Análise EconômicoFinanceira dos Clubes de Futebol Brasileiros | 2018 Dados Financeiros de 2017
Introdução
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2017 | Nada de novo debaixo do Sol O ano de 2017 no futebol brasileiro nos remete ao Rei Salomão. Assim como o Sol se levanta e se põe, se levantando novamente no mesmo lugar; assim como o vento que sopra de um lado a outro, dá voltas mas segue sempre seu curso, o futebol brasileiro não trouxe nada de novo em 2017. Mas esta falta de novidade vem coberta por um manto de ilusionismo, que tenta nos fazer crer que há algo de bom. Mas não há nada de novo debaixo do Sol. Tudo que vemos já existiu há muito tempo e vemos a cada ciclo. Em 2016 vimos que o comportamento dos dirigentes de futebol é conhecido e se repete: mais dinheiro, mais gastos, nenhuma preocupação com o futuro, o que vale é hoje. Em 2017 seguimos esta jornada, nos repetindo e andando em círculos. Apesar das receitas crescerem, mesmo as recorrentes, ainda assim a origem desse crescimento veio de forma concentrada. Não houve melhor desempenho da indústria do futebol mas sim de alguns players deste jogo. Seja na Venda de Atletas, na Publicidade ou na Bilheteria, apenas alguns poucos foram responsáveis pelo crescimento. Estratégias individuais, objetivos específicos catapultando os dados consolidados e trazendo uma ideia equivocada de que houve evolução. Palmeiras, Flamengo, São Paulo e Grêmio se destacam. Enquanto isso os custos e despesas continuaram crescendo e ocupando o salto de receitas. Investimentos gerais não mudaram muito, nem as Dívidas. Mais receitas usadas para pagar as contas correntes, mas deixando as dívidas de lado, sem fazer reservas para os dias mais difíceis que virão. Afinal, o Profut começará a vencer, as regras de distribuição de Direitos de TV mudarão, e isso vai pressionar o fluxo de caixa dos clubes em 2019. Mas a sensação é de que analisar o futebol brasileiro, com algumas raras exceções – que também são as de sempre – parece como correr atrás do vento. Como está estruturado, o que é torto não pode ser endireitado, o que está faltando não pode ser contado. Por mais que se faça um esforço na tentativa de encontrar novidades e ar fresco, percebemos analisando os dados de 2017 que o que foi voltou a ser, o que aconteceu agora ocorrerá de novo em seguida. Ainda dependeremos de vender atletas para fechar nossas contas, e isto significa perder potenciais estrelas e destaques para nos reforçar com incertezas. Sem contar que desestruturamos nossos times, e isto se traduz na tradicional imprevisibilidade do nosso campeonato, que muitos enxergam como competitividade.
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2017 | Nada de novo debaixo do Sol São dois anos de crescimento de receitas, por motivos diferentes, e ainda assim a estrutura do futebol foi incapaz de se organizar de maneira estrutural. Ninguém se lembra do que se viveu no passado, não há recordações do que já aconteceu, e então tudo se repete. Não se trata de uma avaliação alarmista. Da mesma forma que nos repetimos, ao menos não nos deterioramos. Apenas não aproveitamos mais uma oportunidade em lapidar o que é bruto e transformar em joia. Os desafios a partir de 2018 serão grandes, e em 2019 a realidade será outra. Os Direitos de TV, que hoje são pagos em grande parte ao longo do ano terão 30% pagos apenas ao final do campeonato, de acordo com a classificação final. Ou seja, o fluxo de caixa dos clubes vai apertar. O Profut começa a vencer e vemos que muitos não terão capacidade de pagá-lo sem pressionar ainda mais as finanças. Então, remetemos novamente ao Rei Salomão, ao dizer que “se esforçou ao máximo para compreender a sabedoria, bem como a loucura e a insensatez; contudo, aprendeu que isto também é correr atrás do vento”. E percebemos que sem uma mudança real e estruturada, o futebol brasileiro será sempre assim: idas-e-vindas, para tudo permanecer como sempre.
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Disclaimer Sempre importante lembrar Este é um trabalho feito pelos profissionais da Área de Crédito do Itaú BBA, baseado exclusivamente em informações públicas e sem que tivéssemos qualquer contato com os clubes para explorar eventuais dúvidas e aprofundar algumas questões. O objetivo é meramente informativo e tentamos apresentar aos Torcedores a visão de uma equipe técnica e multiclubística sobre a condição financeira do Futebol Brasileiro e seus Clubes.
Vale ressaltar que apesar de alguns clubes apresentarem balanços bastante detalhados e esclarecedores, há uma enorme dificuldade em ter a mesma qualidade em todos os balanços, o que torna limitada nossa ação. E mesmo para clubes que disponibilizam informações estruturadas, ainda restam dúvidas relevantes. Por conta disso, podemos afirmar que o material reflete a realidade “pública” de cada clube, e nossas avaliações são feitas com base em hipóteses técnicas, apenas. Por isso, quando falamos em “atrasos”, isto reflete uma avaliação técnica das movimentações contábeis, baseado nos dados disponíveis. Trata-se de hipótese técnica e são suposições, apenas, e justificam o fechamento do fluxo de caixa do período. Não temos também qualquer contato com Patrocinadores, Federações, Parceiros, de forma que nossas avaliações consideram informações publicadas pela Imprensa como única fonte externa aos Balanços, inclusive entrevistas e matérias feitas com Dirigentes.
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Sumário 1. Introdução 1.1 | 2016 | Nada de novo debaixo do Sol 1.2 | Disclaimer 1.3 | Nossos Critérios 1.4 | Receitas 1.5 | Receitas Operacionais 1.6 | Receitas | Tratamento a Valor Presente 1.7 | Receitas | TV, sempre ela 1.8 | Receitas | Crescimento 1,9 | Receitas | Recorrente 1.10 | Receitas| Direitos de TV 1.11 | Receitas | Direitos Federativos 1.12 | Receitas | Direitos Federativos 1.13 | Receitas | Publicidade 1.14 | Publicidade | Concentração 1.15| Publicidade | Detalhe por Clube 1.16 | Publicidade no Mundo 1.17 | Receitas | Bilheteria e Sócio Torcedor 1.18 | Receita da Bilheteria | Por Clube 1.19 | Sócio Torcedor | Relevância 1.20 | Receitas | Concentração 1.21 | Concentração | Top 5 faz diferença 1.22 | Custos, Despesas e EBITDA 1.23 | EBITDA | Efeito Palmeiras e Flamengo 1.24 | Comportamento do EBITDA Recorrente 1.25 | Investimentos 1.26 | Investimentos | Categorias de Base 1.27 | Investimentos | Origem do Dinheiro 1.28 | Dívidas 1.29 | Dívidas | So far. so good 1.30 | Dívidas | Alavancagem 1,31 | Profut | É possível pagá-lo? 1.32 | Dívidas: resumindo 1.33 | Fluxo de Caixa Livre 1.34 | Gastos Totais 1.35 | Geração de Caixa Livre 1.36 | Fluxo de Caixa Livre por Clube 1.37 | Fluxo de Caixa: a chave da análise
2 3 5 7 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 30 31 32 33 35 37 38 39 40 41 42 43 44 45 46
2. Clubes | Análise Individual
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2.1 | Alguns Conceitos Básicos 2.2 | América MG 2.3 | Atlético MG 2.4 | Atlético PR 2.5 | Avaí 2.6 | Bahia 2.7 | Botafogo 2,8 | Ceará 2.8 | Chapecoense 2.9 | Corinthians 2.10 | Coritiba 2.11 | Criciúma 2.12 | Cruzeiro 2.13 | Figueirense 2.14| Flamengo 2.15 | Fluminense 2.16 | Goiás 2.17 | Grêmio 2.18 | Internacional 2.19 | Paraná Clube 2.20| Palmeiras 2.21| Ponte Preta 2.22 | Santos 2.23 | São Paulo 2.24 | Sport 2.25 | Vasco da Gama 2.26 | Vitória
50 51 57 63 69 75 81 87 93 99 107 113 119 125 131 137 143 149 155 161 168 174 180 186 193 199 205
3. Avaliação de Desempenho | Gráfico
211
4. Avaliação de Desempenho | Brasileirão
221
4. Correlações entre Títulos e Finanças
228
5. Atualização: 2017 vs hoje 6. Futebol no Brasil x Europa
236 242 247
7. Conclusões 8. Escalação
9. Referência
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Nossos Critérios | Deixando as regras claras Antes de iniciarmos a partida é importante deixarmos claro quais as regras do jogo. Se a regra é clara, não há discussão. Para isso o primeiro passo é ajustar os balanços e torná-los comparáveis. lembrando sempre que os critérios de Contabilização e os Critérios de Análise Econômico-Financeira não são e nem precisam ser os mesmos. Análise é justamente a maneira de interpretar os conceitos contábeis. E esta explicação faz toda a diferença entre tabular dados e analisar. RECEITAS | As Receitas Totais consideram tudo que é Operacional, ou seja, tudo que foi gerado no dia-a-dia do Clube e que tem recorrência direta. Entretanto, fazemos uma segunda derivada, que é utilizar o conceito de Receita Recorrente, onde excluímos a Venda de Atletas, pois apesar de ser operacional, é muito errática, e para fins de gestão deveria ser desconsiderada nos orçamentos. Nas análises deste ano nos deparamos com algumas receitas que não são operacionais, como Perdão de Dívida e Abatimento de Impostos. Estas e outras com mesma características foram deduzidas das Receitas Totais e Recorrentes. Outro ajuste que fazemos nas receitas está relacionado à Venda de Atletas. Sempre que houver terceiro com parte do direito econômico e comissão de negociação, deduzimos estes valores das Receitas com Venda de Atletas, justamente para apresentarmos o valor que acaba no caixa do clube. Na prática a parte que pertence ao terceiro não é de propriedade do clube e só transita pelo demonstrativo de resultados por determinação da FIFA. A as comissões também não são recursos do clube. Para fins de Geração de Caixa esta alteração não tem impacto, mas para quem gosta de rankings isto mudo um tanto as relações. LUVAS DE TV | São comuns, de certa forma Operacional, pois estão atreladas ao principal contrato dos clubes, mas não é recorrente. Portanto, para fins de análise, consideramos como Não Operacional, o que as exclui do EBITDA. AJUSTES DE MOVIMENTAÇÕES SEM EFEITO NO CAIXA | No balanço dos clubes há muitas movimentações que são meramente contábeis, como o lançamento de Provisões para Contingências e correção de Impostos Parcelados/Profut. Fazemos os ajustes e excluímos tanto das Despesas/Receitas Operacionais como das Receitas/Despesas Financeiras e lançamos para Resultado Não Operacional. GERAÇÃO DE CAIXA (EBITDA) | Usamos a expressão EBITDA (Earnings Before Interest, Depreciation and Amortization) par definir o valor que sobra para o clube após pagar seus custos e despesas correntes. É o que se chama de Geração de Caixa, pois após comprar matéria-prima, transformá-la e vendê-la, é quanto esta atividade de transformação gerou de valor. Na prática do futebol, é quanto sobra de dinheiro para o clube pagar suas dívidas e fazer investimentos.
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Nossos Critérios | Deixando as regras claras
DÍVIDAS | Este é um item que costuma divergir do que outros analistas fazem. Conceitualmente restringimos a análise das Dívidas aos 3 grupos que mais afetam o fluxo de caixa de um clube. Na prática, são as Dívidas que podem levar o Clube a dificuldades. São elas: BANCÁRIAS: Dívidas com Bancos e Pessoas Físicas que cobram taxas similares; OPERACIONAIS: São os Fornecedores, cujo maior parte vem de valores a pagar a Clubes pela aquisição de Atletas e Despesas Provisionadas, que são as parcelas de salários e Encargos Sociais e Tributários a serem pagas no mês; IMPOSTOS: são os valores devidos de Impostos tanto de curto prazo (parcelas que vencem no ano) como de longo prazo, equacionados ou não no Profut, e as Provisões para Contingência de curto e longo prazos, visto que são potenciais problemas no futuro. Na conta de DÍVIDA TOTAL, excluímos apenas a parcela de Disponibilidades (Caixa), pois os demais Ativos, por mais líquidos que possam ser, conceitualmente ainda podem deixar de ser recebidos, enquanto a Dívida necessariamente deve ser paga. Mesmo a FIFA determinando sanções duras contra clubes que não fazem seus pagamentos de aquisições de atletas de outros clubes, ainda assim optamos por não usar esta conta deduzindo das Dívidas. Inclusive, o conceito mais comum de Dívida Líquida utilizado pelo mercado de capitais utiliza apenas as contas de Bancos e Caixa, e varia conforme a indústria. O uso de todos os Ativos e Passivos, exceto Permanente traz para a conta de dívida uma série de itens que nem sempre tem efeito caixa e são meros registros contábeis. Logo, a análise e segregação entre o que impacta o caixa e o que não impacta nos dá uma visão mais realista de quanto os clubes devem. INVESTIMENTOS | No balanço o Direito de Imagem está junto do valor dos Atletas o Direito de Imagem. Quando está informado, excluímos do Permanente e lançamos no Realizável a Longo Prazo. NCG (Necessidade de Capital de Giro) | São os financiamentos operacionais, e geralmente num clube de futebol eles “ajustam” as receitas e os investimentos. Primeiro vamos pensar no impacto no caso das Receitas com Vendas de Atletas. Muitas vezes as vendas são pagas à prazo. Pense no seguinte cenário: um atleta é vendido por 10, mas o valor será pago em 2 anos, sendo 5 agora e 5 no ano que vem. Nas receitas aparecerá 10 como venda de atletas, mas no fluxo de caixa aparecerá “-5”, que é uma dedução da receita, pois o valor só entrará no caixa no próximo ano. No caso dos Investimentos em Compras de Atletas a ideia é a mesma. O clube compra um atleta por 10 para ser pago em duas vezes, uma já e outra no ano seguinte. No fluxo de caixa aparecerá “-10” como investimento (é uma saída de dinheiro do caixa do clube), mas na NCG aparecerá 5, que é a parcela a ser paga no ano seguinte. Ou seja, o clube gastou efetivamente apenas 5 no ano, da mesma forma que entrou apenas 5 no caixa no caso da venda. Isto é importante para ajustar e entender a dinâmica do fluxo de caixa dos clubes.
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Nossos Critérios | Deixando as regras claras BOA NOTÍCIA | Para 2018 os clubes deverão adotar um padrão único que foi desenvolvido pela APFUT – Autoridade Pública de Governança do Futebol – em conjunto com especialistas contábeis e o Conselho federal de Contabilidade. Isto não reduzirá os ajustes necessários para transformarmos um Demonstrativo Financeiro numa Análise Financeira, mas vai possibilitar melhor compreensão dos números dos clubes.
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Receitas
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Receitas Operacionais Evolução das Receitas Brutas Totais* | R$ milhões
* Refere-se aos 27 clubes da análise
Evolução das Receitas Brutas Recorrentes** | R$ milhões
** Exclui as Receitas oriundas da venda de Direitos Econômicos de Atletas
De maneira geral 2017 foi um bom ano em termos de Receitas. Tanto as Totais, que incluem Venda de Atletas como as Recorrentes, que excluem essas vendas, tiveram crescimento relevante, de 17% e 11% respectivamente. Considerando um ano em que o PIB cresceu 1% e a inflação (IPCA) foi de 2,95%, estes valores são realmente positivos. A partir das próximas páginas vamos detalhar este número bruto e verificar como ele foi formado, o que nos dará uma visão mais clara sobre a consistência dele.
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Receitas | Tratamento a Valor Presente Evolução das Receitas Brutas Totais* | R$ milhões
* Refere-se aos 27 clubes da análise
Evolução das Receitas Brutas Recorrentes** | R$ milhões
** Exclui as Receitas oriundas da venda de Direitos Econômicos de Atletas
Como sempre ressaltamos, a análise de qualquer série histórica relacionada a finanças requer tratamento considerando impactos inflacionários, especialmente num país como o Brasil, que a despeito da forte redução após o Plano Real ainda é suscetível a movimentos de elevação de preços vez ou outra. Nesta página observamos a evolução das Receitas Totais e Recorrentes tanto em termos nominais como em termos reais (corrigidas pelo IPCA). Primeiro aspecto positivo é que ambas as receitas cresceram acima da inflação pelo segundo ano consecutivo. Ou seja, de forma agregada a indústria do futebol teve desempenho acima da média da economia como um todo. Nas Receitas Totais o crescimento real foi de 13,3% enquanto nas Receitas Recorrentes este crescimento foi de 7,5%. Aqui já temos um primeiro sinal: a venda de Atletas teve desempenho superior às demais linhas de receitas. Se tomarmos os anos de 2015 e 2016 vemos que as duas formas de apurarmos receitas caminharam praticamente da mesma forma, o que mostra que o conjunto evoluiu de forma equivalente, Em 2017, diferentemente, as Vendas de Atletas foram importante impulso ao crescimento. Mas é importante não perdermos de vista que a despeito disso, as receitas se comportaram bem quando analisadas de forma agregada. E como terá sido o desempenho isoladamente? Abre no lateral e segue a jogada.
