Book 01

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  • Pages: 8
Práxis

Impulsionemos Candidaturas Socialistas e Revolucionárias

Toninho – Pré-candidato Deputado Federal São Paulo

Mara – Pré-candidata Deputada Estadual São Paulo

Ano I Num. 2 Junho - 2006

Práxis

Cor Corrrente Marxista Revolucion ária olucioná do P-Sol

FRENTE CLASSISTA: UM PASSO ADIANTE

Estamos agora na fase de escolha dos candidatos às eleições proporcionais, deputados federais e estaduais, Práxis está comprometido com o lançamento, apoio e organização de candidaturas na maior parte de lugares quanto possíveis, temos que construir um perfil distinto dos candidatos dos setores à direita do partido. Queremos construir um perfil de esquerda, anti-regime, proletário, anticapitalista, ou seja, socialista, precisamos dizer em alto e bom som que as eleições são importantes, mas que só a luta muda à vida, que não basta eleger esse ou aquele candidato, temos que nos auto-organizar e sair às ruas. Outra característica que temos que ter é de colocar a candidatura a serviço das lutas que venham a surgir durante a campanha, divulgando nos programas de televisão e rádio, dando todo o apoio. Defenderemos também o programa que explicitamos acima, só assim poderemos fazer avançar a luta e a organização da classe trabalhadora.

Flávio – Pré-candidato Deputado Distrital Brasília

Cláudio – Pré-candidato Deputado Estadual São Paulo Plínio – Pré-candidato Governador São Paulo

Soma teu esforço à Construção do Práxis. SP (11) 9485-2044 RJ (21) 9102-8382

ABC (11) 7155-7371 MS (67) 9287- 8938

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Baixada Santista (11) 7811-5573

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Editorial MLST Chile CONAT Conferencia P-SOL

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Frente Classista Ataques São Paulo Bolivia Venezuela Eleições

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Práxis

Debate

Editorial

Editorial

Vanguarda em marcha O mês de junho chega trazendo com toda a força a questão das eleições de outubro, o que não significa que não acontecerão greves e lutas como as da SABESP, Saúde Estadual em São Paulo ou ainda a da Previdência Social, em nível nacional. A conjuntura atual está marcada fundamentalmente pelo fato do governo Lula ter conseguido fechar a crise do mensalão, mantido a estabilidade econômica, junto a isso políticas de cunho compensatórias: bolsa escola, fome zero etc lhe garantem altos índices de popularidade entre os setores mais marginalizados. O governo e a burguesia têm conseguido até agora conter as contradições macroeconômicas, ao mesmo tempo em que o movimento de massas não tem conseguido sair às ruas com força. Se junho trouxe as eleições, o mês de maio deixou duas importantes conquistas, que embora sejam ao nível de vanguarda, são de grande importância: no terreno sindical a consolidação da CONLUTAS como instrumento que possibilita a aglutinação dos setores mais dinâmicos da classe trabalhadora e da juventude brasileira. Ao nosso ver a transformação ou não da CONLUTAS em uma organização de massas dependerá do desdobramento da luta de classe em si, insistimos que sem ascenso do movimento dos trabalhadores será muito difícil avançar. Entretanto, a direção da CONLUTAS, ou seja, o PSTU, tem responsabilidade na

construção de um perfil claro e distinto das demais centrais sindicais existentes no Brasil, nesse sentido, nós de PRÁXIS nos pronunciamos fortemente na necessidade do CONAT se posicionar sobre o principal acontecimento do próximo período: as eleições. Achamos um erro gravíssimo, por parte do PSTU, se negar a votar durante o Congresso o apoio e chamado à conformação da unidade dos trabalhadores e socialistas nas eleições, que ao nosso ver, se concretizava como uma frente classista e socialista tendo Heloísa Helena como presidente e Zé Maria como vice, tendo ainda, um programa de transição. Outra vitória importante foi a aprovação na Conferência Nacional do PSOL da Construção da Frente Classista entre PSOL, PSTU e PCB para as eleições, em

contraposição àqueles que defendiam “ampliar” a aliança a partidos não oriundos do mundo do trabalho, como PDT, PPS PV, expresso em artigo de jornais como Folha de São Paulo pelo deputado federal Ivan Valente, de nosso partido e pertencente à APS. Os índices de intenção de voto na candidatura de Heloísa Helena são reflexo da ruptura

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à esquerda de um setor, ainda que minoritário, de extrema importância, visto que é com esse setor que devemos dialogar. Apesar de estarmos em minoria durante a Conferência, demos uma importante batalha no sentido de termos um programa classista e de ruptura. Infelizmente se votou um programa de caráter democrático, que não faz a ponte entre as tarefas imediatas e transitórias, votamos contra o programa sozinhos, achamos um erro a postura de camaradas, que mesmo se dizendo contrários, se abstiveram.

gueses ou pequenos burgueses mantiveram importantes embates com o imperialismo e em determinado momento desempenharam um papel progressista. Trotsky apoiava entusiasticamente a nacionalização do petróleo realizada pelo governo Lázaro Cárdenas.” (RM12, p 18) Avança com as Teses do Oriente da III Internacional que “é indispensável forçar os partidos burgueses nacionalistas a adotar a maior parte possível deste programa agrário e nacionalista”. (RM 12, pg 18) Estas definições concentram vários problemas, uma não menor é que entre outras tantas se leva a cabo uma estratégia completamente incongruente com nossa perspectiva socialista geral. Por um lado, já temos deixado assinalado que a estratégia “etapista” para o Oriente e o mundo semicolonial foi deixada de lado pelos revolucio-

opostas a do camarada Pedro. “Uma das expressões específicas mais importantes da teoria dos campos burgueses progressivos foi formulada pela própria Internacional Comunista: a Frente Única Antiimperialista. Posteriormente, esta teoria foi desenvolvida de maneira oportunista por Stalin e Mao e pelas cor rentes revisionistas do marxismo e do trotskismo (...). O conteúdo principal dessa teoria pode sintetizar-se assim: o eixo estratégico do partido revolucionário nos países atrasados é a conformação de uma frente única antiimperialista com a burguesia nacional (...). O eixo da política (...) não é lograr a independência de classe do proletariado e, nesse marco, estudar a conveniência tática de fazer tal ou qual acordo limitado e circunstancial com algum setor da burguesia”. (N. Moreno, La traición de la OCI, cap. 3)”. Parece escrito para as polêmicas de hoje. Porque precisamente o compa-

nários a partir da experiência da segunda revolução chinesa (1925-1927) e a formulação final das Teses da Revolução Permanente. Neste mesmo sentido, existe um valioso e educativo texto de Nahuel Moreno que, obviamente o camarada Pedro Fuentes não desconhece: A traição da OCI, referindo-se a capitulação dessa organização trotskista francesa ao governo de Miterrand em 1981. Ali se sustentam posições

nheiro Pedro Fuentes levanta o dedo acusador contra os que sustentam a frente única só “circunstancialmente” em caso de ataque golpista ou militar ao governo Chaves. Isso é assim porque para Pedro “o permanente, o estratégico” é o acordo, ou a frente única antiimperialista com o chavismo, e não “construir a independência de classe do proletariado”. O mesmo cabe a respeito da totalmente oportunista política de “apoio

