DIDÁTICA DO ENSINO SUPERIOR
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Sumário
AULA 01 • PRESSUPOSTOS E CARACTERÍSTICAS DA DIDÁTICA.............................................4 A origem da Didática ...................................................................................................................5 Exercícios....................................................................................................................................9 AULA 02 • ATUAÇÃO DO PROFESSOR UNIVERSITÁRIO: ENSINO OU APRENDIZAGEM ? ....11 Abordagem tradicional...............................................................................................................13 Abordagem comportamentalista ................................................................................................13 Abordagem humanista...............................................................................................................14 Abordagem cognitivista .............................................................................................................15 Abordagem sóciocultural ..........................................................................................................15 Exercícios..................................................................................................................................16 AULA 03 • A ENSINAGEM: NOVO PARADIGMA DE ATUAÇÃO DO PROFESSOR UNIVERSITÁRIO ..........................................................................................................................18 Processo de ensinagem ............................................................................................................20 Exercícios..................................................................................................................................22 AULA 04 • O PLANEJAMENTO DE ENSINO ................................................................................24 Níveis de planejamento: educacional, institucional, curricular e do ensino ................................25 Planejamento educacional.....................................................................................................25 Planejamento institucional .....................................................................................................26 Planejamento curricular .........................................................................................................26 Planejamento do ensino ........................................................................................................26 Como elaborar planos de ensino ...............................................................................................27 Plano de disciplina.................................................................................................................28 Planos de unidade.................................................................................................................28 Plano de aula.........................................................................................................................29 Exercícios..................................................................................................................................30 AULA 05 • O PROFESSOR UNIVERSITÁRIO NA SELEÇÃO E ORGANIZAÇÃO DOS CONTEÚDOS DE ENSINO ...........................................................................................................31 Papel dos conteúdos no planejamento do ensino......................................................................32 Critérios para a seleção dos conteúdos.....................................................................................34 Ordenação dos conteúdos.........................................................................................................35 Exercícios..................................................................................................................................36 AULA 06 • AULAS EXPOSITIVAS: UMA ESTRATÉGIA DE COMUNICAÇÃO..............................38 Exercícios..................................................................................................................................43 AULA 07 • A UTILIZAÇÃO DOS RECURSOS TECNOLÓGICOS NO ENSINO SUPERIOR .........45 Exercícios..................................................................................................................................53 AULA 08 • AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM NO ENSINO SUPERIOR .....................................55 Exercícios..................................................................................................................................62 AULA 09 • ESTUDO DE CASO .....................................................................................................63 BIBLIOGRAFIA .............................................................................................................................64
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Nesta aula, buscase discutir os motivos que justificam o estudo da disciplina Didática, que desde sua origem, por ter sido inaugurada como uma arte de ensinar, desperta, nos estudantes, o desejo de adquirir técnicas, métodos capazes de ensinar qualquer turma de estudantes. O professor universitário não foge dessas expectativas. Para sua atuação, em sala de aula, exigia se apenas o domínio de saberes e facilidade de comunicação, dispensando os estudos dessa disciplina. Atualmente, ele precisa de conhecimentos da área que leciona e de habilidades pedagógicas para proporcionar um aprendizado eficaz.
AULA 01 • PRESSUPOSTOS E CARACTERÍSTICAS DA DIDÁTICA Nesta aula, discutiremos os pressupostos da Didática, suas características e as expectativas que desperta nos alunos, no tocante às técnicas para ensinar. A preocupação com a formação docente superior é recente na história da educação brasileira. Antes se pensava que, para ensinar, bastava saber se comunicar de forma clara e possuir conhecimentos na área de atuação pretendida, e o que sustentava essa posição era que os alunos, por serem adultos, não precisariam do auxílio de pedagogos. Convém lembrar que pedagogia, de origem grega, significa paidos=criança;
gogein=conduzir, para entender que, se os estudantes universitários são adultos e sabem o que pretendem, então, necessitam apenas de professores para transmitir conhecimentos e esclarecer suas dúvidas. Fica justificado o motivo pelo qual a formação do professor universitário exigia o preparo de pesquisadores; essa condição era suficiente para o exercício da função docente, pois um bom pesquisador, certamente, seria um professor competente. O que se discute, então, a partir dessas considerações, é o despreparo e o desconhecimento científico do processo ensinoaprendizagem, pelo qual o docente universitário é responsável quando entra na sala de aula. Geralmente, esse professor recebe a ementa da disciplina pronta e planeja suas aulas individualmente, não sendo orientado sobre processos de planejamento, metodologias e avaliação; por outro lado, a “falta de didática” é uma das críticas mais contundentes ao professor universitário e, dessa forma, o estudo da Didática tornase necessário, como veremos a seguir.
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Professor A influência de novas configurações do trabalho, na sociedade contemporânea, reduz a empregabilidade, decorrendo daí o afluxo dos profissionais liberais, exempregados ao exercício da docência no ensino superior, resultando na expansão de oferta de cursos superiores de graduação e de pósgraduação lato e stricto senso. A LDBEN 9394/96 recomenda preparação pedagógica (não processo de formação) para o exercício da docência no ensino superior, ao exigir, nesse nível, parcela de seus professores em nível de pósgraduação, em programas de mestrado ou doutorado, sendo que a maioria deles não oferece disciplinas de caráter didáticopedagógico. O desenvolvimento de habilidades pedagógicas dos professores universitários ocorre por meio de leituras individuais ou cursos específicos, e a didática oferece novas possibilidades na formação dos professores em questão.
A origem da Didática A Didática surge, no Brasil, como uma disciplina nos cursos de formação de professores, a partir de 1934 (USP), para oferecer, aos bacharéis das várias áreas, conhecimentos pedagógicos necessários às atividades de ensinar. Como se sabe, a Didática foi inaugurada como a arte de “ensinar tudo a todos”, por Jean Amos Comenius (15921670). A pretensão do monge luterano era criar um método universal, invariável, capaz de orientar o trabalho docente. Na apresentação da Didática Magna, ou Tratado
da arte universal de ensinar tudo a todos, comenta os objetivos de sua proposta: “A proa e a popa da nossa didática será investigar e descobrir o método segundo o qual os professores ensinem menos e os estudantes aprendam mais; nas escolas, haja menos barulho, menos enfado, menos trabalho inútil, e, ao contrário, haja mais recolhimento, mais atrativo e mais sólido progresso; na Cristandade, haja menos trevas, menos confusão, menos dissídios, mais ordem, mais paz e mais tranqüilidade. Percebese a relação entre a Didática e o ensino (“menos trabalho inútil”), em que o professor ensina menos e o aluno aprende mais. Desde então, a Didática e o ensino associamse como arte, entendida, nesse contexto, como uma técnica, modo específico de realizar uma tarefa e um ofício, como o saber técnico do artesão, do operário, do trabalhador. O professor, então, é alguém que conhece e domina sua profissão, um profissional especializado. O ensino é pensado como uma profissão. 5
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Didática Atualmente, nos deparamos com diferentes definições de didática e, em quase todas elas, apresentase como ciência, técnica ou arte de ensinar. No dicionário aparece como “parte da Pedagogia que trata dos preceitos científicos que orientam a atividade educativa de modo a tornála mais eficiente” (HOUAISS, 2001). A pedagogia é tradicionalmente a arte e a ciência da educação, enquanto a didática aparece como a ciência e a arte do ensino. Para Maseto (1997), Didática é o estudo do processo de ensinoaprendizagem em sala de aula e de seus resultados. Outra definição, encontramos em Libâneo (1994), onde a Didática surge “quando os adultos começam a intervir na atividade de aprendizagem das crianças e jovens através da direção deliberada e planejada do ensino, ao contrário das formas de intervenção mais ou menos espontâneas de antes”.
O legado de Comenius e dos pedagogos de seu tempo, como Rousseau, e Herbart, por exemplo, revelam que, até o final do século XIX, a Didática fundamentase na Filosofia, entretanto, demonstra significativo avanço em relação às concepções psicológicas dominantes na época, mas foi a partir do final deste século, que ela busca fundamentos também nas ciências, na Biologia e na Psicologia, por meio de pesquisas experimentais. Rousseau (17121778) trouxe um novo conceito de infância, com ênfase na sua natureza. Transformou o método de ensinar em um procedimento natural, “exercido sem pressa e sem livros”. Ao questionar o método único e valorizar o sujeito que aprende, lança as bases da “Escola Nova”. Herbart (17761841) lançou as bases da pedagogia científica. Criou os passos formais da aprendizagem, dos quais surgiram os passos formais do ensino: clareza (na exposição), associação (dos conhecimentos novos com os anteriores), sistema e método. Seus discípulos os transformaram em: preparação (da aula, da classe: motivação), apresentação, associação, sistematização e aplicação (dos conhecimentos adquiridos). Nessa didática, o ensino depende do professor, que prepara suas aulas de acordo com os passos formais e se responsabiliza pelo sucesso do ensino. Comparando ambos, percebemos que, se para Rousseau, a ênfase está no sujeito que aprende, para Herbart, o mais importante é o método (de ensinar), retomando o desejo de Comenius com o método único. 6
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No início do século XX, vários movimentos de reforma escolar reconhecem que a Didática tradicional é insuficiente. Surge a necessidade de se considerar os aspectos psicológicos envolvidos no processo de ensino. O movimento escolanovista aparece como uma nova forma de tratar os problemas da educação em oposição às formas tradicionais de ensino, sendo que, para algumas vertentes desse movimento, a referência científica é a psicologia das diferenças individuais. Dito de outra forma, sua pretensão consistia num movimento de renovação pedagógica de cunho técnico, pois buscava aplicar, na prática educativa, os conhecimentos derivados das ciências do comportamento. A partir da segunda década do século XX, a Didática segue os postulados da Escola Nova. Nesse sentido, destaca a necessidade de se partir das necessidades e interesses espontâneos e naturais da criança e valorizar os princípios de atividade, liberdade e individualização. A criança não é mais vista como um adulto em miniatura, não mais um ser passivo à transmissão dos conhecimentos pelo professor, mas um aluno ativo, que se autoeduca num processo natural. A idéia básica é que a aluno aprende melhor por si. A partir daí, as diferenças individuais e a utilização de jogos educativos passam a ser valorizados. Na didática da Escola Nova, o aluno é considerado como o sujeito da aprendizagem, cabendo ao professor colocálo em situações de investigação, principalmente incentivar, orientar e organizar situações de aprendizagem, de acordo com as capacidades e características individuais dos alunos. A didática contribui para constituir o fundamento do liberalismo econômico, pois fornece as bases científicas para explicar as diferenças individuais e as desigualdades escolares (o fracasso), como próprias da natureza individual de cada criança. O que, à primeira vista, significava uma revolução democrática nos métodos de ensinar, porque se opunha ao método tradicional, próprio da classe dominante, de forma contraditória, serviu para justificar a desigualdade social e escolar. Nessa lógica da exclusão, a escola é para todos e os professores estão ali para ensinar. Se o aluno aprende ou não, a responsabilidade não é do professor, de sua didática, de seus métodos, do que ensina, das maneiras que avalia, da forma como se relaciona com os alunos. Também não é responsabilidade da escola, da maneira como se organiza ou seleciona os alunos. Ambos, professor e escola, cumpriram seus papéis determinados pela sociedade, agora, se o 7
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aluno não tem condições naturais e sociais para aprender, a responsabilidade não é nem da escola e nem dos professores. Dessa análise, surge um movimento de eliminação da Didática e sua substituição por disciplinas de conteúdos “mais críticos”, que não reproduzissem as ideologias da classe dominante, como a História da Educação e a Sociologia da Educação, gerando o entendimento de que o professor não precisa de didática. Na Pedagogia Renovada, cujas raízes assentamse na psicologia experimental (empirismo), a finalidade da educação está nas leis do desenvolvimento da criança e realizada com objetividade científica. Dessa forma, tanto a didática como teoria de ensino, quanto a Pedagogia como teoria da educação, restringese aos métodos e procedimentos, entendidos como aplicação de conhecimentos científicos e em técnicas de ensinar. A partir dos anos 60 e, posteriormente, no final do século XX, com o desenvolvimento tecnológico e da informática, surge um novo paradigma didático com predomínio das técnicas, e a didática resumese no desenvolvimento de novas técnicas de ensinar, e o ensino, na aplicação delas nas variadas situações. A função da Didática consiste em fornecer, aos futuros professores, os meios e os instrumentos eficientes para o desenvolvimento e o controle do processo de ensinar, visando resultados mais eficazes. Os fins do ensino são definidos pelo que a sociedade (classe dominante) espera da escola: preparar para o mercado de trabalho, sendo esse o critério de avaliação do sistema escolar. Nos cursos de licenciatura predomina uma didática instrumental (desejada pelos licenciados), pois se busca um método, uma técnica capaz de ensinar toda e qualquer turma de estudantes. A Didática, como arte e técnica, infelizmente ainda influencia as expectativas dos alunos dos cursos de licenciatura. Quando indagados sobre o que esperam da disciplina Didática, a maioria manifesta o desejo de adquirir técnicas para bem ensinar.
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Em relação às expectativas do docente universitário e a disciplina Didática, alguns mitos ainda se manifestam, como veremos a seguir: 1) Resumir a preparação do professor a uma disciplina pedagógica. Nesse caso, a Pedagogia é a teoria da educação e a Didática teoria de ensino com conhecimentos técnicos instrumentais, que oferece receitas às situações de ensino. 2) Restringir o campo da Pedagogia e o da Didática às questões e aprendizagem de crianças e adolescentes; 3) Reduzir a docência ao espaço escolar.
Diante do acima exposto, qual é a tarefa da Didática? Sabendose que o ensino é um fenômeno complexo e o ensinar uma prática social, a tarefa da Didática é compreender o funcionamento do ensino em situação, suas funções sociais, suas implicações estruturais, dialogar com os outros campos de conhecimento, numa perspectiva multi e interdisciplinar, rever, apropriarse e criar novos conhecimentos que surgem nas situações de ensino (as técnicas, os métodos, as teorias). Atualmente, o professor precisa de conhecimentos da área que leciona e de habilidades pedagógicas para proporcionar um aprendizado, cuja eficácia depende de sua visão de mundo, de ser humano, de ciência e de educação. Nas próximas aulas, serão abordados os temas relevantes à formação do professor universitário, dentre eles, conteúdos, objetivos, métodos de ensino, avaliação, planejamento, de forma a evidenciar o trabalho didático comprometido com a totalidade do processo educativo, na perspectiva da construção do conhecimento.
Exercícios 1. De acordo com o que estudamos na aula 1, podemos afirmar que a Didática é uma disciplina prescritiva, normativa e uma técnica fruto de uma ciência. a) Incorreta. b) Correta. 2. A LDBEN 9394/96 recomenda processo de formação para o exercício da docência no ensino superior ao exigir, nesse nível, parcela de seus professores em nível de pósgraduação, em programas de mestrado ou doutorado. Essa afirmativa está: a) Correta. 9
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b) Incorreta. 3. O movimento escolanovista opunhase ao método tradicional, próprio da classe dominante, e serviu para acabar com a desigualdade social e escolar. Podese dizer que essa idéia está: a) Correta. b) Incorreta. 4. A Didática como arte e técnica, infelizmente ainda influencia as expectativas dos alunos dos cursos de licenciatura. Essa afirmativa está: a) Correta. b) Incorreta.
