FELICIDADE: Amor e Casamento Francisco Hirota A principal esperança do Homem é ser FELIZ; não é apenas ter mais velocidade, mais eficiência, mais globalização ou mesmo mais dinheiro, o que queremos é: Mais felicidade! Creio que poucos negarão que esta é a principal META do ser humano. E nós fomos feitos para a felicidade e a procuramos, necessariamente. O nosso desafio é encontrá-la onde ela estiver e não onde queremos que esteja. A felicidade geralmente é encontrada nos lugares e nas pessoas mais simples que jamais imaginamos. Na verdade, a felicidade perfeita só pode ser encontrada de modo real e permanente em DEUS: Fonte de felicidade eterna!! E dentre todas as coisas humanas, o CASAMENTO é o que promete mais FELICIDADE, mais chances de se exercer e encontrar nele profundidade para a VIDA. Na verdade o que quero dizer é sobre o MATRIMÔNIO, que é um passo além do casamento. Segundo o dicionário Aurélio, Casamento é a união solene entre duas pessoas de sexos diferentes, com legitimação religiosa e / ou civil. MATRIMÔNIO, é uma celebração solene, sendo um dos 7 sacramentos da Igreja. E encontrar o parceiro para esta jornada me parece ser hoje um dos maiores desafios do Homem “moderno”. O MATRIMÔNIO é ainda a fonte estabilizadora das sociedades, por ser a base para geração das FAMÍLIAS, na sua acepção fidedigna. É onde as VIRTUDES humanas são iniciadas e aprofundadas através dos exemplos. Se quisermos destruir um País e só acabar com as famílias. Entendo que houve profundas alterações comportamentais nestes últimos 50 anos que mudaram a trajetória do Casamento. Uma longa história carrega esta instituição ao longo do existencialismo humano e nas diversas formas sociais e religiosas; o casamento traz fartura de estatísticas e análises que poderiam nortear debates infindáveis. Vamos preferir nos ater a nossa realidade alcançável. Estou convencido de que, traçando um paralelo, o Casamento de hoje se tornou uma possibilidade cada vez mais remota e inexeqüível, vendo-o ou percebendo-o da forma como estamos sendo levados. Comparo-o a um pino elétrico de duas saídas que se encaixa a um pino de duas entradas: macho-fêmea; onde o primeiro pino seria o da necessidade fisiológica e o segundo pino, todas as demais “exigências”. Era o Casamento tradicional de “antigamente”. Hoje, para a escolha de nosso parceiro, temos uma infinidade tão grande de pinos que dificilmente já encontramos alguém com a mesma quantidade de in e out ; muito menos fazer com que se encaixem. Seria como nas entradas e saídas de nossos computadores que nem sabemos para que existem tantos “dentinhos”. E quando se encaixam, já existem pinos mais modernos que satisfazem melhor as “necessidades”. A individualidade crescente cria opções cada vez mais pessoais e acabamos achando que as pessoas com quem conviveremos é que devem se encaixar aos
nossos pinos, e não o contrário. O casamento se tornou gestão de Marketing, onde as pessoas se tornaram produtos em busca de um público alvo e desenvolvidos com foco definido. Ou seja, cada vez mais estamos segmentados, cada um sendo lançado no mercado em busca de um consumidor cada vez mais exigente e arredio. Outrora bastava ter o produto e o seu respectivo preço e o consumidor estava satisfeito; hoje, temos que saber como e onde disponibilizar os candidatos, como promover e como agregar valor a eles. Enfim viramos produto de consumo e com brutal concorrência e exigências e, o pior, com índice de satisfação pós-venda duvidosa e sempre em contestação. Assim, esta é a primeira grande dificuldade: encontrar o parceiro certo neste mundo desvairadamente globalizado, e que ambos estejam dispostos a serem complementares e não se mantendo inflexíveis com a sua individualidade: princípio fundamental do Casamento. A segunda questão envolve o período do conhecimento mútuo, hoje totalmente exacerbado do sentido real. Quando duas pessoas começam a pensar que “foram feitas uma para a outra”, podem acabar por julgar que não foram feitos para mais ninguém, e que também não precisam de mais ninguém. O Amor romântico não enxerga os defeitos da outra pessoa. O Amor Real tende a enxergar todos, ou pelo menos estar convencido de que existem os defeitos e que vão se manifestar um dia. E temos que amar o outro com os defeitos que tem, isto é, amá-lo como na verdade é. E de tudo, é o mais difícil!! Portanto, o período de escolha deve ser exercido com critério, e após isto, o Casamento pressupõe Comprometimento Mútuo. Uma declaração que equivale a dizer “Eu o amo com a condição de que você não tenha defeitos” simplesmente não seria amor. Querer o amor com a condição