Festejar A Primavera Das Tic!

Festejar a Primavera das TIC! José Luís Carvalho Núcleo Minerva – Universidade de Évora Por todo o mundo, em muitas localidades, das mais próximas às mais recônditas, se celebra por estas alturas a peremptória chegada da Primavera. Alguns consideram que esta festividade teve origem céltica, outros invocam que se relaciona com os ritos pagãos romanos conhecidos como «Florália» ou «Florais», festividades em honra de Flora, a deusa das flores e da Primavera, e que teriam lugar de 28 de Abril a 3 de Maio. Tratava-se de dar as boas vindas à Primavera e a um novo ciclo de vida. No festival, que incluía representações teatrais e jogos, os romanos trocavam as habituais vestes brancas por outras mais coloridas e celebravam oferecendo leite e mel à deusa Flora. A estes costumes podemos aliar a alentejana tradição de abençoar os primeiros frutos no “Dia da Espiga” (quinta-feira de Ascensão) colhendo no campo espigas e outra flora campestre. No Núcleo Minerva da Universidade de Évora, igualmente por esta época assinalamos um novo despontar das TIC e da Internet, à semelhança do que se passa em muitas outras escolas, agrupamentos e lugares. Em concreto, exaltamos o que de mais significativo aconteceu com recurso às tecnologias de informação e comunicação (boas colheitas) durante o ano lectivo nas Escolas do 1º Ciclo (solo que, entre uns e outros, fomos ajudando a fertilizar quanto baste). O Encontro anual de professores (regularmente realizado na Primavera ou na sua vizinhança) tem sido o momento ideal para partilhar ideias, divulgar as experiências e as actividades postas em prática durante o ano, conglutinar toda a comunidade em torna da importância das TIC na Escola, em suma, festejar mais um ano de abnegado trabalho e refinado esforço e perspectivar uma nova e profícua etapa de vida escolar. São muitos os que acham que, de ano para ano, se cumpre apenas (ou ainda) mais um ritual, mais um ciclo, não vislumbrando sinais evidentes de mudança nas Escolas. Recorrem frequentemente à metáfora dos cirurgiões e dos professores viajantes do tempo e das suas reacções ao chegarem a uma sala de operações ou a uma sala de aulas da actualidade (metáfora perspicazmente aproveitada por Seymour Papert no seu livro “The Connected Family – Bridging the digital generation gap”). Nesta alegoria os anciãos cirurgiões ficariam siderados e boquiabertos e seriam incapazes de ajudar os jovens colegas no decorrer de uma cirurgia. Por outro, os velhos professores não teriam dificuldade em se integrar, “perceberiam perfeitamente a maior parte do que se estava a passar e poderiam mesmo, num abrir e fechar de olhos, tomar conta da turma”. Com toda a sinceridade, penso que seria até preferível que os decanos professores tivessem facilidade em se integrar na escola actual. Isso significaria que a Escola não deixou de ser um espaço sobejamente humanizado e no qual se insiste em garantir um -1-

processo de aprendizagem vivencial e natural. Todavia, creio que os professores viajantes do tempo não deixariam de constatar muitas das diferenças, algumas inaceitáveis nos tempos que correm e a necessitarem de um “puxão de orelhas”, e outras verdadeiramente surpreendentes do ponto de vista das estratégias, dos recursos de aprendizagem, da organização e gestão do espaço educativo. Certamente ficariam agradavelmente maravilhados ao observar as crianças das nossas Escolas a navegar e pesquisar informação na Internet, a debater por videoconferência com colegas de outras paragens, a intercambiar textos e imagens por correio electrónico, a investigar e resolver problemas em equipa, a editar um blog, a rechear um portfólio de turma, a participar em jornais colaborativos, a interagir por chat com especialistas das mais variadas áreas do conhecimento, a criar “obras de arte” digitais…, em suma, a aprender em linha e em rede e a entender que a sua escola é todo o mundo e todo mundo lhes pertence. Ficaram reconfortados ao saber que à frente de cada computador presente numa sala de aula não está um andróide, mas uma criança, um professor, uma pessoa…, a efectuar uma utilização própria e criativa desse recurso, pessoa essa que carece de calor, de afecto e carinho e que o seu trabalho seja enaltecido, reconhecido e disseminado. Ficariam mais alentados ao saber que em muitas escolas a maior parte da aprendizagem decorre através da participação em projectos interdisciplinares que constituem aliciantes desafios, que envolvem uma utilização inovadora das TIC e que demoram semanas e meses. Ficariam também muito optimistas ao saber que os seus pares do séc. XXI participam anualmente em acções de inter-formação, em programas de pós-graduação, em projectos de investigação, em palestras e congressos onde debatem os seus problemas, se actualizem e se comprometem em aprender incessantemente – elemento chave para a mudança. Ficariam ainda muito recompensados ao participar esta “Primavera” num destes dinâmicos Encontros onde, como já referimos, se reflecte sobre o presente e o passado mas em que sobretudo se olha para o futuro. É também na Primavera que começam a despontar as novas flores, que se começa a perspectivar um novo ano, um novo ciclo de vida, repleto como sempre de muitas ilusões, muitas ambições, muitos projectos, novos expedientes e abundantes safras. Agradecemos às divindades (a todas sem excepção!) a nova “Flora”, fazemos votos e pedimos que nos propiciem mais e melhores “espigas” (alimento), “oliveiras” (paz e luz) e “flores” (alegria, amor, saúde e força). Até dia 5 de Julho, na Universidade de Évora, no ENCONTRO de Professores CBTIC@EB1 – “Construindo o futuro com as TIC”, para festejarmos a Primavera das TIC! Contamos convosco!

http://www.minerva.uevora.pt/web1/

-2-