Cru-a-012

  • May 2020
  • PDF

This document was uploaded by user and they confirmed that they have the permission to share it. If you are author or own the copyright of this book, please report to us by using this DMCA report form. Report DMCA


Overview

Download & View Cru-a-012 as PDF for free.

More details

  • Words: 1,546
  • Pages: 46
CAPA Diana Luganski > Ricardo Galésio > Ângelo Fernandes Autumn Product Carla Barth Clara Tehrani Diana Luganski Emiliano Rodriguez Emma Overman Fabio Panichi Nelson Araújo Pedro Palrão Pep Karsten Sara Toscano

DOZE

12TWELVEDEZEMBRO2007 Fazemos hoje um ano. Em dezembro de 2006 lançámos o número zero e agora já temos doze para a troca. Foram muitos os que colaboraram connosco. Vieram de muitos sítios e fizeram diferentes coisas. Não pediram nada. Não tínhamos nada para dar. Hoje, já meio crescidos, voltamos a mostrar o mundo novo dos de sempre. Como se fosse a primeira.

LAUREAR A PEVIDE LISBOA PORTO

LISBOA.CONCERTO CRISTINA BRANCO CANTA ZECA AFONSO Teatro Municipal São Luíz 21h, 17 de Dezembro de 2007 LISBOA.CONCERTO NOUVELLE VAGUE Aula Magna 22h, 7 de Dezembro de 2007

PORTO.EXPOSIÇÃO BESREVELAÇÃO 2007 Casa de Serralves Até 8 de Janeiro de 2008

LISBOA.ESPECTÁCULO O LAGO DOS CISNES - CNB Teatro Camões De 19 de Dezembro a 12 de Janeiro



© Gonçalo Gaioso

PORTO.CONCERTO CLÃ Casa da Música 22h, 12 de Dezembro de 2007

Passa-se em Lisboa o que não te passa pela cabeça: arte.   Um dos maiores coreógrafos egípcios, mestre em danças do ventre, artista conceituado na Europa do norte, chegou entre tantos outros passageiros, ao aeroporto da cidade de Lisboa.   Mahdy Emara é bailarino mas é o seu jeito de escutar a música e de conduzir a nota ao gesto que fazem dele um poeta coreográfico. Interpreta as letras das canções conferindo à dança a eloquência da caligrafia árabe. Cada passo desliza, curvo ou alongado, como uma letra do alfabeto...   O talento de Mahdy é elástico. Para cada estilo de dança – clássico, folclórico ou cabaret -   ele encontra sem excepção a mais bela reacção dançada ao instrumento que o disco toca, seja uma zurna com nuances ou o ribombar cristalino da darbouka: tudo é Egipto, tudo é dança!   Para o receber criou-se um evento maiúsculo, um fim-de-semana de dança intensivo, de braços abertos ao Cairo, provando que a dança não precisa de uma linguagem comum, à excepção do verbo dançar.   Passou-se tudo na Escola Espaço Dança, já nas franjas da cidade, e por lá passaram mais de 20 bailarinas que fiéis aos movimentos egípcios de Mahdy Emara bambolearam com sabor as ancas atlânticas.   E o que tem de valioso este evento? A desenvoltura Lisboeta em investir em cultura. Há por aí, todos os dias, coisas que valem a pena: são projectos simples que brotam pelos cantos da cidade, já nas margens do subúrbio. Não saiem no noticiário porque não são notícia, mas acontecem - porque há quem queira organizar, quem queira passar palavra, quem queira experimentar, quem queira dançar, quem queira ensinar, quem queira aprender... porque por aí há de tudo!

ETRA EDADIC AN ARTE NA CIDADE

SARA TOSCANO





11

13

15

COOLISH CHOCOLATE SÃO TOMÉ

É feito no Alentejo, mas parece ter saído da montra de um qualquer delicatessen parisiense. A sofisticação da embalagem e o sabor a verdadeiro chocolate artesanal fazem com que seja conhecido e reconhecido lá fora como produto de excelência. Existem cinco à escolha: Chocolate 70 % Cacau; Chocolate com Açucar em Cristais; Chocolate com Laranja Confitada; Chocolate com Passas de Uva e Aguardente e Chocolate Culinária. Vale a pena ver e provar. www.boaboca-gourmet.com

