Brasil Em Tempo De Cinema

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  • Words: 53,650
  • Pages: 79
Jean-Claude Bernardet

B RA~; I L

BIBLlOTEC.... 8.4.510. DE CI :-'"EMA

cm

TEJ\ lPO de

O

,

Ensaio Sôbre Cinem a Brasileiro

de 1958 a 1966



Índice

,

Prefácio

,

1l"TJ.OOt;ç~O

A C\auc ~f édi. OJl w rl Consum!\'cl Hera a ~f c ntalJ da.de Imporud Clra MOIl:Oltltl

M"RrtJ~

de capa:

!.AURnzw BEnN

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A ;>" OCl,.''''' D.\ RUL Il:W)6

C'I1CÇ ~ 'il tl FIt .;. Ba lt-pólpl :n Lecn H'!rt::.llW&1l ~1""GI~\~1'$

A Gra,""

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Crianças, CallgICc rOI e Outros Asptraç~ do Marirnl1 01ÁlOOO COM os DI'-IOE: U' O Pa, odor de Pro,,' UIU Baua ~«llQ '

Os

Sol Sdõrc a Lo Políncl de

IMPo\$$ E$ IDA ~M'IG ItlÃDI

Btlh"la d& T~as osr~t

a.

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o Grande Momtnto A Faltcida 86 91 P ôrto dai Caixas 94 A MilOloa ia de Khouri 97 No!te Vazia 99 Dipolaridade Sexo, t\ bjeçl o e Anarquia 101 __ Canalha em Crist 104 S40 Paulo S/ A ios Marasmo e Côm III O D~af/o Perspectivas 122

,



li.

Fo ~M As



I

133

DJiloso e Fotografia 140 A Naturtu

Filmes Abenos A F6rça da Personagtm

écnjcns ['~'1\p:e,ll:':1.~~ 1:1. Di!) osrafia .ç. Filmoarafia

'"

146

I S5 157 159

lHDJcts REMISSiVOS

Oaomútico de

Filmes

PAULO

142

AJ'tNDlC!S

A . nrmvs

Prefácio

t 71 178

\

E~fíuo S" Lt.~

GOM r.s

sua mul her Lucrla Ribeiro Bernardet. Nelson pueira do~ Sa ntos e cu próprio eslAvamO' IA • fim de dar forma c vIda ~o curse de cinema que o Profuso: Pompeu de Sousa haVia criado como parle intcirante d. futura Faculdade de Comumceçãc de MasSlls. Todos nós qucrlaMM ensinar Cinema Brasileiro, o que nAo cri posslvel pois o currículo previa vãrias oultas discIplinas. Jean.Claude conformou-se em dar aula s sõbre fil me documental mas ao mesmo tempo escolhe u o f Ime brasileiro conwnporlneo par. tema de sua lese d e qlCS-_ uedc. O Irab.lho estava nas vhpcr.s de defesa quan do ocorreram os flltM que culminaram na destruição da a ntiga Univemdade de Braslli• . como agora se dI: . A lese UCt.l. cm Brasilia t o núcleo dêste livro. A a mo p a,io c o aprof undamento da txperitnda in telectual e hu man" do autor. assim como o tnriquccimtnto do cinema nac õnal. pumitUJ;m.Jhe perspecUvolIS e prolongamentos novos. Contudo o Mio permanece o mUmo e longe ainda de ter sido ugorado. A prl!lClpaJ descoberta de Jean-Claude Bernardet nasceu de duas del ereções . encarar o moduno cinema brasileiro um todo orgln co e procurar a maiJ variada asso,.-iaçAo co ':':):!l u tempo ll:aclC'nal correspondente. O resnltadc !ot a re vt1açio. da u !5tlm de intrincados e lndiscutlveis llclmes enue os f es naoc ~ .. e a c1.use lliMi4 brasii'!ira . AnDI;sando tu lo Eil s e sociais refletindo $6bre ldedogia e pcll\1 li~nd':)-se l psic"IoQ-L,t cl.\s puJOnllgtDS das fitas ou de aut Jun·C-uuCle estA prtsaltt et, corpo inteiro. cier(to

esc o not filmes e na

1!1"~~ ~

~ed&de.

,

-

• •



1

\

Advtf!e o

conteamos dianfe: de uma quase autobtcalJlo .... ~lg~m.. da. ma"



Sste livro -

quase uma autobiograf a é dedicado a António das Mortes.

-

, -





Introdução

, em que êle vai da r c quan do pudermos clllbor&cruma vlsAo do conjun to cultu ral c socia l cm que se Integra. liso hoje t impossível, poi s U!.jIIDN j usUlrnUll c criando tsse conjunto eultural c soc.al. Por outro lado. ul projeto i modesto. JIa que reconh ece seus limltu : tenlatlva. apenas, de ver claro naquilo que "cm sendo ferre. para saber cm q ue ponto ,csCllrn os c quais as perspectivas que no'! slo aber tas. Ainda que seja um tra bllho de rdlcxio..!lio se coloca num nlvel s uperior ao du obras que lIborda.-Si!IlIl-SC no mUmo nível : situa-s e (pelo menos prttende ) dentro da luta; t uma tenta tiva de esclarecimento, um esf õrço para enx ergar melhor. não um livro d e hist6r~ . nem uma attlbuição de prt mios aos bons filmes c reprovaçi o aos m.lUs.

ê:slc ensaio repousa mais na intuiçi o c na vontade de esclarecer a situação em que estamos mergulhados. do que mesmo num trabalho sistemàtico de critica e sociologia. Inicialmen te. porque a m a t ~ria . ainda que dU5a. é pouca. At ul l~ mente. os dir etores bruileiros são um pequeno nli.mero: os I le es prod ll~l d o s desde 1958 são poucos. Isso la : com q ue determinados cfeeen tcs devam ser detectados numünico lj i~ me. viste que aos see entes hnçadas não puderam ser eprcveíU1d.3 oe dcscn\-olvidu pelo próprio dUetor ou r or OUlt()S em filmes po!teriores. o que nio ocorruia 5C o cin ema brllSilelro estivesse ttonómltamente mai, sólido . \ A análise enccnrra-se auJm sobremaneira dificultada . Outro cbst áculc provém do Uto de ue os Iilmes ainda não conseguem ccmunrcar- se pleCD com D .público c a (tÍtia. o que diliculta a avaliaç l o ~ Que e tu na sociedade brasileira o cinema que se azenco. ai Iea ômenc é realmente grave porque um liUiie eta quando passa a tu uma vida dentro do OUtro empedlho é • escassez d e dIl.'&u.,DO Brasil : a falta de eq uilfeLide de cópias ( para a conugul Y~r alguns liImu. eu: iaexutlnda de DOme. etc. ~erlicills\-

A

CLASSE MéolA. CULTU RA CONSU MlvrL

o

Br.ilsil tem estr uturas qu e comp rova da mente nâ c mab correspondem a sua. necessidades e As exiglncUls de Seu povo : por outro lado, o povo nio consegue modificá:la.; a evoluçã o socia l é
7

'''PIlllis sâo também focos vivos. e sse fenômeno t ref le xo do precesse d e estrutur.ção que se estl verificando com a classe méd ia. E vrden temenre . as con tra dições com que se debate Il e!a s$C c edi•. sua ex ten d o, sua \;talidade c lU'" fraque tas. se cc. ctC:II ~ cssa p roduçAo cultural. marcada principalmente pelo fato de que se us consumido res nAo t!m consciencia de sua si. tuaçio. de seus rea is Jnt crbsc:1. c p robl emas a resolver, pois co:'l$clencia soc ia l e in.:crbses podem não coincid ir. Aaim. ao lado de sérias pesquisas sociológicas c do Interêsse público Cjue desperta m cada ve r mais. cada ver mais ta mbtm são ~ :::l a colhidos a utores que pra tica m um vertamo mora lista. Ao la do do rta lismo critico, coex istem d ivertiment o d e alcova e formas surrealis tas de 1920. qu a ndo não rcmênuces do stculo pasudo. Tudo isso caracteriza mais a formação de um merca do ctl /tural do que a criaçlo de formas culturais próprias. Gra nde ~'r :e da produção teatral, litedria ou cL
~

,

.'

9u desenvolvimento da classe ml:dia é condicionado 1J)9r lIIUN rdaçaes de trabal ho e por capitais q ue n âc se enca na mios EiA é uma criação e uma serva do ce p'1 uencia J de sua vida. suas pOSlJbillda des de dese nvo • manilutam.se na s l'l)n~!l. nos escrit6rios. nas 01 ai duos 110 I~ peças de um e ecenramo uca~ totalaftnte A viCIa J9t" da fAbrka . do escn ai lõ a to ;;se argliii. f um intervalo. um molJõ U ~;fIu e a classe mép. I de mood sempre: ma is :valorlzao b1a téCSS extuior o (vimento. P ta Ita cal e trae que conllrm'tm

seu crescrmemo. sua f6rça ou IhlhO de fOr.... que a flunelll Sttl bom gOsto. ecnetdeea dc como prova de su perioridade. AI. demi r M ar tins d uenha pnltol: "nossos mtlho ru .rtiSta.s plásucce" pinta m 01 motivos dos esump.dos da Rhodla: 01 tecídos e lust res de M y Fair Lad y. encantam platéi. s, Ne crnema . êese esplrito t eeearaade por Jean M anzen, cujas fi tas são fin.nciad.s por grandes hrmas ag ricolas e princip.lmcote lndustrl.ls: 0$ temas eedcaem-se a dois: quantidade e qualí, dade. P.la _ ~c em toneladas de cana ou aço produlidu por minuto ou por hora ou por di. (nl0 tem importl nw. pois o público não tem ponto de refert ncia ): par. construir til objeto. foi usado tanto d mento quanto seria. necessário para construir um ediflcio de d uzcotos a ndares: fala_se dos "adea, e évers tra balha dores e admiráveis técnicos-o A isso aaldonase um pouco de poesia e muitas cõres: os colheiteiros de caft extbee ch.ptus mulrícclc res: o poltesurene incolor terna-se vermelho nas mias de M enscn : as pleteras ficam eebeveodas diante das orquídeas e p.p.ga ios enconnadce num. favela sôbre o Ama.lfnas - desculpem. na " pa rte .qu!tiC& d. cidade de Manaus". \A Indi.na. nu m. curta·metragem épica sõbre o Punalro Pir.tininga. fu o hist6rico dessa "sinfonia do tra ba lho" q ue t a vida paulisa desde Anchiete at'" .5 vitr ir.l\' da (aSl de modo! RO:llta. ('..orno não senur-se Iene e segl,:rc de 51 depob dlsso1 Se os exemplos que o cínema brasileiro oferece dessa mentalidade se restringem 80S pseudCHiocumtntãr:os fin.nClados por emprtsas e 8 poucos filmes de Hcçâc. como A M orte Comanda o Cangaço e Lampião. Rei do Cangaço. nã c é porque cintastas p retendem não se deixar contammar. t pcrq e, devido à obstrução com que se defronta na distribuição e à conccrrêncta dos filmes est rangelrcs. o cinema nio chegou a se impo r de!inltlvam ente como mercado ria . O teatro. ob rig. tcnemenee feito no Brasil por brasileiros. e de custo inferio r ao cinem a. jA existe como mucadoria e encontra empresáriOS. como O scar Orns!ein, que dão" peça o tratamento que recebe a puta dental : .tlequaçl o a o gOsto do maIor número. ~ubll· cidade. sortelOl d~ melas ou perfumes nas vespera is. Enfim. a peça t tratada ccee um produto a consumir e o CUl~:,esiriO fu o"11eceulrio para que seja co nSumida. E. nalur ente. grande parte dõ teatro bra.iJelrc apresenta .qul1u valOres luscetlvel. de agradar a um a platt ia. classe mt dia : com~ias

"5

lc\'u em q ue a atri: muda de vesndc em cada cena e exterioci:a seu talento ..tfavh de lIutos de dIl o: in terpretaçlo. diI~lo. cenografi" 'ôllC obri$lcm o upectado! " reconh ecer qu e "reahaen re. é mu.to bem ftJto • EsJa me.sma mentalid a de. ali',. jA ensee, como ~ normal numa grande parte do melo cínem.ltogrifiCO bruilcuo : muiu gente penSA que se deve ESlcr filmcs cm q ue se gastem muitos milhOts c que sejam de "boa qualidade "; fo/' parece, o pensamento do produtor de S odct9 cm & by.Doll. ,Só "tjuc htu cintai!" altâo poc en quanto sem sorte. pois. para que &.se cinema .vença. t indispensáv el a ntes de mais nada que se considere o filme co mo produ to a cons umir c que se faça o neccsUrlo para que seja consumid o. O cinema brasileiro ainda nJo tem seu O scar Ornstcin, mas é provável que tle nãc demore muito a aparecer. e C'Ilt.10 o p úblico teri um dnema que lhe dará u.r:n satis!a tório re flexo de si pl'Óprlo. aprUC'1It4ndo-Ihe a qua Udade e a q uantidade. Na introdução. de uma pagina e meia. do progra ma de u.r:n espetâculo musical de grande repucussão promovido pela ~~~rtsa Diogo Pacheco. encontramOJl OJ mesmos temas : q dede t quantidade de trabalho. Para executes esse espeticulo de - u u ema diEiculd.ule~, musIcalmente "dlfldl~ " , lo: eXIgido UlU "t:'a balh::. intenso". "Enlrentara.ll.l as dilJculd.e.d u ". "eae pouparam ensaies", pata conseguir "a melhor o:x ~ c u ç 5 c pcssfvel . O.~ blste menwla:I loram es«llbJdo$ entre o q ue "havia de melhor em 510 Paulo" ( .,.. ) "pa ra provar ao pubUco que possulmos instrumentistas de \qualidade~; lor a m llCledonadOJl af6ces WJ que "ninguém no\ pateteu melbor~ ; qúal:ttó ii excelente" C&.lltora. 010 bavia u.llJnguém melh or ~ . N Q sê uparam ulorços para real.J.zar um espeticulo à eltura' pJat& que 010 deixou de e:DeoDttar no palco um refi (trgn dela. Se úWltimos na dtaçlo duse texto sem ponIz!.da e u chega a lU caricaturai de tio enfAtlco. é porq 'lua Intzi ente em ~ da quantidade e da qualidi o I~ em Wfi!1!ldo man.lle.taç!o lignilicaaltal! e ldiã'; . Oe lato, 1Mior e melhor .. (fiiii vru pulJCilJ:S que reveJam uma luga di'. .e m .....v.ra NUS .problea~'ã 9 alJdade H

.

•u

~~!r parte

I I

da classe média brasileira culta se mostra atualmente .p',1 ii produrlr e a consumir. Justamente porque a classe média se comporta cegamente aspirando mais a uma vida e a .... tõres que Imagina serem os d.s classes superiores. e des vtende-se assim de seus próprio.. problemas. a criação é pouca e fraca - o que não contracl: a afirmação acima. segundo a qual o desenvolvimento cultural é grande. principalmente em quantidade.• Inda que muito rnfe_ rtcr ao necessàrlc, mas também ' m qualidade. SOo raetc dlIsa gente eõda que anda As apalpadelas. que opta por val6res opostos a seus Iraerêsees, encontramos uma camada progressista disposta a procura r rumos pa ra a a firm.ção d e sua classe. Ela se manifesta tanto nos meio, indu striais como culwrais e erusnccs. Os valeres que se u força em cnar. as idéias que emite. as lormas qu e tenta elaborar. en contram, no con jun:o da classe telespectadora [ exp ressâe prAticam ente sinónima de c resse méd ia ), uma violenta oposição. Ê de U r=! a specto dos trabal hos dessa vanguarda cultural qu e ten tarei dar cor.ta ao esboçar uma interpretação do cin ema brasileiro de 1958 a 1966.

-

-,

HERA NÇA

.

De gn;po d e cineastas que. com se us Iílmes, pretende pa r-

ticlpa r de e eeüeue a luta que se trava para a afirmação de sua cla sse. quais sio os .ntecedentes cin ema tog rlficos1 E m que estado se encontra O cinema brasileiro e q ual a situação c ul t ~ r.l.d e um Jovem braslldro q ue pretend e dedica r-se à prod uçãc clficmatográEica1 .Q ua nto à sltu.ção econômtce , ruim. do cinema bra Sileiro pr~~elra coisa a observar é q ue ela é a mesma qu e sempre 0 1. . •• 0 fII~e nadonal. sob todos os pretextos. en contra va uma resisténcla compacta e Iavenc!...el entre os d ist ribuid ores. amarrados que estavam ao monopól!o estrange iro. q ue avasSl;la~. COm seus produtos o mercado brasileiro. de ponta a ponta : tssas palavras de Humberto Mauro' soam com o se lóssem de hoje : entretanto, elas se referem a acontecimentos

f

I

,

Ci lidas por Aiex VWfY em IlIlrodH,flo

tIO

I a ntencres a 1930 : o (fac.u so da produç ão cincm atog rá fica de au ra. esse t o tstado do cinema bra.sileiro. E!A m6 situa· ção económica decorre da invasão d e n O$50 mercado pela produção estra ngeira, favorecida pelo conjunto da legislaç30 brasileira ; o lucro t muito maior para os distribuidores de f ilas cstungciras. com os quais estio comprometidos os exibidores. As poucas leis fllvor'vcis ao cinema brasileiro. a ltm de muito prec ánes. não são rcspciuldas: os pedêres p úblicos ni o têm lõrça para H:t-]a, cumpne. . T od4to os organismos ofid als criados para trata r de assuntos cinematográficos resulta ra m f'rn pr êticamente nad• . SOzinho. o produtor brasileiro não tem condiçõcs minímas de concorrer. A con.scqutnda. na prática. para o cineasta , t estar reduzido II ou mudar de profíssJ o. ou fazer cinema na base do he ecísmc, ou produtir obras co".rrciais. E conunuera a eer essa até que cOl1sigamos ccnq utstar pele menoS 5J % do eercedc nacional para o produto nacIOnal. Por ISSO. a história da prod ução cinematográfica no Brasil nio se apresenta como uma linha reta, mas como uma séne de surtos eel vA rios po ntos do pais. brutalmente lnter rl,l:npidos. São l'ls chamados ciclos. de cinco ou seis fil m e ~ qU.3nrlo muitc: é Ca mp ir.lI~. Reci fe. C'..aUlguascs. Ii Vt>ra Cru: Co ntluua atUlll rn ente a cu fada do Cinema N õvc. que .~e rá :na ls 1.10 desses surtos. candidate <:10 cemitério dos c,c1~s, se. dnta ves. náo con se g u i rmo~ conquistar o mercado nacion::!. --O, ~utore' independentes geralmente morrem de mor te S otMY,' Luis Carlo.~ Barreto. que con'kguiu montar uma es ru ura .(l produçlo, é caso nctôriamente excepciona l. Dtretores como Nélson Pereira dos Santos ou Wa lter H ugo ouri ue conseguiram em dez anos. dirigir cinco ou seis ma U o caso ünlcos 2: extensa a caravana de díretcres. e c . t6res ue, ap6a a estrtia, desapareceram do mundo I e t grilico o pllssaram para a televisão. ou parll o ca ullill tifi . I e



Ma s a tónica da história do cinema bralíleiro t o aso Isolado. o filme l101&do. Encontrllmos. cá e lá. bani e impor_ tan tu fJImes. como. Ga'l UII Bruta ( Humberto Mauro. 1933) . mas nlo encontramos. no Cinema beesrletre. a consltuçào e o desenvolvimento de uma obra contInua. Tudo isso (C,presenta muitos esforços e desgastes de energias. que se traduzem. no cotidiano. pela inacreditâvel ag [eS'ividad ~ que rege as relações entre o, individues do meio cinEmatogrâfi to. Por is.so a história hu mana do cinema brasilei ro é um museu de personalldad es a margu radas e Irust radas. Assim. não foi pcssfvel, culturalment e. desenvolver uma cinematogra ha. dar prossegvimento II uma temâtica. crillf estrlos. Cada filme rep resenta uma experl! ncla que 1'110 frutificou. A!' f'Xperitndas. tanto técnicas quanto de produçlo ou de cxpre~s!o , em vez de se acum ularem e enriquecerem , dep ereeem, e cada dtretoe tem de com eçar mais ou menos do zero. Assim sendo. II realidade bra. Ileira nio tem cxLstbda cinematog rl [ij ' Décadas de cj nernr possibilitaram aos palses que têm uma rodução sólida trab llhar sõbre sua realidade e transp ô-Ia r ra a tela. N o caso. por exemplo, da ltãha. o hemem. seu mete e ~u a prohlrmtt ica. foram ela1x>I':!135 llUI:la multiplícidêlde de aspectos por diretores. didlr'guu tas. lotégr..f0s. l:l.:::si:;.:l~, erc.. c que criou -ic cinema U ,;1 " ltãltc fÍ<:a e diversificada . O jovem Italranc que se preparlt pala Ieaer " :lema tem atrb de si tOda uma tradiçiu eu e pode aproo d. taro ou cor:tra a qual pode se revoltar, mas que. em illnbos os casos, representa uma prévia elaboração e interpretação da realidade sõbre a qual vai trabalhar. O jovem brasileiro não tem nada disso. Deve descobrir e tratar não 56 a prcblemêtica da sociedade brasileira. mas ate 03 manei ra de andar, de fala r. a cõr do céu. do mar. da mata. o ambiente das cidades e do campo. no qu e. alias, pod erá e deverá aproveitar as experi!ncias estrangeiras. Isso não basta. pOIS. se helt alguns anos teria sido suficien te uma desc rição da população brasfleira, é hoje indispensãvel que isso sela feiO em funçA('l tio dtnamismo. dos problemas e das lutas do Brasil. Essa au sfnCLa de .tradiç! o em hipótese alguma significa que o j ovem. bra slleírc se encontra numa situação inferior, ou maIs slmples. ou maJs compUcada. que a do italia no. Trata.HJ li daas sítuaçOcs essencialmente diferentes. só, N ão é II 11s "lltuaç Ao ex -

13

;

.

~

du ~iva do brasileiro; t a de qualquer jovem..qu~vtnha a

trabalhar no Cinema (e cm muJ tWl outtOt ICforet ) em' qualquer pais ~ul-americano ou africano. que .ti: agora:t~.ha sido colonizado ou que tenha tido uma soberania quase qu~ apenas formal. ' )'ll;~ , I': I,

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MeS TAUOAOE IMPOll:TAOORA

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O [o vem italiano que realiza um, fUme dlrlge.se a um p úbhcc que j& teve longo contacto com o cinema ita liano. que dentro déle tem as s:Ja ~ preferlnclas. e que Ja se viu na tela. S sse cinema tAmbto ! expressão do püblJco. O [ovem beeaiieiro, ao contrário. vai dirlg ir.~e a um pühUco que n ão conhece cinema bra~ i1tiro. Nl o o conhece porque que se nê c existia: e os poucos EJlmes que existiam raramen.te chega ulm ati: êle. Para o públtco brufldra. cinema i: cinema estrangeIro. S natural que pübUco. estando constantemente em co nta cte com filmes estrangeiros e nunca narionals. tenha CO:ltraldo certes h.\hltl'ls. D'JriU).te longo tempo. para amplos Ictóre.s de pü!:>lico bra~jleiro. cinema rutrJn glll-~e 3 'cinema ncrte-eraerrcano. e êate sempre cercado de grande publi:ldade. se evcatn.lmente se exibisse um lilme braailetro (que não Iõsse cbendiada) . o p úblJco nl o encontrava aqu~que estava eccstuDUldo a ver nos ",estern! polJcJaJs ou m !dla~ vindas dos EUA . O cinema. por definiçlo, era impo do. Mas não só o dnema era portado: Jmportava-st: tudo, ati: palito e man til"g• . O BI.sil era fund.mcntalmente um pais expoltador de "~~rlN~·i;; s pr as e importador de produtot manufaturados. As f ' pnno pahtJente pólJUcas e ec0.ll.6mJcas. mas tambim turais e m pais exportador de mattri.s primas. sâc cbnga r C.D e rtflexas. Para a opinJão públJca, qualq uer produto ue su.2u cttta ...Iabevaçlo Unha de ser 'eltran. aiO. uanto OJ)aD&: mamo se dava com as !ites, 9u~ tentan a. iffçlor de d ita de um pais: • m ~, i.illtei ~tdectuais. • pi'! trae Irta Yf:Ii palses ut ti marca e (ultu-

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da-a.

Os produtos culturais br uil e lro ~ nlo eram negados: sIm _ plesmente. para elas. nl o chegavam a existir. G anga Brura .. em 1933 passa totalmente d esapercebido. chamando exclUSIvemente o atençlo de uns poucos amadores. A au~tncia de tratamento cinematogràfico da rea lida de brasileira. aliada' mentalidade importa dora. te m um outro efeito. Um cinema naclonal i: para um p úblico uma cx p e n~n ~ da únlca, pois i: viste com olhos bem di f e r e ~tu daque les com -eque I: visto o cinema estrangeiro. A -prod uç êc estzan gelra de rotina não passa. para a plattia, de um d.ve rueen to. f ilmes mais ambiciosos of erecem· se aos amadores d e arte como eb jetc e que soHciram um bom funcionamento de s ua sensibilidade e de seu gOsto. Raros slo os ca sos em qu e o fil me estrangeiro mobiliza gra ndes setcres do p úblico d e váncs grupoS sociais. e atinge o espectador no conjunto d e sua pessoa . O fjJme nacional tem c utrc efeito . e le i: oriundo da própria realidade social. humana. geogràflca . etc.. em qve vive o espectador: i: um re flu o, uma interpretação dessa re alidade ( boa ou m Ão conscien te ou nl o. isso i: outro probl e. ma) . Em ã Korrtncia. o filme nadonal tem sObre o público um pod er de imPs'cto que o estrangeiro nêc costu ma le r. Hã quase sempre nu m\ hl me nacional. Indep endentemente de sua quahdede, umll pr óvcceçâo que nã o pode deJXIlt de n lglr uma reeçãc do .,úblico, TIII reaç âo não rCl>ulta semente do: cma pMvoca çi o eecénce (pod e 51:·10 lambi m) . porq ue o filme nacJonal implica o conjunto do espectador . porque aquilo que estA acontecendo na tela I: êle ou aspectos dêle. sua s espeeanças. Inquieta ç ões, pensamentos. modos de vida. defor mados ou nio. E ssa interpretação. consci ente ou inconscien temente. êle não pode deixar de aceitar ou re jeitar. e sse compro misso diante de um filme nacional. do espectador para com sua própria realidade. i: uma situação à qual não se pode furtar. Pode recusA-Ia. o que IA representa uma tomada negativa de posição diante da realidade que i: sua : ! a eeacêc mais corrente hoje e.m dia. Isso não significa que qualquer filme naoonal leve o público l deeccbene de novos aspectos de sua rea lidade. A produção nacional pode muito bem ter como hnalidade e efeítc afastar o. p ublico d e s ua rea1Jdad e.. A liAs. t o que amlude se verifica. Mas. inclus.ive. nesse ultimo caso, o fUme naciona l retere-se. ditet8 ou indiretamente, l rea lidade em que vive o públJco. Entretanto. devemos reee abecee que o ta ,

p bJko btlSJlelro desconhece tais expenênetee. Se omitirmos

.Iguns ra ros casos Isolados. 56 a chanchada possibilitou. de modo prolongado. lue tipo de expertêncíe. Expertêncte mais do q e limitada. Asmm. o público nlo tem o hlbito de ver-se n.a tela e as identl ficaçOu qu e pode fuu com personagens e s tve ções nunca são blueldas em elementos de sua rea lida de. d e seu comportamen to. vida , sociedade. etc. e ta refa. e das :UI s urgentes. do dnema br&Sileiro. conquistar o público. E u .. ex pu ilncia . esse diálogo do público com um' cinema que o expresse. l fundam en tal pa ra II constituição de qualquer CInema tografi • . pois um filme nã o é tão somente o trabalho ao .. utor e sua equipe : é ta mbém a quilo que dêle vai assinalar o publico. e co::'\o VII aSSImila r. e tlio rmpeetcrne. para qlle m fIlme exrata como oora. a pa rti cipação do público, como II do au tor. Sem a colaboração d o pú blico. a obra fica a lei.ada. Por 1»0 a conquista do mercado pelo cinema brasileiro .ia e exelus rvamente ass unto comercial: l também assunto cultura l a rusucc.

da de quando o dnem. br••l1eiro nio ex l.t~ O mamo se ~ verlflca com o dnedublsmo. que se . limenta de cinem. estrangeiro e. portanto, criou Um8 ut rutura par a divulga r a ma tl rJa a rU.Uca que lhe ap r(3enta bse cinema: teria stde leva do li se constituir diferen temente se nio uveese ndc. com o clnema com qu e trabalha. uma relação que se tstiola numa eae' nca formalJ:sta:

_A situação brasi!ei.ra. cm relação a cinema. l um tiplCo exemplo de a lienação. A euvtdade cinemat ogrlfica no Bru l1.

no plano comercial e cultu ral. tem sido no sentido de aruta r _~ de nós próprios. A rea lid a de brasileira só h mi tad a e tsporàdi_ ceerente recebeu tratamento ctnematog eáhce. O púbhco r.ão pôde cnlr." cm contacto com o cinema beestleire. e 56 Cll t rando cm u..Jloge com o pu blico c da ndo ccnnnuidade a sn tra balho os cte eas tas poderio construir uma cinema togra hl, Sem o mercado l dispos ição da produção brasileira. tudo t vão. E,Só1 é a condiçã o sine q UI: nOtl pa ra qu e o Cinema possa ex istir \ omo a rt e c como negócio,

l!sse esta do C!I' ahenaçA" . exístindo e-a tto
fa n e !:

• c que simulc!nu menCc se solapa. si própria. êsse dncma sem ttllldiçlo c que nasce num paIs subdCUIlVOlvlclo c~ . meio a con flitos vlolencos _ pais cuja ptrutura range de alto a baixo e em que as p.Javru im~ri.l/.Jmo e naclonalumo,:aAo pronunciadas por todos e recobrem Idtlu c fatos dos ,mais díversos e (oDIlad/c6rio', pais cm que aS massas popularu começam « lcr certa f6rça de pruslo - , bst cinema, como H Q uais os rumOS que tomal Que formas crla7 Que realidade focaliza? Q ue fo.rças apoia ou combate? Eis .s pc.rguntas a que_ se deve responde r, ou seja : Qual t o homem qu e ncs e preeenu o cinema brasileiro. que quer. pata onde vaU a perg unta fundamental.

a



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A Procura da Realidade

d,n hCltO, se m cueene de exl biçAol T a is eram as perguntas qL: C s ur gia m de norte a sul do pais. AruIllda documente a fuga dos escravos e a instalaçiio de um quilom bo na Serra do Talhado. A fuga t evocada pela andança no deserto de uma famllia de camponeses de ho je. Xoro nha descreve um ciclo econó mico p rimitivo: os homens pla ntam algodão c. qua ndo passa o te mpo do plan tio. a s mulheres fazem cer êmtca. c trocam-se h scs produtos. numa feira IOIlQlnqua . cont ra gl.ól.Un$..de primeira ncc,ujd.de..

eo

ciclo

econômrcc que fornece: ao fi/me sua estrutura . O documentaria. portanto. não se limita a mostra r flagrantes d e uma vida a trasada. mas prete nde apresentar o mecanismo dessa vida. Logo . trate -se d e uma fita que csti no caminho do rea lismo. ~ oronhit ultrapassa ~licamente a txposição de um mecanismo económico. e le tem a intuição do deserto : a terra sêca e a pl:uonagem principal da Elta : a farinha branca. que serve de ahmento,. t da mesma natureza que a terra : a lama. te rra mIsturada com um pouco de Agua. t uma fesla ; alias. as se qUlneias de cerlmica esti o entre as melhores. O documento t ennquecido pela compreensão Intima das condições .de vida : "!'nhuma necessida de de apresentar em primdrC\ plano rostos bll: l ados para eosrre r o h"mem; planos ea êdrcs. ciclo econ6:r.;o:o primi::vo. tertll slca. wo ruaiS ~oq ,i( n tes . Noronha res;'Je:ta A real.dade til como A eneontr8 \, tudo foi lilmaco ir. loco e I com~ exute hoje: a musica fui tocada p OI ~ u sicos locae ~ .9f1,vada i" loco. No emento. e Jssô 'là~ era da , malc r 1!!JP.P'rtl ncla. Nor onha nlo t tlmido di4nte dà realidade : não ec i torol- ma compreensJvel atravú de um esquema al:istra evec r com homens. atuala u m eccntecuaen to do li o p.! i. e eeer lU pouco o ritmo de uma mUSIEm r r u do l._ lJu.r um trabalho de cunho ntrop'!!: I e a!alnada. Noronha fiz Ice lI i1l!liiiJõõ! ~ tiCO e o e uma(ili~rtaçlo. a fu ga Ie r e P.a matei a ontedmmto que seria DJ~ua. Ganga lilme a na b.o " fJJ1Ib i .. arlos tila e erl Palmares m6õlo de 1JberuptctaClor D o i:lelxa umente CI to



e ínterpretaçêc da real idade, a fila apresenta um phsimo nh'cl tecntcc : às vh es O matulal foi escesso pll rll a montagem: a fotog raUa, ora Insuficientcmente. ora ex cesatvarnente txpou a. oferece choca ntu contrastes de luz; a faixa sonora epreseuta deíeucs. Mas nl o en tendemos ta is falh as como sendo de. feitos: uma realidade scbdesenvelcída fil mada de. um modo subdesenvolvido. Devido a su~ s debci t ncias tecraces. Aru.. nd. foi 18 vtzu quali fJc~ do de primitivo. O re. não t nada dla.so O primitivismo se caracteriza mltis pela ing en lllda~ .Q._ do e do modo de reprod uçl o da realidade, e não Implica numa ttenia defici ent e e slmpln. Se hã algum primitivismo na (lia. êsse nlo deve ser encontrado nis ddicltncias ttenicas ou na rraU,'as. mas em algumas tentativas de virt uosismo: fotograEla bonita. cAmara baba e figuras em contraluz. e sse. e outros filmes brasileiros loram ehe medc s de prim itiJXIs porque se quis encont ra r uma desculpa artl.stJea tan to para a temlltlce-quente para a ttcnlca, uma desculpa por parte d. cultura erudita e Idealista. No caso. a insufidtncla ttenta tornou-se pod eroso fato" dram6tlco e dot ou a fita de grande agrusl" idade. AruAnd" t a melhor prova da validade, para o Bra.d1 das Idéias que prelfa Glauber Rocha : um trabalho feito lora doa monumental! est édlce que resultam num cinema indult: ial e falso. n~da de o!:quipamer.to rt':.!I3c!O. de rehAtrdore.s J~ luz , de refletcres. Uni corpo a corpo com uma. realidade que nt"da venha a delcncar. uma ..-:Imara ne mão e uma. idtla na cabeça. apenas. O que f~ z ul Aruanda o di zia. Como fuer ? T ambtm o dizia , A euforia era justificada : para fazer einema. nAo se teria de esperar qu e as condições (avo rheis viessem bastaria arra ncar um dinheirinho de Instituições cultura s ( muitos dos documen tArios mais significativos dessa tpoca nasceriam .Ii margem da prod ução dnematog rllflea prõprtemenee dita, de verbas de Instituições ex trac inematogrA fkas. .I~uns paulistas tentaram de un s anos para cà sistematizar êss é tipo de prociuçlo I e as ddicitneias técnicas expressariam DOUO subdutnvolvimento ( na da de fazer c!flrmA p.ara Iesrlvall l . COou... lae mito. Roberto SanJos.. (01 um. dos raros "",•.!,;..!.~. .ta. a ee m&llifutar. B deve-se dizer qUJ: b111 ~eflcil:n ­ la. tiveram fun~o dram'tlca exdus~vamente cm A,ru.. nda . ""~" Dlfràl ~ fua chegar uma fita nacional de longa metragem a um drculto comercial; Imposslvel. uma fiu. de curta

I

metragem. Então, h!c cinema não se dirigiria. po r.,cnqua.f!.o. a sa las comcrdaJs ma, atingiria o publico por; int~gedW~d~~ .l cineclubes. dos ~encroJ popúlaru de cultura. da, al ' " t5~ ~ de d ....e c de bairro. A soluçAo era cdar um d rctll" ,f lclo . foi inEdldo, mas nunca chegou a se organ izar. Ai. ~ ~on~~ ções de A ruandll com o püblico loram das mais . eJ~~~tivas. mas nia 5OubemO$ cntendf-las. A euforia provocadd: pelo filme. mais acentuada em S10 Paulo que no Rio. não@'albll. de lllll circulo de p U JOU dluumente LDtueuadas p~I~ i ,:!laçllo " [pensava-se em criação, • partir do nada) de um, :tultura adequada a evolução do Brasil. Mas nem. um püblico, de tinema cea colUcguiu entuslasmar·se muito. Quando projetada, em se.não especial dedicada ao dnema brasileiro, num liceu Ireqüentado pelos filhos da alta e média burguesia paulistana. a fita n Aa loi compreendida : viu-se uma fita mal feita e aborre cida . apesar de uma lir da música. e a dominante do debate que suc edeu" proj eçio foi : "Per que mostrar sempre a mlstcia1 O Brasil não é apenas Isso." A alta e média burgudlia nlo queria entender a fita. e daJ1 A, colsu se fariam com ou sem ela. Seria melhor que entendesse. pois assim pagaria entradas. Multo poucos entenderam. naquela' época (1962]63). que. se a burg uesia. e prlndpalmente a mEdlôl. nlio entendia ou nlo c;ueriQ e..., tender o dnen.ta que ee faziD.. era prohl~a da burguCSUt. mas tambtm do dn~. E. tah'u . ll iJlda alIora. 1967. peuccs e:ltenlhm. Quando Anuanda foi proj etada no Sindicato da Consuuçl0 Civil de São P~~10. eujc s membros . ão em grande maioria norddltinos. foi )pem acolhida . Espectadores se levantaram. entusiasmados. para. dizer qu e era prtdso. mostrar essa fita a todo mundo. aos que participavam du atlvldades do sindicato. e aos outros também. A fita tam· P.2Yco flha entendida. O ent"·1umo foi u:clusivamente motlvaao dls n gütnctas da cerlmlca. por apreuntatem técni· ca, qu niq, d.uenvolvidu no sul. O que a fita pretendia !~O~E6ia j;:omun cado; tal manifestação era tambtm uma :i66re ~ e dnema que poderia atingú o püue Vil aos dnu.br. Mu. use, 116' o enaDOI muito te Dó funClo: 'DIo dimos im· a 'PudO ~ \lntcndido se diicma ue não apenas o

cinema que não chegava ao grande público; era todo um vimento cultural e pctnree.

