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Introdução “Há uma estrada do olhar para o coração que não passa pelo intelecto” G. K. Chesterton, The Defendant

Esta exposição nasce de um único factor, o amor pela beleza. Esta beleza encontrámo-la na leitura de alguns livros, e imediatamente nos cativou. Ao ler O Senhor dos Anéis, O Homem que era QuintaFeira, ou O Retrato de Dorian Gray, intuímos alguma coisa bela, que nos surpreendeu, porque sentimos que essa beleza era verdadeira. Mas este reconhecimento não foi imediato. Só empenhando-nos a conhecer a fundo aquilo que os autores nos queriam dizer, estudando as suas vidas e as suas obras, é que conseguimos alcançar uma outra beleza, mais completa e profunda. Sem sacrificio nunca teriamos conhecido verdadeiramente essa beleza.

“Folha ramo, água e pedra: têm tonalidade e beleza de todas essas coisas no crepúsculo de Lórien, que tanto amamos” J.R.R Tolkien, Lord of the Ring: The Fellowship of the Ring, “Aqueles que encontram significados feios em coisas belas são corruptos sem charme” Oscar Wilde, O Retrato de Dorian Gray

Introdução “Alegra-te porque tens luz suficiente para caminhar e encontrares apoios” T. S. Eliot, Choruses from ”The Rock”

Wilde, Eliot, Chesterton, Tolkien. Todos estes autores se empenharam na viagem de procura da Verdade. E em todos eles a viagem começou com a mesma provocação. Confrontados com a beleza que pressentiam, foram impelidos a procurar o alicerce que sustentasse essa beleza, e nele apoiar a sua vida. Este Cadapercurso um com dos a sua autores, que estrada, a sua vida, todos acompanhámos longo tenderam para aao mesma do nosso estudo, vimos meta, o encontro com a agora mostrar, não com Verdade. a pretensão de uma sabedoria superior, mas com o mesmo espanto com que nos deixámos cativar pela beleza que nos foi mostrada.

“Há duas maneiras de chegar a casa: uma é não sair de lá. A outra é dar a volta ao mundo inteiro até se se regressar ao mesmo lugar” G. K. Chesterton, The Everlasting Man

Oscar Wilde

“Adoro prazeres simples. São o último refugio dos complexos.” Oscar Wilde foi sempre A Woman of No Importance considerado, como muitos dos seus contemporâneos, um esteticista. Muitos associam as sua obras ao conceito de arte pela arte, na qual a beleza não tem qualquer ligação com o bem, nem com a verdade.Consideram-nas cínicas e extremamente amorais, devido ao uso frequente de aforismas e tons irónicos por parte de muitas das suas personagen Mas Wilde demonstra ser muito mais do que isto. Lord Illingworth em A Woman of No Importance é um paradigma das personages que vivem um ideal maior. Ele vivia o que seria considerado o apogeu do espírito decadêntista, esteticista. Mas não só não consegue concretizar as suas ambições, como fica sozinho, demonstrando que esse espírito é insuficiente.

“Os corações vivem estando magoados. O prazer pode tranformar o coração em pedra, as riquezas podem torna-lo insensível, mas a mágoa, oh, a mágoa não o consegue quebrar”

Oscar Wilde

“Este retrato será para ele o mais mágico dos espelhos. Assim como lhe revelou o próprio corpo, também Dorian Gray deseja poder manter-se lhe revelará a própria alma”

sempre jovem, e que o seu retrato suporte asGray marcas da velhice e The Picture of todas Dorian do pecado. Estranhamente este seu desejo é cumprido e ao longo da sua vida, pautada pela mentira, pela crueldade e pelo ódio, Dorian conserva aparentemente uma extraordinária beleza, enquanto que o retrato carrega cada vez mais os traços de uma monstruosidade atroz. Para aqueles que conviviam com Dorian a sua invulgar beleza, só “Ah! Em que poderia ser sinal de pureza e monstruoso bondade. Contudo aquele retrato momento de guardado no sótão torna visível a orgulho e paixão sua fealdade.

ele rezou para que o retrato carregasse o peso dos seus dias, e ele esplendor imaculado da juventude eterna. A isso se deviam todas as suas faltas” The

Picture

of

Nesta obra prima, percebe-se que beleza, verdade e moral não se podem desligar, mas que estão intrínsecamente unidas e uma conduz à outra.

