Entendendo O Livro De Levítico

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ENTENDENDO O LIVRO DE LEVÍTICO  Por Fabio Marchiori Machado    1. INTRODUÇÃO   Acredito  que  todo  cristão  tem  o  desejo  de  ler  a  Bíblia  inteira,  de  Genesis  a  Apocalipse. É muito comum ouvirmos pessoas relatando o seu empenho nesta tarefa.  E  mais  comum  ainda  é  o  relato  desta  jornada  quando  deparada  com  a  “muralha”  chamada Levítico. Na primeira vez que eu li a Bíblia inteira, Levítico (juntamente com  Números, para fazer justiça) foi a minha grande dificuldade. Foi como se eu estivesse  andando  sem  dificuldades  por  uma  planície  e  subitamente  tivesse  que  transpor  o  Monte Everest no mesmo ritmo.   Por  causa  desta  suposta  dificuldade,  o  livro  de  Levítico  é,  sem  sombra  de  dúvida, um dos mais poucos explorados textos por todos os cristãos. Conhecemos as  riquezas de Salmos, as histórias de Davi e Salomão, os milagres de Jesus, entre outros,  mas não conhecemos uma das principais fontes de diretrizes dada por Deus, chamada  Levítico.  Acredito, porém, que conhecendo um pouco dos pontos principais de Levítico,  a sua leitura se torna até agradável.   O meu melhor amigo na época de adolescente, foi durante alguns anos um dos  meus maiores desafetos. Se ele estivesse no lado direito do pátio da nossa escola, eu  certamente estaria no lado esquerdo. Se houvesse a necessidade de um trabalho em  grupo, primeiro esperava ver em que grupo ele ficaria, para depois escolher o meu e  não  correr  o  risco  de  ter  sua  “desagradável”  convivência.  Quero  ressaltar  que  a  antipatia  era  recíproca.  A  questão  é  que  em  um  determinado  momento  de  nossas  vidas, por questões avessas  a nossa vontade,  fomos  obrigados a conviver, um  com o  outro. Graças a esse convívio começamos a nos conhecer, e ver que tínhamos muito  mais coisas em comum do que nossas diferenças nos impediam de enxergar. Tornamo‐ nos  grandes  amigos,  e  vivemos  muitas  coisas  importantes  juntos.  Nossa  amizade  extrapolou o nosso ser, fazendo que a minha família experimentasse o mesmo nível de  amizade com a sua família.   Certamente,  já  lhe  ocorreu  de  não  gostar  de  uma  determinada  pessoa  que  cruzou a sua vida, por causa de algum hábito ou coisa parecida. Entretanto, depois de  você conhecê‐la, passou até a gostar dela. Tenho fé que da mesma maneira, o livro de  Levítico terá o conceito mudado depois deste estudo.      Fabio Marchiori Machado                                                                      www.BereiaBlog.com  

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    2. ANTTES DE QUA ALQUER COISSA  A  nossa  ansiedade,  a n nossa  naturreza  humana,  manda  q que  nós  entremos  de  cabeçaa no estudo o, pois nossaa curiosidade é maior que tudo (espero eu!). M Mas é bom  conversarmos um pouco ante es disto.  A primeira coisa que d devemos terr em mente  antes da leitura de Levvítico é que  ele é u um livro basicamente fo ormado por n normas, mandamentos.. É um dos livros da Lei  de  Deeus.  E  como  é  um  livro  normativo,,  deve  ser  liido  como  taal.  Não  há  mensagens  m simbólicas em Levvítico, por mais que algu uns pregadorres tentem ““espiritualizáá‐lo”. É um  que fala de n normas, cond duta, ação e reação, cerimonial e etc.  livro q Outra  queestão  importtante  para  sser  observada  antes  daa  leitura  é  a  a temática  centraal de Levítico o. Se pudésssemos reunir em um ún nico versículo o principaal conceito  do livrro, sem dúvidas seria estte:  Lv 11:44a

  Pois eu sou  o Senhor, o D Deus de vocês;; consagrem‐sse e sejam san ntos, porque e  eu sou  santo. 