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Receitas | TV, sempre ela. Breakdown das Receitas Totais por Origem
R$ milhões
Analisando a evolução linha a linha percebemos claramente o que foi comentado na página anterior: a Venda de Atletas impulsionou consideravelmente as Receitas Totais, crescendo 55% em relação a 2016, passando a ser a segunda maior receita da indústria no ano passado. Enquanto isso, o carro-chefe das receitas, os Direitos de TV ficou praticamente estável, com crescimento de 3%, que representa praticamente a recomposição inflacionária. Depois do grande salto de 2016 (+32%), era natural esta estabilização. Observamos também um bom desempenho em todas as demais linhas de receitas. Em Publicidade e Patrocínio tivemos crescimento de 31%, enquanto na Bilheteria/Sócio Torcedor o aumento foi de 21%.
Comportamento das Receitas por Origem
+3%
R$ milhões
+27% +55% +21% +9%
+11%
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Quem desempenhou de maneira bastante inferior, ainda que tivesse crescimento, foram as receitas com Estádio, que evoluíram 9%. O detalhe da receita chamada de Outros é que sua composição é bastante heterogênea, e vai de prêmios recebidos por conquistas a receitas patrimoniais. Ou seja, muito difícil de avaliar sua estrutura, mas positivamente o comportamento tem sido de crescimento contínuo.
Receitas | Crescimento em diversas frentes Breakdown das Receitas Totais por Origem
R$ milhões
Aprofundando um pouco mais o dado consolidado vemos que a receita com Direitos de TV voltou aos patamares históricos, ao retornar a 42% do total, depois de ter subido a metade das receitas em 2016. Como esta receita praticamente não se alterou em 2017 e as demais cresceram bastante como vimos na página anterior, era natural que tivesse reduzido sua relevância, a despeito de ainda se manter a mais importante para os clubes brasileiros. Nesse sentido, e antecipando temas, veremos como esta receita é relevante não apenas no Brasil, mas na maioria dos clubes europeus.
R$ milhões
Comportamento das Receitas por Origem
E confirmando o destaque apontado anteriormente, a Venda de Atletas representou 16% do total, enquanto as demais pouco se alteraram proporcionalmente. Assim, é possível dizer que a Venda de Atletas “roubou” espaço da TV, o que não é exatamente positivo, à medida em que esta receita é menos previsível e oscila muito de clube a clube, o que numa análise consolidada acaba mascarado. Para melhorar o entendimento das Receitas vamos a partir de agora analisá-las de maneira individual e entender seus comportamentos.
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Receitas | Detalhes das Receitas Recorrentes Evolução das Receitas Brutas Recorrentes | R$ milhões
* Refere-se aos 27 clubes da análise
Breakdown das Receitas Recorrentes
** Exclui as Receitas oriundas da venda de Direitos Econômicos de Atletas
Aqui vamos iniciar analisando o comportamento das Receitas que são mais facilmente administráveis, as chamadas Recorrentes. Analisaremos as Vendas de Atletas em outro momento. Reforçando o que sempre comentamos, estas são as receitas em cima das quais os clubes tem alguma gestão e podem ser usadas para montar orçamentos factíveis. É um equívoco comum dos clubes incluir venda de atletas nos orçamentos, como se fosse previsível esta realização. Sem contar que deixa os clubes em situação mais delicada de negociação, à medida em que os compradores sabem da necessidade dos vendedores. Nos gráficos acima temos a evolução das Receitas Recorrentes agregadas da amostra em termos nominais e reais (ajustadas pela inflação). Note que após 3 anos de estabilidade (2013, 2014 e 2015) houve início de uma recuperação, com crescimentos robustos em 2016 (13%) por conta do aumento na receita com Direitos de TV e em 2017 (7%) baseado fortemente em Publicidade e Propaganda e Bilheteria/Sócio Torcedor, conforme mostra o gráfico de Breakdown das Receitas Recorrentes. Neste gráfico temos a variação anual das receitas por origem, onde é possível observar a dimensão das variações. Note também que em 2017 todas as receitas foram positivas, conforme já apontado, mas aqui a dimensão fica bastante clara.
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Receitas | Direitos de TV Evolução das Receitas | Nominal x Real
R$ milhões
Receita com Direitos de TV
A maior parte das receitas dos clubes brasileiros vem das vendas de Direitos de TV. Antes de avaliar a movimentação é importante salientar que estas receitas são a soma das receitas de todos os campeonatos disputados ao longo do ano. Ou seja, é importante estar claro que não se trata apenas do Campeonato Brasileiro. Aqui estão o Estadual, Copa do Brasil, Libertadores, Sulamericana e Brasileiro, que se divide entre TV Aberta, TV Paga e Pay-Per-View. Naturalmente que a maior das receitas é a do Campeonato Brasileiro, estimada a partir de matérias divulgadas pela imprensa em algo como R$ 1,1 bilhão, o que dá pouco mais da metade de todas as receitas com Direitos de TV. É só uma estimativa. Mas veja que as grandes variações são observadas justamente quando os contratos do Campeonato Brasileiro são renovados, o que mostra a importância deste campeonato na divisão geral. Entretanto, vemos dois picos claros, em 2012 e 2016, quando o novo modelo entrou em vigor e quando foi reajustado, ainda baseado no contrato original. Como nos demais anos houve apenas correção inflacionária, isto significa que outros campeonatos e a maior adesão ao pay-per-view ajudaram a impulsionar esta receita. Mas a partir de 2019 haverá uma mudança importante na distribuição das receitas de TV Aberta. Se hoje elas são negociadas individualmente com cada clube, a partir de 2019 serão distribuídas considerando o seguinte: 40%¨de forma igualitária entre os 20 clubes da Série A; 30% em função do desempenho no campeonato (classificação, onde o campeão recebe mais); 30% pela presença ao vivo na TV (haverá equilíbrio de transmissões baseadas nas audiências históricas e tamanho das torcidas) . Além de equilibrar as receitas, haverá uma mudança no fluxo de caixa. Hoje os clubes recebem o valor anual distribuído ao longo do ano. A partir de 2019 os 30% de distribuição por desempenho serão pagos apenas ao final do campeonato, em Dezembro. Ou seja, os clubes perderão parte do caixa que utilizam ao longo do campeonato, determinando que a gestão financeira seja ainda mais robusta e atenta.
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Receitas | Venda de Direitos Federativos
A segunda maior fonte de receitas dos clubes Brasileiros em 2017 tem um comportamento errático. Como qualquer produto de exportação, há forte impacto do câmbio na conta, pois os negócios são feitos em Dólares e Euros mas o que entra no caixa dos clubes são Reais. Logo, com a multa fixada em moeda forte, desvalorizações cambiais são aliadas dos clubes de futebol, pois os mesmos Euros significam mais Reais. Houve aumento de 72% nas receitas em Dólares, o que significou 59% a mais em Reais. Número realmente impressionante, o maior da série e possivelmente o maior da história do futebol brasileiro.
Destaque de vendas novamente foi o São Paulo, que pelo segundo ano consegue valores substancialmente acima de sua mediana. O Flamengo foi destaque em 2017 por conta da venda de Vinícius Jr, e sua mediana é bastante baixa porque não vinha sendo prática do clube realizar vendas de atletas para os demais, exceto o Corinthians que teve em 2017 sua mediana, os demais venderam bem acima. Na análise da Geração de Caixa recorrente voltaremos a este tema. A forte necessidade de venda de atletas gera impactos esportivos, pela troca constante de elenco, mas um risco de gestão, pois os clubes que fazem em demasia acabam reféns destas vendas e quando não acontecem, geram buracos relevantes na sua gestão de fluxo de caixa.
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Efeito do Câmbio
R$ milhões
Evolução da Receita Anual | Reais x Dólares
Comparativo | 2017 x Mediana do Clube
Receitas | Venda de Direitos Federativos 12 Maiores Vendedores | Acumulado 2010-2017 Em R$ milhões
Temos aqui o acumulado em dois períodos: de 2010 a 2016 e depois de 2010 a 2017, e que mostra não apenas quem são os grandes vendedores de atletas, mas também como eles se comportaram em 2017. O São Paulo continua sendo o maior vendedor de atletas do Brasil, e em 2017 ampliou a “vantagem” em relação ao Corinthians, que permanece na segunda posição. Na sequência a novidade é que o Santos passou o Internacional, assim como Atlético Mineiro ultrapassou o Cruzeiro. Além disso, um pouco mais adiante aparece o Flamengo, que não fazia parte da lista anteriormente. Aqui não se trata de um ranking, e muito menos algo para celebrar. A venda de atletas se tornou parte do negócio, de maneira equivocada. Cobre buracos no lugar de servir de fonte de recursos para novos investimentos. Esportivamente empobrece a qualidade do espetáculo, pois os clubes vendem atletas que estão bem e são obrigados a contratar outros que são apostas, demandam tempo de adaptação. No lugar de pensar este gráfico como um ranking, os clubes deveriam avaliar se esta é uma prática efetiva ou apenas uma forma de enxugar gelo.
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Receitas | Publicidade
R$ milhões
Receitas em alta...
...mesmo em relação à inflação.
Depois de 3 anos de estabilização em termos nominais e queda em termos reais, eis que as receitas com Publicidade apresentaram crescimento relevante em 2017: foram 27% em termos nominais e 24% em termos reais. Mas estamos falando de um movimento agregado, pois somamos aqui as receitas dos 27 clubes da amostra. Mas será que este foi um movimento generalizado, ou seja, houve maior demanda pelo produto futebol e isto gerou este aumento? Ou temos apenas movimentos pontuais e trabalhos mais vencedores de alguns clubes? Nas próximas páginas vamos abordar este tema e ainda apresentar mais sobre a relação entre Publicidade no Futebol e Investimento Publicitário no Brasil e nas principais ligas da Europa.
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Receitas | Publicidade: efeito concentrado
Variação Anual
Em R$ milhões
Nem tudo que reluz é ouro, nos lembra um velho dito popular. O crescimento de 31% nas Receitas com Publicidade, que representaram mais R$ 154 milhões no dado consolidado, não foram exatamente uma mudança de visão sobre a indústria do futebol. Na prática o que observamos foi um aumento absolutamente concentrado em 4 clubes, com outros 3 clubes se beneficiando em menor escala. Para os demais 18 clubes não houve incremento significativo e alguns até perderam receita. Palmeiras, Flamengo, São Paulo e Grêmio puxaram a fila e representaram 66% do aumento, ou R$ 101 milhões. Na sequência Santos, Corinthians e Botafogo responderam por outros 21%, ou R$ 33 milhões. Juntos esses 7 clubes abocanharam novos R$ 134 milhões em receitas com publicidade. E isto, convenhamos, não chega a ser um movimento estruturado, e sim ações pontuais com estes clubes. Vamos tentar entendê-las. No Palmeiras, que investiu R$ 161 milhões na aquisição de atletas em 2017 os R$ 40 milhões adicionais vieram da Crefisa para ajudar nas contratações. Isto representou 26% de todo o aumento observado nas receitas com publicidade. No caso do Flamengo houve efetivo aumento nas receitas, com agregação de novos patrocinadores, o mesmo observado com o São Paulo e Grêmio. No caso do clube paulista a situação se reverteu de forma impressionante, uma vez que no início do ano o clube havia perdido patrocínio master. O Grêmio surfou bem a onda do bom desempenho esportivo e da presença no Mundial. Santos, Corinthians e Botafogo tiveram desempenho acima da média – o crescimento médio foi de R$ 6 milhões por clube – e trabalharam bem num cenário adverso. Os demais 18 clubes não obtiveram o mesmo sucesso, reforçando o que foi dito inicialmente: não tivemos um incremento na indústria, mas sim movimentos pontuais.
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Publicidade | Detalhe por Clube Flamengo e Corinthians recorrentes; Palmeiras crescendo de forma desproporcional
Em 2017 vimos a repetição dos Top 5 com Palmeiras, Corinthians, Flamengo, São Paulo e Grêmio. Isto mostra que, de fato, estes 5 clubes acabam se destacando em termos de exposição, guardada a devida ressalva em relação ao Palmeiras.
R$ milhões
Receita de Publicidade por Torcedor | R$/Torcedor/Ano
Aliás, o Palmeiras é um tema recorrente nos debates relacionados ao tema Receitas com Publicidade no Futebol Brasileiro. No gráfico abaixo vemos que é inegável que as receitas obtidas pelo Palmeiras estão acima do que se observa em clubes com número semelhante de torcida. Esta relação é algo que pode balizar a capacidade de penetração da marca do clube, junto a exposição e credibilidade, para ficar em itens mais óbvios. Entretanto, observamos também que Grêmio e Botafogo conseguem valores que estão proporcionalmente próximos aos do Palmeiras, lastreados nos bons desempenhos e exposições em 2017. Fato é que a Crefisa injeta muito dinheiro no Palmeiras e obtém retorno, sendo inclusive patrocinador único da camisa. Lembramos também que na composição das receitas ainda há a parcela proveniente da fornecedora de material esportivo. Esta, inclusive, é uma receita que vai diminuir ao longo do tempo com a mudança na postura comercial dos fornecedores, que estão deixando de pagar grandes somas sem vínculo com vendas e passando a pagar apenas “comissões” de venda.
Não conseguimos avaliar o retorno para a marca Crefisa, mas empiricamente é inevitável associá-la ao Palmeiras e ao Futebol. * Milhões de torcedores apurados na pesquisa Datafolha 2018
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Publicidade | Brasil e Mundo Tamanho do Mercado Publicitário
Mercado Publicitário / PIB
Receita das Ligas/Clubes com Publicidade
Receita de Publicidade do Futebol / Investimento Publicitário no País
Milhões de €
Comparando o que se investe em Publicidade no Futebol Brasileiro com ligas européias observamos que estamos muito aquém em termos de valores recebidos. Apesar do mercado publicitário brasileiro ser muito grande, maior que os europeus, o que é destinado ao futebol é uma pequena fração. Houve um aumento em 2017, mas ainda mantendo o Brasil numa posição inferior aos demais. Veja que se chegássemos ao percentual observado na França nossa receita com publicidade saltaria para algo como R$ 3,9 bilhões anuais.
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Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
Receitas | Bilheteria e Sócio Torcedor ...e sua composição, em valores nominais.
Evolução das Receitas...
Dados corrigidos pelo IPCA para moeda corrente de 2016.
R$ milhões
Público do Campeonato Brasileiro
As receitas com Bilheteria e Sócio Torcedor apresentaram crescimento importante em 2017: foram 22% em termos nominais e 18% em termos reais. Mais uma vez os Sócios Torcedores representaram a maior parte dessas receitas. Vale lembrar que nessa conta não incluímos as receitas com Bilheteria do Corinthians, pois estas estão vinculadas às dívidas de seu estádio. Ao lado temos a evolução histórica do público e renda do Campeonato Brasileiro. Vemos que há pouca variação anual, e em 2017 a média de público foi 5% superior a 2016, enquanto o ticket médio real foi 6% menor. Assim, a renda média real foi 2% menor em relação a 2016. Se tomarmos o público de 2015 em relação a 2017 temos redução de 4,5%, mesmo com o ticket médio caindo 16%. Ou seja, não basta preço menor do ingresso para atrair público; é preciso mais que isso, e passa por qualidade e aumento de renda do torcedor.
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R$ milhões
Receita de Bilheteria | De onde veio o aumento
Valores em R$ milhões
Assim como fizemos nas receitas com publicidade, vamos apurar de onde veio o aumento nas receitas com Bilheteria/Sócio Torcedor. Novamente, precisamos avaliar se trata-se de um aumento generalizado ou apenas em alguns nomes. No gráfico acima temos uma escala começando de quem teve o maior acréscimo para quem teve a maior queda. O aumento total foi de R$ 128 milhões, sendo que as seis maiores variações representam 96% deste valor, uma vez que parte relevante dos clubes teve queda de receitas. No caso do Flamengo o fato de jogar 3 finais e atuar boa parte do Campeonato Brasileiro num estádio menor, conseguindo cobrar valores médios bem cima da média do campeonato, explica este crescimento. No Corinthians este número reflete a parcela de sócios torcedores que não converteram suas mensalidades em ingresso. Ser Campeão Brasileiro ajudou a crescer este número. O mesmo vale para o Grêmio e sua Libertadores. Já Palmeiras, Santos e Botafogo disputaram vários campeonatos, inclusive Libertadores, e isto ajuda a crescer Bilheteria e Sócio Torcedor. Na ponta oposta vemos Internacional (jogando Série B), São Paulo (chamando torcedor para lutar contra a Série B) e Atlético Mineiro (desempenho bem inferior a 2016) com quedas relevantes.