Com tudo isso, o mais provável é que apesar da expressiva votação de Heloísa Helena, Lula vá à reeleição, deixando para o próximo mandato os ataques à classe trabalhadora que não pôde realizar no primeiro mandato, devido principalmente à crise do mensalão. Temos que desde já, preparar a resistência a mais esse ataque por parte do governo e dos patrões. Nesse sentido, nossa campanha eleitoral precisa estar a serviço dessa resistência, temos que ter um perfil de classe - defendo as bandeiras históricas do movimento, ao mesmo tempo em que precisamos denunciar as intenções de Lula de realizar as contra-reformas trabalhista, sindical e da educação, e não ficarmos restritos a uma campanha cujo eixo sejam as questões democráticas. Só assim poderemos disputar a fundo a base operária que ainda tem ilusões em Lula e no PT.

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Práxis às medidas progressistas” de um governo burguês, ainda que anormal, como o caso de Chaves. Isto é crime que lesa o socialismo revolucionário, lesa o trotskismo e inclusive a melhor tradição da corrente morenista. Moreno também se refere explicitamente ao tema: “A pergunta é: é possível apoiar aos passos medidas progressistas de um governo burguês e não apoiar o dito governo? Nós acreditamos com Trotsky, que não apoiar os “passos e medidas” de um governo burguês é solidarizar-se politicamente com o mesmo (...). Quanto aos “passos ou medidas” jamais os apoiamos, porém temos a obrigação de utilizar-los, qualquer que seja o caráter do governo burguês que os outorgue(...). Como marxistas revolucionários, não podemos julgar cada medida de um governo por separado: está é boa eu apoio; está é má, a rechaço, ao contrário temos que nos prender a sua política de conjunto. Se um governo é burguês (...) também são todas as suas medidas, por mais progressista que pareçam. Em síntese, julgamos cada medida de um governo no marco de sua política geral e em relação à luta de classes, jamais isoladamente (...). Nada disto significa que não lutaremos por medidas progressistas, porém entendendo sempre que essas são um subproduto da mobilização revolucionária da classe trabalhadora”. (N. Moreno, cit. Cap 11). Em síntese, o “apoio às medidas progressistas” e a “frente única antiimperialista” com o governo chavista são um desastre político que só pode operar como subterfúgio, servindo ao próprio Chaves, cotidianamente, de álibi, frente ao caráter de classe burguês de seu governo. O que está colocada é outra coisa: uma estratégia intransigente de independência política de classe, e nesse marco é uma obrigação a defesa, incondicional, porém “circunstancial” do governo de Chaves frente a qualquer embate militar ou golpista do imperialismo.

Roberto Saens

Debate

Lutas - Movimento

Frente Única Antiimperialista ou independência de classe?

LIBERDADE AOS PRESOS POLÍTICOS DO MLST

Práxis

O presente texto é continuação de um artigo publicado no site socialismo-o-barbarie.org

Como já tem ocorrido outras vezes na história do movimento trotskista, a via da capitulação se pavimenta com a “tática” de Frente Única Antiimperialista (FUA). Os companheiros do MES sustentam que nas atuais condições de enfrentamento com o imperialismo, alguns dos novos governos da América Latina, sobretudo no caso Chaves, o que se impõe é “não ser sectário” e trabalhar com a política de FUA. Os companheiros do MES colocam: “A situação latino-americana nos põem questões e novos processos que devemos abordar de nosso ponto de vista socialista e revolucionário. Com relação à Venezuela a política é só defender o país frente ao imperialismo, ou também apoiamos a ALBA contra a ALCA e as medidas de integração latino-americana” (revista movimento 12, pg 17). Ao que se agrega: “isso exige dos revolucionários latino-americanos, uma política audaz, uma política de apoio a ALBA, as medidas progressistas do governo venezuelano e ao mesmo tempo a defesa da nação venezuelana frente ao imperialismo. Não se trata só de um apoio circunstancial; para o imperialismo a derrota do processo bolivariano é uma questão estratégica. Ser parte dessa frente é a melhor – ou a única – maneira de construir a organização socialista, revolucionária independente também na própria Venezuela”. (R.M. 12, pg. 18) Os companheiros sustentam a tese de que não se trata somente da “defesa da nação venezuelana frente ao imperialismo”, o que estamos incondicionalmente a favor, ou a defesa circunstancial do próprio governo Chaves ante a qualquer nova tentativa golpista ou ataque do imperialismo, defesa que igualmente sustentamos. O que

exigem é uma estratégia de apoio político às medidas que o mesmo venha a tomar caso se considere que estas medidas sejam “progressistas”. Ou seja, exigem dos socialistas revolucionários uma capitulação total, uma rendição incondicional frente ao Governo de Chaves, como a ‘melhor ou única “maneira de construir a organização revolucionária” também na própria Venezuela’ ao mesmo tempo em que se critica a direita do Partido Revolução e Socialismo. O que temos visto no passado como

trotskismo, justificaram capitulações tremendas como no caso do POR na Bolívia durante a revolução de 1952. Sabendo destes graves antecedentes, os companheiros de MES tentam “justificar teoricamente” a passagem de armas e bagagens e esta estratégia: “Nós revolucionários latino-americanos formados no trotskismo, temos abordado historicamente as tarefas antiimperialistas com eixos claros que nos diferenciaram das correntes que defendiam a revolução por etapa (...). Sustentávamos e sustentamos que as

Como amplamente divulgado pela imprensa na terça-feira dia 06 de junho, os atos patrocinados pelo MLST (Movimento de Libertação dos Sem Terra) levaram à prisão uma quantidade grande de integrantes do movimento. No dia seguinte o Jornal Folha de São Paulo publicou um artigo do Deputado, Presidente da Câmara e “comunista” Aldo Rebelo intitulado “Reagi em respeito ao povo”. Não se trata de apoiar a ação em si, realizada pelo MLST, ao contrário achamos que a invasão da Câmara do jeito que foi realizada presta um dês-serviço tanto a causa da Reforma Agrária como a luta mais geral dos trabalhadores, ao mesmo tempo não podemos e não aceitamos a conclusão de que os integrantes do movimento seriam “marginais ou baderneiros”, e que estes estariam realizando um ataque a democracia em nosso país. A equivocada ação do MLST não apaga o fato que a Reforma Agrária pouco avançou no Governo Lula seja pela total falta