  Deus cham ma a atenção o do homem m para impo ortância da  santificação.  O termo  hebraico    (qaadash) e suaas flexões ap parecem maais de 80 vezzes em todo o o livro de  Levíticco.  Qadash  quer  dizer  “SANTO”.  “ O  texto  de  Levítico  mosttra  como  um m  pecador  pode  ter  acesso  ao  Deus  que  é  santo,  e  a  importância  de  buscar  santtidade  por  ncer a um Deeus santo.  perten Em  terceirro  plano,  veem  a  questão  de  como o  deve  ser  a  leitura  de  d Levítico.  Certam mente ele é  um livro dee leitura dessafiadora, po or ser um livvro repleto d de ritos de  culto.  Um  dos  grrandes  segreedos  para  u uma  leitura  prazerosa  de  Levítico  é  usar    a  nação.  Um  bom  b caminh ho  é  ir  crian ndo  mentalm mente  os  rittuais  conforrme  vamos  imagin lendo,, exagerando o nos detalh hes.   Por último o, entender q que o livro d de Levítico ffaz parte de  um conjuntto, de uma  obra  completa,  c que  q conheceemos  por  Pentateuco.  Para  tal  elu ucidação,  faaremos  um  apanh hado geral e muito brevee do que é o Pentateuco o.        Fabio Marchiori Machado                                                                      www.BereiaBl log.com

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3. O PENTATEUCO E SUA RELAÇÃO COM LEVÍTICO   O Pentateuco são os cinco primeiros livros da Bíblia. Formam o Pentateuco os  livros de Genesis, Êxodo, Levítico, Números e Deuteronômio. São conhecidos também  como os livros da Lei, ou a Torah hebraica.  Apesar de serem cinco livros em abordagens e assuntos distintos, conseguem  transmitir  uma  unidade  sem  igual  nos  seus  textos.  O  Pentateuco  compreende  o  período  histórico  da  criação  do  mundo  por  Deus  até  a  morte  de  Moisés  no  Monte  Nebo, nas campinas de Moabe.   Os assuntos relevantes em cada livro são:  • • • • •

Gênesis – Formação do mundo e dos patriarcas de Israel.  Êxodo – Chamado de Moisés, libertação e a Lei Geral.  Levítico – Lei Sacerdotal. Manual litúrgico.  Números – O povo no deserto. Exortação para não perder a fé.  Deuteronômio – Segunda leitura da Lei 

  Levítico, neste contexto, funciona em alguns casos como uma regulamentação  da Lei expressa nos outros livros, como o do Êxodo. É em Levítico 1‐9 que os rituais do  Tabernáculo são normatizados. A instituição ocorre em Ex 25‐40. O sacerdócio descrito  em Ex 29 tem em Lv 8‐10 a liturgia de ordenação sacerdotal.  Citamos acima que o livro de Levítico é um livro da Lei, mas não é um livro de  lei  simplesmente.  Ele  é  um  grande  manual  de  liturgia  para  o  povo  hebreu.  Algumas  pessoas  se  confundem  e  afirmam  que  a  Lei  está  toda  em  Levítico.  Isto  é  um  grande  equívoco.  Basta  analisarmos  alguns  exemplos  para  verificarmos  que  tais  fatos  são  infundados.  A  lei  da  circuncisão  está  em  Gn  17.9‐14.  A  pena  capital  pela  quebra  do  Shabbat  (Sábado)  está  em  Nm  15.32‐36.  O  maior  exemplo,  porém,  são  os  Dez  Mandamentos que se encontram em Ex 20.2‐17 e é repetido em Dt 5.6‐21.      4. INFORMAÇÕES BÁSICAS DE LEVÍTICO  Nome  do  Livro  –  O  nome  Levítico  é  herança  do  título  do  mesmo  livro  na  Septuaginta (Antigo Testamento traduzido para o grego) e quer dizer levitas. Os levitas  eram os descendentes de Levi, filho de Jacó e Lia, que foram separados por Deus para  o cuidado com trabalho religioso (culto) da nação de Israel. Existe muita confusão em  relação  aos  levitas  e  ao  sacerdócio.  O  sacerdócio  foi  incumbido  a  Arão  e  seus  descendentes e não a todos os levitas. A confusão se dá porque Arão é descendente  de Levi, mas isto não inclui os seus irmãos levitas na herança do sacerdócio.    Fabio Marchiori Machado                                                                      www.BereiaBlog.com  