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Sócio Torcedor | Relevância
Aqui temos a relevância do Sócio Torcedor dentro das receitas com Bilheteria. Não houve grande alteração em relação aos anos anteriores. Vemos, entretanto, que a grande maioria dos clubes se utiliza desta prática para garantir receitas, antecipando o fluxo de caixa dos jogos. Infelizmente alguns clubes não deixaram claro seus dados de sócios torcedores, por isso apresentam 100% de bilheteria, ou mesmo não apresentaram informações detalhadas de bilheteria e não possuem informação. Também cabe uma explicação sobre o conceito: não sabemos ao certo como os clubes apresentam a informação acima. Por exemplo, não sabemos dizer se os sócios torcedores que converteram sua mensalidade em ingressos aparecem na lista acima como Sócios Torcedores ou como Bilheteria. Se estiverem dentro de Bilheteria esta conta é ainda mais favorável aos programas. Trabalhamos tão somente com o dado apresentado, mas fica a dúvida.
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Receitas | Concentração Concentração de Receitas
Evolução da diferença entre os blocos
Evolução em base 100 das diferenças Desde 2015 vemos crescer a concentração nos 5 maiores clubes em receitas, que nem sempre são os mesmos (vide página seguinte). A despeito de todos os blocos crescerem, especialmente o bloco das menores receitas – do 16º ao 28º - como a base inicial já era descolada, os maiores estão cada vez maiores. E isto significa que lhes sobra mais dinheiro em comparação com os demais clubes. Mais dinheiro, se bem aplicado, forma equipes mais fortes e competitivas. No gráfico da Evolução das diferenças entre os blocos, logo acima, mostramos que exceto por 2014 a diferença dos 5 maiores em relação ao segundo bloco cresce consistentemente, gerando um degrau inalcançável no médio prazo.
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Concentração | Top 5 faz diferença Clubes com as 5 Maiores Receitas do Futebol Brasileiro por ano
Na tabela acima temos a relação do Top 5 nos últimos 8 anos, comparando com os clubes que foram campeões brasileiros e da Copa do Brasil. Uma informação importante: o Fluminense campeão de 2010 e 2012 tinha parte de seu elenco custeado por um patrocinador e estes valores não entravam no balanço do clube, distorcendo a informação de receita. É possível inferir que se os custos salarias daqueles times fossem contabilizados como receitas de patrocínio o Fluminense estaria no Top 5. O desempenho dos clubes mostra que é importante fazer parte do Top 5, pois isso traz uma vantagem competitiva. Desde 2014 o Campeão Brasileiro faz parte desse grupo. Naturalmente, em alguns casos o efeito pode ser contínuo, como mostra o Cruzeiro, pois o título de 2013 o levou ao Top 5 em 2014, mantendo-se lá em 2015. E esta relação mostra algo incontestável, que é a concentração financeira em 4 clubes. Em toda a série apresentada temos São Paulo, Corinthians e Flamengo no Top 5, e desde 2015 vemos a presença robusta do Palmeiras. É um quarteto que se forma e tem boas chances de se consolidar nesta posição nos próximos anos.
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Custos, Despesas ea Geração de Caixa (EBITDA) 28
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EBITDA
Custos, Despesas e o EBITDA | Recorrentes em Queda Analisando sob o ponto-de-vista consolidado, o desempenho de custos e despesas foi bastante positivo em 2017. O crescimento observado de 8% ficou abaixo da variação das receitas totais, o que fez com que a Geração de Caixa consolidada (EBITDA) atingisse R$ 1,09 bilhão em termos totais. Isto, sem dúvida alavancado pelo expressivo volume de venda de atletas.
Custos X Receitas
Margem EBITDA
Quando analisamos em termos recorrentes, sem a venda de atletas, o que temos é uma manutenção do volume absoluto de Geração de Caixa (EBITDA), que saiu de R$ 272 milhões em 2016 (que seria R$ 280 milhões corrigido pela inflação) para R$ 279 milhões em 2017.
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Isto se reflete na Margem EBITDA, que é o quanto da receita se transformou em Geração de Caixa. Em termos totais o número cresceu de 19% para 23%, mas em termos recorrentes se manteve estável em 7%. Este comportamento mostra que, de maneira consolidada, os clubes conseguiram gastar menos do que cresceram de receitas. Mas como dados consolidados dão dimensões gerais e não específicas, vamos a seguir analisar alguns efeitos que podem nos levar, novamente, a avaliar se este foi um movimento generalizado ou específico de algum clube.
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EBITDA| O Efeito de Flamengo e Palmeiras Palmeiras e Flamengo nas Receitas e EBITDA Totais
R$ Milhões
R$ milhões
EBITDA Total
Naturalmente, vamos repetir o exercício do ano passado e fazer as contas excluindo os dois clubes de melhor desempenho da amostra, que são Flamengo e Palmeiras. Fazemos isto porque o desempenho deles é tão superior aos demais que acabam por distorcer a amostra. No primeiro gráfico vemos a relevância desses clubes na construção do EBITDA consolidado. Note que em 2015 eles representaram 39% do EBITDA total, caíram para 33% em 2016 e voltaram a 38% em 2017. Quando analisamos separadamente em termos de Receitas e Geração de Caixa (EBITDA), Palmeiras e Flamengo representaram 22% das Receitas Totais em 2017, e 38% de Geração de Caixa, sendo que o Flamengo representou praticamente ¼ de toda a geração de caixa do futebol brasileiro no ano passado. Estes números comprovam a força financeira dos dois clubes, que os colocam em posição de destaque no confronto fora de campo.
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Comportamento do EBITDA Recorrente | 2016/2017
EBITDA Recorrente sem Palmeiras e Flamengo O gráfico acima apresenta o EBITDA Recorrente dos clubes em 2016 e 2017. Claramente vemos que Palmeiras e Flamengo destoam dos demais Clubes. Numericamente falando, em 2016 a geração de caixa (EBITDA) dos clubes brasileiros excluindo Palmeiras e Flamengo seria de R$ 62 milhões e em 2017 este número caiu para R$ 54 milhões. É importante citar que em 2017 tivemos bons desempenhos, como Cruzeiro, Atlético Mineiro, Botafogo, e outros muito ruins, como Internacional, Vasco, Vitória e Figueirense. Isto significa que há clubes que se recuperaram (Cruzeiro e Corinthians são exemplos), enquanto outros sofreram muito (Vasco, Figueirense) e o Internacional permaneceu muito mal.
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Investimentos
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Investimentos ...e as categorias de base perdem espaço.
R$ milhões
Investimentos contidos…
Os Investimentos Totais permaneceram estáveis em 2017, mesmo com o crescimento expressivo da geração de caixa total. Isto fez com que a participação dos Investimentos na geração de caixa fosse reduzida de 110% em 2016 para 80% em 2017. Isto significa claramente que parte da geração foi revertida para outras finalidades, como pagar dívidas, por exemplo. Trata-se de uma mudança importante, que já havia sido vista em 2015. O que ocorre é que quando os clubes se veem com mais recursos em mãos, como por exemplo em 2016 quando receberam valores expressivos de luvas pela renovação dos contratos de TV, aplicam boa parte para investir. Efetivamente, a ação de 2017 foi positiva, mas precisa ser consistente. Do total investido vemos que a estrutura vem recebendo menos recursos, assim como as Categorias de Base, e os valores tem sido direcionados à Formação de Elenco profissional, com contratação de atletas já formados. Perceba que os investimentos em base são erráticos, e da mesma forma que já atingiram 19% do total de investimentos em 2011, usualmente apresenta número em níveis próximos aos atuais. A realidade do futebol brasileiro coloca em questão os investimentos em base, à medida em que os atletas saem cada vez mais cedo e são substituídos por atletas já formados. Muitos desses atletas jovens possuem larga participação de terceiros em seus direitos, de forma que o clube se transforma num mero incubador. O ciclo de formação, aproveitamento e venda está cada vez mais curto, a despeito de mais trazer mais valor quando há venda. Ou seja, os mais jovens são mais caros, mas pouco atuam pelo clube formador.
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Investimentos | Categoria de Base Investimento por Clube | R$ milhões
Últimos Anos na Base | 84% do Total 2010 a 2017
2017
Reavaliamos nossa maneira de apresentar os Investimentos em Categoria de Base, adicionando à conta a parte dos Custos que não é transferida para o Ativo Intangível. Ou seja, custos correntes que não são ativados. Infelizmente, esta é mais uma informação difícil de ser apurada em todos os clubes, por que muitos não apresentam em detalhe o que foi gasto corrente de base, lançando junto com os gastos correntes dos profissionais. Apenas 14 clubes da amostra apresentaram estas informações. Desta forma, vemos que o que foi aportado na Base é maior que os valores diretos, que estão demonstrados no fluxo de caixa dos clubes. Há uma parte de “investimentos na base” que são custos diretos e, portanto, consomem EBITDA. Assim, o número de 2017 salta de R$ 114,5 milhões para R$ 168,6 milhões, e certamente é maior que este, pois, como dissemos há pouco, alguns clubes não detalham estes custos. É um alento, pois vemos mais recursos direcionados ao tema, fundamental para a sustentabilidade do futuro dos clubes.
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Fontes do Investimento
Investimentos | De onde vem o dinheiro No gráfico de Fontes de Investimentos tentamos fazer uma avaliação para rastrear de onde vem o dinheiro para fazer investimentos. Naturalmente que dinheiro não tem carimbo, mas é possível avaliar se os clubes, de maneira consolidada, usam recursos próprios (geração de caixa) ou dívida para investir.
Vendas & Compras
R$ milhões
Saldo Acumulado
R$ milhões
A leitura pode ser feita da seguinte forma, usando 2017 como referência: da Geração de Caixa total (EBITDA) retiramos os valores de Investimentos. No caso, sobram R$ 221 milhões. Além disso, os clubes tiveram financiamentos operacionais (saldo entre o que tem a pagar e a receber pela venda e compra de atletas) de R$ 107 milhões, e a Dívida bancária foi reduzida em R$ 13 milhões. Ou seja, com o que o clube gerou e com o que teve de prazo para pagar as aquisições, não foi preciso se endividar em bancos para investir, o que é um sinal bastante positivo. Na sequência temos uma comparação entre o que os clubes obtiveram vendendo atletas e o que gastaram contratando. O modelo ideal é que os clubes utilizem os recursos das vendas para reformular o elenco e contratar. O que costuma ocorrer, na prática, é que os clubes vendem mais do que contratam e usam o recurso para bancar a operação e reduzir dívidas. Tanto é que a cada ano o saldo direto entre venda e compra de atletas profissionais só aumenta, mas a qualidade do jogo não evolui dentro de campo.
R$ milhões
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Dívidas
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Dívidas Evolução
R$ milhões
Em 2017 tivemos crescimento de dívidas totais, mas precisamos ter cuidado em relação a esta informação. Primeiro, as dívidas com Impostos cresceram 2,5% mas basicamente por correção de passivos de longo prazo. Não foi crescimento porque os clubes aumentaram suas dívidas ativamente, atrasando impostos. O aumento se deu apenas porque os valores foram corrigidos pela inflação para pagamento futuro.
Dívidas x EBITDA
As Dívidas Operacionais cresceram em função dos financiamentos às aquisições de atletas. Os clubes contrataram à prazo e agora precisarão pagar.
R$ milhões
Enquanto isso as Dívidas Bancárias sofreram redução. Importante dizer que dentro dessas dívidas consideramos dívidas de terceiros que tenham características de bancárias. Por exemplo, se algum sócio ou dirigente empresta dinheiro para o clube, esta dívida está aqui, pois não fosse o dirigente o clube teria que buscar esse recurso no mercado. O comportamento geral quando comparado com a geração de caixa (EBITDA) foi positivo, pois os clubes aumentaram a geração sem aumentar as dívidas.
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Dívidas Bancárias
Dívidas | So far, so good
Não houve queda relevante das dívidas bancárias, que continuam semelhantes a 2016 em termos de divisão entre curto e longo prazo.
Dívidas Operacionais
R$ milhões
Nas dívidas operacionais vemos crescimento nas duas componentes, seja pela aquisição (Fornecedores financiando) seja porque houve algum aumento de custos e isto impacta em mais salários e maior despesa provisionada. R$ milhões
Impostos
Nas dívidas com impostos nenhuma novidade, apenas a correção das parcelas de longo prazo.
R$ milhões
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Dívidas | Alavancagem Relação com o EBITDA
A informação de dívida isoladamente não significa nada. Para a avaliação correta é preciso compará-la a alguma coisa. Por exemplo, é melhor dever 500 recebendo 1.000 como salário ou dever 1 milhão recebendo 10 milhões? Mas nos rankings fica pior colocado quem deve 1 milhão, quando a situação de quem deve 500 é está numa situação mais difícil. Nossa comparação é com o EBITDA (Geração de Caixa), porque é com este valor, que vem das receitas menos os Custos e Despesas, que o clube terá que fazer frente às suas dívidas. Nesse sentido, com o aumento da geração de caixa em 2017 e a estabilidade das dívidas, a relação entre elas ficou melhor, saindo de 8,1x em 2016 para 6,1x em 2017. Ao lado vemos esta comparação entre as Dívidas Bancárias e o EBITDA por clube. Em verde quem está numa relação saudável (menor que 4,0x), em cinza quem está numa situação frágil mas contornável. Já em laranja a relação é ruim, difícil de ser solucionada. E em vermelho estão os clubes que nem geração de caixa (EBITDA) tiveram. Ou seja, faltou recurso na operação, e o ajuste necessário será bastante duro.. A situação vem paulatinamente melhorando, mas está longe do ideal.
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Dívida Bancária / EBITDA Recorrente
PROFUT | É possível pagá-lo? Hipótese
Dá. Para Poucos. Aqui trouxemos um exercício comparando a parcela a pagar do Profut, que inclui principal e juros, ao EBITDA Recorrente dos Clubes em 2016 e 2017. Esta conta leva em consideração o saldo de Dezembro/17, parcelado em 18 anos, com correção pelo CDI estimado de 7% ao ano, e considerando juros sobre parcela. E para tentar evitar movimentos pontuais, utilizamos a média de EBITDA dos últimos 3 anos. Assim sendo, alguns poucos clubes serão capazes de pagar as parcelas do Profut se a situação se mantiver como a apresentada. Apenas os marcados em “azul”* podem dizer que possuem situação confortável. Os que não estão marcados dependem de venda de Atleta para fechar a conta, o que não é exatamente uma política saudável de gestão. E os negativos precisam correr para se ajustar. E dá tempo, pois até 2019 as parcelas serão menores que estas apresentadas no exercício, pois parte foi transferida para o final, justamente para dar tempo aos clubes de se ajustarem.
R$ milhões
Leitura Exemplo: Botafogo = 0,90 => a geração de caixa cobre 90% da parcela integral do Profut.
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Farão o ajuste ou seguirão contratando?
*Usamos como referência consumo de até 50% do EBITDA como sendo aceitável.
Dívidas | Resumindo...
As Dívidas não chegam a ser um problema incontornável, mas precisam ser tratadas com mais atenção. Os clubes perderam uma oportunidade de ouro de se organizarem, reduzirem passivos e pensarem no fluxo de caixa futuro, ao não utilizarem a geração de caixa e as Luvas. As Dívidas Bancárias são aceitáveis para alguns, mas elevadas para a maioria. Os Impostos estão alongados, mas como o volume é grande, é preciso preservar o fluxo de caixa para pagá-los. E as Operacionais, especialmente Fornecedores, representam obrigação de hoje jogada para ser paga amanhã. A conta chega. E os Clubes não entenderam, ou não querem entender.
Estabilidade, num ano em que houve mais uma vez geração de caixa relevante extraordinária, agora com venda de
atletas, é ruim. Insistimos: a conta vai chegar para a maioria.
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Exercício de Fluxo de Caixa Livre | Porque não Sobra Dinheiro
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Gastos Totais e Fluxo de Caixa Livre O que é? As análises econômico-financeiras são instrumentos flexíveis de avaliação, baseados em estruturas rígidas, os demonstrativos financeiros. E são flexíveis porque devemos adotar variações e novas possibilidades dependendo da indústria que estamos acompanhando. No caso da Indústria do Futebol, temos buscado aplicar conceitos simplificados, utilizados para outras Indústrias, especialmente as do Setor de Serviços. Ocorre que nesses anos de relatório percebemos que algumas avaliações apresentadas não abarcaram todas as variáveis de um Clube de Futebol no que diz respeito à análise do Fluxo de Caixa. Buscando o aprimoramento da avaliação passaremos a trabalhar com o conceito de Fluxo de Caixa Livre, adaptado à realidade do Futebol. O Fluxo de Caixa Livre inclui em sua composição algumas despesas que são tratadas usualmente como Investimentos, bem como outras que são mandatórias mas costumam ficar fora do radar, como as Despesas Financeiras e o Pagamento de Impostos Parcelados. Nesse caso, é fundamental passarmos a inclui-lo na conta, uma vez que a maioria dos clubes terá obrigações oriundas do Profut. Num Clube de Futebol, os Investimentos em Categorias de Base e na Formação de Elenco (contratação de atletas) é praticamente mandatório, e contribui de forma significativa no aperto de caixa apresentado por eles ao longo do ano. Muitos clubes gastam a folga de caixa no início do ano e isto causará problemas de liquidez, que por sua vez geram atrasos de salários e impostos.