Respostas dos Exercícios 1. De acordo com o que estudamos na aula 1, podemos afirmar que a Didática é uma disciplina prescritiva, normativa e uma técnica fruto de uma ciência. RESPOSTA CORRETA: A Essa afirmativa está incorreta, pois a Didática tem sido uma disciplina que prescreve normas e se fundamenta em teorias pré estabelecidas, e que, ao contrário das outras áreas de conhecimento, inaugurouse como método universal de ensinar tudo a todos, e não como técnica, fruto de uma ciência. 2. A LDBEN 9394/96 recomenda processo de formação para o exercício da docência no ensino superior ao exigir, nesse nível, parcela de seus professores em nível de pósgraduação, em programas de mestrado ou doutorado. Essa afirmativa está: RESPOSTA CORRETA: B A LBDEN 9394/96 recomenda preparação pedagógica para o exercício da docência no ensino superior ao exigir, nesse nível, parcela de seus professores em nível de pósgraduação, em programas de mestrado ou doutorado. 3. O movimento escolanovista opunhase ao método tradicional, próprio da classe dominante, e serviu para acabar com a desigualdade social e escolar. Podese dizer que essa idéia está: RESPOSTA CORRETA: B O movimento escolanovista opunhase ao método tradicional, próprio da classe dominante, mas, de forma contraditória, serviu para justificar a desigualdade social e escolar, numa lógica da exclusão.) 4. A Didática como arte e técnica, infelizmente ainda influencia as expectativas dos alunos dos cursos de licenciatura. Essa afirmativa está: RESPOSTA CORRETA: A A maioria dos alunos de licenciatura ainda espera adquirir técnicas para bem ensinar, quando indagados sobre suas expectativas em relação à Didática.
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Esta aula trata dos temas ensino, aprendizagem e atuação do professor universitário, que muda de forma considerável segundo a opção por um desses pólos. Quando opta pelo ensino, suas ações, em sala de aula, são expressas pelo verbo ensinar e centralizadas na sua pessoa, qualidades e habilidades. Quando opta pela aprendizagem, suas atividades centralizamse no aluno, sendo o facilitador da aprendizagem. Segundo Mizukami, existem cinco abordagens do processo de ensino: tradicional, comportamentalista, humanista, cognitivista e sóciocultural.
AULA 02 • ATUAÇÃO DO PROFESSOR UNIVERSITÁRIO: ENSINO OU APRENDIZAGEM ? Esta aula analisa o professor universitário, que, conforme a ênfase que coloca no ensino ou na aprendizagem, sua atuação diversificase de forma significativa. Quando prioriza o ensino, suas ações, em sala de aula, são expressas pelo verbo ensinar e centralizadas na sua pessoa, qualidades e habilidades. Tratase do especialista em determinada área do conhecimento e “a sua arte é a arte da exposição”. Ele se preocupa com o programa, conteúdos e critérios para aprovar ou reprovar os alunos. Nesse caso, os alunos recebem as informações transmitidas coletivamente e demonstram que assimilaram os conteúdos por meio de deveres, tarefas ou provas individuais. Essa é a educação “bancária”, que se caracteriza, segundo Paulo freire, com o ato de transmitir, depositar ou transferir valores e conhecimentos. Nessa postura, o magistério é uma vocação e a missão do professor é ensinar, pois para isso ele se preparou e, conforme se torna especialista na matéria e venha dominar a “arte de ensinar”, ninguém melhor do que ele poderá contribuir para que, por meio de seu ensino, os alunos aprendam. Por outro lado, quando o professor opta pela aprendizagem, suas atividades centralizam se no aluno, suas aptidões, capacidades, expectativas, interesses, possibilidades, oportunidades e condições para aprender. Atua, portanto, como facilitador da aprendizagem, e os educadores progressistas, preocupados com uma educação para a mudança, exemplificam essa postura. Dito de outra forma, considera o aluno como agente do processo educativo. 11
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Nesse pólo (aprendizagem dos alunos), seu papel muda de forma perceptível, pois, ao invés de ensinar, o professor ajuda o aluno a aprender. A educação não consiste na “arte de introduzir idéias na cabeça das pessoas, mas de fazer brotar idéias”. Enfim, preocupase com: expectativas dos alunos, aprendizagem significativa e estratégias adequadas para facilitála. Apesar de ser uma postura apoiada numa visão humanista da educação e embasada nas modernas teorias e pesquisas educacionais, gerou alguns equívocos, como veremos em seguida. Muitos professores valorizam, de forma excessiva, qualidades pessoais (amizade, carinho, compreensão, amor, tolerância, abnegação) e excluem de sua função a tarefa de ensinar, pois se pautam no princípio de que “ninguém ensina ninguém”, atribuído a Rogers. Mediante o argumento da autoridade, dissimulam sua competência técnica. Entretanto, para muitos professores universitários, que aprenderam seu ofício como os antigos aprendiam (fazendo), essa polêmica não existe. Não recebem preparação pedagógica específica ao longo de sua vida profissional e raramente participam de cursos, seminários ou reuniões sobre métodos de ensino e avaliação da aprendizagem; concebem o ensino como transmissão de conhecimentos por meio de aulas expositivas. Embora atentos à qualidade do ensino, de modo geral, não são incentivados a desenvolver sua capacidade pedagógica e, muitas vezes, não dispõem de informação sobre a evolução pedagógica universitária, que progrediu com novos conceitos e novos métodos. Na perspectiva que prioriza o professor como facilitador da aprendizagem, constatase que o ensino é mais eficaz quando a aula é tecida com a participação do aluno. Nesse contexto, o papel do professor não se limita a explanar seus conhecimentos, pois, a qualquer momento, precisa reorientar a aula e garantir que seja superior à leitura de um livro ou assistência de um filme, mesmo porque “muitas aulas ministradas em cursos universitários não passam de seções de leitura, diferindo de aulas medievais apenas porque o livro utilizado pela gente naquela época foi substituído pelas transparências projetadas”. (GIL, 2007, p. 10) Uma piada auxilia no entendimento dessa questão: ” É possível ensinar um cachorro a falar? Sim, e é muito fácil. O difícil é fazêlo aprender” .
O ensino, fenômeno complexo, prática social, uma situação em movimento e diversa conforme os sujeitos, os lugares e os contextos onde ocorre (PIMENTA, 2002, p. 48), é abordado sob diferentes óticas. Mizukami definiu cinco abordagens: tradicional, comportamentalista, humanista, cognitivista e sóciocultural, as quais veremos a seguir.
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Abordagem tradicional Essa abordagem do processo ensinoaprendizagem não se fundamenta em teorias empiricamente validadas, mas numa prática educativa e na sua transmissão através dos anos. Ela inclui tendências e manifestações diversas. É uma concepção e uma prática educacional que persiste no tempo, sob diferentes formas, e que fornece um quadro referencial para as demais abordagens. Nessa abordagem, o adulto é considerado um homem acabado, “pronto”, e o aluno, um “adulto em miniatura”, que precisa ser atualizado. O ensino, em suas diferentes formas, está centrado no professor, que se responsabiliza pela transmissão dos conhecimentos. Voltase para o que é externo ao aluno: o programa, as disciplinas e o professor. O aluno executa prescrições que lhes são fixadas por autoridades exteriores. O papel do professor é garantir que o conhecimento seja recebido pelo aluno independentemente do interesse e da vontade própria. A educação é concebida como um produto, os modelos a serem alcançados já estão previamente estabelecidos e, nesse sentido, o processo é irrelevante. O ensino transformase na pura passagem de idéias selecionadas e organizadas logicamente, em uma relação professoraluno vertical, que prioriza as situações de sala de aula, onde os alunos são instruídos e ensinados pelo professor. A aprendizagem do aluno é considerada como um fim, já que os conteúdos e as informações são adquiridos e os modelos imitados. De modo geral, o ensino preocupase com a variedade e a quantidade de noções, conceitos, informações. Caracterizase pelo verbalismo do professor e pela memorização do aluno. Enfatiza a sistematização dos conhecimentos apresentados de forma acabada, exigindo tarefas de aprendizagem padronizadas, com fixação de conhecimentos, conteúdos e informação.
Abordagem comportamentalista Essa abordagem centraliza o primado do objeto (empirismo). O conhecimento é uma descoberta, nova para quem a faz, mas já estava presente na realidade exterior. 13
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O organismo está sujeito às condições do meio e, assim, o conhecimento é uma cópia de algo do mundo externo. Para os comportamentalistas ou behavioristas, a experiência ou a experimentação planejada são as bases do conhecimento. O papel do professor consiste no planejamento e desenvolvimento de um sistema de ensinoaprendizagem orientado para a maximização do desempenho do aluno (importam os fatores economia de tempo, esforços e custos), sendo sua responsabilidade assegurar a aquisição do comportamento. A educação tem, como função, a transmissão cultural em um mundo objetivo, já construído, onde o homem é considerado como produto do meio. O processo de aprendizagem fundamentase na experimentação planejada, na qual o conhecimento é o resultado direto da experiência. A descoberta já se encontrava presente na realidade exterior. Nessa abordagem, considerandose a prática educacional, não há modelos ou sistemas ideais de instrução, mas a eficiência na elaboração e utilização dos sistemas; modelos de ensino dependem das habilidades do planejador, do professor.
Abordagem humanista O enfoque está, predominantemente, no sujeito, como principal elaborador do conhecimento humano, e o ensino está centrado no aluno, em que se identifica a proposta rogeriana, representando a psicologia humanista e derivado da teoria, também rogeriana, sobre personalidade e conduta. O homem é visto de forma individualizada, em um processo de contínua descoberta sobre si mesmo, que concebe a própria visão de mundo em função da percepção sobre as experiências vividas. A realidade é subjetiva e o conhecimento constróise no processo de “vir a ser” da pessoa humana, visando uma aprendizagem significativa. A responsabilidade pela educação é depositada nas mãos do estudante. Cabe à instituição educacional criar condições que facilitem a aprendizagem do aluno, promovendo seu desenvolvimento intelectual e emocional.
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O professor é visto como um facilitador, ele não ensina, mas cria condições para que os alunos aprendam. Ele cria situações para que o aluno as solucione.
Abordagem cognitivista Implica no estudo cientifico da aprendizagem como sendo mais que um produto do ambiente, das pessoas ou de fatores que são externos aos alunos. São consideradas as formas como as pessoas lidam com os estímulos ambientais, organizam os dados, sentem e resolvem problemas, adquirem conceitos e empregam símbolos verbais. Há preocupação com as reações sociais, mas a ênfase principal recai na capacidade do aluno de integrar informações e processálas. Tratase de uma perspectiva interacionista, na qual o conhecimento é um produto da interação entre homem e mundo. O indivíduo, como um sistema aberto, busca seu desenvolvimento de modo a obter a máxima operacionalidade em suas atividades motoras, verbais ou mentais. Aprender significa assimilar o objeto a esquemas mentais. Como o aluno aprende depende do estágio atual, da forma de relacionamento com o meio. O processo educacional pautase na criação de situações desequilibradoras, adequadas ao nível de desenvolvimento dos alunos, estimulando a construção progressiva de noções e operações. O ensino, na perspectiva piagetiana, baseiase no ensaio e no erro, na pesquisa, investigação, na solução de problemas por parte do aluno, ao contrário da aprendizagem de fórmulas, nomenclaturas e definições, por isso se preocupa com processos, e não em produtos de aprendizagem.
Abordagem sóciocultural É uma abordagem que enfatiza os aspectos socioculturais que envolvem o processo de aprendizagem, e, como o construtivismo, é interacionista, considerando o sujeito como elaborador e criador do conhecimento, e inserido em um determinado contexto histórico.
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A construção do conhecimento se dá na medida em que o homem reflete sobre o ambiente em que vive, apropriandose e tomando consciência de sua historicidade. Para Paulo Freire, a educação verdadeira consiste na educação problematizadora, que ajuda na superação da relação opressoroprimido. Busca o desenvolvimento da consciência crítica e a liberdade como meios de superar as contradições da educação bancária. Sua essência é a dialogicidade, por meio da qual educador e educando tornamse sujeitos de um processo em que crescem juntos. Nessa abordagem, o conhecimento é uma transformação contínua e não transmissão de conteúdos programados. Para finalizar, de acordo com determinada abordagem do processo ensinoaprendizagem, privilegiase um ou outro aspecto do fenômeno educacional. Na próxima aula, estudaremos as finalidades da docência: do ensinar à ensinagem.
Exercícios 1. O professor Paulo, da terceira série do Ensino Fundamental, acredita que os alunos não podem ser considerados como seres passivos no processo ensinoaprendizagem. Ele entende que a aprendizagem ocorre quando os alunos interagem com seus objetos de conhecimento, formulam hipóteses sobre os mesmos, testam essas hipóteses e, se for o caso, modificamnas. Assim, Paulo planeja suas ações pedagógicas de modo a criar situaçõesproblema que desafiem os alunos e os levem a buscar soluções. Podese dizer que a prática pedagógica desse professor inspirase na abordagem comportamentalista. a) Correta. b) Incorreta. 2. Na abordagem humanista, que tem Carl Rogers como um de seus principais teóricos, o professor atua como facilitador da aprendizagem. Podese dizer que essa afirmativa está: a) Correta. b) Incorreta. 3. “A essência da abordagem sociocultural é o diálogo”. Essa afirmativa está: a) Correta. b) Incorreta. 4. Atualmente, o professor precisa de conhecimentos da área que leciona e de habilidades pedagógicas para ensinar seus alunos, cuja eficácia depende de sua formação acadêmica e, principalmente, de sua visão de mundo. Podese dizer que essa idéia está: a) Correta. 16
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b) Incorreta.
Respostas dos Exercícios 1. O professor Paulo, da terceira série do Ensino Fundamental, acredita que os alunos não podem ser considerados como seres passivos no processo ensinoaprendizagem. Ele entende que a aprendizagem ocorre quando os alunos interagem com seus objetos de conhecimento, formulam hipóteses sobre os mesmos, testam essas hipóteses e, se for o caso, modificamnas. Assim, Paulo planeja suas ações pedagógicas de modo a criar situaçõesproblema que desafiem os alunos e os levem a buscar soluções. Podese dizer que a prática pedagógica desse professor inspirase na abordagem comportamentalista. RESPOSTA CORRETA: B Essa é a abordagem cognitivista, em que cabe, ao professor, proporcionar a orientação necessária para que os objetos possam ser explorados pelos estudantes sem o oferecimento de soluções prontas. 2. Na abordagem humanista, que tem Carl Rogers como um de seus principais teóricos, o professor atua como facilitador da aprendizagem. Podese dizer que essa afirmativa está: RESPOSTA CORRETA: A Nessa abordagem, o professor não transmite conteúdos, mas dá assistência, sendo um facilitador da aprendizagem. 3. “A essência da abordagem sociocultural é o diálogo”. Essa afirmativa está: RESPOSTA CORRETA: A A essência da abordagem sociocultural é o diálogo, por meio da qual educador e educando tornamse sujeitos de um processo em que crescem juntos. 4. Atualmente, o professor precisa de conhecimentos da área que leciona e de habilidades pedagógicas para ensinar seus alunos, cuja eficácia depende de sua formação acadêmica e, principalmente, de sua visão de mundo. Podese dizer que essa idéia está: RESPOSTA CORRETA: B Atualmente, o professor precisa de conhecimentos da área que leciona e de habilidades pedagógicas para proporcionar um aprendizado cuja eficácia depende de sua visão de mundo, de ser humano, de ciência e de educação.