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O  interessante  é  observarmos  o  nome  hebraico  do  livro  de  Levítico.  Em  todo  Pentateuco,  os  israelitas  colocavam  como  nome  do  livro  as  primeiras  palavras  do  mesmo.  No  caso  de  Levítico  é  “  chamou  o  Senhor”.  E  é  impressionante  a  riqueza  de  entendimento que podemos ter apenas observando o nome em hebraico. Levítico é a  chamada  do  Senhor  para  a  santidade,  serviço  e  adoração,  base  de  qualquer  relacionamento com Deus. O senhor chama para a santidade que só provem Dele (Lv  11.44‐45)  Data – A data exata da compilação de Levítico é um tanto incerta. O certo é que  ela deva ter ocorrido durante a peregrinação o povo de Israel pelo deserto, nas últimas  décadas dos anos de 1.400 a.C. A confiança que temos é que foi dada a Moisés, pelo  próprio Deus, na Monte Sinai, quando o povo provavelmente acampou na região por  nove meses.  Autor – Como todo o Pentateuco, é comumente aceito a autoria de Moisés. O  maior indicativo desta tese é a própria Palavra de Deus. Em Neemias 8.1 há a menção  ao “Livro da Lei de Moisés”. Em Ne 13.1 e 2Cr 25.4, por exemplo, temos a citação de  “Livro  de  Moisés”.  No  NT  apresentam  citações  similares  em  Mt12.5;  Mc  12.26;  Lc  16.16; Jo 7.19 e Gl 3.10).  Personagem  Central  –  A  figura  central  do  texto  recai  sobre  a  figura  do  Sumo  Sacerdote,  pois  é  sobre  ele  que  incide  as  obrigações  referentes  ao  culto  de  Israel.  A  relação do Sumo Sacerdote com Levítico é fundamental por se tratar de um livro que  expõe de maneira muito explícita o conceito de pecado, sacrifício e expiação.    5. OS TRÊS GRANDES TEMAS DE LEVÍTICO  Já  falamos  acima  que  Levítico  tem  um  tema  central.  A  Santidade,  de  maneira  geral,  é  o  ponto  chave  deste  livro.  No  entanto  esta  abordagem  pode  ser  entendida  através de três pilares que a sustenta.   Neste  sentido,  podemos  observar  que  Deus  deixa  bem  claro  que  ele  se  fez  presente no meio do seu povo. Da mesma maneira que Ele está presente, Deus é santo  e porque Ele o é, exige que o povo busque um estado de santidade. De sobremaneira,  Deus mostra que apesar do homem ter a possibilidade desta busca de santidade, ele é  pecador. A presença de Deus é incompatível com a presença do pecado, não há como  estas duas facetas, Deus e o pecado, coexistirem em um mesmo lugar. Para solucionar  tal  impasse,  Deus  cria  um  sistema  de  expiação  para  este  pecado.  Vamos  ver  esta  dinâmica de maneira detalhada.      Fabio Marchiori Machado                                                                      www.BereiaBlog.com  

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a. Deus está presente.  O  Senhor  está  presente.  Ele  está  no  meio  do  povo.  No  cap.  1.1  Ele  chama  Moisés na tenda da congregação. Um Deus que habita no meio do povo é algo único. É  certamente uma grande dádiva. Muitos deuses da antiguidade sempre se mostraram  de  forma  distante  e  cruel  para  com  os  seus  adoradores.  O  Senhor,  Iavé,  concede  ao  seu povo estar junto deles, no Tabernáculos, na nuvem que dá sombra e na coluna de  fogo que ilumina (Ex 13.21) e no maná (Ex 16.11‐35).   Algumas coisas são inerentes a essa presença divina no arraial dos hebreus. A  primeira delas é que existirá a necessidade de se cultuar Deus (Lv1. 2). A outra é que  Deus  estará  presente  no  Santos  dos  Santos,  local  dentro  do  Tabernáculo  para  a  sua  habitação. O Santo dos Santos era separado do resto do Tabernáculos por um véu, que  só poderia ser transposto pelo Sumo Sacerdote, uma vez por ano, no Dia da Expiação  (Lv 16.17). Por último, Deus manifestava a Sua Glória no arraial através de vários atos.  O principal está descrito no cap. 9.23‐24, quando da ordenação do sacerdote.    b. Santidade.  Com  bem  já  falamos  anteriormente,  o  ponto  central  de  Levítico  está  nos  versículos 44 e 45 do capítulo 11, que diz assim:  44Pois  eu sou o Senhor, o Deus de vocês; consagrem‐se e sejam santos,  porque eu sou  santo. Não se tornem impuros com qualquer animal que se move rente ao chão. 45Eu sou  o Senhor que os tirou da terra do Egito para ser o seu Deus; por isso, sejam santos, porque  eu sou santo. 