Resumidamente, o Fluxo de Caixa Livre será o resultado da soma entre Receitas Líquidas, Custos e Despesas, Investimentos em Base, Aquisição de Atletas e Despesas Financeiras. A partir de 2019, quando o Profut entrará em pagamento integral, incluiremos o pagamento dessa dívida na conta.
Valores R$ milhões
Para estes cálculos excluímos os efeitos de NCG (financiamentos operacionais), cujo conceito foi explicado no início do relatório. Consideramos apenas os dados de decisão dos clubes, pois dar prazo para receber uma venda ou conseguir prazo para pagar uma compra nem sempre é uma decisão de clubes fragilizados financeiramente como os Brasileiros.
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Proporção
Geração de Caixa Livre Fluxo de Caixa Livre com Receita Total
R$ milhões
Fluxo de Caixa Livre com Receita Recorrente
R$ milhões
Comportamento das Contas* – Variações Anuais Avaliando o Fluxo de Caixa Livre, considerando as Receitas Totais, vemos que o ano de 2017 mostra uma reversão da tendência que era a de saldo negativo. As receitas ultrapassaram os custos gerais da atividade. Entretanto, observando apenas as Receitas Recorrentes, apesar da melhora o saldo ainda continua negativo, o que confirma a enorme dependência que os clubes tem da venda de atletas para fechar suas contas. Em termos de Receitas Totais o resultado positivo veio por conta da redução das despesas financeiras e investimentos em base, em conjunto com o bom aumento das receitas, conforme vemos no gráfico ao lado.
* Considerando Receitas Totais
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Fluxo de Caixa Livre por Clube R$ milhões
Aqui é importante analisarmos e apontarmos os destaques de 2017. O Flamengo melhorou o que já era muito bom. Alguns clubes reverteram situação negativa de 2016, como Cruzeiro, Botafogo, Fluminense e Grêmio. São Paulo e Corinthians melhoraram desempenho fraco de 2016. Do lado oposto vemos Santos, Palmeiras, Figueirense e Sport inferiores a 2016, enquanto o Internacional permaneceu numa situação bastante ruim.
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Fluxo de Caixa: a chave da análise 46
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Exemplo: C.R. Flamengo
Uma das grandes dificuldades do gestor financeiro de qualquer empresa é trabalhar o fluxo de caixa. De maneira simplista, é a gestão de tudo que entra no caixa com tudo que sai. As receitas e os pagamentos.
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Num clube de futebol as receitas, como sempre falamos, dividem-se em recorrentes (publicidade, direitos de tv, bilheteria) e extraordinárias (venda de atletas, luvas de tv). Ao mesmo tempo os custos e despesas são os salários, custos das partidas, das estruturas sociais e os extraordinários são os investimentos, especialmente aquisição de atletas. Para o exercício de explicar a dinâmica e a dificuldade na gestão do fluxo de caixa de um clube utilizamos os dados do Flamengo, que trimestralmente divulga seus demonstrativos financeiros. Ao lado temos o desempenho trimestral, e a partir de agora vamos analisar as principais movimentações, anotadas em números. Os principais movimentos que apontaremos serão nas Receitas (1), na Geração de Caixa (2), NCG (3) e Investimentos em Atletas (4).
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Exemplo: C.R. Flamengo 1. TOTAL DE VENDAS BRUTAS: note que as receitas recorrentes giram entre R$ 100 milhões e R$ 120 milhões trimestrais. Mas em Junho houve uma entrada substancial de Venda de Atletas que levou as receitas a R$ 274 milhões naquele trimestre. Este é o movimento usual, que para alguns clubes pode ser no 2º trimestre e para outros no 3º trimestre, dependendo de quando é vendido o atleta.
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Com tantas movimentações, o gestor financeiro precisa estar atento à Geração de Caixa Líquida, que é o valor que lhe resta para fazer investimentos em estrutura, mas especialmente para pagar despesas financeiras e reduzir dívidas bancárias.
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2. NCG (necessidade de Capital de Giro): aqui temos o movimento no caixa das vendas e compras de atletas, com seus pagamentos e recebimentos . Note que apesar de registrar R$ 149 milhões em Venda de Atletas, esta conta de NCG aponta redução de R$ 81 milhões, porque parte do valor da venda será ainda recebida. De maneira bem simplista, é como se deduzíssemos esses R$ 81 milhões dos R$ 149 milhões da venda. No 3º trimestre o clube já recebeu parte do valor, pois entraram R$ 34 milhões. Ou seja, não é porque o clube vendeu que o dinheiro entra na hora. Boa parte das vendas tem seus pagamentos parcelados, assim como parte das compras. O gestor financeiro precisa ajustar seus fluxos de pagamento e recebimento considerando estas particularidades temporais. 3. INVESTIMENTOS EM ATLETAS: note que no 2º trimestre, com a venda relevante o clube também fez investimentos em aquisições acima da média. Quando há disponibilidade há chance de investir. 4. EBITDA (GERAÇÃO DE CAIXA): com vendas a geração de caixa aumentou e com aquisições os custos aumentaram, reduzindo a geração no 3º e 4º trimestres, vide aumento no CMV (custos diretos).
Clubes | Análises Individuais 49
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Alguns Conceitos Básicos Ao avaliar os Balanços e Demonstrativos de Resultados dos Clubes nos deparamos com algumas repetições de ações e comportamentos que entendemos merecer uma breve introdução, pois facilitará o entendimento.
O primeiro aspecto que merece destaque é o que chamamos “Clube Regional”. Não há demérito nisso. Fazemos esta identificação pois notamos que há características econômico-financeiras que permeiam alguns clubes. Quando separamos estes clubes percebemos que tratam-se de times com menor alcance de torcida, normalmente de Estados menores em termos econômicos e que por isso mesmo se notabilizam por ter Receitas menores e erráticas, ao mesmo tempo em que possuem condição econômico-financeira mais equilibrada, atuando dentro de suas possibilidades, sem dívidas, mas com poucos investimentos. Um movimento que percebemos nos fluxos de caixa dos clubes está associado aos Recursos oriundos das Cotas de TV. Em geral, quando um clube não faz adiantamentos, as receitas com Cotas de TV são a única entrada de caixa deste assunto. Entretanto, repete-se com frequência o uso dos Adiantamentos dessas Cotas para fechar o caixa, de forma que na variação de NCG (Necessidade de Capital de Giro) vemos entradas de recursos por conta desses adiantamentos. Neste ano observamos que esta conta apresenta saída de caixa. Acreditamos que esta movimentação seja o reflexo dos Adiantamentos recebidos no passado. Ou seja, seria uma espécie de redutor da Receita de TV. Veremos isto em vários clubes. Há também o que chamamos de Fontes Operacionais de Financiamento. Será muito comum vermos entradas de caixa na NCG fruto do aumento da conta Fornecedores, que em geral é pagamento parcelado da aquisição de atletas. A contrapartida dessa conta é o Investimento em Formação de Elenco, pois o clube fez a aquisição mas ainda não pagou. Ou seja, em algum momento terá que pagar e a efetiva saída de caixa se consumará. Problema empurrado para o futuro. Outro aspecto que precisa ser avaliado é o da Geração de Caixa (EBITDA) e dos Investimentos. Entendemos que há um equívoco na forma como os Clubes, amparados pelo código contábil, classificam os custos com Categorias de Base e Investimentos em Atleta. Ao serem considerados como Investimentos, não transitam por Resultado. Desta forma, não compõem o EBITDA, o que muitas vezes da a sensação de que o clube está gerando muito caixa, quando na verdade parte relevante desse caixa já foi utilizado na manutenção de atividades das Categorias de Base ou mesmo na contratação de Atletas. Assim, a análise fria leva ao erro de acreditar numa eventual Geração de Caixa, que na prática não houve, pois parte desses gastos são recorrentes e necessários para a performance do clube. E para finalizar precisamos relembrar que estes balanços apresentam algumas contabilizações que entendemos precisarem de ajustes, e por isso fazemos reclassificações de contas. Esta é a base de nossa análise: reclassificar as contas para que haja coerência e possibilidade de comparação. Isto significa fazer exclusões, mudanças de linhas e muito das nossas conclusões está baseado nas movimentações contábeis e avaliação dessas. Então, vamos aos números.
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América Futebol Clube
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Evolução das Receitas
Composição das Receitas
América Futebol Clube
2017 Receitas R$ 39 MM Geração de Caixa R$ 2 MM Custo do Futebol R$ 24 MM
Jogar a Série A é ótimo, veja que em 2016 o clube obteve geração positiva em todas as linhas. Em 2017 a venda de atletas ajudou a manter a geração de caixa total positiva, pois o recorrente foi negativo.
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A série é curta mas percebe-se que flutua muito próxima entre recorrente e total, pois o clube não é vendedor de atletas de valor elevado.
Custos do Futebol
Geração de Caixa (EBITDA)
Receitas menores em 2017 por conta de jogar a Série B (35%). Forte queda nos Direitos de TV, compensada em parte pela venda de Atletas.
Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
O clube não mudou sua política de gastos com futebol, mantendo os valores inalterados em 2016 e 2017. Explica a pior geração de 2017.
América Futebol Clube Fluxo de Caixa
Investimentos
O clube investe pouco, mesmo na base. Para disputar a Série A em 2016 aplicou R$ 7 milhões, mas o elenco de 2017 não teve investimentos relevantes.
Dívidas
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O fluxo de caixa mostra um clube que gera pouco caixa quando está na Série B, investe pouco e precisou de entradas de TV para ajudar a fechar as contas. Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
Dívida Bancária inclui dívida com Terceiros. Esta foi fortemente reduzida em 2017. A dívida total caiu em função disso e da redução nos impostos. Entretanto, notamos crescimento nas despesas com IRFF a recolher que merecem atenção.
América Futebol Clube Evolução dos Custos Operacionais
Índice de Eficiência
Baseado no conceito de Custo Total, que inclui Custos e Despesas diretos, investimentos em elenco e base e despesas financeiras, vemos que os valores de 2017 foram inferiores a 2016, e se próximos aos de 2015, refletindo o fato do clube atuar na Série B. Estes números, associados aso pontos obtidos, nos levam ao Índice de Eficiência, que em 2015 e 2017 foi praticamente igual, e cujo resultado acabou positivo justamente pelo retorno à Série A nesses dois anos.
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Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
América Futebol Clube
Efeito Iô-Iô O América é um clube de menor poderio financeiro e sofre os efeitos de ir-e-vir da Série A para a Série B. Isto muda completamente a gestão financeira, pois o nível de receitas é menor, e o clube precisa estar pronto a se ajustar em termos de custos e investimentos para estas situações. O América faz o trabalho correto e trabalha um ano de cada vez. Depende muito de uma boa gestão esportiva para se manter por mais tempo na Série A, o que lhe ajudaria a ter maior robustez financeira.
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Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
América Futebol Clube
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Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
Balanço auditado por Ovalle Leão Auditoria e Consultoria SEM RESSALVAS
Clube Atlético Mineiro
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Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
Evolução das Receitas
Composição das Receitas
Clube Atlético Mineiro
2017 Receitas R$ 290 MM Geração de Caixa R$ 52 MM Custo do Futebol R$ 154 MM
Ano bastante bom para o clube. Mesmo com menos receitas, custos ficaram estáveis e a composição foi, teoricamente, mais forte em receitas recorrentes, vide aumento na geração de caixa recorrente.
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A receita recorrente tem tendência uniforme de crescimento, e o que varia fortemente são as vendas de atletas, fazendo a receita total oscilar bastante. A diferença entre as linhas mostra a dependência da venda de atletas.
Custos do Futebol
Geração de Caixa (EBITDA)
O Galo apresentou pequena redução nas receitas. Bilheteria menor e menos vendas de atletas compensaram aumento nos Direitos de TV, que devem conter luvas, mas não estão destacadas.
Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
Custos com futebol cresceram, o que indica que houve redução em outras linhas. Bom posicionamento em relação ás receitas recorrentes, abaixo de 60% que é um número bastante bom.
Clube Atlético Mineiro Fluxo de Caixa
Investimentos
O Atlético Mineiro reduziu fortemente os investimentos em elenco, saindo de R$ 39 milhões para R$ 6 milhões. A Base manteve-se praticamente estável, ainda bastante baixa.
Dívidas
A partir do EBITDA o clube teve muitas saídas de caixa, seja pelos ajustes de NCG, com redução de antecipações de tv e ajustes nos contas a pagar e receber), e até pagamento de impostos.
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O destaque negativo é o elevado valor de despesas financeiras, fruto da elevada dívida bancária do clube. Para fechar as contas o clube teve que aumentar sua dívida, pois o fluxo de caixa antes do pagamento de bancos foi negativo. Não há segredo: a falta dinheiro na operação terá que vir de algum lugar, e no caso do Galo a fonte são Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018 bancos.
Dívida total em queda, puxada pela redução nos Impostos, fruto de pagamento extraordinário. Demais oscilando pouco, mas atenção às bancárias, elevadas para o porte de EBITDA recorrente do clube (6,6x).
Clube Atlético Mineiro Evolução dos Custos Operacionais
Índice de Eficiência
Redução de Custos Totais, puxada pela redução nos investimentos em formação de elenco, enquanto Custos e despesas permaneceram estáveis e apesar do aumento relevante de despesas financeiras. Aplicados aos pontos conquistados, o Índice de Eficiência de 2017 ficou praticamente estável em relação a 2016, e com bom desempenho esportivo, o colocando na zona mais qualificada,
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Clube Atlético Mineiro
Em busca do equilíbrio distante O Atlético Mineiro é um clube que vive de altos e baixos financeiros. A situação geral é desconfortável há algum tempo, mas o clube se vale de uma capacidade incomum em levantar dinheiro no mercado financeiro para bancar seus sucessivos excessos, especialmente em aquisições de atletas e consequentemente gastos na operação. Em 2017 vimos um clube com redução de receitas, custos relativamente estáveis, mas que se viu na necessidade de vender atletas e reduzir investimentos. Depois de algum tempo passou um ano sem tanto brilho em campo mas com as contas mais estabilizadas. Ainda há muito a fazer para atingir o equilíbrio. A dívida é elevada, os custos financeiros consomem boa parte do que o clube gera de caixa, e isto reduz a capacidade de investimentos e pressiona a estrutura. É fato que a estrutura vem evoluindo, com as receitas recorrentes crescendo consistentemente, com os custos mais controlados, mas é pouco, pois a distância para o equilíbrio é longa. É preciso mais. O clube se prepara para entrar numa empreitada que tem mais atrapalhado que ajudado os clubes, que é construir seu estádio. 2017 viu a sangria apenas estancar. Mas pode ser o sinal da mudança.
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Clube Atlético Mineiro
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Balanço auditado por Soltz, Mattoso e Mendes
Clube Atlético Paranaense
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Evolução das Receitas
Composição das Receitas
Clube Atlético Paranaense
2017 Receitas R$ 151 MM Geração de Caixa R$ 25 MM Custo do Futebol R$ 105 MM
O desempenho em 2017 foi levemente inferior a 2016, mostrando certa estabilidade de gestão. A geração de caixa recorrente foi positiva pelo segundo ano, mas pode ser pouco para os desafios a seguir.
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Receitas andam muito próximas, mas mostra que o clube tem uma certa necessidade de vender atletas, pois as recorrentes vem consistentemente abaixo das totais.
Custos do Futebol
Geração de Caixa (EBITDA)
Crescimento de apenas 3% nas receitas, com grande estabilidade entre elas. Direitos de TV e Bilheteria/Sócio Torcedor são as mais significativas.
Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
Os custos diretos com o futebol vem crescendo nominalmente, mas estáveis em relação às receitas recorrentes, o que é bastante positivo,
Clube Atlético Paranaense Fluxo de Caixa
Investimentos
Investimentos bastante módicos nos últimos dois anos, ainda que me 2017 tenha subido de R$ 2 milhões para R$ 7 milhões, somando-se Base com Elenco Profissional.
Dívidas
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O fluxo de caixa de 2017 foi equilibrado. Geração de caixa positiva, contas operacionais comportadas, poucos investimentos. Estranhamos o resultado financeiro positivo com esta dívida, mas a auditoria nada aponta. Ainda houve investimentos em estrutura. Com este fluxo não há como pagar a dívida da Arena. O clube tem que encontrar fontes externas, como a venda do potencial construtivo para fechar as contas nos próximos anos. Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
Aqui o grande desafio do clube, pois há uma dívida elevadíssima pela construção do estádio, toda bancada pelo próprio clube, sem investidores. A relação é altíssima e o fluxo de caixa atual não comporta o pagamento.
Clube Atlético Paranaense Evolução dos Custos Operacionais
Índice de Eficiência
Os custos operacionais cresceram muito em 2016 e se mantiveram elevados em 2017. O maior responsável foi o crescimento dos custos e despesas diretos, que cresceram consistentemente nesses dois anos. As demais componentes não oscilaram tanto. No Índice de Eficiência o que vemos foi um crescimento do custo por ponto, mas sem resultado esportivo efetivo, diferente do que vimos em 2016.
