Cinema E Literatura

  • June 2020
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  • Words: 673
  • Pages: 14
Cinema e Literatura

Linguagens Diferentes • -

CINEMA Heterogeneidade sígnica: imagem: espaço, gestos, figurinos, etc; linguagem verbal; signo sonoro: sons; música (diegética e não diegética)

LITERATURA • Linguagem verbal

Processos Cognitivos Diferentes CINEMA • Imagem como um todo.

LITERATURA • Decodificação do código verbal: - da esquerda para a direita, de cima para baixo; - Inferências e adiantamentos.

Sou feita de madeira Madeira, matéria morta Mas não há coisa no mundo Mais viva do que uma porta Eu abro devagarinho Pra passar o menininho Eu abro bem com cuidado Pra passar o namorado Eu abro bem prazenteira Pra passar a cozinheira Eu abro de supetão Pra passar o capitão Eu fecho a frente da casa Fecho a frente do quartel Fecho tudo no mundo Só vivo aberta no céu!

Duas linguagens: procedimentos diferentes • Tempo: limite em torno de 2 horas

ENREDO Cortes, acréscimos Ordem cronológica Enunciação

• O leitor estabelece o tempo de leitura

NOVO TEXTO SOLUÇÕES FÍLMICAS: exemplos

ENUNCIAÇÃO • Enunciador fílmico: - imagem: conduz o olhar do enunciador; - falas, sons e música.

• Narrador literário: - 1ª pessoa: protagonista - testemunha - 3ª pessoa

• O texto literário narra para mostrar, e a narrativa fílmica mostra para narrar. • O enunciador fílmico orquestra a imagem (ângulos de visão), a sonoridade, a música e pode ter o auxílio de uma voz in off. Ex: mérito estético: - não está na fidelidade ao texto literário - está na lógica da construção, coerência interna, verossimilhança

A Hora da Estrela- Clarice Lispector Narrador: Rodrigo S. M. refrata a escritor: • Macabéa vive nele: Ela forçou dentro de mim a sua existência” • Responsável pela nordestina: “meu personagem principal, a nordestina: é um relato que desejo frio” (p. 13) • Elemento biográfico de Clarice adotado por Rodrigo: “Devo explicar que este homem eu o vi uma vez ao anoitecer quando eu era menino em Recife (...)”

• Terceiro espelho: Rodrigo S. M. é a imagem da própria autora e busca respostas para a existência de escritor e de Macabéa, com quem se con-funde. • Narrador: exige a participação do receptor e interpela-o por “Vós”. • Conversa com o narratário e pede-lhe que ressignifique Macabéa: “Cuidai dela porque meu poder é só mostrá-la para vós que a reconheçais na rua, andando de leve por causa da esvoaçada pobreza.” (p. 19).

A Hora da Estrela – Suzana Amaral • Desaparece a ênfase metadiscursiva: o narrador Rodrgio S. M. • Instaura-se um enunciador fílmico: guia, conduz o olhar do espectador, organiza o espetáculo. • Narrador literário: não quer acrescentar luxo à história de Macabéa: “(...) não vou enfeitar a palavra pois se eu tocar no pão da moça esse pão se tornará em ouro (...) e a jovem não poderia comê-lo, morrendo de fome.” (p. 15) • Enunciador fílmico: simplicidade do relato e dos recursos cinematográficos

• Identificação com o olhar do espectador: câmera capta as cenas como um espectador casual • Mirada: cena do gato no escritório Macabéa e Olímpico na parada, do alto Som do programa Rádio Relógio durante os créditos Música não-diegética quando Macabéa sai da casa da cartomante • Pouca música não-diegética: silêncio: pobreza: incomunicabilidade da protagonista

Soluções fílmicas • Macabéa paquera um cego • Macabéa pensa que o guarda do metrô está se insinuando para ela “Devo dizer que ela era doida por soldado? Pois era.” (p. 35) Cena no metrô: entre dois homens

• • • •

Narrativas: reflexos especulares A hora da estrela de C. Lispector: mímesis da vida de Macabéa; universo diegético que devolve a imagem a quem nele se vira, como um espelho. • A hora da estrela de Suzana Amaral: - devolve a imagem da narrativa literária: mímesis da mímesis; - imagem refratária: nova forma de ver, nova linguagem.

“A mímesis da mímesis tem, portanto, brilho próprio na medida em que depende/independe do texto original. Ela constitui uma obra de arte autônoma, cuja luz nos atinge como a da estrela, por meio da qual visualizamos o céu e que chega a nós de forma refratária e bela.”

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