A grande mensagem está na expressão “...sejam santos, porque eu sou santo.”, que  aparece  igualmente  nos  dois  versículos.  Deus  chama  o  povo  à  santidade.  Ele  mostra  que será vital a vontade do povo em buscar esta santidade.   O  texto  é  explícito  em  dizer  que  o  alvo  do  povo  israelita,  nesta  busca  de  santidade,  deveria  ser  o  comportamento  de  Deus.  O  padrão  de  santidade  não  é  humano, mas sim aquele (padrão) que se manifesta na pessoa de Deus. O caráter de  Deus tem que ser imitado.  Para  a  busca  de  santidade,  Deus  mostra  ao  povo  a  necessidade  de  se  abolir  falhas. Veja o texto:  Lv 1:3    Se o holocausto for de gado, oferecerá um macho sem defeito. Ele o apresentará à  entrada da Tenda do Encontro, para que seja aceito pelo Senhor,    Fabio Marchiori Machado                                                                      www.BereiaBlog.com  

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  A  perfeição  é  a  exigência  de  Deus  para  o  seu  culto.  De  igual  maneira  ao  holocausto,  o  sacerdote  que  apresentaria  aquele  ato  de  culto  deveria  ser  livre  de  defeitos, não só pecados, mas físicos também. Veja:    Lv 21.17‐23  17"Diga  a  Arão:  Pelas  suas gerações,  nenhum  dos seus  descendentes  que  tenha algum  defeito  poderá  aproximar‐se  para  trazer  ao  seu  Deus  ofertas  de  alimento.  18Nenhum  homem  que  tenha  algum  defeito  poderá  aproximar‐se:  ninguém  que  seja  cego  ou  aleijado, que tenha o rosto defeituoso ou o corpo deformado; 19ninguém que tenha o pé  ou a mão defeituosos, 20ou que seja corcunda ou anão, ou que tenha qualquer defeito na  vista,  ou  que  esteja  com  feridas  purulentas  ou  com  fluxo,  ou  que  tenha  testículos  defeituosos.  21Nenhum  descendente  do  sacerdote  Arão  que  tenha  qualquer  defeito  poderá  aproximar‐se  para  apresentar  ao  Senhor  ofertas  preparadas  no  fogo.  Tem  defeito; não poderá aproximar‐se para trazê‐las ao seu Deus. 22Poderá comer o alimento  santíssimo  de  seu  Deus,  e  também  o  alimento  santo;  23contudo,  por  causa  do  seu  defeito, não se aproximará do véu nem do altar, para que não profane o meu santuário.  Eu sou o Senhor, que os santifico". 

  Além  da  perfeição  física,  era  exigida  a  mais  importante  característica  da  santidade  exigida  ao  hebreu.  A  santidade  moral.  Várias  normas  de  conduta  são  estabelecidas por Deus. Destaque aqui para o código de pureza sexual em Lv 18.  Na  lista  de  comportamento  condenáveis  estão  o  incesto  (v.6‐18),  adultério  (v.20),  a  homossexualidade (v.22) e a bestialidade, ou zoofilia (sexo com animais ‐ v.23).  Um romper de águas na época de Levítico foi o código de ética em Lv 19.18.    c. Expiação.  Deus não habita onde existe pecado. Ele ama o pecador, mas é intolerante ao  pecado.  Imbuído  de  promover  santidade  para o  povo,  Deus  estabelece  uma  série de  maneira de livrar o povo do fruto do pecado (Rm 6.23) através de sacrifícios. Existem  basicamente  cinco  tipos  de  sacrifícios  descritos  no  livro  de  Levítico,  que  estão  distribuídos nos sete primeiros capítulos. São eles1:                                                                 1

 ARNOLD, Bill T. Descobrindo o Antigo Testamento. São Paulo: Ed Cultura Cristã, 2001. p.120 

  Fabio Marchiori Machado                                                                      www.BereiaBlog.com  