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Esta aula situa o trabalho docente na aula universitária e desenvolve o conceito de ensinagem processo de ensino do qual decorre, necessariamente, a aprendizagem como um desafio a ser enfrentado pelo professor universitário. No ensino e na aprendizagem, enquanto unidade dialética, destacase o princípio didático do papel condutor do professor e da auto atividade do aluno, em que o ensino une o aluno à matéria e, ambos, alunos e conteúdos, ficam frente a frente mediados pela ação do professor, que produz e dirige as atividades e as ações necessárias para que os alunos desenvolvam processos de mobilização, construção e elaboração da síntese do conhecimento.
AULA 03 • A ENSINAGEM: NOVO PARADIGMA DE ATUAÇÃO DO PROFESSOR UNIVERSITÁRIO Como vimos anteriormente, em alguns momentos na história da Didática, o ensinar prevaleceu sobre o aprender (com ênfase nos métodos, recursos e centralizada na figura do professor); em outros, o aluno tornouse o centro do processo e o professor o facilitador da aprendizagem. Nesta aula, abordaremos o ensinar enquanto atividade social, que visa a aprendizagem de todos, à medida que a escolaridade contribui para a humanização e redução das desigualdades sociais. O conceito de ensinagem traz consigo a superação da falsa dicotomia, pois carrega os compromissos éticos, políticos e sociais da atividade docente para com os alunos e se realiza em determinado espaço institucional. Nesta, a ação de ensinar definese na relação com a ação de aprender e possibilita o método dialético de ensinar. Muitos processos de ensino, em curso na universidade, reproduzem minipalestras ou reuniões de um número determinado de pessoas ouvindo uma delas expondo determinado assunto, denominadas, por alguns, de aula magistral, “ local onde todos dormem e uma pessoa fala” . Nesse sentido, o ato de ensinar restringese à aula expositiva, a qual desconsidera que, da ação de ensinar, se conduzida de acordo com os fins educacionais, decorre a ação de aprender.
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A ação de ensinar não se limita à simples exposição dos conteúdos, mas inclui a necessidade de um resultado bem sucedido daquilo que se pretendia fazer – no caso ensinar, dirigese a uma meta, que se pode encontrar além dos limites da própria atividade ou de um de seus segmentos, exigindo condições temporais, local planejado, e estipulado, participação conjunta dos sujeitos envolvidos no processo, professores e alunos. A aula expositiva, como forma única de ensinar, na qual o professor é visto como palestrante e o aluno copista do conteúdo, é superada pela aula enquanto momento e espaço de encontro e de ações, que não deve ser dada, nem assistida, mas construída, feita pela ação conjunta de professores e alunos. No ensino e na aprendizagem, enquanto unidade dialética, destacase o princípio didático do papel condutor do professor e da autoatividade do aluno, em que o ensino une o aluno à matéria, e, ambos, alunos e conteúdos, ficam frente a frente mediados pela ação do professor, que produz e dirige as atividades e as ações necessárias para que os alunos desenvolvam processos de mobilização, construção e elaboração da síntese do conhecimento. A aprendizagem exige a compreensão do conteúdo. O aluno tem que, ativamente, refletir para apropriarse do quadro teórico objetivado pelo professor e pelo currículo no processo de ensino, e, para apropriarse, precisa superar o aprender (no sentido de tomar conhecimento, reter na memória, mediante o estudo, a observação ou a experiência), para o apreender, do latim
apprehendere, que significa segurar, agarrar, prender, pegar, assimilar mentalmente, entender, compreender. Nessa perspectiva é que a ação de aprender não é passiva e o assistir aula perde sentido, pois exige informarse, exercitarse, instruirse, culminando na abstração, e este é o maior desafio. Zaballa (1998) diferencia, na aprendizagem , características de quatro tipos de conteúdos: Conteúdos factuais – conhecimento de fatos, acontecimentos, situações, fenômenos concretos e singulares, às vezes menosprezados, mas indispensáveis, e cuja aprendizagem é verificada pela reprodução literal. Conteúdos procedimentais – conjunto de ações ordenadas e com um fim, incluindo regras, técnicas, métodos, destrezas e habilidades, estratégias e procedimentos, verificados pela realização de ações, dominados pela exercitação múltipla e tornados conscientes pela reflexão sobre a própria atividade. Conteúdos atitudinais – valores, atitudes, normas, verificados por sua interiorização e aceitação, o que implica conhecimento, avaliação, análise e elaboração).
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Conteúdos conceituais – conjunto de fatos, objetos ou símbolos e princípios (leis e regras que se reproduzem num fato, objeto ou situação). Apreender não é um processo que se efetive sem rotinas ou ocorra de forma espontânea ou mágica. Exige escolha e utilização de uma metodologia adequada aos objetivos e conteúdos do objeto de ensino e os alunos; competência docente que, além do domínio do conteúdo, seja capaz de planejar e efetivar um processo contínuo de ações que possibilitem, aos alunos, construir, agarrar, apreender o quadro teóricoprático pretendido de momentos seqüenciais e de complexidade crescente. Desafios para superar o paradigma tradicional (professor palestrante e aluno ouvinte): • nova construção da sala de aula, em que coabitem tanto o dizer da ciência quanto da leitura da realidade (e a ação sobre ela), da qual o aluno, como futuro profissional, terá de dar conta; • selecionar, do campo científico, os conteúdos e os conceitos a serem apreendidos; • organização das atividades de ensino (responsabilidade do professor) e as de aprendizagem, que deverão atender às características do conteúdo, do curso, da disciplina e, principalmente, dos alunos envolvidos no processo; • estabelecer um processo de apreensão e construção do conhecimento.
Processo de ensinagem Esse processo compartilhado de trabalhar conhecimentos, no qual concorrem conteúdo, forma de ensinar e resultados mutuamente dependentes, é denominado de processo de ensinagem. Vasconcelos (1995) contribui para a compreensão do processo de ensinagem, ao referirse ao método dialético de ensino, no qual três momentos são fundamentais: mobilização do conhecimento: possibilitar, ao aluno, um direcionamento para o processo pessoal de aprendizagem, o qual deverá ser provocado caso ainda não esteja presente nele, auxiliando na tomada de consciência das necessidades apresentadas socialmente a uma formação universitária, num clima favorável à interação, ao questionamento, à divergência, adequado para processos de pensamento críticos e construtivos. 20
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construção do conhecimento: é o momento do desenvolvimento operacional, da atividade do aluno por meio da pesquisa, do estudo individual, dos seminários, dos exercícios, no qual se explicitam as relações que permitem identificar como o objeto de conhecimento constituise, sendo a análise a essência das atividades propostas ao aluno, que construirá uma visão qualitativamente superior, uma síntese nova e reelaborada, cujas atividades serão orientadas por: • significação processo de vinculação ativa (mediante necessidades, finalidades) do sujeito ao objeto de conhecimento;
• problematização na origem do conhecimento está presente um problema, gênese que pode ser recuperada no estudo do conteúdo; • práxis articular o conhecimento com a prática que lhe deu origem, toda aprendizagem é ativa; • criticidade conhecimento ligado a uma visão crítica da realidade; • continuidade ruptura: partir da visão sincrética para, sob efeito da análise, possibilitar a construção de uma síntese que represente um conhecimento mais elaborado; • historicidade a síntese existente no momento, por ser histórica e contextual, poderá ser superada por novas sínteses, sem desconsiderar as etapas de elaboração que a humanidade atravessou para chegar à síntese atual; • totalidade combinar a análise com a síntese. elaboração da síntese do conhecimento pelo aluno: é o momento da sistematização, da expressão empírica acerca do objeto apreendido, da consolidação de conceitos. O desenvolvimento do raciocínio, a precisão de conceitos básicos, o crescimento em atitudes de participação e crítica perante os conhecimentos constituem objetivos essenciais do processo de ensinagem. Ensinar é um projeto coletivo e, embora cada professor, em sua sala de aula, possua autonomia para desenvolver sua disciplina, esta é parte integrante de um percurso formativo dos alunos. As disciplinas precisam ser pensadas no contexto de um quadro teóricoprático global no que se refere ao campo a que pertence, e enquanto um quadro teóricoprático parcial de um processo de formação. Nesse exercício construído coletivamente pelos integrantes dos cursos superiores, para superar a fragmentação curricular, convém: pensar coletivamente o curso, seus fins e valores, as séries iniciais, intermediárias e finais do processo de formação profissional, os processos mentais 21
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necessários ao futuro profissional, a lógica das disciplinas, a melhor forma de trabalhar com os conteúdos tendo em vista os objetivos e as condições institucionais necessárias. O processo de ensinagem efetivase no trabalho conjunto, na parceria dos professores entre si e alunos, numa nova aventura do ensinar e aprender em sala de aula na universidade, o que exige considerações sobre a ciência, o conhecimento e o saber escolar, determinantes do trabalho de alunos e professores. À universidade cabe tratar o conhecimento / ciência, transformandoos em saber escolar, fazendo com que a síntese apresentada nas disciplinas em ação interdisciplinar seja traduzida ao nível de apreensão dos alunos e efetivada em práticas pedagógicas que garantam a aprendizagem. Para finalizar, poderíamos dizer que o paradigma atual exige uma das práticas mais importantes: do conhecimento construído, buscado pelo grupo, partilhado. Na medida em que o saber é construído, os conteúdos e as experiências são compartilhados, legitimando o conhecimento, pois o expõe a críticas, a divergências, de modo a enriquecer a pesquisa de todos.
Exercícios 1. A ensinagem é um processo de ensino centrado na transmissão dos conhecimentos pelo docente, que explicita o conteúdo da disciplina com suas definições e síntese. Podemos afirmar que essa é uma afirmação: a) Correta. b) Incorreta. 2. “apreender não é um processo que se efetive sem rotinas ou ocorra de forma espontânea, exige a escolha e execução de uma metodologia adequada aos objetivos e conteúdos do objeto de ensino e aos alunos”. Podese dizer que essa idéia está: a) Correta. b) Incorreta. 3. “No Ensino Superior, a aula tradicional, na qual o professor é visto como palestrante e o aluno copista, deve ser superada pela aula construída por ambos.” Podese dizer que essa idéia está: a) Correta. b) Incorreta.
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4. “Ensinar é um projeto de ampla autonomia docente, pois, em sala de aula, o professor tem liberdade para desenvolver sua disciplina, e esta é parte integrante de um percurso formativo dos alunos”. Podese dizer que a afirmativa está: a) Correta. b) Incorreta.
Respostas dos Exercícios 1. A ensinagem é um processo de ensino centrado na transmissão dos conhecimentos pelo docente, que explicita o conteúdo da disciplina com suas definições e síntese. Podemos afirmar que essa é uma afirmação: RESPOSTA CORRETA: B Essa é uma aula tradicional que desconsidera que as definições e sínteses foram historicamente construídas, num dado contexto, como sínteses provisórias e, portanto, não é um processo de ensinagem. 2. “apreender não é um processo que se efetive sem rotinas ou ocorra de forma espontânea, exige a escolha e execução de uma metodologia adequada aos objetivos e conteúdos do objeto de ensino e aos alunos”. Podese dizer que essa idéia está: RESPOSTA CORRETA: A Se você escolheu essa alternativa, acertou, parabéns! Apreender não é um processo que ocorre de forma espontânea ou mágica, ao contrário, exige a escolha e a utilização de uma metodologia adequada. 3. “No Ensino Superior, a aula tradicional, na qual o professor é visto como palestrante e o aluno copista, deve ser superada pela aula construída por ambos.” Podese dizer que essa idéia está: RESPOSTA CORRETA: A A aula expositiva, como forma única de ensinar, na qual o professor é visto como palestrante e o aluno copista do conteúdo, é superada pela aula enquanto momento e espaço de encontro e de ações, que não deve ser dada, nem assistida, mas construída, feita pela ação conjunta de professores e alunos. 4. “Ensinar é um projeto de ampla autonomia docente, pois, em sala de aula, o professor tem liberdade para desenvolver sua disciplina, e esta é parte integrante de um percurso formativo dos alunos”. Podese dizer que a afirmativa está: RESPOSTA CORRETA: B Ensinar é um projeto coletivo e, embora cada professor, em sua sala de aula, possua autonomia para desenvolver sua disciplina, esta é parte integrante de um percurso formativo dos alunos.
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Esta aula aborda o planejamento do ensino e, mais especificamente, a elaboração de planos de ensino: documentos preparados pelo professor que envolve decisões a serem tomadas durante o ano letivo. Conceituase o planejamento de ensino, caracterizando seus diferentes níveis e sugerindo a elaboração de planos de disciplina, de unidade e de aula.
AULA 04 • O PLANEJAMENTO DE ENSINO
Nesta aula, trataremos da importância do planejamento do ensino, ressaltando que o início das atividades do professor universitário não ocorre no primeiro dia de aula, mas com o planejamento, que se inicia algumas semanas ou alguns meses antes, dependendo da sua experiência com a disciplina que pretende lecionar, e requer algumas habilidades distintas daquelas que estão diretamente relacionadas à prática docente. A maioria dos professores universitários reconhece a importância do planejamento do ensino, mas muitos seguem os capítulos de um livrotexto, sem considerar o que é realmente necessário que os alunos aprendam; utilizam, sem muita reflexão, os mesmos métodos de ensino e os mesmos procedimentos de avaliação. Os planos de ensino são os documentos preparados pelo professor que envolvem as decisões mais importantes a serem tomadas ao longo do processo letivo. O planejamento educacional é o processo sistematizado mediante o qual se pode conferir maior eficiência às atividades educacionais, para, em determinado prazo, alcançar as metas estabelecidas; requer o conhecimento da realidade e envolve: • diagnóstico: sondagem; sondar o que os estudantes conhecem a respeito do que será ministrado, qual seu intresse nesse aprendizado e real necessidade desse conhecimento; • planejamento: processo que envolve a formulação dos objetivos, a determinação dos conteúdos a serem ministrados e as estratégias que serão adotadas para facilitar a aprendizagem; • execução: nessa etapa, desenvolvemse as atividades (ações didáticas) necessárias para o alcance dos objetivos pretendidos, tais como a exposição, a orientação de leituras e a condução dos grupos de estudo; 24
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• avaliação educacional: consiste na coleta, análise e interpretação dos dados relativos ao progresso dos alunos. Não ocorre apenas ao final das ações educativas, mas ao longo de todo o processo; a avaliação diagnostica o que ocorre no início do processo de aprendizagem para identificar os conhecimentos e as habilidades dos estudantes; a avaliação formativa, realizada ao longo do processo, fornece os dados necessários para aperfeiçoar o processo de ensinoaprendizagem; e a avaliação somativa, que classifica os resultados de aprendizagem de acordo com os níveis de aproveitamento estabelecidos, proporcionando, ao final da unidade ou do curso, a verificação do alcance dos objetivos preestabelecidos. A avaliação constitui elemento propiciador de feedback, entendido aqui como um processo pelo qual se fazem retroagir os efeitos de um sistema sobre as causas, com o propósito de alcançar os resultados pretendidos, o que significa íntimo relacionamento da avaliação com o planejamento.
