TA 631 – OPERAÇÕES UNITÁRIAS I
Aula 18: 25/05/2012
Decantação e Sedimentação 1
Aplicações: Retirada de sólidos valiosos de suspensões, por exemplo: a separação de cristais de um licor-mãe; Separação de líquidos clarificados de suspensões; Decantação de lodos obtidos em diversos processos (ex.: tratamento de efluentes e de água potável, etc.).
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Sedimentação versus Decantação • Quando
a queda da partícula não é afetada pela proximidade com a parede do recipiente e com outras partículas, o processo é chamado Decantação Livre. Aplica-se a modelagem simples do movimento de partículas em fluídos.
•
A decantação livre ocorre quando as concentrações volumétricas de partículas são menores que 0,2% (de 0,2% a 40% tem-se Decantação Influenciada)
•
A operação de separação de um lodo diluído ou de uma suspensão, pela ação da gravidade, gerando um fluido claro e um lodo de alto teor de sólidos é chamada de Sedimentação. Neste caso, se usam equações empíricas (deve-se evitar o uso das equações de movimento de partículas sólidas isoladas em fluídos).
•
A sedimentação ocorre quando a concentração volumétrica das partículas é maior que 40%
3
Se as partículas forem muito pequenas, existe o Movimento Browniano. Ele é um movimento aleatório gerado pelas colisões entre as moléculas do fluido e as partículas. Nesse caso, a teoria convencional do movimento de uma partícula em um fluido não deve ser usada e recorre-se a equações empíricas. Movimento Browniano de uma partícula http://www.youtube.com/watch?v=74RL_FlYJZw&feature=related 4
1. Sedimentação É a separação de uma suspensão diluída pela ação da força do campo gravitacional, para obter um fluído límpido e uma “lama”com a maior parte de sólidos. tempo
Tipos de lama: 5
Mecanismo (fases) da sedimentação Zona clarificada Zona de concentração uniforme
Pode acontecer em batelada ou processo contínuo. A diferença é que em processo contínuo, a situação mostrada na proveta #3 se mantém, permitindo a entrada e saídas constantes.
Zona de concentração não-uniforme
Zona de transição
#3 Sólidos sedimentados
tempo 6
A sedimentação industrial ocorre em equipamentos denominados tanques de decantação ou decantadores, que podem atuar como espessadores ou clarificadores. Quando o produto é a “lama” se trata de espessador, e quando o produto é o líquido límpido temos um clarificador.
Zonas de sedimentação em um sedimentador contínuo
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Exemplo – Velocidade de Sedimentação: A tabela abaixo mostra um ensaio de suspensão de calcário em água, com concentração inicial de 236g/L. A curva mostra a relação entre velocidade de sedimentação e a concentração dos sólidos. Eq. Reta no instante i: zL=zi-vL*t
Tempo, h
Altura da interface, cm
0
36
0,25
32,4
0,50
28,6
1,00
21
1,75
14,7
3,00
12,3
4,75
11,55
12,0
9,8
20,0
8,8
Zi zL
t
vL = (zi-zL)/t
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Os coeficientes angulares da curva anterior, em qualquer instante, representam as velocidades de sedimentação da suspensão. Assim elabora-se a tabela de “tempo” versus ”velocidade”. Pode-se calcular a concentração de sólidos a cada instante e plotar. A concentração de sólidos em suspensão (C) seria obtida pela equação abaixo.
