BRIC
Os quatro países que formam o BRIC: Brasil, Russia, Índia e China.
Líderes dos BRIC em 2008 - Manmohan Singh (Índia), Dmitry Medvedev (Rússia), Hu Jintao (China) e Luiz Inácio Lula da Silva (Brasil).
BRIC é um acrônimo criado em novembro de 2001, pelo economista Jim O'Neill, chefe de pesquisa em economia global do grupo financeiro Goldman Sachs, para designar, no relatório "Building Better Global Economic Brics", os quatro principais países emergentes do mundo: •
Brasil,
•
Rússia,
•
Índia e
•
China
Usando as últimas projeções demográficas e modelos de acumulação de capital e aumento de produtividade, o Goldman Sachs mapeou as economias dos países BRICs até 2050. A conclusão do relatório é que esse grupo de países pode tornar-se a maior força na economia mundial, superando as economias dos países do G6 (Estados Unidos da América, Japão, Alemanha, Reino Unido, França e Itália) em termos de valor do PIB (em dólares americanos). Além da importância econômica, os BRIC tenderiam a aumentar sua influência política e militar sobre o resto do mundo.
O estudo ressalta, no entanto, que cada um dos quatro enfrenta desafios diferentes para manter o crescimento na faixa desejável. Por isso, existe uma boa probabilidade das previsões não se concretizarem, por políticas inadequadas, simplesmente por má sorte ou ainda por erros nas projeções e falhas do próprio modelo matemático adotado. Mas se os BRICs chegarem pelo menos perto das previsões, as implicações para a economia mundial serão grandes e mudanças podem ocorrer mais rapidamente do que se imagina. De acordo com o estudo, o grupo deverá concentrar mais de 40% da população mundial e um PIB de mais de 85 trilhões de dólares. Atualmente os BRICs não formam um bloco político (como a União Europeia), nem uma aliança de comércio formal (como o Mercosul e a ALCA), e muito menos uma aliança militar (como a OTAN), mas constituíram uma aliança através de vários tratados de comércio e cooperação assinados em 2002. Os BRIC, apesar de ainda não serem as maiores economias mundiais, estão em processo de desenvolvimento político e econômico e já fazem sentir sua influência a exemplo do que ocorreu na reunião da OMC em 2005, quando os países em desenvolvimento,
liderados
por
Brasil
e
Índia,
juntaram-se
aos
países
subdesenvolvidos para impor a retirada dos subsídios governamentais pela União Européia e pelos Estados Unidos, e a redução das tarifas de importação. Mas há também muitas diferenças entre eles. Por exemplo: Rússia, Índia e China são grandes potências militares, ao contrário do Brasil, que nunca se engajou em uma corrida armamentista. Perspectivas Se considerado como um bloco econômico, em 2050, o grupo dos BRICs já poderá ter ultrapassado a União Européia e os Estados Unidos da América. Entre os países do grupo haveria uma clara divisão de funções. O Brasil e a Rússia seriam os maiores fornecedores de matérias-primas - o Brasil como grande produtor de alimentos e a Rússia, de petróleo - enquanto os serviços e produtos manufaturados seriam principalmente providos pela Índia e pela China, onde há grande concentração de mão-de-obra e tecnologia.
