CAPACITE-SE E LIDERE-SE PARA MUDAR OS MAUS HÁBITOS 09/0438Por Miguel Lucas em Psicologia Comportamental Quando ouvimos falar de capacitação ou liderança, a nossa mente imagina alguém muito competente a dar indicações aos outros para obtenção de resultados satisfatórios. Mas no que diz respeito aos nossos hábitos, às particularidades que vamos adquirindo que nos dificultam a adaptação à mudança, a alguns comportamentos indesejados que temos, como vícios, formas de pensar indadequadas, imaginar capacitar-nos e liderar-nos para alcançar o que pretendemos por vezes pode parecer pura ficção científica. Na verdade, todos nós estamos equipados com a capacidade de liderança. Um cérebro capaz de processar milhões de dados, memorizar, categorizar, refletir, planejar, aprender, evoluir, atualizar-se e acima de tudo ter consciência do que é, produz uma mente que permite sermos lideres de nós mesmos. A forma como nos programamos, como rescrevemos novos dados, como apagamos outros, como atualizamos a informação, como redesenhamos formas antigas de lidar com as situações, como nos projetamos no futuro, como simulamos ações e atitudes permitenos percebermos que essa capacidade extraordinária vive em nós. Acompanha-nos para todo o lado. Mas, é preciso fazermos um tremendo exercício de desapego de nós mesmos, daquilo que nos constitui enquanto indivíduos para que consigamos olhar para as nossa partes constituintes, tomar consciência delas e utilizá-las como ferramentas úteis. Essa tecnologia de ponta necessita apenas da nossa consciência, conhecimento de como utilizá-las e depois uma voz de comando, um processo executivo que aciona, atualiza e informa essas ferramentas mentais com novos dados. Você mesmo!
VOCÊ PRECISA DE SUPERAR UM MAU HÁBITO? Para mudar um mau hábito, um passo precisa acontecer. Você tem de ganhar consciência que tem esse mau hábito e depois pretender mudá-lo ou eliminá-lo. Mas, muitas das vezes e para a grande maioria de nós esses maus hábitos são resistentes, têm vida própria, e apesar de muitos esforços nossos somos vencidos pela sua tremenda força, vivenciando o fracasso. Isto pode tornar-se muito angustiante e terrível na nossa vida. Talvez, você também se debata com este cenário, ou já tenha no passado tentado ultrapassar o tormento de substituir ou eliminar um mau hábito. Os maus hábitos, como pensar recorrentemente de forma negativa, fumar em excesso, mentalidade de vítima, comer em excesso, criticar-se negativamente, consumo excessivo de álcool, comportamentos desajustados, sendentarismo, excesso de preocupação, entre outros, podem impedir-nos de viver uma vida melhor. Se você já tentou de diversas formas eliminar ou substituir algum mau hábito, e ainda não conseguiu, em seguida irei apresentar algumas formas baseadas na capacidade que você possuí para liderar-se (a sua mente) e que podem comprovar-se como eficazes, quando devidamente aplicadas. Caso pretenda adquirir mais informação complementar no sentido de ficar melhor equipado para superar os seus maus hábitos, leia: Caixa de ferramentas psicológicas para a vida
TENTE ALGO NOVO “Insanidade: Fazer a mesma coisa uma e outra vez e esperar resultados diferentes.” Albert Einstein Muitas vezes chapinhamos nas mesmas atitudes, comportamentos, pensamentos e estratégias que se comprovam como ineficazes na obtenção dos resultados desejados. Tentar mudar um hábito enraizado, por vezes é altamente frustrante. Usualmente experimentamos o fracasso uma e outra vez. Digamos que você quer fazer uma das seguintes opções:
Parar de comer de forma excessiva Parar de fumar Pare de fazer gastos excessivos Parar de ter comportamentos indesejados Parar o diálogo autocrítico negativo A maioria das pessoas parecem tentar as mesmas técnicas antigas, uma e outra vez para quebrar essas compulsões, obsessões, vícios ou hábitos destrutivos. Infelizmente, muitos de nós não conseguimos produzir resultados duradouros. Aqui estão algumas das formas típicas e ineficazes para mudar ou eliminar maus hábitos:
Propor-se à mudança, sem preparação e conhecimento de como fazê-lo Usar um lembrete para lembrá-lo de periodicamente verificar o seu comportamento Confiar apenas na sua força de vontade Pedir a alguém para responsabilizá-lo Criar uma uma lista das consequências do seu mau hábito
Provavelmente você já usou algumas destas técnicas ou estratégias, mas provavelmente teimam em não funcionar. Este tipo de sentimento de fracasso e sentimento de culpa produzem uma ideia de incapacidade face aos esforços a que se propôs. Vai construindo uma ideia que independentemente do que faça, o hábito que pretende superar é mais forte do que você. Com esta ideia em mente, o próximo passo é a desistência de se propor a novas tentativas. A sua ansiedade vai crescendo e com isso o seu problema aumenta. A incapacidade de gerir ou diminuir a ansiedade na presença do mau hábito vinca ainda mais a noção de incapacidade de superação. O que lhe proponho desta vez é uma nova tentativa com uma nova estratégia e abordagem, utilizando a sua capacidade deautoregulação para mudar os seus maus hábitos.
NOVAS FORMAS DE SUPERAR VELHOS HÁBITOS Tentar uma e outra vez, mesmo que com mais determinação e noção da dificuldade, pode não ser suficiente. Você simplesmente não pode continuar a repetir as velhas formas de quebrar os seus maus hábitos. As estratégias utilizadas têm-se comprovados inúteis? Se sim, você precisa de algumas ideias novas para mudar os seus comportamentos.
VOCÊ NÃO É AQUILO QUE PENSA Deixe de seguir tudo o que pensa. Ou seja, nem tudo o que pensamos representa aquilo que somos, a nossa vontade ou querer. Nem tudo o que pensamos é útil como orientador das nossas ações. Alguns pensamentos invadem a nossa mente sem qualquer intervenção ou decisão intencional. Se você se deixa enganar, não conseguindo distinguir que alguns dos seus pensamentos são “truques” do seu cérebro. São mensagens enganosas do seu cérebro no sentido de você voltar a fazer aquilo que sempre fez. O cérebro induz a que você continue a ter os mesmos comportamentos que supostamente no passado o fizeram sentir-se bem, mesmo que esse comportamento seja prejudicial para si. Se esse mau hábito libertou na sua corrente sanguínea algum tipo de químico que o fez sentir-se bem, aumentará a probabilidade de ter um novo impulso para repetir esse tipo de comportamento que o conduzirá ao reforço positivo que ficou registado no seu cérebro. Ao tentar superar um mau hábito, a nossa mente pode criar pensamentos do género:
Eu não tenho escolha. Eu precisa disso.
Não há problema em fazer apenas desta vez. Eu posso lidar com isso.
Não há mal nisso. Eu mereço este alívio.
Não é possível parar. Não vou perder tempo tentando.
O meu hábito é mais forte do que eu.
Eu bem tento, mas não consigo deixar.
Já são muitos anos a fazer o mesmo. Pela força do hábito o que passa a executar-se sem a necessidade da nossa consciência, passa a estar sobre a autoridade do nosso corpo. O nosso corpo passa a ser a nossa “mente” para alguns dos comportamentos automáticos, fortemente aprendidos ou aditivos. O Corpo envia estímulos de mal-estar para o seu cérebro, e este por sua vez irá criar um determinado pensamento para racionalizar o seu mau comportamento. Em desespero, o seu cérebro fica extremamente criativo ao justificar a razão pela qual você deve cumprir
com as suas exigências. Normalmente sentimos isso através de fortes sensações de necessidade ou de incontrolabilidade dos estímulos ou desejos. “Eu não consigo deixar de fazer isto. Eu sei que me é prejudicial, mas eu não sou capaz” Ao ganhar consciência que você não é os seus pensamentos, não é as suas más sensações, não é as suas necessidades urgentes, nem é os seus sentimentos, consegue fazer o exercício de colocar-se no comando de si mesmo. Ao desapegar-se das suas incapacidades, dos seus pensamentos e sentimentos negativos, você ganha vantagem sobre os seus maus hábitos. A frase a utilizar é: Eu estou no comando das operações. Ao perceber que você possui um conjunto de ferramentas que pode utilizar a seu favor, que dependem da sua intenção, capacidade de foco e decisão, grande parte da mudança de hábitos passa a ser uma escolha intencional e consciente.