Oscar Wilde

“Cada um paga o seu pecado e depois paga-o outra vez, e paga-o ainda toda a vida” Lady Windemere´s Fan

Wilde teve uma vida muito atribulada, como é sabido. Por isso nunca conseguiu enquadrar-se no sufocante moralismo vitoriano, onde não havia espaço nem para o erro nem para o perdão. Wilde não se rebela contra os valores morais, mas sim contra o puritanismo hipócrita da sua sociedade. Simplesmente sentia a contradição entre os seus limites e os seus valores, e tinha o desejo de afirmar que o homem é pecador e que precisa de ser amado e perdoado.

“O doente não pergunta se a mão que arranja a almofada é pura, nem o moribundo se importa que os lábios que tocam a sua testa conheceram o pecado (...). E tu pensas que eu passo demasiado tempo a ir à Igreja e nos deveres da Igreja. Mas para onde mais posso eu ir? A casa de Deus é

Oscar Wilde

“O Catolicismo é a única religião onde se pode ir morrer” Personal Diary Se relermos a obra de Oscar Wilde à luz dos acontecimentos do final da sua vida, percebemos que a sua conversão ao Catolicismo não é um absurdo, muito pelo contrário, é o culminar de uma estrada que estava a ser tilhada. Wilde afirmou que a suas incertezas morais deviam-se ao facto de o seu pai não o ter deixado ser católico quando era ainda criança. Somente no dia 29 de Novembro de 1900, é que Wilde, já muito debilitado, foi aceite na Igreja Católica, recebendo o baptismo no leito da morte. Foi a conclusão da sua busca da verdadeira beleza, além do puro gosto estético. “E aqui eu viro a minha cara para casa Pois toda a minha peregrinação está feita Ainda que, eu acho, ainda ali o sol vermelho Indica o caminho para Roma sagrada”

“E aqui eu viro a minha cara para casa Pois toda a minha peregrinação está feita Ainda que, eu acho, ainda ali o sol vermelho Indica o caminho para Roma sagrada”

T.S.Eliot “Forma sem contorno, sombra sem cor, força paralizada, gestos sem movimento” The Hollow Men A modernidade de T. S. Eliot marcou profundamente o seu tempo e o nosso. Vindo dos E.U.A. para Inglaterra no tempo da I Guerra Mundial, encontra um mundo céptico com a tradição e os modelos antigos, mas incapaz de se encontrar a si próprio. É isto que Eliot, com realismo, descreve em The Waste Land, obra revolucionária no estilo e profundamente incompreendida no conteúdo, pois o aparente desânimo do autor diante da modernidade acaba por ser confundido por um cinismo. Pelo contrário, Eliot não deixa de procurar uma beleza. Assim, o mundo “Abril enquanto é o maisque cruel dos moderno mais não consegue que criar germina “homens ocos”, Eliot não desiste de uma crítica meses, profunda e exigente. Lilases da terra morta,

mistura Memória e desejo, aviva Agônicas raízes com a chuva da primavera. O inverno agasalhavanos, envolvendo A terra em neve deslembrada, nutrindo Com secos tubérculos o que ainda restava de vida.” The Waste Land

T.S.Eliot “Cada momento é um novo ínicio” Four Quartets: Little Gidding

“Eles tentam constantemente fugir Da escuridão para fora e para dentro Sonhando com sistemas tão perfeitos que ninguém precise de ser bom. Mas o homem que é encobrirá homem que quer ser. de “ AO intuição fundamental Choruses from “The Rock”

Eliot é que sem um significado as coisas desaparecem. Assim, é diante da realidade que a liberdade, num jogo dramático e complexo, busca e espera uma beleza que se apresenta como correspondência última ao desejo do coração. A liberdade é sempre provocada, entra sempre em jogo, contra a tentativa da modernidade de se fazer substituir por “sistemas tão perfeitos que ninguém precise de ser bom”.

“Onde é que está a vida que perdemos vivendo? Onde está a sabedoria que perdemos em conhecimento? Onde está o conhecimento que perdemos em informação?” Choruses from “The Rock”

T.S.Eliot Estes fragmentos juntei-os contra as minhas ruínas de

Apesar de acusado desprezo pela tradição, Eliot é um profundo apaixonado pelos Clássicos, dos Gregos a Dante, da Bíblia aos dramaturgos renascentistas, e não nega, antes precisa e usa aquilo de que é herdeiro culturalmente, recusando sempre recusar a tradição! A partir dos fragmentos da realidade que recolhe da tradição, Eliot realiza uma síntese que é factor criativo de beleza e que coincide com um significado unitário para a existência.

