco rei (h6 e g7). E depois que terminem esses tempos, que fazer? Em troca, o branco pode perder todos os tempos que queira. Seu rei pode "passear" em seu campo, o cavalo tem vários saltos perdendo tempos, etc. Porém o que corresponde, por agora, é tirar todas as chances de movimento do contrário, e para isso faz: } 30. h4 {E já temos a posição clássica de zugzwang, que foi o que Nimzowitsch não previu, e que dará a vitória a Alekhine por seu domínio da coluna bispo dama. As negras poderiam jogar g6, perdendo outro tempo, porém e depois?...as brancas responderiam Rh2 e ficaria também cerrada a posição no flanco rei. A qualquer coisa, não se pode mover nada. Por não saber o que fazer. } 30... Qe8 {Deixa indefesa a torre de c7.} 31. b5 {E as negras abandonam 1-0

É evidente que a posição estava perdida. A partida se decidiu sobre a linha bispo dama c1-c8. O aproveitamento de seu domínio obrigou o rival a gastar todas as peças na defesa e, não obstante, perdeu. Creio que como demonstração de decidir a luta na coluna bispo dama não pode haver melhor partida que esta. Bem, prezados alunos, leitores desta excelente pagina de xadrez. Finalizamos esta lição. Sigamos adiante, que ninguém nos deterá na difusão do xadrez. Não darei um passo atrás; só a morte me deterá. E se me detiver, outro virá, porque devo isso à Revolução Bolivariana de meu país VENEZUELA, que quer um processo de mudança pelo bem de meus compatriotas. Até a próxima lição. Prof. Erich González E-mail: [email protected] <mailto:[email protected]> TRANSCRIÇÃO Pelo Professor ERICH GONZALEZ, na Cidade de Maracaibo, Estado Zulia, Venezuela, das LIÇÕES DO Dr RAFAEL BENSADÓN, EM APONTAMENTOS TOMADOS PELO ALUNO ERNESTO CARRANZA. (Tradução: Anderson de Jesus)} 1-0 [Event "DEBILIDADE DO ROQUE, POR FALTA DE UM CAVALO NA CASA TRES BISPO REI (f3 ou f6)"] [Date "2002.05.09"] [Round "?"] [White "LIÇÃO 22"] [Black "?"] [Result "1-0"] [ECO "D13"] [PlyCount "65"] [EventDate "2002.10.24"]

[Site "?"] {Prezados amigos enxadristas e nao enxadristas. Continuamos com as excelentes licoes do Dr. Bensadon. Porem, antes quero dar-lhes a conhecer a Biografia e Pensamentos de Nosso Ilustre Libertador Simon Bolivar, a qual lhes farei chegar, de forma continua, em cada uma destas licoes. Biografia de Simon Bolivar : "O homem que hoje, com toda justica, e conhecido no mundo inteiro como o Libertador nasceu em Caracas, em 24 de julho de 1783. Sua cidade natal, capital entao da Capitania Geral da Venezuela, provincia do Imperio Espanhol, seria em 1810 a matriz do movimento de independencia hispano-americano. O recem nascido, quarto "vastago" do matrimonio formado pelo coronel Juan Vicente Bolivar Ponte e dona Maria da Concepcao Palacios Branco, crioulos ambos, foi batizado na Catedral com os nomes de Simon Jose Antonio da Santisima Trinidade. Porem a historia o chama Simon Bolivar, o Libertador. Seu exemplo, sua acao, seu pensamento - seu legado, em suma - estao mais vigentes que nunca. Pois atuou, sentiu, reflexionou e escreveu para sua epoca, e tambem para a posteridade. (Continuara). LICAO 22 DEBILIDADE DO ROQUE, POR FALTA DE UM CAVALO NA CASA TRES BISPO REI (f3 ou f6). Seguiremos vendo o assunto das debilidades do roque, que, como disse, e muito importante para a estrategia de todas as partidas. Claro que e facil dar-se conta de que TODOS OS JOGADORES

CRIAMOS DEBILIDADES EM NOSSO ROQUE, AS VEZES POR IMPRUDENCIA, OUTRAS POR NAO PENSAR, E A MAIORIA DAS VEZES PORQUE QUEREMOS LEVAR ADIANTE TODA NOSSA "DINAMITE" PARA "ROMPER O CONTRARIO". COM ISSO DEBILITAMOS O ROQUE E DITAS FALHAS, A LONGO PRAZO, SERAO SENTIDAS. A partida que hoje vamos desenvolver foi a decima primeira do match disputado pelos mestres Euwe e Keres; match no qual se impos o segundo por 7,5 pontos a 6,5, em 14 partidas disputadas, todas elas muito renhidas e de grande qualidade. Nesta que veremos, a vitoria correspondeu a Euwe, porem Keres foi um serio aspirante titulo do campeao de sua epoca, Dr. Alejandro Alekhine. E escolhi esta partida porque se adapta perfeitamente ao tema: a debilidade do roque pela falta de um cavalo em f3 o f6. Defesa Eslava dos 4 Cavalos. Brancas: Euwe Negras: Keres} 1. d4 d5 { Quando se contesta diretamente 1.......d5, sem nenhuma das outras jogadas previas (tais como Cf6 ou e6 ou c6 etc.), significa que se deseja entrar em uma defesa Ortodoxa Normal ou em uma Defesa Eslava. Ja vimos que tanto a Defesa Ortodoxa como o Gambito de Dama tem para o negro o inconveniente do desenvolvimento de seu bispo dama. Na defesa Eslava se faz 1.. ...d5, e logo contra 2.c4 se joga 2.....c6, em lugar de e6, porque assim se deixa essa saida para o bispo dama, por um momento, para utiliza-la se for possivel. E UM POUCO

MAIS ELASTICA QUE O GAMBITO DE DAMA, porem tem o inconveniente de que se ha jogado muito nos ultimos anos e esta muito analisada. Os mestres a conhecem tao bem que resulta dificil tirar vantagem com ela. Ademais, quem a jogue devera conhecer as multiplas variantes que podem produzir-se.} 2. c4 c6 3. Nf3 Nf6 4. cxd5 {Euwe utiliza uma variante fora de uso nesta abertura. Nao e muito praticada na Eslava. Com que deve retomar-se o peao? Descartemos a Dama porque se colocaria "a tiro" do cavalo dama e se perderia um tempo; descartemos o cavalo porque viria 5. e4, expulsando-o, e nos resta a unica logica:} 4... cxd5 {Se produz uma simetria que da lugar ao que se chama "Defesa Eslava dos 4 cavalos", porque agora vem:} 5. Nc3 Nc6 {Esta e uma abertura interessante para quem quer "arrancar um empate", porem para ganhar com as negras e muito trabalhoso porque nao ha debilidades aparentes. Para o branco, ha um pouco mais de possibilidades devido ao lance inicial.} 6. Bf4 {Trata de dominar a casa e5 e prepara, para mais adiante, o dominio do ponto c7, ja que se abriu a coluna bispo dama e ali se poderia colocar uma torre para leva-la a setima linha (se o deixam). Se o negro se obstinar em seguir a simetria, pode fazer

Bf5? Aparentemente pareceria que sim, porque para isso deixou aberto o caminho ao nao jogar e6. Porem se o fizesse, seguiria 7.Db3, ameacando o peao de b7, que ficou debil, e tambem ao peao de d5. O branco joga primeiro; ha pois uma razao de prioridade que impede 6.....Bf5 porque se depois de 7.Db3 se quer sustentar tudo com Db3, trocam-se as damas e o branco fica melhor. Keres conhece bem tudo isso e busca outras possibilidades:} 6... Qa5 {Pressiona a diagonal onde esta o rei branco e prepara um possivel salto de cavalo a e4 e logo Bb4, atacando fortemente no flanco dama. Essa e a ideia. Porem caso se analise com o criterio mais elementar tudo o que temos dito sobre as debilidades do roque, compreendemos que: TIRAR O CAVALO DE F6 (cavalo negro) PARA LEVA-LO A e4, TRARA, COMO CONSEQUeENCIA, "ALGO" DE DEBILITAMENTO NO ROQUE NEGRO. Keres joga "com fogo"; leva um forte ataque e tem probabilidades no flanco dama, porem tira o defensor natural do roque e isso nao pode ser muito bom. Euwe continua com sua ideia e segue desenvolvendo, nao faz nada para evitar o salto de cavalo.} 7. e3 Ne4 {Ataca duas vezes o cavalo branco, que esta cravado. Ha que defende-lo. Pode-se jogar Tc1, porem depois da troca de cavalo o negro poderia ganhar um peao. O melhor e defende-lo com a dama.

Desde onde? Ruim e Dc1 porque impedira de levar ate ali a torre. Nao serve Dd3, porque corta a acao de seu bispo de f1. Se faz Dc2 vem Bf5, ameacando ganhar qualidade com Cg3. Entao, o melhor sera Db3: defende tudo e ameaca o peao de d5; e a jogada logica.} 8. Qb3 e6 {Keres segue seu plano. Apoia o peao de d5 e prepara Bb4, continuando o ataque. De passagem, vemos que fechou a saida a seu bispo dama, como nas outras defesas. Quer dizer que, com a Eslava, o unico que conseguiu foi encerrar mesmo seu bispo dama. Euwe prepara seu roque e ataca o cavalo avancado.} 9. Bd3 Bb4 {(Exatamente o que queria.);} 10. Bxe4 {O melhor. E por que digo que e o melhor se o branco troca seu bispo "bom" por um cavalo? A razao e mais oculta do que parece. 1) Pelo momento desaparece a pressao das negras, sem perder tempo. 2) Dobrou-se peoes do adversario. 3) Se o negro quisesse apoiar esse peao com f5, ficaria fraco o peao de e6. 4) O bispo negro de c8 continua encerrado, e 5) Ficou algo debil o roque de Keres por haver desaparecido o cavalo de f6, que nao devia ir a e4, como fez na setima jogada.} 10... dxe4 {Claro que o negro tem alguma compensacao: agora expulsa o cavalo de f3. QUANDO NOS ATACAM O CAVALO DE f3 COM e4, O MELHOR E NAO IR "PARA DIANTE", SENAO QUE LEVA-LO A d2; E A JOGADA

MAIS DECENTE E MAIS SEGURA. Neste caso, deve-se acrescentar que "descrava" o outro cavalo e ataca ao peao de e4.} 11. Nd2 O-O {O negro "se tira" um bonito lance. Observemos que as negras sao conduzidas por Keres, que nao era nenhum sonso. Sabe bem por que entregou um peao. Pode-se tomar esse peao com qualquer dos dois cavalos. Porem a primeira alternativa a considerar e tomar com o cavalo menos defendido. Nao obstante,} 12. O-O {Bem, se o que querem as negras e evitar o roque das brancas, o primeiro que ha que fazer, para nao dar-lhe o gosto, e rocar. Seria muito mau o roque grande porque poe o rei na coluna aberta do bispo dama. Com a jogada 12.0-0 do branco, o rei ja esta em seguranca e fica em "pendente" o peao negro avancado. Se pretendessem defende-lo com f5, seria ruim porque seguiria 13.Cc4 e os dos cavalos comecam a atuar em combinacao com o bispo e com a dama, com grandes possibilidades para o branco. Fazer 12.......f5 traria mais inconvenientes do que vantagens. Keres preferiu "tirar-se" outro lance. Porem e um lance que "ha que ve-lo"} ( { Se} 12. Ncxe4 {vem} 12... e5 {Porem a} 13. dxe5 {segue} ({a} 13. Bxe5 Be6) 13... Be6 {expulsando a dama.} 14. Qc2 ({ou} 14. Qd1) 14... Bc4 { Impedindo o roque do branco e tendo um forte ataque.}) ({Se} 12. Ndxe4