A ⋅ c ⋅ z i = A ⋅ c0 ⋅ z 0 Z0 = altura da interface inicial, cm C0 = concentração inicial, g/L Zi = altura da interface no tempo “i”, se todos os sólidos estivessem na concentração “c”, C = concentração de sólidos no tempo “i”, g/L Tempo h
Velocidade de sedimentação cm/h
Concentração g/L
0,5
15,65
236
1,0
15,65
236
1,5
5,00
358
2,0
2,78
425
3,0
1,27
525
4,0
0,646
600
8,0
0,158
714
c0 ⋅ z 0 c= zi
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Exercício Um lodo biológico proveniente de um tratamento secundário de rejeitos, deve ser concentrado de 2500 até 10900 mg/litro, em um decantador contínuo. A vazão de entrada é 4,5 x 106 litros por dia. Determine a área necessária a partir dos dados da tabela. Tempo (min)
0
1
2
3
5
8
12
16
20
25
Altura da interface (cm)
51
43,5
37
30,6
23
17,9
14,3
12,2
11,2
10,7
10
Considerando área de sedimentação constante
Z c C c = Z u Cu = Z 0 C 0 Z 0 C0 Zu = Cu 51⋅ 2500 Zu = =11,7cm 10900
Tempo = 11,2 min 11
Tempo Altura da Concentração da (min) interface (cm) suspensão (mg/ml) 0 51 2500,0 1 43,5 2931,0 2 37 3445,9 3 30,6 4166,7 5 23 5543,5 8 17,9 7122,9 12 14,3 8916,1 16 12,2 10450,8 20 11,2 11383,9 25 10,7 11915,9
θ =11,2 min u
Cálculo da área
Z0 A Q C0 = C0
θu
Q A = θu Z0
Concentração desejada= 10900 mg/ml
Tempo = 17,5 min
4,5 x10 6 ⋅1000 / 1440 ⋅11,2 A= = 6,92 x105 cm 2 51
A = 69,2 m 2 A =108 m 2 12
CLASSIFICAÇÃO DOS PROCESSOS DE SEDIMENTAÇÃO
Sedimentação discreta (Tipo 1): As partículas permanecem com dimensão e velocidade constantes ao longo do processo de sedimentação. ► Sedimentação floculenta (Tipo 2): As partículas se aglomeram e sua dimensão e velocidade aumentam ao longo do processo de sedimentação. ► Sedimentação em zona (Tipo 3): As partículas sedimentam em massa (e.g., adição de cal). As partículas ficam próximas e interagem. ► Sedimentação por compressão (Tipo 4): As partículas se compactam como lodo. ►
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2. SEDIMENTAÇÃO DISCRETA (TIPO 1) ►
As partículas permanecem com dimensões e velocidades constantes ao longo do processo de sedimentação, não ocorrendo interação entre as mesmas.
Decantadores em uma instalação de tratamento de esgotos
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Vs = Vc
H
Vs>Vc
Zona de Entrada
Zona de decantação
Vx
Vs
Vy Zona de Saída Zona de Lodos L
Vx H/3 H
H/3
Vy Vx
Bandejas
Vy Vx
H/3 Vy
L/3 15
Decantador laminar de placas Canal de Água Floculada
Canal de Água Decantada
Escoamento preferencial
Descarga de Lodo
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Cálculos de Projeto Considere o decantador horizontal ao lado e a trajetória da partícula sólida (linha tracejada):
∆t = t2-t1 = t
t1
1
t2
Vh Vs
H
B L
LBH Q L t = = Taxa de escoamento superficial na direção “h”: vh = Area BH t •
Velocidade média da partícula na direção “s”: (velocidade de sedimentação)
H vs = t
Isolando “t” de [1] e substituindo em [2] tem-se:
[1] [2]
vh .H vS = L
[3]
Como a velocidade da partícula na direção “h” é a mesma do fluído, tem-se de [1]: •
Q Q = vh . A → vh = Area •
•
•
Q Q vh = = BH Área de escoamento
[4] 17
Substituindo agora [4] em [3] tem-se:
vh .H vS = L •
vh =
Q BH
•
•
Q H Q Q vS = = = BH L BL Area de sedimentação
[5]
As partículas com vs inferiores à razão Q/BL (que seria Vc) não sedimentarão, e sairão junto com o fluido clarificado. Equações básicas para sedimentação discreta: •
•
Q Q vS = = BL Area de sedimentação
•
•
Q Q vh = = BH Área de escoamento
“vs” = velocidade (vertical) de sedimentação (m/s) “vh” = taxa (horizontal) de escoamento superficial (m3/m2/dia)
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Exemplo: Dimensionamento de um sedimentador convencional. • Vazão: 1,0 m3/s • Número de unidades de sedimentação: 4 • Velocidade de sedimentação das partículas sólidas: 1,67m/h H (valor obtido de um estudo prévio) • Profundidade da lâmina líquida: H=4,5 m • ρf = 1000 kg/m3 e µf = 1 cP
∆t=t2-t1=t
t1
t2
1 Vs
Vh B L
Exigência: Re =
vh .Rh .ρ f
µf
< 20.000
onde
Área de escoamento Rh = Raio Hidráulico = Perímetro Molhado
Pede-se para calcular: (1) A área do sedimentador (2) O tempo de residência da partícula no sedimentador (3) A velocidade horizontal
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Resolução: (1) Área do sedimentador •
