Do Cum En To 2

  • June 2020
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Água, um recurso estratégico Por: Décio Luiz Gazzoni* Água é vida Não há vida sem água, o seu corpo é composto por dois terços de água. Os alimentos que você ingere foram produzidos com água e contém água; os processos industriais usam água. Água é saneamento, é limpeza, é higiene, é a substância que permeia com maior intensidade e freqüência as atividades humanas. No uso cotidiano um cidadão médio necessita de 200 a 300 litros de água, para atender a todas as suas necessidades. Mas, o uso direto pelo ser humano representa uma das demandas de água doce, e não é a maior: existe a demanda industrial, ou, para ser mais abrangente, a demanda das atividades econômicas da urbe, e a demanda do setor agropecuário. Na área industrial água é base para produção de energia em pequena escala, vapor, refrigeração, lavagem, etc. E também é necessária para produção de energia em larga escala, como as hidroelétricas que, embora não consumam a água, impõem uma série de exigências técnicas e limitações ao seu uso. Por exemplo, o volume d’água necessário para operar uma hidroelétrica limita o volume que pode ser utilizado nos perímetros irrigados.Água é dinheiroNão sei quantos vão lembrar desse episódio, porém durante a primeira crise do petróleo, lá nos anos 70 de repente um brasileiro propôs: nós não temos petróleo, estamos pagando o olho da cara para importá-lo dos árabes; eles não têm água, estão pegando os bilhões de dólares do petróleo para construir super-estruturas caras e ineficientes de tratamento de água salgada. Então, porque não aproveitar o petroleiro que volta vazio e vender água para a OPEP? Essa discussão ficou um tempo na imprensa e acabou desaparecendo pela dificuldade de operacionalização, porque esgotou-se em si mesma e porque nos acostumamos com o preço. Mas, o problema está aí e continua: alguns países têm petróleo, ou tem dinheiro, ou tem comida, ou tem alguma coisa de valor econômico, e outros têm água. E água tem valor presente, e terá valor cada vez mais intenso no futuro. Água é mal distribuídaA distribuição geográfica da água é um dos pontos cruciais e um problema estrutural sério. Ela está onde está e não está onde não está, no entanto é necessária nos dois locais. em Israel, na Palestina e na Jordânia, a temperatura é de 45 graus C no inverno, o fato é que a História não vai mudar e seres humanos continuarão habitando locais inóspitos, sem água. E a necessidade de água será eterna. Para atender a demanda, as alternativas visíveis são: fazer chover onde não chove; ir buscar água no sub-solo, se existir; tornar potável a água do mar e transportá-la onde for necessária; ou buscar água doce onde existir. Como as previsões da ONU são de que, embora declinantes, as taxas de crescimento populacional serão positivas nos primeiros 50 anos do século XXI (população entre 9 e 10 bilhões), a demanda por água crescerá em taxas superiores à demanda de alimentos. Porque, produzir alimentos, requererá ainda mais água. Mesmo na Pátria Amada, morremos afogados na Amazônia e de sede no Nordeste. Projetos para resolver o problema, como a transposição do São Francisco, são polêmicos e custam bilhões de dólares.Água é bençãoo Brasil tem muita água doce. Certo que a maior parte está concentrada o Criador depositou lá na Bacia Amazônica. Porém, com milhões de dificuldades, que é para ser a reserva para o século XXIII, às vésperas da grande revoada da Humanidade para outro Planeta. Mas, o que Ele nos deu de água no restante do país é uma fábula. Vou ficar apenas num exemplo que estudei recentemente: pelas cataratas do Iguaçu passam, a cada segundo, cerca de 11 milhões de litros de água. O suficiente para atender as necessidades diárias de Londres ou Paris a cada 150 seg; Tóquio em 175 seg; Nova Iorque em 200 seg; da cidade do México em 225 seg; São Paulo em 360 seg. Parece espetacular? Então vou lhe responder como aquele meu professor de Zoologia: espere quando estudarmos o burrichó! Porque, pelas máquinas e pelo vertedouro de Itaipu, sobre o Rio Paraná, passa 5 vezes mais que isso. A cada 100 dias jorra água suficiente para atender a