ClO-

CINCO VtzES P " VEU,



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23

des estudan tis. A ss im. Cinco Vtzu Favela poderia ter sido o inIcio de uma produção que escapasse aos canais da cultura olicial. Outras tentativas - como aquel.. feita pelo CPC de São Paulo no Srndteate da Coustruc êc Civil e liderada por .\la urice Capovilla. que chegou ii completar as filma gem de um documentá rio sóbre a vida dos pedreiros e serventes em São Paulo - nãc vingaram . O CPC pretendia. por meíc de peças de teatro, filmes 011 outras aliwda cies, levu a um público popular info rmações sõbre sua condiçio soc~l. salientando que as más cond ições d e vida d ecorr em de uma estrutu ra social dominada peja burgu esia. T arefa de ccnscíentueç ão : deve-se ir altm da descrição e da analise da fta lida de . 8 fim de leva r o pcbhee a at ua r: a Sltua çio nio nlUda rl se l le nio agir para transformála e só êle pode su o motor deua trans formaçã o. T ra ta -se d e po lrtizar o p úblJco. Essa mJlitlnda t a finalidade de C inco V t .:u F allcl. : o ladrão da fa vela nã o t ladrão porque não queira trabalha r. mas porque nio encontra servtço e p recisa co mer: t a soc iedade que fa z o la d rão (Um F. lIefa do ) . Se o Iaveledc nio tem onde do rmir t po rque att os barracos da favela pertencem a um rico prop rlet!rlo qu e dispOc de seue bens ii :oea bel prazer (Z i da Cachorr.a ) . Se o Ia vela de p reoc upa -se :r.a.s Cl:l or~pni:.,:
dade as.stptlca que per mite uma comp reensão e uma mterpre taçlo única : a do problema enunciado. Altm disso. o problema tende a ser ap ru entado junto COITo sua soluçoio: o fa"dado d e Escola de Samba Alegria de t· ioer toma conscitnc a de sua alienação e troca o samba pelo sindicato. O rcsult..do d essa estrutura dramfltica simplista não era um convite ii politização. mas 1Ii.m A passivJd..de. Pois o espectador nlo tem d e fazer o esfOrço de extrair um problema da rea lidade apresen ta da noJ.ilme : o problema està enunctede de modo toio cetegórlco que nlo admite discus$áo: e. se se quisesse drscuu-je a realidade do filme não forneceria clementos p.ara tanto O espectador tampouco tem de faar- esf6rço pa r", imagInar Ulllil so\uçlo : ela t dada. O espectader absolutamente nlo t scllCitado a participar da obra : a \mica coisa que se exlse dêle t que sente em sua poltrona e. olhe pa ra a teta. nada ma!.&.. E .só lhe resta uma altunativa: negar o filme ou eatus .asraar-se com êle. O espectedee encontra-s e diante d e um (Ircu[:o fechado: a realidade .só se abre para um único problema. que eslfl apresentapo esq uem Atica men te: o problema tem uma unlca solução po.sltl\fa. que ta mbtm tstll ap resent6d3 uq uemflt . mente _ e a Situaçã('l piora a ind a qua ndo a sol Ul;io t tão drseunvel como no eesc d e E.~~ do:. Sa",!>.1 A legr r.. de V wcr. I) filme Ieche-se sobre s i prc pno. e c espectador. IÚtI tttn& :;UII partiC'!p&çl0 a acena r 011 recusar. hca de ior", Tais pcsíçôes evoluíra m vi olentamente d esde entã o, levando a utores de Cinco Viz es Fa ve la a poSiÇões antagOn ta As a ssumidas naquele filme . Longe de pensar q ue o prcblema ceescíência -altenaçâo deve se r resolvid o pd a própna persona g em. Lecn H irsz man a cha hoje qu e o melhor. para at uar sObre pÍlblico. t deixar a personagem al ienad a e levar tal a lienação II u m clímax. D iz G la uber Rocha : " Foi Lecn q uem me falou q ue a melhor lorma de causar impacto para a desalienação era deixar a s personag ens naquele g G I.l. d e a llenaç!o e evoluir com elas att o patttJco. u ~tttlco qu@ . provocaria um lmpacto tremendo. e por esse eee cr iarl~ . uma rebellio ontra aquele estado de coisas ccS'ntra a a lfe naçlo dá. pusoaagens"'. A assimilação da d la at tlJiií d e Bettolt Brecht nlo esti alhda l eypl4,çt] d s Idt lái

°

2 No livro D"II e o Dido IUI Ttrr/3 do Sol. 19M.

AI~m do Rio de Janeiro. parece q ue Cinco Véus FlllJtla 010 encontrou u ibiçi o comudlI. Quando apresentado. ecnscsuiu ececarcee-se "penal coe um pUblico. principalmente ts:udantJ. que JA eslava pecetc para aceita·lo. Fundonou um pouco como um d esafio estudantÚ ou como episódio fes nvc de um comJcio. Ma s i um filme que nlo en con trou seu p úbllcoo c ase !lia $Ómentc por falta de dis tribuição comudal. ~ bom que Cinco Vl tu F. ~1A tenha sido feilo , c que -un ha sido> feito assim. porque poseibllltou experimentar u ma série de tendêncres. E m tOrno do filme diKut1a-sc se o cinema devia ou nlo apru en UI soluçou. se ua vüve1 colocar um problcm.ll a um público c aãe apontar_lhe a solução. Discutia-se se ee d eviam formula r mensagens explicitas o u, ao contrário, se ater mais Ai análise, deixando a o põbltcc a liber-

dade de formular por sj próprio os problemas. Prcoc:upaçôcs inlantiS. que no entanto se jusuficam. pela necessidade de uma comunicação imediata com o publico, de uma ação urgente. e que tambtm relle:~m atitudes que ultrapassam o I.mbito do Cinema. Discutia-se se o a utor devia abdicar totalmente de suas inquietações pessoais, renunciar a luu uma obra que o exprrt~.)$:;e como aeuste. para dedJCIlr-se a fiImes.,..s6bre a realidade cxrence .- sacrificar o artista ao llder social.

BAn·PAPO COM LEON HIRSZMAN \



" e Paulo Cése r Saracenl escc tceeva de indignação. O bjetava .se que o film e corrta o rnee de tornar-se uma tllrda de . eneemenda. ru üuda·friamente como um trabalho escolar. fica ndo o autor de fora d e sua ob ra. Os filmes poderia m ter um ecnre údc consciente que seria uma tomada de pcslçâ c ante a rea lidade brasilei ra. mas essa rea lidade nunca seria atingida em profuodidade7 o que forçosam ente viria a pre jud icar o poder de comunicação das obras. T ais problemas fora m hOJe ulrrapassados -na f.ltãUca. tendo certos "diretcnrts conseguido uma síntese entre uma vontade de expressão pessoa l e uma tomada de posição diante da sociedade brasileira. A primeira vez que entrevi a poSSibilida de de eeallaar-se essa etntese foi numa conversa com um dos autores de Cinco V élu F a llela . Conhecia pouco. naq uela êpcca . a Lecn H irszman. Fala ndo eôbee o filme de Naguissa Oxima . Taiio no Hacaba. Bosch e Goya. percebi o quanto H irszman era ligado 1 idt ia de dutruição. de definhamento. o quanto era seduzido por processes de desintegração do homem . o que cO!1trastaXê com a imagem de si pr6prio que Hirszman apresentava em'püblico : um comportamento dos mais raciona is e equillbtados. guiado por exclusivas C1otiVaçOes poil!ka s HirszmAn cOntoll-~e dOÍ! argumentos que te ria" maior mteeêsse em fHIIl":. Um dêles dizia I'c'>peito ec trabalho M~ mir:a:< de Criciu.cu . d,jadc !.Junca : o trabalho provoca no minerrc ao cabo de poucos encs. uma doença puhnor.ar. mortal e contaglosa: quando se considera que o minei ro não estA maIs em condições de tr aba lhar na mina. I: devolvido 1 sup erftcíe e tem de procura r outro serviço; no en tanto. não hã outro ser. viço e o mineiro não tem outra solução senão voltar à r.lma existem minas especiais para êase efeito. em que só traba lha m homens condenados: o único meio qu e êsses trabalha dores encon tram pa ra sobreviver e a limentar suas fa mllias t morrer aos poucos. O outro argumento referIa-s.:: a algas em decomposição encontrá veis no fund o de alg uns pAntanos da A m.:uOnia ; tais algas. raras no mundo e utilizadas para faz er dete _ minado rcmtdio. slo compradas caro por laborat6rios nort e amlUic.anos; homms mergulham para apanhã.le s. mu os! não voltam ; freqüentemente,' os que voltam são assalta dos e a s vhes assassinados por ladrOes q ue se apoderam d fru tos do mergulho e se mc.arregam de venda aos laborat6 os nc emento. nessa reg ião em que OlS posstbllld es ~ trab hOi

27

são escassas, seduzidos pelo alto valor das algas. hã sempre can didatos ao mergulho. o qual nlio tra: riqueza e resulta cm geral na morte: ma is uma VU. cm sua tentativa de viver, o homem encont ra a morte. ~ ss es argumentos ofereciam a H lrn rnan ~i multAneamen U: a possibilidade de realizar filmes sob re seus demónios pcss04lls (tentativa de viver que resulta numa degradação da vida e na morte. os ambientes fechados. a p risão. a eavema] e sébre uma realidade subdesenvolvida. sõbre a exploeaçâc do homem. sôbre- o imperialismo. duas perspecnvas se enrtquecenaei mutuamente: esses temas possibllllariam uma evclu çêc individual do autor e uma captação sensível e rnturttva. como que por dentro. do homem. de sua sit uação social. da pa isagem, etc. O resultado depende evtdentemente de coce ser iam rea llzlldo, tai, Irlmes, ma, os argumentes of erecem pos' ibilld.du de evolução qu e o realismo à la C inco Vêz u Fa vda impedia, Leon H irsz man jã conseguira esboçar de modo suguti vo êsse imp.u u . da luta para a i30brevivtnCla que leva .ll e cne. em Pu/uir... de Sio Diogo. .pQis li favela era construlda sóbre li pedreira. O trabalho (a 5ObrcvlVtnoa) consistia em extrair as pedra, que sust entevem o, barracos.

As

Marginalismo

pul,r t pr,UiCllv, um' aplHcnlc politica libera l que possibilitava II ascensão da massa. Entre hses dois fo gos - maua t burguesia _ os artis tlU do tinham alterna tíva t só podia m escolher a massa, (.nto mais que .. ruoluçio de ':9un, dos problemu do povo. como " devaçio do pod~ . aqUisitivo e li conseqüente ampUaçio do merado .interno. :-'':1.& fortalecer a burguesia-indus:riaL Portanto. n isua a pou lbl!ld. dc de fa lar ao povo. de resolver O.! problema, do povo. de dar .cultura ao po \OOo, nUlII sen tid o que vresse .. favorecer " burguula. Isso, no ent ant o, uri" por demais perlgoJO se nio ~t tomassem .as de\/Idas precauções. e .. burguesia nacionalista vai for jar um conceit o de povo que a 'solva tOdas aI d úvidas e que ser! in tegralmente enca. mpado pelo d nema brasileiro. Quem é Po vo 0'10 Br,slf7 Re, ponde '1 tlson Werneck Scdré . todo, os grupo' $OCia" - empenhldo, ta ' OhIÇJ O objetiva das tarda, do deseevolvim ento progreu istl e rtvolu cionirio~ do pais. Elimina mse do po~"o ~ bllrgllula representante dos capitai' eJtrangeiros e o, !.uHllnd,arlos; integram-se os op eráric». os camponesu e a pane da al:a , mtdUl e pequena burguesia que t desvinculada do imperiallJmo, e que se: outorga a funç10 de líder. EJi r:llna m-se t.)m Mm. DO mesmo ato ldglco. os conEli:~ entre a D l1~;ues:a Jndu~~riaJ naciona Us ta e 0' trabalha dor~ urbe1:0' t. ruu. :s. A ouríl'Uf'$í.:I indu,:rial t U1bu e 05 cinta,tas bras.:/eirc, ~".tI: i:rã o O! dC'\'idos cuidados para qu e da não seja posta em ques~io nos !lImes. e paza que tampouco apa reça m os operários. que não poder'.am deixar ~de ser relaciona dos com a burguesEs. tudo iS50 sem ferir a er tação poUtica dos Jl:dues de esq uerda. Outrossim. quem. la:. arte no Brasil sã o setcres d e uma .d asse 'IDtdUl que MO consegu.iu elaborar p.ua o pais m pro· "etc de evoluçio econ6mJaI e IOdaI. t uma elasse marginal r. çio .. burguesia c ao proletariado e campesinato. e ela a para 9uutiOJlU fue marginalismo. A vanguar· COlI

otPdo.,pc:rapc:c:Uvu populares:. c assiDt,i1an da CWtv.r8 popular e loJcI6d~ E ra o dllCDYõJVtaiGlto da tese conforme a i&tIiI. ~~o~ campo· Iive' tõdos

pequeno bu rguh estA encaixado. A classe mtdia vai ao PO"<:l Paternallsticamen:e, anis tas, utudantu, cepeClstas vê c lazu cultu ra ara o povo. "Quando se fala. em cul:ura popular . • acentua.~e a necessidade de p6r a cultura a servIço do povo.. Em suma deixa-se cla ro a sepa ra ção entre uma C,~ltura. des hada do ovo (,.,) e o utra q ue se volta p a ra êle .: assIm ex ~ress-a F!rrelra G ulla r," como an tos ecoes. essa arucde. al9uroas páginas depois. nUala tentativa de cor~,ig~r a evidente contradição. a,rdce nta. como tAntOS..DJ.Iuos 1 nao apenas produzindo obras para ela [a alusa ) como procurando traba lhar com ela" (os grifos slo de FG ). o que não alter~ em profun didade a ati!ude fundam~al e só vea exterlotl zar uma mA con.cif:ncia qu e quer esconder.se. esse sisteala da cultura para t excelente porque, ao alesmo tempo que poss ibibta uma elcvação. mais teó rica que real. do níve l cultural do povo. perrnite que se difunda ap~as aquilo que interessa difundir ou sejl'l, o que int eressa A pequena burguesia e A grande que controla in t eg ral m~ te 3 primeira. Assim, vemos que. por exemplo. as questOCs de apontar ou nio soluçOCs aos problemas coloc:a.4os. ou formular m~sagcns expUcitas. nlo eram realmente q uestOO· de dram.tu rgia. mas antes manifutaçOes de umll e ut ude P"fttr.3Ust<;. ,:uJll tinalicade t coutrola ~ a

m....,

E.

r

p.. t..-rll.:l :uti~aa:.c.""\~o:. o cinema b~asi!tiro var t! a~r ece

problel:lIlJS do povo, P roletAdO! sem defeitos, camponeses esiomudo." e in justiçados. hediondos la tifundiArios e devesses burgueses invadem a teIa : a classe média foi ao PO\'"O. O len6· eenc nio t nõvc. é delico: ocorre seopre q ue a pe q uena rguesia, marginalizada. nio pode ma is confiar integralmente numa burguesia sem perspectiva . Vaeureh Chacon come::ta · " N os últimos tempos surgiu uma nova ten dlncia: uma kJ• • 0 povo. quase nos mold es dos populistas russos do fim do se culo passado. como Lavrcv'' " O s rom1nhcos l ranceses 'se entusiasma ra m com f:sSC5 operârios poetas. A lhandre Dumas. Um.rtine. A lfred de V igny. George Sand os recebe m em seus satocs, e George Sand chega a escrever ao pedreiro arlu Poncy : 'Você pode vir a ser o maiOr poeta da França ,,' ( .. .} Durante alguns tempos, hcar-se- ã de jOf:lhos diante do

aq~es q ue

Eli

q ue va, o

a Cllltllrll POSIIl to," QIlISf&:l, tlICrito em 196 ) . Os Jl'if(lS lio meus. 4 Hisldr itl dllJ /dlill' SocillliltlJJ "lJ BrlJsff. 196' .

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opc rJ rio, que se terne uma pusona gem importante e nova na vida econ õmrce. po]i!lca IC cultural d o paIs " : hã pouco a m:Jda r nessas palavras de Benigno Cat eres.' para adapt,) . las ti sItuação brasileira. Um povo sem c perãncs. uma burguesia sem burg ue~es mdust rrats. uma classe media' cata de ra r ~C$ c que quer repres en tar na tela seu marginalismo. mas sem se colocar problemas a Si própria e sem revelar sua mâ consciência: isso dá cm cinema cujo her6i p rincipal serA o lump e"f!!l'co]etarlado:'" -A !:I' -ela será a melho r fre nte de hatalha : o Iaveledc t um marginal social. t u m pilria. a cusa a scctedede vigente através de s ua indigtncia. e portanto !lio obriga a enca ra r abertame nte problemas de lotas cperánes. Proliferam {t êerec extr ema mente relan o: não significa que haja muitos fl1mes. mas que seja m re[ativaml!'ltc numero~ ; devido ao fraco desenvo lvi mento d o cinema brasileiro. IS lendfncias d evem ser d etectadas a!ravts de: u ma quan tida d e insuficiente de filmes; prolifera m po rtanto ). os Mmes d e favela . Alt m de Cinco Vl!us F a l'e1a e de i:Hj meros filmes de curta metragem. citemos 03 a mõres do mocinho cil::l5ado G imba ( FlAvio Ra ngel. 1963). es .ecepítces de C 4 HiJlt<> ao TtcT't Pag.:xJot ( Roberto Fatlu, 1962 ) . os :"'arglllais batancs de A Gttmd.. Fl! it~ ( Ro berto Pires. 1962 ) . ')li '
r

1965). G.. róto de Calçada (Carlos Frede rico Rodriguu . 1965) . etc. A Esses marginais opõem-se outros: 03 grã -linos. ASSIm como os primeiros 510 geralmente bons e, se: perturbam a or dem ou atacam a p ropriedade. sua condição social JustifIca ludo _ precisam comer (U m F a lleb d o. O A~sal to ao Trem Pagador) - , os OUlros $Aio definitivamente maus. As repte_~ e n Ul ç6es da alta burguesia são em geral deliC IOSOS quadros pr tmitlvca. Os cineastas que reconstruíra m os a mbientes grifmos nada sabem sõbre fIes, e isso. aliado â necessidade d e uma apresentação critica. resulta em bonecos q ue têm ora uma c{lra mA e fechada . ora o riso do-cinismo e da hbt.rtlllallem: vtvem em ambientes acintosamente ricos e d e mau gOslo; s.lio cerca dos po r qu.. dres abst ratcs, livros fran ceses. comprida s piteiras, uísque e mulheres f.fIceis. carros ccnverstve rs chd05 de louras. O grilei ro de Z é d a C achotta t encontrado eel H II lilling-tOOm. pelos Ieveledes. que vt m reclamar a respehc de seu barraco. com uma mulher seminua, em compan hia de seu filho. cuja a~nte tambtm estA seminua. e o Hlho pergunta ao pai se sabe qu e ho ra volt.a a mã e. Um filme de esquerda que vai busca su ,) concepção da I\lta burguesia em élXln ReJrlgll u. Tr.tll-se d e ex por os grãAi nos â deprt.ciaçâ<J pilh!J: a. Es!Oa \'loo,!o in gln ua e naàa rea lista do 2rã .!lni!mo eesu ltA da exdus;vl1 im
A

GRAN DE FEIRA

comerciantes. OS tta b.\lhadoru , fica paten te em -A Gr. nde Feira . 05 feirantes de Agua de Meninos slo ameaçados de despejo por uma cmpds.l imobilJArla que pretende lotear o terreno; os mora.dOtU da felr. permanente lutam para (ansuvar o terreno. A fita ll prC'sent. -se eoee uma crOnJca da cidade de Salvador. GlauMr Rocha, o produ to~ executivo, dunos que a fita "pretende ser ( ... ) uma crenrce sem preconceitos da provlneia", e o critico baiano Orlando Sen." . fa~? de um ",1.Ír t K o bU sR,iano da sociedade baJ&na C' brasileira . O desenvolvimento da cidade d eve-se ao eceêrctc e a o petróleo: nos ultimos anos tem-se desenvolvido o movimen to do pôrtc.• rtdc bancArla. o grande e o pequeno comlrd o. Grande parte dll auvrdede síndrcal e da luta popular deve-se a~s portuários e aos operários da PctrobrA. . O p~utor e ro~ t.L ­ rista da fita . Rex S:hindlu . e um profissional liberal. medico. 0$

O direlor. Rcbertc Pires. tambtm provtm da pequena burguesia. Pois bem, nessa crOnica da cidade (a Imagem final do filme. o elevador Lacerda. e um slmbolo que se refere n! o à fei ra. mas sim ao conjunlo da cidade). o pequeno-burguls. o comerciante, o profissional liberal sumiram completamente. a não ser que easa camada seja representada por um. cronista .s.xl.:1! que. cm breve aparlçlo, tUl: um comportamllffl'to estúpido centre um feirante t: bnsce 1:1 prote<;ão da policia •.~ t jb ~w u deve ,"xciuir o marido da Jtã.Ewa cnrcdtada, pob. emhora advOljado. representa no filme a llltll sccíedede. Sobra.ll:l ol1ft:na3 os grá.finos (05 qu..!.s nJo aio introd uzidos pela ação d. IRa, mas por intu mtdio de uma mulher entediada da alta sccledade que tem relações amorosas co\p um marinheiro) . a presença do imperialismo por Jntumtdio doe reseevat ôrtos da .Eua cuja marca domina a feira. e oa marginais da feira. Embora se realhe um trabalho real na feira. pois hã eceércc, fsI:t tambtm não apauc:e, e li repusentaçlo do povo esla a rg de vadios. ladrões, mendigos, prostJtutas. assaulnos, que Orno de um ladrão generoso e anarquiata. Cbrec ira

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vUl sind icar? O problema t agudo. mas afastado. C h..ee Dl~ho. a personagem masculina mais u dU lorll. e que gal a da simpatia d s auto res e do. espectadores (principal mente graças à peesc • n~lidade de seu inlerprete. AntOnio Pita nga ). pretende tocar fogo n05 tanques da Euo. destruindo tanto a E sse quanto d feira : e sua revolta . Não encontra quem concorde com essa .dedsão irradonal. mas quase alcançara seu obJ etlvo: se no ultl' mo momento e que Maria (Lulsa Maranhã~), su a amante. O)nseguirá jogar no mar as boananas de dl~am lte. nlUe a explosão II mata: o povo revolta-se contra ChICO. tenta enforcá-lo. chega a polida : por essas e outras. Chico pe~a ra trmta anos de cadeia . A revolta de Chtcc acabou num cnme: matou Meria: e ameaçado de morte pelos companheiros, que. [untament e COIU seus criadores. o abandonam à policia. A açAo violenta. alem de tendenciosamente colocada. pois Chico nãc te m nem lógica. nem perspectiva. nem liderança. e sumariamente ccndenada . Enti o. é de se esperar que os a utores prefIra m a llção slndiclll. pacifi ca e por via legal. Mas o Uder sind ical e uma personagem esporlldlca. sem consistência. que nunca ch~g a a se.... ~mar e que se perde nll multidão d.s figuras aecundariAs: encontJ\mc.-lo no filme cm alguns b4te-papos e nunca em llçio. S fal.a revela que os autores ignoraa: o que possa ser um líder Indicai e Q assimilam 8 um es tudante de dtr eítc com tendêncio!> cS'l.uerdl::
Do Ivro A

O r(/"d~ ·Ft;rtI.

1962.

35

aç âo t que me pa rece ser o verdadeiro e ünlco embaixador d a classe média: o marinheiro Rón!, dito o Sueco (Geraldo dei Rey) . O fato d e ere ser marinheiro, de nio conseguir se fiur . de procu rar sempre: outras bandas. d e chega r no inicio do Irlme e ir embora no fim. o aproxima de uma pe rsonagem ca racterrsuca de um outro movimento cincmatogrMico. O marinheiro. o barco. II viagem represen tam II impoulvc] Ilusão do realismo ~tico anterícr à II G uerra M undia l: [ambbD era um populismo. uma expressão d e marglnalJsmo de um sercc da sociedad e fra ncesa; só que êeses cineastas procuravam delíbere de menu: a luga. "Já me acostumei II va gar d e pôrto em pórto" ou "Eu nunce fui homem de me fixar cm lugar ner. hum ·· sio {ra S(~ que poderiam ser pronunciadas por persona gens de Marcel Carné. Em rea lidade. ROní não i inca paz de interessar-se pela sorte dos Iereentee: d ecla ra repetida. ment e estar preocupado com a situa ção e chega a pllrtld pa r auvame nte de um comido promovJdo por algum candida to a depu tado estad ual; no entanto. mantim-se afastado dos representant es dos dois pólos pclíueee da feira : o anarq uista e o líder sindicai. O tnter êsse de ROnl pela situação não o leva a agir. nem a se Integrar na comunida de. nem li sair de seu pa pel de espectado r. E . para caracteri: a r sua a titude. diz : Se 6 .sô1 qen te I ôsse fu et uma revolução aq ui mesmo. eu Ikava". E.~ frese re-..ela sua iftca{'add.:ldlt de agir c a faci ji'J ade que hâ em de/ur os outros fà:tete rn aq uiln que li eeMe não quer , não sabe ou não pode fiter, ~$lla frase , f a lnc!a !pais reveladora se se consid u a r que RÓnl> como Os au tores do fíllD ~ eaccntre-se entre a alta sociedade e o pOvo : i si· mulflneamenfe a ma nte da gri.fina Ely ( H elena Inh ) e d e a a d feira . Isso em absoluto não significa q ue ROn! em Grande Feira o slmbolo da classe midla , mas que er em tem na atrutura dramltlca da fJta a mu ma e mtclia na a tura da sociedade. Doe iéI tiãi e lua situaçlo e de sua ova aüAO e se tomado uma perr O 'Cinema brasilaro. Tal u maií u ~ leve intulçlo dos a ãüi m te ifev w&utimar. aoriaaüda . i dá .prt:HDtar o '~'''.T.co ~m m iJMbolo.

a

,

A Gra nde F eira 1'110 representa uma fuga em relac;io • problem6tlca sodal. Se <» verdadeiros problemas aio eliminados. isso se deve eviden temente a Rex Schindler e Roberto Pire~ ma, tillmbm a ttlda uma conjuntura lOCial de que o, autores se fl: eram o, perte-voees pouco lúcidos. O filme está bem longe do cinema revolucion6rio que o eeuuresme de alguns {deve-se excetúar o critico baiano Wllter da Silveira e o cineasta Alex VliIlny) quis ver em A Grartde F eira quando de $!la apresentaçio."'_ ' O utra fita, essa ruim e desp eeetvel. que manifesta uma tendêade rdenuce. i Os Vencidç,.s. U m grl . ((no daqueles (J orge DOría), tamWm oriundo das peças de Nélson Redrl, gues, hom05sexual e enleuqueeíde pelo dinheiro e pelo luxo. qu er despejar pescadores que ccnstru tram seu ba rraco num;" praia q ue lhe pertence, e recusa um entendim ento com o ado vogado que o, pescadores lhe enviam . Alim disso, uma eu lher de pescador, grlvida, esll passando mal. Precisa ser transportada ao hospital N ão hi ó nibus. So o carro do gr8. flno~ E ntre os \lois gr upos, a amante do grl-fino ( Anick Ma lvil) serve de h\fen: apaixona-se po r um belo e meigo pescado r {Breno Mtlo) , 011 dois vão tentar obter o ca rro. Não consegu em. U m peseadcr, a quem olhes emeadccdcs e fC>tos de lu: de baixo para ciCIa dão u ma mb.sca ra dia~liu. , quer resolver o caso na ma rra; chega a ue corpo a corpo ..:0::: o gN-fillo, e, com a bf:nçi o da nat ureza que intervi m sob foulla de uma tempestade. os do is mOUl m. Os dcís extremos Ioram con denados; sobra m os lnterm edJàrios ; o burg ub que acei taria colabora r com grupos sociais íe ferlores. resolvendo alguns problemas. e o pucador que nada quer da bu:gucsla a n ão ser a resoNçlo d êsses mesmos problemas. que em nada alteram nem a condição do burgub nem a do pescador . Paulo Slnger diz que a pequena burgues Ia "assume uma a titude ecl étia de 'nem tanto A terra. nem tanto ao mar'. de hostilidade aos txrremisín os~: Os V encidos i a perfeita i1 ustraçi o desse comportillmento. ,,-;,.~, Do marginalismo de A Grand e F eira ao maiskomple!o coiüormlsmo de 0.1 Vencidos i um pauo apenas. Ao Rio queee alarar 0lII problemas pe1a frente , ao se compruc.c na resu..., prf:Hlltl.~ de H'U marginalismo. o dneasta i leyado a ~ fazu filma que se omitem e aceita; .. situaçlo vigente, opondo-s sõmente Aquilo a que se opunha o gov!mo que estavill

J7

"

.

DO poder quando os fi lmu fotam fltitM. T. I 'i[Ua~J~... pod~.

mo(hEicllt_sC' qua ndo Me poulvel abordar o prol~~!.L1 d o, ,o cllmpesinato atual. a burguesia indultrlal dita na~l?'!,lIsta , e .. p«z uena bUfgu uia. Enqua nto hlea gru PQ' socta[, perfila. neeerem lora do .!cante do cinema....oa filmes brasllelros nl a abordlltáo os rta is problemas do paIs. Populismo e , ~. rgln • • lismo nào datam de hoje no cinema brASileiro; JA estavam presen tes antes da tevoJu~io de J930. O mora lismo de Joat MediDa. por uempJo. opu. v. _oe. noa ctrculcs d. alta sociedade paulistana. em Exemplo Regenerador ( 1918/2 1) , ora, em Fragmentos da V ida ( 1929 ). entre vagabundos que viviam d e expedien tes. tendo sido sumlriamente elimina do o pedreiro que apar«:ia no inicio do Idme.

CR 1ASÇAS, C A N CACEI ROS E OUTROS

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tJtuldo assunto para ftlmes de longa metragem, rcaluadoto ; brasileiros nOI I1ICimos anOI, tem seu papel de destaque ern a • 9 uol; serve, por .exemplc, de pontol de inter rogac;.a.o na Intra_ ... duçlo e na conclusio de vimba, e?quaoto. q~e introdu z. pI· lavra Inferno em Vidas Sécas. FOI sem dúvida o R ,o -10" de Nélson Pereira dos $antos que lançou em 1951 o terna da criança faveJad
:.. do n& Bahia em 1930. antes da morte de Lampli o. e.. no M~.::lO. limA Barrete. com O Cang&cciro ( 1953). lll me de ., nruees rc. h: a do no interior do Eseede de S. Paulo. quem na ugurll o ciclo c delineia os principa is traços que ficarilo (<1:acruiZ4ndo o cangaceiro no cinema comercial. Numa visão ro~anti:.da da his tOria . o cangaceiro é cm ge ral filho de C seg uem o bea to cujas prof«ias an unciam um mundo de lerrura e de justiça. mediante o sofrimento terrestre. Trata -se lambéJ:::l de uma revolta deso rganizada : nãc se tem ccnscíênela de que hã uma revolta ccntrs um determ taadc 'estado de cr s e ral:!btm não se propM mudar coisa algum!!. A solu ção encontra ria para esee revolta teccuscrenrc é ii alitr.ação na vioitn,:;l" 011 no mi~ tie:smo l:b ttrlco. que sempre rep 'e s ~ n­ la: uma ôlõ ltemativa para a vida ~e campont! eeet-eseeevc. Fan! ticos e cangacdros oferetem ~rtanto um, mat eria l de' primeira qualidade para um cinema qt1e quer representa r o. marginalismo. desde que elimina das suns Implicações se. .... lj,a is. Completamente du ligado de sua significação social. o ngaceiro é o bandido de honra. cu jo sadismo se reveste de ~~tism . e-que ttm seus momentos de poe.sia ao luar. A iém e Jfncta e: de. sua honra. importa no cangaceiro crnema~r.fico u Je nÃo se" fixe. nlo tenha pouso certo e sua ja m nâança; fie vai d ventura em aven tura . Em e ~ Qaell o Pajw ( Lima Ba rr eto. mo di liIârc:hi ' ou do passdo ) pe lo Idl: do filme. ri.ftdu Clucampados

~

BfijjJ.

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n!lrdes tern. Após cruentos espancam ento•. tortura. rios de .sangue. individuo alldo a um cavalo e anutado no chio (o filme de cangaceiro se compraz numa víclêncía náo raro gra tuit a). após amOres eróticos ou roml nt!c.os. o cangaceIro ru m morre. enquanto o bom deixa o cangaço e va! a igreja : essa t a conclusão de Trls C. bras de Ú1mp iio. O ultimo roteiro de Lima Barrete t cara ctetlSlico do gl nero: numa atmosrera vagamente mtsuca. onde p aira o duti no. o cangacciro Q ue/t do Pajeu é pura honra e coragem ; a pós umas cc-nas eróticas com uma mulher "sedenta de se xo". umas cenas de vícl êncta em que Quelt mat" a sangue frio ou"corta. um pedaço de 10mbC' nu m boi vivo. ete gen tilment e se submete ao inqutrito de um policial. também muito gentil. tudo Isso com o maior desprê cc pelo mais elementa r realismo. E ntre o A mor e o Can gaço ( A urélio T eixeira . 1965 ) sintetiza maravil hosamente tOda a problemãtica do ciclo do cangaço . loviano (G eraldo del Rey ) quer casar e trabalha r. viver tranquila e hcnredacieate no sittc adquirido Pylo árduo trabalho do pai. mai, nada . V tra cangaceiro porq~e um coronel mata seu p3i para apoderar-se do sítio. Mas bate" saudade da noiva e daq uela vida que se apronta"a a viver. e [evteee volta ao sitio. Após pcri~cia.s. co nsegue põr o sitio em ordem. casar. e lhe e roce 'Jm f lno : sob a prott..;ão dos canyacdros. JOViiHlO é Uni peqUl'J10 proprtetâdo e um pai de famIlla fe:!!; e reeltaedc. E morrem 06 exueecs: o poder05O coronel e o terrível chefe do ba ndo de cangaceiros. Marginalismo. rebeldia inconsciente contra a .I tuação social. viollncia sem raet'ees pclntccs. dignidadu rcmlntica e morallsmo. tudo use em rehll; ão a um Ienõmenc jã passado. sem compromisso com o presente : t natu ral que O cangaceiro tenha oferecido ao grande púbtfco possibilidades de Identificação. A revista O Cru:eiro ( número de 21. 8 .65 ) expressa o que certamente fh o sucesso do Tilme de cang"' · cerres Junto ao grande público: se. por um lado "o can9a~0 ( ... ) encarnou a rebeldia do homem do campo contra aq utles que lhe impunham condições sub-humanas de vida ( .. -]. ~r :outro lado. a hist6rla do ca ng aço t "uma hist6r1a à parte ;';~'da lit6ria do BrasU" (os gdfOJ slo meus). Seea necessánc u~ Deus e o D iabo M Terra do Sol para te uma 'I.;sio ma is realista do cangaceiro e do beato.

