Conto Das Coisas Nas Coisas

  • October 2019
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  • Words: 2,075
  • Pages: 6
conto das coisas nas coisas. entendo que uma cadeira seja o que é entendo que, uma cadeira que é o que é, também possa ser chamada de outra coisa.entendo que esta outra coisa que ainda não é nem o que é nem o que deveria ser, entendo que esta coisa possa ser chamada de algo que ainda não aconteceu. entendo que este algo que ainda não aconteceu possa ser chamado de algo apenas.entendo que este algo é o móvel desta fábula que se insinua.entendo que, se chamar o tal objeto mesa de outra coisa, minha mente vai desmoronar.entendo que se a minha mente desmoronar, as coisas vão deixar de ser o que são.entendo que se as coisas deixarem de ser o que são, esta estória tomará rumos estranhos. prefiro agora voltar os olhos para aquele tal algo que ainda não aconteceu. a tal cadeira pode ser chamada de outra coisa que certamente nem sabe que é o que é. poderia chamar a cadeira de mesa ou a porta de janela ou a janela de cozinha ou a cozinha de jardim ou o jardim de televisão ou o ventilador de parede ou a parede de teto ou o teto de mar ou o mar de terra ou o planeta de céu ou o inferno de paraíso ou a abelha de porco ou o leão de girafa ou a lixeira de livro ou o caderno de cebola ou o a estante de sofá. Às vezes tenho este jeito de garrafa. fico parado na geladeira e quando me pegam e me esvaziam tenho ainda mais vontade de urinar. o sofá da tal sala tem agora aquele jeito de estante do parágrafo anterior. É ali que pego os meus livros em silêncio. chamo a cadeira de mesa. então não sento à mesa, sento na cadeira para comer em companhia de meus iguais. a mesa é agora o local em que todos se sentam sobre para fumar o tal cigarro benfazejo após o almoço ou jantar. as paredes que são tetos se abrem para os céus neste motel de boa ou duvidosa qualidade. estamos aqui com este status de nome próprio comendo um ao outro como saborosas frutas de estação. minha consorte tem um jeito de manga espada. tem um jeito verde de ser e um interior carnudo e amarelado. os fiapos desta manga eterna quase sempre ficam grudados em meus dentes famintos. a marca indelével de um amor com cheiro de comida gordurosa. ela tem um jeito estranho de amar. gosta de levar alguns tapas na altura da boca.ele gosta de ver o tanto de sangue que escorre da tal boca. gosta de beijar o meu peito com aquele tanto de sangue que sai de sua boca. ele também inverte o nome das coisas.ela me chama de latrina e diz que todos os males deste mundo estão em mim transformados em fezes.eu a chamo de barata e ela diz que vai rastejar sobre mim.o quarto daquele motel vagabundo, nós agora os chamamos de espelho.