Práxis

de prioridade do governo, como pelo posicionamento do legislativo e da justiça. Como socialistas revolucionários que somos, não estamos no campo do pacifismo pequeno burguês que iguala a violência do oprimido à violência do opressor, entre um e outro nos colocamos ao lado dos primeiros. Fazemos a crítica como e entre companheiros, para que possamos juntos avançar não só em relação à reforma agrária mas ao socialismo. Não podemos capitular a classe media progressista que faz um sinal de igual entre os lutadores sem terra e a onda de violência que assolou São Paulo. Não titubeamos na defesa dos presos na ação, exigimos a imediata liberação de todos os presos e nos colocamos incondicionalmente na defesa da reforma agrária, esse Congresso Nacional que absolveu os mensaleiros não tem autoridade moral para mandar prender lutadores, os verdadeiros criminosos estão nos gabinetes do Congresso, nos salões luxuosos da Esplanada dos Ministérios e no Palácio do Planalto.

CHILE

OS “PINGUINS” VÃO ÀS RUAS CONTRA O GOVERNO “PARTICIPATIVO” DE BACHELET

tragédia pretende-se reeditar agora como farsa. A orientação de “apoio às medidas progressistas” de um determinado governo burguês e a aplicação desta “tática” de FUA, convertida em estratégia, levaram uma após outra toda uma história de capitulação a governos inimigos da classe trabalhadora. Em nome desta orientação, o stalinismo e lamentavelmente várias correntes do

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tarefas democráticas e antiimperialistas são tarefas que a burguesia não pode resolver até o fim (...) que a classe trabalhadora (...) que pode levar adiante um enfrentamento conseqüente com o imperialismo e fazer uma ponte com as tarefas conseqüentes”. (RM 12 pg 17-18) Até aqui os companheiros se mantém no terreno do marxismo revolucionário. O problema vem imediatamente depois: “Entretanto, vivemos situações onde governos bur-

Resultado da falência do diálogo entre governo e estudantes secundaristas, o dia 30 de maio, sacudiu o território chileno com o desenrolar da maior manifestação popular desde 1972. Seiscentas mil pessoas, entre estudantes, pais e professores, deram início a “revolta dos pingüins” (uma referência ao uniforme com gravata dos secundaristas), saindo às ruas em torno das reivindicações pelo passe livre, pelo fim da lei de educação de Pinochet que municipalizou o ensino público e permite que cada colégio escolha o seu currículo escolar e pela igualdade de concorrência no vestibular. Iniciado no dia 29, além de passeatas, os estudantes permaneceram em estado de greve permanente ocupando as escolas em que estudam, até adia 9 de junho quando lograram alcançar que suas

demandas fossem atendidas. As primeiras respostas do governo às reivindicações estudantis foram à repressão violenta às manifestações e a prisão de 730 pessoas somente no dia 30/5 e mais 262 no dia 5/6 e a tentativa de ver refluir o movimento com o passar do tempo, não acreditando na capacidade de mobilização dos estudantes. Utilizando o método de ocupação das escolas, realizavam assembléias locais, onde tiravam delegados que enviavam às reuniões da coordenação nacional. Aos poucos Bachelet, foi cedendo, anunciando um pacote de 31 bilhões de pesos (R$ 131 milhões), mais a emissão de passe livre para uso nos transporte público no período de aulas, com tarifa liberada para os setores de baixa renda; gratuidade no exame vesti-

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bular e participação expressiva no conselho formado para discutir a reforma educacional. Como disse Maria Jesús Sanhuela, líder estudantil de 16 anos, “neste momento somos quem tem mais força para pressionar o governo. Há que ter gente na rua e força midiática e nós temos. Em 2005, tínhamos 30 colégios na assembléia e este ano tivemos 500. Cresceu nossa capacidade de organização. Lógico que depende das condições de poder nacional, mas não foi central, foi fruto da militância. Agora, os estudantes estão conscientes de que a Loce [lei de educação] é muito nefasta. Ter consciência desse tipo de coisa é muito mais difícil do que saber que a ditadura é um mal, que está muito mais visível”, afirma a dirigente que se auto-intitula marxista-leninista.

Práxis

Sindical

ESPECIAL CONAT

O DEBATE O ano eleitoral polarizou bastante o Congresso, foi de fato o debate político central. Infelizmente o PSTU, (força hegemônica no congresso) e outros setores com peso no Congresso votaram na proposta de que a Conlutas não tivesse posição frente às eleições de outubro. A divisão entre luta econômica e política só interessa à burguesia. Parte fundamental da ideologia desta classe é que os trabalhadores não podem em sua luta direta levantar questões que são “próprias” da esfera política e, da mesma forma, na luta política não se deve utilizar os métodos de luta da classe trabalhadora. Assim, fica estabelecido, nesta construção ideológica, que nas greves por melhores salários, melhores condições de trabalho, redução da jornada de trabalho e etc., não se colocam questões ligadas à disputa pelo poder político e, por outro lado, na luta política não se coloca a necessária transformação radical na ordem social e política. Desta forma, os sindicatos e as centrais sindicais ficam restritos ao economicismo e a ação política parlamentar ao politicismo. O Grupo Práxis defendeu que o Conat incorporasse dentre as suas campanhas a construção de uma Frente de Esquerda Classista e Socialista nas Lutas e nas Eleições, composta pelo PSOL, PSTU e PCB além dos movimentos sociais e que esta frente se materializasse com a candidatura de Heloisa Helena para presidente e Zé Maria para vice. Para nós esta formulação responde a necessária unidade dos trabalhadores, pois poderia contribuir para que o movimento avançasse rumo à construção da unidade política dos lutadores, tanto nas lutas como nas eleições. Mas o problema central não é de formulação, éna verdade de concepção política e metodológica. De forma escandalosa o PSTU e demais organizações com a mesma posição utilizaram como argumento que a unidade estaria ameaçada, com isso a Conlutas sai do seu I Congresso sem posição para uma questão política central nos próximos meses. È lógico que a formulação para o próximo período deve ser alvo de discussões, votações e acordos políticos entre os participantes, mas o fundamental era votar uma política que indicasse para a classe trabalhadora uma posição classista e socialista frente às próximas eleições. Assim, discordamos tanto da “ultraesquerda” que caracterizava a frente PSOL/PSTU/PCB como sendo uma frente popular, quanto com o setor que defendia que o Congresso chamasse o voto nulo. Afirmamos que o problema deste posicionamento é de fundo metodológico. Durante todo Congresso foram utilizados métodos antidemocráticos na condução dos debates. Se não vejamos: não foi permitida a apresenta-