de que não seja necessário esforçar-se para amá-lo...... é puro e simples egoísmo. Esta é a fonte constante dos desacertos pré e pós Casamentos. A FELICIDADE que o casamento pode e deve trazer está enraizada no aspecto de compromisso e entrega que caracteriza o amor conjugal. Longe de mortificar a liberdade da pessoa, esta fidelidade protege-a do subjetivismo e relativismo e torna-a participante da sabedoria Criadora. São destrutivas e ameaçadoras as forças que pregam que a felicidade pode ser alcançada sem norma moral alguma, sem nenhum autodomínio ou generosidade e sobretudo a uma vida centrada no eu. O Casamento é, obviamente, uma das tendências mais naturais da natureza humana. Ora, se é assim, parece difícil imaginar que, em circunstâncias normais, seja natural que o casamento fracasse. Se tantos casamentos fracassam hoje em dia, talvez seja porque as circunstâncias que cercam o matrimônio já não são normais. Ao invés de o casamento estar fracassando para o homem, não será o homem que vem fracassando em relação ao casamento?? Não será que o erro, ao invés de residir no casamento, reside no homem moderno, e mais especialmente no modo como ele encara o casamento?? A polarização nas coisas terrenas e a procura
egocêntrica do hedonismo satisfazem a sede de felicidade?? O amor no casamento não está destinado a permanecer apenas como amor entre duas pessoas. A vocação natural é expandir-se, incluir cada vez mais elementos. O Amor conjugal está projetado para se tornar amor familiar; está destinado a crescer seja biologicamente ou não, e neste crescimento, incluir e acolher outros seres humanos, que são o fruto deste amor. Mesmo aos casais que não concebem naturalmente (hoje próximo de 30%) a expansão deste amor com agregação é recomendável. Todo casamento chega a um período crítico, a um ponto de inflexão a partir do qual crescerá rumo a uma realização mais plena e definitiva, ou irá de mal a pior. Este momento pode sobrevir em um tempo muito curto, tão logo se desvaneça o clima romântico e fácil, coisa que ocorre freqüentemente um ou dois anos depois do casamento. Se o casal não enfrentar adequadamente este momento crítico, o casamento poderá ir por água abaixo. O respeito e a compreensão mútua irão diminuindo, e as discussões e brigas se tornarão cada vez mais freqüentes; terá começado um processo gradual de distanciamento que pode terminar, dez ou quinze anos mais tarde, numa total indiferença mútua ou numa ruptura. Na verdade, em geral, parecemos ter mais facilidades para ver os defeitos dos outros do que para identificar suas virtudes. Isto acontece especialmente quando duas pessoas vivem juntas de um modo tão constante e íntimo como no casamento. E acontece sobretudo quando, nessa vida em comum, preferem ficar a sós. Duas pessoas que se olham continuamente frente-a-frente encontrarão com certeza muito mais defeitos uma na outra. Quando este tempo de prova chegar, cada um dos cônjuges necessitará, em primeiro lugar, de um motivo de peso que o ajude a ser Leal ao outro, um motivo que seja suficiente para fazê-lo perseverar na tarefa de aprender a amar o outro. Em segundo lugar, cada um necessitará de um motivo poderoso que leva a aperfeiçoarse pessoalmente, a ser menos egocêntrico e mais amável. Na figura dos filhos, a natureza põe nas mãos esses dois motivos. Para que o amor não somente sobreviva, mas cresça, cada um dos cônjuges tem de poder descobrir virtudes - virtudes novas ou virtudes amadurecidas - no outro. Para que o amor no casamento cresça, o outro tem que tornar-se cada vez mais amável. E aqui está uma das maiores virtudes do casamento. A pessoa se tornará mais amável para o parceiro e também para o mundo, e progredir, se efetivamente for convertendo em uma pessoa melhor. A generosidade e doação de si mesmo é que torna uma pessoa melhor e mais amável. O sacrifício pelo outro é uma exigência da vida matrimonial. Todo o sacrifício que os filhos exigem dos pais já desde os seus primeiros anos é o principal fator previsto pela natureza para amadurecer, desenvolver e unir os pais. O sacrifício compartilhado é um dos melhores laços de amor. Vejamos algumas dicas que os protagonistas do Casamento mais longo do mundo (Percy e Florence, de Londres), segundo o Guinness Book , nos deram depois de 80 anos de matrimônio: -Não esticar uma discussão
