Crise De 29 No Brasil

  • October 2019
  • PDF

This document was uploaded by user and they confirmed that they have the permission to share it. If you are author or own the copyright of this book, please report to us by using this DMCA report form. Report DMCA


Overview

Download & View Crise De 29 No Brasil as PDF for free.

More details

  • Words: 8,667
  • Pages: 26
UFMG-COLTEC Setor de Ciências Sociais Geopolítica Profa Rogata M36 Química

Brasil: Mudanças no quadro Político, social e econômico da República Velha ao Estado Novo

André Santos Camilla Mara Danielle Campos Jeniffer Rosa Laiane Tábata Nayara Carolina Rafael Mota

Belo Horizonte, agosto de 2008 Introdução A República herdou da monarquia um grande desequilíbrio no balanço de pagamentos. Os gastos com as importações eram enormes. No final do século, as despesas com o desenvolvimento de atividades urbanas e industriais eram elevadas: expansão da rede ferroviária, melhoria dos portos, instalação de fábricas, tudo exigia mais e mais recursos. A abolição também representou aumento dos déficits do Tesouro Nacional: os fazendeiros – escravocratas ou não – precisavam de recursos (em forma de créditos), sobretudo para a remuneração da nova força de trabalho, os assalariados. A instauração da República Brasileira se deu no momento em que o país se inseria na divisão internacional do trabalho, o que lhe conferia a qualidade de país agroexportador. A monocultura cafeeira estava centrada nas regiões de São Paulo e Minas Gerais, e foram os latifundiários dessas regiões que, de modo geral, ficaram no poder depois do período de transição. Segundo alguns, a República Velha pode ser dividida em dois períodos: O primeiro período chamado República da Espada, de 1889 a 1894 e o segundo período chamado República Oligárquica que durou de 1895 a 1930. No primeiro período predominou o elemento militar e um grande receio da parte dos republicanos de uma restauração da monarquia. No segundo período, predominou os Presidentes dos Estados, na chamada Política dos Estados, vulgarmente conhecida por política dos governadores, criada por Campos Sales, e sustentada em sua base municipal pelo tipo carismático do "Coronel". A República velha conheceu seu fim na tarde de 3 de novembro de 1930, quando Getúlio Vargas tomou posse como Chefe do "Governo Provisório" da Revolução de 1930. A República Velha O Governo Provisório da República tinha lideranças militares, como o general Deodoro da Fonseca e o tenente-coronel Benjamin Constant; republicanos históricos do grupo moderado, como Quintino Bocaiúva, Campos Sales e Aristides Lobo; e um político desencantado com a monarquia e favorável à federação, Rui Barbosa. Nele não havia ninguém que pudesse ser considerado um representante das camadas populares.

As primeiras medidas implantadas visavam eliminar órgãos imperiais: dissolveu as câmaras, aboliu o conselho de estado, transformou as províncias em estados e nomeou o primeiro ministério da República. Um problema enfrentado pelo Governo Provisório foi gerado pela política financeira de Rui Barbosa, ministro da Fazenda. Para ele, a República só se consolidaria “sobre alicerces seguros quando suas funções se firmarem na democracia do trabalho industrial”. Apoiada pela pequena burguesia urbana, essa política emissionista e de facilitação de créditos para a indústria não seria bem aceita pelas oligarquias dos principais Estados e até por seus colegas de ministério, como Campos Sales, da Justiça. Para muitos, inclusive Rui, a melhor solução era estimular a produção interna: ele aumentou as tarifas alfandegárias sobre os produtos aqui existentes, como os fios para as manufaturas têxteis, e facilitou a entrada de matérias-primas. Por um tratado de comércio com os Estados Unidos – que desde a Proclamação tentavam substituir a Inglaterra na influência sobre o Brasil – ele tentou aumentar as exportação do açúcar. Mas o que mais se destacou na política financeira de Rui Barbosa foi à emissão de papel moeda em larga escala. A enorme quantidade de dinheiro que passou a circular não tinha correspondência com a produção real da economia, resultando em uma grande inflação, além de estimular o surgimento de empresas fantasmas. Conseqüentemente a economia se tornou insustentável. A facilidade de créditos levou, por outro lado, a uma desenfreada especulação com os papéis e ações das novas empresas. Essa especulação foi apelidada de encilhamento, pois a euforia barulhenta da Bolsa de Valores lembrava o local de apostas no Jóquei, quando os cavalos se preparavam para um páreo. Em meados de 1890, o governo tentou conter as especulações, só permitindo a fundação de sociedades anônimas com um capital subscrito por inteiro, ou seja, com garantia da existência de todo o capital necessário. Mas o descontrole financeiro já era quase total, pois o orçamento de vários Estados estava a ponto de quebrar. No final desse ano, as falências começaram. Por causa da inflação, muitas empresas não puderam saldar suas dividas e com isso caía o valor de suas ações e o volume dos seus negócios. Era a crise: prejuízo para muitos que investiram suas poupanças e lucros para uns poucos, os especuladores. foi atingida no governo Campos Sales.

A estabilização da economia

Coronelismo e Política dos Governadores O controle político dos Estados pela aristocracia contava com a participação importante dos "coronéis", geralmente grandes latifundiários. O título de coronel era originado da antiga Guarda Nacional, sendo ele o mandão no município ou na região. Um dos principais objetivos do coronel era o controle do voto de seus dependentes. Pelo “voto de cabresto”, ele garantia para seus candidatos o apoio dos que lhe deviam favores. Como um animal doméstico, o eleitor era conduzido de acordo com a vontade de quem o submetia. O domínio do coronel tornava-se incontestável em sua fazenda. Estendia-se ao município, se ele era o chefe dos fazendeiros dos distritos rurais. Os chefes municipais, por sua vez, se agrupavam em torno dos líderes da cidade mais importante de uma região. Havia uma dependência mútua entre os chefes municipais e os chefes estaduais. O governo federal, é claro, aproveitava-se do controle dos votos dos trabalhadores do campo, a ponto de um presidente da República, Campos Salles, ter-se preocupado em regularizar as ligações políticas entre o governo federal, o estadual e os coronéis. Campos Sales concebeu, então, um plano destinado a obter a “paz política” entre o Governo e as oligarquias dominantes nos estados. O que foi chamado de “política dos Estados”, mais conhecida como política dos governadores. Foi criada a Comissão de Verificação dos Diplomas dos Eleitos, que tinha o poder de reconhecer, ou não, a eleição do presidente, vice-presidente, senadores e deputados. Em retribuição ao reconhecimento pelos poderes federais do seu domínio regional, as oligarquias estaduais comprometiam-se a apoiar a política presidencial e, fortalecidas pelo apoio federal, as oligarquias estaduais aumentavam o controle sobre os “coronéis” municipais. Estes, por sua vez, como precisassem de verbas governamentais, obrigavam todos os seus dependentes (curral eleitoral) a votar nos candidatos do governo (federal e estadual), pondo em funcionamento assim a “maquina eleitoral”. Café-com-Leite Com a montagem da política dos governadores por Campos Salles, as oligarquias paulista e mineira passaram a dispor de melhores condições para exercer a direção política do país. E foi o que aconteceu entre 1889 e 1930.