{ acontece mais ou menos o mesmo,} 12... e5 13. dxe5 Be6 14. Qc2 Bc4 { Cortando o roque para logo trazer as torres a coluna aberta da dama, etc. O negro perde dois peoes em troca de um ataque violento.}) 12... Qf5 {Parece que nao defendera nada porque o peao de e4 esta atacado pelos dois cavalos. Com qual de eles se poderia tomar e por que?} 13. Ndxe4 ({Se} 13. Ncxe4 Bxd2 14. Nxd2 {e} 14... Nxd4 {Recuperando o peaozinho e com melhor jogo. Se as brancas nao tomassem 15.exd4, as negras ja teriam reconquistado "seu" peao.}) 13... Bxc3 {Porem, apesar de tudo, ha algo que escapou a Keres na analise que deve ter realizado. Euwe ficou com o peao a mais. Nao obstante a ameaca de Cxd4, nao escapou com sua dama e "nao aconteceu nada".} 14. Ng3 {Ameaca a dama negra. Keres "dancou" com o peao tranqueilamente. Bem, tem um peao a menos, porem isso nao e suficiente para ganhar porque ficaram BISPOS DE CORES OPOSTAS, E QUANDO ISSO OCORRE HA QUE JOGAR "COMO UM ANJO" PARA GANHAR COM UM UNICO PEAO DE VANTAGEM. Nao esta ai a vantagem das brancas. Observemos que, se bem que nao tem um cavalo em f3, tem outro em g3 que tambem defende bastante, alem do

bispo que pode colaborar. Em troca, o negro ja nao tem seu cavalo em f6 (nem pode substitui-lo em seguida.) e somente esse detalhe perda partida. Comprovaremos agora que a "facanha" da dama que foi a a5, para fazer logo Ce4 e Bb4, era "pura espuma". Ja veremos como Euwe decidiu jogo.} ( {Se Euwe jogasse } 14. Nxc3 {que parece a mais segura, segue a mesma variante.} 14... Nxd4 15. exd4 Qxf4 {tendo Keres recuperado o peao.}) ({E se as brancas fizessem} 14. Nd6 {atacando a dama, segue quase o mesmo.} 14... Nxd4 15. Nxf5 ({a} 15. exd4 Qxf4 16. Qxc3 Qxd6 {e ganham as negras.}) 15... Nxb3 16. axb3 Bxb2 {e as negras estao melhor.}) 14... Qd5 ({Se} 14... Nxd4 15. Qxc3 { Ficando ameacados o cavalo e a dama negros, simultaneamente, pelo que "algo se ganhara".}) 15. bxc3 Na5 16. Qb4 {Nem boa nem ruim. Se tivessem trocado as damas, depois de exd5, as negras poderiam sair com seu bispo, porem teriam um peao isolado. Ai sua dama esta a salvo de possiveis ataques e existe a ameaca 17.e4; como a dama negra e a unica peca que sustenta o cavalo, seria dificil encontrar uma continuacao.} 16... b6 {Defende seu cavalo economicamente e prepara uma saida a seu bispo dama. Alem disso, tendo a dama em d5, poe-se o

bispo em b7 e fica montada a maquina. Isso nao seria um perigo para o branco se tivesse um cavalo em f3; ja veem, pois, uma vez mais, a importancia desse defensor. Agora, Euwe deve proceder de outra maneira.} 17. e4 Qc6 { Conserva-se na diagonal.} 18. Rfd1 {Ameaca d5.} 18... Rd8 {Defende. Nessas condicoes, a esta altura da luta, nao ha jogadas de grande iniciativa para as brancas, porem ha bons planos. QUANDO EM UMA PARTIDA NAO HA JOGADAS DE BOA INICIATIVA, HA QUE BUSCAR O PONTO FRACO DO CONTRARIO E AMEACA-LO. No flanco dama nao ha nada. Pelo contrario, o flanco rei das negras esta desguarnecido. Seu roque a fraco, pois tem tao somente tres miseraveis peoes diante do rei. A ideia surge em seguida: ha que atacar o roque. Porem, como a pomos em pratica? Os ataques se levam com pecas e que pecas se pode levar a esse flanco? Euwe pensou que seria melhor levar ali uma de suas torres.} 19. Rd3 Ba6 { Ameaca a torre.} 20. Rf3 {Essa torre tem um papel ofensivo e defensivo. O peao de c3 era fraco porque somente a dama o defendia, porem agora tambem a torre o apoia. Pelo momento "nao se ve nada", porem em seguida se apreciarao as vantagens dessa torre no flanco rei.} 20... Rd7 {Prepara a duplicacao de suas

torres na coluna dama e, ao mesmo tempo, defende seu peao de f7, que poderia ser atacado pela torre contraria. Este roque negro ainda parece forte, porem e fraco pela falta de seu natural defensor em f6.} 21. Nh5 {Comeca o assedio. Esta jogada nao seria possivel se o cavalo negro estivesse em f6. Ameaca 22. Tg3 e uma serie de coisas. Parece que deixara sem defesa o peao de e4 e permitira a entrada do bispo dama negro em e2. Porem se viesse 21...Dxe4 nao teria importancia, pois segue 22.Tg3 com ameaca de 23.Cf6+ triplo, ganhando a dama ou a torre. Compreendemos que a situacao desse roque e desastrosa e que em certas variantes ate permitiria o sacrificio do cavalo. Ante tal dilema, Keres jogou:} 21... f6 {Repetimos o que dizia o chusco "Quando se esgotam as jogadas boas, nao ha mais remedio que lancar mao das ruins", e tambem "peao que se avanca deixa uma ou duas casas fracas", ou "PEAO DO ROQUE QUE AVANCA E GERMEN DE DEBILIDADE". Esse roque agora esta em pior situacao.} 22. Rg3 { Ha um "duplo" evidente com Cxf6+. E necessario escapar com o rei. Porem isto ja e o que nos chamamos: "POSICAO SUSTENTADA COM ALFINETES. AO PRIMEIRO SOPRO SE DERRUBA.E em seguida vira:} 22... Kh8 23. Nxg7 Qxe4

{Keres trata pelo menos de recuperar um de seus peoes. As negras ja tem seu roque destruido e a maioria de suas pecas estao no flanco dama, enquanto que a fumaca esta no flanco rei.} ( {Se o negro tivesse respondido com:} 23... Rxg7 {seguiria} 24. Rxg7 Kxg7 25. Qe7+ {e sempre se encontrara a forma de dar mate.} { Por exemplo se:} 25... Kg6 26. e5 fxe5 27. dxe5 Kh5 28. Qg5# {A entrada da dama branca na setima fila seria decisiva. Portanto, o cavalo nao pode ser tomado. O que quer dizer que o negro se "dancou" com outro peaozinho.}) { Sem se apressar, Euwe defende tudo.} 24. Nh5 Qf5 {Defende seu peao de f6 e ameaca o cavalo e o bispo, que "poderiam" cair. Porem: NO XADREZ, CADA JOGADA VAI TRAZENDO NA MAO A OUTRA . O peao de f6, que era fraco, e agora mais fraco que nunca; isso da lugar a uma combinacao.} 25. Nxf6 { Ameaca a torre negra.} 25... Rf7 {O que se pode fazer? Escapar com a torre ameacada e com ela atacar o cavalo. E o melhor. Alem disso, em caso de desaparecer o cavalo e o bispo dessa coluna, o negro teria contra-chances com Dxf2+, etc} ( {Se} 25... Qxf4 26. Nxd7 {com ganho de qualidade e um mais peao.}) ({E se}

25... Qxf6 26. Be5 {ganhando a dama.}) 26. Be5 {O melhor.} 26... Nc6 { Com esta jogada ataca dama e bispo.} ({Se} 26... Rxf6 { entra a dama na setima linha com} 27. Qe7 { depois do que as negras estao perdidas, ainda que deem o xeque} 27... Qxf2+ 28. Kh1 {e nao se pode} 28... Qf1+ {para responder a} 29. Rxf1 {com Txf1 porque a torre esta cravada. Alem disso o branco ameaca 28.Bxf6+ e mate em seguida.}) { E se nao se toma o cavalo, as brancas podem dar um descoberto que seria a morte. Antes de se entregar, Keres fez uma pequena cilada:} 27. Qd6 ({Se} 27. Nd7+ Nxe5 28. Nxe5 Qxf2+ 29. Kh1 Qf1+ 30. Rxf1 Rxf1# {era o lance de ultima hora. Claro que Euwe vera isso e segue mantendo a pressao.}) 27... Nxe5 {Nao ha mais remedio.} 28. dxe5 Raf8 {Triplica. Keres trata de se sustentar ainda. Voces veem que a posicao agora se "acalmou". Desapareceram as pecas agressivas e todas as restantes estao defendidas. Sem embargo, as brancas tem dois peoes de vantagem e a partida esta ganha. QUANDO SURGE UM FINAL DE DAMAS E TORRES, SEMPRE E BOM DAR UM "AR" AO REI PORQUE, MUITAS VEZES, NAO SE PODE COMBINAR POR ESSA CAUSA. E UMA MEDIDA DE PREVENCAO. Por isso, Euwe

serenamente joga:} 29. h3 Bc4 {Continua "sustentando-se".} 30. Rd1 Bxa2 31. Qd8 { E as negras abandonam. Porem, sigamos para ver porque abandonam as negras.} 31... Rxd8 ({E se} 31... h6 32. Rg8+ Rxg8 33. Qxg8#) ({Ou} 31... Rxf6 32. exf6 Rxd8 33. Rxd8#) 32. Rxd8+ Rf8 33. Rxf8# {Em fim nao havia defesa para evitar o inevitavel. Voces vem que a debilidade do roque negro nesta partida, foi originaria da setima jogada da abertura, por ter ido o cavalo a e4, esquecendo-se de um detalhe elementar: E RUIM TIRAR O CAVALO DAS CASAS f6 OU f3 que defende o roque. Isso trouxe as debilidades do roque negro que permitiram a "entrada" da torre, do cavalo, do bispo e da dama, etc. com o resultado que vimos. Bem, amigos, finalizamos mais esta licao sobre as debilidades do roque, debilidades muito comuns em muitas partidas jogadas por mestres e grandes mestres. Tenho recebido muitas opinioes a respeito destas licoes, alguns me dizem que sou um politicoenxadrista. E que nao devo misturar a politica com o Xadrez; porem eu lhes digo que existe a liberdade de expressao, sem prejuizos para nenhum ser humano. Nao me detem, nem nada me detera em fazer o que faco. E se e pelo bem de meu Pais, VENEZUELA, em nome das ideias de nosso Ilustre Libertador, Simon Bolivar, e pelo bem estar de meu povo, o farei sempre. Porque sou um REVOLUCIONARIO BOLIVARIANO. Como no xadrez,

nao ha que dar-lhe gosto ao contrario. Prof. Erich Gonzalez E-mail: [email protected] TRANSCRICAO Pelo Professor ERICH GONZALEZ, na Cidade de Maracaibo, Estado Zulia, Venezuela, das LICOES DO Dr RAFAEL BENSADON, EM APONTAMENTOS TOMADOS PELO ALUNO ERNESTO CARRANZA. (Traducao: E. Muniz) http:www.xadrez21.hpg.com.br } 1-0 [Event "A TROCA DE TORRE E DOIS PEÕES POR DOIS BISPOS"] [Site "?"] [Date "2002.05.30"] [Round "-"] [White "LIÇÃO 23"] [Black "?"] [Result "1-0"] [EventDate "2002.05.19"] {Prezados irmãos enxadristas. Minhas saudações e respeitos a todos. Agradeço-lhes por seu afeto, carinho e regozijo por estas lições que transcrevo em prol da aquisição do conhecimento do xadrez, causas que me motivam a continuar com as mesmas. LIÇÃO 23 - A TROCA DE TORRE E DOIS PEÕES POR DOIS BISPOS. Hoje vamos ver um assunto que muitas vezes vocês se terão perguntado e quero que o aclaremos definitivamente. Refiro-se à troca de uma torre por duas peças menores (Bispo e Cavalo). Dito estritamente, TOMAR UMA TORRE A CUSTA DE UM BISPO E DE UM CAVALO, "NÃO É NEGÓCIO". Porém, a coisa é mais difícil de saber quando entram em cena os peões. Já não é uma troca simples

porque os peões podem logo pesar na balança. Valem mais uma torre e dois peões que um bispo e um cavalo? Se fizéssemos o balanço "matemático" que figura em certos livros que andam por aí, teríamos (segundo eles): o cavalo vale 2 e o bispo 3, ou seja 5 pontos, e, como à torre lhe adjudicam outros 5 pontos, pareceria que ficaria igual. Porém, isto é só aparência. OS NÚMEROS SÃO RELATIVOS NO XADREZ, NÃO SE PODE APLICÁ-LOS COM JUSTIÇA. Por exemplo: segundo esses livros, cada peão vale 1 e com 5 da torre são 7 pontos; enquanto que bispo e cavalo somam 5, outros dizem que 6; pelo que resultaria um grande negócio para quem entregasse as duas peças menores. Precisamente, eu tendo a demonstrar o contrário. Para mim, DOIS BISPOS OU DOIS CAVALOS SÃO MELHORES QUE UMA TORRE E DOIS PEÕES. Isto dito sem números. Veremos tudo isso na partida que lhes trago, onde quem entrega as peças menores (neste caso, dois bispos) acaba com os dois peões a mais (?) na melhor posição que se possa pedir: são centrais, estão unidos e passados! E, entretanto, não compensam a entrega dessas duas "pecinhas". Foi jogada entre Spielman, jogador muito "combinador" e Colle , grande Mestre Belga. Defesa Nimzowitsch BRANCAS: SPIELMAN NEGRAS: COLLE } 1. d4 Nf6 2. c4 e6 3. Nc3 Bb4 {Está caracterizada a defesa Nimzowitsch, que já conhecemos. Para mim, a jogada Bb4 é relativamente duvidosa.