Q total
1 m 3 60 s 60 min 24 horas m3 = . . . = 86400 s 1 min 1 hora 1 dia dia
•
Q sedimentador
86400 m 3 1 m3 = . = 21600 dia 4 sedimentadores dia
40 m 3 vs = 1,67 m / h = 2 m dia •
(Dado fornecido)
•
Q Q vS = = BL Area de sedimentação
Substituindo a Q e vs tem-se:
21600 40 = → BL = 540m 2 BL
Admitindo uma relação entre L/B igual a 4 (valor geralmente usado), tem-se: 4B 2 = 540 m2 B ≅ 11,62 m
L ≅ 46,47 m
H
B L
20
(2) Tempo de residência da partícula no sedimentador (até alcançar a parte de baixo do sedimentador e se depositar formando a “lama”) •
Q=
volume volume → tempo = • tempo Q
m 3 dia m3 Q = 21600 = 900 dia 24h h •
vh
H
B
vs L
Volume = B.L.H = 11,6m * 46,5m * 4,5m = 2430 m3 Substituindo Q e volume na equação acima tem-se: Tempo = 2,70h = 2h42minutos (3) Velocidade horizontal •
Q 900m3 / h m m vh = = = 17,21 = 0,28 BH 11,6m * 4,5m h min 21
Verificação do Reynolds:
Área de escoamento B.H 11,6m * 4,5m Rh = = = = 2,53m Perímetro Molhado 2 H + B 2 * 4,5m + 11,6m
Re =
vh .Rh .ρ f
µf
( 0,00478m / s ) 2,53m(1000kg / m 3 ) = = 12122 1.10 −3 Pa.s
12122 < 20000 OK! Condição inicial
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3. SEDIMENTAÇÃO (TIPOS 2 E 3)
Freqüência relativa
Distribuição dos diâmetros das partículas presentes na suspensão diluída
Somente as partículas com diâmetro superior ao diâmetro crítico serão sedimentadas. Esses casos ocorrem quando o dimensionamento foi realizado considerando apenas partículas superiores ao diâmetro crítico, e eventualmente, a suspensão diluída foi alterada. Outro caso ocorre quando tem-se um espaço físico limitado para a construção do sedimentador.
Diâmetro crítico Diâmetro das partículas
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Com a aplicação de agentes floculantes tem-se: Nova distribuição dos diâmetros das partículas presentes na suspensão diluída Freqüência relativa
dp > dc
Partículas sedimentáveis
Diâmetro crítico Diâmetro das partículas 24
Floculação: “Precipitação de certas soluções coloidais, sob a forma de flocos tênues, causada por um reagente.” Com o aumento do diâmetro das partículas há, consequentemente, o aumento de sua velocidade de sedimentação ao longo da altura. Dosagens de agentes floculantes empregados no tratamento de águas de abastecimento Sulfato de alumínio: 5 mg/L a 100 mg/L Cloreto férrico: 5 mg/L a 70 mg/L Sulfato férrico: 8 mg/L a 80 mg/L Coagulantes orgânicos catiônicos: 1 mg/L a 4 mg/L
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DECANTAÇÃO INFLUENCIADA (0,2% a 40%) Quando existe interferência entre as partículas, resultando em uma velocidade de sedimentação mais baixa que a decantação livre prevista pela Equação de Stokes. Existem correlações empíricas para a decantação influenciada que consideram o escoamento laminar de partículas esféricas rígidas, uma delas é a seguinte:
g D ( ρs − ρm ) vt ,w = ε e −4.19 ( 1−ε ) 18µ 2
Vt,w = Velocidade do movimento descendente das partículas sólidas
µ = viscosidade do fluido ε = porosidade
ρm =
m f + ms V f + Vs
=
m f + ms Vm
(Densidade aparente da mistura)
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Esta equação permite calcular a velocidade de sedimentação de partículas pequenas em uma decantação influenciada. Não existe informação equivalente para o caso de esferas grandes, nem para o caso de partículas irregulares.
Exemplo: Calcule a velocidade de sedimentação da partícula no caso de uma decantação influenciada de esferas de vidro com tamanho de 200 mesh no seio de água.
Dados:
ρ s = 2600 kg / m 3 Concentração = 0,2 D = 74 µm = 7,4 x 10 −5 m
µ F = 1cp = 10 −3 kg / m.s ε = 0,8
ρ f = 1000 kg / m 3
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Resolução: Se consideramos como base de cálculo 1 m3 de suspensão (mistura), desse volume 0,2 m3 será vidro, com uma massa de 0,2 x 2600kg/m3 = 520 kg, e teremos 0,8 m3 de água com uma massa de 800 kg. A massa total da suspensão será 1320 kg, portanto:
ρ m = 1320 kg / m 3
(densidade da mistura; aparente)
Através da equação da decantação influenciada, obtém-se a velocidade de sedimentação da partícula:
vt , w
( ρ s − ρ m ) ε g D 2 e −4,19( 1−ε ) = 18µ
2
vt , w
(
kg 0,8 x 9,8 m / s 7,4 x10 = ( 2600 − 1320 ) 3 m 18 x 10 −3 kg / ms
)
−5 2
m2
e − 4,19 x 0, 2 = 1,32 x 10 −3 m / s 28