• O Barroco chega no Brasil através dos colonizadores, entre eles, portugueses, leigos e religiosos. Desenvolve-se no século XVIII, 100 anos após surgir o barroco na Europa. Estende-se até início do século XIX. As tendências são portuguesas, francesas, italianas e espanholas. O movimento atinge seu auge a partir de 1760, principalmente com a variação do rococó mineiro.
Igreja de São Francisco de Assis, Ouro Preto MG. Aleijadinho e Manoel da Costa Athayde,1767.
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Durante o século XVII, a Igreja é importante como mecenas na arte colonial. As ordens religiosas (beneditinos, jesuítas) instaladas no Brasil desde o século XVI desenvolvem uma arquitetura religiosa sóbria, monumental, de grande simplicidade ornamental, ao gosto maneirista europeu. As associações leigas (confrarias, irmandades) começam a patrocinar a produção artística no século XVIII, época que as ordens religiosas têm seu poder enfraquecido, e é assim que então o barroco se inicia em escolas regionais, sobretudo Nordeste e Sudeste do país.
Igreja da Ordem Terceira de São Francisco, São Paulo. Planta octogonal projetada por Frei Galvão e pintura atribuída a José Patrício da Silva Manso.
Rio Grande do Sul, pelos padres espanhóis no século XVII. Igreja da Ordem Terceira de Nossa Senhora do Carmo. São Paulo, SP. • Contudo a primeira manifestação barroca, misturado ao estilo gótico e românico, é encontrada na arte missionária dos Sete Povos das Missões na região da Bacia do Prata. Ali se desenvolveu, durante um século e meio, um processo de síntese artística pelos índios guaranis com base em modelos europeus ensinados pelos padres missionários. Muitas construções desses povos destruídas. As ruínas mais importantes são as da missão de São Miguel, no Estado do Rio Grande do Sul.
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As primeiras manifestações do barroco no resto do país estão em fachadas e frontões, mas principalmente na decoração de igrejas, também em meados do século XVII. A talha barroca dourada em ouro, de estilo português, espalha-se pela Igreja e Mosteiro de São Bento do Rio de Janeiro, construída entre 1633 e 1691. Os motivos folheares, a multidão de anjinhos e pássaros, a figura dinâmica da Virgem no retábulo-mor, projetam um ambiente barroco no interior de uma arquitetura clássica. A vegetação barroca é introduzida na Bahia no fim do séc. XVII na decoração, por exemplo, da antiga Igreja dos Jesuítas, atual Igreja Catedral Basílica, cuja construção da capela-mor, com seus cachos de uva, pássaros, flores tropicais e anjosmeninos, data de 1665-1670. No Recife destaca-se a chamada Capela Dourada ou Capela dos Noviços da Ordem Terceira de São Francisco de Assis, idealizada no apogeu econômico de Pernambuco, em 1696, e finalizada em 1724.
Mosteiro de São Bento, Rio de Janeiro, RJ. Arquiteto militar Francisco de Frias Mesquita. Projeto inicial elaborado entre: 1617 e 1618.
Sacristia da Sé de Salvador, BA
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Igreja da Ordem Terceira de São Francisco. Retábulo de Nossa Senhora da Conceição, de Luis Rodrigues Lisboa, 1736-1740.
Entre 1700 e 1730 uma vegetação de pedra esculpida se espalhas nas fachadas, imitando retábulos, seguindo a lógica da ornamentação barroca. Em 1703 o dinamismo conquista o exterior na fachada em estilo plateresco da Igreja da Ordem Terceira de São Francisco da Penitência, em Salvador. No entanto, vale notar que tal exuberância representa uma exceção no barroco brasileiro, pois mesmo em seu período áureo as igrejas barrocas nacionais, tal como as portuguesas, são marcadas por um contraste entre a relativa simplicidade de seus exteriores e as ricas decorações interiores, simbolizando dessa forma a virtude do recolhimento, requisito necessário à alma cristã. Esses primeiros 30 anos marcam a difusão no Brasil do estilo "nacional português", sem grandes variações nas diversas regiões.
• Entre meados de 1730 e 1760, novo ciclo de desenvolvimento do barroco com predominância do estilo português "joanino", cuja origem remonta ao barroco romano. Há uma significativa barroquização da arquitetura com a construção de naves poligonais e plantas em elipses entrelaçadas. Destaca-se no período, com ressonâncias posteriores, a atuação dos artistas portugueses Manuel de Brito e Francisco Xavier de Brito.
Mosteiro da Luz. Arquiteto: Frei Galvão.
Igreja de Nossa Senhora do Rosário, Embu, SP, 1720.