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ção das teses antes do inicio da discussão nos grupos, o caderno de teses na verdade era um “emendário” prédefinido pela coordenação, várias propostas aprovadas nos grupos não foram encaminhadas para as plenárias gerais... No entanto, a principal manobra política burocrática foi a de bloquear a construção coletiva de uma resposta política para a realidade no próximo período da luta de classes no Brasil. Para ser mais claro: todos sabem que o PSTU vinha colocando como condição essencial para compor a frente classista nas próximas eleições o lugar de vide-presidente na “chapa”, mas o PSOL antes do Congresso já havia indicado na reunião da sua direção nacional outro nome. Assim, um posicionamento da Conlutas pela frente classista nas condições postas não interessava ao PSTU que estava em plena campanha pela vice-presidência ou outras vantagens na composição da frente. Desta forma, o não posicionamento frente às eleições foi utilizado como chantagem política. Resumindo: o PSTU prestou um desserviço para o avanço da consciência política dos trabalhadores quando impediu que o congresso se declarasse a favor da política de constituição de uma frente classista. No debate sobre a organização houve seis propostas: definir a Conlutas como uma fração revolucionária da CUT; constituir a nova entidade com um caráter mais amplo, incorporando movimentos sociais, setores nãoorganizados da classe trabalhadora e entidades do movimento estudantil; definir a Conlutas como central de trabalhadores; criar a Cocep (Central Operária, Camponesa, Estudantil e Popular); definir uma central do tipo soviética; definir a Conlutas como central sindical. A manutenção do caráter da CONLUTAS enquanto coordenação de movimentos foi um grande acerto a nosso ver (posição aprovadas por mais de 90% dos presentes). Neste ponto se deu uma polêmica com correntes ultra-sectárias que defendiam que a CONLUTAS se formasse enquanto uma Central de tipo soviética, nada mais fora do contexto e da atual fase de construção da Conlutas. Sobre o ponto direção foram defendidas apenas duas propostas. Alguns companheiros defenderam que esse Congresso deveria eleger uma direção, respeitando a proporcionalidade da votação. Entretanto, a proposta aprovada foi a de que a Conlutas, nesse atual estágio, deveria ter na sua coordenação nacional representantes de cada entidade que a compõem. O entendimento foi o de que essa é a única proposta que garante uma real representação das minorias dentro da entidade. Posicionamento que nos parece o mais acertado.

Internacional muito menos passa as empresas ao controle dos trabalhadores, se constituindo pois numa manobra política, uma farsa diante das reivindicações e quase 100 mortes de outubro de 2003. Como bem afirma a atual direção da COB, este decreto “ vem legalizar ou relegitimar as explorações imperialistas” pela via das empresas de caráter misto. Em segundo lugar, está claro que quem passa a controlar o recurso é o Estado capitalista boliviano e não os trabalhadores. Atitudes midiáticas de colocação de tropas ocupando os campos, apesar do impacto de soberania, na verdade, chama o povo boliviano a apoiar passivamente as medidas da frente popular, excluindo a participação ativa dos trabalhadores, mantendo em segurança nas mãos do Estado Boliviano, uma parte importantíssima dos recursos, que se dilapidará rapidamente. Não pode haver desenvolvimento conseqüente das forças produtivas do país tendo um governo frente populista na cabeça do Estado burguês, em associação com as multinacionais, mesmo que em novas condições. Ainda mais que não se trata de qualquer Estado capitalista, se não de um Estado capitalista semi-colonial caracterizado dos pés a cabeça pela compra e venda de favores. Se tomarmos tão somente os pontos de vista jurídico da legislação boliviana, o decreto de “nacionalização” deveria estabelecer: 1) a subtração da possibilidade de exploração dos recursos naturais pela iniciativa privada; 2) passar ao domínio do estado todos os bens com que os empresários executaram a sua atividade, e

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3) transferir ao Estado a total atividade de exploração. Como salta aos olhos, isto é precisamente o que NÃO ocorre com o decreto de Morales. Para além do aumento de ingressos, diga-se importantes, para o Estado boliviano, bem como o decreto expressar , a bem da verdade de maneira distorcida, a pressão popular, é necessário afirmar os seus limites, o seu caráter inconseqüente e ,como vimos, a manobra política contida em si, que afasta o trabalhador da possibilidade de gerir e administrar o que é seu, não expropria e não nacionaliza, apenas negocia com as multinacionais ao invés de expulsa-las. Nesses marcos, a posição dos socialistas revolucionários diante da “nacionalização” de Evo Morales deve ser clara e categórica: a gestão e administração operária são a única garantia contra novas negociações que estão pela frente. Não podemos pois dar nosso apoio político ao decreto de Evo, por tudo o que já foi demonstrado, se não for garantido totalmente ao povo boliviano o direito incondicional de fixar os termos da

Práxis exploração de seus próprios recursos, mesmo naquilo que a “radicalidade” do projeto tem provocado de embate com os interesses capitalistas e imperialistas. Entre a nação oprimida e os opressores, estamos com os oprimidos!!! Assumimos esta posição política no marco de que não se deve confiar no governo Morales, que apesar das medidas que tem tomado continua sendo limitado e burguês, embora “atípico”. Ao contrário, sustentamos que para poder resolver de maneira conseqüente tarefa como: propriedade do gás, Assembléia Constituinte, liquidação do Estado racista, se deverá avançar na experiência e ruptura com o Governo de Evo, na construção de um Instrumento Político dos Trabalhadores e de colocar de pé uma Assembléia Nacional Popular e Originária. Que deve ter a perspectiva de um autentico governo operário, originário, camponês e popular, superando a farsa que representa o atual governo de frente popular e sua constituinte.

Práxis

Internacional

Sindical

Bolívia:

Práxis ESPECIAL CONAT

Renegociação de contratos sem expropriação

UM AVANÇO NA REORGANIZAÇÃO DOS TRABALHADORES

A conjuntura internacional, num momento de clara debilidade do imperialismo norte-americano, tem acrescido ao lodaçal do Iraque diversas situações existentes pelo mundo, tais como o projeto nuclear do governo do Irã e o comportamento com características independentes do governo Chaves e das medidas adotadas por Evo Morales, que apesar das limitações que desenvolveremos mais abaixo, implica em virar o tabuleiro a respeito das regras do jogo que haviam sido estabelecidas no apogeu do neoliberalismo puro e duro dos anos 90.

