Ficha de Formação Cívica Tema: Educação do Consumidor Data: ___/ ___/ ____
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Comprar ou não comprar… eis a questão! Objectivo: Consciencializar para a existência do consumismo e para a necessidade de ter atitudes críticas face ao mesmo.
O Gastador Anónimo
Os grupos anónimos de terapia surgiram nos EUA. Foi neste país que apareceu o grupo original dos alcoólicos anónimos, que, pelo seu sucesso, estimulou outras organizações congéneres: obesos anónimos, neuróticos anónimos, narcómanos anónimos, etc. Os próprios profissionais de saúde reconhecem as vantagens terapêuticas destes serviços, aliadas ao facto de serem gratuitos e estarem ao alcance de todos. No início da década de 80 ganharam notoriedade os gastadores anónimos, que dedicam a sua atenção a uma personagem muito popular mas ignorada quanto às razões que a levam a existir: o gastador compulsivo, o esbanjador impenitente, aquele a puem o dinheiro parece queimar as mãos. Essa personagem é cobiçada por hipermercados, quinquilheiros, lojas de novidades e boutiques, perdendo facilmente a cabeça com promoções de produtos de que nem é apreciador. Temos aqui, pois, um traço essencial do consumista: não se sente bem se não vai às compras todos os dias, se não se sente beneficiado por urna qualquer redução de preços. Vive no transe de comprar e
encontra sempre mil e uma explicações para justificar as suas compras. A sua vida, como sabemos, é uma sucessão interminável de insatisfações; um sentimento profundo de frustração paralisa o seu espírito e a sua obsessão por comprar bloqueia um desenvolvimento saudável da sua personalidade e entorpece a sua vida de relação. Nos grupos de gastadores anónimos é feito, logo na primeira reunião, um pequeno questionário a essas pessoas que se assumem como esbanjadoras irresponsáveis e querem pôr termo à sua insatisfação permanente: • Põe o dinheiro acima de todas as coisas na sua vida, incluindo saúde, amor, família, amizades? • Compra coisas de que não necessita só porque as considera umas autênticas pechinchas? • Faz compras só para impressionar os outros? • É sua convicção que o dinheiro resolve todos os problemas da sua vida? • Fica inquieto quando é abordado acerca do seu rendimento? A todos os questionados que respondem afirmativamente a pelo menos uma destas questões é recomendado um tratamento num grupo de gastadores anónimos. Beja Santos e Odeie Santos. A Educação do Consumidor
O consumismo é o conjunto de comportamentos e atitudes capazes de levar ao consumo indiscriminado e compulsivo. Numa atmosfera consumista dominam os seguintes elementos: Atracção permanente por novos produtos, mesmo que de “novos” esses produtos só tenham diferenças mínimas em comparação com os antigos. Comunicação publicitária agressiva, que participa na renovação permanente da ideia de "novidade" relativamente aos objectos de uso pessoal e familiar, desde sapatos ou mobiliário até ao automóvel. Sugestão subtil da ideia de acumulação, de modo a incutir a noção da necessidade de objectos com uma única finalidade (é o caso dos detergentes que, a atender às campanhas publicitárias, seriam adquiridos às dezenas, para sanitas, banheiras, chão, lãs, roupa branca, roupa com muitas nódoas, vidros, alcatifas, etc.). Condescendência generalizada com o desperdício e o esbanjamento, apresentados como fatalidades irrecusáveis do progresso; Valorização excessiva da aparência como elemento estruturante da identidade individual. Degradação ambiental decorrente desta dimensão funesta da sociedade de consumo.
O marketing dá uma ajudinha Face às técnicas de venda com que os distribuidores procuram incentivar o consumo e maximizar os lucros, só há uma palavra de ordem adequada, consumidor prevenido vale por dois. Eis algumas dessas técnicas: Os profissionais distinguem três níveis no expositor ou escaparate: o nível do "chão", o nível das mãos e o nível dos olhos. O nível dos olhos é o que mais vende. Por conseguinte, os produtos mais procurados ficarão nas estantes a nível inferior, já que se vendem sempre. Pelo contrário, serão colocados ao nível dos olhos os produtos menos solicitados, os menos conhecidos ou mais rentáveis para o comerciante. As caixas registadoras são um "gargalo" onde se formam as bichas. Para rentabilizar esses minutos de espera os técnicos de vendas conceberam a colocação diante das caixas registadoras de alguns expositores cheios de produtos cujo preço não é muito elevado e que se assumem como produtos quase irrecusáveis: bombons, lâminas de barbear, caixas de fósforos, revistas, sumos e tudo o mais que se sabe. A embalagem está concebida para a venda e não só para proteger o conteúdo. O fundamental é conseguir fazer com que o produto "entre pêlos olhos dentro". Por isso se processa uma investigação muito particular sobre a embalagem: letras concebidas para serem lidas à distância, palavras de ordem que são apelos à compra, etc. Não é excessivo dizer-se que a embalagem passou a ser concebida como um verdadeiro vendedor mudo. OCU - Compra Maestra, Março de 1989
1. Considera o último texto apresentado. Sugere formas de contornar o a ao consumismo associado às técnicas descritas. 2. Discute as questões levantadas pelo primeiro texto. 3. No contexto do teu grupo de trabalho, escreve uma peça de teatro onde sejam evidenciados alguns aspectos caricatos do consumismo. 4. Elabora uma entrevista, para fazeres à entrada/saída de um supermercado, com vista a determinar os hábitos de consumo das pessoas.