Em 1899, Silviano Brandão, governador de Minas Gerais, aceitou o pacto com São Paulo para alternar-se com este estado no poder, usufruindo ambos de sua vantagem econômica sobre o restante dos estados - era a grande oportunidade para Minas Gerais ocupar uma situação privilegiada, tirando vantagens políticas e econômicas para a elite mineira. Esse acordo entre os fazendeiros exportadores paulistas e mineiros, sedentos de um poder político que estivesse à altura do poder financeiro que acumularam no final do século XIX, transformou o federalismo no Brasil ao estabelecer privilégios oficiais aos dois estados durante a República Velha A política do café-com-leite, como ficou conhecida essa aliança, permitiu à burguesia cafeeira paulista controlar, no âmbito nacional, a política monetária e cambial, e a negociação no exterior de empréstimos para a compra das sacas de café excedentes, enfim, a política de intervenção ainda mais ativa que garantia aos cafeicultores lucros seguros. Para Minas Gerais, o apoio a São Paulo garantia a nomeação dos membros da elite mineira para cargos na área federal e verbas para obras públicas, como a construção de ferrovias. O poder financeiro das aristocracias rurais daqueles dois estados, crescente durante o século anterior, havia permitido que seus políticos adquirissem projeção nacional. Desta forma, a política do café-com-leite consolidou o poder das famílias mais abastadas, formando as oligarquias. Os paulistas e os mineiros ocupavam os cargos de presidente da República, vice-presidente e os Ministérios da Justiça, das Finanças e da Agricultura, entre outros. A política do café-com-leite, que teve início com o governo de Campos Sales na década de 1890, só terminou oficialmente com a Revolução de 30, quando Getúlio Vargas assumiu o governo do Brasil. Outro fator para a queda desta política foi a Crise de 1929, quando os preços do café brasileiro despencaram no mercado internacional, retirando dos barões do café seu poder político. O Carro chefe da economia: O Café O café, durante a República Velha, foi o líder das exportações brasileiras. Sem concorrentes no mercado internacional, o Brasil atendia a dois terços do mundo. Além disso, a própria utilização de mão de obra imigrante aumentava a capacidade de produção.

Não faltavam razões para a euforia, pelo menos dos que negociavam o café – plantadores, comerciantes e banqueiros. Investindo quantidades crescentes de capital na ampliação das lavouras e vivendo e participando diretamente das transações comerciais e financeiras nas cidades, eles constituíam, a essa altura, uma enriquecida e próspera burguesia do café. A expansão capitalista da economia cafeeira promoveu o desenvolvimento da rede ferroviária e a ampliação dos portos e dos serviços urbanos. Além disso, difundiu o trabalho assalariado no campo e na cidade, possibilitando o alargamento do mercado interno, de modo a estimular a produção manufatureira e industrial. No início do século XX, a produção nacional superou a demanda mundial. Os estoques começaram a crescer e se acumular, chegando a atingir 60% da demanda mundial. Os preços começaram a cair, e, somado isso à política de valorização cambial de Campos Salles, a cafeicultura realmente sentiu os efeitos da crise. Como fatores para essa crise podemos citar:  O café era o único produto nacional com mercado assegurado o exterior. Por isso, havia uma forte tendência ao investimento excessivo em novas plantações;  Como a distribuição e o comércio no exterior estavam sob o controle dos exportadores estrangeiros, sobretudo ingleses, tornava-se difícil aos fazendeiros o acompanhamento do mercado. Dispondo de recursos, os exportadores compravam a preços baixos os excessos de café, que eram estocados e vendidos a preços maiores quando o consumo voltava a aumentar; 

O café era colhido normalmente quatro ou cinco anos depois do plantio. Isso dificultava ainda mais o ajuste entre a quantidade produzida e o consumo.

Os cafeicultores começaram a pressionar o governo para que resolvesse a crise e, em 1906, quando a crise atingiu o auge, os governadores dos três principais estados tomaram a iniciativa de dar aos cafeicultores o que eles queriam. Os governadores de Minas Gerais (Francisco Sales), São Paulo (Jorge Tibiriçá) e do Rio de Janeiro (Nilo Peçanha) reuniram-se na cidade paulista de Taubaté, no Vale do Paraíba. Esta reunião, conhecida como Convênio de Taubaté, propunha que o governo comprasse o excedente de café com o objetivo de provocar a alta cotação do café. Para isso, o governo faria empréstimos (15 milhões de libras esterlinas). Quanto ao excedente de café, este seria estocado até que mercado se normalizasse.

A proposta foi levada para o presidente Rodrigues Alves para que a aprovasse, mas ele se negou. Apesar deste empecilho, meses depois Afonso Pena ganhou as eleições para presidente, e já de início aprovou facilmente o Convênio de Taubaté. Num primeiro momento o convênio foi um sucesso, pois os preços começaram a subir e o empréstimo foi pago. Porém, com o passar do tempo, causou problemas maiores, pois, ao terem garantido um preço compensador para o café, o governo estimulou o próprio plantio de café, aumentando assim o excedente e os estoques do governo. Em 1929 ocorreu, com grande depressão, o comercial mundial estava abalado, os estoques de café estavam altos e a oportunidade de vendê-lo mais tarde era mínima. Assim, a alternativa tomada pelo governo (Getulio Vargas) foi queimar as sacas estocadas. O governo de Campos Sales, 1898-1902 As ações de Campos Sales se concentraram em recuperar a situação econômica do Brasil, prejudicada pela política do encilhamento do governo anterior, Prudente de Moraes. A política do encilhamento fez com que o Brasil recorresse a empréstimos da Inglaterra, aumentando consideravelmente a dívida externa. Por isso, o governo se preocupou em amenizar o efeito desta dívida estabelecendo um acordo denominado “funding loan”. Este acordo visava à suspensão dos juros da dívida por certo tempo e como garantia as rendas da alfândega do Rio de Janeiro e Santos ficariam hipotecadas aos banqueiros ingleses. Campos Sales combateu também a inflação e a desvalorização da moeda, queimando células de mil-réis e proibindo os bancos a fazerem emissões, pois com menos dinheiro em circulação a moeda valorizava. Outras atitudes que fizeram parte do “saneamento econômico” foram a redução das despesas e aumento das receitas através da criação de uma série de novos impostos. implementou medidas antiinflacionárias ; cortou despesas; criou novos impostos ; aumentou a carga tributaria. O aumento da carga tributária, principalmente pela chamada “Lei do Selo” causou aumento nos preços dos alimentos e gerou o descontentamento da população, que, mesmo com os preços caindo, ainda reclamava da pobreza e das más situações que viviam. Assim, para garantir a manutenção do poder, Campos Sales desenvolveu uma