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1º. HOLOCAUSTO   Levítico 1 ‐ Era a típica oferta hebraica, predominante ao longo de toda  a  história  do  Antigo  Testamento  e  provavelmente  a  forma  mais  antiga  de  sacrifício  de  compensação.  O  termo  descreve  uma  "oferta  de  ascensão"  ou  uma  oferta  que  sobe.  O  animal  era  completamente  queimado no altar, e a fumaça subia em direção aos  céus.  Levítico exigia  que  o  animal  fosse  um  macho  sem  manchas.  Vários  animais  eram  permitidos, de acordo com as possibilidades financeiras.    2º. OFERTA DE CEREAL   Levítico  2  ‐  Originalmente,  é  possível  que  fosse  um  "presente",  pois  exatamente isso que o termo significa. Nas regras de Levítico, o cereal  tinha um significado compensatório. Ele freqüentemente acompanhava  os  sacrifícios  queimados  e  as  ofertas  pacíficas.  Provavelmente  servia  como um tipo mais barato de sacrifício queimado para aqueles que não  podiam dispor de um animal    3º. OFERTA PACIFICA   Levítico 3 ‐ Era a forma básica de sacrifício trazida nos dias de festa. Era  uma  oferta  comemorativa,  consumida  pelas  pessoas.  Era  freqüentemente apresentada junto aos sacrifícios queimados, que eram  consumidos  por  Deus.  Ao  que  parece,  não  era  compensatória,  mas  estava  ligada  a  restauração  e  reconciliação.  Tinha  três  subtipos:  sacrifício  de  ação  de  graças,  sacrifício  prometido  e  sacrifício  de  espontânea vontade.    4º. SACRIFÍCÍO DE PECADO   Levítico  4.1‐5.13  ‐  Era  compensatório  por  uma  ofensa  contra  Deus.  Enfatizava o ato de purificação. Envolvia profanação cerimonial, engano,  apropriação indevida e sedução. Variava de acordo com quatro classes  de  indivíduos:  sacerdote,  congregação,  governante  ou  individuo  do  povo.    5º. SACRIFÍCIO DE CULPA   Levítico  5.14‐6.7  ‐  Era  uma  subcategoria  do  sacrifício  de  pecado.  Compensatório, porem dedicado a restituição e reparação. Geralmente  tratava  de  profanação  de  artigos  sagrados  e  violações  de  natureza  social.      Neste  contexto,  temos  um  personagem  principal.  O  sacerdote.  Vemos  nos  capítulos  de  8‐10  e  21‐22  as  disposições  referentes  ao  seu  ofício.  O  sacrifício  só  poderia ser realizado através deles, na maioria dos casos através do Sumo Sacerdote.  Outro ponto fundamental na expiação são as festas, como veremos mais a frente.      Fabio Marchiori Machado                                                                      www.BereiaBlog.com  

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6. OS QUATRO GRANDES BLOCOS DE LEVÍTICO  De  uma  maneira  sistemática,  o  livro  de  Levítico  pode  ser  dividido  em  quatro  grandes  blocos  de  observação.  Estes  grupos  podem  ser  observados  no  decorrer  do  texto de uma maneira contínua. Cada tópico irá representar uma intenção de Deus na  compilação deste texto.  Esta sistematização é muito  útil no momento da leitura do texto. É muito útil  observarmos esta divisão quando da leitura corrida do texto. O ideal é fazer a leitura  de Levítico como se fosse de quatro livros separados.   Abaixo  apresentamos  um  excelente  quadro  extraído  das  notas  da  Bíblia  Thompson2.  Observe  as  divisões,  conflite  com  o  que  você  já  conhece  do  texto.  Acrescente as informações passadas até agora pelo nosso estudo e você poderá notar  que muitas coisas irão clarear na sua compreensão do texto de Levítico.    I. A VIDA DE ACESSO A DEUS.     (1) Por meio de sacrifícios e ofertas.   (a) Holocaustos, que significavam expiação e consagração, 1:2‐9.   (b) Oblações, que significavam ação de graças, 2:1‐2.   (c) Ofertas pelo pecado, que significavam reconciliação, cap. 4.   (d) Ofertas pela transgressão, que significavam limpeza de culpa, 6:2‐7.   (e) Ofertas de paz, 7:11‐15.     (2) Através da mediação sacerdotal.   O sacerdócio humano:   (a) seu chamado, 8: 1‐5;   (b) sua limpeza, 8:6;     (c) seus ornamentos, 8:7‐13;     (d) sua expiação, 8: 14‐34;   (e) exemplos de sua vida pecaminosa, cap. 10.      II. LEIS ESPECIAIS QUE GOVERNAM A ISRAEL.     (1) Quanta ao alimento, cap. 11.   (2) Quanta Ii limpeza, higiene, costumes, moral, etc., todas enfatizavam a pureza de  vida como condição para obter 0 favor divino, caps. 12‐20.   (3) Pureza dos sacerdotes e das ofertas, caps. 21‐22.                                                                    2

  Bíblia de Referência Thompson – São Paulo: Ed. Vida, 1996. p. 1389. 

