Dedo Bandido

  • November 2019
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  • Words: 516
  • Pages: 14
Com Grande Respeito à Tradição

Andava mijando errado  Com as urina em atraso  Era uma gota no vaso  Três ou quatro na lajota  Quando não era nas bota  Na bombacha ou nos carpim  Eu mesmo, mijando em mim  Que tamanha porcaria  E o meu tico parecia  Uma mangueira de jardim

O pensamento mandava  O pau não obedecia  Quando a bexiga se enchia  Eu mijava à prestação  Pra o banheiro, em procissão  Uma ida atrás da ôtra  Numa mijada marota  Contrastando com meu zelo  Pra beber, era um camelo  E pra mijar, um conta-gota

Depois de passar um bom tempo  Convivendo com esse horror  Me fui atrás de um doutor  Que atendesse meu pedido  Me desse algum comprimido  Pra mim empurrar goela abaixo  Tenho certeza, não acho  Que bem antes que eu prossiga  É importante que eu diga  Que não deixei de ser macho

Mas buenas, voltando ao causo  Que é natural que eu reclame  Depois de um monte de exame  De urina e ecografia  E até fotografia  Da minha arma de trepá  Me obrigaro desaguá  Ajoelhado num pinico  E me enfiaro um troço no tico  Que me dói só de lembrá

Ainda dei o meu sangue  Pra o vampiro diplomado  Pensei que tinha acabado  Só me faltava a receita  Já tinha uma idéia feita  Me trato e adeus, doutor  Recupero o mijador  Nem sonhava em concluir  Que alguém iria invadir  Meu buraco cagador  

Fiquei bem contrariado  Tomei um baita dum choque  Quando me falaram em toque  Achei bem desagradável  Pra um macho é coisa impensável  Um dedão campeando vaga  No lugar que a gente caga  Vejam só o meu dilema  O pau é que dá problema  E o meu cu é que paga

Tentei todos argumentos  Me esquivei o quanto pude  Mas se é pra o bem da saúde  Não deve me fazer mal  Expor assim meu anal  Fazer papel de mulher  Nem tudo que a gente quer  Tá de acordo com os planos  Fui derrubando meus panos  E se salve quem puder  

De cotovelo na mesa  A bunda véia empinada  No cu não passava nada  Nem piscava de apertado  Mas era um dedo treinado  Acostumado na bosta  E eu, que nunca dei as costa  Pra desaforo de macho  Pensava, de pinto baixo

 O pior é se a gente gosta

Pra mim foi mais que um estupro  Aquilo me entrou ardendo  E então eu fiquei sabendo  Como   se caga pra dentro  Aquele dedo nojento  Me atolando sem piedade  Me judiou barbaridade  Que alívio quando saiu  Garanto pra quem não viu  Que não vou sentir saudade

Enfiei a roupa ligeiro  Com vergonha e desconfiado  Vai que o doutor abusado  Sem pena das minhas prega  Chamasse um outro colega  Pra uma segunda opinião  Apertei o cinturão  Fiz uma cara de brabo  Dois mexendo no meu rabo  Aí seria diversão

Depois daquela tragédia  Que pior pra mim não tem  Não comentei com ninguém  Pra evitar o falatório  Se alguém fala em consultório  Me bate um pouco de medo  Não faço nenhum segredo  Dessa macheza que eu trago  Mas cada vez que eu cago  Me lembro daquele dedo

Autor desconhecido

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