política de favorecimento entre o governo central e os governadores, a chamada política dos governadores, onde essas duas esferas de poder se articulavam. Urbanização Percebe-se que as regiões economicamente mais desenvolvidas atraem os contingentes populacionais marginalizados pela manutenção da estrutura latifundiária. Aquelas que são capitais regionais ou que representam etapas importantes nos corredores de exportação são as que mais atraem, pela perspectiva de emprego que podem oferecer. Com a prosperidade econômica, motivada pelo comercio do café, havia um incentivo ao crescimento urbano, o que aumentava a diferenciação da sociedade brasileira em classes e camadas sociais. A fisionomia das cidades mudava, as áreas centrais foram remodeladas e saneadas, principalmente no Rio de Janeiro no início do século. Serviços básicos de água, esgoto e coleta de lixo atendiam as classes favorecidas desde o final do século passado e os transportes modernizados (os bondes elétricos serviam as classes medias e baixa dos subúrbios). É preciso notar, porém, que 70% da população nacional vinha do campo. Um episódio interessante dentro desse contexto de urbanização foi a Revolta da Vacina, ocorrida em 1904. O Rio de Janeiro como capital da República, apesar de possuir belos palacetes e casarões, tinha graves problemas urbanos: rede insuficiente de água e esgoto, coleta de lixo precária e cortiços super povoados. Nesse ambiente proliferavam muitas doenças, como a tuberculose, o sarampo, o tifo e a hanseníase. Alastravam-se, sobretudo, grandes epidemias de febre amarela, varíola e peste bubônica. O governo desejava que a cidade se tornasse um exemplo de progresso, e, então, inicia a reforma e a modernização, o que incluiu o combate de epidemias. Para isso o governo convidou o médico e sanitarista Osvaldo Cruz, que convenceu o presidente de decretar a obrigatoriedade da vacinação contra a varíola. A população, no entanto, desconhecia as necessidades da vacina. Conseqüentemente vários setores da sociedade reagiram contra a vacina, causando uma grande revolta nas ruas do Rio de Janeiro. A reação popular levou o governo a suspender a obrigatoriedade da vacina e a declarar estado de sítio. A rebelião foi contida, deixando 50 mortos e 110 feridos. Centenas de pessoas foram presas e, muitas delas, deportadas para o Acre. Ao reassumir

o controle da situação, o processo de vacinação foi reiniciado, tendo a varíola, em pouco tempo sido erradicada da capital. Nessa primeira parte do século XX, o sudeste não só vê crescer sua população como um todo, como apresenta um crescimento urbano maior do que as demais regiões. O Rio de Janeiro, capital federal, passa de 91.565 habitantes em 1900, para 1.896.998 em 1939. Já São Paulo, passa de 239.820 para 1.322.643 habitantes, nesse mesmo período. Vale ressaltar que esses números não podem ser generalizados para o caso brasileiro. A maioria desses habitantes pertencia às camadas médias: funcionários públicos, profissionais liberais, empregados de firmas de serviços públicos e do comércio. Outros faziam parte do proletariado que começava a se formar. Tanto as camadas médias quando o proletariado originava-se dos processos de urbanização e industrialização. A contradição entre a burguesia que se enriquecia e o proletariado miserável, gerava sérios e violentos conflitos a partir do final dos anos 20. Ainda que os industriais e as camadas médias não se opusessem de forma radical aos proprietários de terra, o surgimento dessas novas forças sociais ameaçava o rígido sistema oligárquico. O fato é que a maioria das camadas médias e o proletariado eram os mais prejudicados pelas freqüentes elevações do custo de vida, além de estarem excluídos das decisões políticas. O sudeste mostrava uma franca vantagem sobre as demais regiões, não só em teremos absolutos quanto em termos percentuais. Estava acontecendo o fenômeno já descrito, o processo de urbanização, que refletia um paralelo ao processo de industrialização. Em pouco tempo os proprietários escravocratas deram origem, em particular no estado de São Paulo, a fazendeiros com mentalidade empresarial, ao lado dos comerciantes e dos banqueiros. Ligados direta ou indiretamente ao café, eles formavam a burguesia agrária e rural. O antigo barão do café desaparece, dando origem ao “coronel”, residente em palacetes na cidade. Dos núcleos urbanos da região, o que revelou mais desenvolvimento foi a cidade de São Paulo, que passou por profundas transformações, inclusive pela diversidade dos estilos de construções. Apesar de suas ruas acanhadas, seus bodinhos puxados por burro, a cidade já podia deslumbrar, por exemplo, os estudantes de Minas Gerais: “para quem viera de Ouro Preto, aquilo era uma Paris em ponto pequeno”. Logo depois suas ruas tiveram a eletricidade competindo com os lampiões de gás e os bondes elétricos.

“É São Paulo que distribui pelas diversas zonas cafeeiras a onda dos imigrantes e é também onde se reúnem os operários que deixaram as fazendas e procuraram novo amo.”(Pierre Denis). Aí esta um motivo do crescimento rápido e desordenado da cidade. No começo do século, notava Artur Dias, que a cidade vista do alto, mostrava blocos que davam idéia de varias cidades sucessivamente agrupadas dentro da linha exterior instável. Desse crescimento pode se ter a medida desse crescimento, sabendo que a cidade passou de sessenta mil edificações no tempo da Primeira Guerra Mundial para quase cem mil dez anos depois. O desenvolvimento brasileiro era desigual, típico do modo de produção capitalista, onde quer que ele exista. Mas no caso brasileiro, que era uma economia dependente de grandes grupos capitalistas internacionais, essa desigualdade era acentuada e tinhas aspectos peculiares. Uma característica dessa desigualdade e dependência do desenvolvimento brasileiro era a concentração regional de renda. A elevação do nível de investimentos, a diversificação da economia, o progresso das cidades, enfim, toda a prosperidade era privilégio do sudeste. Esse desenvolvimento da produção e das cidades e as mudanças sociais determinavam a modificação de muitos hábitos, e o café era responsável por alguns. Os cafés eram lugares de encontro obrigatório da população dos bairros das zonas norte e sul. O Tenentismo O tenentismo foi o movimento da jovem oficialidade do Exército contra as estruturas de pode da República Velha. Nem todos eram tenentes como os principais líderes. Havia também capitães, majores e coronéis, todos com a aspiração de intervir na vida pública. A maioria deles era proveniente das camadas de menor renda da sociedade. Esses militares criticavam tanto a oligarquia quanto seus superiores, defensores da conciliação com poder estabelecido. Sem ter meios institucionais de expressar o descontentamento, um grupo mais radical dos “tenentes” se decidiu pela revolta armada. O movimento teve seu início em 1922 e pretendia derrubar o presidente Epitácio Pessoa e impedir a posse do presidente eleito Artur Bernardes. Iniciada para resgatar a honra do exército, a revolta só entrou na história devido ao desfecho trágico e heróico ocorrido no Forte de Copacabana (Os dezoito de Forte), onde trezentos homens lutavam contra as tropas do governo no Rio de Janeiro, cercados por pelo menos 3 mil soldados.