O Brasil desempenharia o papel de país exportador agropecuário, sendo que a sua produção de soja e de carne bovina seria suficiente para alimentar mais de 40% da população mundial. A cana-de-açúcar também desempenharia papel fundamental na produção de combustíveis renováveis e ambientalmente sustentáveis - como o álcool e o biodiesel[3]. Além disso, seria o fornecedor preferencial de matérias-primas essenciais aos países em desenvolvimento - como petróleo, aço e alumínio -, sobretudo na América Latina e particularmente na área do Mercosul (Argentina, Venezuela, Paraguai, Uruguai), fortemente influenciada pelo Brasil. No entanto, talves o mais importante trunfo do Brasil esteja em suas reservas naturais de água, na fauna e na flora, ímpares em todo o mundo, que tendem a ocupar o lugar do petróleo na lista de desejos dos líderes políticos de todos os países. O Brasil ficaria em 5.º lugar no ranking das maiores economias do mundo em 2050. A Rússia desempenharia o papel de fornecedor de matérias-primas, notadamente hidrocarbonetos. Mas seria também de exportador de mão-de-obra altamente qualificada e de tecnologia, além de ser uma grande potência militar, característica herdada da Guerra Fria[4]. A Índia deve ter a maior média de crescimento entre os BRICs. Estima-se que em 2050 esteja no 3.º lugar no ranking das economias mundiais, atrás apenas de China (em 1.º) e dos EUA (em 2.º). Além de potência militar, o país tem uma grande população, e tem realizado vultosos investimentos em tecnologia e qualificação da mão-de obra, o que a qualificaria a concentrar no setor de serviços especializados[5]. A China deve ser, em 2050, a maior economia mundial, tendo como base seu acelerado crescimento econômico sustentado durante todo início do século XXI. Dada a sua população e a disponibilidade de tecnologia, sua economia deve basearse na indústria. Grande potência militar, a China se encontra atualmente num processo de transição do capitalismo de Estado para o capitalismo de mercado, processo que já deverá estar completado em 2050[6]. Nada se pode garantir sobre o futuro dos BRICs, pois todos os países estão vulneráveis a conflitos internos, governos corruptos e revoluções populares, mas, se nada de anormal acontecer, é possível prever uma economia mundial apolar, na qual a idéia de "norte rico, sul pobre" careceria de sentido.
Por conta da popularidade da teoria do Goldman Sachs, acabaram sendo cogitadas outras siglas, como BRIMC (Brasil, Rússia, Índia, México e China) e BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), incluindo México e África do Sul como nações com igual potencial de crescimento nas próximas décadas. A inclusão da principal economia africana no grupo pode significar uma importante mudança na ordem mundial - possivelmente, uma outra globalização. Encontros Em 16 de junho de 2009, os líderes dos quatro países do BRIC reuniram-se em Ecaterimburgo (cidade na região dos Montes Urais, na parte asiática da Rússia), onde foram discutidos vários temas relacionados à crise econômica de 2008, tais como comércio internacional, o papel do dólar como moeda de reserva, participação nos organismos internacionais, entre outros. A próxima reunião do grupo deve ocorrer em 2010 no Brasil. Brasil como superpotência emergente A República Federativa do Brasil é considerada, em âmbito internacional, uma potência emergente, devido a seu contingente populacional e ao rápido crescimento econômico por que tem passado nos últimos anos. O Brasil é a 8ª maior economia do mundo. Nos últimos anos o país conquistou estabilidade econômica, atraindo investimentos estrangeiros. Em 2006, o PIB brasileiro atingiu a marca de 1,888 trilhões de dólares passando países como Espanha, Canadá, Itália e França e se aproximando do Reino Unido. As exportações triplicaram em quatro anos de aproximadamente 60 bilhões de dólares em 2002 para mais de 216 bilhões de dólares em 2007. O Brasil é o maior detentor de bacias de águas doce do mundo e possui a 9ª maior reserva de petróleo do mundo após a descoberta em Novembro de 2007 na bacia de Santos. Suas reservas econômicas internacionais estão na cifra de 222 bilhões de dólares. O real se consolidou como uma moeda forte e de intensa atuação na zona latino americana. É um dos maiores fomentadores de atividades (fora os países desenvolvidos) nos continentes americano e africano através do BNDES e empresas públicas e privadas. Possui empresas de abrangência mundial nos campos petrolífero (Petrobras), exploração
