Castigos

  • June 2020
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Castigos escolares: um olhar através da perspectiva do agredido Esse trabalho tem como objetivo estabelecer, através de relatos de vítimas de violência nas escolas, um paralelo com os efeitos na formação do indivíduo como um todo. A presença de castigos físicos nas escolas ainda permanece bastante evidenciada no século XX, apesar de ter origem nos primórdios da história da educação. Brasil e Portugal caminham juntos nessa história e, por isso, testemunhos de alunos brasileiros e portugueses foram primordiais para fundamentar a presente análise. O primeiro depoimento é de uma mulher brasileira de 58 anos, proveniente de uma classe menos favorecida e que teve como oportunidade de educação o internato filantrópico Felipe Camarão, extinto há mais de três décadas. Sua história faz um retrato sem retoques do que se classificava como disciplina no Brasil da década de 50. O segundo relato é de uma médica portuguesa de 40 anos, que conta de que forma os castigos físicos que sofreu na escola provocaram nela o desejo de buscar novas alternativas de vida, menos autoritárias. Na época em que ela passou pela educação básica, a repressão física era permitida nas escolas portuguesas e nos lares. Os pais e professores defendiam que, a fim de exercerem seu domínio, necessitavam da vara e outros artifícios como instrumentos de controle dos arroubos adolescentes. O último depoimento trata de castigos aplicados na contemporaneidade. Uma jovem de 14 anos relata o uso do sarcasmo e ironia por parte de colegas de classe e até de alguns professores, para constrangerem e calarem quem não se encaixa no perfil determinado como satisfatório na ambiência escolar de hoje. Apesar de tantas leis reguladoras e da própria de perda de prestígio, os métodos vexatórios ainda existem, mesmo que velados. O "bullying" é considerado como politicamente incorreto, mas sua prática continua a representar uma demonstração de poder e está presente em todos os níveis sociais. Ultrapassando o ambiente escolar e alcançando a internet, a humilhação acaba sendo tão dolorosa como a palmatória ou a bola de cera. A linha de pensamento dessa breve pesquisa intenta aferir, através das histórias de vida recolhidas, os efeitos, os traumas e mudanças que essas pessoas tiveram que passar para superar, ou não, essa violência que teve início no ambiente escolar. O uso dos seguintes artigos científicos publicados em revistas de Educação procurará enriquecer essas histórias e refletir melhor sobre sua problemática:

CONSTANTINI, Alessandro. Bullying, como combatê-lo?: previnir e evitar a violência entre jovens. SP: Itália Nova Editora, 2004. FERNANDES, Rogério. Da palmatória a internet: uma revisitação da profissão. In: Revista Brasileira da História da Educação. Campinas, SP: Autores Associados. N.11 jan./jun.,2006 FOUCALT, M. Vigiar e Punir. Petrópolis: Vozes, 1977.

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