Diante da ameaça de um banho de sangue, Siqueira Campos , um dos principais líderes da guarnição desobrigou seus homens de permanecer amotinados. A maioria abandonou o combate restante menos de trinta soldados entrincheirados. Diante da perspectiva de uma rendição humilhante, porém, eles tomaram a decisão suicida da enfrentar as tropas leais do governo de peito aberto. Num gesto simbólico, retalharam a bandeira nacional e, cada um ostentando um pedaço, cruzaram os portões do forte, armados de revólveres e fuzis. Alguns desertaram e dos que seguiram a diante, 18 foram captados numa fotografia que se tornaria histórica por ter dado origem à legenda dos 18 do forte. A maioria deles morreria em seguida, atingidos por tiros disparados de ruas adjacentes. O acontecido marcou o inicio do tenentismo, que teria forte influencia nas futuros acontecimentos do país. O “tenentes” defendiam o voto secreto, a liberdade de imprensa, protestavam contra os preços altos e à corrupção administrativa. Por tudo isso, conquistaram a simpatia de amplos segmentos da classe média urbana, bem. E, apesar de defenderem estas causas, não se mostravam predispostos ao jogo democrático. Após o acontecido 18 do Forte não houveram mais batalhas conhecidas até o ano de 1924, quando ocorreu a Revolução de 1924 em São Paulo, após a condenação severa dos militares participantes do levante do Forte. A Revolução de 1924 teve por Liderança o general reformado Isidoro Dias Lopes e o major Miguel Costa. A partir de 5 de junho os revoltosos ocuparam lugares estratégicos da cidade, mas devido à grande vantagem das tropas federais, em número de homens, novamente foram derrotados. Após a derrota, os militares se dirigiram para o Sul do país e devido a desentendimentos em relação a política local o movimento se reacendeu e o batalhão passou a ser liderado pelo capitão Luis Carlos Prestes, que já fazia parte do movimento, mas não participara dos levantes porque estava doente. Em 1925 Prestes juntou cerca de 1500 homens que percorreram 25 mil quilômetros através dos estados brasileiros, procurando despertar na população a revolta contra o poder das oligarquias, mas apesar de insatisfeita a população não queria se envolver numa revolução. O movimento ficou conhecido como Coluna Prestes e teve seu fim em 1927, quando Prestes entrou na Bolívia com 600 homens pedindo asilo político. Carlos Prestes ficou conhecido como Cavaleiro da Esperança.

Conseqüências da crise de 1929 no Brasil Em 1929 ocorreu a Grande Depressão nos Estados Unidos. No Brasil este acontecimento está entrelaçado com a Revolução de 30 e a Crise do café. Apesar disto as causas da crise do café não foi apenas esta. O café, em toda a República Velha, foi um produto de grande representatividade em nossa economia, chegando a atingir até 70% das exportações. Por isto, a decadência do café era um dos grandes problemas e medo do governo brasileiro, já que se o café padecia, a economia padecia também. Na realidade, os problemas com o café, já vinham destes 1900 , quando as plantações começaram a produzir super-safras, e como já foi dito anteriormente uma das medidas para resolver esta situação foi o convenio de Taubaté, que acabou por estimular o surgimento de novas áreas de plantio. Então, para piorar a situação, ocorre a crise de 1929, contribuindo ainda mais para diminuição do preço do café. Além disto, a crise do café também esta vinculada com a produção arcaica e sem planificação do café, trazendo como conseqüência imediata à oscilação de preços e ruína de muitos produtores, a crise na infra-estrutura econômica do país, a política de valorização que enriquecia os intermediários e especuladores em detrimento dos produtos, o que abriu caminho para os países concorrentes. A crise, porém, não foi apenas no setor cafeeiro. Vários outros produtos também foram atingidos, como a carne em conserva, couro, manganês, açúcar, borracha, cacau, fumo, erva mate e óleos. O setor industrial também foi atingido. Inúmeras empresas faliram, outras reduziram sua carga horária. Além disto, os salários abaixaram, tanto no setor industrial quanto no setor agrícola. Assim podemos ver que a crise no Brasil não foi apenas no setor cafeeiro, mas de toda a economia brasileira. Além disto, a crise não era apenas um reflexo da grande depressão, mas uma crise causada por um sistema econômico com diversos problemas. Vale ressaltar que a crise afetou, também, na política. Na Europa, foi uma das causas dos regimes totalitaristas se espalharem, o que influenciou Vargas no Estado Novo. Nos Estados Unidos, com Roosevelt e o New Deal, uma política reparadora para a crise que influenciou algumas decisões do governo de Vargas.

Revolução de 30 Em novembro de 1926, Artur Bernardes (mineiro), passou a faixa presidencial à Washington Luís (paulista), dando continuidade a política do café-com-leite. Washington Luis exerceu forte pressão sobre revoltosos, apesar de parecer preocupado com isso no início do seu mandato. Seis meses após sua posse entrou em vigor a chamada Lei Celerada, que inviabilizava reivindicações salariais, além de dar total poder ao governo de fechar sindicato e sujeitar os grevistas à duras penas de prisão. A lei não só prejudicou o movimento operário como também colocou na ilegalidade o Partido Comunista. O presidente, por ter sido eleito por um arranjo de cúpula de partido conservadores, deveria atender os desejos e interesses das elites, entretanto, ele não seguia à risca o roteiro padrão da República Velha. Ao invés de indicar um mineiro como candidato oficial a sucessão, o governador de Minas, Antônio Carlos de Andrada, o presidente não abriu mão do nome de sua preferência: o paulista Júlio Prestes. A aliança então existente entre São Paulo e Minas Gerais é rompida. Washington Luís queria garantir a continuidade de sua política no governo de Julio Prestes, mas ao ter passado por cima da política do café-com-leite, o presidente cometeu um grande erro de avaliação. O governador de Minas, ao contrário do que imaginava o presidente, não se resignou com a derrota. Ao invés disso, passou a articular um movimento de contestação à candidatura de Prestes, articulando-se ao Rio Grande do Sul e apoiando o candidato do estado Getúlio Vargas. A Aliança Liberal O acerto entre Minas e Rio Grande do Sul foi selado em junho de 1929. Em setembro do mesmo ano, seis meses antes do pleito, foi anunciado que o vice de Getúlio seria João Pessoa, governador da Paraíba, que teria negado ser vice do candidato oficial, Júlio Prestes. Estava fundada a Aliança Liberal. A Aliança era apoiada pelo Partido Democrático (fundado antes da posse de Washington Luís, em 1926) A plataforma da AL tinha apelo popular: defendia o voto secreto, propunha anistia aos “tenentes” e acenava política trabalhista, em que a questão social não seria mais tratada como caso de polícia.