Com 4.a3, o branco obrigará a trocar esse bispo pelo cavalo, o que não é vantajoso. Também se pode continuar com a jogada de Capabranca 4.Dc2, ao que as negras contestariam d5. Ou se pode fazer como nesta partida:} 4. Qb3 {Com Db3 ameaça o bispo, porém não obriga a troca pelo cavalo, porque agora vem:} 4... c5 {( Sustenta o bispo.)} 5. dxc5 Nc6 {Além disso, agora está ameaçando uma cilada fácil de ver. Trata-se de jogar depois 6....Cd4 e se 7.Dxb4 segue Cc2+ duplo, ganhando a dama. É conveniente, como medida de prevenção, proibir esse salto ao cavalo dama e pode-se jogar 6.e3, porém é mais elástico Cf3, já que desenvolve uma peça.} ( 5... Na6 {com a intenção de logo tomar esse peão com o cavalo, porém isso não tem maior importância.}) 6. Nf3 Ne4 {Já analisamos na lição passada esta idéia de levar, nos primeiros movimentos, o cavalo rei ao ataque. Repetiremos que isso debilita o possível roque curto e, portanto, não pode ser muito bom. Bem, é necessário diminuir a pressão que existe sobre o cavalo branco de c3 (que inclusive poderia aumentar com a dama negra em a5), e para isso não resta mais remédio que fazer 7.Bd2. Se não o fizesse, seguiria 6....Cxc3 e depois de 7. bxc3 ficariam três peões brancos dobrados na mesma coluna, ou seja, 3 peões fracos.} 7. Bd2 Nxd2

{Colle optou pela jogada mais simples: tomar o bispo porque, do contrário, poderia seguir Cxe4, etc. Isso era o que se jogava por aqueles anos, baseado em que o cavalo vale menos que o bispo e o melhor era fazer a troca rapidamente. Depois, o mesmo Nimzovitsch, criador da Defesa, introduziu uma variante: 7....Cxc5 atacando a dama e complicando as coisas.} 8. Nxd2 f5 {Sabemos que este avanço é mau, porém a posição o exige. Sabemos que debilita o possível roque das negras, que já está sem seu cavalo defensor em f6, porém era necessário porque as brancas teriam podido defender seu peão de c5 com 9.Ce4, que também desde ali ameaçaria um xeque em d6, destruindo o roque. Além disso, o peão em f5 corta a diagonal para quando o bispo rei branco vá a d3. Agora as brancas jogam tranqüilas, preparando seu roque.} 9. e3 Bxc5 {Recupera seu peão e fica com os dois bispos. Veremos se isso é suficiente. A propósito de "ficar com os dois bispos", vamos fazer uma digressão. Vocês me terão ouvido dizer muitas vezes que: É CONVENIENTE FICAR COM OS DOIS BISPOS E NÃO COM OS DOIS CAVALOS. Porém eu tenho visto caso de aficionados que ficaram com os dois bispos no tabuleiro e ficaram dando voltas com eles sem saber o que fazer, até que o outro lhes pega com um duplo de cavalo e ganha. HÁ QUE TER DOIS BISPOS, PORÉM HÁ QUE SABER USÁ-LOS. Seria o mesmo que dar-lhe uma arma a quem não sabe manejá-la. FICAR COM OS DOIS BISPOS

INDICA UM POUCO DE SUPERIORIDADE, PORÉM HÁ QUE SABER USÁ-LOS. Ainda que um jogador fique com uma torre a mais, se essa peça não "trabalha", se está travada, pode perder. Sigamos:} 10. Be2 {A mais lógica. Prepara o roque e talvez jogue este bispo a f3. Porém há outra razão mais profunda. Tendo as negras um peão em d7, outro em e6 e outro em f5, significa que seu bispo dama não poderá sair por essa diagonal e, então, deverá fazê-lo por fiancheto. E quando isto ocorra, o melhor será opor-lhe o bispo branco desde f3.} 10... O-O {O negro " mostrou suas cartas". Há uma coisa característica no jogo de Spielman, que colocava em prática em quase todas suas partidas: Espera o roque do contrário e, se este faz roque pequeno, responde em seguida com o roque grande. A razão é que, dessa maneira, poderá levar um ataque de peões no flanco rei, sem expor seu monarca. Era um jogador combinador e lhe agradava atacar. Por isso esperava que o rival "mostrasse as cartas" para começar um ataque onde o outro ponha o rei. Claro que na posição desta partida é conveniente o roque grande porque a torre se coloca na coluna de dama sem perder tempo, e pressiona a dama negra, que está na outra ponta. Além disso, todas as peças "defensivas" estão no flanco dama, enquanto que as peças "ofensivas" apontam para o rei. Aqui, logicamente, as brancas devem rocar grande, porém nem sempre é bom esse roque. Ainda nesta posição, para um jogador

que queira empatar é melhor o roque curto.} 11. O-O-O $1 b6 {Prepara a saída do bispo de c8.} 12. Nf3 {Com idéia de levá-lo possivelmente a d4 e, se as negras não quiseram trocar Cxd4, seguiria Cxe6, aproveitando que o peão de d7 está cravado sobre a dama. As negras tratam de minar o roque grande.} 12... Ba6 {Atacam o peão adiantado.} 13. Rd2 {Prepara para dobrar as torres.} 13... Qe7 {Talvez não seja esta uma boa colocação para a dama, porém convenhamos que se a levasse a c7 poderia vir um salto de cavalo a b5 e teria que sair dali ou trocar Bxb5, com o que perderia a vantagem de seus dois bispos.} 14. Rhd1 Rad8 {Defende seu peão de d7.} 15. a3 {As brancas vislumbraram "algo". Trata-se de ganhar uma peça. Como? Aproveitando a má colocação do bispo negro em c5, que quase não tem retirada. Suponhamos que as negras contestassem agora com algo indiferente, Spielman seguiria 16.Da2, para logo fazer 17.b4 e se o bispo se retira a d6 está perdido; porém, ainda supondo que as negras na jogada anterior tivessem aberto um caminho a esse bispo movendo sua dama, todavia ficaria o avanço de 18.b5, ganhando uma peça. Aqui é quando Colle começa a acariciar a má idéia de trocar duas peças menores por uma torre e dois peões. Qual vale mais? Observemos que o negro tem uma quantidade muito grande de peças sobre o rei. Ocorre a Colle valorizar a

coluna bispo rei (f), onde tem uma torre instalada. Para isso jogará 15....f4, pensando que se o branco não toma pode fazer 16....fxe3 e a 17.fxe3 poderia tirar a dama da terceira linha com a combinação que já veremos, para logo jogar Bxe3 cravando a torre sobre o rei e ganhando-a. E se as brancas tomam o peão vem, mais ou menos, o mesmo. Porém o avanço do peão de f5 a f4 pelo negro tem pouca importância porque deixa sem controle uma casa (e4), onde se instalará um cavalo. Vejamos o que ocorreu.} 15... f4 16. Ne4 {Neste momento, pode-se dizer que esse cavalo está centralizado porque não poderá ser expulso com 16....d5, devido a 17.cxd5. E se exd5 é seguro que este peão cai, pois encontra-se entre as duas torres e a dama branca (que está colocada na mesma diagonal onde se encontra o rei contrário). De momento, o cavalo em e4 está muito bem. Bom, ante a ameaça de 17.Da2 para logo jogar 18.b4 e 19.b5, as negras "entram" pela má idéia de trocar seus dois bispos por uma torre e dois peões. Já disse, no início, que isso "não é negócio" ENTRETANTO, SE FOSSEM DUAS PEÇAS MENORES POR UMA TORRE E TRÊS PEÕES PODE SER QUE FOSSE FAVORÁVEL PARA O NEGRO. É, pois, uma combinação falsa a que agora faz Colle.} 16... fxe3 17. fxe3 Bxc4 18. Bxc4 {Se se responde} (18. Qxc4 {sai essa dama da terceira linha, e então viria} 18... Bxe3) 18... Na5

{Este era o "golpe" que as negras se reservavam para conseguir seu objetivo. Não resta mais que:} 19. Qd3 Nxc4 20. Qxc4 Bxe3 21. Qd3 Bxd2+ 22. Rxd2 {O negro acredita que, com isto, destruiu todas as defesas do roque grande e ainda tem (para quando seja oportuno) Tc8+, etc. Porém façamos um balanço sereno. Há 4 peões brancos contra 6 peões negros; os dois rivais conservam suas damas; o branco tem só uma torre e o negro duas, porém, em compensação por isso e pelos dois peões de diferença, as brancas conservam seus dois cavalos. Além disso, observemos que esses dois peões a mais que o negro tem são centrais, estão unidos e são "passados" porque não há outros peões que se lhe possam opor no caminho de sua coroação. Acrescentemos que o branco não conserva bispos, senão cavalos, que em posições abertas (como esta) valem menos que os bispos. Quero dizer que a troca foi feita com o máximo de vantagens que se possa pedir para as negras. E, entretanto, tudo isso não compensa as duas peças menores entregues... Logo comprovaremos esta verdade. Adiante as brancas estão ameaçando 23.Ce4-g5, para buscar um mate com Dh7++. É necessário cortar essa ameaça, ainda a custa de outra debilidade do roque, que por agora não poderá ser aproveitada.} 22... h6 {E agora? O que o branco pode fazer? Tudo está mais ou menos bem defendido e não se vê a forma de ganhar. Nestes casos, há

que começar pelo princípio. Qual é a "arma" mais valiosa que tem as negras? Indubitavelmente seus dois peões centrais, que poderiam começar a caminhar até chegar à oitava casa. E o que se pode fazer contra eles, já que estão bem defendidos? O que Nimzovitsch chama "o bloqueio". QUANDO O RIVAL TEM UM BALUARTE DE PEÕES "PASSADOS", O MELHOR É BLOQUEÁ-LOS, IMPEDIR QUE AVANCEM. Para isso, deve-se colocar alguma peça diante desses peões. Assim procedeu Spielman.} 23. Nd6 {Este cavalo está apoiado por Dama e Torre e nenhum peão pode expulsá-lo dali; "ninguém toca nele". Além disso, corta uma diagonal por onde poderia jogar a Dama negra e impede o xeque com Tc8.} 23... Qf6 {Depois disso, as brancas estão na obrigação de atacar para decidir a partida. Porém, quando se chega a uma posição de bloqueio como esta, o que se deve buscar antes de qualquer coisa? A PRÁTICA E A EXPERIÊNCIA ACONSELHAM QUE QUANDO SE TEM UMA POSIÇÃO GANHADORA, ANTES DE LANÇARMO-NOS AO ATAQUE, HÁ QUE COMEÇAR POR COLOCAR NOSSO REI EM SEGURANÇA. De tanto receber mates, aprende-se estas coisas. Por enquanto, não há nenhum xeque em vista (que possa servir para algo), porém a experiência diz que convém jogar 24.Rb1 e logo Ra2 para estar tranqüilos. Já vi muitos jogadores que, estando em posição melhor, pensaram: -- "Já o tenho frito!". Largaram-se a atacar e, por ali, deram-lhes um xeque e lhes ganharam.}

24. Kb1 Rb8 {(Coloca a Torre na mesma coluna do Rei,)} 25. Ka2 Qf4 26. Qb5 {O lance da partida é o início de uma manobra engenhosa: ataca o peão de d7 para que Colle tire a torre da linha aberta do bispo rei , com o objetivo de levar a dama ao flanco rei. As negras estão obrigadas a defender esse peão de d7 porque, se o perdem, já terão perdido tudo.} ( 26. Qg6 {porém as negras teriram respondido} 26... Rf6 {e, se para mantener a pressão, jogasse} 27. Qh5 {seguiria} 27... g6 {e a dama não teria boas retiradas, enquanto que a torre em f6 serviria magnificamente para a defesa do roque negro.}) 26... Rfd8 27. Qh5 {Esta é uma jogada psicológica porque as negras poderiam agora retornar com sua torre para a casa f8. Porém, QUANDO TENHA MOVIDO UMA PEÇA, É DIFÍCIL QUE O JOGADOR A FAÇA VOLTAR A SUA POSIÇÃO PORQUE PENSA QUE PERDE UM TEMPO E PREFERE BUSCAR OUTRA JOGADA. Colle optou por fazer uma cilada infantil.} 27... b5 {Parece que entrega esse peão, que está atacado pelo cavalo e pela dama.} 28. Rd4 {Trata de levar suas peças ao flanco rei. O branco tem três peças móveis e é mais fácil que possa levar um ataque ao roque contrário e não que as negras tenham êxito em um ataque ao rei branco.} ( 28. Nxb5 Qc4+ {E ganha o cavalo.}) 28... Qf6

