VI Semana de Enfermagem
ATUAÇÃO DE PROFISSIONAIS ENFERMEIROS DURANTE O PROCESSO DE ASSISTÊNCIA CLÍNICO-GINECOLÓGICA À MULHER EM UNIDADES BÁSICAS DE SAÚDE Marília Daniella M. Araújo Lidiani Regiani Maria Lúcia Raimondo No contexto mundial, o câncer de colo de útero é o segundo mais comum entre mulheres, a realização do exame citopatológico do Papanicolaou tem modificado efetivamente as taxas de incidência e mortalidade por este tipo de câncer, associado ao tratamento de seus estágios iniciais. As ações de controle do câncer colo do útero e de mama é um dos pilares básicos da consulta de enfermagem à mulher, sendo esta uma das ações realizadas pela enfermeira nas unidades básicas de saúde. A abordagem no atendimento à mulher, através da detecção precoce do câncer ginecológico, embora tenha permitido melhorar o acesso aos serviços de saúde, têm limitado os problemas de saúde aos órgãos reprodutivos. No ano de 1984, o Ministério da Saúde elaborou o Programa de Atenção Integral à Saúde da Mulher (PAISM) que tem como proposta de integralidade identificar necessidades de mudanças na abordagem da mulher como sujeito integral pelos serviços de saúde. A consulta ginecológica deve abranger não só a realização do exame de Papanicolaou, mas também assistência integral, na qual, todo e qualquer contato que a mulher venha a ter com os serviços de saúde seja utilizado em prol da promoção, proteção e recuperação da sua saúde. O objetivo dessa pesquisa foi levantar a atuação de enfermeiros durante o processo de assistência clínico-ginecológica em unidades básicas de saúde. Tratou-se de uma pesquisa de campo exploratória, do tipo quantitativa, com observação sistemática do atendimento e dos procedimentos efetuados pelo enfermeiro, seguida de uma entrevista. Os dados para a pesquisa foram coletados utilizando-se dois momentos. No primeiro momento foi efetuada a observação da rotina, do processo e das práticas da equipe de saúde que atende a mulher desde sua chegada na unidade até o término do atendimento a fim de captar os fatores da qualidade da assistência clínico-ginecológica
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à mulher. Em seguida realizou-se uma entrevista contendo perguntas fechadas sobre a forma de assistência prestada. Respeitaram-se os aspectos éticos mediante aprovação do Comitê de Ética. Fizeram parte do estudo 07 profissionais enfermeiros que atuavam nos Centros Integrados de Atendimento (CIAs), sendo 100% do sexo feminino, a maioria casada, com tempo de graduação variando de 04 a 20 anos. Todas as unidades que fizeram parte da pesquisa tinham um consultório destinado para o atendimento ginecológico, sendo este espaço utilizado tanto pela enfermeira quanto pelo médico. Estavam presentes todos os equipamentos e materiais preconizados, havendo falha apenas na roupa a ser utilizada pela mulher no ato da coleta. O tipo de agendamento em 05 (71%) dos CIAs é feito por livre demanda e em 02 (29%) deles é feito por agendamento prévio. A assistência é realizada todos os dias por 02 (29%) das entrevistadas, 01 (14%) realiza quatro dias na semana, 01 (14%) três dias na semana e 03 (43%) delas realizam um dia na semana. Quanto à duração do atendimento, 04 (57%) das enfermeiras disseram não ter horário exclusivo, 02 (29%) dedicam 3 a 4 horas/dia para o atendimento à mulher e 01 (14%) dedica de 1 a 2 horas/dia. Em 05 (71%) das unidades tanto a enfermeira quanto o médico são responsáveis pela assistência ginecológica à mulher. E em 02 (29%) delas, as enfermeiras assumem esta responsabilidade. A maioria das enfermeiras relatou que realizam programas ou estratégias de educação em saúde. Quanto a ações de captação das mulheres, 03 (43%) desenvolvem e 04 (57%) não desenvolvem essas ações. No que concerne ao processo de atendimento à mulher pela enfermeira, em nenhum dos casos ocorreu a consulta de enfermagem sistematizada completa. Constatou-se que a construção do histórico completo da mulher não era realizado por nenhuma das entrevistadas, restringindose apenas ao preenchimento da requisição de exame citopatológico, onde a mulher era questionada apenas sobre os dados necessários para tal preenchimento, perdendo, assim, a oportunidade de agir precocemente na prevenção de possíveis agravos. Na maioria dos casos, as anotações eram efetuadas no prontuário da paciente, não havendo qualquer instrumento que caracterizasse o atendimento sistematizado de enfermagem. Os procedimentos que seriam realizados foram informados à paciente em 71% dos casos, ainda durante a pré-consulta. Não foi fornecido esclarecimento da importância dos procedimentos em nenhuma das unidades. Verificou-se que 100% das enfermeiras realizavam unicamente o exame especular, não cumprindo assim todas
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as etapas do exame clínico-ginecológico. O exame clínico de mamas e a orientação para o auto-exame de mamas foi efetuado por apenas 29% da amostra. Após a realização do exame especular, observou-se que o aconselhamento foi efetuado por apenas 14% da amostra, sendo que em 100% da amostra não ocorreu discussão sobre os achados com a paciente. Em 100% dos casos os achados no momento da coleta do exame citopatológico, uma vez que esta prática tem desvirtuado o foco dos profissionais enfermeiros da necessidade de prestar assistência integral às mulheres que procuram o serviço de saúde. Portanto, é de suma importância que esses profissionais estejam aptos a discernir a necessidade de sua clientela e atendê-la de forma humanizada e integral, não desperdiçando a oportunidade em que a mulher procura o serviço para realizar o exame papanicolau. Muitos profissionais enfermeiros têm deixado de aplicar ações educativas quando, na maioria das vezes, apenas fazem o simples repasse de informações. Os profissionais enfermeiros têm estado acomodados com à assoberbada rotina do serviço, perdendo raras oportunidades para desenvolver ações em prol da promoção, proteção e recuperação da saúde das mulheres. Através da consulta de enfermagem no atendimento clínicoginecológico é possível fornecer orientações às mulheres, visando aumentar a compreensão desta sobre o processo saúde-doença. Palavras-chave: saúde da mulher; consulta de enfermagem; assistência clínico-ginecológica.
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