necessidade de toda a população mundial!Água é mal usadaConcluímos que água não falta, até pelo contrário, sobra. Nossos problemas estão na sua distribuição geográfica desuniforme e no mau uso que dela é feito. Nos interessa de perto os maus tratos que aplicamos à água enquanto insumo produtivo para a agricultura. Mas não há como passar ao largo de outras formas de poluição e esgotamento. Segundo a Embrapa, metade dos municípios brasileiros são abastecidos por água retirada de poços. Ou seja, teoricamente água protegida da agressão do Homem. Apenas teoricamente, porque nem lá embaixo a água está protegida. Os franceses estão apavorados com a descoberta de diversos poluentes, oriundos de atividades agrícolas, em águas subterrâneas. Uma das descobertas é a alta concentração de nitritos, indutores de tumores malignos, em concentrações que inviabilizam o uso da água. De onde vieram os nitritos? Ou do uso super-intensivo de adubos nitrogenados altamente solúveis, ou da lixiviação de dejetos da suinocultura. O que está provocando conflitos na monolítica estrutura de cumplicidade no seio da Comunidade Européia, para manutenção dos subsídios agrícolas, porque os subsídios constituem uma peça angular na manutenção do status quo tecnológico, e dos efeitos colaterais dele derivados.Água, uso e consumoUsar água significa que parcela ponderável dela volta ao ambiente original; consumí-la significa que ela se torna indisponível, demora para retornar ao seu ciclo natural, via de regra distante do ponto de consumo. A agricultura é responsável por dois terços do uso e por quase 90% do consumo de água. Em contrapartida, a indústria usa um quarto e consome menos de 5% da água (embora muitas vezes volte poluída ao ambiente). O uso e o consumo de água guardam uma relação logarítmica com a população e a renda per capita mundial. A necessidade de mais alimentos significa um aumento no consumo de água, para as diferentes atividades agrícolas. Nesse cenário, cresce a importância da conscientização sobre dois fatores: desperdício e poluição. O desperdício é representado por uso e/ou consumo excessivo e desregrado da água. Já a poluição é causada pelo desmatamento ciliar, pela falta de proteção nas nascentes, pelo mau manejo de solo, pelo distanciamento dos paradigmas da agricultura sustentável, pelo uso inadequado de agrotóxicos e fertilizantes, pela falta de investimento no tratamento de efluentes, etc. Conservar o recurso água significa eliminar ou reduzir desperdícios e poluiçãoÁgua e LeiTodo país que se preze tem uma Lei de Águas, que regula o uso e o consumo. Nos países conscientes, ela pune severamente a poluição e o desperdício, e o objetivo sempre é o bem estar social e a preservação de um recurso finito. No Brasil, a Lei 9433 (8/1/97) define a água como um bem de domínio público, um recurso limitado e que possui um valor econômico e social. Trata da concessão da água para uso econômico, cobra pelo uso da água, e prevê pagamento no caso de uso de cursos de água para o lançamento de efluentes (sem abrir mão da preservação, de conformidade com o CONAMA). O que a sociedade espera é o estrito cumprimento da lei pelos agentes econômicos e pelo poder público, reduzindo o desperdício, eliminando a poluição, preservando um bem escasso e garantindo um recurso estratégico para o país, a herança social dos nossos filhos.*O autor é engenheiro agrônomo, pesquisador da Embrapa Soja e Diretor Técnico da FAEA-PR. Homepage: http://www.sercomtel.com.br/ice/agro O bom uso

da água segundo especialistasÉ preciso adotar novos métodos para a irrigação, que consome 70% dos recursos hídricos. Apesar de ser o setor que mais consome água, a agricultura de irrigação tende a crescer de 15 a 20% nos próximos 30 anos, atendendo à demanda por mais alimentos de uma população projetada em 8 bilhões de pessoas, além de responder à demanda econômica por produtos agrícolas de maior valor agregado. Um adulto precisa de 4 litros d'água por dia para beber, mas para produzir seu alimento diário são necessários de 2 a 5 mil litros. Na média mundial, cerca de 70% dos recursos hídricos hoje disponíveis são destinados à irrigação, ante 20% para a indústria e menos de 10%