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pra panelas. A rcaçio de TUa Medonho. que: Compra Ull:la geladeira, lem o mesmo eenudo. uma tentativa de lrae, .. gr.r-se nas norma. da sociedade. M as a policia d esmantelar' qualquer tentativa fe:ita no sentJdo de um eseabeleclm enre pequenc burguh, pois ladrões. maland ros, la velados, não pertencem i classe .ti qual Esse eatabelectmentc t faculta do. Em Selva Trâgica, a rução da personagem não t t ão precisa: trata-se de uma fuga para um futura deeccehecrdc num outro pais. Se nio encontramos ai lentativ. de montar uma casa. o mesmo tipo de asplraçio se revela: o lad rão qu er casa r com uma mõça virgem: um capataz, ao deflorar a mõça, aniqUIla as aspiraçOes tticas do rapa z, pois o casamento nunca mais poderá ser um verdadeiro casa mento. A I a sociedade esm.. gi\ uma possibilidade de real!zação no plano de um a moral media tradicional. O resu ltado t o mesmo nos trb ca sos: os guardiões da sociedade matam o individuo mtlr gina l qu e tentau integrar _se.

Para u presSolr o maflilinalismo. r«orr~u . se a outros gru pos sociaIS : o camponb est! fora do eíeeutec da evoluçlo 10cial c atravessa o ser t ão em dlreçlo.o 11,11 cm S ellr. Vermelha ( Alberto d'Averse. 1963) . Vladimir Henog eaconucu um dos mais marcantes simbolos de marginalismo no documentário M.rimbas ( 1963). os quais não são pescadores. mas viVClll. d. pc.sêa: dio uma 111. 1 0 . os pescedcres na praia. e em troca recebem uns peixes.

e

A SPlIl AÇl.i ES 00 :-,1ARCIS AL

Mllrginalismo, dignidade romAntJca e morall, mo reapeeecem na perscnaâem central dos lilmes de Roberto farlaS, que tem entretanto uma caracterlsUc.a neve : êle nl o se sente bem na pele de marginal e lUlA desesperadamente para rmegr.c-se na sociedade. Essa luta para a integraçJo re preaen re um choque co:r. a sociedade, pois essa t antes de mais nada um mec.:mismo feito para esm.gi-Io. O Iaveledc T il o Medot1110 \ EIJuel G01DU) em O Aualto.lo Trem P al/adori 1962) . privado do ccníõrtc q'Je a rccledade oferece a SI:US membros mais abasUldos. roube c enfrenta em sequíde D. j.lcllclô.l, sutem... de proteç.io d... sociedade. O ladrão de mate (Regln~J.:I o farias ) de SefiJ'tJ T,igica (1 96'" t apanhado e esera vi.rado. como todos 05 ou tr05 trabalhadores, pel" Companhia. O malandro ( Reginal do Farias) de Cidade .\.me.ç.da ( 1960) t !UZf objel o nas mãos da sociedade : a imprensa faz dê le um temlyel iJ)andido e êle nio tem outra solução senão assumir o aJ?el ~u e~ h e t imposto, Roberto Farlas vê de modo um tanto ucmltico as relações entre esse JndJvfduo e a sociedade, eglnao a recorrer, cm Selua Tr.gic..• • os piores chavões do cu lüio ilista. tal como bse 'deo&: em que a perscnacm ii'i,", Nos filma ck. o Faria• . -êsse Ineita Met.I. nem o papel que: a 'tIO!iii e 9. -""«o consiste em IIldOi de tis, um lar ruolvel. cm con ar !.QWl1bno .cntuncntal e

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OlJadt anila e orn-

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Em O A SJalto ao T rem Pagador. a personagem to:nta t~~~ um....ou tra rcaçAo. A malta dos bandido!> fa'l,e1a dos t dltl91da pelo Grilo ',{R eglnaldo Faria s ) . um individ uo q ue oAu pe rtence II Ievela, ~u ~ aspira viver no s Cloiou i a altõ bul " guesfa, cuja amant.e i uIa'" 'j/rR.ílna cartoca . O Grilo tem pOrt 3n to um ft na Ievele e um pi no grã . f iJ~is nl~' ; quando o ~ fa vdauos percebem q ue o G rilo os engan" e se epecveue dl l.es, tles o matam . uma reaçio vtolenre que t uma rentatlva de Ilbertaçlo. Roberto Farias mata o G n lo tambt m porq ue as aspiraç6es d êle ndo se dirigem .ti classe méd Je mas sIm li alta sociedade.

e

O ma rginal estA na impossibilidade de ccncrem er 5eu sonho de integraçlo e Roberto Farias tenta superar o impas se da persona gem transformando_a em her6i. Essa heroização tssulla tambtm da s implJfkaçlo da re laçi o indtvlduc-sociedede fjcando um totalmente bom, e: a outra mA; e resulta da ne~ cessidade de identJfiaç'o do dlretor e do publico com o ma rginal de aspiraçAo pequeno-burguesa cm choque com a sededade. Eua htroJu.ç'o fu do margin.1 um individ uo de alto padr'o moral : êle t cor.joso. honrado, generoso. um hom~ forte. modelo de masculinidade. O uad rl o de Selv4 .T r. 9,lca ch~ga a um momento de comunlcaçAo com seu mais Imediato inImigo, um c,:)pataZ (Maurldo do \t.le 1. justamente

e

4J

'I pcrque êles se encontram no plano do Ideal masculino" O ~ra nal heroi:"do nla pode senlo morrer no fim do filme e s'J~ recrte l • txtlnçlo de uma ftl r.;;a da ne rure ee. T I! o Med ho Irfane. O curativo que lhe cobre o peito e seu 9 ra~dc c po prêto. agll.do por uma respirAção sincopada. expira . O .Ideio de mate bale.. do num descampado. morre com rede • ~nf8se q to U':lgC a clrcunstlncla.

Diálogo com os Dirigentes

Aqueles também do t ornen,l Issc fli o pode CQlltinuar! Senhores Governantes (tça m alguma coisa! C lluber Roch..·0PÓN C a usa o~l~taçio: A ldtia 1~ I~u mai, impor tan te de Rell/JAo Crit.ca do Cinema Brasllclro t qu e os fiJ au:s br asileiros nAo devem denunciar o povo As elasses di rigentes, mu sim denu ncia r o povo a o próprio povo. Por enqua n to. apenas uma Idtia. • Um dos recursos de que se va le am/ude o documentário é ce recrerrsncc dessa a titude c consiste cm confrontar uma determinada rea lid a de côm IS teses oliciais existentes li respeito. li fim de sugerir que estas sio obsoletas. nio evolulram Com li rea lida de c preCÍsam aluall rar·sc. Lecn H irszma n inicia M.lioria A bsoluta (1961) entrcvi.stando algumas pessoas marcadJl mc.n tc b ur gues.Ils. cujos dcpoimc.ntl» jus tifica m. sem nun ca a lcançar o nó do problema. a impoS!ibilidade de deixar \'Otar 0 5 analfabetos : a COlltinuaçl o do filme desmoraliza essas Jdéias: os burgueses precisam pôr-se em dia com a realidade. Encontrlll1os o mesmo recurse na primeira parte de MemÓâ. do C'f1g.ço. qU.lndo o professor EstAdo de Lima expõe que ser ou nlo cangaceiro é problema de glAndulas. A JdtiA parece-nos 110 esdrüxula que nlo era eeeeeeerc acrescentar coisa alguma para dCSl13or.lli:.A-Ia. Mas onde o reecrso ~ mai.s seasrvel. Fois cheja a .:onst :tulr a própria estrutura do lflme. t em .4.rtig$. J/l ( o~é Edu.1fdo M . de Ollvein .. 1961). cm que vistas de uoa fnela MO acnmpanhadas, na faixa sonora. peja leitura de fra gmentos do artigo 111 da Constituiçio Brasileira. qual afirma a igua ldade dt direitos entre os homens e recomenda que haja escolas para \odu as crianças, que o povo tenha participaçl.o no lucro dU emprbas, etc. O filme Jimita.,e a denunciar o não-cumprlmento do relendo artigo e reclama sua aplic.açl.o. e assim se dirige sobretudo .àquclcst que criaram o artigo I i I c n10 o aplicaram. pois. parII PI lavelados. pouco importa que exista ou deixe de exrsJJri o bondoso artigo.

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1962). Em Salvcdce, o Padre O levc ( O ionlslo AU"'''dQ impede Zé do Burro (Leonardo Vilar ) de cumprir sua eremeu a Junto a Santa Bárb.lla , por ter sido feita nu m tend ro 'Y de candumblé. U é representante do povo. enquanto que o Padre com a colôlboraçAo de um bispo e de um delegado de pollci;. representa a a utorldad~ conarítulda. Esta é in~ransi _ gente e impede o povo de rea lizar suas vontades. A Impossibilidade de dillogo entre o sino da igreja e o berimbau cr ia uma tendo qu e se resolve pela mort e de Zé. que é ec lo cedc na cruz COm a quarã massa arr ombarA a porta da Ig rej a A situaçio poderia ter recebido um rrercmeerc ligeiramente tr õnrcc. conforme a interpreta ção de Sébetc Magaldi.' mas é. no filme . levada sériamente. e até de um modo um tanto enIát tcc . l\ morte de Zé é um catalisador, poSSibilitando que o povo se una e recorra A f6rça para obter o que quelLa. O povo é vitorioso. O Padre é derrotado. Tal vitória consiste em ler Zé do Ber re ingressado na igre ja : após essa vilÓlla. o povo passa a partid par da vida da igreja. Para que tal acon tecimento possa ser considerado vitória. t necessénc que o povo. no {lime. reconheça a validade da igreja: que êle a cene a igreja't81 como t e considere soluçâc de seus proble mas o fato de participar dela. ~ evidente que .. pllrlLcipllção popular lnodific.1ri. ltn!lmer.1e e por dentre. li igreja . NJ~ t menos evídcate que oliteas soJ\l~6es F'0~[!1 r'xi-'r!:' C;lJe c pcvc queira celecee-ee no iugar dos dirigentes da Igreja: que c povo nlo reconheça I igreja e queíra deatrut-Ie, ou erguer, paralelamente Do ela , sua próp ria ig reja. N ada diSSO acontece : a 19reja e seus dirigentes do reconhecidos : scltcne-se simplesmente a êles qu e integrem o povo. O Paglldor de Prom euas t um apólogo : basta subst l ~ ruir a igreja pelo gcv êrnc e teremos um retrato d a I ha p0litica que certos seecres da esquerda vinham adotando na época em que o filme foi realizado - e con tin uam adctendc. O gcvêmc e os dirigentes do aceitos. e a esquerda so ll dta~ lhes que integrem um pouco mais o povo na vida do pa is; t considerado vitória um alto dirigente conceder eeeeevreea ou oferecer a lgum cargo administrativo a um elemento recon ecidamente de esquerda. O Pagador de Promessas ilus ua eUl. Unha politica que loi qualíftcada de reboquismo presslQna-sCl 1

l'
o p ,}j pa ra que ampa re OS desp rotegidos. e.stes podem insis tir para obter algo do pa L pod em eventualmen te sugerir detalhes ou a lterar po rmenores da atuaç!o polltica do pai. ma, I.Cclto'lm 05 princlp ios bâ,/(:os que determinam ii oricntllção gera I do pai c não lhe contrapõem qualquer outra. extrema mente dtscuuvel que a vitória fjna l seja mais do povo do que da le reja cm O Pagãdor de Promessas. Que o povo, por exemplo. des trua a Igreja. seria .uma solução Idealista - , o desfecho do. filme é o que mtl h.2l..rtf/l': te a rcaHdadc. mio há d(hida. Mas o filme seria multo mais incisivo se. ao invés de encerra r-se com uma p retensa vitô rta, mOstrasse o q uão Ilusória t usa "lt6ria c le ntasse colocar cm questão a linha politica q ue ela su põe. J:'.!a mesma persp ectiva. c de maneira mais clilr
e.

daI de A G rande F eira ficou patente pa ra João Pa lma Neto. um dos pa rtícJpantea dos eccntecírnentcs a bordados n8 fita. que resolveu t u 1izar uma réplica. Sol S6bre li Lama não al_ tera substancialmente o panorama de Agua de Meninos epresentado por A Grande F eira. mas a questão da açi o é mal. a mpla mente exposta e discutida. A situação t a seguinte. grandes burgueses da cidade do Salvador querem eliminar II feira , e para tese uma draga fecha o ancoradou ro. im pedindo o IIbllstec1m~ . Os feirantes querem lutar em prol da reabertura do ancoradouro. e dois trderes ap resentam Ulhcas dlIeeenees. Um dtles. um açougueiro ( Roberto Ferreira ) propõe uma alõão violenta de massa , que consist; ria em o pove apoderar-se da d raga. O outro ltdee. Vale nte (G eraldo ele! Rey} , que dirige um depôaito de materiais de construção, Iavcr êvel. n30 a uma alõlo de massa. mas sim a demarche$ qu e seriam feitas junto aos grandes da cidade. às auto ridades locais e a deputados federais . e a uma grande campanha na imprensa. Ou seja : Valente t favo rável a uma alõâo que ee nslsta em trabaJho Junto aos podê res censtüu tdos. peesstenande-os e eventu~!m ent e jogando-os uns contra o, outros, a fim de obter as medidas desejadas. tudo tssc dentro da lega lidade . l! • ttptca ação slnrtlca! qu e espera das ectondades cor.~ tilul ­ das - mediante M)lidtaçClc:s t pressões - • S'.,l!UlõiO de 3e'JS problemas. Os lideres a fro ,. ta C'\ .~e numa reun tõc li" sindkdlo e o c:çouguejro con seg ue a adesão popular. Da trcllç.\ o de um hâbi tante da feira , mau e ta rado - cujo comportamento s6 se explica alra\'és de sua maldade Individu ai - . resulta o fracasso do ataq ue 1 dra ga : a polícia espera o povo e a tira sóbre êle . Depois dêsse mal6gro, Valente passa 1 açâo. com Cr$ 600. 000 arranjados pelos Ieuan tes. Tem um encontro ínlrutlfero com o magnata que q uer fechar o ancoradouro. mas. graças A campanha [ernaltsuce. conseg ue a compreensão de deputados e sobretudo do prefeito da ctda de. que ccndtd ona sua permenêncta no cargo à vitória dos ferrantes. FInalmente. sem movimento de massa. Valente é vitorioso : a draga sal. o ancoradouro é reaberto. fi feira retoma seu ritmo normal. Lã onde: a ecêe popular fra~ .sou, a açio legal Junto a autoridades constituldas obteve s ucesso. Donde se concluí que para eesclver OS problemas do povo, bte 'mi vee 'de agir dlretamente. deve solicitar As au h a,de as SOfuç6es; e de fato, as autoridades, embora haja sempre algumas' Infoleranê



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e

tes, resolvem os p[('bJemas. a vJ tória do reboqu15mo. e. estabelecer a nJo_atuaçio popular como programa par" ,0 povo. e elevar ao nfvel de programa popular a tAtJca governISta que desde Getulio V.ugas consiste cm esvaDat. poasJvel cvoluçlo polItica do povo . Os autores do Wme sentiram certamente o quão .pou co progressista era sua tese e tentaram uma s1nte!c : d epois do fracasso d. a<;lo popular c antes de COt!Jcçar a pressionar as autoridades. Valente, m.anP4. uma carte ao lIdu venddc para expltcar-Ihe que. no fundo. os dois tfm f a:z:! o : sem a ag itação de maua. 0$ m"'todQJ: por via legal de pouco v.leriam . Aecctece. porém . que Valente vence por seus mttodOJl e sem pe rrieipaçAo da maS:Ia (que se limita a fornece; o dinbt.Lro; ,pelo "isto, o ataque A draY8 n ão teve repercussao ). e que, diante de tal fa to. uma síntese exclusivamente verbal é por demais tlmido e idealista. é: provb t:lmcnte o mesmo mal-Ular drante da tese proposta e o du ejo de equilibrar u duas posições que levaram os autores a outras posições de um idealismo ingenuo. como aquela revelada pela canção que acompanh a o enttrro do líder vencido e que di: que um Itder morto t uma estrtla a mais no céu. O utro indldo da compreens1o ideal!"ta dos 8conrecim entc-s t a ausblda de modvaçw para- ecru s açOU . Ass!o como a trolçi o deve-se a um ccepcrtemcnto individual. o ataque I: draga deve-se funda.uentalmente ti Icree üdCfança de açougueiro. !lem que se leve em cons!de· raçáo a situaçáe d etiva dos comuc1az:tes da fma : nlo hA indicies de que o bloqueio económico rept\'cuta na lelra. Nada indica que o movimento da fdra esteja ~iminuldo , que esteques atejam se esgotando. que gtnuos alimentlcios frescos .estejam laltando que compradores proc urml outru fontes . que lornecedores tentml outtu viu de ucoamento. O blcqueJo, que t o núcleo da luta e da açAo dramAtica do filme. toma·se um dado abstra to. 0útro sintoma da poliçlio idul!·ta auumida peJa fita t a ~gem de Valente. Tudo o dJfUettda dos outros mora Clã I rir; e" cowportamento. seul gestos, lua fala, e v r, s nderaçJo. o assemelham mais a um ii ssagcm ~ ldr! 9ue a um feirante. Tal . r CUl a~ do l:aeuso ela açAo poJl'ulãi antes mn Uie dinháto. quendõ alente esolve f êlilXlr dra. Sic

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é o único a ter tlll reaçê c. que o assemelha mUlto ao R6ni d"

A Grande Feira. Tudo faz dêle um elemento da classe mt _ "ôla, intermedlàrlo entre o povo e a burguesia. ale t a única .. personagem da fita que tem tal posiçlo int ermediA ria; e. em realidad~. graças .. açlo legal de um individuo classe mtdia Junto 11 burg uesia que sio resolvidos os problemas do povo. Nã o tenho absoluta certeza de que as posições assumidas pela fita seja ln da inteira responsa bilidade de Alex V iany c: (roteirista e dtretee ] e Miguel TOrres ( roteirista ). pois c [ilme foi trit urado e remod elado pelo prod utor depois de acabado, e não conheço a montagem original. De qualquer modo. Atex Viany reconhece hoje que houve falhas graves na e ná hse dos accntecreentoe. e por isso se responsa biTIu . A proximidade dos acontecim entos. o contacto direto com m.UltOS de seus protagonistas. um argu mento Já pronto e parcia l (q ue t da autoria da pessoa q ue teve na rea lidade o papel de Va# lente) impediram os roteiristas d e ter uma compreensão maiS dlalttica dos fatos. Eua ccmpreensêc veio durante a s fi lmag en~. e a montagem (di: Alex Viany : "J1 durante as filmageu.!, cu fJqueJ" consciente de que fazia uma obra read onArla, antl·sindic
O empenho com qu e se propõe a a çâo liderada por Valente t tão radical que constitui pràticamente uma ahenação numa rauca em que se a lienara m as esquerdas du rante anos e anos. Por outro lado. o radicalismo do fll me a favor de uma ecêe legal e contra uma ação popular leva com clareza suas propostas a um ponto que. de tio apsurdo. jã prenuncia uma tomada de conscr êncte. DeclaraçOe- recentes de Al ex Viany mostram. de fato. qu e a s posiçoes auu midas no filme foram ultrapassadas. E m vez de ma lhado superficialmen fe. o fzlme deveria ter sido discutido mais abertamente, pois condena.. tede uma tática errada . premissas sociol6gicas fals as e idealis.

SI

que ca racte rizam um longo perfcdo da vida da sociedade brasIleira. Sol Sóbre II Lama pode ser considera do como um dos mais signifiCa tivos testemunhos de tOda uma politica que fracassou. !JS

B AIlR .... vE:.:TO: P OLÍTICA. DE CÚ PULA

I

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Jangada serA I possibilidade d e prova r que Ar lll t de fato protegido pela de use do mar ii qu em deve dedicar sua vida. T odo o povo acred ita na ~!tuaç~o privilegiada de Aruií Plrmln... dtlxara li aldeia hã um certo tempo: IOra para ii cidade gra nde. ond e ap ren dera novas idtias. e onde :lmigos seus acredltam,que as coisas muda rão, qu e d ias melhores Mo de vir, pensamentos hsu que não deixa ram de provocar conflitos com a polida. No inicio do filme. F trmín o volta. ai. deia e ' suá .tuação" str. no $~tido de que6'fâ} o sU tu quo.

de quebrar o mito de Aru! e de levar os homens II resolver ~r si próprios os seus problemas...cm ve: de esperar so!.uÇOU divinlls. Paradoxalmentc. .II p rimeira tentenva de Flrmino consiJtJrA cm fater uma macumba contra Arui. li. fIm de que PUeçll no mar. Feacesso. A segund.l tcntalivil scr.l um ato anArquleo. pareddo com o de Chtco Diabo el:l A G rattdc Fcira: depolJ de os pescadores terem remcndado a rêde. j1 quc nl o consegu iram uma nova. P temtne rasg. -a a fim de lmpcdir com~mISlOS' mcias soluçoo: precisa coloc.ar 01 hc mcns ao pt parede e lev á-los a soluçõcs lcrtes e decisivas. a se encarreg em d e seu destino F inalmcnte. P irmmo ecnscgu e queb rar. com a a juda de su.. am.antc. Cota ( Lu\..~ M•• r.nU o l . .II vlrqindade de Aruã. o dg l(lll por Icman j!: ~Ul:ul ~ t.t nunle.'1t~. PiMlino manda ao :ru . CJ,,:sndo uma :c != eu a de se vem forcando. um heutem eue ."'-rll.. ni'lu consel:/u rA sal. 't"lr : AruA est! desetsutreedc. !\rui t um hcmee cerno os outros e Jemanj' nÃo trar' solução alguma aos problcmas dos pes<:adorcs : htu terão de encontra r e fate r vigorar suas próprias seluções. Arui deixa a aldeia : vai para a cidade. ado quirirA novas idtias. trabalharã o volta rã dentro de dois .nO!! com uma r"de nova. e então casara com uma filha de leman)' . Malna ( Lud Carvalho ) . QUem t Pirmino. bse Hdee da opos ição. e qual t seu pepel? P lrmino viveu em Buraquinho a re ir para a cidade e. quando volta. t outro homem. um elemento est ranho A comunidade. Suas Idtias sio outras. não se veste como os peso cadora. sua tltUbcr"nC4~ no (a lar e no gesticular contl'asta com o COJIlpcrtamento dos pescadores. te m experitncias desconhecidas dOi moradores do vilarejo. teve encfen)Js com a polida. Plrmino conseguiu evoluir po rque se, f!u bfra iu 1 comunidade. Na ddade. era Certamente um ma rglna l. viveu mal, de descarregar na vios de contrabando q u QQ tra balll:o

r~9 u la r . Cabe "rucentar que essa coloc.ç~o de cJqade 010 ii: nova. Já ii: tra dicional II' culturu bt. s.llt lta .~ 9~ade .pa· recer como uma fonte de Idtlu perturbadora. c( reJ.1 ova dor. s. qu er seja enviando par. o lnterlor indtvlduos porta ~ores dessas ldtias que serão no campo con~~uada~ subvc~slVas. quer seja chaeando a si pessoas que aspiram. um. Vida melhor. A cidade j1 tem esse papel c::n Gradll·no ~m 05. "Na ddsde sujcit05 exaltados comcçava~ a espalhar que Si ç .Bu o:s rdo "- - era um ninho de rcacionlri05 : com' seu. díscuraos 'c -folhctos. " c mp es ta ~ as capitais" normalista. prc~~~ da s ~om "e ques tão social . M ada lena, mulher do don p de Slo ' Bernardo, ii: uma ciladina que, na fUtnde. escondid. do marldo~ ";vai tendo sua. conversas sôbre o socialismo. ' o , que la: embirrar seu Paulo Honório. E o Luis da S ilva de Angústiã-'Vai ten tar "vencer a vida " abandonando o campo peJa cidade. Assim. no tntcrc do filme. PJrmino volta ao Buraquinho e surge por detrás das pedras e vai se constituir no elemento perturbador da al}. . Fmnlr. o sente seu b olau:mto e gO.ilaria de intcgrar.:;e: "Eu tamWm ICIU irmão." O que se d! em releção i~ pusou , ocorre tambtm em rdação aos lug3res : ao Buraquinho, Firmioo Ji nio pertcnce~s, pois sua eruel personalidade foi formada na ad.de; m tampouco pertence i cidade. pois senle a necessidade de dpar da evolução de .6 uraquinho. Disso. uma primeira conclusão fica clara : os i at6res que vão alterar a vida da comunJdade não São ori undos dessa mesma comunidade. Slo fat6res externos, A pes0'4<_;; que vai aJcerar a vida da comun.ldade não provêm desse omunidadt, Elrmino não t a vanguarda da ccmunldede : ê ~l u Que pessoalmente. resolveu agir sóbre o povo. i~'Iua u:pcritnda pe.sJOIl. Poder-se-Ia ima· P.!:![ m ' tua mo. L1e ftOha a integrar-se. a ai Wi.ldadc. • liderA-la . Nada d isso. en ~ eaquaatc trts das qua tro s tind~ij caminhada. pelo diretor (Cota rui va pata a (fã(fc &Jarl.com Maloa quanr. ltID rsonagcm fica em

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suspenso. O ultimo plano em qu e aparece. demorado plano . de ,grande conjunto. mostra-o a afastar-se lentamente da al... .. dela . ,.ózinho. e se pudendo por detrAs das pedras à beira mar Flrmlno t um meteorélltc, e nêc a expressão das aspiraçÕes ou po!encialidades da comunidade que pretende lidera r. Por outro lado, Fiemino age sôbre a comu nidade apenas na medida em qu e esta vi em Aruã sua ma is fiel exprusão. Querer des mistificar Arui i querer mudar a vida de todos. - D e fa to. o cetee momento U- que Firmino vai agir sôbre a massa t no tntcrc do filme : um 'i!rupo ouve sua pregação e. em seguIda. vãc todos. Plrmino A frente . tomar uma cachaça . Fora disso. Flrmlno nio atuer á diretamente Junto à massa, Na prática , t sõbre AruA isoladamente que F /rmino age E . realmente. se a ação de Firmioo conseguiu algum re sultado. hte foi a mudança de Arui . Ar ui, em que se concretiza tOda a supuStiçlo e a estag · nação da aldeia. tambtm t um individuo solitArio e tsclado. NAo pode ter mulher e üce na praia quando os homens se reúnem. A lt m disso, desde o inicio do Iilme, Aecê não es tá plename:nte.... eonvenddo dos pcdêree de It manJA: não fósse a total obeditndã 'que deve ao Mestre, resolveria dílerent r . mer.tt o prob lW\a ~ rfde. E ANã. en carnaçâo da rd 'f; iosidad.:- da comunida de. não per tenceu sempre 1'-0 Buragu!nho : rei o Mutlc qt;.:JIl o trouxe da cidade. Gua::1do êle era a lnJ
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JJl~15 rApidamcn te comp r..da. portanto" soluçio mal' p(6 )\ima .

se \'a rias p u so", fOsnal trabalhar na cid.de para adq.u:f l. la. Nc entanto, a d cd slo de Arul nAo t prOpriamen te indIvId ua lista, po is di : a Ma ln,, : " Nos temos que reso lver a nossa vida c a de lodo mundo," No fim do [ílme, A ruA arll ~l a - se dll aldei. pelo caminho pelo qual. chegara Flrm!no, c a Ultl~. Imagem t .. de um farol : slmbolo da liderança c do isola mento. Mil! uma ver. trata-se de um Individuo que ru o ve solUCIonar "mnho o p roblema. de todo.s. A líd erança nãe prevcea nem res ulta de uma intcgraç.lio: o lide! c .. massa . ero vivem cm• compa rtim entos estanques. cm bo ta o ptllll 1 prcten da estar na perspectiva da colctividade. T od a .. estrul ut. do filme ref lete essa sil\lação lídermass.a' a açio desenrola-se funda menta lmen te entre a, qU;HIO person'agens principa is. o ritmo é em gera l r ápldo. o dràloqo tem uma funçlo primord ia l. os at6res . pro fissiona l' ou não. In terp reta m se us papéiS. A massa é constltulda pelos pescade res e pelas mulheru que se encarrega m da macumba. que aparecem em planos pràUcament e docume ntà rlos : n l o parnc .1 m da a çlo do filme. e n6s o, vemos a fa ler lOuegada~ mente sua s tarefas cotldlal'las na vida rea l. A mon tl'l gU:1 • lent a e os p ll!no~ de natu reu. ocuram muito tCO'l PO' ~r:t:e Q ::el'"\'t)sis:tlC de Ant6fll" Pitanga, (Pirrr.ino ) e a I ~ ntlc majes t.;lM dos pescad on:~. o contra Jce é tot
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el'lrfdo de Bllrrll~fItO t umll qutsllo polltk.ll, II lr.I• • se de um. polltitll de cupula. Se tanta Imponlncl" foi d.. dil Is personagens de F irmlno e A rui é porque sua estrutura e as rcll ç6c1 qu e ma nt êm, no Hlere. cem a comUl'lidl de.•io equlveleates estrutura de um comportam ento fundamental na vida pcltnce b rasilei ra, independentement e das Ideologia!, da direita ou da esquerda: o populismo, O povo. proletariado e peq uena b urguesia. sem fOrça pilra delinur uma Ic;lo prépria e .. gir com um- l;omportamento a ut6nomo, enlrella. s.e a um Ilder de quem capeta as palavras de ordem e .., soIuç6cs. o Ilder. em t6rno do qua l se aglomeram "IOmos SOClall. os l ndlvlduos. adquire feiçlo carism~tica. B.rra~" ro expe me perfeitamente a situaçio da pequena bllrguesla qu e. nal pllla. vras de Francisco Welfcrt.! " Kl líode aparecer. man Hu tl r _se como classe. no momento mesmo cm que a parece como mana devotada a um chefe." A s an!llis~~ feitas por bse sod610go sobre Adeeree de Barros e Jlnlo Quadros sio per í euamente ap!ldvelJ. i1uardadas as devidas propeeções. a Purmn o ou Arul, as", comportamento popular encontra u ma de lU as u!zes no gqvtr no Getúlio Va rgas. pois. confo rme LUCIano Marlinl.' "o Este d o. Pec tetor via de re llra ten d ia a a~e r 41 r ei\; nd icaç6es antes que ela' o condenassem e pudr.ucU1. I'Isslm. expreSSllr-1le de u mA forma pollucamentt o rgl r\l udil A al uaçlo de P lrmino e. dcpors da desm .stliica çio. a de Al uã . "'bt m lon ge de rep resenta r uma tvoluçio pollllca popu lar contribuem pa ra um esva zia me nto pol itico do povo. P lrmino e Arul ttm o papel d o eatade-prcretor q ue. p reveni ndo as rei. v:fn di ca ç6ts populares. • , Impede de to ma r uma form a organl. za d a e politica. evita nd o q ue o povo se torn e cm ce o de d etido.

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A importl ncia fu ndamcnt .. l de Ba rral/ento na his t6rla do

cinema brasileiro vem do (..to d e que ~ o p ri meiro fllm e: _ e contin ua send o um dos raro s _ q ue captou aspec to, essen) dals da atu.1 sociedade brasileira : u m filme cufa estru tura ;!.t ra n. pOe para o plano da arte uma das estruturas da eccredade em que o filme se íaseee. Tenho a certua de q ue Glau. ber Rocha. ao fuer o rottJro. a fllmagtm t • mo'htigem d b se: ii

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"PoIftIêi di U ...." , 1963 , "AlpKtOJ PoIfIkol da ReYOluçi o



seus . emel ha n tes pata d irigir a vida da rccém.formad" (~ nldade revole.da. Essa ucolha t fcila a o nlvel d.1S po. • ... dadcs, mais mlaticas que politicas, da comunidade. Embora tKonstitulçAo histórica, G."ga Zumba tinha um significado

atuaJ que era, no momento pcllrico bra sileiro. uma Idealista. p ura mente teórica c utóp ica .

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aspiraçÃO



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Os Impasses da Ambigüidade

zu u cotidiano, .endo hlt últlmo O modtlo e o iniciador da. cria nça, na vld~ . 0,,-1 u.balh. 110 a1mpo t Ira: o dinheiro par.- o lar; em cala. Ile fu 01 umlhOl JIlal. penoso. . A m6c cabem os trabalhol domü tlcol. bem como culdu da vida emoti\'. dos filho•. Pcnantc, us. familJa nAo ae caracterl:a como llpicamrntt: ,ul'lncla. A iNo. deve-se 8cr UCalUt que. embora possam su nordulinol. o, tipol do••tOeu nJo slo especialmente catllclrtlsllcos do nordeste. sobretudo Fa biano (A lil. lórlo' . Por sua organlzaçlo. rdaçOu Internas e...divJsio de tt4l balho. usa familia pode lU tanto l utancJa como

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da cla sse mid!a de qualquer centro urbano: pode ur ati mais classe mldia que sertaneja. A estrutura do mmc nlo t condicionada pt/a 8 ..10 das ptuonagcn•. mas stm pela natuteu : I • sic. r • chuva que '0'10 decidir do Inlcio. do meio e do fim do fl1.llle. Expulsa pd4 Ifca de leU lugar de origem. a famJlJa caminha pelo sertão A procura de trabalho e de meios de subsutlncla. Graças A chegada da estaçlio chu vosa. l iCllrA uma letllporada nutlla lazenda; A volta da IfCll. ceetinuarA lua andança. FabIAno e .os 'eu, vivem num mundo onde não agem. mas são agidos. AnalEa betos. seus pertences sio rt d u: ldos a uns trapo. e uns instr umentos de cc nuhe. Sua ação # !tdtalda li obt enção de melo, de sobrtvivtncia lmeOI&t.1. E,!& !u:.a prl.DArfa levll-os a recorrer <: extremos. COr.IO sei" \7GI1.e; um louro de csllmll;.lo. Ma, o loure, que nem lalava. ua inulll. JnúlH e supt rf luo i l udo o que nãc Jerve para a jm~djata sobrl:vivtncll1. O luturo tambtm In útil e suptrfluo. MO existe . Dilldjmente ' com unlca m ~ se ere e si; suas relações. Ereqlltntemtdte. nAq ultrap as sa m uma 4IIua coindd tncia ou uma relaçAo pouco acJma do lU iJ animal. A comunicaçlo pode tambtm temer-se rlpi~

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~r~a:I"a'i"' iIJmte

agreuJva. O falaz t raro e Dlo atabelece diAlogo. um deaabafo tndMdual. No tntaDto,' do do desPCIo ~e conadlDdI. e t mato que H dlferencJam do r eino :ve di.! • DIo tenham condJç:lSa 'di Ht gente. .. ta uplrUa • it~Jo: o pqrta~voz dessa JiiW N':i6lIã (Mat"la'iiJbdto). Ser gente ~adva. RO! Opf#Jç!9. do reino (iiiió ot. dormJt em

íábem que tam6tiD ter uni cliliGe g,ande

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que tal aspiração pode concretizar-se. ,e pelo i rromplm~ l'It'S da conscltncla. que lhes permite nlo cctnctdtr com lua .itu._ çio obJetJvl. que Nelaon Peretra dos Santo. situa hum. na _ .. mente a vida vegetativa de .uas pusonagens. eue núcleo famJllal ..sim delJnido vai ser co nf ron tado com os princlpai. elem.entos ccnentcuvcs da sociedade, O tra· balho ccnsrste em cuJdar da propriedade alheia: FabIano t vaqueiro de um fazendeiro. esse tra~lho t, primitivo. la,z-.e. ..altm do cavalo. com um equipamento mini mo que se lImita ~ a-proteger o corpo humano; o resto t tratado dueto com a mattrla bruta . O fazendeiro t o explorador que reso lve a seu bel prazer qual a rem.uneração que cabe ao vaqueiro. Fabiano tenta discutir. mas logo se curva. Fabiano tenta vender carne de um animal seu: fiscais da prefeitura o Impedem J;, que não pagou os devidos imposto.: Fabiano nAo sabia. vai e mbora com sua carne. A rel igil o t um rit ua l mecântcc qu e deilla os homens em sua solidlo: Fabia no quase não co nse gue entrar na Igreja. de que nl o vemos a parte interio r. e logo sal. A policia t a arbitrariedade. Longe de l er um elemento de ordem• ela provOQl I sJtuaç!o que lhe permitirA in tervi r. Fabiano ténta 1110 r~gir.~ curvar-se: só reage q uando a huml1h3çlo foi g rande de mais.;. t a ",dcla . A cuh ure . qua ndo erudita. t reservada ao fazenlfeJro. cuja filha tem a ulas de '0'10110 0 : Isso faz parte doe S\.iii C'on dic;l o sodal. QU3ndo popula r. a cultura t ta mbtm reservada ao fazendeiro : enquanto se tcaliza o espet aculu folcl6rlco do buraba-meu-bot, que t prAtkamente de . dlcado lO fuendelro. Fabiano estl na cadeia. Fazendeiro. fisca is. Ig reja. policia alo pcdêrea localizados na aldeia perto da qual moram Fabiano e sua famllla . Na a ldeia. Fabiano t comp letamente espoliado: ê-lhe retirado o fruto de teu trabalho. o direito de dispor de seus escassos bens; é-lhe retirado att o folclore e. na cena com o soldado. é-lhe red rado atê o direito de existir. A soci edade não se satisfaz em urar todos os dJteJtos que a Constituição concede ao homem. mas p reten de tambtm dlmtnul-lo fisicamente. Fabiano nlo se revolta T em. vez ou outra. um g uto. uma pal,vra. logo rep rimido. M a. N elson PereIra dos Sa ntos 1.10 pretende esmaga r , ua personagem d ebaixo do servlllsmo. O que representam eu tl men te para F abiano essas tentativas de reaçl o : T rata.se de uma defesa q uase anima n Ble entende a policia e o fa zen ~ delro como entende a slca? Tem conscit ncla de seus d, reitOs

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eadc diante do fa zendeiro, e a cundens.açAo dramltlU! da provocatio do soldado cm q ue apenal os momentos fOrles llAo ee nserve dc s. E m geral. O filme visa a nio d.r nada altm da estrutura de uma IItuatlo e. dtale ponto de viua, a cena. entre outras, d e Fabiano na encru zilhada. t eumpll1r. A geo. grafia do lugar. a dlspositlO em triAngulo dos grupos hUll1anos - Fabiano com O nfle-eangacelro.f.mlha - . Iraduam a s possrbtltdedes de F.biano. suas hesitaç6cs. e chegal1l. pela depura ção. a ler a funçlo de um signo que ult rapassa a per __ sonagem para referir a .mbigilidade de todo um grupo hUll1ano . Ê a mesma orlentaçlo q ue levou o dlretOr a nlo mOSlrat aparte interna da 19re!. : Nstava-co nfrontar F a bIano com a fachada . fazl .lo entrar e sa ir para que o essenCIal f6ne estrutu ra do. E é essa mesma críenteçâo qu e fl : Cam que ii malérla oc upasse no filme um papel redu zido. H A mlstrl4 e indlgn:da _ d e em Vidas SIC4S . mal que. comparadas AI sujeira. is doenças. 401 barracos Imundos e parctalmenre dest ruidos, li subnutrlçio d? Nordeste de um Maioria A bsoluta. têm um c" ra ter quase hlgltnko . AI~ das raras vl:u em que o fi lme faz u ma pausa. durante a jua o circunstanciai e o emo tivo desvia m a rensêc (a ida da am lia II aldeia. a mo rte da cadela) . o tom to hsc Pela caractertaaçâo da fat:'ll lia de Fabíe ao, a conl rcn . tilçã<, da poe rso n/lll"'m com o leque dos pri ncipais Ilori he~ d a sociedade. IIS sllldas apon tadas, a s!n ~ue d l'am Atlcd. V idas Sêca! 1;010c0.4e num alto nível d e a bs tra çéo. ASSIm . d etxe o ser tão p ara colocar-se num n lvel mais geral. Fabian o ae l>:a pr à tica mmte de ler um ho mem pamcular . com problemas especthcos. p a ra tornar-se o homem bres tleíro esmagado p ela scer ed a d e e colocado dia nte d os pcssíveís ca minhos qu e se lhe oferecem, Sle é tanto o eenenerc quanto o pequeno-b urg uh citadin o. e talvez mais o l egu ndo qu e o primeiro . Isso nio qu er d izer q ue Nelson Pereira d os Santos ten ha utilizado o drama n ordestino para (ins s eus. desprezando seu tema Mas o qu e eelecionou do tema, deixando de lado aqullo que n Hirlrman selecícncu para seu documentátlo Maioria A bsoluta . pouibilitou·lhe atingir uni nível de abstraçio em que Fabiano não é apenas aertane jo, lLlas é qualquer um de n6s que. no campo ou na ddade. estamos cerceadea pelos poderes esmagadores da sodedade e vemos nossas poS5ibi1idadcs de reel í~çio e de progreuo truncadas. Fabiano i: lanlo aqul les que MO esmagados no sertãc como eq uêles que sio esmagados nas

de suas \"on la des 1 Sente-se ins uficientemente forte para tu.glr , em rc lllo;i o a os Inimig0$7 Ou Cc rn mldol Sio per gun ta s li que o film e nAo responde. mas perma nece em Fa biano um. espêcre de neclec de dignidade. qu e se manifesta quando li h umllhaçio infligida pelo soldado se torna exCCSS!\'l! . A te um eeno ponto. Fabiano fica pauivo: .lem. t demais : reage. cmbota CS~ ree ção fique sem conseqüên cras. pejo menos no plano da ao;l0 . E»iII dignidade fa:ia ~rtt. quando foi feito o fLllJlt . do \"ocolbul.li rio ()fjci
vemador como shnbolo do homem Iabncadc pelo Nord este. Vk!lIS Sic., en quadrava -se assim perfeitamente na poli tlU OflClill. esse nu elec de dignidade t colocado em situação duas vt:es no filme . As d ua s cenas ocorrem fora da a lde ia , são u ma resposta aos dirigentn. Saindo da aldeia. no cam in ho de ca sa. F a l'l ian o encontra os cangaceiros, com um d os q uais es teve na ca d eia. A estrada bifurca , os cangaceiros vão segUindo um ca minho, Sillhá Vitória e as crianças Jà enveredaram pej o o'Jtro: Fabiano, no cavalo que lh e emprestara UI1l ca ng ac eiro. e olhand o para


iIõi SiB... fano a e slDtuc: • dire<;ão gatA do Iiuml:ia:-m~bõi ceprC$en·

.

