UNIVERSIDADE CATÓLICA DE GOIÁS DEPARTAMENTO DE ADMINISTRAÇÃO CURSO: GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO DISC. TEORIA GERAL DA ADMINISTRAÇÃO I - 2006/2 PROF. GERALDO F. MONTEIRO, M.SC. ALUN:SILAS VALVERDE DOS SANTOS Short paper;Clusters e produtividade;Michael Porter
Do ponto de vista conceitual, numa definição genérica, um arranjo produtivo, ou "cluster", é um grupo de coisas ou de atividades semelhantes que se desenvolvem conjuntamente. Assim sendo, o conceito sugere a idéia de junção, união, agregação, integração... Um arranjo produtivo seria algo como uma colméia (sugestivo de cooperação, colaboração, especialização, divisão do trabalho) ou como o conjunto de equipamentos de lazer de um condomínio de edifício (a piscina, a churrasqueira, a quadra poliesportiva, o playground infantil), o que sugere integração, entrelaçamento, afinidades etc. Na atividade econômica pode ser considerada como a reunião de pequenas ou médias empresas, às vezes até mesmo as de maior porte, que estão situadas num mesmo local e que apresentam grandes níveis de entrosamento entre si, e constituem o que hoje existe de mais moderno em modelo de desenvolvimento local. Economicamente, arranjo produtivos podem ser definidos como aglomerados de atividades produtivas afins, localizadas em determinado espaço geográfico e desenvolvidas por empresas autônomas de pequeno, médio e até de grande porte, intensamente articuladas, constituindo ambiente de negócios onde prevalecem relações de recíproca confiança entre as diferentes partes envolvidas. Os clusters ou aglomerados influenciam a competitividade de três maneiras amplas: primeiro, pelo aumento da produtividade das empresas e setores componentes; segundo, pelo fortalecimento da capacidade de inovação e, em conseqüência, pela elevação da produtividade; terceiro, pelo estímulo à formação de novas empresas, que reforçam a inovação e ampliam o aglomerado. Clusters são concentrações setoriais e/ ou geográficas de empresas inter- relacionadas as quais competem e colaboram em ambientes de favorecimento de negócios. No que se refere a indústrias baseadas em conhecimento e tecnologia, tais ambientes possuem densidade tecnológica e de negócios, isto é, favorecem de modo especial à competitividade dinâmica pela existência de qualificações educacionais apropriadas, instituições de pesquisa e desenvolvimento, “infra-estruturas tecnológicas” (incubadoras e parques tecnológicos), associações comerciais e industriais, entidades de qualidade e padronização, investidores de risco e, enfim, organização e recursos capazes de fortalecer a interação, sinergia, colaboração e competição entre os diferentes atores em cena (Porter, 1998,1999). Na definição de Porter (1999), “cluster é um agrupamento geograficamente concentrado de empresas interrelacionadas e instituições correlatas, vinculadas por elementos comuns e complementares. O escopo geográfico varia de uma única cidade ou estado para todo um país ou mesmo uma rede de países vizinhos”.
O tópico chave em termos de estratégia empresarial é, assim, a busca de equilíbrio entre a defesa da indústria e a defesa de seus próprios interesses. Por causa de problemas quanto a imagem e credibilidade da indústria emergente, na fase emergente a empresa depende das outras na indústria para seu próprio sucesso (Porter, 1986). Evitar a degradação da concorrência se torna estratégico para a sobrevivência. E a necessidade de cooperação se formaliza em reuniões, associações industriais, assim como nos processos de “clusterização” , que buscam, sobretudo, desenvolver a indústria. Os clusters, no entanto, não são singulares; ao contrário, são típicos. Daí o paradoxo: as vantagens competitivas duradouras em uma economia globalizada dependem cada vez mais de fatores locais – conhecimento, relacionamentos, motivação etc. – com os quais os concorrentes geograficamente distantes não conseguem competir, conforme veremos na seção seguinte. Conclusão Embora sempre tenham existido, os arranjos produtivos produtivos ganharam importância e notoriedade nos últimos anos, em função do processo de globalização, que alterou paradigmas até então prevalecentes, como o das vantagens comparativas(custos dos fatores e dos insumos), que cederam lugar aos ganhos de produtividade decorrentes de vantagens competitivas dinâmicas locais(conhecimento, inovação, relacionamento, motivação), com as quais os concorrentes geograficamente distantes não conseguem competir. A idéia básica é a de que nenhuma empresa é competitiva isoladamente. O que acontece dentro da unidade produtiva é importante, mas está comprovado que o ambiente empresarial no qual a firma está inserida (o arranjo produtivo) também desempenha papel vital para a competitividade. Um excelente hotel, bem estruturado e com bons serviços, terá grande dificuldade de viabilizar-se, se a cidade onde se situa padecer de problemas de segurança, os serviços locais de aeroporto, taxi e restaurantes funcionarem precariamente, os serviços de apoio à promoção de eventos forem deficientes, as atrações turísticas da cidade forem poucas, o artesanato regional for pobre. Ou viceversa: O bom desempenho de um membro ou de um segmento de um arranjo produtivo pode aumentar o sucesso dos demais.
BIBLIOGRAFIA PORTER, M. A Vantagem competitiva das nações. Rio de Janeiro: Campus, 1993. ___________. Clusters e competitividade. HSM Management, São Paulo, p. 100-110, jul./ago. 1999a.