Com mais de 2500 delegados de todas as regiões do país se realizou em Sumaré, cidade localizada a aproximadamente 120 km de São Paulo, capital, o Conat (Congresso Nacional dos trabalhadores), organizado pela CONLUTAS. O sentimento unânime dos delegados de diversos sindicatos, centros estudantis e movimentos sociais foi o de que é necessário construir uma ferramenta de luta que possibilite resistir aos ataques do governo e da burguesia e que contribua para o avanço da luta pelas bandeiras imediatas e históricas da classe trabalhadora, visto que CUT, UNE e várias outras organizações do movimento social no Brasil foram totalmente incorporadas à governabilidade burguesa. Apesar do grande número de delegados, não podemos perder de vista que o Congresso demonstrou que a CONLUTAS reflete o movimento de ruptura de um pequeno setor da classe trabalhadora. A ausência da representação de setores chave da classe trabalhadora no Brasil salta aos olhos. A Conlutas configura-se como um movimento com peso apenas no movimento estudantil e no funcionalismo público federal estadual. Do ponto de vista político mais estratégico atrair para o movimento setores operários de massa é uma tarefa decisiva para o próximo período.

Tomando em conta a situação regional, vivemos na América Latina um momento de mudança de proporções no ciclo de rebeliões iniciadas no início do século XXI, visto que no atual momento o questionamento popular ao “neoliberalismo” e a democracia dos ricos têm adquirido uma força antes não vista em diversos países do continente. E é essa realidade que deve servir de base de análise da situação particular do governo de frente popular de Evo Morales, em relação ao seu ato de 1º de Maio. Sem outubro de 2003 e as jornadas revolucionárias de maio-junho de 2005, não se pode entender a iniciativa da “nacionalização” dos hidrocarburos , apresentada de maneira mais radicalizada que o esperado.

Baixo as pressões populares e sintomas de crise de governo, Evo se viu obrigado a promulgar um decreto “nacionalizador”, porém, as medidas tem alcance bastante limitado e seu efeito principal é o de renegociar contratos com as multinacionais do setor, entre elas a Petrobrás, aumentando o seu retorno de renda dos atuais US$ 300 milhões para algo em torno de US$ 1 bilhão. No que tange a propriedade, o decreto busca que o Estado Boliviano passe a formar parte das empresas hidrocarboníferas, que assumem um caráter misto com capitais imperialistas, cumprindo um papel regulador e de controle, através da recuperação de títulos de propriedade “populares” anteriormente repassados a fundos de

pensão e empresas privadas de aposentadoria. No plano imediato, a renegociação dos contratos diz respeito aos dois campos petrolíferos mais importantes, San Alberto e San Albano, ambos pertencentes a Petrobrás, que transitoriamente e por 180 dias deverá entregar 82% da produção ao Estado. No resto dos campos, o lucro continuará a ser distribuído de acordo com a Lei dos Hidrocarbonetos votada pelo congresso em 2005. Ou seja, somente ao final das negociações saberemos o verdadeiro alcance do decreto de “nacionalização” de Evo Morales. De qualquer modo, analistas apontam que por mais duros que sejam as multinacionais, como no caso Venezuelano das concessões da PDVSA, poderão seguir fazendo excelentes negócios, sem grandes escoriações ao regime de altos lucros. Em primeiro lugar, o anuncio de que se estaria diante “ da terceira e definitiva nacionalização dos hidrocarbonetos na Bolívia”, como afirmou Evo, não passa de uma bravata – as nacionalizações anteriores (1937 e 1969) foram nacionalizações capitalistas com indenização – pois não determina indenizações, mas também não executa a expropriação e

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O PROBLEMA DA REPRESENTAÇÃO Como foi dito acima, o Congresso teve uma participação bastante ampla, com 2.729 delegados presentes e 235 observadores, além de mais de 200 convidados. Entretanto, o exame mais detalhado dos números demonstra que ainda temos muito a avançar na implementação da CONLUTAS como verdadeira alternativa de luta dos trabalhadores e do povo explorado. A composição do encontro pouco representou os setores operários e os grandes batalhões da classe trabalhadora. A ampla maioria dos delegados oriundos de sindicatos representavam em sua maioria funcionários públicos que embora importantes, são insuficientes para fazer avançar a luta do conjunto dos trabalhadores. Só para se ter uma idéia, no ABC paulista, região de grande concentração industrial e berço do PT e da CUT, dos quase 100 delegados eleitos mais da metade era de movimento de moradias e outros tantos representavam servidores públicos federais, estaduais e municipais e uma minúscula parte representava setores produtivos.

AVANÇAR NA CONSTRUÇÃO DA CONLUTAS Somente iniciamos o processo de construção, estamos longe de uma organização com peso de massas. Neste sentido, a construção da CONLUTAS é um importante instrumento de aglutinação dos lutadores no próximo período, o que não significa que devemos desconsiderar outras iniciativas de resistência presentes na realidade brasileira. Para nós, é fundamental a unidade entre todos os lutadores do movimento social – única maneira de fazer frente aos desafios colocados para a classe trabalhadora no próximo perío-

do. Assim, ter política clara para realizar ações conjuntas de todos os setores em ruptura com o governo é uma tarefa decisiva. O Congresso demonstrou que já demos os primeiros passos na construção da CONLUTAS, porém muitos outros ainda terão que ser dados. O segundo semestre será um período de campanhas salariais de diversas categorias importantes como petroleiros, bancários e correios, de luta contra demissões nas montadoras, luta contra a reforma trabalhista embutida no super-sim-

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ples e outras, será uma prova de fogo para a CONLUTAS e para todos os lutadores. O desenvolvimento de uma alternativa de organização massiva classista e independente depende em grande medida da capacidade de mobilizar e dar respostas políticas para amplos setores da classe trabalhadora. É preciso desde já organizar de forma unificada as campanhas salariais, juntos seremos mais fortes. Não podemos deixar para a CUT governista e a Força Sindical patronal a condução das campanhas.

