Hume Hume é um representante do empirismo moderno e o leva a uma conclusão cética: a experiência não pode fundamentar a validade do conhecimento que, por isso, não é certo, mas somente provável. Para ele, todas as ciências se relacionam com a natureza humana. Nela, não há contraste entre razão e instinto pois, para Hume, a própria razão é uma manifestação da natureza instintiva do homem. Além disso, criticou dois conceitos centrais da metafísica tradicional: a substância e a causa. Reduziu a ética e a política a metafísicas necessárias à natureza humana e reduziu o domínio da razão ao provável. Para ele, o único campo do conhecimento onde é possível a certeza da demonstração é a matemática. Todos os demais conhecimentos da razão são nada mais que prováveis. Ainda assim, Hume reconhece-a como o único guia possível do homem. Todas as percepções do espírito humano se dividem em duas classes: as impressões e as idéias. Impressões são todas as sensações, as percepções imediatas vivas, os estados mentais imediatos. As idéias correspondem às imagens enfraquecidas dessas impressões e delas são dependentes. Por esse motivo, jamais podem alcançar a força e a vivacidade da impressão. Nesse contexto, o homem pode compor as idéias da forma mais complexa e mesmo assim seguirá preso à realidade dos seus sentidos. Assim, Hume reduz totalmente a realidade à multiplicidade das impressões e das idéias e não se dispõe de mais do que isso para explicar a realidade do mundo e do eu. Ele tira a garantia cartesiana de Deus e faz uma feroz crítica ao eu, uma inevitável conclusão cética. Hume nega a existência de idéia abstrata, ou seja, idéias que não tenham caracteres particulares e singulares. Para explicar a possibilidade de uma idéia evocar outras semelhantes, ele recorre a um princípio que chama de hábito. O hábito ocorre quando, diante de uma semelhança entre idéias diferentes, usa-se o mesmo nome, formando o hábito de considerar unidas idéias designadas por um mesmo nome. As idéias que constituem a experiência podem ser associadas e unidas entre si por três princípios: 1) A semelhança (ex. um retrato conduz o pensamento para o original); 2) A contiguidade (ex. a recordação de um quarto em uma casa faz pensar nos outros cômodos da mesma); 3) Causa e efeito (ex. uma feria faz pensar na dor que dela vem. A relação de semelhança, quando se refere a idéias simples e não coisas reais, constitui o domínio do conhecimento verdadeiro, a ciência. Aí estão a geometria, a álgebra, a aritmética. Tais ciências se constituem por uma pura operação de pensamento e não podem ser negadas, pois isso implica em contradição. Por outro lado, como a certeza de todas as proposições que se relacionam com fatos não é fundada sobre o princípio da contradição, o contrário de um fato sempre é possível. Ao contrário das ciências, os raciocínios que se referem a realidades fundam-se na relação de causa e efeito. Ora, Hume acredita que a relação entre causa e efeito nunca pode ser conhecida a
priori, mas apenas por experiência. Não há necessidade objetiva nessa relação. Causa e efeitos são fatos distintos, cada um dos quais não tem nada em si que exija necessariamente o outro. A experiência diz que, dentre uma gama de possibilidades diferentes, apenas uma se verifica. Entretanto, ela fala apenas dos fatos passados e não diz nada sobre os fatos futuros. Ao realizar essa violenta crítica à indução, Hume nega que o vínculo entre causa e efeito possa ser demonstrado como absolutamente válido, servindo ele apenas como pressuposto da experiência. Tal vínculo tem apenas uma necessidade subjetiva, cujo princípio vem da natureza humana é o hábito. Assim, o hábito explica a ligação que fazemos sobre os fatos, e não sua conexão necessária. Ele é um princípio para a prática da vida, mas não um princípio de justificação racional ou filosófico. Falta falar sobre o que tem no livro do Losee