Níveis de planejamento: educacional, institucional, curricular e do ensino Planejamento educacional O planejamento educacional desenvolvese em nível mais amplo e é o processo que objetiva definir os fins últimos da educação e os meios para alcançálos, e está a cargo das autoridades educacionais, no âmbito do Ministério da Educação, do Conselho Nacional de Educação e dos órgãos estaduais e municipais, que têm atribuições no campo da Educação. Tratase de um planejamento a médio e longo prazo, que requer, para sua execução, o diagnóstico claro e preciso da situação educacional do país, a definição das bases filosóficas que darão suporte à ação governamental, a avaliação dos recursos humanos, materiais e financeiros requeridos, bem como a previsão dos fatores capazes de interferir em seu desenvolvimento. Os produtos do planejamento educacional não são constituídos, na maioria das vezes, por ações pontuais, mas por documentos, como políticas, planos, programas e projetos capazes de orientar e de fornecer os meios necessários ao alcance dos objetivos da Educação.
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Planejamento institucional O planejamento institucional é desenvolvido no âmbito das Instituições de Ensino Superior (IES), que, por exigência do Ministério da Educação, têm que elaborar, a cada cinco anos, o seu Plano de Desenvolvimento Institucional (PDI). Tratase de um documento que identifica a instituição no tocante à sua filosofia de trabalho, à missão a que se propõe, às diretrizes pedagógicas que orientam suas ações, à sua estrutura organizacional e às atividades acadêmicas que desenvolve e/ou que pretende desenvolver.
Planejamento curricular Em consonância com o planejamento institucional, desenvolvese o planejamento curricular, que tem, como objeto, a organização do conjunto de ações que precisam ser desenvolvidas no âmbito de cada curso, com vistas a favorecer, ao máximo, o processo de ensino aprendizagem. Constitui, portanto, uma tarefa contínua e multidisciplinar que orienta a ação educativa da instituição universitária. Preocupase com a previsão das atividades que o estudante realiza sob a orientação da escola, objetivando atingir os fins pretendidos.
Planejamento do ensino O planejamento do ensino é o que se desenvolve em nível mais concreto e está a cargo, principalmente, dos professores; alicerçado no planejamento curricular, visa ao direcionamento sistemático das atividades a serem desenvolvidas dentro e fora da sala de aula, a fim de facilitar o aprendizado dos estudantes. Quando o professor universitário assume uma disciplina, precisa tomar várias decisões: objetivos a serem alcançados pelos alunos, o conteúdo programático adequado para o alcance desses objetivos, as estratégias e os recursos para facilitar a aprendizagem, os critérios de avaliação, etc. Essas decisões, e os meios necessários para sua viabilização, fazem parte do planejamento de ensino, que se configura como condição essencial para o êxito do trabalho docente, porque, ao se planejar as ações docentes, evitase a improvisação, garantese maior probabilidade de alcance dos objetivos, obtêmse maior segurança na direção do ensino e também maior economia de tempo e de energia.
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Na maioria das vezes, o planejamento do ensino é elaborado somente pelo professor responsável pela disciplina, mas recomendase que mais professores compartilhem a responsabilidade de sua elaboração. Para o planejamento de ensino, o professor procede, inicialmente, ao diagnóstico da realidade em que se insere a disciplina, ou seja, as necessidades e as expectativas dos alunos, a importância e o status da disciplina no contexto do curso, os recursos disponíveis para o seu desenvolvimento, etc. Com base nesse diagnóstico, o professor define os objetivos da disciplina, determina o seu conteúdo programático, seleciona as estratégias e os recursos de ensino e define os procedimentos a serem adotados para a avaliação da aprendizagem pelos alunos. Como o planejamento, de modo geral, apresenta flexibilidade, o professor pode, com base num feedback que recebe dos alunos, efetuar alterações com vistas a melhorar a qualidade do seu curso e, dessa forma, os estudantes tornamse coparticipantes desse processo, caracterizandoo, de certa forma, como planejamento participativo.
Como elaborar planos de ensino As decisões tomadas no processo de planejamento concretizamse em documentos, que, habitualmente, são designados como planos. Assim, o planejamento educacional desenvolvido pelas autoridades governamentais dá origem a planos nacionais, estaduais ou municipais de educação. O planejamento institucional conduz à elaboração tanto do Projeto Político Pedagógico como do Plano de Desenvolvimento Institucional. O planejamento curricular, que também é elaborado no âmbito da escola, conduz aos planos de cursos, que esclarecem acerca dos objetivos dos cursos que a escola oferece, da populaçãoalvo, da estrutura curricular, das condições para inscrição, dos procedimentos de avaliação, etc. Os professores também consolidam as decisões decorrentes do planejamento em planos de ensino. Primeiramente, elaboram o plano da disciplina, que envolve de forma global as ações a serem desenvolvidas durante o ano ou semestre letivo. Em seguida, elaboram os planos de unidade, que orientam sua ação em relação a cada uma das partes do plano da disciplina. Cada uma dessas partes ou unidades corresponde a ações a serem desenvolvidas ao longo de um certo número de aulas. E, na medida em que especificam as atividades a serem desenvolvidas em cada uma das aulas, elaboram também planos de aulas. 27
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Plano de disciplina O plano de disciplina constitui uma previsão das atividades a serem desenvolvidas ao longo do ano ou do semestre letivo, esclarece duração, objetivos gerais, conteúdo programático, estratégias de ensino, recursos didáticos e procedimentos de avaliação. É um roteiro abreviado e esquemático, e seu principal valor está, principalmente, no caráter pessoal de quem o executa, entretanto, deve ser lido e analisado por outras pessoas, tais como: coordenador do curso, professores responsáveis pelas demais disciplinas e assessores pedagógicos. Por isso, na elaboração do plano, devem ser considerados alguns princípios norteadores.
Planos de unidade O plano de unidade é um documento mais pormenorizado que o plano de disciplina. Os objetivos são mais operacionais, isto é, designam clara e precisamente os comportamentos esperados dos alunos. Os conteúdos e as estratégias de ensino, os recursos e os procedimentos para a avaliação são mais detalhados. Os componentes dos planos de unidade são praticamente os mesmos dos planos de disciplina, no entanto, sua elaboração deve facilitar a identificação e os relacionamentos entre seus componentes.
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Plano de aula O plano de aula é mais restrito que o plano de unidade; prevê o desenvolvimento a ser dado ao conteúdo da matéria e às atividades de ensinoaprendizagem propostas de acordo com os objetivos no âmbito de cada aula. Quando o professor elabora, cuidadosamente, o plano de disciplina e o plano de unidade, com o esclarecimento dos objetivos, a especificação dos conteúdos e a determinação das estratégias e recursos mais eficazes, bem como os procedimentos de avaliação, simplifica a elaboração do plano de aula, porque especifica os conteúdos, cuidando para que cada um de seus tópicos seja desenvolvido mediante a utilização das estratégias e dos recursos mais adequados, com rigorosa previsão do tempo e das atividades que ficarão a cargo dos alunos. Nenhum plano pode ser considerado absolutamente rígido e, por isso, pode ser modificado quando necessário, no entanto, antes de qualquer alteração, aconselhase verificar em que medida as dificuldades são devidas a fatores pessoais, como, por exemplo: se o professor é muito prolixo em suas apresentações, se aborda superficialmente alguns tópicos, se quando propõe discussões os alunos desviam o assunto, se não motiva adequadamente suas aulas. Essas e outras situações podem ser melhoradas, mas o professor precisa rever suas atitudes, em sala de aula, quando percebe que não consegue levar a cabo seu plano. Um outro problema referese à avaliação. Os estudantes tendem a ficar ansiosos quando percebem o nível de exigência da disciplina e, por esse motivo, convém indicar, no início do curso, o exato volume dos trabalhos que será exigido, o que não significa que o professor deve reduzir as tarefas, nem tampouco perguntar se os alunos gostariam que houvesse mudanças nas exigências, pois, tal atitude, comprometeria sua liderança em sala de aula e o interesse discente na realização das tarefas. Apesar da flexibilidade (característica importante na sua elaboração), os planos devem ser seguidos e o professor deve considerar que o planejamento de ensino envolve muito mais do que aquilo que será dito em classe. O professor precisa ficar atento para as dificuldades relativas à formulação dos objetivos, seleção dos conteúdos, escolha das estratégias e recursos de ensino e procedimentos de avaliação. Na próxima aula, abordaremos a seleção e a organização dos conteúdos de ensino.
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Exercícios 1. “O planejamento é um processo de racionalização, organização e coordenação da atividade docente, articulando a atividade escolar e a problemática do contexto social”. Podese dizer que a idéia está: a) Correta b) Incorreta. 2. “Os planos, a despeito de sua flexibilidade, não precisam ser seguidos, pois o professor sabe o que tem a dizer em classe”. a) Correta. b) Incorreta. 3. “A avaliação educacional, que consiste na coleta, análise e interpretação dos dados, relativos aos progressos dos alunos, ocorre ao final das ações educativas”. Podese dizer que essa afirmativa está: a) Correta. b) Incorreta. 4. Podese afirmar que: “o plano de disciplina é apenas um roteiro abreviado e esquemático e constitui uma previsão das atividades a serem desenvolvidas ao longo de um ano ou semestre”. a) Correta. b) Incorreta.
Respostas dos Exercícios 1. “O planejamento é um processo de racionalização, organização e coordenação da atividade docente, articulando a atividade escolar e a problemática do contexto social”. Podese dizer que a idéia está: RESPOSTA CORRETA: A O planejamento é um processo de racionalização, uma tarefa de previsão das atividades didáticas articulando a atividade escolar com a problemática social. 2. “Os planos, a despeito de sua flexibilidade, não precisam ser seguidos, pois o professor sabe o que tem a dizer em classe”. RESPOSTA CORRETA: B Todo plano precisa ser seguido. Deve conter a flexibilidade como característica desejável e não a rigidez, o que possibilita mudanças quando necessárias e, por outro lado, a experiência é um fator importante, pois professores mais experientes conseguem planejar com mais precisão, mas, mesmo assim, estes admitem que seus planos precisam de correções. 3. “A avaliação educacional, que consiste na coleta, análise e interpretação dos dados, relativos aos progressos dos alunos, ocorre ao final das ações educativas”. Podese dizer que essa afirmativa está: RESPOSTA CORRETA: B A avaliação educacional não ocorre apenas ao final das ações educativas, mas ao longo de todo o processo. 4. Podese afirmar que: “o plano de disciplina é apenas um roteiro abreviado e esquemático e constitui uma previsão das atividades a serem desenvolvidas ao longo de um ano ou semestre”. RESPOSTA CORRETA: A Como um instrumento voltado para o processo de aprendizagem, o plano de disciplina serve de roteiro flexível para as ações do professor.
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Nesta aula, abordase o tema conteúdo, destacandose sua importância na elaboração dos planos de ensino e os procedimentos necessários para sua operacionalização; os critérios para sua seleção (vinculação aos objetivos, validade, significância, utilidade e flexibilidade), sem perder de vista que deve ser adequado à diversidade dos alunos e ao tempo necessário ao seu desenvolvimento; sua ordenação considerando a ordem lógica e psicológica.
AULA 05 • O PROFESSOR UNIVERSITÁRIO NA SELEÇÃO E ORGANIZAÇÃO DOS CONTEÚDOS DE ENSINO Nesta aula, discutiremos o papel dos conteúdos nos planos de ensino, os procedimentos necessários para sua operacionalização e concretização dos objetivos da aprendizagem, lembrando que constituem um dos ítens mais importantes na elaboração dos planos de ensino, conforme vimos na aula anterior. Podemos definir os conteúdos como o conjunto de conhecimentos, habilidades, hábitos, modos valorativos e atitudinais de atuação social, organizados pedagógica e didaticamente, tendo em vista a assimilação ativa e a aplicação pelos alunos na prática de vida. Englobam conceitos, idéias, habilidades, fatos, processos, princípios, leis científicas, regras; habilidades cognoscitivas, modos de atividade, métodos de compreensão e aplicação, hábitos de estudo, de trabalho e de convivência social; valores, convicções, atitudes. São expressos nos programas oficiais, nos livros didáticos, nos planos de ensino e de aula, nas aulas, nas atitudes e convicções do professor, nos exercícios, nos métodos e nas formas de organização de ensino. Enfim, servem de base para a aquisição de informações, conceitos, princípios e para o desenvolvimento de hábitos, habilidades e atitudes, e é através dos conteúdos curriculares que alcançamos os objetivos estabelecidos para o processo educacional.
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Eles se compõem dos elementos a seguir: 1) Conhecimentos sistematizados (conceitos); 2) Habilidades qualidades intelectuais necessárias para a atividade mental hábitos: modos de agir. Ex: habilidade de leitura pode se transformar em hábito de leitura e vice versa. Algumas habilidades e hábitos são comuns em todas as matérias: relacionar, comparar, diferenciar, enquanto que outros são específicos de determinada matéria: resolução de problemas matemáticos; 3) Atitudes e convicções: modos de agir, sentir e se posicionar frente a tarefas da vida social, orientando tomadas de posição e decisões pessoais frente a situações concretas.
Os elementos constitutivos dos conteúdos convergem para a formação das capacidades cognoscitivas que se desenvolvem no processo de assimilação ativa dos conhecimentos, como, por exemplo, na compreensão da relação partetodo, abstração, generalização, etc. Os conteúdos possuem uma dimensão críticosocial que se manifesta no tratamento científico, evidenciado no estudo de leis, habilidades, métodos, fenômenos da natureza e da sociedade; têm um caráter histórico ligado ao caráter científico porque são elaborados e reelaborados de acordo com as necessidades práticas de cada época histórica e os interesses sociais vigentes em cada organização social; vincula as exigências teóricas e práticas de formação dos alunos em função das atividades da vida prática. Nesse sentido, a dimensão críticosocial dos conteúdos corresponde a uma abordagem metodológica, em que o conhecimento vinculase a objetivos socialmente determinados, a interesses concretos. Significa situar um tema de estudo nas suas ligações com a prática humana, com os homens em sua atividade prática coletiva nas várias esferas da vida social, intervindo, modificando e construindo esse tema de estudo; sua importância para atender necessidades práticas da vida social, como os problemas sociais, o desenvolvimento da ciência e da tecnologia, as necessidades humanas básicas, dentre outras.