Vida P artidária Partidária

Práxis

Barbárie

Conferência do PSOL Entre os dias 26 e 28 de Maio se realizou em Brasília Iª Conferencia Nacional do PSOL, em substituição ao Congresso Nacional, contando com a presença de aproximadamente 160 delegados eleitos, representando todas as regiões do país. O debate se deu em torno de 3 pontos principais: programa eleitoral, tática de aliança e construção partidária. Na verdade como demonstrou o debate o único tema que verdadeiramente foi objeto de disputa foi a política de alianças, que resultou na constituição da Frente Classista e Socialista, objeto de

PSOL, nos orgulhamos de não termos entrado pela porta dos fundos, nem realizamos subterfúgios, temos dedicado grande parte de nosso esforço militante à tarefa de construir e fazer avançar nosso partido estamos entre aqueles que comungam que a construção do PSOL foi um grande acerto e que significou um passo adiante na não dispersão das forças de esquerda socialista em nosso país e mais ainda, que de forma objetiva tem possibilitado apresentar ao conjunto da vanguarda que se enfrentou com Lula e o Governo uma alternativa à

até o momento tem servido à luta dos trabalhadores. Se por um lado não concordamos que para sermos revolucionários temos que ter a posição mais a esquerda, por outro lado igualmente não nos inserimos entre aqueles que acreditam que a melhor forma de construir o PSOL é faze-lo de forma acrítica. Infelizmente, em nosso partido tem se construído uma ideologia de que a unidade se faz escondendo as diferenças, tal posição vai contra toda a história do socialismo revolucionário, basta vermos a história do partido bolchevique, onde os

outro artigo neste mesmo jornal. A militância partidária que por mais de um ano esperou a realização do I Congresso que pudesse resolver as debilidades e pressões a que estamos submetidos teve que se contentar com uma Conferência cujos debates já estavam “resolvidos”, ao nosso ver isso não contribui para fazer avançar o PSOL. Acertos e Limites Práxis, desde o início está comprometido com construção do

esquerda, aqueles que de forma sectária não conseguem ver esse avanço, na maioria das vezes fazem o jogo do PT, de Lula e do Governo. O PSOL é parte de um fenômeno de reorganização por que passa a esquerda em nível mundial e que em nosso sub-continente sul americano tem entre outras expressões o PRS na Venezuela e o Instrumento Político dos Trabalhadores na Bolívia e deve ser encarado como um instrumento que

debates e diferenças eram constantemente levados aos congressos partidários. Base dispersa x Direção Bonapartista Entre os graves problemas que temos que enfrentar está à dispersão de nossa base partidária. Até o momento não conseguimos organizar os diversos companheiros que vem rompendo com o PT, temos uma base atomizada, pouco politizada e ao mesmo tempo uma direção

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teiras, substituindo o Estado, mantendoas isoladas e usando-as como escudos de segurança dos chefes do tráfico. Se de um lado o falso moralismo das elites lhes faz declarar repugnância por essa ação da criminalidade, de outro, seus interesses fazem com que fechem os olhos para a ação de grupos policiais de extermínio, que percorrem as periferias assassinando “suspeitos” e promovendo chacinas. Afinal, o fim precípuo do sistema repressor é a defesa da propriedade e, por conseguinte, do lucro e não da classe trabalhadora. Permite-se também que criminosos apresentem uma face legal assumindo setores inteiros da economia, como o da máfia das cooperativas de ônibus alternativo e os de “investimento” em casas de bingo. Ao lado desses negócios os menores de rua são usados como “mulas” e iniciados na rotina do tráfico e da prostituição, que atende aos filhos das “famílias de bem” da elite nacional. Enquanto isso, os jovens trabalhadores inapelavelmente encarcerados por pequenos furtos, são obrigados a escolher esta ou aquela facção criminosa para se alistar, se quiserem se manter vivos dentro dos presídios. Além das soluções físicas do aumento do número de cadeias; das mudanças legais; da perpetração de slogans tais como “bandido bom é bandido morto”, a classe dominante apresenta, através de ong’s e algumas ações governamentais, a proposta de educação das classes baixas para o planejamento familiar, debitando a miséria e a falta de emprego à “ignorância” do povo pobre em não controlar o aumento da natalidade. Acuado pelo desemprego e pela violência, o povo trabalhador - com a pressão ideológica imposta pelos meios de comunicação no desespero, acaba assumindo o discurso da classe dominante e de uma maneira contraditória volta-se contra si mesmo. O desânimo da Classe trabalhadora e a necessidade de ação unitária da esquerda Passados os momentos mais difíceis, o povo trabalhador mostrava mais do que insegurança e insatisfação: mostra-

va uma grande apatia. Ao lado de conclusões acertadas, localizando as causas do problema na política aplicada pelos governos federal e estadual e na impunidade, quando se trata de ações contra os possuidores de grandes capitais, demonstra-

va, também, um enorme desalento com a degeneração da vida, mas sem enxergar numa ação própria de tomar as ruas e promover as mudanças algo possível de ser realizada. Repetindo a mesma falta de mobilização observada durante a crise do mensalação, o trabalhador, mesmo agora num ataque mais direto a seus direitos, se encolheu. Mais uma vez ficou demonstrada a urgência de uma unidade de todos os lutadores de esquerda realmente comprometida em resgatar os grandes momentos de luta da massa trabalhadora. Não cabe mais tergiversação: na estratégia da luta pelo socialismo, o aspecto mais importante a ser tratado neste momento é a correta delimitação dos campos entre os que defendem os reais interesses da classe e aqueles que acreditam que somente am-

Práxis pliando a base de apoio a um projeto de reformas, através das eleições, é que poderemos nos tornar referência de esquerda. É verdade que a urgência de respostas exige a apresentação de medidas de eficácia imediata, no entanto, soluções do tipo: unificação das polícias civil e militar; utilização de monitoramento tecnológico nos presídios; monitoramento e controle de todas as fronteiras e identificação de simbiose com outras ati-vidades ilegais; re-estruturação e mudanças de método de atuação do aparelho repressivo do estado, são importantes, mas, não são suficientes. Como ficou claro, o crime organizado é somente mais um tipo de negócio dentro do sistema capitalista, e portanto, não se resolve com alterações por dentro do sistema, ou seja, da ditadura do capital. Apesar da pressão para que nos apressemos a dar respostas às necessidades urgentes da classe trabalhadora e do povo oprimido, a realidade exige dos lutadores conseqüentes da esquerda, a unidade de ação e luta junto aos setores avançados da classe trabalhadora, com uma agenda de encontros e manifestações capazes de movimentar a classe na construção de um programa conseqüente de transição e ruptura com o capital. É preciso resgatar a combatividade da classe trabalhadora, liberá-la do peleguismo e lançá-la às ruas, que é onde realmente se consegue as mudanças e a reconquista de direitos. É necessário que a frente classista montada para as eleições, suplante este estágio, e agindo de maneira unitária, principalmente entre a juventude trabalhadora e oprimida, aponte onde estão os verdadeiros problemas, desmistifique a polarização PT/PSDB, inverta a atual correlação da luta de classes e crie as condições para que batalhões de trabalhadores em marcha derrotem o banditismo capitalista seja de que tipo for. Zé Roberto

