Candonble De Caboclo

  • June 2020
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  • Words: 810
  • Pages: 3
:. Autor: Bàbálórìsà Alberto Acaiaba

XETO MARRUMBAXETO Muita gente confunde candomblé de caboclo com candomblé de Angola. Isto no meu ponto de vista não é correto.Pois o caboclo é a entidade espiritual presente em todas as religiões afro-brasileiras. Existem algumas casas de Ketú que cultuam caboclos e fazem uma festa anual para os mesmos. Outras casas cultuam de modo mais reservado e não fazem festas públicas, tendo acesso ao culto somente os filhos da casa e os mais chegados da comunidade. Alguns zeladores fazem toque para caboclo por terem antes passagem pela umbanda, angola e outros cultos que o caboclo se faz presente. Não é tão raro acontecer de zeladores que seguem os modelos de casas tradicionais de ketú onde o caboclo não é cultuado, ou não é cultuado com tanta freqüência, “virarem” no caboclo em sessões reservadas. O que vejo hoje em dia é que o candomblé de caboclo tem um espaço cada vez maior dentro dos terreiros, sejam nos que cultuam Òrìsà, Voduns, N’kices, tendo seus toques igual ou maior número de presentes que os toques aos Òrìsà. Apesar dos caboclos identificados como índios, há caboclos de diferentes origens: Ao caboclo de origem indígena chamamos geralmente de "Caboclo de Pena"; Ao caboclo de origem sertaneja, os caboclos boiadeiros que são os homens que lidam com o gado chamamos de "Caboclo de Couro". Quando louvamos os caboclos todos os seus feitos são exaltados, seus lugares preferidos suas façanhas nas matas ou na lida com o gado, suas crenças, onde então acontece o sincretismo, pois são louvados a figura de Jesus Cristo e alguns santos católicos. Algumas pessoas erroneamente tratam o candomblé de caboclo de modo pejorativo, como se o mesmo não tivesse a sua força, sua graça, sua beleza, sentindo-se os próprios donos da verdade. Mas, como diz um velho ditado: Òlotitun lese kékeré - O dono da verdade tem pernas curtas. Como estas poucas linhas na verdade são para expressar a beleza dos seus cânticos e a alegria deste toque presente na maioria dos candomblés de São Paulo, eis algumas das cantigas mais tradicionais entoadas. Entidade: Caboclo Nação: Todas que os respeitam Saudação:Xeto marrumbaxeto CÂNTICOS DE BOIADEIRO Cadê a minha corda Corda de laçar meu boi 1) O meu boi fugiu Eu não sei pra onde foi

Zai Zai 2) Zai Zai

zai zai zai zai

zai zai zai zai

boa noite meus senhores boa noite eu venho dar eu me chamo boiadeiro não nego meu natural

Lá nas matas, lá na Jurema Lá nas matas, lá na Jurema 3) É uma lei severa, é uma lei sem pena É uma lei severa, é uma lei sem pena

4)

Em cima do meu lajedo Eu bebi água de gravatá Eu bebi água de gravatá, sou boiadeiro Eu bebi água de gravatá, sou gentileiro

5)

Ainda okê, eu dei um tiro quero ver cair Ainda okê, eu dei um tiro quero ver zunir

6)

Abre-te campestre que eu quero passar Eu quero ver meu gado, aonde ele está

7)

Abelha que faz o mel, também faz o samburá Abelha que faz o mel, também faz o samburá Caboclo pega sua flecha Não deixa outro tomar Caboclo pega sua flecha Não deixa outro tomar

8)

A menina do sobrado mandou me chamar pelo seu criado A menina do sobrado mandou me chamar pelo seu criado Eu mandei dizer a ela estou vaquejando o meu gado Olô boiadeiro eu gosto de samba arrojado Olô boiadeiro eu gosto de samba arrojado

9)

Aparei minha roseira para tirar do caminho Aparei minha roseira para tirar do caminho Na aldeia de boiadeiro não se pisa no caminho Na aldeia de boiadeiro não se pisa no caminho

10)

Pedrinha miudinha, pedrinha na Luanda e Lagedo tão grande, tão grande na Luanda e

11)

Meu lajedo é muito grande é de pedrinha miúda É de pedrinha miúda, é de pedrinha graúda

12) Vou me embora pro sertão Oh viola meu bem viola Que eu aqui não me dou bem

Viola meu bem viola Sou operário da leste Sou maquinista do trem Vou me embora pro sertão Que eu aqui não me dou bem Oh viola meu bem viola Oh viola meu bem viola Oh viola meu bem viola Oh viola meu bem viola

Eu tenho meu chapeu de couro Eu tenho minha guiada 13) Eu tenho meu lenço vermelho Para tocar minha vaquejada Agradeço a todas as pessoas que respeitam o candomblé de caboclo, o querido Ogã Luiz Freitas que sempre nos tem prestigiado em cada toque, seja de Òrìsà, de caboclo ou qualquer outra manifestação do culto, meus sinceros respeitos por sua humildade e ensinamentos que não foram poucos (mesmo sem ele perceber). Referências Bibliográficas: PRANDI, Reginaldo

Os candomblés de São Paulo. Hucitec - São Paulo, 1991 Herdeiras do axé. Hucitec - São Paulo, 1996

SANTOS, Alberto Tadeu Acaiaba

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