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III. AS CINCO FESTAS ANUAIS.     (1) A Festa da Páscoa, 23:5.   (2) A Festa do Pentecoste (ou das semanas), 23: 15.   (3) A Festa das Trombetas, 23:23‐25.   (4) O Dia da Expiação, cap. 16, e 23:26‐32.   (5) A Festa dos Tabernáculos, 23:39‐43.       IV. LEIS E INSTRUÇÕES GERAIS    (1) O ano sabático. Um ano em cada sete a terra era deixada sem cultivo, 25:2‐7.   (2) O Ano do Jubileu. Um ano em cada cinqüenta era designado para que os escravos  fossem libertados, as dividas perdoadas e uma restituição geral tivesse lugar. 25:8‐16.   (3) Condições para as bênçãos e advertências acerca do castigo, cap. 26.       7. AS FESTAS DO POVO DE DEUS  As  festas  no  cenário  de  Levítico  representa  uma  moção  do  Senhor  a  fim  de  atender  objetivos  religiosos  e  sociais.  Em  termos  religiosos  os  sacrifícios  tinham  posição central. Já em termos sociais, a assistência aos pobres e necessitados da nação  tinham ações práticas ao seu favor.  No  entanto,  o  maior  objetivo  dos  festas  era  que  Deus  e  seus  estatutos  estivessem sempre presentes na mente e no cotidiano do povo escolhido.  Um ponto a se destacar é quanto à questão da “Santa Convocação” (Lv. 23.2),  que  consistia  no  chamado  compulsório  de  Deus  para  as  festas.  Nos  dias  de  santa  convocação  não  era  permitido  realizar  nenhum  tipo  de  trabalho,  salvo  os  de  preparação da comida, como pode ser visto no texto em Êxodo:  Ex 12:16 

  Convoquem  uma  reunião  santa  no  primeiro  dia  e  outra  no  sétimo.  Não  façam  nenhum  trabalho nesses dias, exceto o da preparação da comida para todos. É só o que poderão  fazer. 

  Eram sete as festas instituídas em Levítico, sendo que destas mesmas três eram  obrigatórias  a  todos  os  do  sexo  masculino:  Páscoa  (e  conseqüentemente  a  dos  Pães  Asmos), Pentecoste e Tabernáculos. 

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∟Páscoa/Pães  Asmos  –  Era  comemorada  para  lembrança  do  sofrimento  e  da  libertação da escravidão no Egito. As duas festas estavam intimamente ligadas. 

∟Pentecoste  –  Também  era  conhecida  como  festa  das  Semanas  ou  da  Colheita. Na verdade, o nome Pentecoste só veio ser comumente usado por volta de  300  a.C.,  devido  ao  domínio  e  influência  do  império  Grego  e  sua  cultura.  Pentecoste  quer dizer “50 dias depois”, pois a festa ocorria 50 dias passados da Páscoa. Eram ao  todo  sete  semanas  de  celebração,  começando  com  a  colheita  da  cevada;  o  encerramento acontece com a colheita do trigo (Dt 34.22; Nm 28.26; Dt 16.10). 

∟Tabernáculos  –  Ocorria  no  sétimo  mês  e  durava  sete  dias,  fazendo  jus  ao  reconhecimento do número sete como o representante da perfeição nas Escrituras. A  festa  tinha  como  objetivo  lembrar  os  40  anos  de  peregrinação  no  deserto.  O  povo  devia habitar sete dias em cabanas para que se lembrasse que o Senhor os fez habitar  em cabanas quando do êxodo  (Lv  23.42‐43). Por isso também era conhecida como  a  festa das Cabanas. 

∟ Trombetas ‐  Comemorava o início do ano civil dos hebreus. O toque de uma  trombeta  no  1º  dia  do  mês  tisri  (7º  mês)  anunciava  a  festa.  Provavelmente  esta  trombeta era feita de chifre de carneiro, que era própria para as cerimônias solenes do  antigo Israel. 