The Waste Land

“Tivémos a experiência, mas falhámos o sentido. E aproximarmo-nos do sentido restaura a experiência De uma forma diferente, para além de qualquer sentido E nós podemos tender para a felicidade. Já o tinha dito antes Que a experiência passada revivida no sentido Não é a experiência de uma só vida Mas de muitas gerações” Four Quartetos: Dry Salvages

T.S.Eliot “A casa é de onde uma pessoa começa” “Então pareceu que os Four homens deviam caminhar da luz para a luz, na luz do Verbo, Através da Paixão e do Sacrifício salvos, apesar do seu ser negativo; Bestiais como sempre, carnais, centrados em si como sempre, egoístas e obtusos como sempre tinham sido, Contudo sempre em luta, sempre a reafirmarem, sempre a retomarem a sua marcha no caminho iluminado pela luz; Parando frequentemente, perdendo tempo, desviando-se, atrasando-se, voltando, mas jamais seguindo outro caminho. . Choruses from “The Rock”

A conversão de Eliot, Quartets: aos 38 anos, ao Anglocatolicismo marca uma nova fase na sua vida e, de alguma forma, também na sua obra. Na sua poesia, o que vemos é que a procura que sempre o acompanhou – o entusiasmo pela tradição, o inconformismo rebelde que o caracterizam – não se perde, antes de sublima, isto é, mantém-se, mas mais certo daquilo que a beleza já vista o fizera intuir, isto é, que nada se perde.

Chesterton “O louco não é o homem que perdeu Chesterton pode ser mas o homem que perdeu consideradoa razão, um dos maiores apóstolos tudo da menos a razão” razão. No entanto, foi Orthodoxy um dos maiores criticos do racionalismo. A sua critica se dirigia àqueles que ignoravam tudo o que não podiam compreender, e com isso formavam teorias que, embora logicamente completas, eram pouco abrangentes, reduziam a realidade. Se Chesterton atacava esse racionalismo, era porque não censurava nada, observando a vida na totalidade dos seus factores. Chesterton, fazendo uso da razão, nunca deixou que uma teoria se sobrepusesse à realidade, portanto, se encontrava duas verdades aparentemente opostas, tomava as duas, e “O homem apode compreender tudo com a ajuda eliminava aparente daquilo que não compreende” OBRA? contradição através dos seus famosos paradoxos.

Chesterton “No entanto, você neste momento vê a árvore porque o candeeiro a ilumina. Hoje em dia existe a crença Admirar-me-ia muito se conseguisse que a sabedoria a e inocência ver o candeeiro à luz da árvore”OBRA? são incompativeis. Chesterton mostra-nos que para ser verdadeiramente sábios temos que ser inocentes. O Pe. Brown é provavelmente a personagem mais sábia de toda a obra de Chesterton, porque é o mais inocente. A sua sabedoria provém da inocência com que ele se deixa tocar pela realidade. É aquele que deixa que a realidade molde a sua razão, em vez de tentar moldar a realidade à sua razão. Portanto, Chesterton diria que para se ser sábio é preciso olhar para o mundo como crianças inteligentes, de olhos escancarados. Esta é a simplicidade que permite às personagens de Chesterton deter-se espantadas perante um mapa de comboio ou perceber que é mais belo caminhar com um destino e

“Você diz desdenhosamente que quando se deixa Sloane Square se tem que chegar a Victória. Digolhe que se poderiam fazer mil coisas diferentes, e ao chegar tenho a sensação de ter escapado por pouco. Quando oiço o revisor gritar Victória dou à

Chesterton “Em planicies de opala, debaixo de ravinas talhadas a pérola, irás encontrar Os contos de fadas são na mesma numa tabuleta “Não roubarás” para Chesterton o paradigma OBRA? da sua visão da razoabilidade e do seu espanto pela beleza da realidade. Na sua obra Orthodoxy, ele descreve esta visão como o momento esquecido em que percebemos que as maçãs são verdes, momento que nos é relembrado pelas maçãs doiradas dos contos de fadas. Numa história de Dickens, um homem que estava num café viu uma palavra estranha, que o deixou absolutamente espantado. A palavra era mooreefoc, ou seja, cofeeroom visto de dentro do café. Chesterton utiliza esta palavra para explicar o espanto que nasce do vermos as coisas quotidianas de outro ângulo. A razoabilidade dos contos de fadas exprimese no facto de mesmo

Mas o que atrai nos contos de fadas é que estes mostram a realidade de um ângulo diferente. Mooreefoc.

“Quanto mais conseguirmos ver a vida como um conto de fadas mais o conto se decide entrar em guerra com o dragão que está a destruir o país das fadas” OBRA?