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Clube Atlético Paranaense
Como será o amanhã? A situação geral do Atlético Paranaense está longe do confortável. A despeito de excelente estrutura, com centro de treinamento e estádio modernos, boa gestão das categorias de base, o desempenho esportivo tem sido apenas razoável e as pressões financeiras estão crescendo. O time tem equilíbrio operacional compatível com seu porte, mas a elevada dívida do estádio gera uma necessidade de sobra de caixa muito grande. Ainda há os títulos de potencial construtivo* cedido pela Prefeitura de Curitiba a ser utilizado para ajudar neste pagamento, mas ainda assim é necessário vender e encontrar demanda para eles. Sem isso sobra pouco das receitas para pagar custos financeiros e dívida, e ainda manter elenco competitivo. Há uma dúvida real sobre como o Atlético Paranaense sairá desta situação. A conferir.
*
Títulos cedidos ao clube que servem para aumentar potencial construtivo de obras na cidade de Curitiba. O comprador tem direito a construir área acima da lei de construção urbana e o Atlético tem cerca de R$ 160 milhões de títulos como estes para ser vendido a incorporadores.
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Clube Atlético Paranaense
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Balanço auditado por BDO SEM RESSALVAS
Avaí Futebol Clube
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Evolução das Receitas
Composição das Receitas
Avaí Futebol Clube
2017 Receitas R$ 55 MM Geração de Caixa R$ 15 MM Custo do Futebol R$ 31 MM
Em 2017 vimos ótimo desempenho do clube, com geração de caixa positiva depois de anos no vermelho. O crescimento de receitas foi utilizado de maneira comedida.
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O clube não é um grande vendedor de atletas como se vê no comportamento das receitas totais e recorrentes. Apenas em 2017 houve pequeno descolamento.
Custos do Futebol
Geração de Caixa (EBITDA)
Forte crescimento de receitas em função do retorno à Série A. As receitas com Direito de TV mudaram de patamar e as receitas com Venda de Atletas também foram elevadas.
Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
Veja que apesar do aumento nos custos diretos do futebol esses ficaram bem abaixo das receitas, diferente dos anos anteriores, onde o custo do futebol ficou estruturalmente acima das receitas.
Avaí Futebol Clube Fluxo de Caixa
Investimentos
Clube que faz poucos investimentos diretos em atletas, optando por ações de empréstimo ou uso da base. São R$ 3 milhões em 2017 e R$ 2 milhões em 2016. Tudo dentro das possibilidades.
Dívidas
O fluxo de caixa foi equilibrado. A ótima geração de caixa permitiu pagar todas as obrigações e fazer alguns poucos investimentos. Tudo dentro do que se espera numa gestão saudável. 71
Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
Dívidas estáveis, basicamente com Impostos renegociados e de longo prazo. O cuidado que o clube precisa ter é com a manutenção da geração de caixa capaz de pagar esta conta.
Avaí Futebol Clube Evolução dos Custos Operacionais
Índice de Eficiência
Os custos operacionais cresceram para atender às demandas de atuar na Série A. Ainda assim, o Índice de Eficiência de 2017 foi melhor que o de 2015, anos em que tiveram os mesmo desempenho ruim, retornando à Série A. naturalmente que em 2016 o custo por ponto foi menor por jogar a Série B, e o acesso colocou o clube num quadrante melhor.
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Avaí Futebol Clube
A realidade nua e crua Não há como fugir à realidade de ser um clube regional: o objetivo é subir à Série A e permanecer lá. O Avaí disputou em 2017 mas não se sustentou. O ponto positivo foi ter se organizado de maneira a usar o aumento das receitas com TV para manter a estrutura equilibrada. Gestão organizada, que lida da maneira possível com suas características.
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Avaí Futebol Clube
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Balanço auditado por AudiBanco Auditores Independentes SEM RESSALVAS
Esporte Clube Bahia
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Evolução das Receitas
Composição das Receitas
Esporte Clube Bahia
2017 Receitas R$ 105 MM Geração de Caixa R$ (2) MM Custo do Futebol R$ 69 MM
Negativamente o clube apresentou custos crescendo acima das receitas líquidas (+25% dos custos contra +20% das receitas líquidas). Resultado foi geração de caixa negativa, e falaremos mais do efeito na próxima página.
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Por alguns anos o clube dependeu mais da venda de atletas, mas em 2016 e 2017 o clube atravessou sem a necessidade de vender atletas. Positivamente as receitas voltaram a crescer em 2017.
Custos do Futebol
Geração de Caixa (EBITDA)
Bom crescimento de receitas (+30%), baseado em Direitos de TV e Bilheteria. Não é possível afirmar se há luvas nesta conta de TV, que distorceria a comparação com outros clubes.
Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
Receitas de Futebol crescendo ano após ano, mas especialmente nos dois últimos ficaram praticamente estáveis em relação às receitas recorrentes, o que é positivo.
Esporte Clube Bahia Fluxo de Caixa
Investimentos
Os dados não ficaram claros nem permitiram a melhora avaliação sobre os investimentos do clube em 2017. As análises não são conclusivas.
Dívidas
O fluxo de caixa começa negativo, tem forte pressão de NCG. Somando as despesas financeiras, o buraco de caixa demandou a contratação de R$ 8 milhões junto a bancos, além do consumo de R$ 12 milhões do caixa formado ao longo de 2016. É preciso atenção na gestão, para que não se crie um buraco onde havia equilíbrio. 77
Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
As dívidas permaneceram praticamente estáveis em 2017, concentradas em Impostos parcelados. Entretanto, vimos o retorno das dívidas bancárias, o que precisa ser monitorado.
Esporte Clube Bahia Evolução dos Custos Operacionais
Índice de Eficiência
Os custos totais continuarem crescendo, baseados no aumento dos custos e despesas diretos, uma vez que demais linhas de custos apresentaram queda. O reflexo se dá no aumento dos custos por ponto ganho, que veio junto com um pior desempenho esportivo, após dois anos de custos mais baixos e melhor desempenho.
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Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
Esporte Clube Bahia
Sinal de alerta O Bahia vinha de gestões equilibradas, mas em 2017 vimos uma mudança de tendência. Aumento nos custos, aumento na dívida bancária, desempenho esportivo aquém do investimento geral. Expectativa de que tenha sido um comportamento pontual e que o clube volte a manter os pés-nochão e o equilíbrio de gestão. Ainda não é preocupante, mas tem um sinal de alerta ligado.
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Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
Esporte Clube Bahia
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Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
Balanço auditado por BDO SEM RESSALVAS
Botafogo de Futebol e Regatas
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Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
Evolução das Receitas
Composição das Receitas
Botafogo de Futebol e Regatas
2017 Receitas R$ 196 MM Geração de Caixa R$ 34 MM Custo do Futebol R$ 102 MM
Quarto ano seguido com bom desempenho. Clube trabalha equilibrado, gerando caixa e dentro de suas possibilidades.
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Clube depende menos da venda de atletas desde 2015. Aliás, depois 2015 as receitas vem crescendo e a participação na Libertadores em 2017 ajudou no desempenho apresentado.
Custos do Futebol
Geração de Caixa (EBITDA)
Receitas cresceram 40% em 2017. Aqui temos um ajuste, retirando R$ 43 milhões que na verdade é um perdão de dívida, e foi reclassificado. Destaques foram a TV e Outros, que tem as premiações de Copa do Brasil e Libertadores, além da Bilheteria.
Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
O aumento dos custos foi comportado e na comparação com as receitas ficou abaixo de 2016 (70% contra 54%). Gestão pés-no-chão.
Botafogo de Futebol e Regatas Fluxo de Caixa
Investimentos
Em 2017 os investimentos ficaram semelhantes aos de 2016, mesmo num ano em que disputou Libertadores. Ou seja, bastante equilibrado,
Dívidas
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Fluxo de caixa bastante difícil. Boa geração de caixa, crescendo, mas a variação de NCG – acreditamos em baixo de adiantamentos usados no passado – e o pagamento de R$ 28 milhões em impostos pressionaram muito o clube. Além disso houve aumento de R$ 21 milhões no Imobilizado pela adição de um terreno. Fato é que além do aumento na dívida bancária ainda tivemos a entrada de R$ 40 milhões de luvas de TV. Ou seja, a pressão já começou. Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
Dívidas estáveis em 2017, apesar do aumento de R$ 20 milhões nas dívidas bancárias. O problema é o tamanho da dívida em relação á capacidade de pagamento. Quando começar a vencer os Impostos, pode haver dificuldades para o clube.
Botafogo de Futebol e Regatas Evolução dos Custos Operacionais
Índice de Eficiência
Os custos totais continuam crescendo, ainda que acompanhando as receitas. Para servir os desafios que se aproximam o clube precisará de mais austeridade. O reflexo se dá no Índice de Eficiência, que em 2017 foi pior e sem bom desempenho esportivo.
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Botafogo de Futebol e Regatas Nadando contra a corrente Inegável o esforço da diretoria do Botafogo para colocar o clube nos trilhos. Gestão equilibrada, controlada, buscando alternativas esportivas dentro da possibilidades financeiras. Programa de Sócio Torcedor crescendo, e uma ginástica enorme para atravessar a correnteza. Mas o futuro se aproxima e fica cada vez mais difícil imaginar como o clube fará para se livrar das dificuldades e da pressão de caixa que se avizinha. Em 2017 todas as fichas surgiram na mesa: pagamento elevado de impostos atrasados, investimentos, compensação de adiantamentos realizados no passado. E o clube fechou as contas com luvas de TV e dívida. Quanto mais de esforço, sem ajuda externa de investidor, será necessário para equilibrar a vida?
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Botafogo de Futebol e Regatas
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Balanço auditado por BDO SEM RESSALVAS / INCERTEZA SOBRE CONTINUIDADE OPERACIONAL
Ceará Sporting Club
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Evolução das Receitas
Composição das Receitas
Ceará Sporting Club
2017 Receitas R$ 27 MM Geração de Caixa R$ (2) MM Custo do Futebol R$ 21 MM
Desempenho deficitária nos últimos 3 anos, com custos acima das receitas.
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Série curta, mas em 2017 não vendeu atletas de forma relevante, diferente dos anos anteriores.
Custos do Futebol
Geração de Caixa (EBITDA)
Números estáveis, típicos de quem disputa consistentemente a Série B. Pouca dependência da TV.
Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
Os custos diretos do futebol cresceram em 2017, mas proporcionalmente às receitas foi inferior a 2016.
Ceará Sporting Club Fluxo de Caixa
Investimentos
Pela característica regional os investimentos são compatíveis com seu porte.
Dívidas
Fluxo de caixa muito justo, que dependeu de luvas da TV para fechar as contas em 2016 e 2017. 89
Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
Dívida nominalmente baixa, concentrada em impostos parcelados. Mas como não gera caixa, depende de eventos externos para reduzí-la.
Ceará Sporting Club Evolução dos Custos Operacionais
Índice de Eficiência
Custos operacionais cresceram o que deve ter contribuído para levar o time à Série A em 2018. O Índice de Eficiência foi bem, com baixo custo por ponto conquistado e bom desempenho esportivo.
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Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
Ceará Sporting Club Um dia de cada vez O Ceará é um clube regional, que tem disputado a Série B por muito tempo e retornou agora para disputar a Série A. Os números modestos refletem isso, e em 2018 devemos ver dados diferentes. Com mais receitas. O que temos até agora será totalmente diferente ano que vem. Resta saber o que o clube fará com o aumento de receitas. É sempre um dilema: gastar mais e tentar permanecer, ou gastar o necessário e trabalhar com folga? Claro, o melhor é trabalhar com eficiência. Vamos ver como o Vovô se sairá.
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Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
Ceará Sporting Club
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Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
Balanço auditado por Contaud SEM RESSALVAS
Associação Chapecoense de Futebol
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Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
Evolução das Receitas
Composição das Receitas
Associação Chapecoense de Futebol
2017 Receitas R$ 100 MM Geração de Caixa R$ 23 MM Custo do Futebol R$ 61 MM
Além de manter o equilíbrio o clube foi além e melhorou substancialmente o desempenho, com excelente geração de caixa.
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Crescimento consistente das receitas e apenas em 2017 houve presença mais sensível da venda de atletas.
Custos do Futebol
Geração de Caixa (EBITDA)
Importante crescimento de 56% nas receitas, com bom desempenho em todas as linhas, e destaque para Venda de Atletas, Bilheteria/ Sócio Torcedor e Outras, que contém premiações.
Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
Custos diretos do futebol cresceram, mas ficaram estáveis em relação ás receitas recorrentes, o que foi bastante bom.
Associação Chapecoense de Futebol Fluxo de Caixa
Investimentos
Um dos efeitos do acidente foi a necessidade de formar um novo elenco, e o clube acabou investindo R$ 18 milhões, bem acima do usual.
Dívidas
Fluxo de caixa bastante robusto. Ótima geração de caixa, entrada de recursos via NCG (Operacionais), a maior parte de recebimentos de valores gerados em 2016. Desta forma o clube encerrou 2017 com uma importante posição de caixa a ser utilizada em 2018. 95
Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
O clube não tem dívidas bancárias e proporcionalmente pouca dívida operacional e com impostos. Muito bem gerida a Chape.
Associação Chapecoense de Futebol Evolução dos Custos Operacionais
Índice de Eficiência
Com o crescimento das receitas e a necessidade de formar novo elenco o clube apresentou forte crescimento nos custos totais. O Índice de Eficiência ficou mais elevado em 2017 mas com bom desempenho esportivo, quando comparado a 2016, que teve mesmo desempenho mas custo por ponto menor.
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Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
Associação Chapecoense de Futebol
Fênix A Chapecoense é um fenômeno. Passou por uma tragédia inacreditável e ressurgiu com competência e força. Gestão que passou de mãos e manteve mesmos conceitos de cuidado e atenção com a formação do elenco. A torcida se aproximou ainda mais e reforçou seu amor, não a um clube, mas a uma causa, um propósito. Se alguém duvidada da capacidade da Chape, pode esquecer: veio para ficar, com cuidado na gestão esportiva e financeira.
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Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
Associação Chapecoense de Futebol
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Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
Balanço auditado por RL Solutions SEM RESSALVAS
Sport Club Corinthians Paulista
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Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
Evolução das Receitas
Composição das Receitas
Sport Club Corinthians Paulista
2017 Receitas R$ 345 MM Geração de Caixa R$ 75 MM Custo do Futebol R$ 189 MM
Desempenho estável em 2017, mas melhorando em termos de Geração de caixa recorrente. Mas a melhora pode ser insuficiente para fazer frente às necessidades do clube.
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O clube vende consistentemente atletas, como vemos na comparação das receitas, e o desempenho vem sendo tímido desde 2015. A falta de receita com Bilheteria é uma grande problema para o clube.
Custos do Futebol
Geração de Caixa (EBITDA)
Crescimento de apenas 3% nas receitas, com destaque para a queda na venda de atletas e aumento de Sócio Torcedor, que é a parcela não convertida em ingressos.
Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
Custos diretos do Futebol cresceram nominalmente mas em relação às receitas apresentaram redução, de 69% para 64% O problema é que o Futebol representa 75% dos custos e despesas totais. Ou seja, há R$ 60 milhões aplicados em outras atividades do clube.
Sport Club Corinthians Paulista Fluxo de Caixa
Investimentos
Investimentos bem menores em 2017 em relação a 2016, mostrando a necessidade real de controle de gastos.
Dívidas
Fluxo de caixa bem complicado em 2017. Apesar da boa geração de caixa o clube adiantou R$ 44 milhões de TV, e pagou R$ 18 milhões em impostos atrasados. Além disso as despesas financeiras se mantiveram elevadas. Apesar de tudo o clube optou por reduzir a dívida bancária em R$ 41 milhões.
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Um detalhe: o clube deveria ter repassado R$ 25 milhões para pagar o estádio e isto não foi feito. Ou seja, ainda deve este valor. Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
As dívidas permaneceram estáveis em 2017, com redução das bancárias e aumento das Operacionais, basicamente pela linha de valores a pagar a clubes por contratações. Ainda tem reflexo de contratações de 2016 nessa conta. Não consideramos a dívida do estádio, que está em outro balanço não divulgado.
Sport Club Corinthians Paulista Fluxo de Caixa
Investimentos
Investimentos bem menores em 2017 em relação a 2016, mostrando a necessidade real de controle de gastos.
Social x Futebol
Fluxo de caixa bem complicado em 2017. Apesar da boa geração de caixa o clube adiantou R$ 44 milhões de TV, e pagou R$ 18 milhões em impostos atrasados. Além disso as despesas financeiras se mantiveram elevadas. Apesar de tudo o clube optou por reduzir a dívida bancária em R$ 41 milhões.
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Um detalhe: o clube deveria ter repassado R$ 25 milhões para pagar o estádio e isto não foi feito. Ou seja, ainda deve este valor. Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
Um dos temas que afetam a geração de caixa do clube é o déficit operacional da parte Social. Nos últimos 2 anos e 3 meses o Futebol bancou R$ 39 milhões de déficits operacionais, drenando recursos da atividade profissional.