Papel dos conteúdos no planejamento do ensino Até algumas décadas atrás, para o professor universitário, a definição e organização do conteúdo não era tarefa difícil e constituia o ponto de partida para todo o planejamento de ensino, 32
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pois, com base nos programas elaborados pela faculdade, desenvolvia todas atividades de planejamento. As ementas das disciplinas definiam a organização dos livrostextos, que, adotados, constituíam a base para todas as atividades do ensino. O professor esgotava o assunto sem considerar o rendimento qualitativo do aluno, passando o conteúdo elaborado e definido pelas autoridades educacionais, pelos grandes mestres ou pela instituição de ensino. Atualmente, o conteúdo orientador do planejamento é considerado meio para a concretização dos objetivos de aprendizagem e permite ao professor liberdade para "montar o seu programa”, selecionar e organizar conteúdos mais apropriados aos objetivos. Na visão clássica, os conteúdos referiamse apenas a conhecimentos que deveriam ser transmitidos aos estudantes; hoje, devem referirse também ao "como estudar", "como pensar" e "como enfocar", pois envolvem o domínio afetivo, psicomotor e cognitivo. Essa mudança na maneira de lidar com os conteúdos exige muito mais do professor, entretanto, para que sua autonomia possa constituir um benefício, é necessário que a utilize com competência e responsabilidade. Convém lembrar que o planejamento dos conteúdos deverá servir antes à aprendizagem do estudante que ao interesse do professor, e, à medida em que o professor conferir maior ênfase à aprendizagem que ao ensino, a fixação dos conteúdos passará a envolver tanto o tratamento da informação, que é transmitida ao estudante, quanto as suas capacidades intelectuais, necessidades e interesses. Os conteúdos não podem ser sempre os mesmos, devendo acompanhar as demais mudanças, além disso, é preciso considerar que a própria escola, ao longo do tempo, assume funções sociais diferentes. A escolha e a organização do conteúdo, por sua vez, não são ações neutras, pois implicam a decisão de regular e distribuir o que se ensina. O professor, quando seleciona e organiza conteúdos, desenvolve uma ação política, que “contribui para garantir a hegemonia de certos saberes e perpetuar uma visão de mundo”. (Sacristan, 2000) A seleção e a ordenação dos conteúdos não são apenas atividades simples e burocráticas porque envolvem conflitos e negociação. Isso significa que o professor, ao fazêlo, precisa ponderar sobre: as características dos grupos para os quais os conteúdos são oferecidos, as possibilidades e os limites para o seu alcance e também a disposição para alterálos em função do modo como os estudantes respondem a eles. Nesse sentido, alguns questionamentos devem permear esse momento.
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Que conhecimentos, habilidades e atitudes devem ser ensinados? Quem deve participar dessas decisões? A coordenação do curso? Os ou tros professores? A direção da escola? Os estudantes? Como decidir acerca do que deve ser ensinado e do que deve ser colocado de lado? Quão fáceis, agradáveis, coerentes e significativos serão esses conteúdos para os estudantes? Os conteúdos deverão ser alcançados por todos os estudantes ou por parte deles? A quem interessam esses conteúdos? Em que medida os conteúdos contribuem para o avanço pessoal e social dos estudantes?
Como vimos até aqui, a seleção e a organização dos conteúdos são atividades que exigem: conhecimento do assunto e do grupo de estudantes para os quais será ministrado e, além disso, são indispensáveis, ao professor, segurança, atualização constante, criatividade, iniciativa e sistematização.
Critérios para a seleção dos conteúdos A seleção dos conteúdos, além de importante e significativa, deve atender às necessidades sociais e individuais dos estudantes numa determinada realidade e época. • Vinculação aos objetivos elaborar a partir de objetivos claros e precisos. • Validade selecionar os que são válidos não só no momento em que são ministrados, mas também que possam servir em outros momentos da vida dos estudantes, que contribuam para vislumbrar novas perspectivas e identificar novas possibilidades. • Significância relacionados às experiências pessoais dos estudantes: significativos. • Utilidade considerar as necessidades e os interesses dos estudantes, as exigências do meio em que vivem, bem como a utilização posterior do conhecimento em situações novas, entretanto, os conteúdos não podem ser de natureza puramente técnica, mas relacionados aos mais amplos desafios da sociedade contemporânea.
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• Flexibilidade elaborar com flexibilidade suficiente para que o professor possa fazer alterações, adaptações, renovações e enriquecimentos, em função do acelerado ritmo de transformação dos tempos atuais e das características dos estudantes. • Adequação à diversidade dos estudantes identificar o nível de maturidade e de adiantamento dos estudantes. Nas últimas décadas, em virtude da ampliação do número dos cursos superiores, verificase maior diversidade no nível dos estudantes das diferentes escolas, no que se refere aos conhecimentos e ao nível de aspiração. O professor, para determinar a extensão dos conteúdos e sua variedade, precisa considerar as características dos alunos, principalmente em relação a: faixa etária; nível socioeconômico; aspirações profissionais; hábitos de estudo; conhecimentos anteriores; motivação para estudar a matéria. • Adequação ao tempo o aprendizado não ocorre somente durante o tempo em que o aluno permanece em sala de aula, mas também ocorre com leituras, exercícios, pesquisas, etc, entretanto, a carga horária, geralmente, indica a profundidade que se pretende conferir à disciplina; por esse motivo, ao fixar o conteúdo de uma disciplina, devese considerar o tempo que o professor disporá para o seu desenvolvimento.
Ordenação dos conteúdos A ordenação criteriosa simplifica a compreensão dos conteúdos e favorece o progresso da aprendizagem num espaço de tempo mais curto. Nessa ordenação, que ocorre após a seleção, descartase a possibilidade de se adotar um livrotexto e seguir sua ordem. Essa forma, que é simples e prevaleceu durante muito tempo, é substituída pela postura de se selecionar os conteúdos com vistas ao alcance de determinados objetivos. Nesse sentido, sua ordenação requer maiores cuidados. Recomendase considerar não somente a ordem lógica, mas também a ordem psicológica, condições pessoais dos alunos, experiências de vida para o aprendizado da disciplina. Ao estabelecer a seqüência dos conteúdos, devese levar em conta a motivação dos estudantes para identificar quais unidades despertam maior interesse, para depois intercalálas, à medida do possível, com as demais unidades do curso. Para concluir, acrescentamos que tanto a forma de organização quanto a apresentação do conteúdo influenciam a aprendizagem no tocante à motivação e à compreensão; a ordem lógica
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de organização nem sempre é a melhor para apresentar aos alunos. O professor deve priorizar aquela que favorece os processos superiores de conceituação, reflexão, análise, solução de problemas e, concomitantemente, motive o aluno a trabalhar com ele.
Seguem as leitura recomendadas para aprofundamento da aula: SANT’’ANNA, Flavia M.; ENRICONE, Dílcia; ANDRÉ, Lenir; TURRA, Clodia M. .Pla nejamento de ensino e avaliação. 11. ed. .Porto Alegre: Sagra: DC Luzzatto, 1995. (O Capítulo 4 desse livro é dedicado a Conteúdos. Nele, as autoras procuram, além de esclarecer acerca de sua seleção e organização, chamar a atenção para as relações entre objetivos, conteúdos, estratégias, recursos e avaliação).
Exercícios 1. Numa visão mais moderna de ensino, os conteúdos orientam o planejamento. Podese dizer que essa idéia está: a) Correta. b) Incorreta. 2. A seleção e organização dos conteúdos não constituem atividades simples e burocráticas, envolvendo conflitos e negociações. Podese dizer que essa idéia está: a) Correta. b) Incorreta. 3. “Os conteúdos são os conhecimentos que devem ser transmitidos aos estudantes”. Podese dizer que a afirmativa está: a) Correta. b) Incorreta. 4. “O conteúdo deve ser elaborado a partir dos objetivos”. Podese dizer que essa idéia está: a) Correta. b) Incorreta.
Respostas dos Exercícios 1. Numa visão mais moderna de ensino, os conteúdos orientam o planejamento. Podese dizer que essa idéia está: RESPOSTA CORRETA: B
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Realmente, numa visão mais moderna de ensino, os conteúdos são vistos como elementos que contribuem para a concretização dos objetivos da aprendizagem, e não como orientadores do planejamento. 2. A seleção e organização dos conteúdos não constituem atividades simples e burocráticas, envolvendo conflitos e negociações. Podese dizer que essa idéia está: RESPOSTA CORRETA: A A seleção e organização não são tarefas simples e burocráticas; o professor precisa considerar as peculiaridades dos grupos para os quais os conteúdos são oferecidos, as possibilidades e os limites para seu alcance e efetuar alterações quando necessárias. 3. “Os conteúdos são os conhecimentos que devem ser transmitidos aos estudantes”. Podese dizer que a afirmativa está: RESPOSTA CORRETA: B Essa é uma visão clássica, os conteúdos devem referirse também aos domínios afetivo e psicomotor. 4. “O conteúdo deve ser elaborado a partir dos objetivos”. Podese dizer que essa idéia está: RESPOSTA CORRETA: A Os objetivos, numa prespectiva mais moderna, constituem o ponto de partida para a determinação das ações de ensino, por isso, os conteúdos devem derivar dos objetivos, e não o contrário.
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O método expositivo, provavelmente o mais antigo e ainda o mais utilizado, assume várias formas de apresentação. Esta aula indica suas vantagens e desvantagens, pontua a importância das emoções na exposição, como aprimorar as habilidades de comunicação. Além disso, procura diferenciar as modalidades de exposição e traz recomendações para um planejamento adequado e melhoria da qualidade das aulas expositivas, consideradas como uma estratégia de comunicação.
AULA 06 • AULAS EXPOSITIVAS: UMA ESTRATÉGIA DE COMUNICAÇÃO A preleção verbal é, provavelmente, o mais antigo método e o mais utilizado desde as séries finais do ensino fundamental à universidade. É criticado por muitos professores e defendido por outros, sobretudo pela praticidade. É adotado nas empresas sob a forma de palestra, nas campanhas políticas sob a forma de discurso e na igreja sob a forma de sermão. Sua morte já foi anunciada por cronistas da educação, mas sobreviveu à difusão dos materiais escritos, à televisão, ao vídeo, ao computador e à Internet. Foi até definido como um processo em que as informações passam das fichas do professor para o caderno dos estudantes, sem passar pela cabeça de nenhum dos dois. O intenso uso da exposição devese muito mais a circunstâncias de natureza administrativa, por ser uma estratégia econômica flexível, rápida e que pode ser aplicada mesmo por quem não detenha muitos conhecimentos pedagógicos. A exposição apresenta vantagens, tais como: pode ser adaptada aos mais diversos públicos; é útil para a introdução de qualquer assunto; o produto é apresentado em sua forma final; possibilita apresentar o assunto de forma organizada; permite a comunicação de experiências e observações pessoais que não são possíveis por outros meios; é útil para a apresentação de conteúdos que ainda não estão disponíveis nos livros; favorece o controle do professor em relação ao conteúdo, sequência e duração da apresentação; não é ameaçadora para o estudante, já que não exige sua manifestação.
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Por outro lado, a exposição também tem suas limitações : não favorece a recepção de
feedback; estimula a passividade dos estudantes; seu sucesso depende das habilidades do expositor; não possibilita levar em consideração as diferenças individuais; é pouco útil para o alcance de objetivos cognitivos em níveis mais elevados; é pouco eficaz no ensino de habilidades motoras. Afirmase, então, que a exposição por si só não é melhor nem pior que as demais estratégias de ensino, e como qualquer outra, apresenta vantagens e limitações, o que exige do professor que esteja consciente delas para que possa decidir se deve ou não e como utilizálas. Convém, então, caso se opte por adotála, conhecer alguns fatores e habilidades que a tornem mais proveitosa, agradável e, principalmente, como aprimorála. A atuação do professor universitário, em sala de aula, comparase, muitas vezes, com a do ator de teatro. Lowman (2004) até define as salas de aula como “arenas dramáticas”. Isso significa que, numa exposição, esperase que o professor prenda a atenção dos alunos, mas seus propósitos são diferentes do ator. Para este último, a emoção é usada como um objetivo em si mesmo; para o primeiro, ela constitui um objetivo instrumental, na pretensão de que contribua para envolver os estudantes com o conteúdo ministrado. Na prática, isso se manifesta quando o professor, ao expor assuntos abstratos, modifica sua expressão facial, altera o volume de sua voz, pontua a apresentação, enfatiza suas idéias e, principalmente, quando demosntra entusiasmo pelo tema, transformando conteúdos áridos em fontes de interesse. As habilidades de comunicação expressamse pela voz, por gestos e movimentos, reforçam ou desviam a atenção dos alunos em relação ao que o professor pretende transmitir. É muito importante que o professor universitário conheça a própria voz, perguntandose: como ela é, como os alunos a percebem, se é fria ou acolhedora, se é monótona ou solene, se contribui para aproximar ou afastar os estudantes, por quanto tempo conseguem ouvila e, além disso, tomar alguns cuidados para preservála no que se refere à respiração (adotar a respiração diafragmática a que empurra o ar para os lóbulos inferiores do pulmão, dando a impressão de que a barriga fica cheia de ar); intensidade (falar num tom mais acima do normal de conversa e desenvolver uma voz forte, para que seja ouvida pelos alunos que sentam nas fileiras do fundo da sala); dicção; velocidade (tanto a rapidez quanto a lentidão podem provocar reações desfavoráveis); ritmo (harmonioso e capaz de proporcionar sensação de verdadeiro encantamento).