6$

· . favdas, nos SUbUlbl(),!l, nos .par,,-•• ... to' q uart~qulchmett dos centros urbanos. P. ra chegar II lS3C t ts ul ta ~ o, era necessArio que o a utor do mme l0S5t um homem da Cidad e. Na es(ma perspectiva de qUelII vive o drama do Norde.S!.c. é ,bem provável que. urgtnda de dctcrmInadOl problemas unCdllltos nâo nvesse permitido tal .bsuaçl0. Atas, como pensar qu,c homen s cip cidad e pudessem Iden tWcar-.e com I.llll a pespeenva de campon ês, como perua! que. nas ddades. o sucesso de c.ampa:l1l. p ró rrjarma agriria ....uult11uc mAis de um problema rural que de uma sitlol.ção propriamen te urbana? Tal sucesso prQv~m ( crl,mUlt e do irHuhsc que alguns se,tores da burguesia industrIal [fm na reforma ag rArla e na pro!eç! o de certos problemas urbanos. Vidas Séca, é um filme urbano a respeito do campo. c sua validade vem de seu elevado grau de absuação. O ilime foi qualiIicado como naturallsta e, depois do aparecimento de Deus c o D~ bo na Terr.. do Sol, os admiradores dês ee último passaram, COai íaccrapr eensãc, a ver em Vida~ Sfca~ quase: um document'rJo, quando ele: represente o mais alto grau de abstraçl o atingido entre nós pelo cinema .

B AH IA DE

T ocos os

S ANT<:ls

,

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prLmelros filmes da época do rr.uh ba ~ no de 1959/62 Ttmlo (J urandlr Pime:ntel ) não é como ROm : ele nlo OSCIla entre ~ . 'dols" pólos' a contradição est' dentro dele . Ambientado na cidade do '$II.lvador du rante o E stado Novo. Bahia. d e Todos os Santos descreve, tendo como eixo o marg ina l Tõnto. a vida de marginais e: de ponu!rios, seu trabalho. s~as luta! reivindicató rias, .eus choques com a po1lCla. sua Vida sennmen tal, seus problemas pessoais. T õmo nlo se cnquadu em q u ~ c r esquema.-..social préeste belecldc. Por incompatibilidade. deixou a lamllia , cc nstitulda pela avó c pela mie pretas; a mãe fOra abandonada pelo marido branco. No entanto, Tôntc sente SAudades . vai vi· s lt. ~l as vez ou outra, mas nlo sa be porque: lu isto. é repelJdo c vai embora . O deíe o paI, de quem pretende vingar.se por ter abandonado a mie. mas revolta-se quando lhe di ,tem que n30 tem pai. Sente-se atraido por uma bela e sensua l prosti. tuta (Ara.ssarl de: Oliveira) a quem nlo d eSAIl_ra da , mas tem releçõee sexuais com uma estrangeira [ Lcle Brah 1 a quem eãe suporta. Vive de roubos, mas é para a judar os amigos. M ora co~arglnais, na praia, ma!; to ma rcfe:lç6cs numa pensão onde se Ro.pedam portuÃrlO!. O:. portulrios estão emj>CJlhados numa ijr\vc: com tIes se sclíd..ri;:" . m..s nã o a dere li. causa. Pretende d eixar o N ordeste e ir para o sul, rnas fica em -Selvcdcr. T OIl/o {: lHII indi\1duo cheio de contr3 ci iç~es : nada M q ue faÇ
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com ii prostituta. poderia rea liza r· se: sexualmente, mas não dorm e com da: do rme com a es tra ngeir•. mas O sexo nlio lhe dá p r,uer. De ROni • T õníc, embora êste seja cronológicamente anterior ao primeiro. hã um g rande pregtes$O na constitUIção de uma personagem con trad itória. lIm blgua. e que. como ROni. SÓ que de um modo mais aprofundado. expressa ii ambigllldade d. classe mtclia. :-'las T riguclnnho Neto nlo levou lu últlmu eonsequénelllS as contradições de sua personagem. Cerno T ômc. .ft.eu no merc do ,.mlnho. Primeiro. porque o enfraqueceu ao da r-lhe freqQcnu:lI'Icnt e um comportamento neurótico. autodest ruidor. e soas conrredrções. sobretudo cm rdaçio .h duas mulheres p.t recem não ru o Inibições. Segundo. porque. no fim do filme. TOnlO en con tr a uma UptCl t de equtlíbnc. que t o mais falso e arbltrarlo qu e se possa imagina r. Tê níc tem um amigo ma rginal ( G eraldo d ei Re y ) cuja noiva esti grávida: e o amigo. não a ndo d inhe iro para casa r. rouba uma ca rteira. TOnio. o ladr ã o. obnga-o a jogu fora a cartc.ira e exerea -c a ter umil víd a r mpa e d igna. essa a ccnclusêc do autor: respeito a regras éuces funda mm tais. Trig\leirinho Neto tem uma raiva pro funda e dolcrcsa, ;.ci!.. d:'G'i d.. de ironj.). ÕII burguesi3. ou melhor. d cs gn: pos SO::!~I S pauHs:.r.nos rec~m.-cgre»os d os plar::tio3 de c."Ifl: t
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07 ()) S.itt6J. perpenht


defen der .eu. dire ito.: com elas também não se deve colabo ra r. Como ela. slo o. oprimidos. pode- se a judli_las por mot ivos hum anos. nAo pcltnccs. A luta relvind LC;.;lItÓtia cheio rol a comunismo e t tio mA qua nto o outro lado. Entllo Ter, gueirln ho N eto podia optar entre o anarquismo e a moral. Preferiu a segunda. Nem. di reita. nem a esq uerda, nec! a blH"guesla. nem o povo: no meio. conservando sua pureza mo. ral e IS miai limpa., o úrucc compromisso acenável t com a moral. -. Triguelrinho Neto quer que a sociedade mude. pois t m su.stentAvel que flqu e como estâ.~ mas seu al'lliburgue' í5"'o primlirio não leva. coisa alguma a não ser rei or(ar a moral burgue$1l. ele teria provAvelmente supe:lldt> hse lRo rahsftl() atravancador se uvesse continuado a dedicar -se ao c.nema Após êste longa-metragem de estreia. realizou u m docume:l_ tário de curta metragem, leu últi mo filme atê o preseme mcmente. para o. Serviço de Docummtação d a Universida de de S. Paulo: APito (1961), qu e trata da vegeta(lo no Brasn, ilustrando a ~e segundo a qu al a pobreza vegetal provem mais d. pobreu d o solo qu e da falta d e á gu a. e tomando víolentameate po.siçio co ntra o de.' fl'Jr t.!otamento e as queieicdas. Nene fil c ~ dldâríco. aparece uma singula! per~a\õCl : o estudente ( Airton G ar cia ) . O hbee ínrcra-se cNn o eslt:dallt!. folhean do pranchas de u e. livre. E ssa serA a un1ca ati r, dàd e d a pet!lOnagem : ol h:u. Olho: o du floroestammto, oI'ha as ·quelmadas. a mlstria. Nada d iz, nada faz . Seu tosto fica Impa n lvel. seu corpanzil. in ert e. Tem u ma única reação : fecha um p unho de reprovação ( ou de in di gn ação) d iante d e uma q ueima da. Essa atitude contrasta com a violên cia da mentag emo os cortes bruscos. o s choques entre som c imagem . Essa testemun ha neutra. que não se lIga à realidade a sua volta e que parece ser o desenvclvíme..no das contradiçOt:s que levaram T eme .\ ínaçâo e à esterilidade. podena ter Sid o Ulll primeiro passo para ultrapassar as posições de Bahia de Todo5 05 Santos. pois tudo parece indica r que a trans{ormaçâo do estudante em estltua ou leva a um impasse que ~ um lmpu!'io' neve podu! romper. ou leva ao aniquilamento. O sill:nclo mantido por Trigueirinho Neto desde Apelo talvez não se deve apenaS 1s dificuldades de produção cmemafográfll::a no Brasil.

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GA ÜCHO •



Ao anlqu ilamenlo. r.ambtm. levam a, pr6pria. contradlçõea do Geucbc de 01 Fuzu (Rui GUU1'a~ 1%5 ). Ccec o ROol de A Grande Ftlrtl. Gtlúcho CItA de passagelIl em Milagres: seu caminhão quebrou. "Ie aguarda u~a peça que lhe permitirA prosseguir a viagem. O enr"do do fIlme ~esen volve­ se neste tempo de -eJPera. Wo momento atual. Gaucho. eveetualmente dono de um camInhão. dedíee-se ao transpor te de careu : no presente caso. transporta alJmentoS. cebolas. que apodrecerlo durante a espera. $6bre "Ie pou co se sabe. a nlo ser que pertenceu i tropa . que deiXou por a1otlvos que sugere: não gostava de ser mandado e não aceitava Q trabalho dos scldados. que i manter a ordem. o que S1gnJIica S1stem6t1c.amente atirar sóbre camponeses esfomeados para protege~ os bens dos ricos. A si5uaçiio de M ilagres quando chega Gau cho : uma ,"ca prolongada deixa esfomeada tOda uma populaçlo, cuja reaç.io se limita a p-atlcas mlsticas em tOrno do boi sant o para que Deus lhe manee a chuva; os soJdados ocupam a cidade para proleger um at maz:im contra eventuais di.'ltl1rblos provocedes pda fome, ate Chel1,uem os caminhões que devefto leva r o.~ \ivere.s parjj o lugar cnde suio vendidos. As prãticu mI.!'· :i;;:a~ di' tOt:lO do boi relJX'cdem os prltJca, :1.10 nlenC'S mlsucas na cOrl1o d.Js fu z:if. Gaúcho - roda só:ta. nlo est!~rado em grupo alnem Q dono do argum. nem a policia. nem os campon marim - tem inicialmente uma atlvida moral expressa em convusas. Tenta convencer um IOldado de que manter a ordem. quando isso aignifica proteger armaz:~s cheios contra afomeadol. " lnvilvel. Estas convusas. motiva da, pela situa~ reposta pelo filme. nIo decorrem nem levam a ação al!9u~.!I1a.s conduzem a UZl1l atitude apenas verbal. Quando o 'iOJCfãdo ~un ta: "O que voe! quu que ,a gente faça? ". a' : "Pelo menos. tom" vugonha na Gara." O a alto das &bO'I' aumenta ,. tendo .psicológica do al1ã'õ. cuJu ~1ávru .maJa 8grdSival,tanto contra aãdõ. como tra oa CUlpoIlaea ( "O boi unto nlo é c: ótatitlk âõ que outra coisa, . qu '~DlAt a tiibc:Ddo e: 'P,aUeando a

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ironia ("Viva os de!en$Ort:t da lei!" ) . Sempre st:m açl0 no" •. a aituaçlo inidal proposta pelo filme atinge sua cO';lUadição ... mlxlma quando o. caminhOt;s carregados es tio deixando a cidade e entra no bar um homem levando nos braços seu f!lho morto de fome. Gaúcho mstlga o homem a uma reaçAo. sem conseguir demovê-lo de sua passividade. Bt~do e enlouquecido pela inircla do homem. aqui represen tante do po.vo. Gaúcho. num acesso de fúria incontroJada. quase htstértca. atira centre os camlnhOes e i logo morto pelos soldados. SIrtl herança; uma dúvida na cabeça do soldado com quem costumava conversar. A pcsíçêo de Gaócho i puramente itlca e verbal : nãc propõe nt:m leva 1 qualque r tipo de açlo. nem par;! si. nem para os e utros. Embora sua mquietaçio se ja provocado pelos esfomeados. sua principal precccpa çãc i relativa aos soldados: st:m suem donos dos armadns. sem que portanto se beneficiem das vantagens decorrentes. êlee os defe nd em centra qu em precisa comer: moralmente. t Indefen sAvel. Tal atitude angu5dada. sem perspectiva de açãc, leva Gaúcho a se fechar sõbre si e :a eSl:ouiàl'-Jluma açlo incon trolada e desesperada. Ga úcho i semelhante ao intelectual que sem saber onde se encaixar roa realldAdt'. sem I8ber",=omo agir. um bel" dia. par.... se deseecalcaro lança uma bomrJ caseira numd reparU~io púh!ica . 2.1t: õlá~ i fundam entalm enu diferente de ROni: tifO t aoguHlado ( ROtll 010 chegava a sentir ar:.gústill ) . ,,!e s.al't' formular melh,~r sua inq ul~taçl0 e, principal dllerençe. esee Inquietação o impede. ccntrãrteraecte a ROnl. de seguir viagem. e o impele para uma açlo violenta. que SÓ não é lnccnseq üente porque o leva a seu próprio aniquilamento. No cin ema brasileiro. a' morte de uma personagem como Gaúcho é excepcional.

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ANTÔN IO DAS MORTES

A personagem contra/Mórla atinge dimensões trAgica, com AntOnJo das Mortes ( Maurlcio do Vale) em D eus e o Diabo na Terra do Sol ( G lauber Rocha, 196'\ ). Se o Pablano de Vidl:s Sécas. em vez de euevee-ee diante' d o faZen9tlro. se rc:voltaue e o matasse. Manuel ( Gualdo dei Rcy). o vaqueiro de Drus ~ o D ia • poderi8 eee seu prolon gamento. Manuel

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m..:a o pa tt i o qu e: o rouba. Sua ~ vol t.1 o levlI ril a esscoar-se Inicialm enfe ao beato Sebastião ( U dio Silva ) . em nsuid ll ao c...ng.cei to Corisco (Othon &5tOS) . O p rimeiro momento da revolta t um misticismo violento. qu e promete ao serta ne jo um pats Imaginà ria cm q ue o d eserte vira mar c correm nos de leite. O segundo momento t uma vlollncJa m/stica , a cega des tr uição. Nos dois ca sos. tra te-se de uma revo lta a lienad a . cm q ue o vaqueiro não d ronta- seus problemas. mas t desviado dêl es por a titudes delirantes. quc..cana li:.am sua necessida de d e mud.r a SOciedad e c sua a gressivid.1 d c. O afastamento da realidade pela alienação eelenva jâ era um dos temas de Bsrrsumto. cm que os pescadores procuram soluções rcliglon s para problemas concretos. D eus e o Diabo ampUa o filme precedente : não s6 passa d e uma religiào predominantenltnte aEricana a uma rtllgião pred ~ m i ~ a ~ . temente cristã, como também capta as d uas atitudes prmclpa ls que marcaram. até hã a lguns anos, a revolta nordestina, e que podem ser simbolizadas pelas figuras de António Consel hei· ro e L.Jmpiio. esses dois momentos da revolUl não tra rio prog resso algum para Manuel, a 1'110 ser libertá· lo de . ua eheneçilo e permitir que êle en frente a rea lida de e procure soluçõ..: ~ objcti v
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dad e de agir racionalmen te. Essa a ç10 56 pod erl ter a guerra , uma guerra que serl a a plicaçlo de meios h umanGl IUIra a resolução d e problemas humanos. " Uma g ra nde guerra sem a cegueira de Deu. e do Diabo. E. pra que essa ijuetra venha Jogo. eu. que lã matei Sebastilio, vou malar Corisco". diz An tOnio d a Mortes. N o entan to. ena atltude 1'110 t monolltica : Ant6nio 1'110 age dêese modo como um revolucionário dedica. do A causa: para maUl r Ea n! ticos e cangaceiros. t pa go por aq ul:les 'que oprimem o vaq ueiro. e le ~ um licl rio. t \'endido .. ao inimigo. Essa situação ap resenta elementos a nta gônitol : se ele mata a sõlde do Inimigo. não póde ser pelo bem do povo : se t pelo bem do povo. nl o pode ser obedecendo ao inimigo. An . t õntc d as Mortes é essa c:ontrad!çl0. N ão t que l:le viva u sa contradlçlo. que ela seja um d os momentos de sua vrde : ela c:onstJtu l aeu pr6p rio ser. A persona gem de Antônio reduz.se a usa cont radlçlo. Q uando A :ltOnio das Mortes. antes de mata r Ccnsec. anda em zlguezfl g ue para escapar As balas. a dJreçio cO~Cl't:tiu com grande fOrça a contradlçlo da pu. IOnagem. \ _ Não pOde haver melhor ilustra ção dI) battardo sartrlano que An tônio das M ortes : o Hulc de Les M ains SII/tS Uli filia do 80 plutld o comunista. mas não estll intelJrtld{'l nêle porque 1'1110 co nsegu e desprend er-se de sua condição de burgu r:•. _ eni o estll ín:egrad<'l na bu rguesia que o rejeita porque pertence a tue partido. A estrutura das duas personagens t extrema men te paredda. A n tónio das Mortes nlo consegue eaIrentar en a contradiçl o. q ua nto menos reselvê-Ie. Ela pode see dlalttJca para a scctedade. mas nio o t para êle. 2 1e lenta . s lmultAnea men te elimlnA·la e subltmê -le. Par'!' eltmlnâ-la, An· tOnlo quer transformar·se em mlsttrio. e le t o meempreenstvel . não t nem Isto nem aquilo. êle t a contradição enlgmAtlca. e sua conscrêncla estA tão pc ucc clara que "num que re que n lngu~ entenda nada de minha pessoa : ' Sua pessoa t tIo contradit6ria. pois êle é enio q u~ nem nome pode ter. ~ Q ual é a lua graça1~ pergunta o ce90~e êle responde : "Num conhece~. voz ?" : A n tóni, das Mortea nio pode lU ncmeado." Para ,ublimA.lo, êle tentar! transform a r·se em ser predestinado. C umprir! lua funçl o, a qual êle JulgA histórica. ê ,

n,."

10 DI ÜOIOl u lrlfdol do livro D" 'J , () D/do M r," a ti~ Sol, 1965.

•73



DlU nllo lhe compete decidir sõbre usa lunçio nem aprec!Ala : " Fui condenado neste detUno c renho de cumprir : sem pcna e pensamento. AntOnio livr.I·JC d e .uas responsabilidades por via metafisica. Mu nem por isso ulA Quite: n ão se livrarA de sua má cansell nda: "andando COm remorsc", d iz • canção do [lime. Sua função t ateluar o curso da história e precipitar o advento dessa guu ra. que suA. gllVra de Menuel vncncsc. Poder-se-ta pensar que. atravb dessa .ção. __ êle se íntegrasse no .\tIovJmento guerreiro, se ligasse li Manuel. Não. Ele t e fica solitário. a le t apenas uma contra d ição e estA maculado peles contactos com o Inimigo. Ele t c fica solilátio. Ele di • Manlltl • poMibJlidade de fazer II gue:ra. H

nlo t a guerra dêle. Nada sendo. fie. sendo mera coetra dição. a guerra nada pode ser para ele. O tratamento dado a Mau ricio do Va le no papel t a extuJorl:açl o do confllto: uma longa capa, ao envolver-lhe o corpo volumoso. dJssimula seus gutc»; um cha~u de abas largas sombreia seu reste . A parte mal! viva de seu corpo .10 os olho•. Anda sempre só. enquanto deverfn, se se quisesse ser verou lmil. estar acompanhado por jagunços; t que AntOnio Mortes l solJt!rJo. nlo pertence a grupc . lgulZl. nem aos proprietArios de terra. nem • i9r:ja, nem ao PQVO revoltado. nem aos campotreles. e t um JndivJdu(,l sem st':nl!'1hantes, NAo que não baJn cutrcs AtI~ t~nJcs rias Mo::es. C.iS ínclusrve r(,lm os ouucs nJ(,l sente afi~ nidadu..o\r. t6nio jura "ee dez J9rej",s sem saLto psdrcerrc ". Ant6nio das Mortes nAo se seare ! vontade consigo próprio; t pcsslvei que o próprio autor nlo a. aentlsse Avontade com a personagem. Glnbe:r Rocha teve ~uita s dificuldades com ela. antes e durante as EIlmagaa: a personagem não rape/tava o roteiro. e foi improvisada durante as filmagens (uma d4ll modificaçOes substandliis Introdu:idas l que AntOnio era originalmente acompanbado por soldados). No modo mamO' de apresentar a perSOJ1agem na teJa. sente..e um certe m. 1 taro vE ou cutr• . do dJr~or e do montador em relação nCfq ~nt Oni~ por exemplo. aUra I6bre os fanáti cos : p'1ãno . ilm os com aclimara hod:oflot.l e outroa ídên tfcc s m i:I~ cc ala tiieJ1ftada 110 montados num ritmo g .ugerc o dO. H de um recurso pobu e ostma vc t~ do montadoz intetVtm J cataucnte nt r êI o a or em .ua gesticulação. Omento rcsto CIo fLlme . De fato. os •



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planos longos deixam em geral aOS atOres uma grande alll):'!.. dl o do movimento. Por que Glaubu Rocha sentiu a neccstl _ .. dede. naquele momento. de pia r AntOnio das Mo rtes eni o encontrou um recurso mais integ rado no conJunlo do flhne para exprusar-se7 AntOnio das Mortes obteve uma grande repercussão públlca. não apenas entre. Intelectualidade; foi certamente jul_J ado apto a sedu:ir o grande público. pois Glauber Rocha re~u um convite para famuma novela de tele vi sã~q u e tena AntOnio das Mcnes como personagem prindpal. AntOnio recebeu 05 qualificativos mais grandiloqOenlu : êle " se reveste de um determinismo qu.se didàtito", "ascende i.ll5tantlne.· mente a um. situa çJo c1Asska ", " ê • persona gem da Necessidade". é um "instru mento dldente da H istória" . esse tom é uma constante; outra é que tais grandes palavr.s não s~o ex plicadas. Nos ombros de AntOnio das Mortes vão se ac umu!ando p.lavras cnJgm'tJcaa que deium intacto seu miSlério. O próprio Gleubee Rocha encontra dificuldades em falar de Antônío. Di: ~e "o filme é uma fAbule. só pAra para ser real ista em ~n tOnlo ctas ~ortes" . Dependendo do sentido da paIA\'ra realuta. 011 tcdc o filme é rdli~to . 011 a ação solitlrió li: Anrente esc o t, Di:. ""r outro lede, que Ar.t~nlo "tamb~m eslA n\.l~')' ,;ona rc.Jto!60Ice". ou entio. qve "êle (; míucc c rd" e mlth.'O . IndJs':'Jtlvdme:ut'. An:~nio das Mones as bte à tnrerpttt4ção. nlo Ilpenas à do cantador cego. mio! ta:nbém A nessa. Encontramos cm AntOnio das Mortes uma série de elementos iA conheddos: ROnl ( A Grande F eira ). V alente (Sof Sóbft a Lama). Firmino (Barravento). T ôníc (Eahla de Todos O.f Sanro.s) são seus ancutrais e. como fi e. os basrardos ~~ d nema brasileiro, AntOnio estA entre dois PÓlos. não se egrando em nenhum; l solitArio; nãc se realiza: enquanto as outrl\S persona gens SÃo tIlCllminhadas no fim do filme. l!le Dlo o é; desaparece. ale dá as poSSibilida des de rea lizar a guerra; a guerra l problema dos out~s . T udo isso ,'A o vidmo. em seus a?cestrais. M as. nfle, f . ,'u elementos .aparecem epurados, nltldos; nenhum outro elemento vtm obscuredlos. E. sobretudo, l le a firma o que os out ros deixavam em sus" penso e apenas estava implldto nfles : lle deve desaparecu . ~u mais e~"tamente. deve tliminar-se. Mas l tamWm dotado e uma dlmensAo que faltava acs outros: a mã ~on5C lnc a.

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Assim reencontramos em Antônio das Mor tes a quilo ~ue ,::1mos na análise d e A Grande F eira : a estr utura da sttua çec social da elesse mtd ia. ueteede -se des ta vez. nltidamente. de SUII. pa rle prog ressis ta. Liga da às classes d irigentes pelo d inheiro qu e utas lhe fornecem. pretende coloca r-se na persp:ccti\'a do povo. EsUI , it\la çAo. sem perspectiva própria. faz côm q ue til! nio consiga constituir-se realmente em classe. mBS seja a to miza da. E An t6nlo das Mortes tem essa. ma ccnsctêncta ft' q ue fala Marx. Es!7'"'!n" conscrêncte nac é outra que a de Gla uber Rocha . qu e a minha, que a d e todos nós. 011 melho r. de ca da um de nós. E é po r Isso. pa rec:-me. que AntOnio das M ortes tem tama nho poder. de sed uç ão, e por isso res iste ta nto 1 íe terpreta çãc. Porque Interpretar Ant6n io é nos analisarmos a nós próprios. O cinema brasileiro nunca che gara a esse ponto. De ~ Grande F~jra e Cinco Vlzes F avela. em que a classe ,?~d~ se escondia de si própria para escapar a sua mA consctêncía e a seus p roblemas. att DelJJ ~ o D iabo na Terra do Sol. o cinema brasi leiro percorreu todo o caminho necessário para que enfim não po.ua.mO& maJs deixar de nos uaminarmos a nós próprios. de .Il:;JS int errosarmO& sõbre nessa situação c al. s6bre a vo\!idatle de nossa attlaçJ:;J e sôbre r..OS!4 responsabiltdade social e po:w.:a. J\ nt~njo das M crtes encerra uma f.se do encma bra),ileiro e ir.aa Ourll uma nova : qual t o p~ ­ pcl da clam Iddia no Brasll. E-h l t d nema será predoral,nanttlJltnte urbano. Att Antônio da) ' M ortes, ' tivemos a i:~ em que o cinema conquistou uma maneira de pOr na da ai" cóntradi Ou ela pequena burguesia. e nesse tpoca nos anema ~ U.DOI dadO • Impresslo de que a cla sse mep'~ruI era ~uldora de soluçw para os problelIlU o raii] ' ora et~ de Anttlnio das M or tes. va mos te;' formos honestos. o que descet6tiamente a nesse fav or . e com o veete do dnema urbano. u' I havu '.laia grande suee o ariana. braaildro por só õfdiIie:vu1o ue...... cólMl fJcarlo efeuanClo tu Da dade ( . .. ) e'li;;, qu te "Pio na tela. . . . ) !ifel filmei. IIc yi o ter

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de eng olir"." Nêc. Gustavo. depots de An tônio das Mortes. nl o pedemca continua r a nos enganar a nôs pr6pri03: se for. mos honestos, nlo apena s llu, mas nós tambtm daremos pmctes. Em Deus c o Diabo na Terra do Sol. Antônio das Mortes tem. em si. uma d imensio tr"'gica. pois ~ impOSSIbilitado de reallzar. se em .teu mundo e a própria l6gica de seu dutlno só lhe p'ermlte encontrar na morte sua realizaçi o (" e morrer de vez ) ~as tem no film e um pa pel politMo" posrnvc, J.to que torna possível • guerra de Man uel, Mas, por que pensar que a morte do beato e do cangaceiro permitir! a M. nud fazer a guerra? AntÔnio continua ·a pensar com os vlcios de Firmlno ( e Glauber Rocha tambtm , ao qu e parece ). que pretendia dllr ao povo sua revolução. embora Ant6nio considere seu papel restri to a uma primeira fas e. ~or que ni o pensar qu e a pr6pria gu erra destruirá forçosam ente o beato t Q cangaceiro? Por que aãe pensar qu e. se o prÔprio Ma. nue! nlo fôr capaz de eliminar Mato e cangaceiro. isto t , de superar su~ duas revoltas alienadas. tampou co leri capa z de fazer guerra. ou se ja. de tornar sua rt\'Olta uma revoluçl o? Nl foJ Manuel que eliminou suas alienaçO!S. f OI um terceiro, o qu e nAo slgll.ific ' qu e M anud deixou de se r alicnadC'l. Manuel. dC'pobJ de ter ;na:ado o latifu ndiàrio. compoct", -se prà~iCõlJ..Qe n te como um ser inerte. qu e se dt;u:a gUiar peJo batI) e pelo cangaceiro: quem afirma qu e. a~s a morte de Corisco. M oUIuel passe da tnércía á açãoi MUlto provàvebaente. M an uel procurará agarrar-se a uma nova pouibilrdede. a uma nova ilusão de salda. E . nesse ca so. quem dar' a Manuel essa nova ilusão de sal da? O próprio A ntônio das Mort~? O governo federal? O papel social qu e A nt6nio das Mortes se atribui e transforma em destino. nã o seri uma mistificação? AI utll. a meu ver. nesta mistificação, a verdedeira e essencial contr adição de Antônio. embora êste pape l politico ~ej a apresentado no fil me como coerente e att prêrevolucionArio. o que Gle uber Rocha confirma após a reallzaç10 do filme : "Antônio das M or tes t realmente uma perscnagem deflagrador.. uma personagem prt -revoluoonirla:' Mas. por que comlduar que Manuel, o povo. t Incapaz de Iivrar.se de sua alicnaçio? Na primeira parte do filme , Rosa . 11 ''Vitória do CiIlema N6vo", 196,. . Os v ifos P...9 me..us.".

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mulher de Manuel. quer que se

·~:~e~a f:n::~:al~ -~~

se volte a uma a1Ol0 UI"iI hU'fanaçio de Rosa mosuado sua que do ter desenvolvido UM UD ;'etcns6es1" Por

vaõrte. seu fracuso.

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ln8~~dddC~~i~Pde Manuel con-

que não ler desenvolvi o o em r o e r ~ --A . d tra Corisco1 por que cooliderar que cabe a ntonlo as Mortes I classe IJItGla. livrar Manuel de sua aUenaçiol p~~ sal ue ii classe mtdia poss.I f"zu t6d& a tevolu~io. popu...r, isso ~erla forte detll'ls, c apu'Ccula att antf,hlst6tICO. .ac povo compete enccnuar $1.1.' pr6pri"" soluçw: soluçôU a pronta.

das pela dasse mtdia suíam eivada. de uros bur gueses. Mas pensar que o povo pOSSA fazer tOda. lua revolução, ínelcstve livrar-se de sua alie.naçlo, nio. isso n1o . Entio. q ual serra o papel da classe mtdia progrcssi5t111 Ligar.se 1 9randcD~ur. esia1 Olhar as m6saJ1 Essa contradiçãO. DNs c o Ilibo ~ a aborda. Nada indica que o cinClDa depois de AntOnio das Mortes nio mostre que a perspectiva que t~e pr etende abrir pata ~fanud seja cm. realidade uma perspecuva para êíe pr6pno. AntOnio das Mortes.



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A Hora e a Vez da Classe Média

classe ml:dia. embora exp ressassem seus problemas. O atual cinrma urbano !rata claramente da classe ml:dia: l: a primeira lentativa consciente. Entre os filmes que vimos atl: agora e es tes. n ão hã modificaçlio radicai, pois o cinema de eebtenlação rural não fl : senãe exprimir problemes da classe rnêdI.. A mudança consiste no falO de que o corpo a corpo \ '11. 1 começar. Os primeiros rOUflds são Sio Pau.lo Sociedade A1'7Õflima ( Luis Sérgio Person. .1965) c O Desafio (Paulo Cé sar SaraCtni. 1965). _ _ ..