{Segue na defesa; e até poderia continuar o avanço do peão de b5 para usar a ação combinada da torre e da dama para pressionar o peão de b2 branco. As brancas continuam o "bloqueio" e centralizam outro cavalo, que pode ajudar a decidir a luta.} 29. Ne5 b4 {A posição das negras é ruim e está se tornando pior. O lance que acaba de fazer é o que chamamos "jogada de desespero". Porque é triste estar assim, sem poder mover nada. Os dois cavalos brancos bloqueiam tudo; cada um deles toma oito casas a seu redor, e já não resta mais que "tirar-se lances". O de agora é para o caso de as brancas não tomarem esse peão e jogarem qualquer coisa; então viria 30..... bxa3 e a 31.bxa3, Df2+ ganhando uma torre, etc. As brancas replicaram com o mais simples: tomaram o peão, com o que põem outro obstáculo na coluna do cavalo dama (coluna b).} 30. axb4 Rb6 {Procura um xeque com a torre em a6, porém é um plano destinado ao fracasso. Spielman vê que se pudesse por sua torre na coluna bispo rei (coluna f) a dama negra não teria boa saída e que, logo, poderia entrar com cavalo ou torre na sétima linha, o que seria decisivo, e o prepara com:} 31. g3 Rf8 {(Defende-se);} 32. Rf4 {Essa ameaça é de mate. Reconhecendo assim, as negras "tiram o último lance da temporada". Fazem uma troca

desvantajosa porque entregam a dama por uma torre e um cavalo.} 32... Qxf4 {E se responde} (32... Qe7 {seguiria} 33. Ng6 {E a} 33... Qxd6 34. Rxf8+ Qxf8 {Se} (34... Kh7 35. Rh8#) 35. Nxf8 Kxf8 {etc.}) (32... Qd8 {segue} 33. Ndf7 {Se move a dama negra (suponhamos a c8)} 33... Qc8 {segue} 34. Qg6 {ameaçando 35.Cxh6+ Rh8 etc.}) 33. gxf4 Rxd6 {Já disse que esta troca não é vantajosa. Claro que o negro fica com duas torres, que valem um pouco mais que a dama, porém o branco tem um cavalo de "napa". Agora, as brancas continuam ameaçando tomar pontos fracos do rival, que seria efetivo entrando com a dama na casa b7.} 34. Qf3 Rd5 {Corta essa diagonal e, de passagem, "tira outro lance". Estando a dama branca na mesma coluna da torre em f8, caso agora fizessem algo indiferente, poderia-se jogar 35....Txe5, ganhando o cavalo. É uma ameaça inocente, a dama branca sai dessa situação e ameaça diretamente o peão de a7.} 35. Qe3 a6 {Com isso não soluciona nada. Se a dama entra na casa a7, seguramente um dos dois peões ameaçados cairá. Spielman jogou:} 36. Qa7 {E as negras abandonam. Suponhamos que o negro se resignasse a perder um desses peões e respondesse..} 36... Rxf4 {Seguiria} 37. Nxd7 {Como as negras não tem

outra coisa a fazer, não lhes resta mais que o lance de cravar esse cavalo com:} 37... Rf7 {Porém, segue} 38. Qa8+ Kh7 {(Única)} 39. Nf8+ {E, caso não sacrifique a torre, o rei deve voltar a sua casa (g8 ou h8). Então 40.Cxe6+ descoberto, com a que se tira o único apoio da torre de d5, que poderia ser capturada, perdendo a partida. CONCLUSÃO: Vocês viram como, apesar dos dois peões que as negras tomaram junto com a torre, não ficou compensada a perda das duas peças menores. Quer dizer que: DOIS BISPOS OU DOIS CAVALOS, OU UM CAVALO E UM BISPO, VALEM MAIS DO QUE UMA TORRE E DOIS PEÕES. Precisamente a pior forma para ganhar este tipo de partida seria esta que vimos porque o branco ficou com dois cavalos em troca por torre e dois peões. Com mais razão, teriam ganho caso se tivesse ficado com os dois bispos. Prezados leitores, finalizamos esta lição bastante instrutiva. Espero as correções e recomendações de parte de vocês. Minhas saudações a todos em nome de meu país e, como praticante das idéias de nosso ilustre Libertador, Simon Bolívar, e da Revolução Bolivariana da Venezuela, trago-lhes a continuação de sua Biografia. Os Bolivar-Palacios, famílias estabelecidas desde várias gerações em solo americano, pertenciam à elevada e poderosa classe social dos "mantuanos", que, dentro da Província, tinham a primazia em tudo, exceto o pleno poder político. Simon veio ao mundo "em berço de ouro" e, além disso, em pouco tempo, um parente seu, Juan Felix Jerez-Aristiguieta e Bolívar, instituiu

em seu favor um rico patrimônio, chamado "Vinculo da Concepção". Simon, cuja mãe não podia amamentá-lo, teve por ama de leite uma vitalmente robusta e sã escrava da família, a negra Hipolita. Esta não só saciou com seu seio o apetite do menino (substituindo a uma amiga de dona Concepção, a dama cubana Ines Mancebo de Miyares, que o alimentou uns dias) senão que se ocupou logo dele quando já estava mais crescido, sobretudo depois da morte do coronel Bolivar, ocorrida quando Simon tinha apenas dois anos e meio. Junto com sua veneração por dona Concepção, sua "boa mãe", e o carinho a dona Ines, Bolivar guardou sempre em seu peito um sentimento de afeto, gratidão e respeito pela escrava que em sua terna infância lhe serviu de guia e cumpriu com as funções de um pai, depois de ter sido sua ama de leite. (Continuará) TRANSCRIÇÃO pelo Professor ERICH GONZALEZ, na Cidade de Maracaibo, Estado Zulia, Venezuela. LIÇÕES DO DR. RAFAEL BENSADON E APONTAMENTOS TOMADOS PELO ALUNO ERNESTO CARRANZA.} 1-0 [Event "DEBILIDADE DO ROQUE DEVIDO AO AVANÇO DO PEÃO A TRÊS TORRE REI (h3 ou h6)"] [Site "?"] [Date "2002.07.14"] [Round "?"] [White "LIÇÃO 24"] [Black "?"] [Result "*"] [ECO "D46"] [PlyCount "59"] [EventDate "2002.06.28"]

{Prezados amigos do Xadrez. Sigo realizando este magnífico trabalho de transcrição das excelentes lições do Dr. Bensadon. Minha maior felicidade é o amor, a confiança e a estima que tenho para ajudar meus semelhantes, com a maior vontade de estabelecer objetivos positivos, que lhes permitirão superar-se em todos os aspectos do xadrez e o desenvolvimento da humanidade; de uma humanidade livre de problemas; sem vícios, compreensiva para com os acontecimentos da vida, com amor por seus semelhantes e com o desejo de triunfar. LIÇÃO 24 - DEBILIDADE DO ROQUE DEVIDO AO AVANÇO DO PEÃO A TRÊS TORRE REI (h3 ou h6). Hoje vamos nos ocupar de outro tipo de debilidade do roque: a que se produz ao jogar o peão a três torre rei (h3 ou h6). Vocês sabem que os jogadores, seja porque não sabem o que fazer em certo momento da abertura, seja para expulsar um bispo colocado em g5 ou g4, seja para evitar um salto de cavalo a essa mesma casa, etc., jogam comumente o peão a três torre rei (h3 ou h6). Claro que às vezes é necessário. Porém, quando se faz isso, há que reparar que, somente por este fato, o roque fica debilitado. Por que fica debilitado? A razão principal é que o bispo dama contrário desde sua casa inicial pode ser sacrificado por esse peão da torre, o que desbarata a posição do rei. Se esse peão não tivesse avançado, o bispo dama contrário poderia ir a h6 ou h3, porém já é diferente porque não "entra"

ganhando um peão, não obriga a uma série de coisas raras. Entretanto, o lance h3 ou h6 é feito com muita freqüência, especialmente quando os aficionados não sabem o que jogar. Já disse que isso tem que ser bem pensado, ainda que seja forçado. Na partida que reproduziremos, produziu-se a posição com o peão em h6 e já veremos como se procede em tais casos para ganhar. Os oponentes foram Kolstanovsky e Price. O segundo deles não era um mau jogador, porem Kolstanovsky era o Campeão Mundial de partidas às cegas em sua época. Era um mestre nacionalizado Belga, de jogo muito parecido com o dessa glória do Xadrez, que foi Najdorf. Era um especialista em simultâneas e em partidas às cegas. Defesa Eslava Brancas: Kolstanovsky. Negtras: Price.} 1. d4 d5 {Já comentei que quando as negras contestam diretamente 1...d5, é porque farão uma Defesa Eslava. Caso se deseje jogar esta Defesa, a única possibilidade de alternar seria mover primeiro 1...c6, porém as brancas, com 2.e4, podem entrar em uma Car-kann.} 2. c4 c6 {Por que responder isto e não 2...e6? Para não fechar a diagonal de seu Bispo Dama (Bc8). Espera um certo momento e deixa a linha livre para tirá-lo se lhe convém. PORÉM, RESULTA QUE CONTRA A ESLAVA O MELHOR QUE TEM O BRANCO É 3.e3, com o que encerra voluntariamente seu Bispo Dama

(Bc1). Sabemos que com a abertura de Peão Dama normal é o negro quem encerra seu Bispo Dama (ao mover e6). Com a Eslava ocorre o contrário; é o branco quem fecha o caminho de seu Bispo Dama. Quer dizer que, ainda que agora as negras encerrassem seu Bispo Dama, estariam iguais. Depois do que, poderiam entrar em um Gambito de Dama vulgar, porém com a grande diferença de que o Bispo Dama branco está encerrado e não em g5. Até podem as negras tomar a iniciativa ao desenvolver seu Bispo Dama a f5, ainda que isso traga o inconveniente de que as brancas, respondendo Db3, ameaçam o fraco peão de b7 e o negro tem de perder tempos para defendê-lo. Enfim, as negras não perderam nada ao implantar a Eslava.} 3. e3 Nf6 4. Nc3 e6 { Price se decidiu a encerrar seu Bispo Dama (Bc8)} ( {Seria de considerar} 4... Bf5 {É uma jogada possível, porém, como disse, tem o pequeno inconveniente de} 5. Qb3 {o que obrigaria a} 5... Qc8 { Nessas condições, perder um peão é de grande importância.} ({Ou} 5... Qb6)) { Bem, os rivais tem seus respectivos Bispo Dama encerrados. Não foi má técnica jogar a Defesa Eslava para entrar em uma Ortodoxa.} 5. Nf3 Nbd7 6. Bd3 {A ninguém se lhe ocorreu que agora as negras podem

levar um ataque como na Cambridge-Springs, a base de Da5, Bb4 e Cg4? Por que? Seria ridículo fazer isso devido ao fato de que o Bispo Dama branco encerrado, vai a d2 e se acabou o ataque. É um plano inaceitável.} 6... Be7 7. O-O O-O { A abertura se desenvolveu sem vantagens nem desvantagens para ninguém; quer dizer que a Eslava pode ser jogada sobretudo se se conhece esta variante (porque existem muitas outras, que é necessário conhecer). Os dois Bispos Dama ficaram encerrados e não há razão para ter medo de nada, tanto por parte das brancas como das negras. Chegou-se a uma posição equilibrada. E agora? Com é que segue o branco? Se pretende dar jogo a seu Bispo Dama por fiancheto, seria um contrasenso porque seu peão dama está fixo em d4 e impede a ação do Bispo desde b2. A única jogada interessante é:} 8. e4 {Este avanço foi feito em dos tempos, porém tem uma razão psicológica. Eu tenho notado que em 99% dos casos em que isto se produz os jogadores tomam 8....dxc4. Não me explico por que, porém quase todos os aficionados (e alguns mestres) preferem tomar o peão de c4 e não o de e4. É algo psicológico. Vocês poderão dizer que é para fazer o branco perder outro tempo quando retome com o Bispo, porém essa é precisamente a

má jogada. Deve-se tomar o peão de e4; para mim é uma coisa clara.} 8... dxc4 ({Analisemos se é certo o que lhes digo} 8... dxe4 {seguiria} 9. Nxe4 Nxe4 10. Bxe4 Nf6 {ganhando as negras um precioso tempo para mobilizar suas peças, enquanto o Bispo branco sai, ficando, além disso , com um cavalo bem instalado em f6.}) {Na partida, Price tomou ao contrário (talvez como tivessem tomados vocês) e já veremos o que acontece:} 9. Bxc4 {E as já negras não poderão evitar que siga e5, expulsando o cavalo da casa f6. Vemos que o peão em e4 é muito mais perigoso do que teria sido o peão em c4. Tão perigoso é esse peão de e4 que começará a debilitar o roque das negras, ao desaparecer o cavalo de f6.} 9... Re8 {Price segue "o mais tranqüilo"; talvez com a idéia de por o cavalo de d7 em f8 ( para defender o peão de h7), quando seu cavalo de f6 desaparecer. As brancas já podiam jogar diretamente 10. e5, porém fizeram algo que, a meu juízo, não responde a nenhum objetivo, ainda que talvez responda a idéias posicionais.} 10. Qe2 b5 {Com isso se obriga o branco a levar seu Bispo Rei para a boa posição em d3. De passagem, observemos que o Bispo Dama Branco já saiu de seu "encerro", pois tem caminho livre. A