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Além da voz, todo nosso corpo fala e expressa uma mensagem que pode apresentar ou não a coerência com a mensagem emitida por meio da voz: os movimentos da cabeça e do tronco, a posição das pernas e dos pés, o movimento dos braços e das mãos, as contrações do rosto, a expressão do rosto. Os gestos, quando coerentes com a fala, ampliam o poder da palavra, o que demanda atentar aos mais expressivos e pertinentes, lembrando que o seu excesso não supre a falta de conhecimento e, nesse caso, podem até poluir ou comprometer a apresentação. A posição das pernas, da mesma forma, merece considerações, uma vez que se recomenda que as aulas expositivas sejam, sempre que possível, feitas de pé. Não é aconselhável movimentar desordenadamente as pernas, mas falar aos estudantes com os pés afastados na mesma largura dos ombros e os joelhos levemente flexionados. Isso não significa que o professor deva permanecer como estátua, mas, ao se movimentar pela sala, que o faça de forma discreta. A posição dos braços e das mãos também merece atenção, como, por exemplo, cruzar os braços, colocar as mãos no bolso, na cintura ou atrás da cabeça, apoiar as mãos na mesa, esfregar os olhos ou nariz, arrumar o cabelo, segurar fortemente lápis ou canetas, ou mexer na pulseira do relógio, são posturas geradas pelo desconforto natural quando se fala em público, mas, algumas delas, comprometem a imagem do professor. Vale ressaltar que alguns gestos das mãos são tão expressivos que dispensam a palavra oral. O contato visual com a classe é tão importante quanto o uso da voz e, quando o professor o perde, os alunos se dispersam. Diante disso, até ao escrever na lousa ou ler um texto, é importante que o professor olhe regularmente para a classe. Trataremos, agora, das modalidades que a exposição assume e iniciaremos pela mais comum nos cursos universitários, que é a aula expositiva. Muitas aulas desse tipo são úteis, satisfatórias e até excepcionais quando preparadas e apresentas de forma adequada, mas, nem sempre, é isso que acontece, principalmente quando o professor domina determinado conteúdo, gosta de falar e abusa dessa modalidade de exposição, considerada quase uma palestra, pois nela quem mais fala é o professor. Na aularecitação, o professor fala a maior parte do tempo, mas, freqüentemente, pára e faz perguntas específicas aos estudantes, encorajando a participação. A exposiçãodemonstração é uma modalidade na qual o professor utiliza recursos como modelos, máquinas, instrumentos, simuladores, dentre outros, e é adotada nos cursos que envolvem objetivos psicomotores. 40
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Na exposição provocativa, a principal finalidade é favorecer a postura reflexiva e não promover discussão. Finalmente, na exposiçãodiscussão, os alunos são encorajados a expressar e discutir seus pontos de vista. Em classes numerosas poucos participam. O planejamento da exposição requer a seleção dos assuntos e a quantidade de apresentação, por exemplo, num período de duas horasaula, concentrarse em quatro ou cinco tópicos. Considerar que, diante da impossibilidade de se esgotar todo o conteúdo definido, no plano de ensino, somente por meio de aulas expositivas, os alunos precisam buscar as informações ou complementar o aprendizado em outras fontes. Após a seleção e organização dos tópicos, recomendase que o professor prepare “notas de aula”, também conhecidas como “cola do professor”, configurandose num verdadeiro roteiro da exposição, um roteiro que serve para lembrar os pontos principais e não para recitação em classe. Quando colocado em transparências, podem desviar a atenção dos alunos para a tela, não sendo, portanto, recomendável esse procedimento. As aulas expositivas podem ser subdivididas em três partes: 1) Introdução: para que os alunos identifiquem os objetivos das aulas e tenham uma visão global da apresentação, indicados num quadrodegiz ou projeção; 2) Desenvolvimento: tomar cuidado com a estrutura da exposição, com a forma da explanação, com o oferecimento de exemplos e a verificação de aprendizagem. Há várias maneiras de estruturar a aula, como veremos em seguida. A estrutura clássica, preferida pelos professores, consiste na apresentação geral do tópico seguida por detalhamento e síntese, com a vantagem de desenvolver o conteúdo no tempo previsto e, como desvantagem, o baixo nível de participação dos alunos. Na estrutura dialética, o professor inicia a aula com a apresentação de determinados argumentos (tese), seguidos de argumentos contrários (antítese), que, por sua vez, conduzem a uma síntese com a participação dos alunos. Favorecese a participação dos alunos e o desenvolvimento de posturas críticas. Há, também, as aulas que partem de temas geradores (Paulo Freire), extraídos da problematização e da prática de vida dos estudantes. Não é recomendável que todo o tempo da aula seja destinado a exposições, porque, depois de 30 minutos, os alunos apresentam dificuldades de concentrarse no professor e, para recapturar o interesse, devese acrescentar outras propostas por meio de exercícios, 41
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demonstração, recurso audiovisual ou reunindo os alunos em pequenos grupos, a fim de que discutam alguns tópicos referentes ao conteúdo ministrado. Em qualquer disciplina é conveniente a apresentação de exemplos, ilustrações, metáforas, demonstrações e analogias para reforçar os pontoschaves da exposição, principalmente para o aprendizado de conceitos abstratos. Os melhores exemplos não são os que aparecem nos livros textos, mas os decorrentes da experiência dos professores e dos alunos. 3) Conclusão: o professor precisa controlar o tempo para que todas as aulas sejam concluídas, por meio de perguntas a fim de proporcionar esclarecimentos, de um resumo ou revisão dos pontos considerados mais importantes, de formulação de questões não respondidas e, nesse caso, necessitam de uma pesquisa. Não significa, entretanto, que a conclusão deva ser minuciosamente prevista, pois uma de suas finalidades é a de promover reparos no desenvolvimento da aula. Embora não existam fórmulas mágicas nem receitas infalíveis que garantam a eficácia das aulas expositivas, algumas recomendações contribuem para que os estudantes se interessem mais, faltem menos e evitem cochilar enquanto o professor fala, como veremos adiante. Espontaneidade: professor espontâneo e autêntico. Variedade: variar a forma de apresentação, planejar mudanças ao longo do desenvolvimento da aula, variar na altura, ritmo e velocidade da voz, na expressividade do rosto e movimentos corporais. Feedback: no transcorrer da aula, valerse da expressão corporal dos alunos para verificar o interesse ou não. As pistas (revelamse em bocejos, suspiros, olhar fixos no teto, movimentos constantes de ajeitarse na carteira, conversas paralelas) são oferecidas graciosamente e servem para promover pequenos ajustes no ritmo da aula. Recursos audiovisuais: não devem direcionar o processo ensinoaprendizagem, mas auxiliam as aulas expositivas. A próxima aula será dedicada à utilização e preparação de recursos tecnológicos no Ensino Superior. Para finalizar, o professor deve estimular a atenção dos estudantes, encorajar a tomada de notas e promover revisões no início, durante ou no final de cada aula.
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Seguem as leituras recomendadas para aprofudamento da aula: HOFFEBECK, Gérard; WALTER, Jaques. Como tomar notas rapidamente e bem: guia útil
no diaadia da empresa, preparação e conclusão de reuniões e palestras e em todas as situações que exigem uma anotação rápida e eficaz. São Paulo: Nobel, 1987. A leitura dessa obra contribui para que o professor organize suas aulas de forma tal que favoreça a tomada de notas pelos estudantes.
LOWMAN, Joseph. Dominando as técnicas de ensino. São Paulo: Atlas, 2004. O quinto capítulo dessa obra é dedicado às aulas expositivas. Trata de suas diferentes modalidades, de suas vantagens e limitações dessa estratégia de ensino, e de procedimentos que podem ser adotados para tornálas mais eficazes.
MASETTO, Marcos Tarciso. Aulas vivas. 2.ed. . São Paulo: MG Editora, 1996. Essa obra é produto de uma pesquisa em que o autor identificou e analisou condições facilitadoras de aprendizagem possíveis de ser aplicadas em sala de aula do Ensino Superior, que não exijam, necessariamente, recursos especiais e que possam envolver o estudante no processo de aprendizagem, tornando gratificante a atividade do professor. * Extraídas da bibliografia mencionada nesta aula: p. 152.
Exercícios 1. “O professor precisa deter o controle do tempo para que, em todas as aulas, haja efetivamente uma conclusão. Isso quer dizer que a conclusão deva ser minuciosamente prevista”. Podese dizer que essa idéia está: a) Correta. b) Incorreta 2. “A melhor forma de ensinar os outros consiste na exposição oral”. Essa afirmativa está: a) Correta. b) Incorreta. 3. “As aulas expositivas podem se tornar mais eficazes desde que sejam consideradas como estratégias de comunicação”. Essa afirmativa está: 43
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a) Correta. b) Incorreta. 4. “Na maioria dos cursos universitários, o professor dispõe de duas ou mais aulas por semana para ministrar sua disciplina e, por isso, recomendase que todo tempo seja destinado a exposições”. Essa recomendação está: a) Correta. b) Incorreta.
Respostas dos Exercícios 1. “O professor precisa deter o controle do tempo para que, em todas as aulas, haja efetivamente uma conclusão. Isso quer dizer que a conclusão deva ser minuciosamente prevista”. Podese dizer que essa idéia está: RESPOSTA CORRETA: B O professor não pode prever minuciosamente a conclusão porque uma das finalidades da conclusão é a de promover reparos no desenvolvimento da aula expositiva, no que se refere à esclarecimentos da matéria ministrada, aprendizagem dos alunos e revisão de conteúdos considerados importantes. 2. “A melhor forma de ensinar os outros consiste na exposição oral”. Essa afirmativa está: RESPOSTA CORRETA: B Essa forma é a estratégia que melhor caracteriza a “educação bancária”, na qual o professor decide sobre a ordem, o ritmo e a profundidade a ser dada ao assunto, cabendo ao aluno docilidade, atenção e submissão à autoridade do professor. 3. “As aulas expositivas podem se tornar mais eficazes desde que sejam consideradas como estratégias de comunicação”. Essa afirmativa está: RESPOSTA CORRETA: A A comunicação é um processo de interrelação entre as pessoas e a eficácia da exposição requer os conhecimentos oferecidos pela ciência da Comunicação. As habilidades de comunicação expressamse pela voz, por gestos e movimentos, reforçam ou desviam a atenção dos alunos em relação ao que o professor pretende transmitir. 4. “Na maioria dos cursos universitários, o professor dispõe de duas ou mais aulas por semana para ministrar sua disciplina e, por isso, recomendase que todo tempo seja destinado a exposições”. Essa recomendação está: RESPOSTA CORRETA: B Após trinta minutos de exposição, os estudantes passam a ter dificuldade para se concentrar no professor, então, este precisa pensar em outras atividades que tornem a aula mais interessante.
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Esta aula trata dos recursos tecnológicos no Ensino Superior, destacando que, quando bem elaborados e apresentados oportunamente, são capazes de despertar a atenção e, conseqüentemente, de facilitar a aquisição, na compreensão e aplicação dos conhecimentos, e de contribuir para a formação de atitudes, além de proporcionar uma aprendizagem mais permanente. Alerta também para os cuidados na utilização das folhas auxiliares, quadrodegiz e quadro branco, lousa interativa, blocos de papel, retroprojetor, videocassete e DVD, projetor multimídia, emails e fóruns de discussão online.
AULA 07 • A UTILIZAÇÃO DOS RECURSOS TECNOLÓGICOS NO ENSINO SUPERIOR Vimos, na aula anterior, o valor da aula expositiva, sobretudo quando o professor domina o conteúdo da disciplina que ministra e detém habilidades comunicativas. Nesta aula, destacamos que a comunicação tornase mais eficaz quando os recursos audiovisuais, que vão desde simples desenhos feitos no quadro até sofisticados equipamentos e programas de multimídia, são utilizados para facilitar a aprendizagem no Ensino Superior. Iniciamos com a expressão Tecnologia Educacional, que inclui, além da informática, o uso da televisão, do rádio, do vídeo, do retroprojetor e do quadrodegiz. Dito de outra forma, tudo o que o ser humano construiu, tanto em termos de artefatos, quanto de métodos para ampliar sua capacidade de ensinar, sem, entretanto, esquecerse de que, apesar do notável desenvolvimento dessas tecnologias, a comunicação oral ou escrita e o texto impresso são tecnologias fundamentais para a educação, tanto em sua modalidade presencial como a distância. Quando bem elaborados e apresentados oportunamente, os recursos tecnológicos são capazes de despertar a atenção e, conseqüentemente, de facilitar a aquisição, na compreensão e aplicação dos conhecimentos, e de contribuir para a formação de atitudes, além de proporcionar uma aprendizagem mais permanente. A propósito da relevância das estratégias didáticas Dale (1946) representa em forma de cone os diferentes níveis dos métodos e técnicas, que favorecem o processo de aprendizagem.
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Dale, 1946 in GIL, Antonio Carlos. Didática do Ensino Superior. São Paulo. Atlas: 2007.(p.228)
O que nos remete que as pessoas lembram: 10% do que lêem, 20% do que ouvem, 30% do que vêem, 50% do que vêm e ouvem, 70% do que dizem e escrevem e 90% quando explicam o que produziram. A intensa difusão dos recursos audiovisuais contribuiu para a supervalorização de seu uso e para o surgimento de alguns mitos da tecnologia educativa: o mito da tecnologia mágica, que a considera essencial e imprescindível e que, por si só, muda as coisas; mito da tecnologia ignorada, cuja eficácia não é demonstrada em virtude da resistência de alguns professores; o mito da tecnologia “ divernética” que, apesar de motivadora, não garante que os estudantes aprendam com elas; mito da tecnologia inteligente, reconhecida como capaz de ensinar a pensar e a resolver problemas; mito da tecnologia igualitária, com a qual se pretende resolver as desigualdades educativas; mito da revolução tecnológica, com a qual se propõe mudar radicalmente os sistemas de ensino e aprendizagem. O uso exaustivo, sobretudo de filmes ou transparências, desestimula a participação ativa dos alunos. Vale lembrar que o uso do vídeo, do projetor multimídia, do retroprojetor ou qualquer outro recurso tecnológico deve ser reconhecido como auxiliar de ensino e não como direcionador do processo didático.
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Para exemplificar uma utilização inadequada sobre o uso de vídeo em sala de aula: vídeo tapaburaco, quando surge um problema inesperado como a falta do professor; vídeoenrolação, quando não tem relação com o conteúdo; vídeodeslumbramento, utilizado pelo professor, que o considera empolgante, em todas as aulas; vídeoperfeição, sistematicamente questionado pelo professor, porque possui defeitos de informação ou estéticos; e, finalmente, só vídeo, utilizado de forma exclusiva sem qualquer discussão. Vale ressaltar que os recursos tecnológicos requerem conhecimentos e habilidades técnicas para sua utilização e também que se considerem os objetivos e o conteúdo do curso, o próprio professor, os estudantes e as ferramentas tecnológicas. Existem vários recursos tecnológicos utilizados no Ensino Superior, como veremos em seguida. Recursos visuais Quadrodegiz Flanelógrafo Gravuras Imanógrafo Modelos Filme Fotografias Álbum seriado Mural didático Museus Espécimes Exposição Diafilmes
Recursos auditivos Rádio Disco
Quadros Cartaz Gráficos Diagramas Mapas Objetos Diapositivos Transparências
Fita magnética
Recursos Audivisuais Diapositivos Cinema sonoro Diafilmes Televisão Fonte: Parra E Parra (1985) in GIL,Antonio Carlos. Didática do Ensino Superior. São Paulo: Atlas, 2007(p. 229).
Dentre os mais recomendados, incluemse alguns tradicionais, como as folhas auxiliares, os diversos tipos de quadros e os blocos de papel, que ainda são muito utilizados nesse nível. As folhas auxiliares são folhas distribuídas aos estudantes, contendo esquemas de aula, fórmulas, diagramas, fluxogramas, definições de termos, tabelas ou diagramas.Têm, como finalidade principal, contribuir para a organização do conteúdo da disciplina e para sua recordação, e não como repositório da matéria a ser estudada para as provas; por esse motivo, devem ser distribuídas à medida em que o professor apresenta o conteúdo de sua disciplina.
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Os quadros (pretos, verdes ou brancos, lisos ou quadriculados, para serem utilizados com giz ou com pincéis) constituem, provavelmente, a mais universal de todas as características de uma sala de aula e, ainda, um dos mais eficientes recursos visuais disponíveis e muito utilizados em programas de treinamento, sobretudo em suas versões multifuncionais, que comportam quadro branco magnético, tela de projeção e flipchart. Além de acessíveis, práticos e versáteis contribuem para estimular o interesse pela disciplina, ao contrário, por exemplo, da projeção de um filme, que pode favorecer a concentração sobre si mesmo. Muitos professores, ao compararem os quadros com os retroprojetores e, principalmente, com os projetores multimídia, tendem a vêlos como recursos muito rudimentares que só deveriam ser utilizados na ausência daqueles. Com efeito, as instituições de Ensino Superior precisam adequarse aos novos tempos, garantindo, ao professor, modernos recursos de comunicação. Não se pode mais admitir que esteja à disposição dos professores apenas um quadrodegiz e que seja limitado o uso das novas tecnologias para "ocasiões especiais". Mas isso não significa que o uso dos quadros, como recurso de ensino, deva ser considerado "coisa do passado". O desejável é que a escola ofereça múltiplos recursos ao professor e que este decida acerca da conveniência de utilização de um ou de outro. O ato de escrever sobre o quadro contribui para a concentração na aula e estimula os alunos a anotar o que o professor escreve. É um local adequado para escrever palavraschave ou nomes que sejam convenientes memorizar ao longo de uma aula expositiva. Não convém, no entanto, escrever muito no quadro, porque toma muito tempo, principalmente quando o professor procura garantir que a matéria escrita possa ser lida facilmente pelos estudantes, mesmo por aqueles que se sentam nas últimas fileiras. A regra básica é não escrever nada que não seja importante, nada a que o professor não se referirá em algum detalhe, e nada excessivamente longo.
