Chico Bamba

 JULHO/AGOSTO 2007

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O homem que nos ensinou a patinar

nha que ligava a cidade de Lobito, na Costa Ocidental de África, a Moçambique, na Costa Oriental”. O pai conheceu a sua mãe quando passou

Portugal, ainda durante a euforia revolucionária do pós-25 de Abril.

bol do Castrense. Do futebol passou para o hóquei e não demorou muito até se tornar no primeiro treinador da equipa da modalidade criada por António dos Anjos, actual director da Secção de Hóquei do Futebol Clube Castrense. Anos antes da sua chegada ao Alentejo, foi treinador, jogador e dirigente do Óquei Clube do Huambo. Era ele quem disputava os lugares cimeiros em todas as modalidades ditas amadoras. Foi, inclusive, percursor em muitas delas. Quem o conheceu lembra a sua força e velocidade no hóquei, a sua agilidade no vólei, mas também as suas mãos certeiras e o seu grande poder de desmarcação no basquetebol. Características que faziam dele um desportista completo. Mas era como líder que mais se

Antunes, funcionário público de balhar no Gabinete de Apoio Técnico de Castro Verde (GAT). Tempos mais tarde, motivado pelo engenheiro João Freitas, começava a treinar a equipa de Fute-

o gosto e o enorme prazer que sentia pela prática desportiva e congregava em seu redor o entusiasmo de companheiros de equipa e até de adversários. tejo, lançou-se em projectos de li-

na Cidade de Nova Lisboa. DesFrancisco Antunes teve duas irmãs - a mais velha enveredou pela bioe foi Ministra da Educação - e dois irmãos - um que fez da arquitectura

F

oi promotor do célebre Óquei Clube do Huambo, criou equipas de atletismo, voleibol, basquetebol, futebol, natação e andebo. Nasceu em Angola, no planalto de Huambo, outrora cidade de Nova Lisboa. O avô materno era natural de Guimarães, a avó de Angola. O pai, natural de Alcobaça, foi para Angola com apenas companhia de caminhos-de-ferro e “trabalhou na construção da li-

na rádio. Francisco Antunes, mais conhecido por “Chico Bamba”, era o mais novo dos rapazes. Coube-lhe a ele vir para o Alentejo. Depois de umas férias passa-

derança desportiva, desenvolvendo-os com mérito e prestígio. Em Castro Verde, apesar das muitas diria de dinamizar o hóquei depressa cresceu. Conjuntamente com outros entusiastas, Francisco Antunes agarrou uma geração e com trabalho e dedicação colocou o Castrense a rolar em primeiro plano. Começou no início da década de oitenta a treinar os iniciados, equipa que acompanharia até à categoria de seniores, passando pela disputa do campeonato nacional de juvenis e juniores. Eram os tempos em que o hóquei em patins era uma festa, em que o polidesportivo do Parque Infantil se enchia de gente e se vivia com emoção, às vezes exaltada, a competição. Mas os patins também permitiram o surgimento das corridas, e também aí “Chico Bamba” deixou a sua marca, treinando um grupo de atletas que conquistou títulos nacionais e lugares na selecção portuguesa da modalidade. Em parte, Francisco Antunes foi o homem que ensinou Castro Verde a patinar, desempenhando um papel importante no crescimento de duas modalidades em patins, formando atletas, representando uma inovação desportiva na colectividade castrense. Ao longo de uma década, semeou o entusiasmo que ainda hoje continua a motivar aqueles que vêem no hóquei um espaço de formação para as novas gerações. Uma coisa é certa, para Francisco Antunes, o hóquei e as corridas em patins fazem par-

te da história desportiva de Castro Verde. Hoje tem 75 anos. Vive no Lar Jacinto Faleiro e durante o dia passeia-se pelas ruas de Castro Verde. A memória, essa, continua intacta e guarda bem presente os tempos em que o desporto fazia parte da sua vida, como uma escola de valores onde acima de tudo se privilegiava o convívio, a saudável ocupação dos tempos livres e a franca amizade. Paulo Salvador, jornalista apaixonado por África, relembra-o no seu livro “Recordar África II”. Um livro que se centra nas gentes, nas histórias trágicas, anedóticas ou simplesmente heróicas de homens e mulheres que marcaram as comunidades que viviam e que habitam ainda a memória de muitos angolanos. A história de Francisco Antunes também lá vem retratada e mais não é do que uma homenagem ao homem que muitos encararam e ainda encaram como o “mestre da vida”. Recentemente, também a Associação de Patinagem do Alentejo (APA), à qual se associou a Câmara Municipal de Castro Verde, lhe prestou a sua singela homenagem pelo contributo, disponibilidade e empenho que dedicou à patinagem. Pelas mãos do presidente da APA, Nuno Ferro, recebeu a camisola da Selecção Nacional de Hóquei em Patins. Um gesto simbólico que veio demonstrar que Chico Bamba “continua presente no mundo da patinagem e que deve ser considerado um exemplo para a nova geração de treinadores.” 