posição das brancas vai melhorando por si só. Logo poderão jogar e5, que seria de suma importância.} 11. Bd3 a6 {A idéia das negras ao fazer 10....b5, não era expulsar o bispo de c4, mas de jogar logo o bispo a b7 e depois levar o peão a c5, liberando seu jogo. Porém, para poder avançar esse peão, deve primeiro apoiar seu peão de b5 e é por isso que perdeu este tempo em fazer 11.... a6. Kolstanosky já pode cumprir sua ameaça.} 12. e5 $1 Nd5 {Esse cavalo estava destinado a sair de f6. As brancas não o trocariam pelo seu porque tem um plano melhor.} 13. Ne4 {As brancas poderiam esperar que o outro trocasse os cavalos, porém é melhor 13.Ce4 porque desde já ameaça várias coisas: saltar a g5, d6 ou a g3; são vários planos; todos interessantes, que serão feitos segundo o que responda o contrário. O mais importante, por agora, é que o peão e5 do branco já desalojou o cavalo de f6. A MANOBRA PRÉVIA PARA LEVAR UM ATAQUE SOBRE O ROQUE É DESALOJAR O CAVALO DE f6 OU DE f3. O negro, entretanto, segue "o mais tranqüilo". } 13... Bb7 14. Nfg5 {Por que avança com este cavalo e não com o outro? A razão é que os Cavalos e o Bispo sozinhos não dão mate ( é muito difícil). Movendo o Cavalo de f3 se dará uma passagem à Dama para pressionar o roque. Vemos que quando saia

o Cavalo Branco de e4 (e a dama tenha passado) vai se ameaçar o ponto h7 com Cavalo, Bispo e Dama, o que se poderia defender somente com g6, porém isso não seria bom porque debilita enormemente o roque. Por isso, e para expulsar o cavalo de g5, é quase obrigado fazer a "famosa" jogada h6. Assim foi:} 14... h6 {As brancas conseguiram o que queriam: debilitar mais esse roque, que já estava fraco pela falta do cavalo em f6. Talvez tivesse sido melhor 14....Cf8, ainda que agora não seria tão lógica. Com h6 a partida está "quase" perdida. Como? Esse peão em h6 representa o perigo de que o Bispo Branco, desde seu casa inicial ( Bc1), vá diretamente tomar Bxh6.} 15. Qh5 $1 { É necessário mais peças que ajudem o ataque.} 15... Rf8 ({Se} 15... hxg5 { seguiria} 16. Nxg5 {e o mate seria inevitável}) ({(Por exemplo:} 15... hxg5 16. Nxg5 Bxg5 17. Bxg5 f6 ({Se} 17... Ne7 18. Qh7+ Kf8 19. Qh8+ Ng8 { e ganha a Dama.}) 18. Qh7+ {etc.}) ( {E se não toma o Cavalo, as brancas estão ameaçando o ponto f7 onde entraria a Dama dando xeque. Se para evitar isso respondessem} 15... g6 16. Qxh6 { e a partida está perdida. Não restava mais remédio que defender o peão de f6.}) {Agora a debilidade

existe no peão h6 e logo virá Bf1xh6. Para isso, retira seu cavalo de g5 a f3:} 16. Nf3 c5 ({Não serviria} 16... f5 { Precisamente a raiz da má tomada.} 17. exf6 { Se ali se tivesse tomado o peão de e5, tudo isso se teria evitado.}) { Vocês vêem como UMA SIMPLES TROCA EQUIVOCADA, QUE A MAIORIA DOS JOGADORES FAZ, TRAZ GRAVES CONSEQÜÊNCIAS. Já sabem qual é a troca boa e a ruim. Aqui se vê claro com lógica pura. As negras buscaram contra-chances no flanco dama, porém as brancas seguem com seu objetivo no flanco Rei:} 17. Bxh6 $1 { Um brilhantismo para os noviços. Se o negro toma, está perdido e, se não toma, também está. Se as negras não tomam o bispo, não saem desta situação de "enrascada". Não lhes resta mais remédio que tomar:} 17... gxh6 18. Qxh6 {Em seguida vemos que quando o cavalo de e4 vá para g5 se ameaçará mate em h7. Neste amargo transe, Price já poderia "assinar a planilha" porque seu Rei está "no ar", sem peões que o proteja. Não obstante, tratou de cortar a ação do Bispo Rei em h7, com:} 18... f5 19. exf6 {Ainda que agora um Cavalo negro volte a f6, não tem muita importância

porque a Dama Branca já "entrou" e não há mais peões do roque. São 4 as peças que podem tomar esse peão branco. Com qual deve fazê-lo? Descartemos a torre porque existe um cavalo que pode retomá-la.} 19... N5xf6 ({ Se toma o peão com:} 19... Bxf6 {Segue} 20. Neg5 { e será duro evitar o mate.}) { Sem dúvida, era melhor tomar o peão com o cavalo de d5.} 20. Nxf6+ Nxf6 {HAVENDO FICADO O REI NEGRO SEM PEÕES DIANTE DELE, A ÚNICA COISA QUE PODE OPOR RESISTÊNCIA SÃO AS PEÇAS E, POR ISSO, AS TROCAS FAVORECEM À BRANCAS. } ( {Não se podia tomar} 20... Rxf6 {devido a} 21. Qh7+ Kf8 {(Única.)} 22. Qh8+ Kf7 {(Única.) } 23. Ng5#) ({Havia outra maneira de dar mate:} 20... Rxf6 21. Bh7+ Kh8 ({Ou a} 21... Kf7 22. Ng5+ Ke8 {(Única.)} 23. Bg6+ Rxg6 24. Qxg6+ Kf8 {(Única.)} 25. Qf7#) 22. Bg6+ {Descoberto.} 22... Kg8 23. Qh7+ Kf8 { (Única.)} 24. Qh8#) {Enfim, teria sido fatal tomar 20....Txf6. Tampouco convinha 20.....Bxf6 devido ao salto 21.Cg5 ou do mate que se produziria com a Dama na casa h7. Agora as brancas darão um xeque de dama com o único fim de "arrinconar" o rei, já que assim será mais fácil dar-lhe mate.} 21. Qg6+ Kh8 {

(Única.)} 22. Ng5 Bd5 ( {Se as negras pretendem expulsar a dama com} 22... Rg8 { Segue} 23. Qh6+ ( {Ou diretamente} 23. Nf7#) 23... Nh7 24. Qxh7#) { As brancas continuam o ataque. Ameaçam dar mate em duas jogadas ou ganhar a dama, começando por 23.Cxe6 para dar mate com 24.Dg7++, enquanto se a dama negra se move. Caso se defende do mate, toma-se essa dama. Além disso, existe um xeque com Dh6 para fazer voltar o rei a g8, segundo convenha ou não. É necessário defender o peão de d5 e, por isso, jogou 22....Bd5.} 23. Rfe1 {Até este momento, as brancas tinham jogado sem usar suas torres. Isso só indica a importância que tem esta classe de debilidades do roque, quando desaparece o cavalo de f6, se fez o avanço h6 e entra a dama contrária em h5, ou qualquer outra peça. Por enquanto, o branco tem uma peça a menos (que sacrificou pelo peão de h6), de maneira que, para ganhar, tem que "romper" o outro. Assim é que ameaça outro mate com 24.Te3 e 25.Th3++.} ( { Não teria sido muito bom.} 23. Nh7 {Devido a} 23... Qe8 { Procurando a troca de damas e, se para evitá-lo, se fizesse} 24. Qh6 Qh5 { Sacrificando uma qualidade, porém trocando as damas e ficando o negro com uma peça a mais.}) {Bem, depois de 23.Te1, há que impedir que essa torre vá a e3, porque seria de mate. Não resta mais que a jogada simples.} 23... cxd4 ({Se} 23... Qe8 {Perde-se a dama depois de} 24. Qh6+ Kg8 {(Única.)} 25. Bh7+ {Então volta} 25... Kh8 ({Se} 25... Nxh7 26. Qxh7#) 26. Bg6+ { descoberto, ganhando, pelo menos, a dama.}) 24. Re4 ({A tentadora jogada} 24. Rxe6 {tem um inconveniente oculto; torna a partida difícil porque as negras respondem} 24... Ra7 { defendendo sua segunda linha e se faz problemático o mate, ainda que venha} 25. Rxf6 Bxf6 {ficam vigiadas as casas da segunda linha com essa torre na casa a7.}) {Não havia necessidade por parte do branco de tomar o peão de e6 do negro porque a jogada 24. Te4 é melhor. Já que a torre branca de e1 não pode ir à terceira casa (e3), vai à quarta (e4), e a mesma ameaça mate em h4.} 24... Bxe4 25. Bxe4 Rc8 {(Tira a torre da ameaça.)} 26. Qh6+ {(O mais seguro)}

26... Kg8 {(única)} 27. Bh7+ Kh8 ({Se} 27... Nxh7 28. Qxh7#) 28. Bf5+ {(Descoberto.) E as negras abandonam. Ameaçava-se dois mates.} {Se} 28... Kg8 ({e se} 28... Nh7 29. Qxh7#) 29. Bxe6+ Rf7 {(jogada forçada.)} 30. Bxf7# {Não havia, pois, salvação. RESUMO: Por Haver as negras avançado o peão de torre a h6 perderam esta partida. Depois de 17. Bxh6, pode-se diz que o branco já estava ganho. E como estava ganho! Porque isso é dar uma surra e uma "saranda" no adversário. Depois de uma derrota assim, você não pode dormir durante toda a noite. Estimados amigos do xadrez, finalizamos esta lição e quero dizerlhes, em nome de meu país, a República Bolivariana da Venezuela, que os verdadeiros bens do homem não são os que crêem a maioria de endinheirados ou pobres: edifícios, carros, jóias e o dinheiro acumulado nos bancos. Os bens verdadeiramente desejáveis que dão e conservam a felicidade são distintos e mais preciosos; a verdadeira riqueza é a saúde e a paz de consciência. E continuemos com a Biografia de Nosso Ilustre Libertador, Simon Bolivar. Ao redor de 1790, a senhora Bolivar, com seus filhos Maria Antonia, Juana, Juan Vicente, Simon, com outros parentes e amigos, ia de passeio a suas fazendas, especialmente a de San Mateo, nos vales de aragua. A serena beleza da paisagem tropical despertaria então em Simon o amor pela natureza, que nunca deixou de sentir, e que expressou mais tarde, já adulto, em seus decretos conservacionistas. O encanto se quebrou a 6 de julho de 1792, ao morrer sua mãe, provavelmente de tuberculose, em Caracas. Os Bolivar-Palacios ficaram órfãos. As duas filhas, ainda que muito jovens, não tardaram em se casar. O avô materno, don Feliciano, foi tutor de Simon, que contava 9 anos. Aquele mesmo garoto que sentiu em sua alma o frio e o vazio da orfandade ainda que não o abandono nas privações - foi o mesmo que, trinta anos depois, ditaria um decreto para proteger a infância desvalida: "... uma grande parte dos males de que adoece a sociedade provém do abandono em que se criam muitos indivíduos por haver perdido, em sua infância, o apoio de seus pais", Escrevia em Chuquisaca, em 1825. (Continuará) TRANSCRIÇÃO pelo Professor ERICH GONZALEZ na Cidade de Maracaibo, estado Zulia, Venezuela. LIÇÕES DO Dr. RAFAEL BENSADON EM APONTAMENTOS TOMADOS PELO ALUNO ERNESTO CARRANZA.} * [Event "A TROCA DE UMA TORRE [Date "2002.09.10"] [Round "?"] [White "LIÇÃO 25"] [Black "?"] [Result "1-0"]

POR BISPO E CAVALO"]