∟Dia  da  Expiação  – Era  o  dia  mais solene  do  ano.  O  povo  devia  cessar  o  seu  trabalho e “afligir a sua alma” (Lv. 23.27). Neste dia (10º dia do mês de tisri) o Sumo  Sacerdote entrava no Lugar Santíssimo do Tabernáculo, a fim de fazer a expiação do  pecado de todo o povo. Este era o único dia permitido por Deus para que alguém, e  neste  caso  somente  o  Sumo  Sacerdote,  entrasse  no  lugar  mais  sagrado  do  Tabernáculo. 

∟Primícias – Ocorria nas festas dos Pães Asmos e no Pentecoste, e consistia da  oferta  dos  primeiros  frutos  da  colheita.  Representava  a  benção  o  Senhor  sobre  a  fartura da Terra Prometida. 

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Segue abaixo um quadro das festas anuais de Israel3:   

    8. CURIOSIDADES  

 

1. Bode Expiatório – Uma das maiores curiosidades encontradas nos livro de Levítico é  certamente o da figura do bode expiatório (Lv 16.20‐22). A curiosidade é pelo fato de  muitas  pessoas,  hoje  e  de  muito  tempo,  usarem  esta  terminologia  para  designar  alguém que sofreu algum tipo de punição em lugar de alguém, sem ter tido culpa. O  bode  expiatório  é  um  mandamento  cerimonial  de  Deus.  No  Dia  da  Expiação,  o  sacerdote  colocava  sua  mão  sobre  a  cabeça  de  um  bode,  e  lhe  imputava,  ou  seja,  transferia através de confissão, os pecados de todo o Israel. Depois, este bode, que já  levava sobre si os pecados que não eram seus, era conduzido para o deserto a fim de  que as iniqüidades não estivessem mais na presença do Senhor.  2. Sementes para os Pobres – Os Israelitas não tinham, certamente,  um programa de  assistência social para ajudar os pobres nos tempos do Antigo Testamento, mas Deus  se mostra meticuloso ao cuidar dos pobres. Os agricultores deviam deixar sementes de  cereais da borda do campo e as que ficassem para trás na colheita para que as pessoas  pobres e viajantes pudessem ter algo para comer. Veja o texto:  Levítico 19.9‐10. 

                                                            

3

 Bíblia de Estudo Genebra – São Paulo: Ed. Cultura Cristã, 1999. p. 153 

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P á g i n a  | 12    9"Quando  fizerem  a  colheita  da  sua  terra,  não  colham  até  as  extremidades  da  sua  lavoura, nem ajuntem as espigas caídas de sua colheita. 10Não passem duas vezes pela  sua vinha, nem apanhem as uvas que tiverem caído. Deixem‐nas para o necessitado e  para o estrangeiro. Eu sou o Senhor, o Deus de vocês. 

A história que encontramos em Rute 2.2‐9 mostra como o cumprimento dessa lei foi  fundamental para a provisão alimento para os forasteiros.  3. A Morte de Nadabe e Abiú – O Sumo Sacerdote Arão tinha quatro filhos, que foram  consagrados  ao  sacerdócio  (Nm  3.2).  Os  dois  mais  velhos,  Nadabe  e  Abiú  foram  consumidos pelo fogo do Senhor (Lv 10.2), por apresentarem “fogo estranho” perante  Deus. Ninguém sabe ao certo o que é este “fogo estranho”. O mais provável é que as  instruções para a oferta do incenso não foram seguidas a risca. Alguns comentaristas  acreditam  que  os  dois  estavam  embriagados  no  momento  da  oferta,  mas  tudo  é  especulação. Não há nada de concreto.  4. Purificação Depois do Parto – No capítulo 12 é descrito algo semelhante com a dieta,  que se recomenda a toda gestante do nossos dias, faça depois do parto. O interessante  da história é que a purificação variava conforme o sexo da criança. Se o fruto do parto  fosse  um  menino,  a  purificação  duraria  sete  mais  trinta  e  três  dias.  Porém,  se  fosse  uma menina a purificação duraria duas semanas mais sessenta e seis dias. Outra fato  importante é que a mulher nesse período não podia ter contato com nada que fosse  santo.    9.  O LIVRO DE LEVÍTICO E OS NOSSO DIAS  Muitos  dos  interpretes  críticos  das  Escrituras,  senão  a  maioria,  não  vê  aplicabilidade  nos  textos  do  AT,  principalmente  os  do  livro  de  Levítico.  Isto  é  um  tremendo equivoco e perda de uma chance muito grande de edificação pessoal. Além  de  que  o  texto  de  Levítico  traz  muitas  fundamentações  teológicas  que  se  baseia  o  cristianismo.   Como todo o AT, Levítico é um pano de fundo, um cenário para o desenrolar  da  fé  cristã.  Como  em  uma  peça  de  teatro,  o  cenário  (neste  caso  Levítico)  tem  por  função ambientar a ação dos protagonistas. O que pretendemos fazer aqui é entender  por que este “pano de fundo” é importante para a Igreja de Cristo nos dias atuais. 