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Práxis

Vida P artidária Partidária

Barbárie

A FACE OCULTA DO PROJETO NEO-LIBERAL

OS TRABALHADORES CERCADOS PELO CRIME Coroamento trágico de um processo gerencial neo-liberal de 16 anos, os ataques do Primeiro Comando da Capital – PCC – em São Paulo, colocaram o povo trabalhador paulista em estado de enorme apreensão ao longo de 5 longos dias. Refém das ordens e ações do crime organizado por um lado e da violência policial desmesurada de outro, assistimos a ataques a ônibus, bases policiais, viaturas, bancos, rebeliões em presídios e a morte de civis (4), policiais (45) e de 115 suspeitos de pertencerem ao PCC, 39 deles não pertencentes à organização e outros tantos não identificados. Nos três dias que se seguiram ao início dos ataques a ação da polícia incrementou o número de suspeitos mortos em confronto da média de quatro mortos por dia para trinta por dia, atirando primeiro, perguntando depois. Tais números comparáveis ao dia a dia do Iraque, apesar do gigantismo, não conseguem expressar o sentimento de insegurança deixaram à mostra a forma como as coisas da segurança são tratadas, e a similitude com as da crise em que chafurda o governo Lula, sua base de apoio e agora, com o escândalo das ambulâncias, o duo PSDB/PFL. Na tentativa de não prejudicar a campanha eleitoral à presidência do ex-governador Alckmin, a Polícia Civil, sabendo a algumas semanas da possibilidade de ataques do PCC para o dia das mães, tentou “esconder” o problema com a transferência de 765 presos para presídios de segurança máxima. Em reação a isso, e sabedores do plano através da compra de uma gravação de pronunciamento secreto na Câmara federal do Delegado Geral de Polícia de São Paulo, o PCC, reagiu executando de maneira contundente o ensaio que fizera anos antes. À época o então governador Geraldo Alckmin decretava que aquilo era uma

reação tardia a ação da Polícia paulista, e que o PCC havia sido extinguido. Enfim, enquanto o povo trabalhador ficava sem transporte em meio aos mais diversos boatos de toque de recolher, o governador Cláudio Lembo somente sabia dizer que estava tudo sob controle, o que se deu tão somente após negociação entre a Polícia e o líder do PCC, Marcola. Mais do que nunca, a burguesia mostrou a sua completa indiferença aos problemas da população trabalhadora, passando o tempo preocupada somente em discutir quem era o maior culpado se o governo federal ou o estadual, e como “combater o crime nos limites da lei”, ou seja, como reforçar os instrumentos de repressão, invadindo bairros de periferia atacando indiscriminadamente trabalhadores. No parlamento, ao lado de ação do Senado para aprovar a toque de caixa projetos de

lei endurecendo, principalmente, a legislação carcerária, os componentes da Câmara já anunciavam que a próxima campanha eleitoral terá como ponto principal a segurança. A busca por respostas Evidentemente, os momentos imediatos ao choque provocado pela ação do PCC, trouxeram ao palco as mais diversas manifestações de todos os setores organizados da sociedade, todas elas indignadas com a impotência do Estado e exigindo ações imediatas no âmbito do judiciário, legislativo e do executivo. A imprensa burguesa se refastelou no sen-

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sacionalismo, dando espaços às mais estapafúrdias opiniões emitidas por empresários e socialites, que ao invés de esclarecer somente fizeram aumentar o clima de pânico e irracionalidade presente no seio da população. Ao lado disso juristas, jornalistas e políticos dos partidos burgueses, encenaram um debate em que recuperaram a proposição de medidas de açodamento da lei no combate a criminalidade e em defesa da propriedade. Nesse sentido, as alterações legais propostas são sempre as mesmas: diminuição da idade de responsabilidade criminal de 18 para 16 anos; aumento dos efetivos da polícia nos bairros de periferia; utilização de armamento automático por parte dos policiais; aumento das penas e diminuição de direitos dos presidiários; criminalização das ocupações de terras e prédios públicos ou particulares; utilização de forças federais; relaxamento da garantia de direitos individuais, para facilitação de investigações e prisões, entre outras. Todo este discurso escondendo as reais causas do aumento da violência urbana, visa claramente aumentar os instrumentos de coerção sobre as camadas mais pobres da população atendendo aos anseios da classe dominante e cooptar para o seu campo de discussão os assustados setores das classes médias. O que não se discutiu, foi o quanto a política neo-liberal de aumento da miséria e retirada dos direitos dos trabalhadores é responsável pelo aumento da violência, e principalmente o quanto é conivente com a existência desses grupos criminosos. Ligados ao narcotráfico, tais grupos, corrompem funcionários dos poderes legislativo, executivo e judiciário. Mais do que isso, o sistema burguês permite que tais criminosos assumam o papel de “benfeitores” de comunidades in-

que atua de forma bonapartista, onde os debates e diferenças são resolvidas por cima, sem a participação do conjunto dos militantes. A Conferência demonstrou de forma cabal que estamos a Kms de distância de chegarmos a um partido com algum grau de organicidade. As plenárias que elegeram delegados a Conferência reuniram algo em torno de 7000 militantes, muito longe dos números declarados pelo senso, sem falar em nosso cotidiano estado de falta de dinheiro, só para darmos um exemplo, SP que declarou no senso 1900 militantes, reuniu pouco mais de 600, e mesmo tendo 12 vereadores e 2 Deputados Federais, não conseguiu alugar um ônibus para que os delegados participassem da Conferência. Nosso partido vive hoje uma contradição perigosa: um peso eleitoral e presença parlamentar desproporcional ao nosso peso real orgânico, aqui não cabe fazer um discurso antiparlamentar, ao contrário queremos ressaltar que se não nos construirmos na base dos movimentos estaremos construindo um castelo de cartas que ao menor vento se vai ao chão. É preciso construir um bloco de esquerda socialista e revolucionário Hoje no PSOL podemos dizer que existem dois blocos políticos: um claramente à direita

Práxis

com características reformistas composto pela APS e ENLACE, (expressou-se contra a aliança com PSTU, pela ampliação do espectro de aliança defendem um programa de caráter democrático e popular cujo centro fosse a democratização do Estado), esse setor conta com a maioria dos parlamentares do partido. No centro tivemos a presença do MES e do Poder Popular que como todo bloco centrista vai de um lado ao outro da política, os companheiros embora compartilhem a posição

o que poderia ter levado o programa à esquerda. Nós de PRÁXIS temos insistido na necessidade de unificar o conjunto da esquerda do partido em um bloco político que possa contrapor as enormes pressões a que estamos submetidos. O processo eleitoral pode servir para avançarmos rumo a tal bloco, se formos capazes de cunhar um programa para nossas candidaturas de perfil à esquerda, de apoio as lutas dos trabalhadores e da juventude, um programa que articule as tarefas imediatas

de democratização do Estado votaram a favor da aliança com o PSTU, verdade seja dita isso garantiu a vitória da Frente Classista. Infelizmente, a esquerda, embora com peso na Conferência, não conseguiu se colocar de forma eficaz, tanto os companheiros da CST, como do CSol, por omissão não conseguiram unir o conjunto dos grupos e delegados da esquerda,

e históricas. Neste sentido temos que defender: não pagamento da divida externa com controle de capitais, reforma agrária sem indenização, reestatização das empresas privatizadas, aumento de salário de acordo com o DIEESE e redução da jornada de trabalho entre outras. A serviço disso estaremos trabalhando!!