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Alguns cuidados possibilitam melhores resultados: o planejamento da utilização, definir o que será colocado no quadro: sumários, gráficos, desenhos e planejar a seqüência e a harmonização dos elementos no quadro; a limpeza constitui requisito indispensável para uma boa apresentação, antes de iniciar qualquer explicação, convém apagar totalmente o quadro; a seqüência de utilização, de cima para baixo e da esquerda para a direita. Quando muito largo, primeiramente a sua metade esquerda e depois a sua metade direita; a postura do professor, pois não convém escrever ou desenhar no quadro em silêncio. O professor também não deve ficar de costas para a classe, o correto é escrever um pouco de lado, falando para os alunos.
A lousa interativa constitui uma combinação do tradicional quadro branco com a tecnologia do computador. A imagem do computador é projetada na lousa e basta tocar sua superfície para acessar ou controlar qualquer aplicação do computador. Usando uma caneta digital, tornase possível trabalhar naturalmente, tomando notas e destacando informações importantes com tinta eletrônica. Qualquer quadrobranco pode ser transformado em lousa interativa. Existem sensores especiais que são fixados nos cantos superiores do quadrobranco e acoplados a um computador e a um projetor multimídia. Dessa forma, todas as funções de qualquer aplicativo de software podem ser acessadas diretamente no quadrobranco através da caneta digital. Os flipcharts (do inglês flip = piparote; chart = quadro), também conhecidos como blocos de papel, ainda são muito utilizados em cursos universitários e apresentam algumas vantagens adicionais. Não precisa apagar o que se escreve e permite consultas quando necessárias. Podem ser folheados para a frente e para trás. As folhas são removíveis e podem ser colocadas na parede ou no quadro e, como são enroláveis, podem ser transportadas facilmente de uma sala para outra. O retroprojetor é muito utilizado no Ensino Superior em virtude de seu custo bem menor e também da pouca familiaridade de muitos professores com a preparação de transparências eletrônicas e manejo do projetor multimídia. Ele possibilita a projeção de transparências preparadas com o auxílio de máquinas copiadoras ou com canetas apropriadas, e também pelos próprios em sala de aula, o que exige número suficiente de folhas e canetas. Deve ficar em posição diagonal em relação à sala e seu cabeçote paralelo à tela para evitar distorções na imagem. O professor deverá permanecer junto ao retroprojetor, frente aos estudantes, mantendo contato visual com o grupo. Para tornar mais fácil a colocação e a retirada das transparências, convém que o retroprojetor seja colocado sobre uma mesa suficientemente grande para possibilitar a formação de uma pilha de transparências 49
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de cada lado: uma para as já projetadas e outra para as que ainda não o foram. Para assinalar algum ponto da projeção, o professor deverá fazêlo na própria transparência e não na tela. Para tanto, poderá valerse de um lápis ou de um ponteiro. O videocassete e o DVD constituem as tecnologias de áudio e vídeo mais utilizadas no Ensino Superior. Seu potencial para favorecer a aprendizagem é indiscutível, embora nem sempre sejam utilizados de forma adequada e devem ser reconhecidos apenas como recursos inseridos num programa de ensino. Quando utilizados como um fim em si mesmo, ou com a finalidade de entretenimento, as conseqüências, certamente, serão desfavoráveis para o aprendizado. Diante disso, alguns cuidados merecem atenção. Com vistas a garantir maior eficácia do ensino com o uso de videocassete e do DVD, convém que se considerem os seguintes pontos: • o material utilizado deverá estar diretamente relacionado com os objetivos de ensino; • os filmes deverão, preferencialmente, ter curta duração. Poucas são as situações que requerem apresentações com mais de 20 ou 30 minutos; • as apresentações devem ser complementadas pela comunicação oral do professor; • obtémse uma aprendizagem mais eficaz quando sua apresentação é seguida pela discussão com os estudantes; • convém estabelecer um sistema de avaliação tanto da aprendizagem quanto da reação dos estudantes, para promover as alterações que se fizerem necessárias.
O projetor multimídia constitui, hoje, um dos recursos tecnológicos mais apreciados pelos professores universitários e apresenta muitas vantagens em relação a outras tecnologias. • projeção de imagens da tela de computadores, filmadoras, videocassetes e DVDs; • apresentação de gráficos, textos e planilhas com a possibilidade de uso de som e animação; • projeção de imagens em cores brilhantes e saturadas, mesmo com as luzes acesas; • fácil locomoção, visto ser compacto e leve; • projeção direta do que é digitado ou desenhado na tela do computador; • comando de apresentação a distância; leitura do material projetado sem que o professor tenha que olhar para a tela.
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Substitui, com vantagem, a maioria dos recursos tecnológicos de ensino, mas apresenta limitações, como custo de aquisição e manutenção ainda relativamente altos, quantidade insatisfatória na maioria das instituições de Ensino Superior, e, nesse caso, tanto o professor quanto os alunos, que também o requisitam para apresentar seus trabalhos, dificultando sua disponibilidade e seu uso conforme foi planejado. O programa mais conhecido e utilizado é o PowerPoint, mas existem outros programas, como o Imagine e o SmartDraw. A apresentação eletrônica exerce muita sedução sobre os professores, pois são notáveis suas vantagens em relação a outros tipos de apresentação. Alterações no material podem ser feitas até o último momento. As animações de texto e os elementos gráficos ajudam a ilustrar a aula e a prender a atenção dos estudantes. Permite a utilização de efeitos de multimídia. Possibilita a apresentação de dados numéricos sob a forma de gráficos pictóricos, contribuindo para aumentar o interesse dos estudantes e para mostrar padrões e tendências que as tabelas não permitem. Com um pouco de arte, as mensagens tornamse muito atraentes, principalmente quando se usa animação. Quando se passa para o item seguinte de uma animação, os itens anteriores podem ser esmaecidos, ocultos ou alterados para uma cor diferente. Podese também criar mais de uma animação por transparência e determinar a ordem em que estas serão apresentadas. • use o PowerPoint como um guia para sua apresentação e não como folha a ser lida para a platéia. Procure fazer observações orais que ampliem e discutam, em lugar de reproduzir o que está na tela; • não se limite aos recursos oferecidos pelo PowerPoint. O uso de elementos gráficos externos e de videoclipes torna a apresentação mais rica; • olhe para a audiência enquanto estiver projetando as transparências; • evite utilizar a projeção com a sala completamente escurecida por mais de 15 minutos; • evite que os estudantes coloquemse em posição passiva durante o recebimento da informação, combinando a apresentação com outras ati vidades;
O uso de email permite a comunicaçao com um estudante, com um grupo, com uma classe ou mesmo com todos os estudantes da instituição. O professor informa procedimentos a serem observados na elaboração de trabalhos, do prazo para sua apresentação, bem como de sua avaliação. Também pode fornecer textos para leitura e análise, indicar sites de interesse para pesquisas relativas à disciplina, informar acerca de notas e faltas, dentre outros.
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Necessitase, como qualquer outro recurso, que o professor tome alguns cuidados na administração de seus emails. • estabelecer convenção para endereçamento das mensagens; • definir o tempo para resposta; • definir acerca do formato dos documentos anexados ao email; • baixar os emails para evitar perdas de mensagens; • preparar cópia de toda mensagem importante.
Em algumas disciplinas, os professores utilizam fóruns para discussão on line de temas ligados ao curso. Como nem sempre é possível reunir os estudantes em horários predeterminados, esses fóruns tornamse muito úteis para estimular a continuidade dos debates e conceitos iniciados em sala de aula. Esses fóruns são muito apreciados pelos estudantes, sobretudo porque lhes permite a interação com os colegas e a manifestação de suas idéias. Mas para que possam contribuir para os objetivos da disciplina, requerse, como nos demais recursos acima mencionados, uma série de cuidados. •definição clara dos objetivos da discussão; •estabelecimento de instruções detalhadas para os estudantes, inclusive acerca de seus deveres e responsabilidades; •estabelecimento de regras definidoras de comportamentos apropriados e inapropriados; •definição precisa do início e do término de cada discussão; •definição prévia de critérios para avaliação do desempenho dos estudantes na discussão; •criação de uma atmosfera favorável à discussão; •encorajamento para a participação ativa dos estudantes; •fechamento de cada discussão com a apresentação sumarizada dos pontos discutidos; •estabelecimento de vínculo do fórum com outras atividades didáticas.
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Seguem as leituras recomendadas para aprofundamento da aula: LEITE, Ligia Silva (Coord.). Tecnologia educacional: descubra suas possibilidades em sala
de aula. 4. ed. .Petrópolis: Vozes, 2004. Este livro oferece informações que auxiliam no planejamento da utilização de tecnologias educacionais em sala de aula.
MORAN, José Manuel; MASETTO, Marcos T.; BEHRENS, Marilda A. .Novas tecnologias e
mediação pedagógica. Campinas: Papirus, 2000. Este livro tem, como propósito, discutir a introdução da informática e da telemática na educação. No debate, inseremse, entre outros temas, questões associadas a propostas de integração e utilização do computador e da Internet na escola. Numa abordagem de mediação pedagógica, as discussões convergem para uma revisão ampla do papel do professor nos dias de hoje.
ANDRADE, Maria Angela Serafim. PowerPoint 2003. São Paulo: SENAC, 2004. Este livro possibilita ao leitor criar apresentações eletrônicas com facilidade, mesmo que não tenha conhecimentos prévios sobre o aplicativo.
Exercícios 1. “O professor pode utilizar amplamente os recursos audiovisuais, mesmo que em excesso, pois seu uso contribui para manter a atenção e a atividade mental do aluno”. Podese dizer que essa idéia está: a) Correta. b) Incorreta. 2. “Durante o processo de ensinoaprendizagem, não basta o professor apresentar aos alunos os recursos audiovisuais, é preciso desencadear a atividade operativa, fazendoos acionar e mobilizar seus esquemas mentais”. Essa afirmativa está: a) Correta. b) Incorreta. 3. “A expressão Tecnologia Educacional referese ao uso da informática, que privilegia a utilização de computadores em sala de aula e a conexão da mesma com o mundo externo por meio da Internet”. Podese dizer que essa afirmativa está: 53
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a) Correta. b) Incorreta. 4. “O vídeo, o projetor multimídia, o retroprojetor são recursos importantes e valiosos porque direcionam o processo didático”. Podese dizer que essa idéia está: a) Correta. b) Incorreta.
Respostas dos Exercícios 1. “O professor pode utilizar amplamente os recursos audiovisuais, mesmo que em excesso, pois seu uso contribui para manter a atenção e a atividade mental do aluno”. Podese dizer que essa idéia está: RESPOSTA CORRETA: B Se você escolheu esta alternativa, parabéns! É preferível usar pouco material, desde que seja bem escolhido e significativo para determinada situação de ensinoaprendizagem, o que permite que os alunos os explorem mentalmente, aplicando seus esquemas cognitivos. 2. “Durante o processo de ensinoaprendizagem, não basta o professor apresentar aos alunos os recursos audiovisuais, é preciso desencadear a atividade operativa, fazendoos acionar e mobilizar seus esquemas mentais”. Essa afirmativa está: RESPOSTA CORRETA: A Se você escolheu esta alternativa, parabéns! Acertou! Durante o processo de ensinoaprendizagem, não basta o professor apresentar os recursos audiovisuais, é preciso que o aluno trabalhe essas informações obtidas pelos sentidos através da sua atividade operativa, de forma a agir sobre os objetos, transformandoos e reconstruindoos mentalmente. É por meio da ação ou da operação que o indivíduo poderá apreender o significado das coisas. 3. “A expressão Tecnologia Educacional referese ao uso da informática, que privilegia a utilização de computadores em sala de aula e a conexão da mesma com o mundo externo por meio da Internet”. Podese dizer que essa afirmativa está: RESPOSTA CORRETA: B Se você escolheu esta alternativa, acertou! Parabéns! De fato a expressão Tecnologia Educacional não se refere apenas ao uso de computadores em sala de aula e a conexão da mesma com o mundo externo por meio da Internet, mas tudo o que o ser humano construiu em termos de artefatos, quanto de métodos, para ampliar sua capacidade de ensinar, pode ser considerado Tecnologia Educacional. 4. “O vídeo, o projetor multimídia, o retroprojetor são recursos importantes e valiosos porque direcionam o processo didático”. Podese dizer que essa idéia está: RESPOSTA CORRETA: B Parabéns! Você acertou! Tais recursos devem ser reconhecidos como recursos auxiliares de ensino, e não como direcionadores do processo didático.
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Esta aula dedicase à análise do processo de avaliação no Ensino Superior, destacando: os aspectos críticos, sua importância, os princípios que contribuem para tornála mais eficaz, no intuito de colaborar na decisão sobre a modalidade de avaliação mais adequada. Para tanto, traz aspectos positivos, recomendações e sugestões para um trabalho que objetive emancipação e promoção da aprendizagem dos estudantes universitários, sem, no entanto, se configurar em normas ou procedimentos que devem ser seguidos.