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PllES ES ÇJ< DO P ASSADO

dtas ao govlrno ou a Getullo Va rgas. enquanto que A PrI . meira Missa ( U ma Barre to ) alude a Va rgas. RebeM o UI Vila Rica (Renato e Geraldo Santos Pe reira) ambienta.se no Estado Neve e JoaquIm Pedro de Andrade focalh a inSl5ten . temente um retrato de Va rgas na casa de Garrincha. E tembtm Carlos Diegues faz uma breve refertncia icon09rAlk:a a Getülio Varsas em A Grande Cld.de. B.hi.t de Todo, os S••ires não só se refere expressamente a V a rgas. como tam. Mm qutl 3d d il, retre te da ditadura. V~as fOI abordado mais díreteme nte em pelo menos dois Hlmes doc·J mentl! rios. Getulio Varoas. San..uue e Glória de um Povo ( Al h edo Pa ll!elos. 1956). e o de Jorge lIeJI. de 1963. que continua ínédue. No cinema de Ucçlo. nlo hli 11 menor düvida de que asa procura dos anos 1938.... ' revela uma indisfarçlivcl tentativa de buscar abrl go au!s do acudo do passado. Nio se trata de um problema de censu ra. pois êsses lilmu foram ree lizados num cUma de quase tOt21 liberdade, mu sim de um adIam ento na abordagem dos problemas qu e deve encarar atuelmente a c::~r média. Q uantia se aborda o presente. a frantelra entre ultu ra e politica não é n!llda. Obras que abordam o pa o podem entru de c.h6fre no domln l(l dI. culturl. Não se tratA. aliis. de rec etc ind'\i rl ual dos ("i\·'l eu. tas, rtlall siln de tJlI'l movimente (leral do ciru: mll has ilt i~ o O recuo no pa n lld" tambl'III pt l:::lite uma vrsac global de certes Ienõ meaos e uma compreensão de seu mecanlamo, e posstbí, lita-qu e se recorra a uma certa elaboração previa. por mais precária que seja. dessa mat!ria histOrica ; por isso, uma certa tranqQjlJdade estttlca era posslveJ : tudo Isso te ria sido prAti. camente impo"lvel ao abordar o presente. que teria levado a pclêeneee. Mu êsse não é prevêvelmente o motivo mais determi. nente. V argas, mor to hA mais de dez a nos. continua pesando sôbre o Brasil. Ainda t um nome popular ( rcvlstas como O Cnlleiro fatem rcporta gens periOdicas sobre f;le) e as canseq úl:nclas de sua politica populista - que procu rava impedir. saus faz~do reivindicações trabalhistas, as atitudes poUti b de um povo q ue começava & fazer sen tir sua presença _ re-. pueutem att hole. Por outro la do. se hls toriadofU e SOCió. logos tentaram tatudar bse penedo. ~lu slo poucos e o as-sunto tampouco foi abordado pela rte. litera tura ou teaffb . Sendo aSlunto passado mas ainda VI gem c com r percuüOeS

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p rofundas a te hoje. nade mais na tur.1 que d neastas quisusem en fr en t á-Ic , tanto maIs que panaram sua inEAncia numa I/:pOCl em que V ar gas. o pai dos pobres ( ~e a mie dos rJcos em eom, pcn.wçio". diz o sa.mbll ) , encontrava-R em tOda, IS b6als, ceicttio do bem e do mil d. verdade e da c:lUltir.. Assim mesmo, o cinema pouco duse sObre V ar ga s : O'8u unt O continua prA ticamente virgem . Ap esar de tOda a enxurrada d e filmes f ura is, o ,ctti o de hoje Ioi deixado d e lado.. No momento cm-q.u_Vidas SI· CIU ou S eara Vumclh. foram realt:z:a dl». nlo há dú\'ida de que os F" blanos continu,,"va:n existin do. q ue o s nordestinos continua vam emIgrando. mas era tam5ém a época da s LIgas Camponesas. da sindicalização matiç. no campo, das Invasões de terra , da implantação do salArio mlnlmo nas faze nda s : o cinema de fjcção nio tomou COMetimento d. situaç i o ser-

tane ja pós- Vidas Sl cas ou pós-Deus e o Diabo. Filme s6bre a S'l'ncl"ah:õ1ção rural. houve pelo menos um; foi o documen, tado dlngldo por Carlos Alberto de Sousa Barros e finaDc/ado cm 1963 pc/o govirno federaL i o único que se conheça! Aliás, pode-se dizer que tOdas as fOrças pop ulares ou bur9uuu qu e de um modo ou de outro se estavam movimentando, à procura de m,xMicilçõe5 da sociedade, não oSpArrce.m em Iiimes de !:cção: allc da, lutas no campo. UsmbflD foram c.Ji· ;.:j:::I
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,parte. "A terceira rebeldia. t o mar, que náo ~.lti no !lIm.., q "tã acontecendo por ai ; são os camponeses, Com h llto e p l_ aódllJ, a Eita teria Eicado enorme, e G la uber Rocha tem ru l o. 'de um ponto de vista dramAtico e est ético. ao dteee que "a 110lução encontrada t mais sintética, mais violenta" . M as tal ar gumento não Justifica que o filme ola tenha sido construIdo emJunção da terceira rebeldia. E um aparteante explsca que a terceira parte. que mostraria "o grau de consciéncia p resente do' sertanejo" .. fo! justamente_c1iminad,,_ pois "não era neceeséna. teria um efeito tautológIco", Pois não teria n enhum efeito tautológico. não sendo o presente mera dedu ção do passado. O que U t resolução de não aborda r o p resente. e de dcixá~lo nas mãos dos outros. a",m como os pescadores de Buraquinho deixam sua vida nas mãos de F Irmll\O e Aruá, assim como a guerra de M anuel deve ser da da por Antônio das Mortes. J:: reboquismo. A inda co nseqü ência de Vargas, O cinema Que trata da elasse média urbana é um cin ema dos dias atUIlIs. ExJStem por enquanto poucos filmes. mas ja se vim -delineando algumas tend~ncillS : a vida d e subítrl-io, a pequ enA'"da u e ru~dla em via de proletari:ação. que esta Apod recendo em:.. sua i:ltrda e suas ne uroses ( po ~ exemplo. A F. ltcida de Deon H iu:l.ma r< . ou c l o:dru não !.I:eadc de Paulo Ctsa r Sara,eo!. ba 'eacc. no I:l\!O de "fC:3 da Penha". D estJfio. que não é o roteiro do filme hOIIl ~n jmo ruliudo pelo mesm o d/ retor) , c i o subúrbio caetoca o ambiente id eal : quanto A classe média na vIda indus:r!a l e comercial da cidade. inerte e rnolda pela gra nde burguesia , t S Ão Paulo Que oferece o ambiente mais significa tivo e ma is probl emi tico. sen do S io Paulo Sociedade A nón ima o p rimeiro c por ora único fl!ee critico sõbre êese tema; a intelectualidade, cu jo pape! t tão Importante e tio amblguo na evcluçâc brasileira, tambtm se torna personagem. e o Rio serA o terreno mais propi cio : O Desaf io. Em geral. apreSCtlta-se uma dasse média apática v _ vendo num completo marasmo. Se a cidade é um fen6meno recente no cln~ b{asileltO de Intenções crIticas, IA serviu de pano de fundo a alguns Iílmes reali%ados r r volta de 1930. José Medina (Fragmentos da Vida, 1929 , Rodolfo Rex tusUg e Aaa1berto Kcmeny (Sl o Pulo. Sin!onh. da MefNSpale. 1929 ) cantaram o desee.. volvimento urbanlstlco de S . Paulo. Depors a cia.de flCOU

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p ratica mente red uzida a o erablente das comédias muaicais e ca rna valesca s, d as chanchadas cariocas. fenômeno Importante porqu e. bem ou ma l. a cida de Já começava 8 receber um rratem ente Cinema logrAfico. certos tipos vinham sendo elaboredos, um certo modo de falar pauav8 para a cd.. ; a eh..ncbade nio ap resen tava ponto de vista critico sôbre a cidade, mas revela va. às veres tr õníca eeenre, cnt~ traçOJ da vida cotidiana. Hoje a cidade volta " tona. .. Ao lado ' de filmes ú rt!'CõS. uma sêríe tle dramelhões ou polldals esc olhe m S . P a ulo ou R io pa ra ambIenta r seus cri. IDes : Crime no Sacopã (Roberto PIre!. 1963 ). O Quinto Poder ( Al ber to Piualisi, 1963 ). ou reprodu ções como Noites ue/IUs d e Co".cabana. esses. comerctats todos. 8tlngindo melhor ou pior ntvel artesanal. quase todos apresentam a classe média. Socialmen te mal cara cterizada. ela se decompõe em C r ime d e Amor (Rex Endsleig h. 1965) . A muda nça de classe e o ninh o q uentinho com gela d eira e am or. como em tõda a histó ria do cmeme. continuam sendo os grandes te mas de Irlmes comerciais : a mOça (lre a Al vare: ) d e A M orte em Tr és T empos ( F ernando Campos. 1963 ) . embora n i o vencendo no concurso de M I55 Brasil. cua com Ulll c !lionirio e pac,sa a vrver na seereda de rica. odosa e neurônca de R io. e 1I.:a~ a.»assina c!3. A l!It\<;a [ Irma Ãlvarea ] de Encon:r(l c", m ii M orte ( A rtll r Duarte. 1965) 1 maltra te d e cm S . P e ufo pejo marido para q uem cozlr.ha coin am or. a bandone mo mentAneamente o lar e encontra na afta soc..!.edade caneca um homem q ue lhe compra um casaco de pele. 't acaba a ssassi:l~"~ assassino ( R egiDaldo Parlas ) e a prostituta ( V irgl S-0) de Mort~~ra um Covarde ( D iego Santilla n ) so 9J!I um l~t1J,fo tranqUJlo num quartc-coztn ha-banheiro: ai tarete e 1,9 uJtivar rosa. e duejam ir a balles IreOentaoQl p. a~ EIrJ1I1l.fl': "Je t anasslnado e ela se prostitui m rI n a ma . Io-'Se trata .enlo de uma outra mod ali ãia e contra .. na asc:ençAo social. via cur ttuS lemas pred.ilet os .

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GRA.NDE M O I,U NT O

e.ste Í1hlmo fUme ambienta-se no BrAs. balno Pllullstl onde vivem prolet6rios e pequena dane média. As per5Otla_ guu trabalham em geral por conta p«ipria: é um med.nlco um fotóg rafo. ou são funcionArias;. O enrede desenvolve_s~ num SÓ dia. o do casamento do her61 (Gian lr.ncesto Guaenlerl). eccnírema o ritu al do-easamento - ~o e \·AM4do. fotografia. festa para os a migo s. viagem de nupciu. t.!lxl até a estação -e--, com 05 meios de vida dessa gente. E mbora o casamento leja modesto. embo tei" essa gente t rabalhe, nAo hã dinheiro que baste para pi!gar o casamento. O fil me t uma corrida atrAs do dinheiro. culminando com a ven di! da blCI _ detlll do her6i. o que rep resenta um atentado ta nto ao lndi. vlduo como ao ser social. pois a bicicleta era meio de trabalho e melo de divertimento. quase parte in teg ra nte do homem, Portanto. para submeter-se ao ritua l estabelectde pela sociedade. o ho~m tem de sacrificar -se. Até ai lJoberto Santos é clero. Depois. ter na-se u m t" nto amblguo. poil reivindica para todo mundo o d ireito de vesti r um terno nO...o no dia do cotsame lto. to lastimável que um indlvl1l.:0 in:eg rado "i! scctedede n.1o potSe:t C:Jmp r!.r 'IS re come nd a nões d e t~a :::Iuma scctedade. Mas nãc se cheya ii p ôr clareme.ite em duvida o r itua l a qu e s e submetem 01 noi vo s. embora êle nã o faça parte integr an te do ca samen to. E a q uestão se co loca d e saber se o r itual val e o sacrlflcio da bicideta, se vale a pena respeitar o ritual. Parece-me que a SOCiedade t cul pa d a por não forn ecer a seus memb ros meios adeq ua d os d e vida. mas que as personag ens podem tam bém ler eespea eebüree d e e por tenta rem obedecer ao r it ual . O Hl me é construido de ta l modo que Efca clara a op ressão do di nh eiro , e. com boa vo nta d e. o espectador talvez chegue a co locar em du vida o r ilua l social. Mas isso ndQ t mult o Ia cü porque as persona gens . p lncipa baen t e o rapa{, são tra tadOJ com imensa simpatia. e. para colocar em d ilvi~ o ritua l, era necessário da r pelo menos uma olhadela um pouco crldca I6bre o comporta mttlto d os nclvcs. Sem hae olhar. o filme t uma qUlIJe aceitação d h~e modo de vida, Por isso. tem-se. Impressi.o de que Roberto SantOJ p-at no meio do caminho. e hoje prolong aria sem dilvidã seu r d§cfuio 8~

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lIlllltO mlis longe e mAis imp i~osa e ... tcutiC&me~te. Flnalmente. 05 noivos chega m lu.sados • estaçlo e neo _têm dinh eirO pira comprar ou lt al pu sagens : olliPlstas, voltam para a cld. de. \'10 enfrentar .. vid• • Nesse oUll1bmo. hA uma ecettaçio d e nAo poder cumptlf o ritual até o fim: devemo s nos Sl tisla:u com aquilo que t da gUlle muma. ' l"'f Apesar dessa reserva. O Grlnde M omento al o só é o film e mais llllporl antc do surto de produç! o Independente vc~ rtf/cado cm S. P lulo -nllP lmOS 1 957~5 8 . como t .tamWm um marco na filmografia brasileira. Isso porque, enquan to nascia o su rto do clngaço e do Nordeste. O G rand e M omento peeccupava·se com ... vida ur bana. Dia com .. lntcnçl o d e apenas

retratA·la, mas sim de In.lisA·la; porque. na cidade. nl 0 escolhia marginais, pessoas qu e represen tam a maioria absolu ta na eída de: porqu e fazia do d.lnbelro o motor do enredo; e fjnalmente porque era urna corntdia. comedia triste, com moltlentWl graves e liricos. mas com cenas cOmJces e att burlesaLlI , ptózilll.as ao tom da chanchada, A própria estrutura do filme - mil e um obstáculos InterpGt:m-se entre a personagem e o alvo - tem muito de comtdJa. Tudo tese animado por um sadio otimismo e uma ternura paternal para com a luta, ('IS esforços d-:sses jovens JQabalivelmente de..:1Zlidos a ca.wt. O v rlJn;ic .Woment;J era um filme s diame dc p M d sua lpoca. Ficou jsolarlõ, Era ue:. ponto de partida magnifico para WD ~a urbano ; laJlçava tem.s,~e:C'Sonagen s. amblentCl que poderiam ter-se desenvolvido. .1S os dntastas não atavam aptos ainda a afrontar a dd.de. A classe mtdia devia lU atingida via AntOnio das Mortes. E o pr6p rio Roberto Santos, embora seja tio empalhado em fazer cinema J;dnro luaJ puson>nS em casar. Dlo teve outra cpcrnnue de filmar atl A Hora e Vez de Augusto Matr.ga ( 1966' .

tsugnaçio. .a decomposlçio das coius e das peSlOal, a 1111. potlncl.a.IIA Falecida. baseado em peça ne Nélson Rodrl'ilu~I, ....e a hJ.t6ria«ie \lma alienaçlo. Z\lhnJra (Fernanda Monl~ne­ ' 'iIro ), du eja morrer e um processo de auto-s\lgestlo leva-a. morte, i.V ive em funçlo de . um em êrrc digno dos mais riCOI. que .a redimirá.. Est' lrlteiramente .cor tad~ ~a vida real. e osdIa. ' em lua morbidu:, entre praticas relIgIOsas ou supersndosas e a agencia funerària que prepara seu caixão. Isso se deaenrola num ambiente deprimente. que a fita. filmad ~m' locais naturais. sugere com f6rça : o marido, Incapaz de perceber • situação da mulher. estA duempregado e p rocu ra um bico. sendo o futebol sua vàlvula de escape; a mie vive ouvindo ràdio-novelas; 'os obJetos da casa são tristes e degra dados; nas ruas, as paredes estio estragadas; chove. As coisas e as pessoas, tOdas decadentes. A fotog rafia a ma, os planos demorados traduzem o ritmo arrastado d êsse mo nde que se vai aos pedaços. A Jnterp retaçio de Fernanda Montenegro. consciente e teatral, ao se opor ac na turalismo das outras Jnterpretações (exeetc À de N élson Xavier. no age nte fune.r'rio. que -4estoa) e à mediocridade do meio, valoriza tanto a alienação qllaJlto essa decomposição, Para C5:li:> vid a, uma sol\lção que e u.l\a alier.t:.ção colen v a : o futebol. Dlga -s.: de passllgem que rC'::f'J UeI:.Lf':l:C o fute bol ,. ~::;'I eeadc apresentado cada vez mais coce uma o: litI',].;ão coletiva.: se Rio 10 Gr",u! mostrava o jOg<) como uma fes ta popular. Garrincha. Alegria do Povo (Joaquim P edro de A n drade. 1962) e Subterrâneos do Futebol ( Maurice C apovilla. 1965 ). dois doc\lmentá rlos. vl em no lutebol uma manifestação htstúJca que aliena o povo. Quanto i alJt.nação de Zu lmira. é tanto mais valorizada que atl o momento de sua morte Ialtac-ncs lrlformaç6f:s para compreender O se u comportamento; allm disso. o tempo no li/me e tio curte que torna tnverosstmJl a evolução psico-lisiol6gica que a leva à morte ' assim a alienação. a vontade de morrer, apresentam-se como' um f e ~O­ meno em si naquele meio degradado. A Falecida poderia ser um esplêndldc retra to da , da 51.: burhana carioca e excelente evocação do marasmo em qu e vive grande parte da classe mldia do pais, em conseqill:ncia das contradiçOts que J6 vimos e do processo acelerado de proletarizaçio em que se encontra. Carlos Dunshee de Abraneh" queixa-se : " Um membro da classe media pod~ g.nhar, j

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por nu tubalho. cêrca de quinte vhu tDllis que ~ remunerat'o auferida no mais baixo nlvd da uula 1OC13.I. •• Em paute» anca. ~ diftrUlça de remunuaçlo que ~I!a 0, pa· dr êc de v'ida red uzfu-se para mmOJ de tel! vt%tI . A SItuaçlo do p rofi;slonal ti bera l t das mais insth eis, pois. apesar de redes os serviços que presta ao pais, conlloua A branch t $, fIe "recebe do Poder Publico no Brasil um tratamento tal que. de-se-te. um por objenvc ,eliminar os profJ"ionais llbera!s ... Entre nós. o e arcctensucc da proflsUo.JlbuaJ t li inse gurança" ," A F aled da sug erJria perfeitamente essa dtg~adaçl.o lenta da classe mtdi... esse resvalo para um nlvel de Vid a batxo. usa diminuiçAo de suas possibilidades. 010 I õsse _ii segunda parte do liIme. em que um retrcspectc dA ii ex p h ~~çáO do comporta:ne::to de Zu lmira : tudo isso porqu e fOra a~ul.era e apanhada em flagrante por uma \i zinha. O filme emec resvala pa ra u~a psican~lise d e folhetim . perdendo-se tO~as as t:::pl1caçOu da primeira parte. Tesa-se a Impre55io ce en: contrar ::a prim eira part e Lecn Hlrs:ma ~ . enquanto que a se g l,l nda i de S i lson Rodrig ues. Nesse primeira parte . re conhece-se de fil to um aspecto da temA tlca d e H! rs: m a ~ - uma vid a que ex iste em funcão da morte - . mas as cxp l1caCOes de H iruman nunca pccleri
tos mortos. d e pedacol de açlo. de hica d e> crneme breetleírc. Num outro ~lT'erO, A rnaldo [ebcr. com O Circo (19f15), tllmbem u fHla a es-c iendênc,e. Nesse dccuerentárto. nae se trata de decadfncia de uma p '.Tsonagamo mas de um grupo lIo<:ial e de' uma atividade ploC3sionill o circo. A pós a lgu mas fotografias que sugerem o tempo êu rec do circo. i ·nos ap resentado um medíecre cspetl cu lo d e Circo. pessoas que continua m trabalhando. mas sem r ecurso s vlduais e socials. para ma nter sua atividade num n lv el diog~ velhos qu e exibem lembra ncas inúteis. etc. Como no filme de H irszman e no rote iro de Saracem. insiste-se em a lguns d et a lhes d eg rad a nt es: a 1c'na ra ~ g a d a . o lama çal da rua de acesso ao circo. F inal men te. destruido o circo. Ileam uns r csld uos humanos, homens que d ã o espet ãeulos na r ua, semilOl1coso que. na maior solidão. se torna m objetos de zombaria dos tr anseuntes ou fazem a p elos mlstlcos qu e ningu t m ouve O roteiro não deixa de lembra r um pouco a li cn l(:a de Saracenl em Desafio-rottJro : nenh uma p ane d o filme e apresent ad a em um bloco só. tudo i fragmenta d o . p arti o O espet 40 ci rcense i re cortado em peda cin ho s. as enl revfstas são inlerr ompidas a cad. instante. 0 ' fragm entos s o iLgados: entre s

ma -

PORTO nAS CAIXAS

por idli.u ou alusões, como numa conVUSoI tólu. que desenhe erabesccs elegancr, e ariJtocrllt.!coJ, o que dA a o , l Ume uma

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ccrta superioridade $Ôbrc seu assunto. A pr6prla ma tt rla t transmitida de modo ,,[omJ:ado, U.lll tanto esfarrapado (c requintado), ass im como se diluem alguma, d., palavras dos .entrevista dos no burburinho da rua. A travt s da decadlnda da amtocracla rural do N ordeste.

•,

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- - E"nessa mesma perspectiva.. emboR sem " morbidez dos fümu

preeedeares. que me pu«c enquadrar•se Menino d e Engenho (Valu t Dma Júnior. 1965). O pequeno mundo do Engenho Sa nta Rosa. cercado pela usina que tnelu t êvelmen te mais cedo ou mais tarde a absorverã, estA cm decomposição. O que testa da famUia do Santa Rosa : um pa,ssado brllha ntc lig.do ao Imperador. uma terra cuja maior gl6ria t que nela o sol se levante ,. se ponha. A usia.a ameaça o engenho; o trem, o carro de ..>01; o carro, a carroça, O velho H umberto Mauro abordou umbtm o tema da .ubst1tulção do engenho pela usina num filme Iltico de alguns minutos, E ng enhos e U.finas, cm que se encara com uma costAlgica resignação o fim do tu dlC~ona l eIlgdlho. O. UltJJ:.bros da faClllia--do Santa Rosa pcrd~rJm sua vitalidade. aio fu turos cad áveres: et õees duros m()\rim·elltam~-;e ,- hiuá-tICõi:-dlanté-de -pã'fedes brincas. Os sr lOS que formam jA sio fotografias para Album de farellia. Ainda vivos, já pertencem ao pAfsado. Uma Clontagem impiedosa Interrompe as ptJ'lOnIgmS\nO melo de sua ação, 01 atOres no meio de luas cvoluçOes: cortes secos Julgam sem rcmlssio as pusonagens, E a morte domina esse mundo : ! • monc da mãe do menino de engenbo, de uma amiga dêle. 8e um carneiro de estim.ção. A essa gente decadente, eenifr'pOe#Je o men.iJlo. inicialmente blquJdado pela presença da moite, mas chdo de vitalidade. pele mortaa, carnudo, olhos randa ~ qucntq, ADtu de mail nada.tle!unolhar.um parddpa, AO' poucos Ju se Iibutando morte' Cluêõbüta 'CIo lUa inicia uma Dova etapa em que ,~ ti J?!ÓPrla, o mOmento em que SiDta fU~ ~ sugestAo da C l e c a C l f i i . e n s J v e í tem ser piegas,

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Mas o tema da decadlnda e da alienação JA Ulra la nçado hA alguns anos por ,Paulo Ctsar Saraceni com P6tto d as Cerxas (1963 ) . Numa cidade do interior, completament e estagnada, uma mulhu (I rma Alv. rd ) resolve mata r o marido que a oprime. Nlo querendo f4%l~lo sõzlnha, procura a juda de seu amante. que "hesita; procura '-a juda de um IOldado. de um barbeiro : negam-se. Afinal. o amante dtspõe-se a matar, Iraqueja no último momento; ! ela que mata o marido. Todo o tempo, ! nisso que ela pensa. Qualquer homem ! um cúmplíce passivei, qualquer objetc cortante. uma arma pcsslvel. Todo objerc da casa ou da p aisagem lhe lembram a mediocridade e a estagnação d e que pretende livra r-se, todo gesto ou palavra do marJdo aumentam seu nojo. e uma idtia fixa em nível patológico, que um arsenal de simbolos ligados à fatalidade e ao erouseac faz resvalar vez ou outra pa ra o dremalhi o. A pretensa revolta da mulher deixa de ser realm ente uma revolta-..pesde que ela nAo submete sua Jdtla à critica, pois, para libu tAr:,se do marido. qu e, acidentado. ni o ccnl>t9'ue andar, era desne..:estárlo meta-lo. A sltJação colocada no inicio do fume lIão evolui, pereaanecendc i d ~n t i C-1 li si própria att o fim; o desenlace r.ão traI qualq..er novld.ulr:, jj, que estaV:l impllcito nos dados da aituRção. A lição Já ecabou antes mesmo de cccaeçar. Compreende -se qu e a violência do gesto de matar, Independentemente de sua necessidade cb[etíve. possa ter uma funçã o libertadora. Mas. serA qu e ao deixar a cidadezinha, só, após o crime, a mulher liber tou-s e m es~0 1 g muito prcvêvel que no cinema brasileiro essa seja a primeira est6rla de uma alienação caracterizada. Tal allenaçlo ! vivida n uma cidade que conheceu outrora uma certa prosperidade. MIl.S, hoje, a fAbri ca estA parada c Invadida pela vegetação; do convento, sobram rulna s. Os trens passam. nlo param, e o trabalho do marido Ilmlca.se a agitar uma inútil bandeira vermelha . Um parque de díversões, vazJo; uma venda, vazia, poucas garrafas ; uma feira , medIocre e Sem entusiasmo. Se há uma vida um pouco mais euve. a de um adoltsCetlte excitado, t Um fogo de pa lba que não tardará a apagar#5e, Um comld01 a uma rulaa de comido, não hA fOrça reivindicat6rla, não se sabe. nem o que retvrn-

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drc..r. e sl0p'drts refe rentes , relorma agrArla mJ.sluram·se com ,a,haça. :-.lio hã fórça alguma nc m na cidade, nem dentro da s pcrsonllgens. que possa vir ... ItUilt .. ordem das coisas. a Clcc.dtncia geral. Por l$SO t que a ação acaba antes do mrCIO de filme. pois nenhum elemento nõvo pode vir alterá-la . O rctei rc. os planos demorados. 0$ lentos movimcntos de c ãma r... valori zam a imobilidade um tanto hipnÓtica das personagens c tendem.!.. dar m.i! importAnci. aos chjctos Inanimados que à vida. A vida es ta gnou c o homem it!b t mais Importante q ue a maltria imlO/ma da. Antes pelo contrár io : alto cm su a a lienação. o homem torna -se mar!!:r'. inanimada. A personagem p rincipal. vivendo de uma Jdtl,1 flxa e incapaz de programa r sua vida . t uma .mulhc c· que.vaJ.a ssassina r . omar ido. assim como uma mesa t uma mesa. O sol. a paisagem. llS ruína s. o chão. uma árvore, uma parede caiada. uma toa lha ou um espAÇO vaz io sãc tão person a gens quanto as personagens p rópnamente d itu. Uma fotogra fia ( Mário Carneiro ) esbran quiçada. sup eeexposte. esmaga essa 19ua morta. A nlÚSlca rei'cte obsessivam en te seu s d ois lem a ' . P a lta po uco ~ r. qu e a natu reza. a ve getação, a pedra, se to rn em scberanos. e o homem não paue de U Cl -! Icmglnqua lembrança . A '4àa ao<,nlZ i! . A n t t~ d e PJ r~" d• .s CauiJs, ~pra ceni fizera :JOl


duvida. a hse respenc. Embora nio fOne um filme urbano. tinha como temltlce a alienaçio da clane mtdia e anun~va o cinema ambientado no . uburb io ea rscc... Saracelll não teve inten ç6t, de retraUlr uma cid"de d r- interior: os eklllentM seleciona dos dtMa cidade JÓ o forem .:m luo(6o do dr"lIIa A;Jesar de ,ua "mbienUl(do. ludo caulctcri:a o flllllC como se rele rindo ii dasse intdJa. A atmosfera de Pórto das Caixas....1:TIblentaçio UI CIdade d o -Intcncr. o ri tmo· k nto. a fotogr.rla ubNnquu;ad• . cer ta men te não são uma 1II0va(~0 no cinema braSllc, ro. e .:Itt possível q ue li temática do hlme tempevcc o seie. Desconheço Limite. que Mlrlo Peixoto reali !ou no Rio em 1930. mas. i!Itravb de ..lgumas fOtografias . trechos de roteiro e certas d eclareções. pode-se imaginar algumas afinidades ent re os dois filmes . Cenas ruas de Limite. uma "árvore co mple tame nte seee e desgalhada" , ..rulna com planta. nascendo den tre a s pedras" , "a rca da em ruínas". "camp o va zio visto d e long e..... paredes nuas: o valer dos cbjetcs. a cesta. a mAquma de cos tura. iii tesoUra. r ep resen ta ndo uma vi.?a monótona c mesquin ha que a m~lher recusa: o mando. um mlseràvC! • a rria do no chio: tudo isso que se encontra ~m Liml/e t"l'IlbélC poder ia caracteriza: a o'lmb,entaç,to de Pc.rto daJ Cau4lS. O retaro indiC1 ulna mont3gc:n ler:.ta Para hlt.. b ente mte norenc. E':gar B~as;j deve t ..r feit.:> uma fot(\\j r.lfla esbeae, "-q uiçilld a . do tipo de branco que se enccnua hei,,: no cinema brasileIro, embor a mais sedoso. como aquél ~ qu e cons eguUl pa ra a lgumas fita s de H umber to Ma uro . Ma~ n io é ape nas p lAsth:ame nte qu e as d uas fitas são p a rec idas. E ssa mulh er de Limite. que r ep ud ia um ma rid o nojento e qu e re jeita sua vida d e costurei ra d o Inter io r. é pcsstvelrnente ,rmá d a assassina d e Pórto dlu CaixlJS. Lim ite não cont a ap enas li vida de uma personagem. ma s d e tr ês, d e que se d iz qu e são trts vIdas ar ru inadas. e a seluc êc. fr aca ssad a . q ue encon tr am. nio é uma tentativa de revo lta , mas de fu ga . t posslvel q ue. em p a r te. Limire e Pórto d /IS Caixas le nham a finidades q ua nt o à inspiração. ma s pceervel que .s motivações ptJndpais das d uas fita s se J.m b.stante d ríeren tea, o q ue. tOdavia. nio imp ed iria u ma flhaçio de forma e conteúdo . Na tpoca . O t lvio d e F a ria rOl caloroso d efenso r

e.



II

Os lrechos entn

I JDü

110 u l u id o~ do rot~lro 'de

Li'lll/



_

de Limitt; at ualmcnlc. se vê com generosldade o copJunto d o Cinema NOvo. t P«to das Caix,u que eerece sua, prefertll_ (ia;\< b ar f.to tamWm vltla CODlirmar posslveis afinlda dcs entre as duas filU. Não t gratuitamente que se quer 'es tebelecee tal lJliaçlo. Ji vimos que Ctrtos aspectos Importantes d o atual cinema brujleito. (0=0 o popu1J.sIllO. o marg Inalismo de c/ma e o de baixo, tncon tr.v.m~t multO provAvelmente u· boçados no cinema que se lazla por volta de 1930. Filiar P6rto .du Caixas .. Limite seria encontrar mais -uma tclaçl o enne o cinema de hoje t o de hi mais de trin ta anos. Não se deve esquecer que 1930 t o ano de uma revol ução promovida pela burguula IndustrJal. Ir a it m dessas Ins inuações setla arrix.lr mu/lo _ o cinema daquela tpoca continua ' pt" Uca _

_.

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mente dc.sc:onhecido - . mas hl provAvelmente pesquisa, ErutIleras a Ealtr nesse sentido.

A

M ITOLOGIA. DE KH OURI

Com sea sexto e principal llIme. Noite V42:ia....{ 1965). \Valtcl' Hugo Khourl tambtru !oulíZl1
•••

-



palxOcs rxacerbam-se. 01 homens entram num processo de dea.. trulç.lo e de autodestrulç10. No fim do filme, só resU m mc e... tos e vivos que nio valem je cuc mais do que os m~rtos . que - tio !!Jortol por dentro. e ste esquema tem-.um senudo meu fórlco: o Isolamento representa a condição humal}l d etermi nada pelo absurdo cm que ninguém se comu nica: SObr e hle esquema. t enxertada. em- A /lha como nos outros filmes. uma mitologia que tem suas fontes em autores como Edgar _AlliIJ1. Pce e Ba.uddaJrej~ mitologia parece ser dominada pelo tema do tesouro escondido. O tesou ro qu e aparece em A /lha sob a forma de rlquuas abandonadas por pira ta s do Séeulc XVIII, epeeseereva-se em Fronteiras do Inf erno sob a forma de um diamante que um garimpeiro roubava . e. cm N. O.rg''-"t. do Diabo. sob a forma de um co fre que um velho escondia para qu e os soldados n10 o roubassem . Parece que nos filmes dr; Khourl .. idt-ia de tesouro esteJa ligada a um momento r; um lugar onde a Imobilidade e a calma totall oferecem. uma ponibil.ldade de reall%8çlo. longe das desordens e das dificuldades do mundo. O homem eelcrç~1'-se.ia pc",- a tingir ês te idea l sem nunca o consC'tluir. Seu fracasso t sempre ccepleec. Q uando de.lxa a busca. vã. esti irremedlAvdll1ente \-encJdo. Att A Ilha . Khourj 1130 cceseguita expressar 1ãn\bem lma mitologia . As ccncavtdedes da ilha rochosa. qu e guard3m o teseu-c. úo taecessrvets. Os homens mau toemerirlos eacoaueia a morte durante 11 prOC1,l.ra . O s. outros desistem: De qualquer modo. a ação dos homens l: vã . Note-se que essa busca nlo l: OCAsional. sendo cercada por Khourl de todo um ritual, de uma espécie d e nobreza upeda1. que tem att uus bras6e. (bandr;lras. signos .. . ). como nos romances de cavalaria , Outro elemen to fundamentall da mitologia dr; Khourt l: o gato. Em A Ilha b6. att doll gatos . O primeiro. prf:to. t dei ~ xado em casa para que M O corram risco algum o.s pelxu qu e serão levados no aquirio durante o pauelo . Cuidado maU!. pois o primeiro encontro que sr; di na Ilha l: ju.tamente com um gato. alego ria do desUno . O gato qu er atacar os ptixes do aquArio; o conde. que conseguiu com. dificuldade l:ste ce sal d e peixes. atira no gato. mas MO acertai. E ntutaln fo nas d uu véus. o ga to estava perto e o conde t bom afuadJU:• H A aI al gum fUOmeno .lI6gico, algu ma influ!ncia sobrenat.,U ralo N o fim do filme. os sobreviven tes deixam a ilha r; o ccn-

de esquece o aquArio. EntAo. o gato apodera- se dos peíxes e volta A sua morada, nada menos do que ii caverna q ue gUilf' dA o tesouro tAo ambldordldo pelos homens. Auim. KhourJ. .JegOflcam~nle . til : o destino apoderar.se das ( ri.tufas c destrui-Ias. aquanc também não t n õvo nos filmes de Khc un. Em FronrcirdS do Int erno viam-se cobras morta, conservadas cm vid ros chercs de formol, e Luigi Picchi era fOlografa do cm p rim eiro p lll no
a



gente t ap resentada cerno sendo fanisl" . dep r,vOIIda. decadente: fiai aUlIJI Nudeito um público c1use IRtdi& que vt na tela manifu t..çOcs de um. VIda . que "p lr• . e ••prestnt.çlo desfavorável dlls pessoas que . levam compen... de Ulll. certo modo a insa tisfaç i o que podeWI provir do nível inrenor de vida do espectador. E m A /lha. mora-se em palecete. poso ser-se late. utsqu e qu e corre que nem Ilgu• . Desde E"ranho Encontro. Khourl cont empla os copos de ulsque que os bv rguC-'1:S sé d30 o luxo de quebrar em seus momentos d...-rai.... (~ss e mesmo guto tambtm Itdu~iu o Abllio Pe reira de AI. meida de Satlta Marta Fabril S/A.) .

NOITE V AZIA

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Il I C .



A farrp e o esban jamento de dinheiro prosseguelU em N oite Vazí.\ Nêste ultimo filme. Khouri nlo da t" Ma Impo r. tênc ía a sua 'fnitologla. ao sistema de signo. Reen rcntra mcs o pequeno grupo de lndl\'lduos Isolados. dividIdo em pen onagene def!nHl\'amente perverttdas. t :Hi"eddas no vicio. ccrruptl\S. e cm peU(lna"elHl que ainda não foram totalmt'nte ccnqufstadas pela C:;rtlIPÇ4i,O. r.uja pu reza. nns!ht\Jdadc. t~ "on .u.neidado: repr est'n~Ul uma pouibilldarle de u lvaçAo; a caverea tornou-se nu ma garçf.Jnrutre; a agua purificadora a pa· rece sob • forma da chuva que. n. sacada. ali sObre o corpo nu das p ersc'Il1agens no momen to da verdade; nA cena da benheira . o melo equênec da ensejo ao despertar de um amor eutên uc c, desvinculado da corrupção; o nostalgico lev.n!.r da câ mara. no fim do filme. sôbre a copa frondosa de uma das poucas arvores que sobram entre os prtdios. utã • lembrar uma natureza perdida e a sempre presente possibilidade de salvação por melo do pante ísmo . Fora essas poucas alu'" sões. que. ccntrêrtamente ao, trabalhos emencree. nã o mvedee o filme. a mltolollia d4'empenha um papel discreto. O .sexe t que eeeee u desta vee os cuidados de Khouri. '''!'~' O suo nlo estava ausente dos outro. filmis , mas aa tlmldo. velado. Desta vez. !
, . p.dente e cerebral simultAneamente UIUI c:1:4JUIÇ o 1m f i e uma

dC9 taçl o do suo. Troa de puccirml, p rojcçl o de j mes, pernog r6licos. lC'~bjan ismo. tudo lua num verda deiro ddIrlo de voycu r. Voycurll do .u pctSOMgcnS cm reiaçlo a si p tópd as c 11 0 $ film es pornográficos. c U1mb&u o díretor c os espectador es em relação 6s personagens. Atitude de voyeur tem a cAmara qu e se esconde atrás de Utll. cstante ou das grades de uma cama pMa foca lizar as peuonagens. Objetos de lIOytur. o espelho em cima· da CIma e-ao lado d&. ~nheir&.-c __ 0$ quad ros de mulhees nuas . Sltabolo de voyttJrlsmc. hus olhos do Presidente Kennedy que entram numa monta gem rao pida Com o rosto do pervertido e sol1t!rlo Mario Bcnvenuti olha ndo a paz amorosa do casal Nonaa Beng uel. Gabr icle





Tin ti.