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Em meados do século XVIII, perda da força econômica e política, estagnação no Nordeste, com exceção de Pernambuco, que conhece o estilo rococó na segunda metade do século. O foco volta-se para o Rio de Janeiro, transformada em capital da colônia em 1763, e a região de Minas Gerais, desenvolvida à custa da descoberta de minas de ouro (1695) e diamante (1730). Dois dos maiores artistas barrocos brasileiros trabalham exatamente nesse período: Mestre Valentim (1745 - 1813), no Rio de Janeiro, e o Aleijadinho, em Ouro Preto e adjacências.
Sacristia da Igreja do Convento de Nossa Senhora das Neves. Olinda, PE.
Imagens seiscentista e setecentista na Capitania de São Vicente
Nossa Senhora da Conceição. Imagem modelada em barro cozido e policromado medindo 112 cm de altura. João Gonçalo Fernandes, 1560. Museu de Arte Sacra de Santos, SP.
Nossa Senhora da Luz Imagem esculpida em barro cozido e policromado, datada do século XVI e medindo 108 cm de altura. Concebida por Domingos Luís, o Carvoeiro. Foi sucessivamente restaurada e repintada, não sendo hoje originais o rosto da Nossa Senhora e o Menino Jesus. É ricamente adornada com brincos de pingente, antiga tradição lusitana. Museu de Arte Sacra – SP.
Nossa Senhora da Purificação Matriz de Sant’ Ana de Parnaíba, SP. 97 cm de altura, esculpido em barro cozido e policromado. Datada da primeira metade do Séc. XVII. Imagem de Frei Agostinho de Jesus. A Virgem, invocada como a Candelária, Possui uma vela em sua mão direita E o Menino Jesus na esquerda. Sua festa data de dois de fevereiro, relatando a apresentação de Jesus, aos quarenta dias, ao Templo. Museu de Arte Sacra – SP
São Francis das Chagas. Capela de Nossa Senhora dos Aflitos, São Paulo, SP. Imagem com 99 cm de altura, esculpida em barro cozido e policromado, datada do séc. XVII. É um dos maiores exemplos de barro conhecidos Na imaginária paulista. É notável o ingênuo sentido narrativo do artista, deixando reentrâncias no dorso da imagem para serem acrescidas asas de madeira ao Cristo Seráfico. Museu de Arte Sacra – SP.
Pintura Colonial Paulista
Detalhe de forro da Igreja da Ordem Terceira do Carmo, Itu, SP. De Jesuíno do Monte Carlo.
Igreja da Ordem Terceira das Chagas do Seráfico Pai São Francisco, São Paulo. Pintura do zimbório da igreja, atribuída A José Patrício da Silva Manso. Solução arquitetônica do beato Frei Antônio de Sant’ Ana Galvão - 1785 – 1786.
Nossa Senhora da Candelária, Itu, SP. Pintura do teto da capela – mor por José Patrício Da Silva Manso, 1780 – 1784.
Azulejo colonial luso - brasileiro
Cúpula azulejada da Igreja do Convento de Santo Antônio, Recife, século XVIII.
Sacristia da Ordem Terceira de São Francisco da Penitência, Salvador, BA. Vista da cidade de Lisboa, século XVIII.
Claustro da Ordem Terceira de São Francisco da Penitência,Salvador, BA, 1737. Painel de azulejos figurados do claustro inferior do Convento de São Francisco com inscrição latina “Comcordia Populiinsuperabiles “ (Pela concórdia o povo é invencível).
Concordia populis insuperabilis. Gravura extraída do “Theatro Moral de La Vida Humana y de toda la Philosophia de los Antiguos y Modernos...” Gravada com base em desenho do pintor flamengo Otto Van Veen. Usada como referência para o painel de azulejos, com a mesma epígrafe, do claustro inferior do Convento de São Francisco de Salvador.
Objetos Barrocos Toalheiro em madeira policromada, Museu de Arte Sacra,SP.
Credência de Altar. Ostensório de São Miguel Paulista, Prata, 900g, século XVII, alt. 648 mm. Vaso com palma da Sé de São Paulo, Prata, 750g, alt. 445mm. Turíbulo, cidade do Porto, século XIX, 750g, alt. 270 mm. Naveta, prata.
Leões funerários, Igreja Nossa Senhora do Rosário, Embu, SP. Os leões funerários simbolizam a ressurreição deste animal que dorme de olhos abertos (medieval). Diferem dos leões góticos de Aleijadinho; estes se inserem na tipologia dos chineses pelas características formais Das garras, cauda e juba posta como Cabeleira. É um conjunto de sui generis, autêntica assimilação da impregnação do fazer artístico anônimo do artesão segundo Historiador José Roberto Teixeira Leite.