Sport Club Corinthians Paulista Evolução dos Custos Operacionais
Índice de Eficiência
Os custos totais caíram bastante em 2017, especialmente com a redução de investimentos, seja em elenco como na base. O resultado do Índice de Eficiência foi um clube campeão gastando menos que em 2015 (também campeão) e que em 2016, quando nem chegou à Libertadores. O esportivo bem feito.
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Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
Sport Club Corinthians Paulista
Na corda bamba O Corinthians foi campeão brasileiro duas vezes nos últimos 3 anos. É um exemplo de boa gestão esportiva, montando elencos equilibrados e funcionais com pouco dinheiro. Pouco dinheiro? Não é bem assim. Mas com menos dinheiro que seu potencial. Na verdade, o clube gasta R$ 60 milhões em outras atividades que não o futebol, seja outros esportes, seja o social. Além disso, sem as receitas de Bilheteria o clube perde potencialmente algo como R$ 70 milhões em receitas. E como gasta muito e tem receitas limitadas, precisa de adiantamentos e até deixou de fazer aportes no estádio. Ou seja, está trabalhando com todas as estratégias financeiras para fechar suas contas. E claro, vendendo atletas consistentemente. Há também o impacto dos custos do Social dentro da estrutura. O Social dá prejuízo consistentemente e é coberto com recursos do Futebol. Até quando será possível sem que isto impacte o esportivo? Esta é uma pergunta relevante. Há muito que enxugar, há muito que organizar para que as contas do dia-a-dia e o estádio sejam pagos. Aliás, a dívida do estádio nem está aqui, pois fica num balanço que não temos acesso. A realidade pode ser ainda mais dura. Como será o amanhã? Responda quem puder!
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Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
Sport Club Corinthians Paulista
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Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
Balanço auditado por (não disponível)
Corinthians | Evento subsequente Corinthians divulga dados de Março/18
O Corinthians divulgou balancete de Março/18. Não há grandes aberturas e detalhes, mas do que é possível observar o clube continua com posição semelhante a 2017, ou seja, o Futebol se sustenta mas o Social drena caixa. As dívidas com Fornecedores aumentaram, não pagaram a dívida com o estádio e não houve saída relevante de caixa, uma vez que não apontaram investimentos relevantes, exceto por Despesas Financeiras de R$ 10 milhões. Teoricamente o clube apresenta equilíbrio, sem considerar os repasses ao estádio. É onde mora o risco.
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Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
Coritiba Foot Ball Club
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Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
Evolução das Receitas
Composição das Receitas
Coritiba Football Club
2017 Receitas R$ 119 MM Geração de Caixa R$ 22 MM Custo do Futebol R$ 70 MM
O desempenho total foi bom, mas em termos recorrentes foi bastante justos, com o detalhe que vem caindo ano a ano, se colocando numa rota difícil.
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As receitas oscilam bastante ao longo do tempo. O detalhe é que as recorrentes caíram em relação a 2016 em termos reais.
Custos do Futebol
Geração de Caixa (EBITDA)
Receitas cresceram 9% com destaque para a venda de atletas, enquanto demais receitas oscilaram pouco.
Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
Os custos diretos do futebol cresceram acima da variação da receita recorrente em 2017, o que mostra maior pressão, acima de 2015.
Coritiba Football Club Fluxo de Caixa
Investimentos
O clube optou por manter os investimentos na formação de atletas em detrimento de reforçar o elenco com contratações.
Dívidas
O fluxo de caixa de 2017 foi equilibrado, com geração de caixa e entrada de caixa operacional, com aumento de despesas provisionadas, que são encargos trabalhistas a pagar. Ainda teve baixa de adiantamentos de TV realizados e Impostos atrasados. Com isso ainda conseguiu reduzir dívidas bancárias em R$ 10 milhões. 109
Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
A dívida total permaneceu estável, com destaque positivo para redução na dívida bancária.
Coritiba Football Club Evolução dos Custos Operacionais
Índice de Eficiência
Custos totais do futebol se mantiveram estáveis, mas quando analisamos sob a ótica do Índice de Eficiência observamos que o Coritiba não vem com desempenhos esportivos animadores, culminando com o rebaixamento em 2017, mesmo gastando mais por ponto conquistado. Ou, na verdade, acaba sendo um reflexo da má campanha: gastou o mesmo nominalmente mas como conquistou menos pontos, mostrou a ineficiência através do rebaixamento.
110
Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
Coritiba Football Club Momento de Reciclar O Coritiba vem trabalhando no limite do desempenho esportivo e financeiro. O clube oscila demais nas receitas, mas vem apresentando custos crescentes no futebol. Não está funcionando. É preciso uma gestão mais centrada no controle dos custos e foco no desempenho esportivo. Em 2017 vimos um clube que passou o ano bastante justo financeiramente e em 2018 terá menos recursos com redução na receita de TV. Momento propício para reciclar as estruturas e voltar forte como um campeão brasileiro.
111
Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
Coritiba Football Club
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Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
Balanço auditado por Petrea PDE Auditores SEM RESSALVAS
Criciúma Esporte Clube
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Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
Evolução das Receitas
Composição das Receitas
Criciúma Esporte Clube
2017 Receitas R$ 17 MM Geração de Caixa R$ (4) MM Custo do Futebol R$ 17 MM
Desempenho bastante ruim pelo terceiros ano seguido, com geração negativa de caixa.
114
O clube oscila bastante de acordo com a presença ou não na série A. Note que a venda excepcional de atletas em 2016 mudou o patamar das receitas totais, mas as recorrentes vem sofrendo,
Custos do Futebol
Geração de Caixa (EBITDA)
Clube regional que atua na Série B desde 2015, com receitas típicas de clubes das divisões menores. Quando vende atletas cresce, quando não vende recua.
Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
O fato é que, a despeito da redução dos custos diretos de futebol, eles ainda representam muito das receitas recorrentes, cada ano mais módicas.
Criciúma Esporte Clube Fluxo de Caixa
Investimentos
O clube costuma investir mais consistentemente em formação de atletas (base) e menos nas contratações, postura bastante equilibrada pelo perfil do clube.
Dívidas
Fluxo bastante frágil, que se sustenta pela ajuda de um patrono (Coligadas). 115
Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
Positivamente trata-se de um clube sem dívidas relevantes.
Criciúma Esporte Clube Evolução dos Custos Operacionais
Índice de Eficiência
Os custos totais do futebol estão em queda, mas vemos que em termos de eficiência o clube não desempenha bem nos últimos 3 anos, atuando e permanecendo na Série B.
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Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
Criciúma Esporte Clube
Bem onde está Não é um problema ser pequeno. O problema é não se aceitar pequeno e suas limitações. Não é o caso do Criciúma, que atua dentro de suas possibilidades, sem loucuras em busca da Série A. Isto é bom porque mais um ano e o clube se mantém sem dívidas, mas não chega a ser postulante estruturado à divisão de elite. Estão onde estão e dão toda a pinta de que está bom assim. O que fazer? Buscar melhorar a estrutura esportiva, com melhor formação de elenco de baixo custo, dentro de suas possibilidades. É possível.
117
Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
Criciúma Esporte Clube
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Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
Balanço auditado por OMV Auditores Independentes SEM RESSALVAS
Cruzeiro Esporte Clube
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Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
Evolução das Receitas
Composição das Receitas
Cruzeiro Esporte Clube
2017 Receitas R$ 309 MM Geração de Caixa R$ 86 MM Custo do Futebol R$ 102 MM
Desempenho bastante bom em 2017, com mais receitas e custos crescendo moderadamente. Assim o clube gerou caixa nas duas visões, total e recorrente, pelo segundo ano seguido.
120
Depois de um período de crescimento, as receitas do clube sofreram queda em 2016 para retomar a linha de crescimento em 2017. Note que há uma certa recorrência na venda de atletas, que gera oscilação nas receitas totais.
Custos do Futebol
Geração de Caixa (EBITDA)
Crescimento de 37% nas receitas totais, com excelente desempenho dos Direitos de TV. Como não houve renovação em 2017, acreditamos que haja algum impacto de luvas. Houve crescimento em todas as linhas de receitas.
Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
Custos do futebol apresentaram crescimento, mas abaixo do crescimento das receitas recorrentes, o que mostra um sinal claro de controle da gestão.
Cruzeiro Esporte Clube Fluxo de Caixa
Investimentos
Os investimentos em formação de atletas (base) foram elevados em 2017, atingindo R$ 18 milhões, mudando completamente o patamar e a estratégia, como em 2016 quando o clube investiu R$ 54 milhões em atletas profissionais e apenas R$ 2 milhões na base.
Dívidas
Fluxo de caixa bastante equilibrado, iniciando com ótima geração de caixa, que foi reduzida pelo consumo de adiantamentos de TV (R$ 32 milhões). Ainda assim o clube investiu e sobrou dinheiro para reduzir dívidas. Resta saber se as receitas com Direitos de TV são recorrentes ou incluem luvas, que tornam esta geração de caixa inflada em termos recorrentes. O fato é que se há luvas ao menos o clube as utilizou de forma correta, reduzindo dívidas e não investindo. 121
Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
O clube apresentou queda nas dívidas, em todas as linhas, com destaque para as bancárias, que atingiram um nível bastante confortável em relação à geração de caixa.
Cruzeiro Esporte Clube Evolução dos Custos Operacionais
Índice de Eficiência
Custos totais do futebol apresentaram queda, fortemente impactados pela redução nos investimentos. Em termos de eficiência, vemos que após dois anos de custos elevados por ponto sem retorno em campo, em 2017 ficaram estáveis em relação a 2016 mas com melhor desempenho esportivo.
122
Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
Cruzeiro Esporte Clube
Entrando nos trilhos Os sinais que o Cruzeiro apresenta são positivos: receitas recorrentes crescendo*, investimentos comportados e redução de dívidas. Ainda assim foi campeão em 2017. O risco é o clube já acreditar que está em ordem e retomar o processo de investimentos elevados e aumento de custos. A situação do clube é aceitável, mas carece de atenção constante, especialmente porque o histórico mostra que o perfil das gestões é investidor e “gastão”, o que já custou anos difíceis, com brigas contra o rebaixamento e elencos discretos. O que foi feito em 2016 e 2017 credencia o clube a mudar de patamar se seguir esta estratégia por mais algum tempo. Estamos de olho.
* Considerando que as receitas com Direitos de TV não contém Luvas de renovação.
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Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
Cruzeiro Esporte Clube
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Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
Balanço auditado por Dênio Lima e Frederico Mendes SEM RESSALVAS
Figueirense Futebol Clube
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Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
Evolução das Receitas
Composição das Receitas
Figueirense Futebol Clube
2017 Receitas R$ 27 MM Geração de Caixa R$ (13) MM Custo do Futebol R$ 27 MM
A redução de receitas não veio acompanhada de um ajuste de custos, de maneira que o clube não gerou caixa, e apresentou déficit operacional.
126
Depois de forte queda em 2013 o clube só viu suas receitas crescerem, até a queda. Nova realidade.
Custos do Futebol
Geração de Caixa (EBITDA)
Depois de um longo período na série A o Figueirense disputou a série B em 2017. o reflexo foi fortíssima redução de receitas, especialmente com Direitos de TV.
Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
Os custos diretos do futebol foram bem menores, mas ainda assim elevados em relação ás receitas recorrentes. Comportamento ruim.
Figueirense Futebol Clube Fluxo de Caixa
Investimentos
Poucos investimentos tanto em formação de atletas (base) como em elenco profissional.
Dívidas
Fluxo de caixa muito apertado, iniciando com geração de caixa negativa, compensada por impostos atrasados e posteriormente alongados no seu pagamento. O clube teve que recorrer a bancos para fechar suas contas. A gestão profissional que chegou com novos donos teve muito trabalho nesse primeiro ano. 127
Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
Dívidas cresceram substancialmente, em todas as linhas. Destaque para Impostos, que representa adesão a processos de parcelamentos.
Figueirense Futebol Clube Evolução dos Custos Operacionais
Índice de Eficiência
Gastos totais em queda, refletindo a transição da série A para a Série B. Com relação à eficiência, nosso índice aponta pequena melhora em relação a 2016, mas esportivamente sem resultados.
128
Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
Figueirense Futebol Clube
Sob nova direção O Figueirense é o primeiro clube da elite a ter donos e deixar de ser uma associação sem fins lucrativos. Em 2017 um grupo arrendou a marca, os ativos e assumiu a gestão. Ainda não dá para avaliar o desempenho, exceto apontar que passaram um pente fino sobre as dívidas fiscais e registraram no balanço. Primeiro passo em direção á transparência. Os números de 2017 dizem pouco, exceto que o clube não foi capaz de ajustar suas contas à realidade da Série B, onde permanecem em 2018. Esperamos este ano para avaliar como uma gestão realmente profissional pode lidar com o negócio futebol no Brasil.
129
Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
Figueirense Futebol Clube
130
Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
Balanço auditado por BDO COM RESSALVAS (Imobilizado e Relação de Atletas) e Risco de Continuidade Operacional
Clube de Regatas do Flamengo
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Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
Evolução das Receitas
Composição das Receitas
Clube de Regatas do Flamengo
2017 Receitas R$ 595 MM Geração de Caixa R$ 248 MM Custo do Futebol R$ 314 MM
Manutenção do ótimo desempenho operacional, com boa geração de caixa em termos totais e recorrentes. 132
Em termos reais e nominais as receitas crescem consistentemente e sem influência significativa de venda de atletas, exceto por 2017.
Custos do Futebol
Geração de Caixa (EBITDA)
Crescimento elevadíssimo das receitas em função da venda de atletas. Mesmo na base recorrente observase crescimento de 17%, com destaque para Publicidade e Bilheteria/Sócio Torcedor
Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
Crescimento significativo de custos diretos do futebol, mas em linha com o crescimento das receitas recorrentes. Houve aumento de 60% para 70% nessa relação. Mas é preciso atenção para que este número não saia muito desse patamar.
Clube de Regatas do Flamengo Fluxo de Caixa
Investimentos
Os investimentos cresceram substancialmente em 2017. Na base (formação de atletas) saiu de R$ 6 milhões para R$ 9 milhões, mas na montagem do elenco profissional o clube aportou R$ 83 milhões. Com o equilíbrio financeiro chegou o momento de abrir o caixa.
Dívidas
Fluxo de caixa bastante consistente. Inicia com uma excepcional geração de caixa, que vai sendo consumida pelas contas de giro (NCG), Investimentos e pagamento de R$ 31 milhões em impostos. O clube ainda aportou R$ 35 milhões em ativos fixos (Capex) e reduziu as dívidas bancárias em R$ 67 milhões. Ou seja, com dinheiro e controle é possível fazer tudo.
133
Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
Manutenção do total de dívidas, com queda substancial das bancárias. Ao mesmo tempo tivemos crescimento das operacionais, especialmente clubes (reflexo das contratações) e Impostos, que na prática foram correções monetárias dos saldos.
Clube de Regatas do Flamengo Evolução dos Custos Operacionais
Índice de Eficiência
Os custos totais do futebol cresceram substancialmente, seja os diretos, seja os investimentos. Em termos de eficiência o clube gastou mais por ponto conquistado, mas também conquistou mais que em 2015 e 2016. Veja que há uma crescente em termos de desempenho a partir de 2015, acompanhado de aumento nos custos por ponto. Parece que uma coisa leva a outra.
134
Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
Clube de Regatas do Flamengo
Colhendo os frutos Os dados econômico-financeiros do Flamengo em 2017 chegam a seu ápice. Faturamento elevadíssimo, investimentos e gastos crescendo mas dentro da possibilidade que foi criada a partir de uma gestão austera. O patrimônio líquido é positivo, a dívida está em queda, a geração é recorrente. Diria o locutor de apuração de escolas de samba: “10! Nota 10!”. Alguns dirão que os títulos não vieram. Mas o clube foi campeão estadual, participou de duas finais e está na Libertadores de 2018. Como vemos na evolução do Índice de Eficiência, o Flamengo está crescendo em desempenho. Neste momento é líder do Campeonato Brasileiro. O desafio agora é ser capaz de vencer mais, manter a austeridade e não sucumbir ao desejo de montar “ataques dos sonhos”.
135
Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
Clube de Regatas do Flamengo
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Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
Balanço auditado por Mazars SEM RESSALVAS
Fluminense Football Club
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Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
Evolução das Receitas
Composição das Receitas
Fluminense Football Clube
2017 Receitas R$ 227 MM Geração de Caixa R$ 28 MM Custo do Futebol R$ 116 MM
O desempenho em termos totais foi positivo, por conta da venda de atletas, mas de forma recorrente ainda continua negativa a geração de caixa. Ainda há muito a fazer para ajustar os custos.
138
O clube continua com as receitas crescendo de forma consistente desde 2015, tanto em termos totais como recorrentes. Mas é importante ressaltar que o clube depende bastante da venda de atletas, como vemos no descolamento das curvas.
Custos do Futebol
Geração de Caixa (EBITDA)
Receitas cresceram 14%, com ênfase para Direitos de TV, mas com bom desempenho em todas as linhas.
Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
O clube até conseguiu reduzir os custos diretos do futebol, caindo em termos nominais como proporcionais às receitas recorrentes. E se o EBITDA recorrente foi negativo significa que há muitos outros custos e despesas a serem tratados.
Fluminense Football Clube Fluxo de Caixa
Investimentos
Investimentos bem menores que os vistos em 2016, o que mostra que a austeridade teve reflexo em todas as linhas, dos custos aos investimentos. Foram R$ 11 milhões em 2017 contra R$ 44 milhões em 2016.
Dívidas
Fluxo de caixa complicadíssimo. Da geração de caixa inicial uma parte do valor a receber pela venda dos atletas não entrou em 2017 (R$ 23 milhões) e isto é deduzido da geração de caixa. Além disso houve dedução de cerca de R$ 20 milhões de adiantamentos recebidos no passado. Ou seja, dos R$ 28 milhões iniciais, o clube começa a conta com R$ 15 milhões negativos.
139
Daí para compensar o clube atrasou e reconheceu R$ 15 milhões em impostos e tomou dinheiro em bancos. Complicada a situação, pois é estrutural dado a baixaBrasileiros geração de de Futebol caixa. | 2018 Análise Econômico-Financeira dos Clubes
Dívida total cresceu. Os Impostos porque a direção decidiu colocar no balanço todas as pendências tributárias como forma de ter uma visão realista da situação do clube. Muito positivo. As bancárias cresceram para cobrir buracos operacionais. Sinal ruim.
Fluminense Football Clube Evolução dos Custos Operacionais
Índice de Eficiência
O clube fez parte dos ajustes, reduzindo os gastos totais com futebol, em todas as linhas. Em termos de eficiência, nosso índice aponta que em 2017 o clube gastou menos por ponto conquistado, sem contudo obter retorno esportivo. Mas é uma evolução, pois em 2015 e 2016 gastou mais e também não venceu.
140
Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
Fluminense Football Clube Cenário desafiador O Fluminense passa por uma situação bastante delicada. O clube viveu após a saída de sua antiga parceira a ilusão de que poderia se manter relevante. Manteve gastos mesmo com receitas limitadas. que cresceram no tempo, mas de maneira discreta. O clube viveu de vender atletas para fechar suas contas. Mas a realidade é dura. Adiantamentos tomados em algum momento farão falta no futuro - o dinheiro que você adianta hoje deixará de entrar no caixa amanhã - e o clube é obrigado a garantir uma venda para receber a prazo, e os investimentos precisam ser reduzidos e isto enfraquece o elenco, e as dívidas antes escondidas passam a “enfeiar” seu balanço. E quando tudo isso acontece ao mesmo tempo, a gestão perde o chão. É preciso adequar os custos do futebol e da estrutura no entorno, focar emergencialmente na formação e venda de atletas e garantir o apoio da torcida. O processo já começou, com a republicação de balanços de 2015 e 2016 com uma série de ajustes necessários para entender a realidade. O Fluminense está atrasado no processo de adequação financeira à realidade. Sai atrás, com pouca margem de manobra. Precisará de transparência, comunicação eficiente com a torcida e muito esforço. Anos difíceis virão.
141
Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
Fluminense Football Clube
142
Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
Balanço auditado por Mazars SEM RESSALVAS SOBRE 2017
Goiás Esporte Clube
143
Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
Evolução das Receitas
Composição das Receitas
Goiás Esporte Clube
Operacionalmente 2017 foi inferior a 2016 mas ainda equilibrado. A atenção que o clube precisa ter em relação ao custo é para que não se perpetue este desempenho apenas discreto.
144
2017 Receitas R$ 65 MM Geração de Caixa R$ 9 MM Custo do Futebol R$ 43 MM
Em termos reais as receitas recorrentes tem andado de lado e as totais saltam quando há venda relevante de atleta. É possível dizer que o Goiás estagnou.
Custos do Futebol
Geração de Caixa (EBITDA)
Em 2017 o clube apresentou queda tanto nas receitas totais, por conta da forte redução na venda de atletas como nas recorrentes (-8%), face redução dos Direitos de TV.
Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
Os custos diretos com atletas cresceram tanto nominalmente quanto em relação às receitas recorrentes, numa rota que já vem se deteriorando desde 2016.
Goiás Esporte Clube Fluxo de Caixa
Investimentos
Aumento de investimentos em atletas profissionais, que saltaram de R$ 2 milhões para R$ 6 milhões. Não reconhecemos investimentos na base.
Dívidas
O fluxo de caixa de 2017 foi bastante justo. A Geração de caixa cobriu parte dos adiantamentos – na verdade os adiantamentos é que são descontados da geração de caixa! – e parte dos investimentos e impostos. As demais movimentações, bastante módicas, foram cobertas com o caixa formado em 2016 em função de luvas, supomos.
Gestão bem equilibrada. 145
Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
Positivamente as dívidas são bastante baixas. O clube não deve a bancos e as operacionais são bastante módicas. Os impostos são elevados para a geração de caixa errática do clube, mas de longo prazo. Ressalta-se o valor do caixa, bastante elevado para os padrões brasileiros.
Goiás Esporte Clube Evolução dos Custos Operacionais
Índice de Eficiência
Observamos aumentos custos gerais, baseados nos custos e despesas diretos e nos investimentos em formação de elenco. No Índice de Eficiência vemos mais gastos por pontos conquistados, e desempenho esportivo semelhante a 2016. Gastou mais para conquistar o mesmo.
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Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
Goiás Esporte Clube
Um certo comodismo O Goiás é um clube historicamente bem gerido. Pouco endividado, boa gestão de custos e despesas, investimentos certeiros. Tem passagens relevantes e longas pela Série A. Em 2017 manteve a boa gestão, simples e contida, o que garante a sustentabilidade do clube no tempo, típica de quem sabe onde pode chegar. Mas está indo aquém do que se espera. Vem convivendo com a Série B e conquistando o estadual. Isto permite alguma tranquilidade, mas falta a um clube tão organizado o salto de qualidade dentro de campo que o recolocará junto aos grandes. Exceto se este não for o objetivo, e seguindo assim está tudo bem. Precisa repetir dentro de campo a boa qualidade que se observa fora dele.
147
Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
Goiás Esporte Clube
148
Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
Balanço auditado por Floresta Auditores Independentes COM RESSALVAS para questionamentos fiscais e depreciação
Grêmio de Foot-Ball Porto Alegrense
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Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
Evolução das Receitas
Composição das Receitas
Grêmio de Foot-ball Portoalegrense
2017 Receitas R$ 329 MM Geração de Caixa R$ 88 MM Custo do Futebol R$ 188 MM
Desempenho operacional do clube vem crescendo ano-a-ano, de forma consistente. Receitas bem e custos crescem um pouco abaixo, permitindo geração de caixa recorrente nos 3 últimos anos.
150
Trazidas a valor presente vemos as receitas com bastante oscilação a partir de 203. Observamos que há pouco dependência histórica da venda de atletas.
Custos do Futebol
Geração de Caixa (EBITDA)
Receitas cresceram substancialmente (+46%), puxadas pelos Direitos de TV e pela venda de atletas (361%). Mas todas as linhas cresceram, acompanhando o bom desempenho esportivo do clube. As recorrentes cresceram 25%.
Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
Observamos um grande salto nos custos diretos do futebol, acompanhando as receitas. Veja que a relação entre os custos com futebol e as receitas recorrentes foram menores em 2017 que em 2015 (71% contra 76%).
Grêmio de Foot-ball Portoalegrense Fluxo de Caixa
Investimentos
Investimentos menores em 2017. Foram R$ 7 milhões em formação (base) e outros R$ 35 milhões em elenco profissional. Parte importante do esforço de formação do elenco campeão da Libertadores foi feita em 2016.
Dívidas
151
Fluxo de caixa bastante positivo em 2017. Boa geração de caixa inicial, obteve liberação de giro com financiamentos operacionais, investiu – incluindo R$ 9 milhões de capex (investimentos em ativos físicos). Ainda manteve dívida bancária estável e fez pagamentos diversos (R$ 6 milhões). Ou seja, manteve as contas em dia e ainda terminou com caixa acima do ano dos anterior. Análise Econômico-Financeira Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
Dívida total cai, mas a bancária cresce. Importante citar que na dívida bancária incluímos o passivo com o estádio. Esta dívida tem amortização atrelada ao desempenho financeiro do estádio. O crescimento da dívida bancária é justamente a correção desta dívida e não tem efeito caixa.
Grêmio de Foot-ball Portoalegrense Evolução dos Custos Operacionais
Índice de Eficiência
Vemos crescimento dos custos totais do futebol, especialmente nos custos diretos, enquanto investimentos e despesas financeiras foram menores em 2017. Analisando o Índice de Eficiência vemos que em 2017 o desempenho esportivo foi excelente com custo por ponto abaixo do praticado em 2016, uma evolução.
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Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
Grêmio de Foot-ball Portoalegrense
Como as coisas devem ser O Grêmio é um exemplo de como um clube pode se organizar financeiramente e ter resultados esportivos. Um dos primeiros clubes a ter a figura de um CEO que atuava com certa independência da influência política, o Grêmio iniciou o processo de reorganização das finanças em 2014, para a partir de 2015 operar com geração de caixa positiva. Controle de custos, formação de elenco dentro das possibilidades, com muitos atletas da base ou “apostas” de baixo custo. Uma boa gestão esportiva trabalha junto com a boa gestão financeira. Dívidas equilibradas, investimentos feitos dentro das possibilidades, custos caminhando de acordo com as receitas recorrentes. Parte importante da cartilha seguida, o que abriu caminho para a chegada deste bom momento. Ainda há o desafio do imbróglio da dívida do estádio, que não fica claro qual será a forma de pagamento, mas aparentemente não tem envolvido caixa. Mas não é algo que no balanço parece pacificado. Vendo à distância, o que fica é uma sensação de que apenas o Grêmio pode se auto-sabotar.
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Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
Grêmio de Foot-ball Portoalegrense
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Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
Balanço auditado por Rokembach + Lahm, Villanova & Cia SEM RESSALVAS
Sport Club Internacional
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Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
Evolução das Receitas
Composição das Receitas
Sport Club Internacional
Historicamente o clube não consegue gerar caixa de forma recorrente. E nos últimos 4 anos apenas em 2015 conseguiu gerar caixa considerando todas as receitas. Movimento muito ruim, porque se falta no operacional significa que em algum lugar vai ter que buscar.
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2017 Receitas R$ 231 MM Geração de Caixa R$ (24) MM Custo do Futebol R$ 182 MM
Em termos reais as receitas recorrentes do clube tem comportamento levemente positivo nos últimos 4 anos. Mas notase que até 2013 o clube vendia muitos atletas e perdeu esta receita desde então, mostrando a fragilidade do modelo vendedor.
Custos do Futebol
Geração de Caixa (EBITDA)
Crescimento de 9% nas receitas, com aumento de Direitos de TV e venda de atletas. Não conseguimos avaliar se nas receitas de 2017 ainda existe parte de luvas, porque o aumento para quem atuou na Série B não é comum.
Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
Diferente do que ocorre usualmente o Inter aumentou seus custos diretos do futebol mesmo atuando na Série B, momento onde os clubes de maior expressão optam por se ajustar, cortar custos e colocar a casa em ordem. Completamente contra o manual básico de gestão.
Sport Club Internacional Fluxo de Caixa
Investimentos
O clube elevou seus investimentos em formação de atletas (base), mas reduziu consideravelmente na formação de elenco profissional. Ainda assim, para jogar a Série B parece elevado.
Dívidas
Fluxo de caixa muito complicado o do Inter em 2017. Importante dizer que não conseguimos fazer as conciliações de conta que justifiquem os dados apresentados no fluxo de caixa oficial do clube. Os balanços de 2015 e 2016 foram reclassificados, então perdemos as referências anteriores. Do que é possível inferir, temos que tudo começa com geração de caixa negativa – “devendo” – Mas recuperar parte recebendo adiantamentos e ainda devolve parte do que foi adiantado de TV anteriormente. Ou seja, política que apenas enxuga gelo, pois nunca acaba. 157
Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
Observamos aumento de dívida em 2017. Como comentado na página anterior, se no operacional falta dinheiro, tem que buscar em algum lugar, e o mais óbvio é recorrer a mais dívidas, seja bancária ou atrasando impostos.
Sport Club Internacional Evolução dos Custos Operacionais
Índice de Eficiência
Vimos os gastos totais saltarem R$ 29 milhões num ano em que o clube atuou na Série B. Com crescimento de custos e despesas é possível que tenha optado por aumentar salários e trazer atletas por empréstimos ou contratos curtos e não contratos longos, pois investimentos caíram. O Índice de Eficiência aponta que o custo por ponta em 2017 ficou próximo a 2016, com a diferença que voltou para a Série A. Ou seja, muito para tão pouco, como já havia sido muito para cair um ano antes.
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Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
Sport Club Internacional
Perigo à beira rio Está aceso o sinal de alerta no Beira Rio. O que vimos em 2017 é a sequência de um processo de deterioração da condição econômicofinanceira do Internacional que parece estar longe de ser solucionada. São 4 anos sem gerar caixa no conceito de recorrência, aumento constante dos custos diretos com o futebol, dos gastos gerais, mesmo num ano em que atuou na Série B – inegavelmente correlacionado com esta deterioração o que levou a um aumento de dívidas. Há algo de errado no reino Colorado. O esforço de solução será imenso, porque as dificuldades são do tamanho do clube, muito grandes. Corte de custos, investimentos, foco na redução de dívidas e soluções que equilibrem o fluxo de caixa. Sem aceitar esta dura realidade ficará difícil reverter o quadro atual.
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Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
Sport Club Internacional O Internacional republicou seus balanços de 2015 e 2016. para fins de análise histórica mantivemos os dados originais, mas para fluxo de caixa adotamos os números republicados. Não conseguimos fechar todas as conciliações de fluxo de caixa em função destas mudanças. Além disso, houve a inclusão de um ativo e um passivo referentes ao novo Beira Rio que acabam gerando uma receita sem efeito caixa. Em nossa opinião estas movimentações apenas poluem os números, pois não agregam nenhum valor efeito ao clube.
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Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
Balanço auditado por BDO SEM RESSALVAS
Sociedade Esportiva Palmeiras
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Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
Evolução das Receitas
Composição das Receitas
Sociedade Esportiva Palmeiras
2017 Receitas R$ 504 MM Geração de Caixa R$ 161 MM Custo do Futebol R$ 267 MM
O equilíbrio vem desde 2013, mas a partir de 2015 inicia-se uma fase de sobras que contribuíram de forma fundamental no aumento dos investimentos em atletas. Situação bastante confortável.
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Em termos reais as receitas andaram de lado até 2014. A partir de 2015 iniciam crescimento expressivo, e em 2016 e 2017 passam a ter algum incremento de venda de atletas.
Custos do Futebol
Geração de Caixa (EBITDA)
Desde 2015 temos um Palmeiras em outro patamar de receitas e em 2017 ultrapassaram a barreira dos R$ 500 milhões, 7% superior a 2016. TV, Publicidade e Bilheteria são destaques claríssimos.
Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
Vemos crescimento consistente dos custos diretos do futebol, mas positivamente eles se mantém em linha com as receitas recorrentes. Ou seja, crescem conforme crescem as receitas, mantendo a saúde financeira do clube.
Sociedade Esportiva Palmeiras Fluxo de Caixa
Investimentos
Os investimentos de 2017 impressionam: foram R$ 161 milhões em atletas profissionais, o dobro do que foi investido em 2016, e a manutenção de R$ 15 milhões na base.
Dívidas
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Fluxo de caixa robusto. Parte de uma excelente geração de caixa. Os investimentos são suportados por esta geração e pelo aumento da NCG (R$ 69 milhões), em razão do pagamento parcelado das aquisições. Paga pouco em custos financeiros, investe pouco em estrutura (capex) porque já fez isto recentemente e reduz dívida bancária. Classificamos adiantamentos da Crefisa como Coligadas, para termos uma dimensão do impacto adicional que o patrocinador traz ao clube além dos patrocínios. Em 2016 pagaram a dívida com o exAnálise Econômico-Financeira Clubesadicionais BrasileirosR$ de 48 Futebol | 2018 presidente e em 2017 a Crefisados injetou milhões.
Dívidas em queda, especialmente as bancárias, que incluem dívidas com dirigentes. Operacionais crescem em função do pagamento parcelados das aquisições de atletas.
Sociedade Esportiva Palmeiras Evolução dos Custos Operacionais
Índice de Eficiência
Se as receitas cresceram bastante os gastos gerais também atingiram marca impressionante: foram R$ 554 milhões em 2017, com forte participação dos investimentos em elenco. No Índice de Eficiência vemos que o custo por ponto foi elevadíssimo e o desempenho esportivo inferior a 2015 e 2016, o que gerou certa frustração na torcida.