No entanto, nesse seu primeiro filme realmente urbano, Khouri demonstra sensibUidede em relaç l o ao ambiente da cidad e. As personag ell.$ existem nas ruas de S. Paulo : o vazio com que se depara o homem de neg6dos depois de fechar o escrftôréo leva-o a preferir, • companhia da espôsa, a daqudas meninas que ainda nJ.o são prostitutas e Uperam enconuar na Galeria Califórnia um a1fvio para o orçamento mensal. Hâ tambtm, na Galeria Califómia ou nA Rua Slo Luis, menino"! que se eproxlm,lm com espanto dos trinta e que nada t êm a fazer de ncne .IIen&o cultuSor deleeídos complexos. E o que {.uem os neurÓtJ.:os do ftlme nlo representa exagtro algum em rrJaçào ao que QCOtre em dctermlnados apart amentos CIo centro da cidadc. Tambtm t v~addro o papcl do dInheiro cm N oite Vazie. Para allrmar#Af. Mario Beeveecu P.nasa tanto do exibicionismo sn:;ua1 quanto do moneu,d o. Tem d.ln.heiro, compra seu amigo e sua amante, que, para êle. se tomam objetos, com um maço de notas jogado na ca ma, entre Norma Benguel e Gabriele Tlntl, que ele pretende d eetruJr: liarmonia momcntADca dos doa aeeceadce. I E , a fim e r monoJíUimo da personagCllS, os puros ficam CIII. ii arculto dO ,din.bdro manejado exclusivamente l

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... .

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no altar cultural da sociedade rcificada ; n10 t por nada q,", Robbe-GriJl« teria aprccJado O fil me. Contam_se nOUla na tela, exibe-I( fartura no caft da manh1. mas slo prmClpal_ .. mente as mulheret os obJetOl do Inven tAd o : O dete Lara t a 368' na vida de Mario Benvenctn ait m das duas principaiS. nove mulheres desfilam no filme, isso sem computa r as Inumeras que, sob forma de bonecas, ucultu ras. fotog ra f ~a s , pintu ras, filmes ou pedras de gtlo, apa rece m a qui e ali, o que ..:__oeulmina com -a- pr6pria · quantiflcaçl0 do erotismo representada por fotografias de um templo hindu, Sob o signo da quantidade encontra-se tamMm o enrtdo : acumulam-se as tentativas de encontrar algo luscetivel de divertir as qu atro personagens entediadas, In felizmen te, fste aspecto ,do fil me. que, embora não apresentando novidade. me parece Importante para o dnema brasllc:iro, nlo chega a adquirir tOda a slgnlfJcação que: poderia tu : a puerl1Jdade com que Ireqüentemente l introd uzido O dinheiro no filme, a preocupação tena z cm manter o quarteto de personagens em sua perspect iva metafiSIca no tom salvaç l o/ danaç10. o tra tamento pornogrlfico e. '"COmercfalÉ0 sexo, Impedem a quantidade e o vo!lC'urisme de c:xprusar a nificação e um albeiamento da vida, e chegam quase a t(.rnar NQj,te Vatu um fUme feito para cho,ar o pU. blícc dos domIngos e os censores.

BIPOLARIDADe

,

O utro elemento a notar o filme, e que tamMm t preJudica do por sua pretensa carga metaflsica. t a simetria entre os dois casals. A oposição entre casais pervertidos, condenados a não amar, e casais romAnticos e puros, percorre tOda a obra de Khoud. Enquanto o casal Norma Benguel.GabdeJe Ttau ainda t puro, não toca em dinbeiro, o casal Odete LaraMario Beevenuu t perverude e mAnipula dinhdro: em cima da cama do primeiro casal, um quadro representa duas me# ninas estilo Made Laurendn: em cima da cama do segundo caaal. carnudas mulheres nuas vlo ao banho; o acno calmo c carinhoso de Gabrlele Tlnti Op~1e l solidlo angustiada de Mario Benvenutl L .10 01 c:limax psicológicos dc-.... dual pCf#



!IOnagens: A lem bra nça infantil de Norma Benguel. chuva e bolos na frig ideira. corresponde o pesadelo de Odete Lara : e os exe mplos ~o numerosos. Quanto aos dois homens. s ua s ~ e eções Solo ld l ntica s oh que IiS.tIl as duu mulheres. A ssim. as qua tro perHlnlgens são simltricas conforme um eixo ver . ~ e uer e '1:0 hortaon ta l. Essa dleotomi. fortemente a cen...01 no filme: e que: se encaixa provàvelmente na perspective do ~ oytl./fU m e:. b : de Noite: Vazia um ;6go de espelhos. e possh-e! que tal dIcotomIa ~'allte um ' problema-'in tc:. resseme Embora não tenha ainda havido refertncia especlf ca I uquemu dicot6miC05. êetes forlm implidtamente suser 05 pelas personagens qu e se: encontravam entre: dois pó. los R6ni. por exemplo. em seu va ívêm entre a 411:01 burgue skl e o lumpem .proletariado. en tre SUIS duas amantes que pertencem a lHes dois pólos socia is. represen ta de certo modo um eixo de SIr:'1 etria en tre 05 dois ex tremos sociais. e. válido pergu nta r se: ess a situlIção entre dois pólos. fundamental para n umer osa s personagens e para o conjun to da temAtia do cinema bras ileiro. não poderia a tin gir. nlo a penas personagens. mas também a p r ép rta estrutura dos filmes. Nâe hA mUlt03 ftlees que rt'sf'ondam ao apêlc. N e m " 1,: neutro, poderemos encontrar rec urso:! dh ~e tipn. ba sta nte ~a un ifkllti vos ': 111 Os Vell:idof, eri. que. como n um j~g::. de espelhos. o pesc a dor extremista respo,nde a o grande hur g\: l!s extremista , e: a c en til bl'rguesa ao gebtil"Aucador: em q ue os ex frem istas rad icais que morrem luem eco 'aos centristas con ciliadores qae permanecem em vida. Mas t princípalme n te DrtJS. e. o Dra L"o I'll Terra do Sol que nos oferece uma est r uttr ca óbvia As duas lasu d.. revolta de Ma n uel ra 510 sug rtd as. de. um moelo manlquelsta. por Deus e pele aliO. ~Jo B me ptlo Mal. entre os quais Ant6nio das M orta ~ rda io iartUca : " P ra melhorar por bem te m d e (fatru ~~ ma l (irast up:rimi na venio fina l do filme) . lasa da revolta ttm es tura. priticamente iguais: 60 aMltimo Jolaato omlnado pelo beato cor01 Clà.~ caD ,~o. cena 9 Clã ~r a cena duas

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faundel ro. encravada na primeira parte. corresponde a cena de Ant6nlo com o cego. encravada na segunda parte. Quer dizer que há um j6go de eorespcndêncras e de lilllemas. não total. mas relativamente complexo. CorrupondenclaJ e simetrias não são r.o'l:·ldade. e nós as encontramos tanto na poesia simbolista como na comtdia de bouleuard ou no teatro ep tce. ou na sabedoria popular f\o enta nto.. o. ra to de haver uma dicotomia tio acentuada UI; -aee tilmes -coino Noite Vali.. e D eus e o D lllI.bo. OpDItos pc : tantos moti vos Ideológicos e fcrmars, torna lidto pergunt
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~~o (Ateio de Andrade. 1961) . A Sina do ...,. ... rtiptre·jro (Jl»t MOJ/ta Marins. 19S9) tem tambtm. lUas PW+I1.a!!dadu,

com uma mulher que tita a alcinha quan do o ho~em,~ • . ut6 em c/ma dela : O, Ca/ ajtJtt:S (Rui Guttra, 1962 ) t ~m ,coito. de vArlos tipos e uma seqDlndl dedlçada a ~orm a l Benguel nua. O fenómeno não passada de . um elemen to natu!_l d. pro
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.~It~ í;it).~'M ~ OIt.'SeI"g<m (l. B. To.kó, 1964):'0 lliIjo (FI' .

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ambtJUiil J~). A F.lec:Ià

Ar&. , d"eõ;'lJ!duardo GcJiHnJiO. 1ii2~ ffi: WD:'fOtcUO !)aseado Da iA Y~"Como :sg :8. E foi ~~ con :: Xiltlio Selrii~m .. IBngraçadinna CIo. rlnt• . Gliu R qUJR" .
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wna peça de Ntlson Rodrigues. Basta esta lista para Indlc:ar -que Ntlson Rodrigues t um ra ro .ucesso no dnema. E sc:apa m .. ' ao "e3plrito de N tlson Rodriguu : A Fa lecida em su a prl· ,. melra parte; com o ' lrlo O B6ca de O uro. Nelson Pereira dos Santo. adaptou uma peça do dramat urgo m8!..não quis aujar às próprias mlos:' O BeiJO: ao adaptar BeiJO no A sfalto. T ambelIlnJ eliminou o que de mab vAlJdo havia na p eça . a Imprensa . ensadonalJata. conlUVando apenas o sexo. _~ qu ~ -r--deu uaiir-forma do' g&luo ~x prusion rua nort e_amer lcadb, Ntlson Rodrigucs no cinema significa : sexo, virgmdade. estupro. nlnlomania. pederastia. lesbianis mo. prostltu!ção. môça aparentemente Ingl nua en comenda cU,rra sob ~edid a, professOra primAria dedicada revela-se p rostItuta. pcltncc qu e engravida a Hlha basela sua CIlmpanha na moralidade. sogro peduasta com ciume do genro. grã -fino oferece cu rta como espetêeulo a seus amiga.. mais lulste e uísque, mais piscinas e aparta mentos de luxo. m31s o laborioso 116mito público dos valOres consagrados: a bomba atómka tcm as costas larg as. pois serve de pretexto a eu a mostra de p utrefaçlo pretensamente apoc'ã'Uptlc.a 'a -que chegou um certo grupo ;social. Buegueus cnrJquecldõs\compol'tam-se ccree Impera dores romanos aos quais o dinh~ dA todo pr..der sõbre C» ou tros. Os va IOres ndO passalll. de.. uma fr l gU umada de verni r, que esconde. momentlneamen te. a podrldio. A gangre.'l.a ""tinge esu sociedade pelo sexo e contamina os grupo! sociais que vrvem a .eu lado. ou mais .exetemenee. a da n e m~dla que serve à burguesia e se humilha a seus pés . Nêlacn Rodrig ues afirma que a população bra. lIeLra t composta por hus Indivlduos servis. a que o dinheiro de seus donos tirou qualquer forma de dignidade. Dcs fecho : um esceave-classe m ~ d ia e a profess6ra.prostit uta formam um casau Inho romAntico que escolh e a di gnidade e rejeita o dinheiro e o mundo em que o homem "só t solidAdo no cAncer" ; isto ê , s6 no mal. na doen ça. no vicio, na decad!ncla.os homens alo irmlos. Essa cloaca ~~a cm metallslC# rcsulta ' em: •... Cedo que o homem em t os quadrantQl~ um' caso pUdido. um lU ulglco. que ama e morre. vivendo entre essas duas lJmltaç6d. A meu ver. nada diminuIr' a ang6sUa hUmana. Mesmo u forlll.ando todO:!: n6s em Rockefeller. cada um cOm 880 tata SO a mantes. caSélS na Rivlera. ,nlo saIremos de 0.0110 inferno. continuaremos miseras ~rl~t ~ras, Crer .que euD. angustia possa su

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d /minada . t digno de um sJmpló rlo Oll de um canalha ": e "A sociedade verdadelr., II a utent ica comunidade humana, t extra-sccíal" . Estamos em pleno conformismo : deixemos que os rico s fiquem ricos. JA sofrem bestente com sua ang.:istla. e voltemonos para a comunidade extra -socia l. Se Nt150n Rodrigues, .liAs. tivesse uma compreensio mais realista c menos "Dlctafislca e mora lista de se u estravo.-cJaS5t méd ia. poderia chega r ii côn c1mes mais incUIV'U .- Q uanur ao retrato de-uma a lta burguesia degradada. nlo repercute porqu e a, persona ge ns sio f"lsas enio hi anl!be do grupo social. Nélson Rodri· gut.S talvez tenha tido li Intt nçio de fustigar o bu rguh ignó. bil: ..... enveredei por um ca minho que pod e t JC levar li qual quer destino. menos .0 h ito ..• estou fazendo um teatro desagradh'el. p~as desagradi vei' , , , " E ngano: ap6~ reticlneras inicia is, a burguesia ftz o sucesso de Nélson Rod rigues: os ingredientes de Bon.itin.ha Mas Ordinir;a s10 justamente os alimentos predJletos do masoquismo de uma burguesia que gosta de receber bofetadas na cara ; ela observa, com um pra. zet mal disfarl;ado de ironia, o lixo que o autor despeja sõbre ela . Mas quem justifica a ad.aptal;io ci n emalogr~fi<:a das pe;;35 de Nélson Rodrigues nio t • alta burg uesia. e sim <'I classe rr.td13. que enco:llrll tia rela aqufle luxe, abun dAI:cid. eebanjame ntl,l, uue acredita U:rettl. uraberlstlc
CAN ALHA EM C RISE

Ousa classe mtdJa que serve de apoio" meta fisica de alter Hugo Khourl. e que ttm sido contaminada pe lo di. iUid~ de seus doaI» a ponto de puder sua dignidade. o qu e leva tlson Rodrigues 8' uma posição conformista. M ig uel Bórgu eabol;ara um retrato critico em 1963. com Canalha em Grise, Um&! das personagms emtrals do filme t um Jorn a lis~ cnçarngado pela reVIsta onde trabalha de escrever uma

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reportagem sõbre as Blividades de um g rupo de marginais. A reportagem t rttusa d a por violenta d emais. A revista pede um texto mais suave. M as sâo Justa mente aquelas idbas que ele queria transmitir e nlo outras. Embora amea çado de pu. der o emprtgo se nlo entregar outra reportagem satis!atóTla, êle nãc consegue escrever .. ' att que consiga. Chega il conclusão de que n10 adianta bencee o herói e que. no fundo. Vllt duer mais ou menos a mesma coisa com outras palavras O Jornallsta. após tu 3firmado que não escreveria - tra repor __ tagem. tranalge. Conforme suas próprias palavras. nl o passa de um "intelectuaI6ide metido à bêsta". E ncontra um mela thmo que saUs!arA todo mundo: dirA mais ou menos o que quer (talvez menos do que mais). e fica ra em pat cem su.. preocupaçoes sociais. permane\.era no emprtgo e ni o choca rl a sociedade que representa a revista. Ê a conClliaçio. Quando sua noiva; pu<ebc a atitude do rapa z. ela te nta colocar o problema de modo um pouco mais daro: "O importa nte t te mar uma decido", e ele resolve sumãrtameo te a SItuado: "Você u11 ~aguando tudo. como se uma reportagem 16ue o troço mals.Vmportante do mundo." T udo isto se dt entre quatro pa.redts, nunca o Jornalista t visto em contacto nem core o obJI::o de sua reportA'iltm, nem co m a revista . e, qcandc olha pda Jal1e13. dufC'=. -~t II paiSaup.m d a ci,j" c'e:. EstA end":lsurado. I, penor.agem do jorn"liJ~a. comp<.'5I a cu: 191)3. ja coloca peuona gens e: temas impo rta ntes qu e se desen volveriam mais tarde, nos fil rn u d e 1961 -65. Embora esquem.llucc e ne m d e todo Intelígfvel, Canalha em Cnse t um filme de: certo modo precursor r a censura o in terditou du ra nte vârios anos. prejudicando os debates qu e: teria suscita do .

S10 P AULO SoCIEDADE A NÚNIM A

SAo PfllJlo Sociedade: Anônima ( Luis St rgio Peeson. 1965) é um dos primeiros lilmes que: coloca ra m com agudu o probleraa da dasse: média. O filme ambienta-se: em S . Paulo. entre 1957 e: 1960, no mome:nto da euforia de:senvolvi rnentista provocada ptl. Instalação no Estado de S . Paulo de ind us trias automobtllsticas utrangeiras . Perscn, de modo muito

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pelo cargo. nem pela firma. No enta nto, desemp enha dto; temente suas funçOe.t. • Como tantos rapazes em S. Paulo, Carlos tentou, fazendo um rjpldo curse técnrec c aprendendo inglh, tornar-se apt o a encontrar serviço numa cidade predomina ntemente indu l trlal, que podia absorver mio-de-obra especializada: sendo ~l h e fa v orÁ v el a sorte, conseguiu e...oluir, mc1horando seu salÁriO e seu nlvel de vida. Mas sem se pergunta r a que o leva essa carreira , Se n~o quis se.....-.ruilo que é. tampouco-qulS ser outra coisa. Nem quis, nem deixou de qu erer coisa algu ma. Carlos poderia dizer exatllmente o que jã fO ra dttc por uma outra personagem. Joio Ternura , classificado por seu pr6prio crredcr. Anlbal Machado. como p equeno burguis : " P ertenço a um. espêcíe abcrreclde que não escolhl" . Dexcu-se leva r pelos acontcclmentos e fh uma carr eira qu e representa uma evoluçlo Ilpica de boa. parte da classe média paulista. Se nlo escolheu sua vida profiu iona l. também pratica mente nã o escolheu sua vida pcssoal. Casar, êle quis. não pela. noiva, nem pelo casamento. Levado . pda solidão. Ireqü em eu Luciana. mOça casadotl{a, e acabou prbo na engrenagem famJliar. Mas t.amWm nlo r esiS!j~ A evelccêe é normal e nllo eequee es .;:01:1iI1 espeCial por ne do JntueUll.do : rendo sua vida profIssional mal3 0)1.1 m os fixada . podendo asseq urar o) diu S:U! de um élplll(lIQent" inicialmente peCjUC1I.O, c peou lista d,1sse mtdla. de 25-30 anos, casa; assim é O ritual.

significativo. não (';colhcu como personagens .os empruârJos dessa indústria, mas sim pessoas que aprOVtltllcllm o boom. montando pequend fAbricas que ,vivem na depend.êncJa da grande indústria . O. donos dus", pequenas fAbricas. que surgem da noite para o dia, desen volvem-se c enr lqu cc~m. ~e 1s custas da inflaçlo (o dinheiro t lubstJtuldo pele ~rf:d'to) c de manobras mais ou lDenos desone.tas. U ma prunetra cerecrertsnca dusa classe mtdla que eufOrica men te en che os bel$0$ utli cm que o d ~nvol virntnlo .mdustrial não resulta. dela. mas que ela llproveita o desenvolvimento com o fim .exc!uSivO de enriq uecer : estA na (olal dependlncJlI da grande mdustria, peJa qUlIl t condicionada. obrigando.se II obedecer-lhe cegamente ponto por ponto. Representa UNI situação o italtano

Arturo ( O lelO ZeJJonJ). que vai construir sua fábrica perto da VoIkswagen. da \ViIlys, etc. Quais sio seus obj e!l~osl Ampliar sempre mais s\;a Ubrlca e elevar seu ervel de .vlda. Mais nada . O teto de Artura t um carro ncrte-a mencanc que di na vrsea. um escritório digno de um grande empresê no, fazer publicidade. ter um apartamento na ctdade ~ uma casa de campo. ler amante. bomw; bom pai de famll~a. satisfaz-lile as neceuidadu sem, por tssc. dar-lhe e tençec demais. FIgura simp.!ltica e dinl m.JCII . Arturo, para é.iegar B seu~ fi;~s. ::':;0 hes.tll e"TI adolar atitudu servis . CO::lJ.O a,; que toma p a vender suas peças à V<.>lksw:.geu. e cm se apreveuer de todo mundo. s~J a sua amante. seja seu gerente ou seu~ Oçet.1rlos. os quaIS ü.o er.treg u u ~ 5C.m defesa à explcraçac . Nesse melO v we Carlos (Valmor agas). personagem prlno p.1i da fIta. Q uem t l Trabalha num escritó rio. Após um CurSO de desenho industrial, havendo ampla procura de mão de obra. entrou para a acção de concrOle da Volksw3gen. A qual ajuda Arturo 3 vender peçu inadequadas. ra zão por que acaba sendo demitido. Pede .uxllio a Ancee. que lhe o ferece um emprl go em lua f'btlca . da qual chega 3 ser ge· "",,,, rente Sünultlncamlnte. Carlos tem vArias aman tes. mas não u cstllbcl rc!aç6a ;J61Jclu com nenhuma; namora iIiii ,,ª'l""tDcontrada num curso de inva ca . ~aii ~-u guente da firma ::==" I ue o u eltcun.stAncias são ta is ~, tr 9 to CI~elal nem





Luciana t ambielosa e vê em A rturo O modê lo a que Carlos deverã obedecer. Carlos. casado c gerente, estA na pele de quem ....i compra r uma casa de campo. Carlos vtve r.a Inteira dependtncia de f_t6 res qu e não escolheu . A umenta ndo seu duinter!sse por sua vida profissional e familia r, num gesto de violtncia, Inútil porque M O des trô í nem proplle seja Ij o que fO r, tentarA romper. cm vão. com usa vida. Nio sabendo o que deseja, sabendo apenas que não quer aquilo que vrve. acabar! sendo reabsorvido pela vida inútil. Assi m. Perscn coloca sua personagem numa posição am ~ blgua : t entregue àquela sociedade. mas não se aliena totaltPCJUe: ainda t capa z de .r tagir contra. Ê capaz de perceber • Illediocridade de Arturo. Luc iana c A na . Sua ccnscrênct• . porém, não vai att perm1tJr~lhe a compreen são do que lhe aeentece. Mas. enquanto Arturo c Lud ana estio integ rados

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sod«lade: e limitam suas aspiraçOcs a urna questão de nh-e! de vida . nela Carlos nlo se integ ra. O mesmo se dã com Htlde ( Ana Esmeralda ) e Ana {Da elene G I6ria) , do i$ excelentes retretc a. Ana. como Cerlos, n âo tem projeto. Pauando por vi rias camae. consagra seu tempo a ten tar subir na vid a. pondo sua plástíca e seu charme a serviço da publtcídede au tomohlllstlca. O reste do tempo. procura dfver ueen to. S ua a legria não esconde uma certa inqu ietaçào. e suas~f'CI.ç6es coe- CarIl» tim um qui de neurótico, sêe um vaivtm estéril para os dois. Nl0 esta satisfclta com sua vida e n ão tenta o utra por estar com mêd c. Htlde, de condíçôes fjnanceiras ma is eleva das. està na mesma situaçAo: \'ida a êsmo., Mas Jâ utli num processo ne uroncc avançado. que se encerrar! com o suicí dio. A arte, a li. teretura. a busca do absoluto, o narcíslamc, o avllta mento de si própria ( d ecla ra sentir prazer em fin gir q ue trabalha num hotel d e rendez ·~s), o cuidado em n ãc mist urar sua vida \'ivida e med íocre (om a vida id eal a que a lmeja ( "Carlos. voei: nã o t e nunca será meu amante", porque fie nlo f: digno disso) , n..da alivia sua tensão continua, nem satis faz sua real angústia. que se mani festa pelo deseje de amar in tensamente. N ada desarmará sua alfena çãc. Suas rela ções com C a ria s ~ 11.1í" 1~\'l"m J: coisa algum;!., n r.m para elA, llem pilra êle. !':ute va ere hul."l.:l:':o. nesse \i e~t ll,·:>l ·. imemc mdu.itrl .:l !. o dtn heiro tem um p«pel eelev..nte...Nãc SÓ o dinheiro es t ~ p resente em filig ra na o tempo todo, maNreqüe.ntcmente determina a SItua ção da, pessoas : t porqu e Ar turo nlio quer em p restar d in heIro a Carlos qu e êste ace ita o emp rfgo: e po rqu e (ta rlo. gan ha razolvelmen te qu e se easa: e cobra nd o comissOes. Arturo que Cario, consegue pe-le momen tl nea men te c xeque. t porque Luclan. recebe d inheiro do pai que ela en , gnorando. vontade do marido, associar-se a Arturo: ~gue pretisa pagllr conta, no fim do mls que Ana trainheiro qUe provoca. u ma briga en tre Carlos e n âl com • '99'ra porque ata pensa que tirO. iih"dro t o menear de jeu. Mortel Carlos t um pas so à '::l::P:~ ~1 que caracteriza a t ao ema beest-

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lvee-se à lijij(ica da



desse media. A osc.lI.çlo. todavia. nJo M resolveu por uma escolha conscien te. Ju.tamente. nio houve u colha. nlo houve elaboraçio de um p rojeto. Caelcs e levado no caminho aberto pela gra nde burgutllo . N o en ta nto. sendo Ca rlos uma per ecna gem dramaturgicamente fraca, António das Mortes permanece com a última pala vra. M as . co mo Carlos e uma personagem que nio escolhe e Vive na depen d êneta de fat6 res utuloru que não con trola e nio tenta controlar. tais fat6res ·...cabám. prevale<:etMe ,obre a personagem. T erna-se Ulti o verdadeira pusonagem principal do f11me a Cidade de S . Paulo na epoca do rush: autl:!.l:1lobllistlco. A persona gem, que era o elemento do mi na do r do cinema brasileiro [Inclusfve em Vid<1S Stca5). perde fórca e prestlg io em Slo Paulo S/A . evolução essa qu e ce rtamente não marcari o conjunto, mas pele menos u ma g ra nd e parte do futuro do cinema brasileiro. A impossibilidade d e C a rlos escolher. o fato de êle nio se propor a lvo algum, provoca sua a to mi zação. A te. agora os filmes brasileiros t êm respeita do li crdera cro, nol6gica. se9fJlndo a din Amica da narração e da evcluçâ e das personagens, \Jsso pelo menos no c ue d i: respeito ao cnema de nív el cultural d,. uns a nos pa ru d O retrcspecte e ra ra mente u tJllzado. refutn.:ias a o J?ils ,ado ~;;'o feilas apenu nos dillloqcs. O retrcapecto de A F a tl: rida 1. CllSO excepcional, mas nem por iHO o espectador enccrura d ifil;õ.lldade em restabelecer 'I ...ordem cronológica. Como Carlos e movido do extenor . sel:l dinlmica pr6pria, êle não controla o enredo do hlee. esfacela-se. e a ordem cronológica é scbvemda . T odo Sio Pau. lo S/A (salvo as seqütncias fina is ) e um eetrespecte no interior do qual o tempo t tratado acronolôgicamente. Se o espectador consegue perceber em linhas ge rais a evolu ção cr ono lógica da vida de Carios, nos pormeno res n ão t p osstvel, Na primeira pa r te do filme. sobretudo. o tempo e ceôttcc. a evolução temporal e substuutda por uma sceessêc d e frag . meatos de açio cuja apresentação nos di uma prtnão de sim ultanelsmo, Em sua falta de perspecliva p rópria, Carlos t assedia d o por s uas lembranças. geralm~te provocadas por acon t«imentos o u sugestões presentes, sem q ue uma ord!""" p recisa lhes possa see dada , An tes o u depois. nio faz di fe renta, Embora nlo levando essa t écntce a suas úfiimas censeqütndal e, talvez, nAo lendo stm p re d e u ma total felicidade', o roteiro de S'o Paulo S / A parece-me u ma evoiuçlo imp,or.

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tante numa dramalu rgia q UI!: vi'" • expressar consdentemente a nã c-escclha de uma person.llgem e, atravb d.t~. ~dt uma classe social. "I -:,, ! ..jf?' . Como Carlos nAo K impõe. quem se impor' t S. Paulo, cujo dinam ismo dará .!I fita seu ritmo,! Os fragmen tos.vãe desIilar velcamente a nossa frente. A clmara não pira. S. Paulo despeja d iant e de nós tudo a quJio q ue tem • oferecer. A fita loma en tAo um muitO n/tido " pKtO de lnventlrio _,( quc J' adivinhávamos cm milr V.tia ) com f: fdt o . cu mul.~ti vo : duas U bricas. onze musicas, qua trO bailes, nove veículos.. etc.: deefi.l~un ")HIrtamento" cUaJ. bares. bua tu ; ~ ul tip UCl ~. se as personagens secundarias: os acomodados paIs de LUCI. na, os fiscais do M inistf;rio do Trabalho. operArios. uma louca, um ja rdineiro. uma mendiga. um motorista de ca minhlo. um ~ele. gado. um recepcionista de hotel. etc.: TV. cinema. revlst~s. futeboJ. pregaçOCs na rua. marcha cívrce. S. Paulo eufértcc u ihe.le. Seu pasJ;,do estA definitivamente enturado: quem teria acreditado Iôsse capaz o Brasil de consU'UJr ca rros; o cdt pertence ao passado; hoje O! fUhos nlo respeitam mail os pais e do p6: to oe arda nada aobra. H oje. S. .Paulo t a mjquina que puxa o Brasil. Do interior do estado, ~ outros estado.s, de OUftôls nações. gente vem tenuu: a sorte em S. Paulo. opuArJt),'1 nordcsun05. uma ICineir. que pretende ingrU$llr na TV. jtl;Uanos, .Imlel. São Pa,do S/A i \:tD carrossel. um tuthilh!o agitad1uJmo e barulhento. ' T udo Isso sem finalidade., nada leva. nada. Nu ruu. a;pessoas estão ap res· adas e de cara amarrada. A primdra reaçlo i sair de S. Paulo. O divertimento dentro da cldad jA não aatlsfaz : o jtito i fugir e • fuga i um dos tem.s centrais do füme: por nio,Cuem perspectivas próprias. u personagens são esmaga· ;1-~d~" ~ por Paulo; nada tendo a opor a tue esmagamento. as p@ . . . .genl fogem. trem. eaminbJo. lembrete, lan cha . 6iilbUi. ,ot quatro carros utiIWldoa pela. personagens. são poso lldáali de. eseapar. Fug•• a casa de campo. o domingo na p!!ta"mál.-" em 510 Vlcauc,. beJle ou banhó na Rejo ae VfVéi CóiDo num filme muicano; a ibSOJu H !f!t.... que o casamento .P e (él~ ~ta E a revolta de PaulO, ma que Dada tem a fuga momentlnea

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bera pou ulndo um carro seu. ~a rlo~ foge com um carro rou· 1 bado{ i um'ataque d os mais prlmArlos. quase viscer.a!. conua .. aquilo.• que " o ·csmága . Rouba o carro n~m e.staclonamento onde" se encontram milhares de carros contidos em filas, •fre:üe ·' a frente ". no meio dos quais Carlos estA isolado ; bse · plano adquue assutt um valor simb6llco e uenícc : Carlos pe r·dídc no meio de e por justa mente aquilo que f ie con strói, esmagado pela quantidade e pela produç!o em sitie, rouba -..." que faMtee.-O plano c-eensa tOda a situaçã","",e Carlos e sua ' impottncia.. Do ponto de vista da temauca. Slo Paulo S / A i da maior importlncia para o cinema brasileiro, Seu aspecto mais relevante nlo i a apresentaçio da solidlo e da neurose na metrôpele esmagadora : i a denúncia da classe m~dia como vis_ eereleien te vinculada 1 grande burgu esia. de quem depende lua sobrevivtncla e a quem se associa na explora ção do proletariado; i a denúncia dessa massa atomizada. sem perspectiva, sem proposta. unicamente preocupada em elevar seu nlvel 'de vida e portanto inteira ment e 1 merc ê da burguesia que a 'condlcJó"lI«." Em su a indefesa total. Carlos tem os braç'" abertos pat'a o {~'clsmQ.

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Cõ aes

~sse marasmO,

essa falta de escolha. que, atra via de Cerlos. encontramos na dasse m~dia . essa alienaçJo de q ue morre a Zulmira de A Fal«ida. essa putre fação que decompõe a Vai. qulria de Desafjo~ rotelro. não são apenas apan1gio de um cio nema que edcta uma posição crinca diante da rea lidade, mas J1 se tornaram temática corr ente num cinema que pretende ser antes divertimen to que refl exão sôbre a realidade. P er. sonagens fra cassadas e desa lentadas. cu ja vida estA sendo ou foi inútil . encontramos em Viag~ aos Seios de Duília ~ Ca r . los Hugo Christ ensen. 1961) ou Um Ramo P ara Lu ísa [ ]. B. Tanko. 1965 ). O Zi ~aria ( Rodolfo Mayer ) de V Iagem aos S eios de Duilia i um modesto funcionArio publico, eeleecc, Umido e acanhado, Km diEiculda.du financeiras, que. uma vez aposentado. percebe que nada adiantOu t er passad o

1Jl

\

qlUlfCJ1C. anos li remexer paptis, e vai • procura de lua iniJ ncia. quando encont rou D uilJa . sua primeira namorada . o c nrcc a con tecimen to vá lido de sua vida . A personagem pr tnclpal de Um R"mo P.ra LuiSlJ ( Pil ulo POrto ) t um jornalista qu e amou uma prostituta. q ue teve uma a man te g r!.fjna ( reencontra mos aqui um esquema j A l"mlliar : a personagem entre dois pó los sociais : burguesa e prostJ tuta eram tambtm 85

mulheres entr e as quais evolulam o ROni de A Grande Feira e.c T~nJa!,de &h ~.de T~oJo.S.n tos ), mas nio conse guiu esta belecer relaçOes duradou ras . O Jornalista ddxa escapar a mõça q ue o filme apresen ta como sendo li solução para sua "ida nn timental: trata-se de uma colega da redaç âc do jornal, milça do mesmo mdo social que lle. Mas ele se conlessa Incapa z d e deci d ir. de resol ver a lguma coisa li respei to d e si c de sua vida. O filme começa depois da morte da prostituta c é inteiramente construido. base de retrospectcs. O Jorna lista rememora ou conta sua vida a um colega de bebedeira . Trata-se do fenOmeno que verjflcamos acima : quanto menos válida é a vida presente. menos resistente e dinâmico o presen te e mais Iraces as personagens. mais estas tendem a dissolver-se: o passado pesa sóbre o peeseate e o invade. A per ~ona gem não vive do presente. não se dirige para o fut uro e ue." tro dela utagnll um paseadc morto. S .si\ll1 ifirativo que ultJmawenl\ es teja aumenta ndo a p erc.entlll1em de filmu que recoaem ap rencspecto. Se. n z ou outra. o reteesp eete t apenas um reêuuCl, narrativo .que ena uma espécie de swpense. a maJotia das vbes êle corresp onde a um comportamento psicológico da personagem. como é o em;: Um Ramo Para LuiSIJ ou em Viagem aos S t ios de 'lia no qtul o pasudo nlo só irrompe na vida Oca do Iuu nl:lo úbl(co. mas se torna até o próprio alvo dessa vida . emento que:nos traz Um ~a mo P ara LuiSIJ é a ImporuantJtati ala:. que resulta da muma carectens uini:l a Orç do p~ te. inuistindo dinam ismo a ena, nl se ducortInando perspectivas. 8 açéo Cd u ar" fa li. S p'rovb d que o \ineml! breUlia ~Clõ p.:fõlii:o omo ajJ'ora. ~ tal ponto \UI nnap'!lmen t 6ot~ulm carioca teru" CDcoa otiri _tório em Que a prínciem muc:u un a s o gas:, da seu I,. la

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B la mbtm revelado r que a pro flmo da personageltl prindpal de Um Ram o Para Lulu seja o jornalismo: o jomahsta tem contacto com muita gente de meios sodals virios. mexe com u suntos: diversos. mas em geral fica lJutuando entre eesas pessoas e hsu an untos sem integrar_se realmente te pelo menos: a imagem que se tem comum ente do jorna lista ) ; tle t um pouco uma roda sôlta. O jornalista. prota gonista de vi. rios filmu recentes (Canalha em C m t . O Beijo. Society em Baby -Doll, O D esafio. Terra -eet Tr_se ) . passou • .,... _ recer com freqamcia no cinema braslldro. e sintomlttco que elementos dessa ordem apareçam em Um Ramo Para Lutse, pois se trata antes de maiS nada de um film e que pretende uma exp[ora çio sensadonalista do sexo. T udo »êle t superflclal: de jornalista. a personagem $Ó tem o rOtulo: a prostituta respeita os clichés. mais banais da vitima sodal digna e que quer redimir-se; e a ct mara limita-se a périplos v",rios em t6rno de \lma ca ma. Mas. nesse filme vulgar e comerciai. encontramos alguns dos elementos que caracterizam taLnbém um ~Ime da Importâncte de; O Duafio. confirmando assi m o que udemos sentir antu : o cinema critico e o comerciai tf:m ma evoluçi.o para], la ; dlvl".rgem fundamental_ mente que nte aos pontos de vista, mas os tema.'1. os problemas. :J.~ ptt5or:agrnl> e ,,1\CIumas ce recterts ucas ionnais lo retroapr elo. a falll . c bou.quiln ) são semr:h Hntu . O t:i'l ema de intenç6es comerciais uem eemp re se CU tvll a bse marasmo. e reivindica acrimuniosamente; o nível de vida. bses objetos todos que uma sociedade; deve proporcionar a quem lIela e para ela trabalha . tanto mais quando ena sociedade va loriza tanto seus prod utos qu e torna o cons umo uma necessidade absoluta ; Procura· se u ma Rosa
\

ilh ' ta a vitrina d. rua reJd ta..()J fora mi açio. O vidro q,ue Jt~. .~al . lnd,-"d...1 cue ,era a do mundv - ~ uma rustraç o ...,... v. .. ,.. .. . " '\ . ~'!> '.

calva. '

.