AULA 08 • AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM NO ENSINO SUPERIOR Nesta aula, trataremos do processo da avaliação no Ensino Superior no intuito de reconhecer seus aspectos críticos e sua importância; identificar princípios que contribuem para sua eficácia e colaborar para a decisão da modalidade mais adequada. Dentre os aspectos críticos da avaliação, destacamse: A avaliação é fonte de ansiedade e de stress. Os exames finais das diferentes disciplinas são realizados em poucos dias e de forma consecutiva, e as avaliações intermediárias durante o ano ou semestre letivo; muitas vezes, ocorrem num clima de tensão, pois alguns professores utilizam as provas de maneira terrorista, com propósitos implícitos e, algumas vezes, explícitos de vingança. A avaliação conduz a injustiças. Essa crítica referese às situações em que os professores ministram aulas em escolas com alunos diferentes, mas avaliam todos com o mesmo rigor; esforçamse para se adaptar ao nível dos estudantes; utilizam provas com poucas questões pela facilidade de correção; elaboram questões que abrangem todo o conteúdo. A avaliação privilegia o controle da retenção de conhecimentos, deixando de lado aspectos importantes da aprendizagem. Privilegiase a memorização. Existem muitas disciplinas com objetivos afetivos e que não podem ser avaliadas pelos procedimentos tradicionalmente utilizados nos cursos superiores. Muitas avaliações têm pouco a ver com o que foi ensinado no curso. Ocorre quando o professor não possui conhecimentos técnicos suficientes para elaborar provas adequadas e quando não tem muita clareza acerca dos objetivos pretendidos. 55
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A avaliação tradicional favorece o imobilismo social. As notas obtidas num curso seguem as pessoas por toda a vida, definindo, de alguma forma, o seu grau na hierarquia profissional, o seu nível de remuneração e o poder de que irá dispor. A escola tem, como principal função, fornecer às pessoas os conhecimentos e as habilidades necessárias para bem viver na sociedade; a existência de exames contribui para tornála uma instituição ultrapassada. As avaliações são influenciadas por estereótipos dos professores. Referese à estereotipia (contaminação dos resultados, quando o primeiro trabalho é medíocre, o professor admite que o próximo também o será) e ao efeito de halo (caráter afetivo exagerado, quando o professor valoriza a resposta de um estudante que considera simpático ou que impressiona pela caligrafia). As avaliações consomem demasiado tempo e energia dos professores e dos alunos. A correção conscienciosa das provas exige muito trabalho e energia, e quando é feita de forma superficial, acarreta conseqüências graves. As provas enfatizam mais a forma do que o conteúdo. Valorização da aptidão para se exprimir em detrimento dos conhecimentos específicos. A questão da validade das provas é critica. Quando o professor considera, na avaliação, os fatores freqüência, assiduidade e comportamento da classe. A questão da fidedignidade das provas é crítica. Um instrumento de avaliação é considerado fidedigno quando utilizado por diferentes avaliadores ou pelo mesmo avaliador em momentos diferentes; produz, consistentemente, os mesmos resultados. As avaliações desestimulam a expressão dos juízos pessoais dos alunos. Quando os alunos direcionam seus estudos para o que acreditam ter maior possibilidade de ser solicitado ou respondem de acordo com o que pensam que o professor gostaria que respondessem e, conseqüentemente, são desestimulados a exprimir seus juízos pessoais. As avaliações recompensam aprendizagens efêmeras. O conhecimento que é aprendido com a finalidade de ser avaliado desaparece algum tempo depois. As avaliações contribuem para encurtar o período letivo. Uma avaliação adequada não se restringe à prova final. Várias provas, durante o ano ou semestre, diminuem o tempo destinado ao ensino e, além disso, são geralmente antecedidas por um período de preparação e sucedidas por um período de esgotamento.
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As provas tradicionais favorecem a especulação com a sorte. Nestas, há poucas questões e refletem as características dos professores, sendo facilmente reconhecidas pelos estudantes, até mesmo porque muitos repetem as provas nos períodos letivos seguintes. Os exames tradicionais desestimulam o trabalho em grupo. Exaltam o trabalho individual e, conseqüentemente, o egoísmo. São incoerentes e difíceis de serem justificados quando o professor utiliza técnicas de grupo durante as aulas e propõe avaliações individuais. As provas tradicionais incentivam a fraude. Ao invés de se preparar para a prova, o estudante “prepara a cola”, sem contar que, atualmente, esse problema agravase em função das modernas tecnologias de comunicação. A exigência da avaliação dificulta o avanço dos estudantes. O programa a ser cumprido e avaliado não encoraja o avanço do estudante de acordo com seu próprio ritmo. Os exames dificultam a prática de uma pedagogia da descoberta. A preparação de provas voltadas para conteúdos definidos dificulta a adoção de estratégias que estimulem a exploração e a descoberta pessoal. Apesar dos aspectos desagradáveis e mesmo injustos da educação, a avaliação precisa ser entendida como elemento necessário para que o direito de aprender efetivese da melhor maneira possível, sendo que ela faz parte da vida e da lógica humana, de forma que serve para emancipar e promover a aprendizagem, justificandose sua importância.
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Em defesa da avaliação, que serve para emancipar e promover, convém considerar que: pode ser feita com alto grau de cientificidade (respaldo científico), a aprendizagem pode ser mensurada com razoável grau de precisão (definir claramente os objetos e suas propriedades); o processo de avaliação fornece dados necessários à melhoria da aprendizagem e do ensino (verificar mudanças no comportamento, em que medida ocorre e definir as que podem ser feitas quando a aprendizagem não é eficaz); inclui mais procedimentos além do rotineiro exame escrito (variar de acordo com as características dos estudantes e os objetivos da aprendizagem); envolve todo o processo de aprendizagem (diagnóstica, formativa e somativa); os professores podem avaliar bem os estudantes (provas objetivas e avaliação feita por mais de um professor exemplificam procedimentos que ampliam o grau de objetividade das avaliações); constitui traço fundamental de nossa civilização; favorece a integração dos conhecimentos; permite que os estudantes se situem em relação aos outros (um meio para descobrir causa e conseqüências de suas fraquezas); fornece feedback para o professor (verificar pertinência do ensino e validade das ações); serve para avaliar a ação do professor e da própria instituição (abrange todo curso, a escola, uma região ou mesmo toda a nação, como o Exame Nacional de Cursos, o qual verifica em que medida foram cumpridas as funções docentes.
Mediante alguns princípios, a avaliação tornase adequada aos propósitos do Ensino Superior, ou seja, entendida como parte integrante do processo de aprendizagem; contínua; os instrumentos devem apresentar validade e precisão; abranger os diferentes domínios de aprendizagem; integrada; preparada com razoável antecedência; provas múltiplas e diversificadas. A preparação dos alunos é um princípio importante e envolve o preparo intelectual e emocional. O professor esclarece os objetivos da disciplina e utiliza algumas estratégias como, por exemplo, informa o tipo de prova, quantidade de questões e a maneira que devem ser respondidas. Promove revisões estruturadas, nas quais os alunos respondem questões e depois comparam suas respostas com a de seus colegas ou com as do professor, que as apresenta em transparências. Encoraja os estudantes a apresentar suas dúvidas por email. São cuidados que ajudam no direcionamento dos estudos e maximização de esforços. As provas devem ser ministradas em clima favorável, e para que isso ocorra alguns cuidados são importantes. O professor pode tranqüilizar os alunos informando que chegará mais cedo no dia da prova para responder eventuais duvidas e garantir que terão tempo suficiente para as respostas. Diante disso, convém não perder tempo para iniciála e mantêlos informados
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acerca do tempo que resta para o fim da mesma, para tanto, é preciso garantir que possa ser elaborada no período definido. O ideal é anunciar o final quando faltarem quinze minutos e proceder ainda a mais dois anúncios: quando faltarem dez e cinco minutos, por exemplo. As provas devem ser corrigidas com cuidado e devolvidas rapidamente, e o processo deve contar também com a autoavaliação, não no sentido simplista em que o professor pede que o aluno atribua, a si mesmo, uma nota em determinada disciplina, pois se trata de um processo que requer o desenvolvimento de habilidades, como as de observarse a si mesmo, de comparar e relacionar seu desempenho com os objetivos propostos, e de atitudes, como a honestidade pessoal para reconhecer tanto os seus sucessos como as suas falhas. O desempenho do professor também deve ser avaliado no sentido de buscar informações dos alunos referentes a comportamentos e atitudes assumidos em sala de aula, que contribuem ou não para o processo de aprendizagem. Um item que não poderia passar despercebido referese às modalidades de provas, considerando que o primeiro passo na avaliação da aprendizagem consiste na definição dos objetivos que se pretende alcançar, o que significa que esse processo iniciase com o planejamento, antes das aulas em que os conteúdos foram ministrados. Após a definição dos objetivos, determinase a técnica mais adequada. Trazemos, em seguida, algumas provas para que o professor utilize as que melhor se ajustam aos objetivos definidos no plano. Provas discursivas. Há duas modalidades: dissertativa ou prova de pergunta curta. 1) A prova dissertativa, conhecida como ensaio, ou de resposta longa, é constituída por um tema desenvolvido livremente e tem como única limitação o tempo disponível para a resposta. Para que tenha qualidade, exigese alguns cuidados: utilizála apenas para avaliação da aprendizagem relativa a conteúdos complexos (raciocínio analítico, capacidade de síntese e julgamento de valor); apresentar a tarefa com clareza e precisão (evitar perguntas do tipo “Escreva tudo o que sabe...ou “Qual sua opinião...”. Solicitar avaliação crítica apoiada em evidências, não em sentimentos pessoais); advertir acerca da influência dos erros de português na pontuação, corrigir as provas sem identificar o seu autor (para evitar interferências no julgamento); não formular questões relacionadas entre si; preparar uma chave de apuração (serve para especificar os elementos a serem considerados e o seu valor); escrever comentários na prova (serve para justificar a nota, fornecer um feedback ao estudante). 2) Para as provas de respostas curtas, em que o professor apresenta algumas questões abertas, também existem algumas recomendações: formular apenas questões que se 59
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refiram a conteúdos importantes; iniciar as questões com um verbo de ação (descrever, comparar, contrastar, definir, relacionar, justificar, criticar e resumir); formular questões que mostrem se o estudante sabe aplicar o que aprendeu a situações novas; não formular questões relacionadas entre si (quem errar uma já está prejudicado na seguinte); proporcionar tempo suficiente para o estudante refletir, organizar as respostas e redigir (dica: para calcular o tempo da prova, o professor redige a resposta que considera ideal e multiplica por três os minutos que gastou); indicar o valor dos itens e o tempo aproximado para sua execução; avaliar uma questão de cada vez em todas as provas. Provas objetivas: apresentam brevidade da resposta e exatidão da correção. Quando bem elaboradas, contribuem para o fornecimento de informações úteis, a fim de tornar mais efetivo o processo de aprendizagem. Aspectos favoráveis: promovem julgamento imparcial; garantem rapidez na correção; proporcionam imediato feedback ao estudante; permitem a verificação extensa da matéria; possibilitam a comparação entre as turmas; permitem a identificação das diferenças individuais, contribuem para a avaliação do trabalho docente. Principais tipos de questão objetiva: 1) Questões de lacuna: são constituídas por frases incompletas, cujo espaço em branco deve ser preenchido por uma ou mais palavras. 2) Questões certo ou errado: cabe ao estudante indicar o que julga certo ou errado, mas, mesmo sem conhecer o assunto, tem chance de acertar 50% das questões. 3) Questões de múltipla escolha: são adequadas para classes numerosas e para professores que lecionam a mesma matéria em diversas classes. Sua elaboração é tida como atividade de cunho rigorosamente técnico. Alguns procedimentos devem ser observados na sua elaboração.
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1) Garantir que cada questão apresente uma única resposta certa; 2) Incluir cinco opções e não quatro, para diminuir a probabilidade de acerto devido ao acaso; 3) Expressar o enunciado da questão em linguagem positiva; 4) Incluir, no enunciado, o máximo de palavras, mantendo as opções de respostas mais curtas; 5) Variar a posição da resposta correta ao longo da prova; 6) Não sobrecarregar o enunciado com elementos inúteis; 7) Não retirar frases completas de livros ou apostilas; 8) Verificar se o enunciado do problema comporta tantas soluções quantas são as opções pretendidas. Não sendo possível, recorrer a outro tipo de questão; 9) Todas as alternativas gramaticalmente concordantes com o enunciado; 10) Formular primeiro a pergunta e sua resposta correta para facilitar a construção das outras alternativas; 11) Elaborar opções com aproximadamente a mesma extensão, pois é evidente a tendência para que a resposta certa fique mais longa; 12) Evitar termos, como: sempre, nunca, somente e todos, porque sugerem escolhas incorretas; 13) Não incluir opções que expressam a mesma coisa, já que, nesse caso, nenhuma das duas poderá estar certa.
Nas questões de associação cabe ao estudante estabelecer associações entre os elementos que são apresentados em dois grupos. Ainda temos as provas práticas: referese tanto à execução de atividades quanto ao resultado de qualquer execução. A execução pode consistir numa aula expositiva, num trabalho de laboratório, clínica ou oficina, no manejo de equipamentos, maquinaria ou veículos, na condução de uma entrevista, na execução de uma peça musical. O resultado pode referirse a desenhos, pinturas, esculturas, plantas e casas, cartazes, maquetes, etc; pode ser feita através de folha de cotejo ou de escalas de classificação. Para finalizar, as provas orais, nos cursos de pósgraduação, são úteis se utilizadas com o objetivo de verificar habilidades de argumentação.
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Exercícios 1. “A melhor avaliação do aprendizado é a que se faz de maneira intuitiva, sem fundamentação científica”. Podese dizer que a idéia está: a) Correta. b) Incorreta. 2. “A avaliação deve ser vista como um processo que se desenvolve ao longo de todo um curso e envolve três tipos de avaliação: diagnóstica, formativa e somativa”. Podese dizer que a afirmativa está: a) Correta. b) Incorreta. 3. “O desempenho do professor deve ser avaliado pelos alunos”. Podese dizer que a idéia está: a) Correta. b) Incorreta. 4. “A avaliação, ao longo dos últimos séculos, vinculouse quase exclusivamente à função seletiva da escola”. Essa afirmativa está: a) Correta. b) Incorreta.
Respostas dos Exercícios 1. “A melhor avaliação do aprendizado é a que se faz de maneira intuitiva, sem fundamentação científica”. Podese dizer que a idéia está: RESPOSTA CORRETA: Se você escolheu esta alternativa, acertou! Parabéns! Durante muito tempo, a avaliação foi feita de forma intuitiva, sem fundamentação científica, mas, atualmente, podemse desenvolver procedimentos de avaliação escolar com amplo respaldo científico. 2. “A avaliação deve ser vista como um processo que se desenvolve ao longo de todo um curso e envolve três tipos de avaliação: diagnóstica, formativa e somativa”. Podese dizer que a afirmativa está: RESPOSTA CORRETA: Se você escolheu esta afirmativa, acertou! Parabéns! De fato a avaliação deve ser vista como um processo que ocorre ao longo de todo um curso. No início serve como um diagnóstico, um levantamento das capacidades dos estudantes em relação aos conteúdos; formativa, informa acerca do desenvolvimento do processo de ensino e aprendizagem, para que o professor possa efetuar os ajustes necessários; e a somativa, que ocorre no final para determinar o alcance dos objetivos previamente determinados. 3.“O desempenho do professor deve ser avaliado pelos alunos”. Podese dizer que a idéia está: RESPOSTA CORRETA: A A avaliação docente deve buscar informações dos alunos referentes a comportamentos e atitudes assumidos pelo professor em sala de aula, que contribuem ou não para o processo de aprendizagem e são importantes para melhoras de sua atuação. 4. “A avaliação, ao longo dos últimos séculos, vinculouse quase exclusivamente à função seletiva da escola”. Essa afirmativa está: RESPOSTA CORRETA: A Se você escolheu esta alternativa, acertou! Parabéns! Grande parte dos esforços dos professores foi dedicada, principalmente, a determinar quais estudantes seriam eliminados em cada uma das etapas do processo educacional.
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AULA 09 • ESTUDO DE CASO
Aqui é o momento de aplicar todos os conceitos estudados nesta disciplina. Lembrese que o Estudo de Caso será postado pelo seu professor no botão "Atividades/Tarefas".
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BIBLIOGRAFIA GIL, Antonio Carlos. Didática do ensino superior. São Paulo: Atlas, 2007. LIBÂNEO, José Carlos. Didática. São Paulo: Cortez, 1994, pp. 127138. MIZUKAMI, Maria da Graça Nicoletti. Ensino: as abordagens do processo. São Paulo: EPU, 1986. PIMENTA, Selma Garrido; ANASTASIOU, Lea das Graças Camargos. Docência no ensino
superior. São Paulo: Cortez, 2007, pp.203218. (Coleção Docência em Formação)
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