17

PEP KARSTEN OUR DEMONS

19

21

23

25

27

29

31

33

I’m a heartbroken spirit, who haunts the walls of your house I’m the ghost of an unattended love and not corresponded affection I’m the spectrum of a man who was, and has now ceased to be You’re the one who didn’t love, and the broken heart belongs to me Every day I wander through the clarity your house engulfs And every night I’m in the shadows on the floor I kiss your body through the breeze your window welcomes I’m who you feel when you double check the locks on the door I’m the eyes that spy your every move, and the sigh that waves your air I am the tears that drench your skin, when there’s no skin left for you to bare I follow your steps in the thumping of your shoes I am the one who steals the things you think you lose And then I dream, I open wings and fly with you (Even when we’re both steady on the ground) I imagine us together, what would have happened were you with me (Until I hear you say you love me, I’m to continue earthbound) And then I feel my heart, in a cringing despair The tears run through my veins as if they were my blood I try to touch you, to somehow feel reassured But then I remember I can’t feel you with my hands anymore And then I scream, amidst my tears shout out your name Only to discover every effort will be in vain Your ears are deaf to all my words, whatever I may say But I’ll endure this suffering until I find a way I’ll cry my heart (It now has no other use) Drag myself (attached to you) Make sure you’re safe (even if out of hand) …I’d even tear my heart out if I knew That for a fraction of a second, you’d have felt it while telling me: “I love you…” I died before, I’d die again Because to die for your love would never be in vain And after knowing you don’t love me I can go through any pain You died before, but I carry you around And the aching sometimes feels too hard to bear But then I struggle to see you, imagine your presence As if you were in front of me…exactly there… Since you left I cry myself to sleep My lullaby is the sound I make while I weep Even though you’re the one who went away It seems it was me who died…and still dies everyday. PEDRO PALRÃO

35

ARROUND AUTUMN PRODUCT www.produzionisante.it/autumnproduct.html

37

39

41

43

45

47

49

51

53

CARLA BARTH 55

57

BERLINER ÂNGELO FERNANDES

59

61

63

CLARA TEHRANI UNTITLED

Era uma vez um rapaz que nunca aprendeu os sentimentos. Que nunca aprendeu o que é a tristeza, a raiva, o desespero, a ansiedade, a inveja, a vergonha, o medo, a culpa mas que também nunca aprendeu o que é o êxtase, a paixão, o desejo, a coragem, o orgulho, a esperança, a alegria, a felicidade. Era uma vez um rapaz que via a vida como um documentário ou uma foto-reportagem. Não era uma pessoa esquisita nem um sociopata nem nada. Era só como aquelas pessoas que não têm cheiro e todos lhe gabavam a capacidade de não-sentir. Porque a maioria das vezes sente-se para sofrer, diziam. Ele sofria sem sofrer por não poder sofrer. Então decidiu procurar a semente do sentimento e engoli-la e fazer com que dentro dele crescesse primeiro uma plantinha frágil com os sentimentos básicos como a ternura ou a melancolia e ver essa plantinha transformar-se em arbusto e árvore e florescer com tudo o que se podia sentir. Era uma vez um rapaz que era livre que queria ser aprisionado.

E começou a viajar pelo mundo fora na sua procura pelo sentimento. Decidiu que talvez na Grécia conseguisse encontrar o jarro de Pandora e lá dentro a semente da esperança e dela fazer crescer tudo o resto. E procurou, procurou e encontrou o Jarro mas já estava vazio, toda a esperança distribuída por todos os sortudos que conseguiam sentir. Continuou para leste, percorreu as planícies desérticas da Península Arábica e chegou à Índia procurando a semente do amor de Kama e Rati, ele deus do amor espiritual, ele do carnal, marido e mulher, essência e matéria unidos. Talvez se engolisse a semente dos sentimentos platónicos e dos carnais fosse fecundado e nascessem em si todos os sentimentos. Mas como é que ele poderia entrar no Mundo dos Sentimentos, ou melhor, como é que o Mundo dos Sentimentos poderia entrar nele justamente pela porta do amor, a mais difícil de encontrar? E continuou, deixando para trás a juventude, pejada de memórias sem sentimento como um álbum de fotografias de uma vida que não conhecemos. Atravessou os Himalaias e procurou na sabedoria Budista a compaixão. Em vão. E continuou e procurou a semente em Dilong, mítico dragão defensor da Terra. E continuou e continuou e nenhuma semente de sentimento encontrou. Procurou feiticeiros, magos, druídas, bruxas, padres, sacerdotes, monges e bebeu mil e uma poções e deixou-se enfeitiçar e amaldiçoar, comeu mil e uma sementes e deixou-se entrar e sair de transe, e entrou em mil e um rituais e nada… Nenhum sentimento. Nem realização, nem frustração, nem nada. Como é que se aprendem sentimentos? Como é que se ensinam sentimentos? E o jovem rapaz com a incrível capacidade de não-sentir tornou-se num velho com a pobre capacidade de não-sentir, velho sem medo da morte, sozinho sem solidão, acompanhado sem amor. Vida cheia de vazio. E os que dantes lhe gabavam a capacidade de não-sentir encheram-se de pena dele e visitavam-no todos os dias com tentativas de sentimentos embrulhados em papel barato do Chinês. Era uma vez um velho que nunca aprendeu os sentimentos e que morreu sem sentir a vida.

65

EMILIANO RODRIGUEZ

www.emilianorodriguez.com.ar

67

69

73

75

79

81

DIANA

LUGANSKI

83

85

87

89