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Eleitoral

Práxis

Práxis

FRENTE CLASSISTA: UM PASSO ADIANTE... Grande parte da vanguarda socialista acompanhou com interesse os debates ao redor da construção de uma Frente Classista e Socialista que pudesse unificar o conjunto da vanguarda, que no último período tem se enfrentado com o governo Lula e seus planos de aprofundar as contra reformas neoliberais. Nós, de Práxis, desde o início da chamada crise do mensalão, temos reiterado a necessi-

O debate sobre a constituição da Frente Classista e Socialista ganhou grande espaço na esquerda com a aproximação das eleições de outubro, qual seria a melhor política dos socialistas revolucionários diante dessas eleições? Desde o interior de nosso partido travamos uma batalha junto com outros camaradas e grupos, contra a real possibilidade de construção de uma frente de caráter policlassista, que se expressava na posição da corrente APS e de seu principal representante o deputado federal Ivan Valente, que mesmo depois da reunião da Direção Nacional ter se pronunciado contra coligações com partidos burgueses e da base de sustentação do governo federal, deu entrevista em jornais defendendo uma coligação com PDT, típico partido burguês, fato que causou mal estar entre os militantes do partido. Para ser honesto, essa política defendida mais explicitamente pela APS e Ivan Valente também era, com menos fervor, defendida por outros setores mais à direita do partido. A proibição de alianças com partidos deste naipe foi uma vitória da base do partido que se insurgiu contra o ataque ao caráter classista do partido. A aprovação da aliança eleitoral entre o PSOL, PSTU e PCB é de grande importância, pois apresenta para o conjunto da vanguarda que vem rompendo com Lula e o PT, uma alternativa unificada de esquerda e independente dos patrões e do Estado, uma frente que apesar de suas limitações

programáticas, que explicaremos mais abaixo, tem enorme valor educativo. A atual etapa da luta de classe no Brasil, diferente de outros países da América Latina, não contou com Rebeliões Populares como na Argentina, Bolívia, Venezuela, isso faz com que a conjuntura esteja profundamente mediada, o que por um lado explica os altos índices de intenção de

voto de Lula, podendo mesmo ganhar ainda no primeiro turno.

Frente Classista ou Frente Popular? Se por um lado tivemos que dar uma batalha com setores que queriam transforma a frente em um arremedo de frente policlassista, por outro temos que enfrentar um

dade de unir o conjunto da vanguarda nas lutas, eleições sindicais e agora em que a eleição está na ordem do dia, também nesse terreno. Nesse sentido, levantamos durante todo o período a necessidade de construirmos uma verdadeira Frente Única que englobasse tanto os companheiros que se organizavam na Assembléia Popular de Esquerda como na CONLUTAS.

setor da ultraesquerda, que com uma caracterização totalmente distante da realidade, vem defendendo o voto nulo com o discurso que a frente PSOL, PSTU e PCB seria uma Frente Popular. Aqueles que defendem tal caracterização tem a obrigação de explicar onde estão colocadas as premissas da Frente Popular, repetem como papagaio uma fraseologia totalmente

deslocada da realidade tal como ela é, vale dizer que são esses mesmos que ainda hoje defendem que o governo Lula é um governo de Frente Popular, ora, cabe perguntar quem são os setores burgueses da frente: PSOL, PSTU ou PCB? Lembremos que Trotsky quando cunhou o termo de Frente Popular, nos anos trinta do século passado, o fez para caracterizar um tipo específico de regime instável surgido como subpro-duto das ações de massas, onde a burguesia estava presente como sombra, logo, para Trotsky, as frentes populares seriam a ante-sala da revolução ou da contra-revolução. Aqui não cabem meias palavras,

Limites do Programa Como afirmamos acima, temos consciência de que o programa votado na Conferência está muito aquém da real necessidade da classe trabalhadora, nesse sentido votamos sozinhos contra o mesmo. O programa votado, em certa medida é contraditório com a composição da Frente, uma vez que tem seu centro nas questões democráticas, que reconhecemos importantes principalmente em um país extremamente autocrático como o Brasil, entretanto, as tarefas democráticas não podem estar desassociadas das tarefas propriamente socialistas, se quisermos estar à altura dos desafios que estão colocados precisamos apresentar um programa diametralmente oposto, precisamos partir dos interesses imediatos da classe traba-

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lhadora e fazer uma ponte até as tarefas históricas. Após toda a experiência do PT não podemos realizar mais uma divisão entre programa mínimo para o dia-a-dia e programa máximo para os dias de festa. Reiteradas vezes apresentamos um programa alternativo, que entre outras medidas colocasse claramente o não pagamento da dívida externa e o controle de capitais; a reestatização das empresas privatizadas e sob o controle dos trabalhadores; aumento de salários de acordo com o DIEESE e redução da jornada de trabalho; aumento vertiginoso do investimento em saúde e educação; e cancelamento das contra-reformas previdenciária e universitária.

apesar de fraseologia de esquerda, praticam uma política de direita, fragilizão a vanguarda, dividem luta sindical de luta política e fazem o jogo de Lula e dos patrões. Nós nos colocamos em uma perspectiva totalmente distinta. Lutamos pela constituição da Frente PSOL, PSTU e PCB e a saudamos como uma vitória da vanguarda. Atuamos no PSOL desde seu início sem esconder ou escamotear seus limites e debilidades, e dentro dele damos uma batalha contra as grandes pressões a que está submetido, nos orgulhamos disso, não temos vergonha e não sendo a principal expressão política de setores de vanguarda em ruptura com sua direção histórica, Lula e o PT, sendo esses setores que hoje se encontram organizados em seu interior, mais do que isso, a candidatura de Heloisa Helena, em terceiro lugar nas intenções de voto, contando com algo em torno de 7% dos votos representa um setor de massa, minoritário que tem ido à esquerda. Se é verdade que o PSOL é a expressão mais avançada do processo de reorganização do ponto de vista político, não há a menor dúvida que a CONLUTAS representa o mesmo no terreno sindical, nesse sentido a aliança PSOL e PSTU nas eleições tem também esse importante elemento, a unidade desses dois importantes processos, uma vez que é incontestável o fato de ser o PSTU o maior impulsionador da CONLUTAS e sua direção.

MB

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Márcio Barbio

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