para abastecimento da população (higiene e consumo direto). Nos países desenvolvidos, o percentual de uso da água para irrigação é ainda maior, chegando perto dos 80%. Mas, mesmo lá, apenas 1% das áreas irrigadas adotam o método de gotejamento, um dos mais eficientes na relação alimento por litro de água usada, uma vez que reduz a possibilidade de evaporação, como explica Sandra Postel, diretora do projeto Global Water Policy, de Massachusetts. `Se a agricultura conseguir aumentar a produtividade da água, a pressão sobre os preciosos recursos hídricos pode ser reduzida e a água seria liberada para outros setores`, afirma Kenji Yoshinaga, diretor da Organização para Agricultura e Alimentação (FAO). Pelos cálculos de Yoshinaga, a simples melhora de 1% na eficiência do uso da água de irrigação, nos países em desenvolvimento de clima árido, significaria economia de 200 mil litros de água, por agricultor, por hectare/ano. O suficiente para matar a sede de 150 pessoas no período. Ele diz, ainda, que as áreas irrigadas nos países em desenvolvimento devem aumentar dos atuais 202 para 242 milhões de hectares. Nos desenvolvidos, o total irrigado fica em torno de 50 milhões de hectares, mas o potencial de expansão é menor, porque a agricultura já é intensificada. Por isso, a escolha da tecnologia adequada e de métodos de irrigação que evitam o desperdício é fundamental para atender à demanda por alimentos com o mínimo de impacto ambiental. Em muitos perímetros irrigados, a baixa qualidade das águas de superfície levou os agricultores a optar pelas subterrâneas. Porém, o uso descontrolado está levando ao rebaixamento dos aqüíferos, em alguns casos no impressionante ritmo de 1 a 3 metros por ano. Para evitar problemas, a FAO sugere a adoção de tecnologias mais eficientes do que a tradicional inundação de campos ou o uso de aspersores e pivô central (os dois métodos mais utilizados no Brasil). (Liana John) Fonte: Jornal Hoje (Rede Globo de Televisão) Data: 20/03/2003 Perdas no Brasil atinge 46% da água coletada Para os especialistas, além de evitar a poluição que ameaça as reservas, é preciso investir no reuso da água e acabar com o desperdício, que só no Brasil atinge 46% da água coletada. São Paulo está cercada por rios e represas. Mas a ocupação desordenada e a poluição vão minando as reservas. O Brasil não utiliza nem metade da água potável disponível no país. Mas a grande vilã ainda não é a poluição. Ela perde, de longe, para o desperdício. Quase 30% da água já tratada vai para o ralo dentro do próprio sistema de abastecimento: tubulações antigas, vazamentos e falta de manutenção. Outro tanto se perde na cultura do desperdício. Da mangueira de jardim ao vaso sanitário. `É comum se utilizar em uma descarga 20 litros, quando se poderia utilizar uma caixa acoplada com seis ou quatro litros apenas` - disse o engenheiro ambiental Ivanildo Hespanhol. Uma saída seria reaproveitar as sobras. Em uma casa em Sorocaba, interior de São Paulo, toda água já utilizada passa por um tratamento e vai para uma caixa d’água separada. `Essa caixa d’água serve todos os vasos sanitários e as torneiras de limpeza da casa` - explicou o dono da casa André Rubini Sobanski. O sistema permitiu a economia de oito mil litros por mês, quarenta por cento do consumo da casa. Uma solução que poderia existir em larga escala. No sistema de reuso, o esgoto passa por um tratamento semelhante ao da água potável. O líquido final pode ser utilizado em serviço de limpeza e na indústria e custa três vezes menos. Em uma fábrica de São Paulo é com água reaproveitada que são tingidas toneladas de fios e linhas de costura. A economia na conta foi de 70%. `Ë claro que o custo dela é muito inferior. Então, estamos trabalhando nesse sentido, preservando o meio ambiente e também reduzindo os custos da empresa` - falou o gerente da empresa Mário Alves Rodrigues. Por enquanto, a água reutilizada só é

fornecida para empresas e prefeituras do Estado de São Paulo. Para que o uso fosse geral seria necessária uma rede própria de abastecimento. Um futuro inevitável. `A parcimônia no uso da água e o reuso são palavras chaves hoje. Nós temos que imediatamente começar a aplicar` - falou Hespanhol. Catástrofe no mar de Aral O mar de Aral, entre o Cazaquistão e o Uzbequistão, está morrendo.

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