-Beijar-se com freqüência -Dar as mãos para ir para a cama -Cultivar o prazer de estar na companhia do outro -Querer sempre a felicidade do outro Hoje, depois de longas e intermináveis controvérsias, o Matrimônio estável volta a estar na moda, e inclusive na moda o Casamento religioso. O índice dos casamentos desfeitos chegou próximo a 50 % nos últimos anos nos EUA, na Inglaterra a 40 %, e no Brasil estamos próximo disso. Somente 18 % dos matrimônios superam os 20 anos e menos de 6 % os 30 anos. E comemoram BODAS de OURO somente 0,31 %, ou seja, três casais em cada 1000 atingem este marco histórico. Lembremos que para se casar são necessárias duas pessoas e para divorciar-se, basta uma. Hoje é mais fácil terminar um casamento de 25 anos do que finalizar um contrato de trabalho de poucos meses. Não há uma incongruência nisso?? A questão não é eliminar as leis do divórcio, ou iniciar uma discussão sobre a sua bondade ou maldade. O que importa é trabalhar para o fortalecimento do matrimônio, ajudar os casais com problemas a superá-los. Se for possível, ainda que difícil às vezes, não optar pela saída do divórcio que pode parecer fácil à primeira vista. É trabalhar com vistas ao futuro, formando as novas gerações para que vivam seu matrimônio com a decisão firme de esforçar-se para que seja de fato “até que a morte nos separe”. Hoje em dia, parece soar bem expressar em público que o matrimônio é somente uma opção entre outras e que a mera cohabitação deveria ter os mesmos direitos. Direitos à parte, porém, a realidade social prova que o matrimônio ainda marca a diferença. As estatísticas e os benefícios a longo prazo justificam e provam que o matrimônio seja tratado como uma opção social preferível. Em conjunto, os casados gozam de melhor saúde, têm um estado emocional e psíquico mais satisfatório e estão mais estimulados a aumentar as suas rendas que aqueles que vivem sós ou que cohabitam. A questão da defesa do contrato matrimonial, pelos seus efeitos positivos, deixou de ser uma “mera” preocupação moral para se converter em uma questão de saúde pública. A segurança de um matrimônio estável assemelha-se a um seguro TOTAL, que anima os pares a tomarem decisões em conjunto e a se especializarem em tarefas que facilitam a vida em comum. A não estabilidade atua como um freio e corta as possíveis economias de escala, pois pretende-se ao mesmo tempo nadar por aí e guardar a roupa em casa. Também a ameaça que os tribunais possam dividir as propriedades, ou definir a quem corresponde a custódia dos filhos, impedem uma tranqüilidade produtiva. Vários fatores sociais foram pesquisados ao redor do mundo sobre as vantagens de um casamento estável, indo desde o aumento da felicidade geral, como melhor saúde e qualidade de vida além de maior expectativa de vida, passando por todos os tipos de indicadores sociais. Os rendimentos nas famílias estáveis nos EUA chegam a ser 90 %
maiores do que as famílias que vivem juntas mas não casadas e 160 % maiores que as separadas ou divorciadas. No Chile, 76 % dos jovens encarcerados não contam com pais casados, 44 % provêm de famílias instáveis e 64 % provêm da gravidez de adolescentes. Nos EUA 60 % dos reclusos por roubo, 72 % assassinos juvenis e 70 % dos condenados à prisão perpétua cresceram em famílias sem pai. O abuso sexual por parte dos padrastos é de 6 a 7 vezes superior à média. Nos EUA, 92 % das crianças que recebem serviços de assistência do estado, provêm de casamentos inconsistentes ou fracos, tornando-se um grave problema público. No Reino Unido, 80 % das crianças que apresentam conduta adequada estão perto dos seus pais biológicos e somente 4 % dos que têm problemas de conduta vivem com seus pais verdadeiros. As estatísticas indicam que, quem se divorciou uma vez, tem hoje 60 % de chances de se divorciar novamente, contra 45 % na média de quem ainda não o fez. Está também comprovado que os filhos de casais com más relações, porém que permanecem unidos, se divorciam menos que aqueles cujos pais optaram pelo divórcio e se encontram em melhor situação que os filhos destes. Comprovou-se ainda que, nos países com história de divórcio, as uniões irregulares aumentam. Nenhum adulto, filho de família divorciada, quer que seus filhos repitam suas experiências de infância. Recomendo, para quem se interessar, o texto de Stephen Kanitz ( “Eu te amarei para sempre” - site kanitz.com.br) e o site www.portaldafamilia.org. Enfim, o Matrimônio estável é incomparavelmente mais benéfico para a nossa existencialidade, que remonta muitos anos, e não somente os anos mais vigorosos.
Francisco Hirota Em discurso proferido por ocasião da solenidade de comemoração da Bodas de Ouro dos seus sogros Setembro 2005 Divulgue este artigo para outras famílias e amigos. Inscreva-se no nosso Boletim Eletrônico e seja informado por email sobre as novidades do Portal
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