Chesterton “Os católicos serão os únicos que, com razão, poderão chamar-se racionalistas” OBRA? veio de um

Chesterton familia anglicana, acabando por se tornar agnóstico na Escola de Belas Artes. Depois passou por várias correntes místicas, até se converter ao Catolicismo. Foi o amor de Chesterton à realidade na totalidade dos seus factores que o levou à conversão ao catolicismo. Como a sua personagem Domingo desvela no fim da obra The Man Who Was Thursday, há um ordem e uma harmonia no aparente caos do mundo. Mas só se revela quando o homem aceita o risco de ir até ao fundo na sua luta contra a anarquia. Assim, a ordem que se desvela nessa realidade levou Chesterton à adesão à fé. Esta fé era para ele o cume da razão, era a resposta às perguntas que a razão por si só não pode responder, era resposta a todas as coisas, desde as mais

“Enquanto que todas as sociedades humanas consideram a inclinação ao misticismo como algo extraordinário, tenho eu que objectar, entretanto, que uma só sociedade entre elas, o catolicismo, leva em conta as coisas quotidianas. Todas as outras as deixam de lado e as menosprezam”. OBRA?

Tolkien “ O coração do homem não é composto por mentiras/ mas retira do único Sábio/ e ainda o Tokien pertencia sabedoria a uma geração ligada aos mitos (a recorda.” obra? mesma de C. S. Lewis, Dyson ou Charles Williams), continuação de um género iniciado por Chesterton. Tolkien afirmava que os mitos, longe de serem mentiras, eram a melhor maneira de transmitir verdades que, de outra forma, seriam incompreensiveis (...). Os mitos que tecemos, ainda que contenham erros, reflectem fragmentos entrecortados da verdadeira luz, da verdade eterna que se “Folha ramo, água e encontra junto de Deus. pedra: têm tonalidade e Esta paixão pelo mito, como beleza de todas essas modo de transmissão de uma coisas no crepúsculo de verdade incompreensivel à Lórien, que tanto razão humana é a base de toda a obra de Tolkien. De tal amamos, pois pomos o maneira os seus mitos eram pensamento de tudo reflexo da verdade, que o quanto amamos em tudo centro de toda a sua obra, quanto fazemos” mesmo com Hobbits e OBRA? dragões, é o drama humano. 5 A obra que melhor sintetiza o drama humano é The Lord of

Tolkien “Dei esperança aos Dúnedain, não guardei nenhuma para mim” onde? O pai de Tolkien morreu quando este ainda era bebé. Foi com a sua mãe, que se tinha convertido ao catolicismo, que Tolkien deu os primeiros passos na fé. Mas quando Tolkien ainda era criança morreu também a sua mãe. A educação de Tolkien ficou ao cuidado do Pe. Francis, que era para Tolkiem como um pai mais do que muitos pais. A relação de Tolkien com o Pe. Francis e com a mãe pode ser compreendida nas história de Aragorn narrados nos apendices de The Lord of the Rings. Aragorn foi educado por Elrond para ter sempre diante dele o seu destino, ser rei de Anor e Gondor, tal como Tolkien foi educado pelo Pe. Francis tendo sempre diante de si

Tolkien “Por isso, quis que os corações dos Homens procurassem para além do mundo e não econtrassem nele Uma das histórias que nenhum mais demonstra como Tolkien partia repouso” obra? sempre da realidade para o mito, para depois devolver o mito a realidade é a históra de Luthien e Beren. Luthien era filha de um dos grandes reis élficos. Beren era um homem, condenado a morrer. Depois de terem que lutar contra inúmeras dificuldades, desde o impedimento do Rei Thingol até a luta com Sauron, Luthien fez o derradeiro sacrificio, trocar a vida eterna na terra, pelo destino incerto que aguarda os homens depois da morte. Também Tolkien teve que ultrapassar variados obstáculos para se poder casar com Edith Brat, como o desagrado do Pe. Francis (a quem ele se manteve sempre fiel). No fim “Mas creio que esteve disposto a abdicar da felicidade na terra (o nadaque poderia casamento sem chatices) pelo destino aguarda os homens depois da morte, esperando pela conversão ao justificar o catolicismo de Edith antes de se casar. casamento com

5

base numa paixoneta de rapaz; e, provavelmente, nada mais teria fortalecido a vontade a ponto de conferir perpetuidade a tal romance (apesar de se tratrar de um

Tolkien “Num buraco no chão vivia um Hobbit” The Hobbit ??? Tokien amava a vida. Amava os pequenos prazeres: a comida, a bebida, o campo. A sua imagem de marca é o cachimbo. Este amor à vida, a todas as coisas, transparece nos hobbits, nos pequenos e humildes hobbits. É por este amor à vida simples, cujo o ideal é o Shire, que as suas personagens mais sugestivas, Frodo e sobretudo Sam, fazem o derradeiro sacrifício: dar a sua vida.