a minha consorte com aquele jeito de manga espada consumida ou chupada até as últimas conseqüências.ele agora com os tais cabelos hirtos frente ao tal espelho que testemunha a minha controlada agressividade quando da penetração.ela agora transformada num pneu vazio atirado num canto da oficina.ela com as pernas abertas a sorrir cinicamente lambendo aquele tanto de sangue que caiu em seus dedos. o quarto transformado em espelho e a cadeira transformada em mesa e os nomes transformados em coisas que martelam nossa mente até o extremo de um gozo.ela com jeito de manga chupada e eu com jeito de língua assada com batatas e farofa num feriado santo no qual não se deva comer carne. ele agora transformado em porco que chafurda no interior de sua angústia.ele olha para a tal mulher desfalecida de tanto gozo.ele primeiro pega os pés da tal mulher com jeito de manga espada.ele diz para si mesmo que aqueles pés são duas maçãs avermelhadas e apetitosas.ele corta as maçãs pela metade e as consome lentamente como se elas fossem o que fossem.ele ouve gemidos agonizantes e depois alguns gritos desesperados.ele está em frente a uma árvore secular e pode ver um grupo de homens sinistros tramando o assassinato de um imperador qualquer.ele continua a comer as maçãs.ele está agora próximo aos tais homens que ignoram sua presença de sombra.ele finalmente devora as tais maçãs e senta-se com seu jeito de sombra à beira da cama e percebe que aquela mulher já não mais pertence a este mundo. ele resolve que deve parar de comer as maçãs e decide se transformar em manga chupada e amassada e exaurida.ele quer fazer isto para encontrar com a tal mulher que agora sangra abundantemente ao ter os pés cortados.ele então metamorfoseado em manga chupada e massacrada inúmeras vezes por quem quer que seja.ele se lembra do fato de que levantou um móvel com as mãos e o jogou para cima e deixou que o mesmo caísse em sua cabeça.ele com um corte profundo bem no meio daquele couro cabeludo.teve uma concussão cerebral e pôde ver o seu corpo estrebuchando no chão indiferente daquele quarto de motel. o motorista daquele caminhão não poderia ser culpado por aquele acidente.ele estava vindo de onde estava vindo e isto é ponto pacífico. a estrada estava escura e sua velocidade era normal ou dentro dos limites estabelecidos por uma lei qualquer.ele se meteu na frente do tal caminhão com o tal jeito de manga chupada.ele sentiu o que é ser atropelado por um caminhão ao sair feito um louco após conseguir atingir o tal ponto g daquela mulher.ele em pedaçinhos bem em frente ao quarto de motel de beira de estrada.ele manga ou maçã ou esterco de qualquer animal bem em frente ao tal quarto de motel de beira de estrada que atinge agora o ponto g da tal

mulher que vibra após gozar como uma cadela. posso chamá-lo de qualquer coisa agora que a coisas não são como são e nem como poderiam ser.

conto amassado ele gostava de amassar os papéis deste jeito. ele sabia que só ele era capaz de amassar os papéis daquele jeito. ele guardava aquele segredo a sete chaves. ele sabia que ninguém poderia entrar naquele banheiro para ver aquilo. ele gostava de dobrar o tal papel higiênico. ele o dobrava para encontrar o volume certo para a tal bola branca e amarronzada. ele ia pegando mais e mais papel até que a bola tomasse corpo. ele então evitava se limpar com aquela bola. ele gostava de brincar com aquela bola de papel higiênico de boa qualidade no banheiro. ele molhava a tal bola na pia e a jogava para cima em frente ao espelho daquele banheiro. sabe-se que ele gostava da tal palavra banheiro. ele gostava da palavra urinar e também da palavra defecar. ele conhecia muito bem o humor daquela urina. por vezes um jato grosso de um amarelo convincente. por vezes um jato enfraquecido com jeito de coisa branca como uma clara de ovo quebrada. ele sabia que aquela comida provocaria a tal fermentação em seu estômago e em seu intestino. ele sabe muito bem que suas fezes não cruzam muito com a tal urina. aquele tijolo marrom que caia na latrina não tinha muitas dificuldades no sentido de marcar claramente a sua presença. a urina as aguardava de forma aparentemente solene e brilhantemente sarcástica inerte em sua cor de sempre. a tal urina e as tais fezes que se complementam muito bem e muito mal. elas sabem que não podem viver isoladamente e precisam muito uma da outra. ele se lembra daquela tal cena no restaurante. ele gostava desta tal palavra restaurante. ele gostava de se alojar no ventre aquecido daquela tal