Mesmo com a crise e com a forte campanha de Vargas, no dia 1° de março de 1930, Júlio Prestes se elegeu com folgada maioria. Após a derrota, o partido se dividiu entre aqueles que queriam a luta armada e aqueles que preferiam deixar as coisas como estavam. Alguns membros da AL passaram, então, a se encontrar com líderes tenentistas. Entre os defensores da luta armada estava Oswaldo Aranha, principal secretário de Getúlio. Aranha foi procurado por “tenentes”, sobretudo aqueles exilados. Coube a ela a tarefa de construir uma nova ponte entre os militares e os civis de oposição. Apesar de seu empenho a revolução não avançava. Aos poucos, as perspectivas revolucionárias se desfaziam. Mas, quando os planos de revolucionários estavam para ser cancelados, o acaso inverteu o curso dos acontecimentos. João Pessoa foi assassinado. O crime teve motivações pessoais, o vice foi baleado por um adversário político. Então, no dia 3 de outubro, eclodiu a revolução. A capital gaúcha logo foi dominada pelos rebeldes. Em Minas Gerais, a ação militar também foi eficiente. Outras capitais também foram dominadas, e a essa altura, só faltava São Paulo, o maior foco de resistência. Na véspera do ataque, o presidente foi deposto (25 de outubro de 1930) e o presidente eleito, Júlio Prestes, devidas acusações de assassinato de João Pessoa, renunciou o cargo, nem chegando a assumir a presidência. Getulio Dorneles Vargas assume, então o poder no dia 3 de novembro de 1930. Estava inaugurada a Era Vargas. A Era Vargas, de 30 a 45 Com o golpe de 1930, Getúlio Vargas assumiu o poder do Estado, permanecendo ali por um período de quinze anos, quando, ao final de 1945, foi deposto pelos mesmos que o apoiaram na candidatura. Na primeira parte do governo de Vargas, compreendida entre 30 a 34, temos um presidente com poderes quase que ilimitados, que, aproveitando-se deles, começou a tomar políticas de modernização no Brasil. Ele criou, por exemplo, novos ministérios, como o Ministério do Trabalho, Indústria e Comércio e o Ministério da Educação e Saúde. Como uma das primeiras medidas, Vargas suspendeu o pagamento da dívida externa. Mais tarde, com o Instituto do Açúcar e do Álcool, tentou coordenar a produção, comércio e exportação de álcool e açúcar. Esse primeiro período foi fortemente atingido pela crise mundial de 1929. A economia do país despencou, a receita da união diminuiu e a moeda conversível

evaporava. Muitas das medidas tomadas por Vargas, na economia, resultaram das circunstâncias provocadas pela crise. Vargas continuou com a Política de Valorização do Café e criou o Conselho Nacional do Café e o Instituto do Cacau, atendendo assim a algumas das reivindicações das oligarquias cafeeiras. A política de valorização do café incluía medidas para tentar baixar os preços do café no mercado externo. Entretanto, esse foi um período de repetidas super-safras e o governo chegou a queimar, até fins de 1945, 80 milhões de sacas de café. A crise por um lado foi boa, uma vez que permitiu uma maior diversificação dos produtos de exportação brasileiros, como por exemplo, o algodão, frutas, óleos vegetais e minérios, o que ainda não conseguiu equilibrar a economia brasileira. Além de desenvolver esse outro lado agrário foi importante para o desenvolvimento industrial desse período. O desenvolvimento industrial desse período deveu-se muito às intervenções estadistas que tangiam a emissão de créditos e controle dos preços, além de que, com a Grande Guerra, os fornecedores de produtos industrializados não mais podiam fornecer devido a investimentos voltados à indústria bélica e, posteriormente, as gastos pós-guerra. Ao contrário do que muitos pensam, a expansão das atividades econômicas não diminuiu a dependência econômica do Brasil. Uma diversificação da economia necessitava de gastos como, por exemplo, capital, matéria–prima e combustíveis. Com isso, as emissões de moeda e os empréstimos estrangeiros se tornam mais freqüentes. Resultado, o país atravessava uma grande crise econômico-financeira no período. A Getúlio Vargas também é creditado, nesta época, a Lei da Sindicalização, que vinculava os sindicatos brasileiros ao presidente. Vargas pretendia, assim, tentar ganhar o apoio popular, para que estes apoiassem suas decisões (a política conhecida como populismo). Mesmo assim, houve, na Era Vargas, grandes avanços na legislação trabalhista brasileira, que perduram até hoje. Apoiado por setores do exército, Vargas fez seu governo de forma centralizada. Enfrentou muitos problemas com as oligarquias regionais, principalmente em São Paulo, o que veio a culminar na Revolução Constitucionalista de 1932. As oligarquias não agradavam muito do governo Vargas por terem perdido parte da sua autonomia nos estados devido à nomeação de interventores. Entretanto, os tenentes nomeados interventores conseguiram convencer as elites locais e assumiram o poder da região. Com isso diminuíram o poder dos coronéis e a interferência política. Na prática, os estados perdiam grande parte da sua autonomia política para o presidente.

Percebe-se que Vargas vem com seu governo “quebrando” a política antes vigente, a qual era regida pelo café-com-leite. È interessante notar que ainda que seu governo mudasse a ordem vigente, ainda assim ele conseguiu o apóio necessário para levar a cabo seu governo. A política café-com-leite só dava certo devido ao coronelismo regional, e como os interventores nomeados por Vargas convenceram as elites regionais, Vargas conseguiu, assim, se estabelecer. A mobilização de 1932 forçou Vargas a convocar ma Assembléia Constituinte para elaborar a constituição. Em 1934, a nova constituição foi promulgada, e entre os destaques de seu conteúdo estão os direitos trabalhistas e a educação. O período seguinte a promulgação da Constituição, que vai de 1934 – 1937, no âmbito político, foi marcado pelo surgimento de duas correntes político-ideológicas. A Aliança Nacional Libertadora (ANL), vinculada a ideais socialistas, defendia um governo centralizador e forte, enquanto a Ação Integralista Brasileira (AIB), era vinculada ao fascismo. Contando com esse espírito revolucionário e a orientação dos altos escalões do comunismo soviético, a ANL promoveu uma tentativa de golpe contra o governo de Getúlio Vargas que ficou conhecida como Intentona Comunista. Contudo, Vargas conseguiu controlar o levante. Mais tarde, divulgou um dossiê comunista (Plano Cohen) na qual vários políticos e personalidades estavam marcados pela “ameaça comunista”. Vargas declarou, então, estado de sitio, aumentando seu poderes, anulando a constituição de 1934 e dissolvendo o congresso. Estava instaurado o Estado Novo, última fase de seu governo, marcada por um regime totalitarista. O Estado Novo Como já foi dito anteriormente, em 1937 Getúlio Vargas declarou estado sítio devido ao perigo eminente dos comunistas, não obtendo assim opositores. Em seguida deu um golpe no estado dissolvendo o congresso e instalando o Estado Novo. Assim que instalou o Estado Novo, sua primeira medida foi outorgar uma nova constituição, inspirada na Carta Del Lavoro italiana e na carta fascista polonesa de 1935; por esse motivo a constituição de 1937 foi apelidada de “polaca”. A nova constituição possuía como características a concentração de poderes nas mãos do Executivo e ainda a subordinação do Legislativo e Judiciário a mesmo. Outras normas da nova constituição também incluíam o fato de o presidente poder nomear

