Documento Ee[1]

  • November 2019
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3 de Dezembro - GREVE NACIONAL DOS PROFESSORES / EDUCADORES BARCELOS - EXIGIMOS RESPEITO PELA NOSSA PROFISSÃO Os Professores / Educadores do Concelho de Barcelos sentem como imperativo ético e profissional explicar aos encarregados de educação dos seus alunos, e aos barcelenses em geral, as razões da sua luta e os motivos da sua greve. Cara(o)s concidadã(o)s, Como é do vosso conhecimento, a Escola Pública vive um momento conturbado em consequência das políticas educativas que têm vindo a ser implementadas por este Ministério, nomeadamente no que respeita ao actual modelo de avaliação dos professores e às alterações efectuadas no Estatuto da Carreira Docente e no novo Modelo de Gestão das Escolas. Com efeito, as actuais políticas educativas têm conduzido a um claro prejuízo da qualidade do processo educativo, gerando um clima de desânimo e indignação, reflectido no quotidiano dos professores que já não têm tempo suficiente para se dedicarem por inteiro à razão de ser da sua profissão: ensinar os alunos a aprender. Porque consideramos importante que todos os Encarregados de Educação tenham consciência das razões de tão generalizada contestação, informamo-lo de que este modelo de avaliação impõe, por exemplo: 1. que os professores sejam avaliados por outros professores que não foram minimamente preparados para as funções nem tão-pouco foram aferidas as suas aptidões pedagógica e técnica nem certificada a sua formação científica; 2. que existam quotas para a progressão na carreira, independentemente da qualidade do desempenho dos docentes. (Imaginemos que tal acontecia com os alunos: numa turma só poderiam ser atribuídos dois excelentes e três muito bons, mesmo que houvesse mais alunos a merecerem o excelente e o muito bom, facto que é deveras injusto; é isto que o ministério impinge aos professores); 3. que os professores terão um acréscimo de trabalho burocrático com preenchimento de fastidiosas e inúteis fichas, não contemplado no horário legalmente atribuído, o que naturalmente, implica menor disponibilidade de tempo para a preparação das aulas; 4. que os professores possam ser penalizados na sua avaliação, porque faltaram às actividades lectivas por motivos consignados na lei e por direitos constitucionalmente consagrados. 5. que os professores não alinham no embuste que a ministra ultimamente apresentou em forma de “simplex”, porque, para além do reconhecimento da não exequabilidade deste modelo , o ministério retira a componente cientifico-pedagógica da avaliação fazendo desta uma mera apreciação administrativa. Nós defendemos uma avaliação séria, rigorosa e profícua que contribua decisivamente para a construção de um sustentado modelo de educação no nosso país. Ao contrário do que muitos afirmam, os professores querem ser avaliados. Não querem é este modelo, não querem é esta prepotência ministerial, não querem é ser maltratados. Na verdade, consideramos este modelo de avaliação inoperante, complexo, burocrático, unilateral, hierarquizante e, acima de tudo, injusto. A ser implementado, este modelo de

desempenho promove a degradação do relacionamento interpessoal entre a classe, individualiza a actividade profissional e destabiliza o bom ambiente das escolas. Os professores passariam a maior parte do tempo a preencher papéis, a realizar reuniões, e a quezilentar com avaliações, sem qualquer efeito positivo sobre a qualidade da Educação e em detrimento do que é essencial nas suas funções - o aluno. Porque não aceitamos que atentem contra a nossa responsabilidade cívica de assumirmos a nossa missão de educarmos para a cidadania e a participação democrática; Porque não aceitamos o propósito de instrumentalizar e manipular a nossa profissão e somos intransigentes na defesa da dignidade de ser professor/educador; Porque não aceitamos fazer parte deste irresponsável aventureirismo de consequências imprevisíveis e defendemos a Escola Pública com qualidade. Por tudo isto estivemos 100 mil na rua a 8 de Março. Fomos 120 mil (cerca de 85% do total de docentes do país) a manifestarmo-nos a 8 de Novembro. Repetimos a manifestação e a 15 de Novembro alguns milhares voltaram a Lisboa. Voltamos a estar milhares nas ruas das capitais de distrito na semana passada. Agora estamos em greve nacional e com total determinação de alargar a razão da nossa luta. Por tudo isto, esperamos ter ao nosso lado aqueles a quem mais interessa que a Educação neste país seja valorizada e não espezinhada: os Encarregados de Educação, nos quais, muitos de nós nos incluímos! Agradecidos pela vossa compreensão. Os Professores / Educadores do Concelho de Barcelos Barcelos, 03 de Dezembro de 2008

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