mineral (Vale do Rio Doce), construção de aviões (Embraer), siderurgia (Gerdau) e telecomunicações (Rede Globo), o que lhe oferece razoável vantagem em penetração comercial em diversos continentes. O Brasil é uma das nações G4, que buscam cadeiras permanentes no Conselho de Segurança da ONU. Fatores geográficos O Brasil possui a quinta maior população do mundo (Lista de países por população) e também a quinta maior extensão de terra do mundo (Lista de países por área). O Brasil abriga a maior biodiversidade do planeta, contando com cerca de 18% da biota global (2), um litoral de mais de 7.000 km, que permite um fácil escoamento da produção para o oceano Atlântico através dos vários portos existentes no país, e uma diversidade climática que propicia variada produção agrícola e industrial. [Fatores militares O Brasil nunca passou por um momento histórico que o obrigasse a se militarizar, exceto durante a Guerra do Paraguai, sempre tendo boas relações com todos os países, mas este quadro tende a mudar devido ao objetivo do Brasil de obter um assento permanente no Conselho de Segurança da ONU. O Brasil está coordenando a maior atividade militar em atuação no continente americano, estando à frente da MINUSTAH, força de paz (estabilizadora) atuando no Haiti. O país não possui ogivas nucleares, mas é o único pais da América Latina que domina o uso da energia nuclear. Os gastos do Brasil com as forças armadas chegam a 13,94 bilhões de dólares, mas as previsões são de que em 2008 foram investidos em torno de 18 bilhões de dólares. O país também possui um grande número de soldados, já que o alistamento no país é obrigatório, fazendo do exército brasileiro um dos maiores do mundo. O país tem a maior aeronáutica, marinha e exército da América Latina e mantem distinta superioridade em aparatos militares, com exceção na força aérea, onde Chile, Peru e Venezuela possuem relativa paridade devido a aquisições recentes. [3]. Fatores contrários
Há vários fatores que podem impedir o crescimento brasileiro como gastos públicos altos, burocracia e tributação elevadas. O país tem problemas com a baixa qualidade da educação, infra-estrutura não satisfatória, diferenças regionais acentuadas e alta concentração de renda. Além disso, a corrupção política e a violência no Brasil são muito grandes, exigindo políticas mais eficazes no campo social, que ainda não vieram. China como superpotência emergente A República Popular da China (RPC) é geralmente considerada uma potência emergente devido à sua grande e estável população, e está crescendo rapidamente seus gastos e capacidades nos setores econômicos e militares. Entretanto, tem diversos problemas econômicos, políticos, e demográficos que necessitam ser superados para ser considerada uma superpotência. Também não tem influência mundial quando comparada aos Estados Unidos ou à antiga União Soviética. Fatores a favor A China tem a 3° maior economia do mundo. Isso resultou na invasão de produtos chineses no mercado mundial, o que o torna o 3° maior exportador do mundo. A presença de um dos subsolos mais ricos do mundo em matéria prima também tornaram o país independente de vários recursos minerais. Seu enorme mercado consumidor interno também favoreceu o crescimento dos investimentos externos. O turismo também está entre as atividades econômicas que mais cresceram e o país já é o 5° mais visitado do mundo. Índia como superpotência emergente A República da Índia é geralmente considerada uma potência emergente devido à sua grande e estável população, e que possui setores econômicos e militares crescendo rapidamente. Muitas indústrias se instalam no país devido aos investimentos em tecnologia e na profissionalização da mão-de-obra, além da sua tradição em Ciências Exatas. Entretanto, possui diversos problemas econômicos, políticos, e sociais que necessitam ser superados para ser considerada uma
superpotência. Também não tem muita influência mundial quando comparado a outros países como Estados Unidos. Rússia como superpotência emergente A Federação Russa é geralmente considerada uma potência emergente devido ao seu grande poderio militar. Durante a Guerra Fria, já foi uma superpotência como União Soviética, mas entrou em decadência anos depois. Hoje, a Rússia está enriquecendo novamente, fazendo parte das economias BRIC. Fatores a favor A Federação Russa Possui o mais vasto território do mundo. Dentro dele há um dos subsolos mais ricos do mundo em recursos naturais e energéticos, como Petróleo, Carvão, Cobre, Ferro, Ouro e Zinco; sendo tida como uma Superpotência energética. Herdeira da maior parte do antigo parque industrial da extinta URSS, o país é grande produtor de diversos produtos. Fatores contra A Federação Russa possui uma população em envelhecimento e economia cada vez mais dependente das exportações de petróleo