interventores para os estados, a pena de morte e a censura à imprensa, além de aumentar o mandato presidencial para seis anos. Além disto, no Estado Novo foram extintos os partidos políticos, suspensas as eleições democráticas e proibidas greves contrárias ao governo. Foram também criações do governo de Vargas o DIP e o DASP. O DASP, Departamento Administrativo do Serviço Público, tinha como objetivo aumentar a eficiência administrativa do Estado, aumentando a competência dos servidores públicos. Surgiram então os concursos públicos para cargos no estado. Já o DIP, Departamento de Imprensa e Propaganda tinha como função garantir que a imprensa transmitisse imagens positivas do governo. Um dos meios utilizados pelo governo foi “A Hora do Brasil” , transmitida no rádio todos os dias , mostrando o crescimento do país e a criações do presidente. Hoje, a Hora do Brasil ainda existe, e é conhecida como a Voz do Brasil, diariamente às 19 horas. Durante todo o Estado Novo, agentes da polícia e do serviço de informações das forças armadas estiveram colocaram em mira milhares de pessoas suspeitas como opositoras ao regime. Estas pessoas sofriam freqüentes perseguições, eram torturadas, presas, algumas foram exiladas do país ou até mesmo mortas. Dentre os presos políticos temos Monteiro Lobato e Graciliano Ramos. Outra criação de Getulista foi a Consolidação das Leis Trabalhista (CLT), que asseguravam aos operários direitos básicos, como salário mínimo, férias remuneradas, jornada diária de no máximo 8 horas, proteção ao trabalho da mulher e do menor e estabilidade no emprego. Estas leis representaram um marco importante na história da legislação trabalhista. Mas devemos ficar atentos, pois Vargas concedeu estes direitos para evitar que os operários se voltassem contra o governo e apoiassem o comunismo. Podemos notar também que a criação das CLT e outras de suas medidas durante o Estado Novo foram inspiradas nas teorias do economista John Maynard Keynes, as quais também inspiraram o New Deal do presidente estado-unidense Roosevelt. Dentre desse contexto entra a velha e conhecida frase: “Pai dos pobres e mãe dos ricos”, uma vez que durante seu governo, Vargas tentava sempre conciliar interesses das diferentes classes brasileiras. Esse foi um dos motivos pelos quais ele ficou tanto tempo no poder. Uma caractrística marcante do governo Vargas foi também o nacionalismo, sendo uma de suas metas construir uma identidade nacional brasileira. Por isso preocupava-se com a valorização do nacional, desde a indústria até a própria língua portuguesa. Uma de suas medidas para alcançar este objetivo foi o aumento das redes

publicas de educação. Estes nacionalismos de Vargas provêm, também, das ideologias fascistas, as quais eles apoiava. Foi também no Estado Novo que ocorreu a criação do SENAI (1942) e o SESI (1943). Em 1939 começou a Segunda Guerra mundial. Durante três anos o Brasil permaneceu neutro ao conflito, pois assim poderia obter maiores vantagens econômicas. Além disso, havia muita divergência no próprio governo, alguns apoiavam o Eixo e outros os Aliados. Em março de 1942 Brasil fez acordo um econômico com os EUA e em troca o Brasil apoiou os aliados. O dinheiro do acordo foi utilizado pelo governo para a construção da Usina de Volta Redonda e, em contrapartida, o país comprometeu-se em fornecer borracha e minérios para aos norte-americanos, permitindo que eles estabelecessem bases no nordeste. Entre os dias 15 e 19 de agosto de 1942 seis navios mercantes foram torpedeados no Atlântico pela marinha alemã. No dia 11, o governo brasileiro declarou guerra à Alemanha, chegando a enviar suas tropas (FEB) para as linhas de combate. Uma observação importante é que Vargas era fascista e sua decisão de apoiar os Aliados deu oportunidade para os grupos liberais combaterem Vargas. Os liberais se questionavam que, como um país governado por um ditador manda tropas para combater o nazi-fascismo? A pressão dos opositores cresceu, e em 1943 ocorreu o manifesto dos mineiros, que consistiu em uma carta publicada no dia do aniversário da Revolução de 30, por intelectuais desejosos do fim do Estado Novo. Com a aproximação do fim da Segunda Guerra Mundial, e o crescimento dos movimentos de democratização, Getulio Vargas marcou a data das eleições, concedeu anistia, liberou comunistas presos, inclusive Luís Carlos Prestes. Neste período também ocorreu à organização de partidos políticos. Com a data marcada para as futuras eleições (2 de dezembro de 1945), os candidatos à presidência, general Eurico Gaspar Dutra e o brigadeiro Eduardo Gomes, já iniciavam suas campanhas. Getúlio, com seu jogo político, apoiava Dutra para a presidência e ao mesmo tempo estimulava o movimento popular que pedia sua permanecia no governo, conhecido como queremismo. Em junho de 1945, Vargas decretou a lei antitruste, que consistia em dificultar a entrada de capital estrangeiro no país, o que descontentou as empresas estrangeiras no país. A oposição, temendo que Vargas permanecesse no poder, no dia 29 de outubro de

1945 , o depõe do governo. Mas história de Vargas não terminaria aqui ainda, uma vez que ele voltou a ser presidente por meio de eleições ano de 1954, encerrando sua vida política ai se “suicidar”. Correntes Migratórias Internas Nos últimos anos da República Velha, devido à urbanização e industrialização, o Brasil apresentou um grande número de correntes migratórias. Essas correntes são oriundas do nordeste brasileiro, com uma grande quantidade de retirantes. Um outro grupo, o dos imigrantes europeus que se estabeleceram no sul do país, migraram em partes, para os novos centros urbanos industriais. Um dos fatores da mudança do eixo de imigração foi a industrialização ocorrida nas décadas de 20 e 30 no Brasil. Essa industrialização se deu, principalmente em São Paulo, que passou a ser uma das mais importantes cidades brasileiras, senão a mais. Talvez o Rio de Janeiro ainda fosse a mais importante porque era a capital do país. Tanto os imigrantes europeus quanto os retirantes vieram à procura de emprego. Entretanto, nem sempre encontraram o que queriam. A vinda dos imigrantes europeus seja ela no sul do país ou na própria Europa contribuiu para a formação dos sindicatos dos operários. Entretanto, seus países de origem começaram a desenvolver uma política nacionalista, o que dificultou a migração. O país passava por uma demanda de mão de obra muito grande para o desenvolvimento industrial. Contudo essa mão de obra passou a ser suprida, cada vez mais, pelas migrações internas. Habitantes do Nordeste do País e do estado de Minas Gerais abandonaram suas regiões em busca do "El-Dorado Paulista". Transporte e Energia Energia Um substituto do carvão como fonte de energia estava chegando ao Brasil naquela época. O carvão tinha sido uma fonte de energia importantíssima no século XIX, e a falta de carvão de boa qualidade era o obstáculo mais sério. As primeiras cidades do Brasil a instalar geradores elétricos acionados por água foram Campos, no Estado do Rio, e Rio Claro, no Estado de São Paulo em 1883 e 1884. A capacidade