[ECO "D20"] [PlyCount "89"] [EventDate "2002.08.13"] [Site "?"] {Minhas saudações e os mais sinceros agradecimentos de todo coração a todos aqueles que, dia à dia, seguem o desenvolvimento destas excelentes lições do Dr. Besadon. Vai também meu agradecimento a esta excelente página, sem a ajuda da qual seria difícil que estas lições cumprissem seu objetivo. E um pequeno conselho para vocês: Para ter êxito, há que viver pensando e atuando grande, sem se deixar levar pela fantasia. Sejamos grandes no Xadrez. Colaboremos com sua difusão. LIÇÃO 25 - A TROCA DE UMA TORRE POR BISPO E CAVALO. Hoje vamos considerar um caso distinto do que lhes mostrei na lição 23. Vocês recordarão que vimos uma partida em que se fazia valer a vantagem das duas peças a mais, obtidas em troca de uma torre e dois peões. Agora veremos um caso parecido, porém não igual. UM BISPO E UM CAVALO REPRESENTAM UM POUCO MAIS QUE UMA TORRE. O QUE TENHA AS DUAS PEÇAS DEVE SE IMPOR. E se em vez de ficar com dois cavalos (que foi o que vimos) ficar-se com bispo e cavalo, é mais fácil ganhar. Eu lhes mostro partidas de mestres em que estas coisas ocorrem, e isso significa que o caso se apresenta com freqüência, e que quem entrega as duas peças "acredita" que poderá sustentar a partida, uma vez que até mestres pensam assim. Claro que às vezes se faz essa troca pela obrigação, ou porque não há nada melhor naquele momento. E, repito, o que tenha as peças menores deve ganhar. Gambito de Dama Aceito. Brancas: Marshall - Negras : Janovsky } 1. d4 d5 2. c4 dxc4 $1 {Seguindo seu costume, Janovsky toma o peão do gambito. Isso não se faz com a idéia de sustentar esse peão, mas de levar o jogo por caminhos não conhecidos. Como não há pressa em recuperar esse peão, o branco pode seguir desenvolvendo-se.} 3. Nc3 ({ Sabemos que é fácil tomar em seguida o peão jogando:} 3. Qa4+) 3... e5 $5 { Janovsky usa um gambito muito interessante, que o tinha muito bem estudado. Entrega um peão, porém o faz para sair de caminhos trilhados e entrar em variantes que analisou a fundo. Não é necessário dizer que este gambito não pode ser muito bom, porém tem O VALOR DA SURPRESA, E A SURPRESA NO XADREZ TEM UM VALOR MUITO IMPORTANTE.} 4. e3 ({Se o branco tomasse:} 4. dxe5 { seguiria a troca de damas com} 4... Qxd1+ {Caso se retome com} 5. Kxd1 { o branco perde o roque. } ( {Se retoma com} 5. Nxd1 {perde um tempo e estão iguais em peões porque, mesmo que as brancas consigam capturar o peão dobrado de c4, seguramente as negras também tomarão o peão dobrado de e5.})) {Depois do que as negras terão seus peões melhor colocados (3 em cada flanco) e suas peças poderiam sair livremente. Do que se deduz que o melhor será não tomar o peão de e5. Talvez a melhor jogada seja avançar 4.d5. Marshall, talvez surpreso, "improvisou" jogando 4. e3, sustentando o peão dama , porém logo vai ficar com um peão isolado.} 4... exd4 5. exd4

{E as brancas já estão com um peão central isolado, que nessa partida não se pode ou não se soube aproveitar. Mas, independente disso, O PEÃO ISOLADO É UMA DESVANTAGEM. Vejamos a posição: as negras ficaram com 3 peões negros em cada flanco e suas peças em disposição de ir aonde queiram, enquanto o branco tem 3 peões no flanco rei, 2 peões no flanco dama e um peão central isolado. Quer dizer que se o gambito planejado por Janovsky resultasse sempre nesta posição, seria conveniente jogá-lo; porém já disse que a jogada 4.e3 foi uma improvisação infeliz. Por enquanto, as negras conseguiram o máximo com o mínimo de esforço. ÀS VEZES, O GAMBITO DE DAMA ACEITO COSTUMA RESULTAR PROVEITOSO PORQUE É POUCO JOGADO. ENTÃO, O ADVERSÁRIO NÃO SABE ONDE SE AGARRAR E PODE SE PERDER. Bem, o negro já tem um objetivo: começa a atacar o peão isolado:} 5... Nc6 6. Nf3 { Defende.} 6... Nf6 {(Desenvolve.} 7. Bxc4 Bd6 { Prepara seu roque.} 8. O-O O-O {Os dois lados já estão rocados e a posição é equilibrada. Diria que, em meu conceito, as negras estão um pouquinho melhor porque não têm o peão central isolado.} 9. Bg5 { Pressiona a dama.} 9... Bg4 {Imita.} 10. Nd5 {Por que joga 10.Cd5 e não 10. Ce4, que parece mais eficaz? Há uma razão: fazer 10. Ce4 só tem a idéia de pressionar sobre o cavalo de f6 cravado e, ainda que de passagem ataque o bispo negro de d6, o adversário pode responder Be7, com o que se descrava. Com 10. Cd5 também se pressiona o cavalo negro cravado, mas, se respondem Be7, este bispo se coloca sob fogo do cavalo, que pode tomálo, fazendo uma troca vantajosa. Assim ocorreu.} 10... Be7 11. Nxe7+ Qxe7 {A dama continua pressionada e as brancas ficaram com a vantagem de seus dois bispos. Para um jogador posicional, isso já seria suficiente, porém Marshall é um jogador combinativo, de ataque, e não se contenta com ganhar a longo prazo; quer ganhar material ou dar mate em seguida. Por isso busca combinações como esta:} 12. Bd5 {Qual é a idéia? Dobrar o peão na coluna bispo dama (coluna c) e logo colocar sua torre de a1 em c1, "apertá-lo" desde essa coluna aberta. Dessa maneira, se assegura a vantagem material. Vemos, pois, que não lhe interessa vantagens posicionais, mas materiais.} 12... Rfd8 ({Se as negras respondem } 12... Nd8 {defendendo o peão de b7, interrompem o tráfego de suas torres na oitava linha. Será melhor continuar com uma jogada ativa, que ameace o bispo, o peão de d4 e a dama branca. Porém as brancas se oporão com outra "jogada intermediária". Vejamos}) 13. Re1 {Ataca a dama.} 13... Qd6 14. Bxc6 {Com isso, parece que se dá oportunidade às negras de retomar com a dama o bispo branco. } 14... bxc6 ({Se:} 14... Qxc6 {é mau devido a} 15. Ne5 Bxd1 16. Nxc6 { Ameaçando a torre. E quando a torre se mover, ganha o bispo. Ou, do contrário, ganha qualidade ou dobra os peões na coluna bispo dama (coluna c). Além disso, esse cavalo pode ter um xeque salvador na sétima linha. Não convém, portanto, 14....Dxc6, pondo a dama na linha de fogo do cavalo.}) {Ou seja, as brancas não perderam nada em esperar um pouco para fazer a troca 14.

Bxc6 porque, de todos os modos, dobraram o peão bispo dama negro, como se haviam proposto, e isso será um objetivo a explorar.} 15. h3 {Isso cria uma pequena debilidade no roque, porém Marshall o faz para que o contrário se decida a tomar o cavalo ou sair, aliviando a pressão sobre a dama para poder jogar Ce5, atacando já o peão dobrado;} 15... Bh5 {Mantém a pressão. } ({Se:} 15... Bxf3 16. Qxf3 {Também com ataque sobre o peão dobrado. Certamente Janovsky não vai dar o gosto e continuará cravando o cavalo dom o bispo desde h5.} {Porém, se continua com:} 16... Qxd4 17. Bxf6 Qxf6 18. Qxf6 gxf6 {com o que se dobra outro peão das negras e terá desaparecido a única debilidade das brancas, que era o peão central isolado.}) {Porque, mesmo havendo sobre o tabuleiro um peão negro a mais, as brancas conservam a iniciativa e não tem nenhum peão dobrado. Por isso as negras não jogaram 15....Bxf3, mas 15....Bh5.} 16. Rc1 { Ataca o peão dobrado.} 16... Rab8 {Toma outra coluna aberta e, ao mesmo tempo, ataca o peão de b2 do branco. Em lugar de defendê-lo ou avançá-lo, Marshall faz uma boa jogada. Quer dizer, boa para quem tem idéias de ataque. Um jogador posicional teria feito outra coisa, porém Marshall era homem de ataque e trata de "empurrar" o bispo que o molesta, para logo centralizar seu cavalo.} 17. g4 Bg6 18. Ne5 {Ataca duas vezes o peão dobrado.} { Por isso, as negras preferem jogar.} 18... c5 ( {Não é possível sustentar-se com:} 18... Rb6 {devido a} 19. Nc4 {dando duplo na dama e na torre.}) ({Se} 18... Qxd4 19. Nxc6 {com triplo na dama e nas torres. Fazer outra jogada indiferente, tampouco seria bom porque, ao tomar o peão dobrado do bispo dama (peão de c6), o cavalo ameaça simultaneamente as duas torres.}) 19. dxc5 Qa6 ({É evidente que se} 19... Qxd1 20. Rexd1 Rxd1+ 21. Rxd1 {e a} 21... Rxb2 22. Rd8+ {com mate inevitável.}) {Somente agora o negro percebe e por este motivo não "entra" com a dama. Porém, como faz para recuperar o peão perdido? É evidente que o negro está um pouco inferior, porém isso não é suficiente para se entregar. Por isso, Janovsky pensou: se tiro minha dama de d6 e a levo a a6, fica ameaçada a dama contrária, o peão de b2 e o de a2; ou seja, enquanto se mova a dama branca, algum peão cairá. Porém, podem as brancas encontrar alguma jogada ativa que defenda tudo? Vejamos:} 20. Qf3 {Marshall ameaça várias coisas: agora pode dar um duplo nas torres negras com 21.Cc6. Com isso, também pode cortar a defesa da dama negra sobre seu cavalo de f6, etc. Pelo momento, as negras não tem mais remédio que escapar do duplo e recuperar seu peãozinho.} 20... Rxb2 21. Nc6 {Jogada tranqüila e boa, que põe o negro em um forte dilema. Se a torre ameaçada se move a qualquer das casas da coluna d, as brancas podem dar mate.} 21... Be4 ({Se o negro joga:} 21... Rd7 {que seria a melhor, seguiria} 22. Ne7+ {para abrir a diagonal h1-a8 para sua dama; o Rei negro move para a casa h8 ou f8, não importa... porém suponhamos que mova a:} 22... Kf8 {segue} ({Se} 22... Kh8 {o mate é mais fácil com a mesma combinação} 23. Qa8+ Ng8 ({ Certamente, tampouco evita o mate jogar:} 23... Rd8 24. Qxd8+

Ng8 25. Qxg8#) 24. Qxg8#) 23. Qa8+ Ne8 24. Nxg6+ fxg6 25. Qxe8#) ( {Bem, se a torre não pode sair da oitava linha e agora está ameaçada, para onde pode ir? Pouco importa. Se} 21... Rf8 22. Bxf6 gxf6 23. Qxf6 {ameaçando mate com Ce7+ e, como se fosse pouco, até se pode ganhar a cama negra com esse xeque "descoberto".}) {A posição é grave para o negro. Que lhe resta? Para poder se "safar", não lhe resta mais que sacrificar duas peças menores por uma torre. Vemos que aqui é a obrigação que faz realizar a troca, que é o tema desta lição. Porém, as brancas fazem uma jogada intermediária antes de executar a troca.} 22. Ne7+ ({Não é bom jogar da seguinte maneira:} 22. Rxe4 {devido a} 22... Nxe4 {e se} 23. Nxd8 {segue} ({E se} 23. Bxd8 Qxc6) 23... Nxg5 {ficando iguais em peças.}) 22... Kh8 {É o mesmo que Rf8.} 23. Rxe4 Nxe4 24. Qxe4 { Se efetuou a troca que escolhemos como tema para a lição de hoje.} {Se observamos neste momento o tabuleiro, veremos que estamos diante de uma posição curiosa. Do modo que se fez na partida, as brancas entregaram uma torre por um bispo e um cavalo de maneira que, ainda que agora venha 24.....Txa2, teria perdido uma torre e um peão, ou seja, que as brancas estariam em melhor situação (materialmente) que na partida que vimos na lição 23, onde se entregaram dois peões e a torre por duas peças menores. Estudemos como Marshall faz para definir a partida, depois destas trocas, que lhe foram favoráveis. Porém, agora joga o negro:} 24... Re2 { Ataca a dama, tratando de buscar combinações.} 25. Be3 ({se} 25. Qf3 { Segue} 25... f6 { Ameaçando simultaneamente o cavalo e o bispo, ganhando algo.}) { Porém, QUANDO SE CHEGA A POSIÇÕES COM CERTAS VANTAGENS MATERIAIS E TENHAM DESAPARECIDO AS COMBINAÇÕES QUE POSSAM TERMINAR EM MATE, O MELHOR É RECOLHER-SE AOS QUARTÉIS DE INVERNO; NÃO ARRISCAR NADA. Referindo-se a isso, podemos dizer: QUANDO VOCÊ "ENCHEU BEM A BARRIGA", O MELHOR É IR DORMIR. Recorde: SE VOCÊ JÁ GANHOU QUALQUER COISA E NÃO HÁ MAIS PERIGOS PARA O REI, JOGUE "TRANQUILO". Por isso Marshall tirou seu bispo de g5 para defender seu peão de f2 de algum possível ataque.} 25... Rxa2 26. Nc6 {Ataca uma torre, porém esse cavalo foi posto aí com a idéia de leválo à casa b4, dando duplo na dama e na torre. Claro que esse duplo não importaria muito porque o cavalo será "cravado" com Da4.} 26... Rg8 27. Qd5 {Ameaça dar o duplo, porém isso é aparente porque as brancas viram que a posição do rei negro pode dar lugar a um "Mate Philidor" ou algo parecido. Por enquanto, as negras devem sair do duplo.} 27... Ra4 28. Ne5 { As brancas estão ameaçando o clássico Mate Philidor em 4 jogadas.} 28... h6 ( {Por exemplo: se as negras querem defender o peão de f7 e fazer:} 28... Rf8 {seguiria} 29. Nxf7+ Kg8 ({Se} 29... Rxf7 30. Qd8+ Rf8 31. Qxf8#) 30. Nh6+ {