, quelro Procura.st uma Ro' • •• p reu a • a ' um nível .corrl e mesquinho o a margor de um blJxo podu.aq1.!lsl...t1vo. e o expr essa tal ~omo o l"dsenl em udt. t ez m'ia extensos se ~o.rcs da- populaç! o urbllna : t, para Lino e Rosa. uma o~enSll VIVIda ao nlvel do grupo famílial, nm vide de conjunto da;sccreda-

· --àc. -eom total igno rlnda ~mplfcaç6u polJ ~cas ., E...c~mo as

I

perSOna gens. 0.5 autores do' filme ficam na proble.m.ltlu ~ gel.deira, sem ver o que hA atrb . Para sair desSA Situação. l' que a sociedad e não corresponde a . sua, . spJraçOes de ascensãc social. Lino pratica um a to ilegal. roubai : ~ r. o momento cm que o filme podia ampliar sua probl.cm! tica , t o momento cm que se torna "'penas um filme pollcUlI mal ccerdenado. Mas o filme upressa a raiva da classe mf;dla. humilhada por seu baixo poder aq uisitivo, num nlvel que.pO,de perEel[&mcote ser usilJ-il.do e acene por um grande publico que rejeita fJ1mes que focalilam o mesmo estado de , coisas num l piano mais amplo e critico. ., O que não foi P rocura-se Uma Rou . poderia ter Sido UII:. filme que não chegou a ser produzido, insplrado-e.:n trh conto' de D~poi$ do Sol. de InAdo de Lolola . O que tureressa\'~ II Roh.:'IO S !lntos. Sb gio Puson e M ecnce CapovilJa era justamel"'te C' p:oblcma da ascenslo sueial. a procur a dr. um poder aquisitivo pUllor e de melhor ~drão de vida . Como O! meios normais não 5llwfa:em essa a Iraç ãc, recorre-se a mdol marginais e individuais, boxe ou p O!tituiçi o. E os três Iretora pretendiam enfocer de modo crItico o processo. levando ao lracasso as perllonagms que ee iIotam de seu meio para resolver ICU problema sóllnhu e apenas para sl. JA que os ..:, ;;;;"" ~f norma is MO dlo, a estrutura dentro da qual vive a cJaue mEdia ~sto ura , e apcla« para cxpcdlentu que vã o do bistat ai) f)õYe .. prostltülçlo ou ao roubo. essa mesma esti'ii ue p. ur 1 Batista de Andrade, e Francisco o no li C! Miietaõ 1Jltu. 1010 C/u.-. M tdi4, que " ~ 'p.:tlr a Clãma: o pequeno luncionArio p. II CD e lilhO' com sua reii uma P')IiçJo margi. Ffpf;) lonte de .u~ o bico. O bico

a

ou o roubo viram meios normais de vida . Já que 's CltrutulU l.iA normais nl o funcionam ' mais, o que era transg ressão adquirc 1 fôro de 'normaUdade. Isso do ponto de vista de uma d an e · ~I "l m~dia em via de proletarlzaçAo e: que nlo q uer ver além de . 11 aua segu rança financeira Imediata. .1 , O reverso da medalha f; II apruentaçi o cõ r-de-rcee de: uma classe mt dia se:m problemas: sorridente: e satisfcita : C r6 nica da Cidade Amada (Carlos Hugo C hn stenseu, 1965). F ilme de contos, apresenta. ClHTl. uma escapada para a g..-de burguesia e outra para a favela , algumas dificuldades da cla sse mtdla. Sio fundamentalmente duas : o trabalho na repartição, na agenda de turlamo, na reunião de ne gócios , t monótono e vivido como uma fru straç!o: trabalhar equ ivale a um pa r ênt ese na vida de gente. Por outro lado, o homem t casado com uma espOsa nem sempre bonita e geral mente chata e autoritária. e tem de submeter-se a imposições familiares que lhe tolh em a liberdade. Mas eis doi. pequeninos problema, d e be m pouca ünportlnda diante das fad1idades que ofer ece a vida carioca : paiSagem luxuriante, praia. mulheres lindas, futebol. •..ida noturna agltac1f, a simpatia e a despreocupaçl o das pessoas. o lirismo que se:mJ5~vem d ar um toque roml ntico • VIda. uma cena segurança enceíra, apartamc:r.tos a u petado, e decoraJos COID cbjeuv a de mau {lO ~ tCl qUI: aparentam luxo, e, principalmente. a t" till inexistt nd.a de 'luaisq ue. problelOils de ordem politica: a classe' media vai bem. T udo isso. apresen tado em eeres. com elencs de lu: e músic3, da-aos uma imagem risonha da classe mtdla , C r6nica da Cidade Amada pode ser o filme protótipo de um cinema oficial para o BrasU de hoje, tanto mais qu e qu em a juda um cego a atravessar a rua f; um oficial. O s interessados n uma visão não-proble:mAtica d a classe: mf;dia pcdee ãc preferir S ociety em Baby-D oll (Luis Carlos Mectel e Waldemar Lima, 1965 ), O s au tores pretendera m fazer uma comtdia que lembrasse a velha chanchada da A tllntida, mas uma chanchada critica. Flcaram na pretensio. A Jdtia e louvâvel: utilizar lormas qu e comprovadamente: atingissem o público para aproximA.lo de determinados proble. mas. Em realidade, Socltty em Baby.Doll e apenas uma chanchad. : só que. em vez de apre:sc:ntar.sc com o tom popuia . re:sco tradicional. t uma chanchada sofisticada . Vedetes de rAdio e TV fO-( m lubsUtuldas por atOres de teatro. e uma

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.gem (jornalllt.) dlrlge~le dlrctamenle.o público para COtIIc::lI.r ••(Ao. loque brechliano e culto. M•• a .parlnel. ,enl nlo mudou mul!o e • temAllc.a t • mum.: IIcenllo de d~ue. DUA' upO... ( lonA M.g.Jh!u e Natalia Tlmbcrll) erueer..e dcslocados no mrlo de .u.. f.mill'l. cuja vld. mundalWl nIo .companh.m. Tr.t.·Jt de du .. mulheru oriundas do tler. NItrO popular d. zona norte do Rio. que despo..• ram homen. em boa Iltu.çAo econOmlca repentln.IImente transformados cm mlllon"'rlol . As mulhe ru nAo ~n'egulram edept4lr·.e i Vida de g:tI.fln... Num pl.no para reconquistarem M:UI r. . rldel. p.... m • • gir como grl.fln••. dlo-" multo bem com. nov. vida. e recupere m OJ marldoa. Se hA .Igum. rental /VI de duml~UfICl ( llo da mJlologla da ascenç30 de da.~e. O pú blico nlo percebeu. pai. o filme ~ recordlst. de btlbeleria . pu

o

OUAP'lO

ma. proJrto. que tatavam rm anda nerue r qur pod.rl'm rvrn . lu.lmrnte ter prouegulmento. COrlO o livro que M.rcelo eecrevia. Inlerrompem·.e. nlo .penal por l. lt. de Animo. porque tal. proJrto. n.d. m.l. 'IJnHIC8m n. nova contuntu. ra e tambfm porque nlo le tem ldtla dr qUIII 01 prOlrtOI adequado. ao neve ut.do de col"l. O mtlmo ocor re no pla. no du ldtia•. 01 dlllogol 110 um. lroc.a de ~ r 9 u nt .. ou de mel.ncóllcol tacenuvce A rtaçio pllto16gIC'. O !lllllr t exteem.mente dlalog.do.-poder-se-la dIzer que- t ....mpollo por uma Itrle de conveuu que rrproduzem rual '(OnVerNI de bar que a Juventude Intelectu.1 m.nttm Interminav elmt1lle t6bre ."untOI politico•. elttUcorou pruo.ll. Dtue ponto de vllla. o fUme t qu ..e um plkodramD. No rnt.n to. I Uavh do IlJO abundante do dlllO{j'o. O Deullo nAo pre tend e !I:almente dllCUt/r Jdtl... m'l 'ntu ur.ctuizar um certo u tado. e I ( nlo lnllnu.r critica•. pele menOJ .ugulr perpluld.lldu .nle &aI estado, Pol•.•e •• pUlOnage.n. ta nlo ta lam . nl o t que lenham mult. coisa a duer, poli Ju.ta mrnte nada tf:lll a dln.r .rnlo ur.';J r .u. duo rlent.çlo; t qu e elu alo dominad.. pel.. p' av •. Para UN' peu o n. gcnl q ue nl o agem. nlo f,zem n...da, p.llIvr. t .lmultAnu.rnenle um' lorm. c\. ree çlio e de allUlaçGo. O dialogo t alllim lima lorma de ritu. l; q uue !nltl ra. mente compoato com Ir.IIAIA !clt. s. com C"~G: tle rtlulu Jntcndon.lrnente n.q ullo que foi r.halZl.do dr. receltu/l rio dai IntpclU da uquud• . Por o utro lad o. a palavr. una v." c plano do diAlogo: t o livro q ue Marcelo nlo conaeguc eecrever. o rAdio que In forma; c chtga • temer-se oble to na cenO{j'r.fl. onde vive Maru lo : t o trecbc grifado do Ijvro de Clarlce Lilpcetor. t o c.rtaz de Ub.rd.de Lib rdade num muro da cidade e. no quarto do r.paz. o livro A /ffl)'JA o dtl Am~rlc. 1.alintl. um uemplllr d. revJsl' C. MerJ du Cm.m" . A. ldtl.. nlo .10 prlnclplos de açlo: elas .tol'm~' p.lavru falada, ou escrita•. tm reprucntaçOU grAflca.t. em cll.çOu. No pl.no d. crlUa d•• ldtl••. o filme tem 11m dfl .n~ melhoru momenlOI n• •preacnt.çlo do t,peticul0 OplnUo. de lneglvc:l qu.lld.de: .rtl.tiCl, e que repruentou por ulll tempo. um. J!ualo de ruçlo .. nova .itu.çlo. e de comunica" çlo com o o,.nde: pilbllco p.r. tr.n.mJUr.lhc: • lnsatlllaçlo que I t deve: ac:ntlr di.nte da .ltuaç!o br •• eira. M •.rccki con-

TIl.'

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temp l. o -espetâculc scm tuçio, o.dI que ind;iqu~l.e~ÇJo ou rej6çJo. e sua im~ssibJUdade coloa em.~,u~j~ ~lJI' linha de .çio que EoJ c t • de um. uquerd4 qu e K ~9i.~en . danou chamu de festiva. No pllno . KIltlment. l, ,'<=1:10 rompe com Ada (Isabel. ). sua .mantc...esp6sa 9& ~jrico Industrial (Sérgio Brico). Depois de abril de ) 9?1':9;,~fce1a. mente de 'um. strie de ....IOres tlr. inclusive a, elcD1~fp~ ·da vida Intima seu signJlic.ado e sua razio de ser, e Mllt@P n ãc . «ncontla. mais motivo nem EÔflfa pata prosuguir e!l.ar'lL~,~açoe s

amorosas. Por outro lado. abril de 196.... repereunu , em' Ada

de modo diverso. porque ela pertence a u.m meio "diferente de Mucd o (se u marido dirige um. Ubric.a de 2.50:0. cpe-

r~ ) .

. .

Embota Ado1 srme-se deslocada em seu meio. não encontre nêle a vitalidade que a seduz em "seus a migos d e eaquerda- ; só pode senur-se remotamente atin gida pelo neve regime e tenta convencer Marcelo a nlo cortar as relaç6cs com ela, usando uma si rit de argumentos que tornam ,'a mudança de regime um eccnredeentc lastimAvel mas casual que nio deve atlngjr as coisas fundame ntais da Vida, os' sen timentos, os •valô.'u duradouros, o amor. Marcelo rompei! com da, e Ada não tomarA a resolução ClUegOrica d e flcar:c"õm u mando e pumane~er .:tl1 seu meio, mSS t o que ela acaba Ia, :rCLdc, Ad3 e SI.I
\

.1

cujo comportamtnto i ccndnente com a personagem. e. ~tural que" medida que a classe mtdía vi encarando de frente t ll:UI problema" em vea de tdtJlarçi .los ou mistiud-los. a i re prexntaç6u da alta burguesl.a sejam ma.l. rea lista s e mais strias. Assim como Helena .lnÚ j (A G rande Feira. O A.uatto ao Trem plJgador) foi a grl.fina por exc ellncia da êpeee mgl. nua e caricata, tsabda·t a, grl . (ina de- uma fas e crurce. A mesma evolução se dA com o marido d e A da , embora alguns cllchh atnde pescm sõbre a pft!onag t'aP."" é a a mbientação da casa revela o mtlmo progrelSo . Dai dec orre tamMm que o burgub não mais ~ visto apenas em seus movimentos de laz er, mas tambtm cm seu -escritório. em sua fAbrica, cm conta cto com SalS empregados · e aperidos. Um a mclhor compreensáo da classe mtdia faz entrar no cinema a burgu.esia industrial que att SIo Paulo e O Deuflo estava ausente. Para comunfcar a sit uaçlo, Saraccnl vale-se essencle lmente da movimentação da clmara . Sem dúvida, nunca houve no cll!ema brasileiro uma dmara tão cr iad ora q ua nto a de Lufa e Cosu~h nesse filme, Inteiramen te feito de cAmara na mio.' Ou a cAm" ra Rãra, extitica, a contemplar uma personagem imobili!ada, que bão conseg ue viver. ou, ma is freqíie:ttcmente, fica em planoS\ lonqos. :>erscrutando A.!: perSO:l.agen!. girllndo em tOrno. apj"():l: iD I8 ndo·~ e cu a fll standu·se ci.::as. como a inVbtig~r tiS UlotJWS da Fassivldllde, Nu"," mvesngaçlo, Sarac eni fui ajudado pela e:l:peritncia de cinema -verdade que ftz com integraçlo Rac:iar. onde a
e.

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c de most rar, mas de cri..r : ~. ela própria . uma da~ personaç ens do d ram a. Embora Marcelo tenha de certo modo evolutdc duran te o filme. o fmal nl0 t abertu ra para êle. Nelson (Luis Linhaees}. intel ectual frustrado. envelhecido, crmcc. provável t epresenranre d. cham ada geraçJo de 1S. tenta etretr Marcelo para seu mundo viscoso. e le t • deeacltncJa consentida, a ten ::ncia cultivada. a degradaç lo flslea c mental. Marcelo reeuse-e-proposta de N elson e sal andando" procura de um fut uro incerto. enquanto se ouve: "e um tempo de guerra" , e a ultima fra se é : "M as tssa terra. eu 010 verei", ou seja uma expressão de d esalento que se relere palavras fina is d e Deus e o Di4bo na Tere. do Sol ("A teere t do homem . não ée Deus nem do Diabo" ) . No entanto. o filme não t derrotis ta : ao contrário. Embora Marcelo seja UDa personagem reteuvaeeme autobiogrAfia e a síntese de uma série de jovens lnte..ectuaIS. pod endo ser considerado como um prctódpc. não se ene uma lcie.r'.t.ifica.ção entre o espectador e ele. Seu compcnemenrc. suas reações. suas idtias. seu vocabu lário. são tã o conhecidos e familiares (e ni o apenas para um público brasileiro ). que Marcelo fund ona como um rtflu o que posswihu \;.01 d ista.r.da.a1cn ~ crtucc em reJa,.! o a r.ôs pr ôpncs e até a rejelç-t1J dJlq ullo que repre~tn t41 Marcelo. A lucidez .. ra qu e se expõe n... : "~a a =,~ob km 1tJca de Marcelo ifj~:'.a qu e. por PArte do autor. o estaJo em que a pUSOtl3g: 1.1 H cncon ta Já f{)i ultra p.iSUido. O p'r6p r~ alo de realizc r esse f e ê ama supu açio. :Assiltir e comprtendu O D eufio pode ser também. pa ra o elJ)eCtador: um momento de tomada de consdtnda do ma asmo. e eontribufr para a superação. Não resta d úvida C!e u eU/io dlrige~le a quem tenha os elementos pa ra rtalCler Marcelo. Outro elemento positivo ê a slgnifi. 1D11p:1 ta (Ia ~tUra entre. Marcelo e Ada. e IiDto IUeo usa evoluçio ~ o Viramundo Sirno. 196' . ~ mentirio têm-se alê a gora lãien iõb)ema. roraia e, atê êste. não p'r mau re a ledade Industria l. E m • Gil UUe rJiÇlo do imi-

rários e empresârlos dentro das relações trabalhJ5ta•. e vemos uns e outros em seu leal de trabalho. Pode parecer pueril valoriza r um filme pelo simples fato de apresentar um problema de classe. maa. para o cinema brasileiro. que. condicionado pele populJsmo. eliminou tais relaçôu. o burguh de O D ~ , •. fio ou o empresêrto de Vira mundo representam urna evohlçi.o e uma compreendo mais realista da SOCiedade b rasil~i ra. MaIS tarde talvez se verifique que li aparição da bu rguesia indu s_ tr lal se dl num mom ento em que a politica populista e o líder carlsmitlco nio' são mais - posslveis fiõB rn il. nUTn moreentc de transiçlo em que o pais estA mudando suas estruturas _ e. por Isso. foram neceulrias as :pudanças de abril de 19M para que essa evoluçio se. desse no cinema.

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O traup \0..'1 da

aJl'resen anêlo pc·



O roteiro de Glauber Rocha. Te rra em T ranse. ê tlm· ~m um trabalho que resulta de uma meditação sõbre o movimento séeíc-pelrnec desbaratado em abril de 19M. amplia. da. ao que parece. para uma visão geral da politica no mundo subdesenvclvtdc latino.amulcaoo." N UCl pais imag lnArlO. COn· frontam -se utll demagogo lasdsta. e um politico reformista que pretende ~a renovação social sem revolução. • tCl rem per com o IIta ta quo. por vias legais e conchaves. Entre Uu evolui um jovem político, o jornalista Paulo Martifl~. que qeer levar o rd orn:13ta a assumir enredes hrmtl. saas t ve-mdc por polit:caileu:. enteuà i:nent<>!. ~{):;'dJ:"' ~N',,:; e _i! p.tkl! esuan QlirQ.1; I: êle próprieo. apesar de sua!' atnud es e ~<J a pureza . pertence ao meio dos poli ticos corruptos ou ímpctentes. O eoce.ec ê uma v!sAo critica dos últimos tempos que antecederam abfll d e 1961. que 010 só ataca os politicas como tambtm o jovem que. com todo o seu ardor e honestidade. foi na onda do. outros e H colocou no fundo nu ma posição antipop ular. e ata ca prindpalme.ntc a noção de povo que vigorava no an. tlgo re gime e era tOda maculada de peleguismo . Terra em Treme. ma is uma condenação moral do qu e uma an..1se seciol6gica. foi escrito com ôdíc. com raiva . ê ob ra de quem foi mistificado e se mistificou. fundou esperanças sólidas em i1usOts. e acorda . A personagem que pa ~c e ser a mais imo

I

pwtantc t • do JO\ ' CI1'l politico que. mais desenvolvido. ufA nio só um pro]on ga lJltnlO de Fltmino (& rr.."cnto) .e de Aneõnrc das Mortes (Deus t o Diabo na T erriJ d o Sol). como poder' ser tambtm urlUI revido etlUca da atitude politica d iste ÜJtimo.

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O D esllfio t Terra em TraflSt do dois trabalhos direlamen te provocados pela reviravolta de abrJl de 19M . e que não assumem. .. posição flro ell de estar conua o nôvc regime. li __ fa vc e do an tigo. P~J1·u antu attalliar o passado. insistindo muito na inconsistlncJa das bases em q ue se apo ia va r6da uma politica. e êese fato Jã é uma procura de ca min hos. Fomos en ganados e nO$ enganamos : precisa mos proc urar os motivos. A tal a nAlise do comportamento politiCO <Úi classe méd ia. o cinema bra sileiro teria chegado mais cedo ou mais tarde; Sio Paulo SI A. intd t ame.ntc escrito antes de abrll de 196i. J' analisa a classe media c li t implicitamente um lHme sóbre o movimento militar. Mas. êsee, por colocar claramente uma ude de problemas. acelerou a evolução da temi tica do CIDema bruildro. E. aI hoje. Justamente reside um posslvel Impasse do cinema brasileiro tal como .vem evoluindo.

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sôbre a evolu ção do pais e o conjunto de sua população. Don ; de se conclui que um choque ent re o governo e os (ilmes bea.. slleiros t (latllral : MO 16 a censu ra terna-se um 6r910 mais Icete e mais arbltririo. como tamMm ela se multiplica. : cada unidade admlnlac.ratJva. por menor que seja, cada enndade privada. passa a tu o direito de praticar a censu ra que bem entender em qualquer ohra que leja. Quem nlo quiser ler atrapalhado que siga a orientaçl0 de Crônica da Cidade A,"ad4-;~ primeira imagem ';"'qual vemos um mili ~ judar um cego a atravessar 8 rua, ou a de História de um CrApula (Ieee Valadão. 1965). e ste filme red u: a politica do antlgo regime a uma questão de ccrrupçâc, dando portanto inteira ratão l ordem policial e militar que elimina o deputado Ta levera, e encarrega um generoso policial de salvar II honra da m6ça abandonada grávkla por T alavera . A censura t óbviamente um grave obstácu lo, e a ta refa miníma de qualquer individuo t lutar contr a da em favor da liberdade de expreuio. No entanto. d a nlo t o p ior obstáculo. Pode frear um movimento intelectual. pode hnped lr sua d tvulgaç.o, mas di~lmente poderá aniquifa .}o se êle fOr sólido e tiver bases reais. Ob.tâculo muito maior t o marasmo peíurcc. eeeeé e tcc. social. eri\. que se a funda o p 311. a medior:ricla,je e o imobilismo. que 'tpodtm lentltmentc: minar u muvimer.Lo intelectual. nt.~r: ~ o maior rerlgo. Q \\e as dúvidas, lIS centra diçOes. o lepasse angustiado de Marcelo, H ã ", sendo mats fe· cundado pela evolução soct.11 do pais. es moreça, transf",r· mando-se num desespe re apático. eventua lmente num cencrsmo castrador. Receio que sintomas de uma a titude desse tipo possam s~r enconlrados na leva de filmes de curta metragem produ. zldos em 1966. O filme mais saliente dessa produção t Em Busca do Ouro. cm que Gu stavo Dahl descreve a epcpêía do ouro : a busca e o tra tamento do ouro, o enriquecimento de V ila Rica. a luta contra Portugal. a lncon fldt ncia. a rltpreSSflo (ao abordar êsse ponto. O tratamento da do à vloltnCla ~ trõntcc e o espectador não ddxa de ver uma a lusão aos ~ Ias atuais). Dessa epoptla. que sobra ho je? Nada, senio c catrizes na terra, marcas das .a ntigas galtrIas. e llndlssimos mas frios e inúte.J.s obJttos de mustus. A cAmara passeia lentameate diante dtsses obJetos. contemplando-os Imperturbável. a uma cAmara cUJos movimentos lio degantts mas. gtl dos.



,"ue r.io se deixa .. lta u pelas coisas humanas que even t ualmente n rj o .. liua f r ente. dtsse ponto de ' -ilta que o a»un to c (ra(lIdo. ontem a luta, hoj e a contcmplac;io c a noste lgla . Xesse filme do qual são personagens objctos. utAt uas c ec b~J duutas c sll~clOsu. nJo II" hOl:lens; só aparecem ac E ~I ulloOll :.lCOI cm sua medíccrrdade em fotogrAfias flll:as. O .1mb ente p rofundamente melancólico criado por esse fI me lI::l.prcgna-$C na gent e como a umidade. E domina o f,!me o CUidado dchbu,)ÕQ..d.. lau r uma obra de arte requmtada ; t mt cnção do a utor que o filme se apresente como um obj etc qu e Imediatamen te se enquadra numa cul!ura de bom gôstc , numa cultura de luxo. O mumo fenô meno se dã com Humberto MlJuro (David

e

:--Jeves ). ltlme muito bonito. cm que o homem forte c lu tador cede o luga r ao velho senhor cansado que t hO Je Ma uro. Neves apresenta Mauro lilm ando delicada mente passares. e adore. para descrevê-lo. a mesma delicadeza a que recorre o \'dho c.nUJU para filmar seus pissaro,. Desp ren de.se dbse filme elegante uma impressão de linal. de cansal'; O de colll)ll trlsta a. Gua rda·se a muma impr~o de uma curta efrapel::! qu e aborda um .usunlO comptelammte difuente : l/mveN d~de em Crise. IilUle stllli.amadC'l· de R".r..Ito Ta ~ê 6~ s60rc a g- revo: eMud",ntil ca Umvtrs!dade ce 5.30 Pae lo em 1%5 . ~ss e 11:::-(. pcecc rio-:cll:tr.tr;o. cce .:I mt1l to de ~rr(' sentar iol.:lgrafl.lb cia ocup~ l';io po~ci!'ll da Universidade. .t cer, ta mmtc a tt a gora o c nree filme brasileit.Q que teve .,usa coragem. Mas os est uda ntes são retlatados co o api(lcos. corpos relando' . un i os entre as pernas. gestos hesita ntes; cabelos de mOças. ora dores que nlo do ouvidos, uma d ma ra de mOVI ' mento, ln.eguros. 0.1 plano. longos que sempre se repetem numa montagUl. $Jnf~nlea .ugettm a apatia de um grupo de ~ duOl PJr«:e. .em rumo. e o rea Uzador do filme OItl • a Ueo em l)ora ang ustiado, d iante dessa ~~m~..~o ~ imo li filme .eg ulnte de Tapa j6s. ti ( p. aparentemente discutir o i:I vcs' e ~s para o. candida tos. ta num tlhia cm t~rao d. medioai· DI ~. tetratot" lmpressio. na bordagtm dos ~ e.all:lente a fi mm C e)elJan tu,

e a mesma mwncoli.a ; t Lima &rnto Ov.lk> BrUlaD." l . que se lúnita a uma t'VOluçlo de um Rk> de Iaadro Illkto de Itcclc e pereee esqu ecer que. se: üma Barre!o foi. um ~e ::: doente e re jeitado pd. sociedade. tambC:I foi '1= graQÓe escrrtor: He itor dos Pr.:Jzeru. em q ue Ant6nlO Carlot Fo:r::.·ou ~ •. sem peeeepuvea intenl';OO polt nllcu. omIte H eitor dos Pra, aeres pintando; Rubem Bl8iora . cm ,'vIano Grubcr. aprutnta como uma \·ald.de humana as preocup.1l';õts SOClall do p r ace e sua tentati vlI de fund ir erte. dem6nios pessoall f"1d \.I sccel: D janira c Parati ( P ed ro Rova l ) t o elogio de um nce passado desaparecido e a saudade _que fica. De todos h ns filmes. cu jos autores são em maioria jovens qu e r"!tal:'! seu primeiro curta-metragem , c que eãc inspirados em persona li. dades da cultura brasíle.ra ou em momentos dor. histOria do Brasil, emanam a mesma passi\idade. mflml a melanco lLa. quase gOsto de renúncia . Talvez a pergunta seja violenta. mas ela imp6t.se: Serl isso o prenuncio de u m clOec a f.l$ci5UI 1 Uma ouU:. tendfnda qu e perece dehneer-se t inh:ü:a· mente ")na!s est~Ulant e e poduia ser qua lificad.. de re.allsClo fantbtico ou .. callsmo peêuee revolud onirio conf _lIIe a expremo de G aubu Rocha . q ue. ma i ~ um. VtI e It:lIl1 uma vea em funl';3o de seus prtpnos fllm.es. aponta o C.llll.i.nho. Q ue rtr f,lme!'. q;J:O: tltil(J~. que mo ~0.3 d e up reuio " lrlto t1 essa s uês pl'lla w asl ~J~(\ t po.s:.ln! Wl bl·1o ao.Y.II . UlUa cena ideoJ~ia e uo certe programll de açãc frilcassaram . e perma· necem e agravam·se os prcbleams que o mo "aram. 'tSS


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da, a mUSica de VJ /a-l,6bos. o g05[O .pela v iolt.nd~ e o grandiloquenre, IA esrio no caminho do f~tás uco . Mas pren(mcios dl:5aa tendi nda podtm' su adivinhados I:m outros filml:s. principalmente no gOsto pl:Jo espet6culo, ou melhor, quando os cineastas se valem do espetáculo ospropó sito ou para tensivo para salientar mais di~ta"ciar os espectadores das perlOnagens e das snuaç ões . Um dos filmes que mais deUberada lIle.Dte recorreram a t sse processo é Sol S6bre a L4iii.:i, de A lu · V lany.' ~ma serre de recursos artificiais fa: com que o espectador assista nl0 à estória qUI: conta o filme. mas sim a um espet",culo basead o nesse estOrla. Por exemplo: a primeira imagem do film e mosrra coquciros num estilo intenn edlllrJo entre a folhi· nha de I:mpOrio e a fotografia de filmes comucials de propa. ganda, e se choca com a seqGlncJa seguinte, ortificia/mente iluminada de verm d ho: cOres berrantes, sobretudo o vereielho, dominari o todo o fUmc , em que epereeeeêc também ccntrastanres trechos cm prêtc e brancol a movimentaçi o da elmara. em sua Jncans!lvd ginástiCA de carrinhos, panorAmicas, l <.lOm. deverA eleva r os gritos, as correria., os movimentos de /JIusa a I/e nlveJ êplco: as talhas douradas da Igreja de Sãc Frencsco serão acompanhada~ por rJtmos de origem i:tCticana, enquanto qu e o allM de-ij.::ado 3 deuses afro·crlstios terA. umll musica sac ra '"erudita. essa ttnrJva de espdAculo, porém, reSU:tOLl nUQ U1alabarJ5Lllo porque a fonna ficou exeerrcr. não penetrando o tratamento dado 's sgen.s nem a estrutura de. situaçOts. Mas ai estA, &em dúvi ,um doe momentos dbR espctáculo cinematogrifico tend te ao fantA stk o que !O cinema brasJldro procura. Mais recentemente, CarIo. Diegucs alcança melhOles re.ultados, nuse aentido, com A Gr4llde Cidade (1966 ). Para eonw "as aventuras e desventuras de Luzia: e ' .eus tris gos tb~ados,de longe':" f:le tran.(ormou o RIo de Janeiro DUm .Ieó. P.ctloiiig e IltuaçOet: tlm o ~u.ematismo e o ele _ cü1li enluta eltralUJcada. , C01'aCi( ou quaII 1xa õ30 quue caricaturai diversos tipl» de ao Iãiigra.nte nordestino na grude dClade. J8Ilo JJii' ;.que tran)j)Óttóu Pf!.!Ii a ísse-giCâiQ, ~ ()9


.eu.



Lu:.!. (Anecy Rocha) ama o m.1an~ro, t c~ p: c 9a d. flUIU huullia ria c morre numa quarta. feira de clO:.a, . A quana ... ' puson. gcm é Calunga(Ant6nlo Pitanga). chave do filme. Seu papel t o de um meneur de J~. eepecíe de mestre de JOgo: orienta as personageM, arma sttuações c comenta a 8çl0, mu scm participar dtrctamcntc dela. scm li9ar~se a coisa alguma. permanecendo num plano superlot, colocando-se n uma posição marginal cm fclaçlo à 80;10, embora ele próprio imigrante nordestino. ApAs.. ter feito as honras da ejdade para os eepectadores. ele é o cicerone de Luzia t serve sobretudo de pombo correio entre a mOça e Jasio. T udo isso é fri to numa fantasia cortog:'flc.: pulos e risos: é a maneira de ele apcderas-se da cidade. Nesse mestre de J6go. deve-se certamen te ver uma meta· morfose daquela personagem a que II me referi: o marinheiro de A Grande Feira. por exemp lo. A quela personagem.pind u. lo não t mals possível. e o mestre de JOgo é uma _maneira de preservar o marginalis mo, a nl ()#lnsu çlo na ação do filme. . E m realidade.' poderemos, num ou noutro ftIme secundari,o; vUifica ~ pumanincia dessa p ersonagem oscilanto!: entre dois pólos e mcapa% d e CSC(jlher ; e que passa incólume pela dção do filme. Só\<Jue ela se encon tra num to tal estado de d egredatio. T al :~ mo a moeln"-, (A rdck M al vil ) de E~~ 1l Ga rir.ha .t M inha ( Ieee V aladlo. 196&) : tee dc Sido sorlun a pau partkfpar, no mesmo horido, de dois p f(lg ~ama.i de TV ~Jvais, um de bossa neva, ou tro de ii -Ii -ii, ela nl o consegue escolher, foge, mas de repente nlo tem mais de escolher, pois. para aquela noite, os dois programas fundiram.ae num 50 e as estrofes da cançlo. eerâc cantadas alternadamente em esdlc bossa nova e ii-it...fi. A conc.lllaçlo satisfaz a gugos e troianos. O u, eatãc. Ponciano ( Alberto Ruschd ) em Riacho de S angue ( F ernando de 'Barros.',1966) : assume no in.Ido do filme uma poslçlo de JustiCeiro ao defender camponesa aEacados pelos capangu do ccrcael: liga.se a duas lIlulheres : a filha do coronel e uma enúgia camponesa. -Arma_se um confli to enrre o
,

.

127

c nna. Poncenc é uma p~nonagem decrépna e ridlcula que. erebcra centro de uma .tão. fica totalmente pa u lva e redunda .. um papel palavroso . Deixando de lado a caeêncta de Hnagm . çi o com q ue foram tratados ta nto a ga tinha como Ponciano. ocorre que essa personagem. que em 1958-60 abria perspectiva para o cinema brasileiro, esta cm 1966 esgotada. decadente : nada mais tem a oferecer ; deve SCf superada. Justamente um dos meios, de superá-le, sem q ue se percam. e ao contrário~ '·s t enriqueçam algumas de suas earecrerrsr tccs. sem dúvida o mest re de j6go. Luís Carlos Maetel sentiu O mterêsse dessa persona gem. pois é esse o papel que deu ao cronista social ( h alo Rcssi] de Society em Bahy.Dofl. que ficou convencional t medíocre. miiU jA começava a dar uma nova versão do marginal no cme ma hr.l5lleiro. Carlos D ieguc:s deu iii personagem uma outra dImensão quando esta por descuido. transmite" mOça um recado do malandro. dianle de uma terceea pessoa. a qual. Invclu nt ênamen te, veiculará o recado. poSSibilitando assim à pelIeia loca lizar [asâc. Calunga qu e, sem querer . entrega [aeâo ~ policia : nem como correio ele serve. Isso se dá no capItulo do fjlme que tem por titulo predsamente o nome da personegeDI. Nâ c sem umll certe brutelídede. Carlos Diegues tira Celun9 ' de seu fácil papd de mestre de jõ go e o compromete: Nilo é passivei ficar .\ ma rgem dos\acCllltecinlentos: queiramos ou nêe . eaeamos envolvidos . M as Calun ga logo se recupera e. após um momento de desvario coreOiJráfico. mima II aç âo do filme e. principa lmenle, a morte de Jasão por que é responsável O qu e enriquece mais ainda o margina lismo e o fra casso de Ca lunga é o pano de fun do s6bre qu e se desenvolve sua Vld o reêdo. A insta bilidade. a insegurança desses persone gens geram um estado permanente de mêdc. Luzia. rôda pe netrada JPOr um mldo que nio arrefece seu deseje de viver. ~er nta a tOd05 se tambtm nio têm mêdc , como que para se li i:I ~!Iue ni6 tltá ela ,próprJa num estado anormal. E Gilu a es~);àe ue f: assim mesmo. que o mêdc t o.umente natural ent uaJ se víve, que sem mêdo nfil) hà CI Ja t ã ~ .. l0vialidade do lilme. t E)J uq: :;t9..1llO uma das componentes é

e

,

do às pusoas que enconua na rua S6bre SUcIO Vida. e chega iii concl uslo de que pouCOl segundos diários sobram
1m

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~",o;O[v,'Velmente a: Oleguu uma ml'lleír ~nWia \ d\lQ:Dte U" itlmagaa. usai ag se formavam diante da cAma li mag

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quando os canhOes vão entrar em funcionamento. um d e 'h tlsta descobre um gls que tem por efeit o to rnar os gastado. amive15 c amautu do trabalho. Gaseam-sc os monstros, a sltuaçAo volta ' normalidade. c: o prod uto ma ravilhoso t usa . do cm ImbiCo nacional.