elétrica instalada no Brasil atingia dez megawatts por volta de 1900, cem por volta de 1908 e chegou a mil por volta de 1938. A energia hidrelétrica foi um avanço tecnológico para o Brasil quanto o coque havia sido para os ingleses três séculos antes. Não é possível imaginar o desenvolvimento da indústria na base limitada do carvão feito de eucalipto, e o custo do carvão importado teria sido nocivo ao desenvolvimento industrial do Brasil. Ferrovias As estradas de ferro eram tão essenciais ao desenvolvimento econômico quanto o fornecimento de energia. As linhas de estradas de ferro se destinavam a levar os produtos de exportação aos portos. Também serviam aos propósitos da industrialização nacional, trazendo matérias-primas e combustível dos portos e do interior permitindo a distribuição de bens de consumo por áreas extensas. O rompimento da Primeira Guerra Mundial teria como conseqüência, quanto ao desenvolvimento ferroviário brasileiro, nova e impressionante queda dos índices de crescimento. À vista da crise financeira então vigente, o governo determinou a revisão de todos os contratos de construção, tendo em vista reajustar às possibilidades do Tesouro os encargos assumidos. De um crescimento de, em média, 3000 kilômetros de malha ferroviária entre 1906 e 1914 por ano, nos anos seguintes baixou o total para 585 km em 1915, 368 em1916, 459 em 1917, 281 em 1918, 377 em 1919 e 331 em 1920. Rodovias Exatamente quando os trabalhos de construção de ferrovias eram mais intensos, o uso de veículos automotores cresceu significativamente. Porém as estradas, trafegadas principalmente por carros de bois, carroças e animais de sela, precisavam de melhoras principalmente naquelas que ligavam cidade a cidade. Os possuidores de automóveis começaram a solicitar a atenção dos governadores para esse problema. Coube ao Estado de São Paulo a primazia no assunto. Assim, já em 1913 foi criada a Estrada do Vergueiro, entre Santos e São Paulo. Quando Washington Luís assumiu a presidência em 1920, foi iniciada a construção da rede rodoviária paulista. Em 1925 aí foi inaugurado o primeiro trecho sul-americano de estrada de concreto, na região da Serra do Mar. Em 1928, as duas primeiras estradas destinadas a serem os troncos iniciais da nossa rede rodoviária, para o sul e para o norte, respectivamente a Rio-São Paulo e a Rio-Petrópolis foram entregues. Aquela, como disse o então

Presidente da República, Washington Luís, fiel ao seu lema “governar é abrir estradas”, marcava o primeiro passo para um grande sistema de comunicações que num futuro não distante se estenderia a todos os Estados do Brasil, ligando-os entre si. Desde que se esboçou, no Brasil, uma tendência favorável às rodovias, começaram a aparecer planos relativos à respectiva articulação interestadual e mesmo internacional. Deles, o primeiro foi em 1926, em que se propunham duas categorias de rodovias: 1) Estradas Federais ou troncos de penetração; 2) Estradas Estaduais ou de União de Estados. Navegação Apesar da enorme extensão em rede fluvial do Brasil, de algumas dezenas de milhares de quilômetros, ela só é plenamente favorável à navegação em boa parte, mas não na totalidade da região amazônica, exatamente a menos povoada. Isto porque os grandes rios que descem do planalto central, o Madeira, Tapajós, Xingu, Tocantins, Araguaia, têm trechos encachoeirados que impedem ou dificultam a passagem de embarcações. Resulta daí a situação especial a navegação fluvial do Brasil: importante e quase exclusiva, quando complementar à marítima, na Amazônia e Lagoa dos Patos; deficiente, quando limitada aos próprios recursos, como acontece no Maranhão, no Parnaíba, São Francisco; autônoma, mas também deficiente, quando isolada pelos fatores naturais, como acontece na bacia platina. A Industrialização O café trazia muita riqueza e concentrava enormes lucros, principalmente nas mãos dos paulistas. Essa burguesia do café não aplicava somente nas fazendas: fazia investimentos em bancos, em estradas de ferro e fábricas. Os exportadores estrangeiros também se aventuravam no campo da industrialização. A Companhia Antártica Paulista, por exemplo, era propriedade de exportadores alemães. No princípio, os interesses agrários não permitiam que se adotasse uma política ostensivamente protecionista, com tarifas suficientemente elevadas para o desenvolvimento de uma indústria autônoma. Com o capital que vinha da exportação do café, importavam-se ferramentas, maquinas necessárias para as indústrias e equipamentos. Todos esses materiais

transformavam-se em empresas produtoras de bens de consumo não duráveis (alimentos e têxteis). O crescimento da demanda levava o importador a fabricar determinados produtos no Brasil, principalmente os alimentícios, pois, demorado o transporte do exterior para cá, fazia com que certos produtos corressem os riscos de chegarem deteriorados. As indústrias de base (metalurgia, mecânica e química) ainda não representavam um setor em expansão. O Brasil continuava um país agrário. Na primeira metade do século XX, conjugam-se fatores excepcionais para o processo: capital, mão-de-obra, mercado relativamente concentrado, matéria-prima disponível e barata, capacidade geradora de energia e um sistema de transportes ligado aos portos. Essa concentração tem no sudeste, sobretudo em São Paulo, sua melhor conjugação e, na medida em que cresceu e melhor se integrou, a região recebeu os maiores investimentos, liderando a corrida industrial frente as demais regiões do país. Entre 1920 e 1940, do total de estabelecimentos industriais do país, localizavam-se na região mais de 53%, mais de 67% da força motriz nacional eram ali utilizadas, e mais de 64% da classe operária ocupada estava também na região sudeste. A industrialização brasileira não nasce como substituta de importações do país, mas sim da decorrência das crises internacionais, tais como a Grande Guerra e depressões conjunturais. A indústria brasileira desenvolve-se a partir de capitais nacionais, como já foi dito. O que ocorre em época de crises é a utilização plena da capacidade instalada, e não a criação ou ampliação em número das unidades fabris de produção. O sudeste concentrava mais indústrias, e, conseqüentemente, mais desenvolvimento das cidades, que apresentavam maior urbanização. Desde o começo em que a indústria mostrou-se rentável e que um mercado consumidor nacional (elite principalmente do eixo Rio-São Paulo) apresentou-se com razoável poder de compra, os capitais estrangeiros foram investidos em setores ainda cobertos pelos nacionais, associando-se aos nacionais ou concorrendo no mesmo ramo. Essa fase fica mais clara com a Primeira Guerra Mundial, coincidindo com a substituição da Grã-Bretanha pelos EUA como predomínio econômico na América. A substituição não era só de um país, mudava-se a natureza da presença estrangeira. Os capitais ingleses destinavam-se preferencialmente ao setor terciário (estradas de ferro, companhia de seguro) ou eram emprestados aos governos, além de a Inglaterra ter atrasado a industrialização brasileira devido a muitos tratados feitos na época auge da Revolução Industrial. Os capitais norte-americanos eram aplicados em atividades produtivas no setor secundário ou no primário.