“Eu sou de facto um hobbit em tudo menos no tamanho. Gosto de jardins, arvores e quintas não mecanizadas. Fumo cachimbo e gosto de boas comidas simples, frescas, mas detesto a cozinha francesa. Gosto e atrevo-me até a usar nestes dias cinzentos coletes decorativos. Aprecio cogumelos apanhados no campo, possuo um humor muito simples, que até os criticos mais fávoraveis acham

OS INKLINGS “Duas pessoas, longe de serem o número necessário para uma amizade, não são sequer o melhor” C. S. Lewis, The Four Loves

Os Inklings eram um grupo informal de académicos de Oxford que se reunia todas as manhãs de terça e noites de quinta para beber e discutir literatura. Deste grupo faziam parte C. S. Lewis, J. R. R. Tolkien, Charles Williams entre outros. Durante essas Mas os Inklings, mais que reuniões,um dos membros uma mera associação apresentava um manuscrito que literária, eram uma verdadeira amizade, uma lia em voz alta, seguindo-se a companhia presente. As suas crítica dos outros membros. De reuniões não eram seguida entravam em meramente intelectuais. O discussão, e por vezes em gosto pela literatura não era acessos debates, sobre separado do amor pela vida. qualquer tema que surgisse. E é este amor que se The Hobbit, de Tolkien, e The encontra presente em todas Chronicles of Narnia de C. S. as obras dos Inklings. “O resultado foi uma tarde muito divertida Lewis, foram algumas das obras e de intenso debate. Se um estranho que beneficiaram das críticas tivesse espreitado, julgaria tratar-se de dos Inklings. uma reunião de inimigos ferozes a lançar insultos mortíferos antes de sacarem das armas”.

C. S. Lewis

Numa carta de J. R.R. Tolkien sobre uma reunião dos Inklings

Conclusão “Não nos podemos dar ao luxo de ignorar as crenças filosóficas e teológicas de Dante [...] por outro lado, não somos obrigados a acreditar nelas.” T. S. Eliot, Selected Essays

“Tendo apreciado os livros de Tolkien descobri alguns trabalhos de outros Inklings, especialmente de C. S. Lewis e Charles Williams. Gostei dos livros, mas não foi a obra dos Inklings que acabou, em última instância por me comover. Foi o espírito informativo do seu trabalho, um espirito que comecei a sentir que todos haviam partilhado. [...] As lições que aprendi com Lewis e Tolkien penetraram a fundo na minha psique: mais fundo do que a rivalidade, mais fundo do que a imitação. Resumindo, não foi o estilo ou o tema de Tolkien que me influenciou: foi a integridade da sua obra. Encontrei essa mesma integridade nos contos espaciais de Lewis [...] Concluí então que o valor dessas obras derivava principalmente desse mérito interior, dessa integridade que ultrapassava as próprias histórias. Mas o que era? Era , claro, a fé cristã dos autores que brilhava perante a matéria da sua obra. Vi que essa fé dominava a história, infundindo-lhe valor e significado, elevando o conto acima das expressões vulgares do género[...] Coisa extraordinária, pensei eu: embora Tolkien não faça sequer uma única referência velada a Jesus Cristo

Conclusão “Então, com o mundo atrás e a casa à frente Regressaremos ao lar e ao leito” J. R. R. Tolkien The Lord of the Rings

Oscar Wilde, T. S. Eliot, Chesterton e J. R. R. Tolkien percorreram estradas únicas na sua busca pela beleza. Mas todos atingiram o mesmo destino. Encontraram uma casa, uma morada, na qual estavam fundados toda a tradição e fundamento da sua própria sociedade, um local que respondia e correspondia a toda a sua vida, acolhendo tudo, não deixando nada de fora.

“Uma vara pode adaptar-se a um orifício, ou uma pedra a um buraco, por mero acaso. Mas uma chave e uma fechadura são coisas complexas e se a chave se ajusta à fechadura é porque a chave é a própria” G. K. Chesterton, Orthodoxy

Nas obras dos autores não descobrimos apenas o caminho, mas sobretudo a meta. Aquilo que eles encontraram no fim da viagem não guardaram só para eles, mas imediatamente o anunciaram da forma que melhor sabiam: através da escrita. Foi esta beleza que chegou até nós e nos cativou que,

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