xeque duplo de dama e cavalo;} 30... Kh8 {Única.} 31. Qg8+ Rxg8 32. Nf7#) { A jogada 28....h6 era necessária para dar uma saída ao rei.} 29. Qxf7 Qf6 {Entre a dama e o cavalo branco estavam ameaçando uma série de coisas e xeques. Por isso, o negro se decide a trocar as damas. ESTANDO AS BRANCAS COM VANTAGEM MATERIAL, NÃO DEVEM NEM TITUBEAR EM TROCAR AS DAMAS. Ainda mais que, ao fazê-lo "esparramam" outro peão negro; de tal modo que os 4 peões que restaram a Janovsky serão fracos por estarem isolados. Além disso, as brancas podem ganhar outro peão em seguida, como veremos.} 30. Qxf6 gxf6 31. Nf7+ Kh7 32. Nxh6 Rd8 33. Nf5 {Esse cavalo em f5 está agora "muito bem colocado". As negras tratarão logo de fazer valer a única vantagem que possuem: seu peão passado de a7. Começam por fazê-lo caminhar para, caso o permitam, levá-lo a dama. } 33... a5 {Se desaparecesse o peão negro de c7, o peão branco de c5 poderia converter-se em dama. Marshall começa a "trabalhá-lo".} 34. c6 Re4 {Abre caminho a seu peão de a5;} 35. Rc5 { Ameaça o peão negro de a5.} 35... Re5 36. Rc4 ({Se} 36. Rxe5 fxe5 {o branco deve ganhar o final, porém esse peão passado de a5 pode "dar trabalho".}) {É mais fácil evitar com a torre branca o avanço de dito peão; e simultaneamente ameaçar Bf4 para ganhar o peão negro de c7.} 36... Re6 {Sai da ameaça.} 37. Bf4 {Vemos que as negras não têm muitas jogadas para defender seu peão de c7. Observemos, de passagem, a maior mobilidade das duas peças menores (bispo e cavalo) sobre as torres negras.} 37... Rc8 38. Rd4 Kh8 ({Se} 38... Rxc6 39. Ne7 { duplo nas torres.}) ( {E até em caso de não querer ganhar qualidade, pode buscar combinações de mate. Por exemplo:} 38... Rxc6 39. Rd7+ {se} 39... Kg8 ({Se} 39... Kg6 40. Rg7#) ({E se} 39... Kh8 {Acontecerá algo parecido ao que ocorreu na partida, e já veremos. As negras começam por escapar com seu rei, ainda que não podem evitar perder a qualidade.}) 40. Ne7+ { Ganhando uma torre limpa.}) 39. Rd7 a4 {("Apura".)} 40. Ne7 {As brancas podiam escolher esta, entre várias jogadas. A posição permite isso. Pode-se despachar "ao gosto do consumidor" e segundo o temperamento de cada um. Este que Marshall escolheu parece que facilitará o avanço do peão de a4, única esperança do negro.} 40... Rxe7 ({Pareceria que a} 40... a3 {se seguisse com} 41. Nxc8 a2 {e são muitas as probabilidades de coroar.}) ({Porém a} 40... a3 { seguiria} 41. Ng6+ Kg8 {Única.} 42. Bh6 { E as brancas darão mate na próxima com 43.Tg7++.}) {A mesma combinação se fará no caso de que a torre negra atacada vá a b8 ou a8, que são os movimentos que, nas primeiras analises, surgem como melhores para o negro. Não lhe restou mais remédio que fazer um sacrifício, sempre com a esperança de coroar esse peão passado. Porém, isso já não é uma troca ou sacrifício, senão uma jogada desesperada.} 41. Rxe7

{Chegar a isso significa que terminou a luta porque as brancas já têm uma peça limpa a mais. Janovsky segue adiantando sua única esperança e faz:} 41... a3 42. Bh6 {Marshall age como se não visse o avanço do peão de a6 e o deixa seguir; porém outra é sua idéia:} 42... a2 43. Bg7+ Kh7 44. Bxf6+ {Descoberto.} 44... Kg6 45. Bc3 {Já não poderá coroar mais o peão da torre dama negro. Em troca, as brancas têm um peão na casa c6 que, quando desapareça o peão que tem à sua frente, estará a dois passos de coroar. Além disso, três peões unidos e passados no flanco rei, que decidirão a luta facilmente. A partida seguiu um pouco mais, porém não tem nenhum interesse ver como terminou. À esta altura, está completamente ganha. RESUMO: Como vocês vêem, o branco jogou com duas peças menores (bispo e cavalo) em troca de uma torre e ganhou com facilidade. O branco dominou todo o tabuleiro e sempre ameaçou mate e coisas raras. Isso quer dizer de forma determinante que NÃO SE PODE NEM SE DEVE ENTREGAR DUAS PEÇAS MENORES POR UMA TORRE, POR QUE NÃO É UMA "TROCA", MAS UM "SACRIFÍCIO". E quando se faz isso, ainda que seja por obrigação (como neste caso), não se poderá sustentar a partida. Bem, amigos, finalizamos esta lição, porém seguirão outras. É minha meta fazer chegar até vocês estas interessantes e instrutivas lições de xadrez ditadas pelo Dr. Besadon. E lhes digo o seguinte, como um grande revolucionário Bolivariano que sou: o processo de aprendizagem é certamente complexo e permeia todos os aspectos do desenvolvimento: permite ao indivíduo ir adaptando-se ao ambiente, transformando-o, aproxima-nos das metas propostas, proporciona satisfação e nos capacita a realizar consideráveis mudanças sociais, científicas, artísticas e pessoais. Continuemos com a Biografia de Nosso Ilustre Libertador, Simon Bolívar. O menino Simon, que havia aprendido a ler, escrever e contar com vários preceptores, frequentou a Escola Pública, regida pelo educador venezuelano Simon Rodriguez, homem de originais e progressistas idéias pedagógicas e sociais, que exerceria logo uma profunda influência sobre Bolívar. Entretanto, morreu o avô, e a tutoria recaiu em Carlos Palácios, tio de Simon, com quem este não se entendia muito bem. Don Carlos, solteiro, passava muito tempo em suas fazendas e Simon saia a passear, à pé e à cavalo, por Caracas e seus arredores em companhia de meninos que não eram "de sua classe". Ao completar 12 anos, o menino, na ausência do tutor, fugiu de sua casa e foi buscar abrigo na casa de sua irmã, Maria Antonia. Isto suscitou um pleito, que terminou quando Bolívar, apesar de sua resistência, foi conduzido, na qualidade de interno, à casa de seu mestre, Simon Rodriguez. A personalidade daquele "muchacho", que mais tarde haveria de converter-se no Libertador e ser conhecido por sua firmeza e constância, se pôs já de manifesto naquele momento. Quando quiseram levá-lo à força para outra casa, resistiu dizendo que poderiam dispor de seus bens, porém não de sua pessoa, pois nesta somente ele o mandava. Outra vez, exclamou que se os escravos tinham direito a trocar de amo, pelo menos deviam permitir-lhe viver na casa que melhor o acomodasse. Entretanto, teve que ceder. Nestas circunstâncias, Rodriguez conseguiu ganhar-lhe a confiança e se converteu, desde então, em "O Maestro" de Bolívar. Durante esses poucos meses de 1795, entre eles estreitaram-se os laços de simpatia, que não cessariam senão com a morte. A marca afetiva no espírito do jovem pupilo, Rodrigues fez em Caracas, não com teorias de Rousseau, mas com tato, compreensão, sensibilidade e firmeza. Incutia-lhe também conhecimentos, porém, mais que estes, o importante foi como lhe abriu os olhos, a mente e o coração para as perspectivas de uma vida consagrada a um ideal. Por

isso, Bolívar escrevia a seu antigo mestre em 1824: "Você formou meu coração para a liberdade, para a justiça, para o grande, para o belo..." TRANSCRIÇÃO pelo Professor ERICH GONZALEZ, na Cidade de Maracaibo, Estado Zulia, Venezuela. e - mail: [email protected] LIÇOES DO DR. RAFAEL BESADON, EM APONTAMENTOS TOMADOS PELO ALUNO ERNESTO CARRANZA. Tradução: E. Muniz } 1-0 [Event "?"] [Site "www.torre21.cjb.net"] [Date "2002.12.06"] [Round "?"] [White "LIÇÃO 26"] [Black "?"] [Result "1-0"] [PlyCount "67"] [EventDate "2002.11.20"] {Estimados e queridos amigos. Continuemos com as instrutivas lições do Dr. Besadon. Desculpem-me a demora, porém, como lhes prometi, meu objetivo é transcrevê-las todas. Tenham paciência, que promessa é dívida. OG MANDINO nos diz em seu livro: "Uma melhor maneirar de viver (Regra Número 17)" Você deve dar-se conta de que a verdadeira felicidade está dentro de você mesmo. Não há que desperdiçar tempo nem esforço em buscar a paz, a alegria e o gozo no mundo externo. Há que ter presente que não existe felicidade em ter ou obter, mas unicamente em dar. É necessário dar, compartilhar, sorrir. A felicidade é um perfume que não se pode servir aos demais sem que umas quantas gotas caiam em você mesmo. Bem, vamos à lição. LIÇÃO 26 - INCONVENIENTES DE JOGAR SEM ROQUE. Vamos continuar com o tema do roque. Vocês já viram em lições anteriores as debilidades e inconvenientes que pode ter um roque. Bem, então alguém poderia pensar "se o roque apresenta tanto benefícios como dificuldades, melhor será prescindir dele e, jogando sem roque, se solucionaria tudo". Isso é aparente. NÃO ROCAR É PIOR QUE TER UM ROQUE DEBILITADO. É MELHOR ROCAR DO QUE FICAR COM O REI "BAILANDO" NO CENTRO DO TABULEIRO. Na partida que hoje lhes trago, o jogador que conduzia as negras manteve esse "status-quo"; não rocou. Primeiro porque não deixaram, depois porque não quis, acreditando que com isso ganhava tempo e espaço. DEVE-SE ROCAR SEMPRE; DO LADO MELHOR OU DO LADO PIOR; ISSO É PREFERÍVEL A JOGAR SEM ROQUE. SOMENTE QUANDO AS DAMAS TIVEREM SIDO TROCADAS PODE-SE JOGAR SEM ROQUE, PORQUE EM TAIS CASOS O REI É NECESSÁRIO COMO PEÇA PARA O FINAL E CONVÉM TÊ-LO PERTO DOS PONTOS DE COMBATE. PORÉM, ENQUANTO HOUVER DAMAS NO TABULEIRO, NÃO SE DEVE DEIXAR DE FAZER O ROQUE. Esta partida que veremos foi jogada no Torneio de Londres de 1940, durante a guerra. Dita competição foi vencida por Sir George Thomas. Seu oponente nesta partida foi um jogador novo nestas lides. As negras elegeram uma Defesa Siciliana. A propósito: há algo que quero esclarecer a respeito desta Defesa, porque algumas perguntas me tem sido formuladas. Eu disse em minhas lições que a Defesa Siciliana é uma das muitas defesas possíveis que se pode opor a 1.e4. Não quer isso significar que quem a jogue ganhe ou perca a partida; é uma defesa como qualquer outra. O que eu disse em certa oportunidade é que "é jogável". Se o adversário não é um "fenômeno" e sobretudo se não está "em dia" com as últimas novidades no xadrez. Se bem que hoje existam variantes em que aparentemente as brancas conseguem mas iniciativa, é muito difícil conhecer todas essas variantes e, ao jogar a Defesa