Com a Primeira Guerra, não houve propriamente um surto de industrialização, como se chegou a pensar um tempo. O que houve na verdade foi que o desenvolvimento do conflito europeu forçou a produção de determinadas matérias primas, que antes eram importadas: o ferro-gusa e o carvão-de-pedra, dois importantes exemplos. A falta de uma política tarifária que protegesse a agressividade econômica dos capitais norte-americanos fez com que, ao crescer, a indústria brasileira se visse rodeada de problemas para desenvolver-se, tendo que conviver com esse parceiro poderoso. As firmas estrangeiras aproveitavam-se de vantagens alfandegárias e da mão-deobra barata para assegurar o mercado brasileiro para tais produtos. Usavam matérias prima nacionais ou mesmo importavam parte dela. O ideal era que o produto fosse montado ou fabricado aqui, para se beneficiarem de baixos custos. Enquanto os capitais estrangeiros eram investidos em atividades sofisticadas para atender a um mercado consumidor de elite ou o mercado externo (caso da carne), os capitais nacionais iriam se especializar, preferencialmente, na produção de artigos leves, de baixo valor, para um mercado popular, de menor poder aquisitivo. Na década de 20, já existiam mais de 13 mil fábricas, empregando 270 mil operários. Com o desenvolvimento da indústria, em especial a de Base, começa a surgir a classe de operários, super-explorados pela burguesia industrial em uma situação adiante, particularmente na década de 1920. A partir da década de 1930 houve alguma melhoria devido à legislação trabalhista que lhes foi concedida. Porém os baixos salários, as precárias condições de vida, grande freqüência de doenças, fruto da desnutrição e da insalubridade, elevada taxa de mortalidade e as péssimas condições de moradia, são retrato da condição do trabalhador e dão uma idéia sobre a base da acumulação de capital no país, que repousa menos na elevação da produtividade do que na exploração absoluta da mão-de-obra. O desequilíbrio setorial, representado pela longa duração (cerca de um século) da preponderância do café, gerou as condições para industrialização, para a concentração demográfica e para urbanização do sudeste, em particular, São Paulo. Desde então, entre o sudeste e as demais regiões do Brasil, foram se aprofundando as disparidades, à medida que crescia o parque industrial. A tendência foi a especialização regional forçada, em função desse novo centro dinâmico da economia nacional, fornecendo matérias-primas ou alimentos, enfim, artigos primários em troca de manufaturados, reproduzindo internamente uma relação que já conhecíamos em termos de comércio internacional.

Mesmo dentro do sudeste, a situação não foi bem uniforme. As outras unidades federativas não puderam acompanhá-la e ficaram em posição secundária. O Rio de Janeiro conservou, ainda, alguma proeminência, mas ficando sempre em posição inferior em relação a São Paulo. As demais não se beneficiaram dessa industrialização, a não ser muito precariamente e em um momento posterior. Percebe-se, então que a industrialização brasileira começa a se dar na década de 20, tendo seu estirão na Era Vargas. A política nacionalista de Vargas foi de grande importância para isso.

Referências Bibliográficas  LEVINE, Robert M.. Pai dos pobres?: o Brasil e a era Vargas. São Paulo: Companhia das Letras, 2001 278 p.  PIERUCCI, Antônio Flávio,; FAUSTO, Boris,. O Brasil republicano: economia e cultura (1930-1964);Tomo 3, Vol.4. 3. ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2004 666p. (História geral da civilização brasileira ;11)  PINHEIRO, Paulo Sérgio; FAUSTO, Boris,. O Brasil republicano: sociedade e instituições (1889-1930); Tomo 3, Vol.2. 7.ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2004 431p. (História geral da civilização brasileira ;9)  CARDOSO, Fernando Henrique,; FAUSTO, Boris,. O Brasil republicano: estrutura de poder e economia (1889-1930); Tomo 3, Vol.1. 8.ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2004 418p.  BASBAUM, Leoncio. Historia sincera da Republica. 2. ed. São Paulo: AlfaOmega, 1977. 4v.  VIANNA, Helio. Historia do Brasil. São Paulo: Ed. Melhoramentos, 19611962. 2v.  FAUSTO, Boris. Historia do Brasil. 12. ed. São Paulo: EDUSP, 2004. 660 p.  GOMES, Paulo Miranda; MOURA, Nelson de; GONZALEZ, Alaide Inah. Historia geral da civilização brasileira, 2. grau: concursos vestibulares. 5a ed. Belo Horizonte: Liv. Ler Ed., 1977. 231p.  LINHARES, Maria Yedda. Historia geral do Brasil. 4. ed. Rio de Janeiro: Campus, 1990. 303p.  CARONE, Edgard. A primeira Republica: (1889-1930) : texto e contexto. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1988. 393 p.

 PILAGALLO, Oscar. A história do Brasil no século 20 (1900-1920). São Paulo: Publifolha, 2002 87 p. (Folha explica.História;43,49) ISBN 8574024007 (broch.)  BRUNO, Ernani Silva. Historia do Brasil : geral e regional. São Paulo: Ed. Cultrix, 1966- 7v.1  ALENCAR, Francisco; RIBEIRO, Marcus Venicio Toledo; RAMALHO, Lucia Carpi. Historia da sociedade brasileira. Rio de Janeiro: Ao Livro Tecnico, 1979. 339p.  ALENCAR, Chico; CARPI, Lúcia - História da sociedade brasileira/ Marcos Toledo - Rio de Janeiro : Ao Livro Técnico, 1996. 17º edição  PEDRO, Antônio - História do mundo ocidental : ensino médio: volume único / Antônio Pedro, Lizânias de Souza, Yone Carvalho; ilustrações Alex Argozino, Maurício Lara e Rodval Matias - São Paulo: FTD, 2005  CANCIAN, RENATO. Governo Campos Sales (1898-1902): Funding loan e estabilidade. Disponível em: http://educacao.uol.com.br/historiabrasil/ult1689u52.jhtm. Acessado em: 07/08/2008 as 23:00h  ADVOCACIA DIAS MARQUES. Histórico da Imigração no Brasil. Disponível em: http://www.diasmarques.adv.br/pt/historico_imigracao_brasil.htm . Acesado em: 09/08/2008 as 17:00h  http://elogica.br.inter.net/crdubeux/hvargas2.html  http://www.historianet.com.br/conteudo/default.aspx?codigo=872  http://pt.wikipedia.org/wiki/Revolu%C3%A7%C3%A3o_de_1930  http://pt.wikipedia.org/wiki/Pol%C3%ADtica_do_caf%C3%A9-com-leite  http://pt.wikipedia.org/wiki/Revolta_da_Vacina  http://pt.wikipedia.org/wiki/Era_Vargas  http://www.culturabrasil.pro.br/vinte.htm às 21:15 no dia 08/08/08  http://abrindogavetas1.blogspot.com/2008/07/o-brasil-aps-primeira-grandeguerra.html às 18:30 no dia 09/08/08

Related Documents