Por exemplo, quando você deteta uma mensagem enganosa do seu cérebro, pode dizer a si mesmo:
Eu não preciso comer mais . Eu já comi o suficiente.
Eu não preciso de um cigarro. Fumar está arruinando a minha saúde.
Eu não preciso de comprar isto. Não me vai fazer mais feliz. Atenção, estas afirmações positivas e de orientação intencional não vão parar os estímulos de mal-estar que o seu cérebro e corpo irão continuar a enviar para você. Pelo contrário, a angústia irá disparar e aumentar. Mas se você perceber que o mal-estar provocado pela inibição do mau hábito, é apenas isso mesmo, mal-estar, e não a sua vontade e querer, você ficará no controle. Isso dar-lhe-á a clareza necessária para você controlar-se e seguir em frente.
Quando a urgência da execução do mau hábito surgir, mantenha-se firme no seu querer. Diga a si mesmo que essa não é a sua vontade. Que o que está a acontecer é um conjunto de estímulos químicos que o seu cérebro está enviando para você no sentido de executar o mau hábito, para ter como retorno uma libertação no seu corpo de outros químicos que o irão fazer sentir-se bem. Pelo menos irão fazê-lo sentir-se aliviado, ainda que isso seja prejudicial para si e para a sua vida em geral. Para aprofundar este assunto, leia: Entenda os seus comportamentos não desejados 4 Obstáculos à mudança de vida positiva
APLIQUE A TECNOLOGIA DE PONTA DA SUA MENTE, ESTANDO NO CONTROLE Ao perceber que os seus maus hábitos ganharam vida própria, que eles sobrepuseram-se à utilização deliberada daquilo que você mais quer para si, fica com a possibilidade de passar a não responder em piloto automático. Se atuar em tempo útil, se não seguir de forma automática os sinais de urgência enviados pelos seus maus hábitos enraizados, pode conseguir superar o que tanto deseja. Liderarmo-nos é a capacidade que todos nós temos para deliberadamente seguirmos aquilo em que focamos a nossa atenção. É a capacidade de monitorizar o ambiente envolvente procurando formas que facilitem a obtenção dos resultados pretendidos. É a capacidade de regular os nossos estados internos (por exemplo acalmar a nós mesmos) para que possamos criar pensamentos positivos que nos sirvam. É a capacidade de percebermos que os nossos pensamentos são eventos mentais e não acontecimentos em si. É a capacidade de dizer não àquilo que sabemos que nos prejudica. É eliminar a ilusão acerca da ideia que existe algo em nós superior à capacidade de conscientemente construirmos pensamentos que facilitem a obtenção do que queremos realizar. Você possui autoliderança para regular-se a si mesmo em prol da sua melhoria de vida e do seu desenvolvimento pessoal. Passos:
Identifique os hábitos a mudar ou a superar
Identifique as anteriormente)
Tome consciência que você não é as suas incapacidades, pensamentos e sentimentos negativos, mal-estar e angústia
Deliberadamente, verbalize afirmações de comando das ações que quer ou não quer fazer (como exemplificado anteriormente)
Siga as suas próprias indicações, focalizando a sua atenção nos processos
Prepare-se para o incómodo gerado pelo seu corpo ao inibir os maus hábitos
Siga o que quer fazer, fazendo
mensagens
enganosas
do
Implemente hábitos saudáveis de substituição Abraço
seu
cérebro
(como
exemplificado