Siciliana contra um jogador "frouxo", é possível que não saiba responder com o lance exato. Defesa Siciliana BRANCAS: G. THOMAS NEGRAS: R. MORRIS } 1. e4 c5 2. Nf3 d6 ({O exato seria} 2... Nc6 { disputando as casas d4 e e5. Esta é uma das muitas formas de responder, em que se renuncia à disputa das casas centrais, buscando outro plano.}) 3. Bb5+ {A jogada de Thomas é de efeito psicológico. Esse xeque compromete seu próprio bispo. O negro pode cobrir com o cavalo ou com o bispo e o bispo branco deve ser trocado, ou retirado, com o que não se ganha nada.} ({Agora o exato seria} 3. d4 { provocando a troca dos peões e entrando na variante vulgar e conhecida. }) 3... Bd7 {Não é o correto.} ({Melhor seria} 3... Nc6 {Se as brancas trocam} 4. Bxc6+ {o negro estaria "encantado da vida". E se não trocam, o cavalo negro já dominaria as casas d4 e e5.}) {As brancas responderam com outra jogada, que é lógica em relação a que acabam de fazer; preferem defender seu bispo desde longe.} 4. Qe2 { Com esta jogada, o branco mantém a pressão e depois trocará, se entender necessário.} ( {Claro que se} 4. Bxd7+ {teria seguido} 4... Nxd7 { desenvolvendo este cavalo.}) 4... Nc6 {Agora o negro fez o que deveria ter feito antes, devido ao fato de as brancas não terem trocado os bispos.} {Alguns de vocês opinariam que teria sido melhor para as brancas trocar os bispos, porque se trocaria o bispo "bom" das negras pelo bispo "mau" das brancas. Vamos esclarecer: SOMENTE HÁ "BISPO MAU" e "BISPO BOM" QUANDO JÁ EXISTEM PEÕES FIXOS. Neste caso, há peões fixos? Não; podem mover-se. Por enquanto, não há "bispo mau" nem "bom". Outra coisa: QUANDO O ROQUE ESTÁ PREPARADO, NÃO SE DEVE PERDER TEMPO ANTES DE EFETUÁ-LO.} 5. O-O 5... g6 {Esta jogada é feita comumente em outras variantes da Defesa Siciliana.} ({O lógico era} 5... e6 {para seguir desenvolvendo-se com Be7, Cf6, e fazer o roque pequeno.}) ({Não teria sido bom} 5... e5 {por que fixa os peões centrais e, então sim, haveria bispos maus e bons.}) {As brancas estão com o roque feito, enquanto que o negro ainda não desenvolveu seu flanco rei, nem efetuou o roque. Como poderia evitar-se esse desenvolvimento e esse roque?} 6. e5 {Com isso, crava-se o peão do rei negro e se ameaça 7.exd6. } 6... d5 {O melhor. Porém, observemos que esse peão foi movido duas vezes, ou seja, o branco tem um tempo a mais (além da vantagem da abertura). Quanto ao desenvolvimento, as negras só saíram com duas peças, enquanto as brancas têm três peças desenvolvidas e o roque feito. Há, pois, vantagem para o branco.} ({Porem, se as negras respondessem} 6... dxe5 {viria} 7. Nxe5 Nxe5 8. Qxe5 {ameaçando a torre de h8;} { Se continuassem com} 8... Nf6 {cai o peão negro de c5.}) ({O mesmo aconteceria com} 6... Nxe5 {e sempre as brancas ganham um peão.}) 7. d4 $1 { Sacrifica um peão para ganhar mais tempo.} 7... cxd4 {Ganham um peão, mas é um peão dobrado que à longo prazo deve cair. Além disso, sempre existe a possibilidade de tirar-se a defesa desse peão com BxC. Porém, seguindo sua idéia, Thomas incita o outro a que fique com esse peão de vantagem:} 8. c4 $1 8... dxc3 9. Nxc3 {Outra peça em jogo, contra o escasso desenvolvimento das negras. Ataca-se o peão de d5 e as negras

deverão perder outro tempo em sustentá-lo. Em troca pelo peão perdido, vemos que todas as peças brancas jogam para onde queiram, enquanto que as do negro estão imobilizadas devido aos tempos perdidos em tomar peões. Se em qualquer gambito entregam-se peões para facilitar o desenvolvimento das peças, e isso costuma dar bom resultado, aqui, com o roque feito, tem que ser muito melhor. Agora as negras devem defender seu peão de vantagem contra "ventos e marés".} 9... e6 {Deixa pontos fracos por onde podem infiltrar-se as peças contrárias. O peão branco de e5 tem duas fortes casas a sua disposição: f6 e d6. Thomas começa a aproveitá-las.} 10. Bg5 {Ameaça exatamente a dama. Com que cobrir? Se põe um cavalo em e7, corta a vigilância que o bispo negro poderá obter em d6. Será melhor:} 10... Be7 { Agora, que há peões fixos, existem bispos maus e bons. De passagem, observemos que o bispo dama negro, que antes supúnhamos "bom", agora é o "mau", enquanto que o bispo rei, que antes parecia "mau", agora é o "bom". Fica demonstrado que NO INÍCIO DA PARTIDA E ENQUANTO NÃO HAJA PEÕES FIXOS NÃO SE PODE FALAR DE BISPOS MAUS NEM BONS. Bem, sai ganhando o branco se troca seu bispo mau pelo bom do adversário? Sim. Porém, ÀS VEZES SE IMPÕE O CONCEITO POSICIONAL AO CONCEITO ESTRATÉGICO; neste caso, não convém a troca. Se 11.Bxe7, esta se converte em uma partida estratégica, onde o branco deverá fazer valer essa pequena vantagem à longo prazo. Aqui, vale muito mais manter o rei negro sem roque. O branco tem um peão a menos, de maneira que não seria fácil ganhar. É preferível perder um tempo, mas ter o cavalo de g8 "engarrafado", o que por sua vez impede o roque.} 11. Be3 11... h5 { Dá um ponto de apoio ao cavalo do rei negro em h6. Com isso, o tempo de ida e volta do bispo dama branco fica compensado. E com esses peões avançados do flanco rei rocar por esse lado seria um suicídio.} 12. Na4 {(para ir a c5.)} 12... Nh6 {(Se possível, para ir a f5.);} 13. Nc5 13... Bxc5 { Era necessário trocar. Esse cavalo complicava as coisas e ameaçava tomar o bispo e o peão de b7. Porém, isso traz o inconveniente de que as brancas, ao retomar com seu bispo, impedem o roque curto do contrário.} 14. Bxc5 14... Nf5 {O negro pensa: " Já que não posso rocar, pelo menos me instalo com um cavalo em f5 e vamos ver como me tiram dali". Busca outras combinações a base do avanço de peões no flanco rei para debilitar o roque das brancas. O peão branco de e5 ainda não pode ser capturado.} ({Se } 14... Nxe5 {teria seguido} 15. Nxe5 {etc.}) { Thomas ocupa a linha aberta c1-c8.} 15. Rac1 15... g5 {Ameaça expulsar o cavalo de f3 com g4 para atuar sobre o roque que, como sabemos, será fraco quando o cavalo sair.} 16. Bxc6 {Troca um de seus bispos por um cavalo. Sabemos que isso não é muito conveniente desde o ponto de vista estratégico. Porém, Thomas não quer ter uma partida estratégica. Não quer a pequena vantagem do par de bispos, mas deseja ganhar por combinação. Um jogador do tipo Jacobo Bolbochan teria preferido manter a vantagem dos dois bispos; por outro lado, um jogador como Pleci teria procedido igual a Thomas, para ganhar por combinação. São distintas formas de jogar e distintos temperamentos.} 16... Bxc6 17. Nd4 {Diante do próximo avanço do peão g5 negro, expulsando o cavalo, as brancas pensaram: "antes que me expulsem, me vou". E vai a uma casa de onde possa ser trocado pelo bispo ou pelo cavalo negro. Bem, chegamos ao momento que interessa para esta lição. Devem jogar as negras. Não podem fazer o roque pequeno porque o bispo branco o impede. Paciência. Mas poderiam fazer o roque grande! Bastaria levar a dama à casa d7 e logo jogar 0-0-0.} 17... Kd7 ({

Se no momento em que as negras fizessem} 17... Qd7 {as brancas respondessem} 18. Nxf5 exf5 {e ficariam três peões unidos no flanco rei, que incidiriam fortemente sobre o roque branco.}) {Claro que esse roque não seria muito bom porque o rei negro estaria na coluna "c" aberta, na qual as brancas já têm uma torre. Diante desse dilema, seguramente o negro pensou: "se até agora joguei sem roque e o oponente não pode romper minha defesa, talvez seja possível prescindir dele." E, por isso, jogou 17...Rd7. E se meteu em uma dessas posições estilo Nimzovitsch. Voluntariamente, o negro renuncia ao roque e supõe que seu rei está em posição inexpugnável. A idéia é que se as brancas continuam 18.Cxf5, segue exf5 e logo o rei se mete na casa e6, onde parece que estaria salvo. Esse é o projeto. Logo veremos a realidade.} 18. Nxf5 18... exf5 {As previsões do negro vão se cumprindo. Porém, agora cabe jogar ao branco. Como impede que o rei negro entre na casa e6? É um pouco difícil, mas Thomas encontra a solução sacrificando outro peão.} 19. e6+ 19... fxe6 {As negras desdobram seu peões. Mas seu rei já está em posição incômoda; e com os peões de tal forma que permitem a entrada das peças contrárias. As brancas começam por centralizar sua dama.} 20. Qe5 {Ameaça dois xeques: um em d6 e outro em g7. Além disso, o rei negro deve continuar sustentando seu peão de e6. Podem as negras impedir tudo?} {As negras optam por defender dois peões com uma só jogada, mas não poderão evitar um dos xeques.} 20... Qg8 ({Se} 20... Qe8 {segue} 21. Qg7+ {e logo 22.Dxg5, etc.}) 21. Qd6+ 21... Kc8 {O rei começa a dançar, e deve colocar-se na mesma coluna onde o branco tem uma torre.} ({Se tivesse respondido} 21... Ke8 {seguiria mate com} 22. Qe7#) {Agora, thomas começa a "trabalhar" o peão negro de e6. Observemos que o branco passeia com suas peças pelo tabuleiro, enquanto o rei negro está fugindo do mate que se lhe avizinha.} 22. Rfe1 22... Rh6 { Era a única para defender o peão de e6.} ({Se} 22... Bd7 23. Bb6+ { xeque descoberto de torre e mate na outra.}) {Bem, e agora? Como se ganha? Há 7 peões negros contra 5 peões brancos; bispos de cores opostas e igualdade nas demais peças. É NECESSÁRIO GANHAR POR ATAQUE. COM UM JOGO PURAMENTE ESTRATÉGICO SERIA IMPOSSÍVEL GANHAR COM DOIS PEÕES A MENOS. Thomas encontra a solução:} 23. Bb6 {Este lance ganha no ato. Ameaça sacrificar duas peças.} 23... Rh7 ({Se} 23... axb6 {segue} 24. Rxc6+ 24... bxc6 {(Única.)} 25. Qxc6+ { Ameaçando a torre de a8.} 25... Kb8 ({Se} 25... Kd8 26. Qxa8+ { E depois ganha a dama.}) 26. Qxb6+ Kc8 27. Rc1+ {Seguido de mate porque se} 27... Kd7 28. Rc7+ {A} 28... Kd8 ({E se} 28... Ke8 29. Qc6+ Kf8 30. Qxa8# ({Ou } 30. Qd6+ 30... Ke8 31. Qe7#)) 29. Qd6+ Ke8 30. Qe7#) ({ Se não toma o bispo e joga} 23... Qf7 {seguiria} 24. Qd8#) { Com isso, evita-se momentaneamente o mate.} 24. Rxc6+ 24... bxc6 25. Qxc6+ 25... Kb8 {O rei negro está encerrado. E neste tipo de posição, em que a torre de a8 impede que o rei escape, é fácil encontrar o mate.} 26. Bd4 26... a6 {(Abre uma janela.)} 27. Qb6+ Rb7 ({Se} 27... Kc8 28. Rc1+ Rc7 ({Se} 28... Kd7 29. Rc7+ Ke8 30. Qc6+ Kf8 31. Bc5+ Re7 32. Qxa8+ Kf7 33. Rxe7+ Kf6 34. Qxg8 {etc.}) 29. Qxc7#) 28. Be5+ 28... Kc8 {(Única.)} 29. Rc1+ {E as negras abandonam.} { A}

29... Kd7 30. Qxb7+ Ke8 31. Qxa8+ Kf7 32. Rc7+ 32... Kg6 33. Qxg8+ Kh6 34. Qg7# {Conclusão: Vimos claramente os inconvenientes do plano que nasceu com 17...Rd7. As brancas sacrificaram peões, tomaram linhas abertas, deram xeques, fizeram o rei dançar, etc. Com o roque grande, também teriam perdido, mas não assim. Repito: JOGAR SEM ROQUE É PIOR QUE TER UM ROQUE MAU. ENQUANTO HAJA DAMAS NO TABULEIRO, É NECESSÁRIO ROCAR. SOMENTE SE AS DAMAS TENHAM DESAPARECIDO PODE-SE JOGAR SEM ROQUE. Bem, amigos, finalizamos esta lição. E lamentavelmente meu país segue convulsionado. Os oligarcas poderosos e neo-liberais não querem entender que este governo é do povo e para o povo; que foi quem o elegeu. Estou e estarei sempre com a Revolução Bolivariana, aconteça o que acontecer. Prof. Erich Gonzalez. e-mail: [email protected]} 1-0

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