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A  primeira  grande  contribuição  de  Levítico  é  quanto  à  conscientização  da  gravidade  que  o  pecado  tem  para  Deus.  O  capítulo  10  é  rico  em  descrever  tal  fato.  Deus nos mostra em Levítico que o pecado é algo que impede o seu relacionamento  conosco,  que  é  intolerável,  mas  que  pode  ser  apagado  através  da  expiação.  E  mais,  quando  Deus  indica  que  esta  expiação  deveria  ser  feito  inclusive  pelos  pecados  dos  Sumo  Sacerdote,  revela  que  o  pecado  é  algo  universal,  inerente  a  toda  a  humanidade(Mt 7.21‐23; Rm 3.23).  Através  do  rigor  da  Lei  litúrgica  de  Levítico,  temos  noção  do  poder  que  envolve a pessoa de Cristo.  O  Sumo  Sacerdote  era  o  único  que  tinha  acesso  direto  a  Deus.  E  isto  só  ocorria uma vez ao ano. Jesus é o sacerdote por excelência. É o sacerdote perfeito (Hb  7.28)  que  nos  dá  acesso  direto  ao  Pai,  por  meio  do  Seu  sangue,  não  uma  vez,  mas  constantemente. Por isso a sua morte rompeu o véu do Templo (Mt 27.51 – Hb 10.19‐ 20).   Parar finalizar ressaltamos Deus como fonte de vida e que habitou no meio de  nós,  em  Levítico  no  Tabernáculo  e  nas  suas  manifestações  miraculosas,  e  na  Nova  Aliança  na  pessoa  de  Jesus  Cristo  como  relata  o  texto  na  tradução  Almeida  revista  e  atualizada:  Jo 1:14  E o Verbo se fez carne e habitou entre nós, cheio de graça e de verdade, e vimos a sua  glória, glória como do unigênito do Pai. 

  Jesus,  o  Deus  encarnado,  refletiu  em  sua  vida  aquilo  que  Deus  prefigurava  quando  exortava  o  povo  à  santidade.  Jesus  refletia  esta  santidade  e  por  causa  dela  pode ser o sacrifício perfeito e definitivo:  2 Co 5:21

  Deus tornou pecado por nós aquele que não tinha pecado, para que nele nos  tornássemos justiça de Deus. 

  Graças a estes paralelos podemos entender a profundidade do ministério de  Jesus Cristo.          Fabio Marchiori Machado                                                                      www.BereiaBlog.com  

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10.  CONCLUSÃO  A partir do estudo mais aprofundado de Levítico temos noção de muito que  Deus  espera  da  nossa  vida,  e  o  que  tem  a  oferecer  a  ela.  Através  deste  estudo,  acredito que possamos entender um pouco mais que a Graça do Senhor é melhor que  tudo, é “melhor que a vida”.  Tendo a busca por santidade, o crescer em graça, na fé,  como objetivo maior  descrito  em  Levítico,  mas  nos  moldes  da  Nova  Aliança  em  Jesus  Cristo,  o  crente  certamente terá a verdadeira alegria e vida abundante que só vem de Deus.   

“... eu vim para que tenham vida e a tenham em abundância.”  Jo 10.10    Que Deus o abençoe.       FICHA TÉCNICA  1. Bíblia de Estudo Genebra  2. Bíblia de Estudo Thompson  3. Bíblia NVI  4. Texto Características do povo sacerdotal de Deus (II) ‐ Waltir P. da Silva  5. Descobrindo o Antigo Testamento – Ed Cultura Cristã  6. http://www.metodista.br  7. http://www.monergismo.com  8. Manual Bíblico Halley  9. Dicionário Bíblico John Davis 

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