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~

Mas, por enquanto. ainda não existem film es repeesentantes desta te.ndtnda. e t Isso prc vêvelmerue o q ue motivou o grande sucesso obtido por A M eia-N oite LCII/J.tc/ Tua A /mI! HOJé MojJia Marins, 1965) entre int electuais, principal _ -mente cineastas, e o grand e püblrcc. Zé do Caldo é um revoltado cujo principal relacionamento com o mundo é o sadismo. e um revoltado raivoso c primArio, que bebe a p inga d~ uma macumba e come vorazmente uma coxa de galinha d.lante de u,ma peccreeêc numa sexta-feira san ta . M ojica é um CUl~asta

primitivo (no sentido em que se fala em pintor pnmitiVO), que se entregA Inteiramente: seu fi lme t um jato de líberre çâc. Suas frustrações (lamenta nl o ter filhos per to de uma estátua represmtando um mulher nua ) e seu sadis_ ~o (por jogo. corta dob dedos de um CAra com uma garra fa ~l1ebrada 'llllnl{em o paroxismo. QUAndo ze do Caixão deixa e lua:c.tu uua\. relaçou coo o mundo, fOrça~ scpencres apoderam-se de s~ alma, nA mai(\! aluol\oçii.o da ptrsotlagel1:. •

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. I -L contei1do eeve formas · antigas se era pcssrve [tentar com d llblico jli aceitas e: compr eendid", pelo 9'18 1:1 cP . . ... ente colocada em ttrmoS exA questão loi freqOUllelD I ue Deus e o clusivos de linguagem. Drsse-ae por exem~ore~o de extraceDlsbo 'UI Terra 110 Sol tinha um lema e ~m '< b d din1rla fOrça . prejudiCada por um~,!iAgua~ J~ cl~ Dio rc.spon~ ham • I j ca. 5 e o pu'bllco . _ ._ .., ~ ao nAar estava pr__arada nem.a btasilc:iro. sen.a porque a p.. !u.ca O" • I -', d {alca "de maiof-vabarllo mte ec:tua c e L. I .. par. tece.....• o . por da " NA cebla que hlt formaçlo csttlica mais apura . o se PU " d fenômeno não passava de uma conseqütncla e uma s tuaç o mais ampla. Valorizaram-se:, enfi o. fJImes como SUl/a. de C acoyannis. por ser um melodrama popula resco que fuia epêlc 1 canção sentimental c a situações lac:lmogtneas. mas ~ue transmitia, atra\'~s dessa forma novelesca, uma forte aspira· ção .. "herdade. Pensava-se na chanchada. Certo. a chanchada er~ o que de mais odioso se pudesse imaginar em m a t~rIa de baixa exploração do püblteo: tinha. porém. público, e continua rende. O scarnc Grallde O telo e ela. faziam nos dnemas, e agora na TV ~s delídas de um grande públlco elasse m~dia . Certo, Mazu; opi tem uma v:t.$Jo reacionáda do caipira pauli!ta, mas são seus fiicles que o público pllalista vaí assisti!. E propull.!:.


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ml:dia que em sua esmagadora maioria quer Igno ra r lua situaçJ~. nem O povo fouem seduzidos pelo cinema qu e se vi· .nba fa:endo e que se vem fazendo. ';I. . Não quero Justificar. com uma explica ção dessa ordem. as dificuldades de dll tribu lçlo e exibiçlo enconteades p elo ctnema brasileiro: qualquer filme. Inclusive sem qualquer repercuesãc pública. desde que uplo re normalmente o mercado cinematogriflco brasileiro. poderia cobrir sua~ .despe~s. T~~ davla. a c.islo entre dnema e público nio faCIlita a dlsw bLl I· çio comercial, pois imped e qu e os filmes braSIleIros possam ser considerados como produtos de consumo. O surgimento de um A ntOn!o das M ortes mostra qu e o cínema brasileiro esti alcançando a meta da fase qu e atraves sa: a problemitica da classe m~dia: e. pa ralelam en te. nu m mesmo movimento e esfOrço. encontra cada vez mais formas adequadas a sua uprus.\o. Mas. att agora. o problema foi catar formas. Com e u c«;lo de alguns cineastas que esco, lheram suas formas no repen êrte do "cinema d o tal chamado de universal" (parodiando MArio de Andrade ) . as formas só pod l.Ilm ser po~laru : a dane ml:dia progressista quer msc rn-se na perspectiva popular r. o dnema quer dirigir-se ao povo. O Nordeste fo~eceu algumas deua,~ Icrmes : tem um.. tradiçlo musical e lJte"rla que não podiA deixar de se.- eprove'itadll. O ti."l.ema nur.Cd chegou a fa:el un. I ecoo 8:>5 ,\ erre. Cabra M lI.rcado P.ua Morrer. el:'. que um poete erudlro. Ferreira Guller. aba ndonando a linha ccncrensta, adora .megralmente (ou plagia) um a forma de literatura de cordel para comunicar um cont eúdo de renovação social. Mas o patrjmó ~ níc nordestino foi bastante aproveitado. e: o p rolongamento de uma atitude que tem mais de quarenta anos. Màrio de An4 drade ii qu eria. Km qualquu Intranslgl nda. que" música brasileira encontrasse propositadamente suas (ormas no pcpulArio e a música erudita de Vtlle-Lôbcs deve muito ao Icl-

clcee. O cantor popular passa a ser figur a de qestaque em e lgun s Ellm.u: versifica e vende: a est6ria de ZI:.\!.o Burro. Rosa e Bonitão em O Pagador d e: P rornu sas. o próprio Cufc.a de Santo Amaro que introduz e: encerra a est6ria de A Gr1ln~ de Feira. dando ao earêdc um. tom de narrativa popular: al11s

e

deeejeva-se que as pusonagf:D.S do filme tivessem al go de eatilizado que lembrasse: ~ a simplicidade ps icológica dos he róis

,

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d. littra tu ra d e cordel. t para O filme se ftz um. fol~et o pu blicitário em verso. respei ta ndo em tudo os tradicionais folhelOS nor dest inos. A lIlum Carnflval. de- Pór!o da~ !l/X,H:· Ca,ro~ Li ra. Gimt:", e epis6dios de Cinco Ve:l's ..';:; ~'e.tJ . ~ espetáculo popl:ilsla Opi"iáo S<1~a o c,"lIment~~ : _ cmenl:' nôvo ajudou muito a musi ca p o~ula r brasileira . Na da mlllS a bossa"nova tem natura l se. con orme J. Ramos I·nh ~ ão , ' " uma"orlgtm similar ' do cinema : a bossa nova nasce como 'decorr!ncla do fenómeno de entusJasmo que levou a classe ~" a procurar nos morros a lonte da vitalJd.ade d.e .~ ~a cultu e nl o encontra exemplo em seu pr6prlo melO . ~ IJ e a ~taçjo de que um fil me ê popular por ser ffi~~tJIi ptQgJtJlI,U que dizem respeito ao povo. de qu e :va f~ popúlM'cs. e a conclusão de que .t le, ê fttiiíado.. . compreendido por um pub lJco 16' e • conElaio 'multo gtllnde se este . Uii t&mo de D s e o D iabo. Iii. os ai iUfJc.ados: ? .fl1a:.e ~Jj ~ue büncu : ente ~uli ". rque seu

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tema. o fana tl.lmo. "ê produto do povo do Nordu te numll fase de subdesenvolvimento": ê popular "porque estA inXIlto na perspecuve do püblico popular"; porque SUl Utrutura ê desehenante c t "utruturado cm lunção de Unta p\"t4'il pcpular" ; é popular porque o cin~.sta "vai busC
,

"A quela frase do D eputado Eveldo Pia~, de que o ernema brasileiro Dio t mais uma euvrdede dlvoroada das demais atlvidades cultu rais de nível mais alto do pais. ti uma verdade absoluta. A n im. o C Jnema N e ve conseguiu transfo'i:... mar o cJnema brufldro. ou melhor. deu ao cin em taslleiro tua ca tegoria de manifeslaçi o. de exprt'$,,'qIc. a e no cu

-







ea". di: :-.'Hsoll Pereira dos 5..nl05;" e Paulo~ Ct~f~~rll cen l t ainda mais claro: o'A lig. çio dos cJnu.stas ~co~....Cj,\,.;,.rpman. cisUls. longe de tornar o cinemallruArJO. a C.l ~J(.co~ todo ca mpin o de inferioridade que o dilema tinh.irt~!! com

.

outras artes " . "

)tluq .

'

1.•1

Apeja -se para Ccaeiliano Ra mos. G uimllrã es Rosa, Jorge AII:lado. Cados Drummond. Jorge Andrade. José ~'Lln s ,do Rtgo. Cabe ressalta r que se vhes a adaptação de obra literária não passa do aproveitamento de um titulo con be~ do do publico ou de um enrêdc iA pron:o: fr,cqUenttmcntc. dJrct~res c rOteiristas entram num verdad eiro diAlogo com o tex to nre ráno. J:: o que se dá com Vidu Sicas. A '!ora e Vez d e. A~ . gusto M a /raga. Menino de E ngcnho, que sao o bras d e cnaçso cincmlltogr.llflca baseada numa realidade concreta e n u~a eeeIldade Jiterâria. Nesses casos, não hA qualquer empcbrecímenrc do trabalho Clne:llatogrA!iCO. Outrossim, o aparecimento quase que simul tAnc:o de Vidas Sicu e D eus e o Diabo na Terra do Sol deixou bem claro o entrosamento do dnema com o melho r de nossa cultura. f atos culturais, tsses filmes o sio porque suas estruturas re flet em estruturas da sotiedade brasijcirD , e porqu e não são cópia! da realidade: l'eu rulismo provêm de UIII ;\ inteira reelAboração cW realidade, 6bvia em Deu s e o Diabo, que ! e cclcce num plano quase al egórico. 1III\S r.30 menoa senslveJ. embola mai" dlsCltta. cm Vidas Stcas. A inda sabor documentAque a fita ten ha um aspecto e inclusive rio. nada nela e documentArio, Por ou o la do. essas fitas opõem-se fron talmente. O ascetismo. o rJg r clAssico de Vidas ~iG, . conuasta com a exubcrlncia; h..rr6<::a de Deus e o Di"'" bO e Se .relaciOna com . obra de Guimarães Rosa.1:lcus e o DiaJió í l44e a uma linha cultural em que enccntremcs Os ert de Euclides da Cunha. Seara V e(melh. de Jorge lli 7ii"~'io (Deus c o Diabo exprime multo mais - e ultr3passa o livr de orge Amado do qu~ o filme baseado no romance caM I r ug~inu di: Rui Facó, cuja' tese se • eJ' iliii a II d.e Vm••L6bos. mas t com ifãiiiIã QU ta aliAJdadu. Com o Gcr-

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marães. Glaubc:r Rocha parte de um material selecionado nil tradiçlo popular e reelabora cm materia erudita. f81 do sertão ... o mundo. coloca sua personagem principal entre dois pólos antag6nlcos; poder.se.fam atI: perceber afinidades entre o uso da elipse narrativa em G rsnde Sertã,,): Ven'da s e em Deus ,. o Diabo, assUn como certas semelhanças hlerArias entre os dJAlogos do filme e o estilo de G uima rães Rosa. Se e verdade que, na literatura. o ascetrsec de Graciliano Ramos e o barroco de Guimarães Rosa represent am dois pólos ce rectensucoa da cultura brasileira. Vidu Sl:cas e Deus e o Diabo deram ao cinema as feiçOes principais da cultura que a bur gueSia brasileira elaborou. Se o cinema brasileirQ tivesse aspira do d ser de Iate popular. essa vontade de erguer-se ao "nível mais alto" de qu e fala Nelson Pereira dos Santos entraria em con tra dição com a outra aspi ração. E ssa categoria. essas outra s artes, são tt cultu ra oEicial. amp lamente aceita pela bu rguesia. Tal cultltra . embora Ireq üentemente de inspiração popula r. e Justa mente de. uso pnvado da burgucsia. e a cultura d e boa qualidade para o con sumo de. elite da classe m~dia . e o povo encontra-se fora do ctreunc em... que circu la . O cíneraa brll~i!eiro teve e tem a Intenção de tl\m.:r.r-se nobre. E, ma is um... vee . enccntr1t":!o! o CillCtll:\ br1l31leit\J oscil.ndc ect..
séc de uma ccleuvídade. Antônio das M ortes tem sõbr e parte da sodedade brasllelrn um efeito de catarse que um F lr mino não conseguia ter. ESS3 catarse tndepe nde d e posições ideológicas: tanto um Alex Viany como um Moniz Via na reco nhecem em An t6nlo uma peuonagem fundamental. O mesmo processo de ud imentil ção p roduz-se simultAneame nte em rdação à forma. Inicialmente. falava -se em procurar racionalmente uma forma para, .~... CÍn"ema brasileiro. Hoje. o cinema. independe ntemente das ooras individuais de cada díretor. apresen ta form as que não res ulta m apenas de uma procura deliberada. m MI qu e JA sAio frulM d e um trabalho coletivo dos

cineastas que expressa parte da sociedade brasileira.

D IALo GO E F OTOGRAfIA

Vidas SéClIS, Sendo prãucernente mudo, o problema tt cnlco t menor e. lJs veees. não importa que não se entendam têd as palavras. antes pelo contrêrío. como ocorre nos dOb m ~~ Jogos su perpos tos de Sinhã V .:6ria e de Fabiano. Mas on soluç30 tamlH:rn t realista e esreuca: o sertanejo laia pou~s.r. a rartfllç.llo da comunicação verbal corresponde ao nível pne e ' m• ne em que vivem essas personagens condicionadas pelo essencia l. Outra solução rica e original. de cunho CXPftu ivo e est éucc. t a apresen ta da por ~cus e o Diabo. em qlJl:' se conjugam. po r um Jado. a IaconlClda de da introduc;ão (.nt e~ do Inicio da revolta ) e a existente. durante todo o filme entr e Manuel e Rosa. e . por ou tro la do. o delírio verbal eerrespee; den te ii a limaçlo ( M an uel so nha ndo com um futu ro feh: as declama ções do beato e d o ca ngaceiro) e o cante que acompa n ha e co menta a aç Ao. O cinema-verdade. grava ndo entre. vistas, respeitando a expressão, o vecabuláne, o n tmo da f. l. cotidiana. serll um grande auxilio para a conquista de um dll . ' o. A abundlnda de diálogo em O D esafio ,1 lugo brasile~ revela a a qu ição de uma fala espontâ nea. para o que contr ibuiu o eme e-verdade : t um fenômeno estencc que express..l uma reehdede ~ocia l ' Outro especte dessa busca de urna fo rma b;as llel.r", c a fotografia. Os fot6eufos c i] ull1ir.ac!?res da V er<'l Cru1, CI . _ ura~ um c.iaro-ucuro rebuscado. uma IoJ: tra balhada pelo rebatedor, pelo rel letoe e pelos f:lt ros, Era a unlca u colil. de fotogralia do Brtisil e ecnnnua tendo seus adeptos. nu m Walter Hugo Khouri ou num FJa'wto T am bellini. Embora nio se possa rejeita r ststemancamente asse tipo de foto gra fia. deve-se reconhecer que não está ap to a expressar a luz br&Sl_ lelrl. O C~ "g.ceiro. produção d a Vera Cru%., fotograf&da por Chíck Fc wle, obtem efeitos de lu: que nada t!m a ver com a luz qU I: en\'Olvi.3 os cangaceiros Du ran te as ftlma gens ge BarrIt L·rnt o. Glaube r Recha b~iga com T o ni Ra batonl e, d li a lenda : hega a j('lga r no mar os tntru mentos de escc .... luz. POIS a luz bra~ ileira não é esculpida. não valoriza. 01 ob/etos. nem as côres: ela acha ra, queIma. A procura dessa luz ua tanto mais imperiosa porque o ambiente corrente @ dnema era o Nordeste e a esmagadora percc:ntllg V1 da ii. magens se rula 00 ar livre. Mas niio se trata de reproduzir fielmente I ao ê precise uma elaboração que chegue a u ln rP r

lu: . vale di~ c:

• •

um. inttrpretaçJ.odo ~oau:ZI?: . ace: OfUSCAnlC. obtida ~ Josi Rosa c Lu1S C:rlo ~".J>ara Vidas StC4$. foi um vcrdldciro manJfut& d8: f 6 ~ bt•. sdeito. Valdemar Lima quallfiu de .wzcf.r.:- ra '.~ lu.: ~~ con~t. guiu pata DnJ s o Diabo. Eua luz du.:. C? h r,MI çoÍli:btanco achatado c mat e: a fologralia brasileira t queÍln.aa'JjupertX~ pos ta. esbranquiçad.. E. se: houver nuvens nO 'ctuif'quc: sejam ~ c:JjmiIlad ll~ da.,.f0c og!:.!!.ia. .s ~ guerra aos Jahorató.z:los, para os q u,,"ú 05 ma tites nunca sâo s ufldentes pata o bom -rencme de: SCU$ estabelecimentos. .s cssa lu: que: esma ga Manuel carregando sua pedra I lll D eus c: o Diabo. qu e: umaga Fa biano. a lu: de Guimllf.ics Rosa : "A luz assa ssinava demais"." Não t apenas no , c:: 13.0 que .. fotografia t branca : a luz de: Pórto das C.ixa.f (fot6grafo: MArio Ca rn eiro ) tambtm é ti

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inóspita. Q ualquer sombreado. aclnzentado. quaisquer mati_ zes. representam uma pausa. um aUvio. Como serA a fotografia dos fi lmes urbanO". d o sei. A luz suburba na de A Falecida t de um cinza pobre e deslavado. tio monótono quanto a vida das personagens e. nas ruas do Rio. t aua e esmaga. A IctografUi esbr3.nquiçada do t totalmente nova no dnema brasiJeiro : Ed gar Brasil JAprocurava, pAta as lHmes de H umber· to Ma uro e Mário P..Jtc.to. o branco. Mas era um branco ma_ tizad.:J. Jenesc c brilhante 'jUC não tinho. a agre5::1Jvidadr. do beanro de hoje. asse branco o.grus.Jvo nãe t propriedade do BrasU: vamos encontra-lo nas paisagens rochosas e semlde:t&tícas da Grécia de Electra (C.co~nnis ) e da Slcllla de SIJ"atore Giuliano (Prancesco RosI) . \

••

cinema brulleiro nlo slo integ radas na sociedade. Os Fabia. nos. os Manutlt. slo por ela explorados e rejeitados. e o .. homem abandonado,'e seu '.mbient e 'nlo t uma constnJção de alvenaria. mas sim 'a j própria natureza. Ac.rescente_se a isso que as cenogra fias feitas em estúdio. • ltm de em geral serem de mAl q ua lidade . ~nâ o" satisfazem •• exJgtncias de realismo e calram em descrtdito quase no mundo mt eírc: que filmar em exterior ou em a mbien tes natura" t multo mais barato. e êsse loi um Iatcr determinante. Deve-se acres centar qce-es filmagens em exte rior slio. desde os anos 20. uma tradi~.io do cio ntIlla brasileiro. o que se deve a obst!culos ttcnicos e eecnemicos. mas ta mbtm a Intenções expressivas. H umberto Ma uro conta as dificuldades de lIuminaçlio que tinha ao lilmar em íntenores, mas não es conde sua paixã o pela natureza . Os íe . tõres económicos e têcníccs n!o teriam sido sufi cientes se Hlmar em exterior nlo correspondesse a uma necess idade de expressão. 15$0 t tão verdade que os film es a mbientados no Nordeste (a vida rural também justifica o ex ter ior ) e em favelas sio O! que ttm a mais alta percentagem de ex teriores ' /A o, filmes .qilN~Il.zam a classe mtdta na cldade sio obriga_ do~ a recorret malS1aos tntenoees. Nos film e! rurai! . a casa. o interio.r. t um lugat\p rivi}eglado. o lugar que ju.stífica \Oma Io. tografl.a sombreada. ·COmo q ue úmida ea: relação 1 [otogu fi. l'Igru.s:va:ntnte nranca. A vida of Aaniza -5e em ""idaJ S~ c"'s a parti r do mOmenlo cm q~e Fabiano encontrou uma casa : sem asa. a ~Jda t a nda nça. Fora vivem os cangaceIros. fora ano dam os imigrantes . Mas qu em valoriza ao máximo as relaçõe s Intenor-ext e, rior .t Gleuber Rocha . Em B8tta Vento e D tu s t o D iabo. o ambiente dos homens t a nat ureza. mar ou caa tiriga . O inrerior. raro. torna-se assim um lugar excepcional. Em Barra vtnto t o lugar do inUmano. Os únicos Jntuioru slo as cenas de macumba e o velório dirigido pelo Mutre Ji desacreditado. e: o lugar da magia. da rdiglio. daquilo que entrava a liberdade e a rulo do homem . J! em DeuJ e o Diabo. o uso do interior t um pouco mais complexo. Antes da revolta de Manuel o lnterJor t um lugar humano. mais humano que o exterior : Manuel e Rosa moem a mandJoca e acnham com uma vida melhor. Depois da revolta. o interior ('palaS tefs cenas) t o lugar do climax: a maJor violtada do beato (o a.....in.to da crian_ ça na capela) c do 'c&ngacctro (o saque da fa:lenda ) utoura

csn lugares fechados. g em lugar fechado que nos t apresentado Antôn io das M ortes. A personag em de Gteubee Rocha vtve seu dra ma na solidão de um descampado. seja o mar. se a o s enão. S Firm lno contra o céu. t Corisco filmado em cAma ra al ta girando sôbre a terra. t Sebllstíio dominando o . ente Santo. Os pesc adores de Bsrreoenro vivem quase nus. até a manifestação sodal da vestimenta foi eliminada (só Firlnlno. que vem d. cidade. t inleiramente vestido) e hfl entre êles e a natu reza uma espéci e d e csmcse. que o p róprio tit ulo do filme sugea. pois se rein e ta nto a um Ienõmenc socia l Q an te natu ral. Longos planos d e ma r pontuam a ação da per:1ilgem que esta freqú enl emer.H: como qu e ameaçada de diI r-se num lirismo pantelsla. Inupua da mentc. a natu reza toro na-se " jo.!enta e pa rece respo nder a Firmino quando êste fa: a macu mba. e : allga -se no suicldio de Cota, ap6s o desvirgina::JIIenlO de Aruã ; o mar mima a na rração da vel ha contando ma Ira de Ier.la nJa. A natureza t quase persona liza da e náo d eixa de intervir q uando julga neceseánc. Ê menos participa nte em. Deus e o Diabo. remando-se simplesmente palco do ci ra::la. {Z ~ aMlm mesmo uma tempes t.de não deUa d e le'0\:" r-se « u. nc o AntOnio das Mortes decide eXlero:inar os fal:'liti.:cs, 1'\0 lJlCl e tcdcs o ~ elementos r,aturais sáo al !a l..' e~­ te va i taa dcs a terra. a ':"!getolção~ l!Is pedrds, a luz , a am pla t'a1J.:lgem dO::l inada pelo Mente SantQ.·o vento que se :ni ~ t l.ira ii ::lUsica de Vtlla-Lõbes. tdurismo, ena vontade de abercat o drama dos homens e da natureu, encontra-se em todos os nfv s da obra de Glauber Rocha : a ação t realista e ale' ' '''a" ó ca: musica erudita mistura-se à popular: as personagens :ExPo r m.--.k.pe a Ula e pelo eamc. pelo gesto e peja dança . ul:l. que ji era seasível a1 BarrllVento (a gesticu lação e nt6 Elt"ang chega ls vezes à coreografia) torna-se J9&a um.ll fntegra o de ódas as artes para a :iií~a e um espet culo: tp coo vontade totalizadora r o I slca m oi' movimentos circulares. r rIps. 9.:uer seja que ai Rtf na tils em • Glau-

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Outra carac terlstica formal que se repele no <;i nem. bu,sllelro t a austncJa de conclusio. o lrlm e que acaba S6bre uma expectativa, O filme a presenta problemas que ultrõll pa Ullm as personagens e atingem tóda a SOCIedade. As person'gen.& nio resolvem e não podem resolve r tais problemas; logo. o film e coioca em conclusão: Que vai ser dessa gente? Os problema, serão resolvidos ou nio? T al atitude de indagação tambtm se lig. ao fato de que os filmes em geral ap resenta m os preble as populares aos dirigentes e não espetam do povo. toluçio. A 8çio de A Grande F~irD. completa-se e se a hlme fica em aberto t graças .0 comentaria do cantador: a grõllnde rd lõll continua; o mesma ocorre com Sol Sóbre " L.ma : ·' Mas a luta continu.... di : Valente. Recurso às vhes usado t o primeiro pla no final: Q ual sc ~a o futuro do menino favelado cujo reste é ue ponto de iaterrogação no fi~de Meninos do Tktt1 Q ue reserve a ....da a T Onio no fim e Bahia de Todos os Sanros? Recurso mais forte t a Ida. a ma rcha. a corrida. P ara onc!d Pata UI%l Ie turo ou um lugar d uconhecido onde poderão ser resclvíd os prcblemas, ou pa Uli viver e Xllta mente os mtli:no: Frobi~m.!1 a Cluchõll fh.al do~ C"'1Upo!:.escs t:::1 MaioriõJ Ab~olut= .
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bota o menino de ell.}jcnho: do [rem jA em movjJDento. um liltlmo olhar sõbee o Sal la ROM agoniundo t o prelúdIo de um futuro desconhecido. Marcelo resolver" lUas contradlçats7 A marcha final de O Dcs.fio leva a petaoo.gem para um futuro euvc ou para a permanenela de um:prc!cnte que esta gna ? As vêees. algur.s planos docum~~i~s ·. desligado. d. açAio .uimilam essa personagem de futUro mcenc a um con-

'"I :

j un to sodaJ : M eninos do Tirtl. S'o Paulo S / A . ou 'as arqul. bancedn r~ Jt t. ' d_!It' estédlo de futebol cm A Falecida.

O que melhor reserve UM tentativa de . lgnlEica r q ue o filme não acabou e que todos os problemas ficam para resolver, l terminar o Wme como se Inldou : t o que FlAvio Rangel Eu em Gimba. ou Geraldo Sarno cm Vir.mundo. que se abre e se encerra com a chegada dos nordestinos . S. Paulo. Ma, o lilmc que mais dA a noç.io de ciclo fechado t V idas Si cas : a UUUlura do film e obedece ao sucedu das estaçOU. acaba como COlIltÇOU: Fabiano e sua famllia. expulsos pela sêce. andando. Fecha-se o circulo e se o fillIle lica em aberto t porque, sobre os ultilIlos planos, se superpOem palavras de u ~ perança de Sinhà VJIÓria. Suá que êsse In.el, tAo care cterrsucc d. ideologia do crnCl:1a brasiJdro. se 7lOdificará A medida que se penetre mais ludcl.1mentl" na problt mJlIIC& da cL.ssc mtdla' Sui.:l audac.iClso deanAi, aflrmar que. se 5Ao Paulo S/A uvesse sidú 1010 há alguns aflos auás, a tra jel6rla de CArlOS ni o se encerra ria o filme msj s com sua volta à cidade. mas que. deixa aberto, se passaria diretamente da SAlda a cidade para os p/.anos documentários finals7 Quanto a Falecida, não só Zulmira morre. como seu marido se seare psicologicamente acabado e t esmagado pelo tumulto da maua ; e tambf:m Matraga morre,

abandonamos a personagem que. de costaS, se af.asta da. cêara parada, e a imobilidade do aparelho comunIca angustla certa tmpotfncla, enquanto que em Gimba, ao acompanhar ' I. e~ carrinho lateraL bastante de perto, o ga rOto que corre,. a cêmare, em sua Imponibllidade de desligar-se dêle. toma msistentemente poslç!o em seu lavor. , ' Mas a personagem principal 010 morre no fina l do Irlm e. os obstAculos encontradOl nJo sio su(ldentes para matar uma personagem que sempre ettCtlntra energias para p~ menos sobreviver. Com a morte de Zi do Burro, O Pagad or de Promessas representa uma excecêc ( exeecac tambtm i o Itnal com uma _ !


10-se

,

"""i' : .

rolam penet rar na Interio r dessas per sonalJen s para di ssecar

suu dU\'ida,. sua consdtncia , suas allenaç6cs. Vemos sem. pre a lIçio dessas ptrsonagens no seio d. eolenvtdede. A fOTle eSfrulura dusas persona gens lhes pouibWIIl serem. de Imedieta identifIcadas como tipos sociais. F a bia no c Manuel coa, densem cm si uma séri e d e ce rec terrsuces pertencentes ii um gra nde conjunto social. Ma nuel não é apenas um vaqueiro ' é uma \i sã o global do nordestino. t uma personagem típica cm qu e o social p re domina sõbre o individual. Glaubcr Rocha é perfeitament e con sciente dêese Ien õmenc quando diz que M..e uel c Ra Ul constitucm um. faml lia normal. com II q ua l os espectadores se IdenlJfJcario fAcilmente. Essa afirmação é conlu t.1vc! apenu porq ue Mar. ud c Rosa não sio uma fam llia tão normal c porque a Iden tificação t mais fãdl com Anten te das M ort es. e t dueJlIve1 que seja assim. T a l a fi rmação seria mais villda para VidlU Sicas. em qu e a fam illa de Fabiano t de f
A sol:de: da p ersonagem no cinema brastleltc, que o diferen Cla nltid.amente cio europeu. em q'irt . a perSC'nage:n se eclIpsa . t a express!o da ideolog ia n adonalista que vigora va qUlndo da re. Unção desses filmes. Não ~O o Brasil precisa transformar·se e desenvolver-se. como terebêm tra nsfor maçã o c duenvolvimento devem resu lr.r da dedsJio d os homens. essa tOn ica ideológica. reaçJo natural n um pais depen dente cujbS centros de declslo se encontram fora de suas fronteira s , !lYJ: lJf;!lta M {chel Debrun ao dizer que, para os Ideôlogos raSJ ' •. esenyolvimento n10 deve su dirigido do exor ii lfutar um projeto da coletlv:ldade ou de seus mt et h kaClOl • t e a noção de projeto "exp ressa bãstan 6 futurJ mo e o 1'01u!}tarumo do nadonalismo ,,!'~'~I er ue a comunldade pode e deve d..r ~ ii o raCI Ci1ii eu latiDo se leul mtmbros

ru ponu veJs assi m resolverem..... l'el1so que b se "oluntaris _ mo foi o suporte mal, 1Ó1ldo da pe rson ag em. a g. ra nlla de sua fOrça . A me voluntarismo, que e uma das factt.' do popullslllo. dev e-se a va lorluçio do ind ivid uo, da per sonagem isolada ( FabIano, M.nuel. embora representantes de um gra nde conjunto soe!.. 1. são p«son.gens só,), e t.mbtm II austncla de massa , o que e pelo menos estranho num cinem. que se quer popular: o ccmtcro. a mamfestação de m.ssa. a ..glomeraçAo de penoas em t6rno de uma idtla poltuca ou de uma açlio conjunta e prAticamente Inex istente : O Pag4dor de Prolllessas (massa que se reuniu em tõ rno de"Zt do Burro e o leva para dentro da Igreja) e Sol Sdbre .. Lam.. (.taqu e .II draga ) são exceções. e e sOzinho que Manuel corre em d ,reçio a sua eventual rtvO luçio a nunciad.. por A nt6n lo das Mort es. E m contraplHtlda, a massa t a pres entada em a glomerações que fa zem parte integrante d a vida socia l e que não tlm matl:es pollticos. motivo pelo qU1l1 encont r..mos com t.manhil fre qutn . «e. no docu ment.llrio e tambem no filme de fIcção. feiras, estaç Oes, estAdll\,s. M as comd, nesse pon to particular, a ideolo gia do nacrcn.Usmo \'oluntlfl ~ ut' d ivr>rciada da rea lid ade. o suporte v!râ a falhlf e a person",em nãl') poJer. d eixar de mooi!ica:· se e de eníraquecer-ae . sso pol um la do. Pe e eatro. se M anul:is foram e U'. e gorll. as pUJ()nagens cen trais dOIl fllmes. fus serão l ubstituldos pelos An tOnios das M ortes. EntAo. personagens se ..Itera rlo forçosamente. porqu e .II unll. terl.!.idade de um Manuel ou de um Fabiano. suceder" a .mblgüida. de, a contrad lçl o, a huitação. a d ificuld.de de escolher C a rlos de S'o Paulo S/A . inda t u ma personagem eeleuve mente Icrte. Mas lU" Jmpossib illdade nio 10 de idulir.r. q uan to ma is de r(.llfrar um projeto _ ImpouibUidade essa que t a nosta - e alt de reconhecer seus problemas e o, da sociedade em que vive e de saber o que deseja. levltll. e bastante provAvel. .. personagens que tenderão a d tlulr-se e, eventualmente, '0 "pIIredmento do lubconsdente. JA temos em A F;;,lcdd" um.. pa. ·,')l'l"gem in teiramente dODrin..da pelo lubconldentc. No meio de um mundo urba no

a.

e



"Nationalisme cl Politlqua du Dheloppemenl 01 lrifOl do IMUI. to

111

8rtsil", 1964

~u e a perSOnagcm nAo entende e não controla. esta tenderA a

aromir.r_sr. E. mais Ereq ü~IHeCl ent e. ai pUJ.Onagens Podulo morrer no Eun dos filmes. T rata -se, t claro, de um. tendencJa pro\'âvel c .s rea Ji:açOes concretu nlo ddxarl o de depender ~s 'liludu '$Sumidas pelo, diretoru diante d. ,itllaç.lo social. Prenuncio dessa previslvel diS$Oluçlo da personagem só. lida. jA o enconu amo,J em Slo P.ulo S/A . nlo em .cados, m., na importlnciA a!sllmida no lilme pelo obJelo, pel.. sitie. pela quantidade, pela Era gmenlaÇl o do roteiro c .pelo retro' pecto. ' Assim. embora "pirando , 'u popular por sua lemltica c p elo publico que desejava a lcançar. o reeenee cinema bra. &ilcito. Llnto o cinema de id ~u como o 'rtuana l c comercial loi popular apen.s n, med;da cm que sr inspirou em proble~ mas c Iceeas popula res, Mas o que fh foi elaborar temAtica lorma que expressam a problemAtic.a ela 'classe média. De Cinco Vire, F. vela Itl A Falecida. Slo Paulo S / A e O Deufio. passando por Deu, c o Diabo na Terra no Sol, d/viso: de Aguas do atual ci.cema brasileiro. c1aborou.se cm alguns anos uma ltm!tica que vai de uma alienação na ~q ua r a . cla sse pretendia Jlusó:lanlent e identil lcar·se ao povo," a Uma "pcssibilidade concreta de .lrOllla.: WI prohlemas dessa claue... Dois camJnhos parecem a tualmentc ebertos., Dar:.do p ro ~. stiUimento • A Falecida. exteriorizaremos a ·altc.'l.ação da Ci..,. molda. p~etr. rC1llOS n~ mCllD.dros de . aa!! conu.di. çOu expostas num nível ind ividu.: e ' psicol6gico, Si.., Pulo S/ A e O Desaf~ abrem.:.w» uma p~pectlva mais fecw:lda : trata-sc de um corpo a ~ m. luação da classe mfdta, do a~. de manifestar ~ falta d puspectJva, as çquft.dlç6a: e Jhesitaç6a. JUa depencUndll .em rc laçAo ~ bur• . ~o tambtm apOlItar pre' 'IIente como se mani. taJ Jituaçlo e o qut' • IllOtfv., ~ ClXlteúdo. J)O!: tua peuouagena. por seu est ilo, I~id~.;.~pa í:Jci por.aua JdClltllicaçio com. eckcldto..1Ioa I1ltlmoi' DOS no Druil t um crr.-dc ~ • «qua.cionar • plóble. mfCI fnêoii ~ tia um. sa,da e. ltadJçlõ cultural ...jn maJi YlUd.i tr•• ... tIia...!P!Ilt~

I

promovJda pelos govemo. que le lucederam de 1956 a 19M , Eu. 101 a prcocup41çlo exclusiva de noSlO Cinema. Pensar que fqJ popular t uma iludo. H oje. hle cinema enccnne-ee diante de quatro problemal fundamental. : levar adiante a tem'Uca da classe mtdla; enfrentar no pIano policial c cultur.l os novos rumos lom.do. pela todedade btalllcita: resolver o problema do publico (. endo um cinema clanc mtdia. nio scnsibl1lu o povo, e sendo um cinema critico. a clane mtdia o rejeita. o que faz COm que cateJa ~tualm ente cortado do públlCQl.: encontrar uma estabilidade econÓmica. lendo use Item um pr oblema cm II e lendo tamWm relaCionado com o Item ant ulor. .eSte líveo teve a pretendo de contribu ir par. desmascarar uma iludo, não Ilpenas cinemalogrUica : o cinem a brasj. leiro Dlo t um cinellla popular: t o Cinema de umll classe mtdJa que procura leu caminho paUtico. social. cultural e cí ncmatogr'flco.

S. Pau lo--Bru llia. 1965/66 .'

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