palavra restaurante. ele pagaria a conta como sempre, pois sabia que a sua amada esposa não mexeria um dedo sequer neste sentido. ele observa agora as dificuldades que a referida encontra para cortar a tal carne, o tal bife de primeiro naquele prato colorido. ele posiciona o garfo e faca de maneira decidida, mas os nervos daquele bife resistem ao seu ataque quase sempre violento. ela começa a suar levemente e mantém os olhos fixos naquele tal bife. seu humor depende fundalmente do que ela possa ter ou não ter em seu estômago. ela não quer dar o braço a torcer e pedir para que ele corte o tal bife. ela sabe que ele pode fazer o que tem que ser feito em questão de segundos. ela tenta mais uma vez e mais outra e mais outra e mais outra e nada. ele a observa friamente e percebe que ela está a ponto de desistir. ele percebe que ela envelheceu um pouco mais. ele pode ver que as olheiras embaixo daqueles olhos denunciam o correr do tempo. ele pode ver que aquele rosto suave apresenta os primeiros traços marcantes de uma certa amargura. ele abraça a palavra amargura no silêncio de um quarto distante. ele percebe que um tanto de urina já atingiu o seu suporte íntimo. ele percebe que vai ter que ir ao banheiro. ele percebe que ela quer que ele corte o tal bife resistente. ele percebe que também está com vontade de defecar. ele percebe que vai ter que contrair os músculos para não sujar o tal suporte íntimo. ele pede para que ela o aguarde e corre para o tal banheiro. ele abaixa as calças e o tal suporte íntimo reluta em descer. ele insiste e o manda para o inferno heroicamente. o tal suporte íntimo causa uma série de assaduras nas suas nádegas. ele percebe a parte interna de suas coxas foi igualmente afetada pelas tais assaduras. a tampa do vaso ou da latrina está suja. alguém dever ter urinado ali antes. ele se lembra do encontro entre a tal urina e as tais fezes. ele se deixa levar agora no ventre da palavra fedorento. ele percebe que o tal banheiro tem muito pouca ventilação. ele não consegue ainda para de defecar. ele se lembra do tal papel higiênico e tenta procurar o que não pode ser procurado no interior daquele banheiro imundo. ele percebe que não há papel algum. ele percebe que sujou a tal calça e o tal suporte íntimo. ele percebe que este seu desarranjo é mais do que professional.

ele já está naquele banheiro há mais de vinte minutos. ele pode ver a tal esposa babando de fome como uma cadela ensandecida. ele estende a mão para tentar abrir a tal porta do banheiro, mas não consegue. ninguém vai entrar lá agora. ele decide se levantar e gritar de lá de dentro. ele consegue se arrastar até a porta de entrada do tal banheiro. ele pode ver o rastro de sua tragédia naquele chão encardido. ele abre levemente a porta de entrada e percebe que sua mulher está bastante irritada. ele percebe que o tal pedaço de bife caiu no chão. ela está a ponto de explodir, mas tenta se controlar o máximo que pode. ele a observa com alguma ternura. ela olha agora para a tal porta do banheiro. ele pode ver aquele seu marido em apuros. ela se levanta e caminha a passos largos na direção do tal banheiro. ela percebe que o restaurante está vazio. ele entra no tal banheiro e avalia a gravidade da situação. ela sente aquela vontade estranha de chorar quando percebe o estado lastimável do marido. ele sente aquela vontade estranha de chorar quando percebe que sua esposa pretende ajudá-lo de alguma forma. ela agora extremamente nervosa sente vontade de urinar. ela urina no chão do banheiro masculino. ela agora extremamente nervosa sente vontade de defecar. ela defeca no chão do banheiro masculino. não há papel e muito menos água para lavar o que quer que seja naquele banheiro imundo. ele enfia o tal suporte íntimo no bolso e levanta as calças repletas de fezes repulsivas. ela retira igualmente o seu suporte íntimo e coloca o vestido repleto de fezes repulsivas. eles retornam ao tal salão do tal restaurante. eles vão terminar aquela tal refeição. eles gostavam de amassar o pão daquele jeito. eles se sentiam nauseados daquele jeito que não pertecia a mais ninguém. conto desossado. se eu tirasse a sua cabeça vc nem notaria. seria tua mais fácil assim, tudo sem cabeça e sem tronco e sem membros. vc se tornaria uma geléia estragada que ocupava um lugar naquele copo sujo ou infestado de formigas vorazes.

vc poderia

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