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Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
Palmeiras | Exercício Receitas Totais
EBITDA Recorrente
Em R$ milhões
Sempre se questiona o quanto a Crefisa é fundamental para o Palmeiras. Naturalmente que os valores aportados pela patrocinadora ao clube são importantíssimos na construção da fortaleza financeira do Palmeiras. Mas é possível avaliar o grau de dependência. Para isso fizemos o seguinte exercício: substituímos os valores aportados pela Crefisa como patrocínio por algo mais próximo do que seria um valor de mercado parecido com seus pares. Para o exercício utilizamos uma receita de 35% do valor pago pela Crefisa, conforme tabela abaixo. O que apuramos é que ainda assim o Palmeiras manteria o nível de geração de caixa recorrente, mesmo com os custos inflados pela receita da Crefisa. Assim, com algum ajuste de custo e corte de investimentos, o Palmeiras se manteria equilibrado.
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Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
Sociedade Esportiva Palmeiras
Extravagância alviverde O Palmeiras se encontra num excelente momento sob o ponto-de-vista econômico-financeiro. Receitas robustas, com boa diversificação nas suas fontes, de forma que não depende exclusivamente do patrocinador para fechar suas contas. Controle de custos, investimentos elevados com ajuda do patrocinador e dívidas controladas. Na prática tudo vai bem. Mas pensando no todo é preciso ter atenção à extravagância. Este é um risco inevitável para os clubes que se veem com muito dinheiro, que acabam gastando muito e nem sempre da forma mais eficaz. Foi o que vimos em 2017. A gestão esportiva precisa estar atenta ao “negócio esportivo”, ou seja, à escolha certa de treinador e suporte às suas ideias, montando elencos compatíveis com elas. Em 2017 o resultado esportivo foi inferior ao financeiro. Precisa buscar este equilíbrio.
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Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
Sociedade Esportiva Palmeiras
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Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
Balanço auditado por GF Auditores SEM RESSALVAS
Paraná Clube
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Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
Evolução das Receitas
Composição das Receitas
Paraná Clube
2017 Receitas R$ 23 MM Geração de Caixa R$ 5 MM Custo do Futebol R$ 11 MM
O clube conseguiu se aproveitar da receita maior e equilibrou o operacional após 2 anos, mesmo crescendo os custos e despesas.
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Série é curta, mas observamos o salto de receitas em 2017, motivado pelo bom desempenho na série B, quando conseguiram acesso à Série A.
Custos do Futebol
Geração de Caixa (EBITDA)
Primeira análise do Paraná. Crescimento de receitas em 2017 de 77%, com boa posição de Bilheteria e crescimento de Patrocínios.
Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
Os valores de custo direto do futebol são baixos para a realidade brasileira, mas ainda assim cresceram bem em 2017. Positivamente, quando analisados em relação à receita recorrente vemos que ficaram bem comportados.
Paraná Clube Fluxo de Caixa
Investimentos
O clube se propõe a focar em investimentos na formação de atleta (base) que em 2017 foram de R$ 3 milhões. Não há registro de investimentos em elenco profissional.
Dívidas
Fluxo de caixa justo em 2017. Geração de caixa boa considerando o porte do clube, alguma liberação de NCG e suficiente para investir e pagar impostos. A partir daí sem movimentações relevantes.
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Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
O clube apresenta dívidas muito elevadas em relação à sua capacidade de pagamento. Em 2017 cresceram as dívidas com Impostos, especialmente as provisões para contingências, que não são dívidas mas costumam se transformar em dívidas. É parte do processo de formalização das dívidas. Mesmo a bancária é elevada e precisa de cuidado.
Paraná Clube Evolução dos Custos Operacionais
Índice de Eficiência
Aumento dos gastos gerais do futebol, com aumento de investimentos na base e custos diretos do futebol. No Índice de Eficiência o ano de 2017 foi excelente: redução nos custos por pontos – reflexo do bom desempenho na Série B - e melhor desempenho esportivo. Bom ano.
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Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
Paraná Clube
A difícil arte de ser pequeno Não é um problema nem há demérito em ser pequeno. É uma constatação numérica. O Paraná Clube faturou em 2017 menos de 5% do que faturaram Palmeiras e Flamengo. Não há condições financeira de competir com estas equipes, nem com as que faturam acima de R$ 200 milhões, como Internacional que também disputou a mesma Série B. Nesse sentido, retornar à Série A é um grande feito, e permanecer nela será um desafio hercúleo. Mesmo com um ótimo ano, financeiramente falando, o clube manteve dívidas elevadas e lhe restou pouco para enquadrar suas finanças e dar estabilidade de gestão. Mas não há milagre. Há trabalho e pés-no-chão. E se tiver esta postura pode conseguir se equilibrar no longo prazo. Por enquanto, é viver a alegria de disputar a Série A em 2018.
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Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
Paraná Clube
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Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
Balanço auditado por Müller & Prei COM RESSALVAS | Imobilizado, Investimentos e Despesas Provisionadas
Associação Atlética Ponte Preta
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Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
Evolução das Receitas
Composição das Receitas
Associação Atlética Ponte Preta
2017 Receitas R$ 69 MM Geração de Caixa R$ (2) MM Custo do Futebol R$ 39 MM
O clube vive em eterno desequilíbrio operacional. Nos 5 anos da amostra acima vemos que a geração de caixa recorrente é negativa. Ou seja, precisa de aportes externos para fechar suas contas.
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Exceto por 2014, quando participou da Série B e viu as receitas caírem muito, demais anos apresentam crescimento consistente, com venda de atletas recorrentes.
Custos do Futebol
Geração de Caixa (EBITDA)
Crescimento de 19% nas receitas, apoiado em Outras, que contém premiações por participação na Copa do Brasil e Paulista. Demais receitas em linha com 2016.
Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
Crescimento módico nos custos diretos com o futebol. Inclusive, quando comparados às receitas recorrentes eles perdem relevância, o que é positivo.
Associação Atlética Ponte Preta Fluxo de Caixa
Investimentos
Investimentos relativamente pequenos, focados na formação de elenco profissional Não há registros claros de investimentos na base.
Dívidas
Fluxo de caixa justo. Claramente o que fecha a conta são impostos atrasados e aportes de Coligadas, conforme detalhado ao lado em “Dívidas”.
O destaque da Ponte Preta é a elevada dívida com um sócio e ex-presidente, que praticamente equilibra as contas do clube. 176
Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
Associação Atlética Ponte Preta Evolução dos Custos Operacionais
Índice de Eficiência
Os gastos gerais cresceram em 2017, basicamente pelo aumento dos custos diretos.
O Índice de Eficiência foi pior em 2017, com maiores custos por pontos e queda para a Série B.
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Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
Associação Atlética Ponte Preta
Rachou A Ponte Preta repetiu 2013 e voltou à Série B. A despeito de tradicionalmente fazer bons trabalhos e alcançar desempenhos bastante acima de sua capacidade financeira, a linha que separa o bom desempenho da queda é tênue. Não há muita margem de manobra financeira, então há forte dependência do acerto esportivo. Quando não dá liga, há pouco a fazer. Resta à Ponte Preta seguir seu ciclo habitual, onde cai, se ajusta e retorna, passando algum tempo na Série A. Mas seria importante buscar maior equilíbrio financeiro, passando a gerar mais caixa e depender menos de ações externas para fechar suas contas.
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Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
Associação Atlética Ponte Preta
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Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
Balanço auditado por N/D N/D – Balanço apresentado aquém do ideal.
Santos Futebol Clube
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Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
Evolução das Receitas
Composição das Receitas
Santos Futebol Clube
2017 Receitas R$ 262 MM Geração de Caixa R$ 72 MM Custo do Futebol R$ 147 MM
Em 2017 observamos recuperação no desempenho operacional, atingindo o break-even em termos de geração de caixa recorrente. Ainda com forte dependência da venda de atletas, foco deveria ser equacionar custos e despesas.
181
Receitas em expansão desde 2015, especialmente as recorrentes, que crescem de forma sustentável. Destaque para a diferença sempre relevante entre Totais e recorrentes, o que mostra a alta frequência de venda de atletas.
Custos do Futebol
Geração de Caixa (EBITDA)
Bom crescimento de receitas (+15%), vindo de Venda de Atletas, Publicidade e Bilheteria, as três linhas com crescimento no período. Bilheteria e Publicidade fundamentais na geração de receita recorrente.
Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
Observamos salto de 2¨% nos custos diretos do futebol, aumentando a participação em relação às receitas recorrentes,, de 62% para 70%. Importante ressaltar este crescimento, pois coloca o clube no limite do equilíbrio.
Santos Futebol Clube Fluxo de Caixa
Investimentos
Em 2017 o clube investiu R$ 67 milhões em formação de elenco profissional, volume bastante elevado, especialmente comparado a 2016. Oficialmente os investimentos em formação de atleta (base) foram menos representativos ano passado.
Dívidas
Fluxo de caixa que merece atenção. Inicia com boa geração de caixa (EBITDA), investe um montante considerável (R$ 67 milhões), mas com financiamento de clubes (R$ 28 milhões), o que coloca o desembolso no ano dentro do bolso do clube. Ainda paga impostos e sobram recursos para outras finalidades, especialmente bancárias, onde vemos redução da dívida. O detalhe é que estes financiamentos de aquisição significam saídas de caixa nos próximos períodos, ou seja, empurrando a gestão de fluxo de caixa para o ano seguinte. 182
Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
Dívidas totais estáveis, com destaque para a redução das bancárias. O aumento em impostos vem da correção do saldo de dívida alongado pelo Profut.
Santos Futebol Clube Evolução dos Custos Operacionais
Índice de Eficiência
Aumento substancial nos gastos gerais, puxado pelos investimentos e mesmo pelos custos diretos. No Índice de Eficiência vemos 2017 melhor que 2016 em termos de custos por pontos, mas desempenho esportivo menor.
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Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
Santos Futebol Clube
Girando os pratos Em 2017 o Santos repete em grande parte seu histórico recente: a operação isoladamente fica no vermelho – ou no zero-a-zero como em 2017 – e qualquer sobra de recursos tem que vir necessariamente da venda de atletas. Seja para reinvestir, seja para pagar dívidas, os atletas vendidos acabam sendo fundamentais para o clube. É a política do erro zero. Não há outra alternativa que não a venda de atletas todos os anos, naquela prática que enche o caixa do clube momentaneamente, mas que como água em chapa quente, logo seca. O clube até tem conseguido elevar suas receitas recorrentes, mas não consegue controlar seus custos de maneira a sobrar dinheiro. Pelo contrário, aumenta os custos seguidamente, tanto que os custos diretos com futebol saíram de 50% das receitas recorrentes em 2015 para 72% em 2017. O que significa dizer que as gestões sempre contam com a venda de atletas para garantir certo equilíbrio. No ano passado parte das vendas serviu para reduzir as dívidas bancárias, mas com investimentos vultosos sobraram dívidas a pagar a clubes. Uma coisa compensou a outra. O Santos precisa pensar de acordo com suas possibilidades. Gastar menos, ser mais austero. Ou em algum momento não dará tempo de salvar os pratos.
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Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
Santos Futebol Clube
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Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
Balanço auditado por M/Legate COM RESSALVAS | Contas a pagar (diversos apontamentos)
São Paulo Futebol Clube
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Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
Evolução das Receitas
Composição das Receitas
São Paulo Futebol Clube
2017 Receitas R$ 459 MM Geração de Caixa R$ 188 MM Custo do Futebol R$ 210 MM
Positivamente, depois de 3 anos sem geração de caixa recorrente o clube em 2017 gerou caixa, assim como havia realizado em 2016. ainda assim, em menor montante. A venda de atletas impulsiona a geração de caixa total.
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Em termos reais observe que as receitas recorrentes do clube andam praticamente de lado, exceto por 2016 pelo novo contrato de TV. A realidade do clube é de alta dependência da venda de atletas para composição de suas receitas.
Custos do Futebol
Geração de Caixa (EBITDA)
As receitas totais cresceram 24%, fortemente impulsionadas pela venda de atletas, que dobraram. Destaque também para o crescimento de Publicidade, mas com queda em Bilheteria. Em termos recorrentes permaneceram praticamente estáveis.
Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
Os custos diretos do futebol cresceram. Apesar de vender muitos atletas também contratou muitos outros, possivelmente mais caros. A relação com as receitas recorrentes piorou um pouco (71% contra 67%).
São Paulo Futebol Clube Fluxo de Caixa
Investimentos
O clube é o que mais investe em base no Brasil, consistentemente acima de R$ 20 milhões (em 2017 foram R$ 22 milhões). E como vende muitos atletas caba tendo que recompor elenco e gastando muito. Em 2017 investiu metade do valor de vendas.
Dívidas
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Fluxo de caixa muito bom, mas que engana. A excelente geração de caixa (EBITDA) só existe pela venda de atletas, e parte dela é usada automaticamente para fazer a reposição do elenco. Mas o fluxo de caixa operacional, após investir e ajustar a NCG, e “devolver” R$ 20 milhões de adiantamentos, foi de R$ 55 milhões, suficiente para pagar as despesas financeiras, investir em estrutura e reduzir dívidas (R$ 12 milhões de bancos e R$ 10 milhões de terceiros). Mas a geração de caixa recorrente foi de apenas R$ 24 milhões. Se não houvesse vendas mal sobraria para pagar despesas financeiras e investir na base. Logo, a dívida reduzida foi até Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018 pouco para o potencial.
Positivamente as dívidas caíram, especialmente as bancárias, que incluem dívidas com terceiros. As Operacionais oscilaram pouco e as com Impostos cresceram apenas a correção monetária.
São Paulo Futebol Clube Evolução dos Custos Operacionais
Índice de Eficiência
Gastos gerais cresceram com formação de elenco mas principalmente pelos custos diretos do futebol.
No Índice de Eficiência 2017 foi o segundo ano sem desempenho esportivo e com crescimento de custos por ponto. Naturalmente, com desempenho fraco no Brasileiro e custos mais elevados, o índice piora.
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Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
São Paulo Futebol Clube
Eurodependência O São Paulo é o clube brasileiro que mais faturou com venda de atletas nos últimos 7 anos. Ano passado fez um volume astronômico de vendas, impulsionando suas receitas. Mas isto não tem transformado o clube numa potência. Pelo contrário, a gestão baseada em compra-e-venda de atletas apenas coloca o clube num risco absolutamente desnecessário. Em 2017 tivemos movimentos positivos, como o aumento das receitas com Publicidade, mesmo num ambiente econômico difícil. As vendas permitiram reduzir um pouco as dívidas bancárias. E é isso. O clube ainda depende operacionalmente da venda de atletas, numa espiral negativa, pois ao vender muitos atletas precisa comprar outros tantos. Em geral quem sai é porque está bem e ganha menos, enquanto os reforços são uma aposta e custam mais. Por isso vê seus custos diretos crescendo. Num ano em que não conseguir vender atletas as contas simplesmente não fecharão, pois o custo da base é elevado, o custo direto é alto, ainda há dívidas vencendo e seus custos financeiros, e logo mais o Profut começa a vencer. Mas o cenário com filtro mostra um clube com receitas elevadas e reduzindo dívidas, quando na verdade usa mal essa receita e reduz dívidas e obrigações em menor escala do que poderia, sem resolver o problema estrutural que obriga o clube a vender atletas todos os anos.
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Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
São Paulo Futebol Clube
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Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
Balanço auditado por RSM do Brasil SEM RESSALVAS
São Paulo | Comparativo Receita com Venda de Atletas
% da venda de Atletas sobre Total
Receita Acumulada 2010-17 com venda de Atletas
Média e Mediana de Venda de Atletas/Total
Desde 2012 as Receitas com Vendas de Atletas do São Paulo batem consistentemente as de Corinthians e Santos, outros dois clubes que se beneficiam muito desse tipo de negociação. Percentualmente o Santos até ultrapassou ou ficou pouco acima em 2014 e 2016, mas quando analisamos em termos de médias, mediana e valores totais, nota-se que o São Paulo se beneficia de forma relevante, posto que seus montantes totais já são bem maiores que os do Santos.
Nos parece claro que a dependência que se tem de vendas de atletas é maior no Morumbi que em Vila Belmiro ou Itaquera, especialmente porque mesmo após este montante elevadíssimo o São Paulo ainda não tem equilíbrio financeiro e continua dependendo da venda de atletas.
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Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
Sport Clube do Recife
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Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
Evolução das Receitas
Composição das Receitas
Sport Clube do Recife
2017 Receitas R$ 105 MM Geração de Caixa R$ 13 MM Custo do Futebol R$ 63 MM
A despeito da menor receita clube ainda conseguiu gerar caixa, abaixo de 2016, quando acreditamos haver luvas de renovação de Direitos de TV embutidas. Desempenho melhor que nos anos anteriores, sem receitas extraordinárias.
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Receitas vinham crescendo em termos reais até 2016, mas caem em 2017. Não conseguimos explicações.
Custos do Futebol
Geração de Caixa (EBITDA)
Muito difícil analisar o Sport, pois os dados estão condensado, sem aberturas ou detalhes. Vemos apenas que as receitas totais caíra, possivelmente porque em 2016 havia luvas não destacadas.
Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
Custos diretos do cresceram modestamente em 2017 e em relação às receitas ficou abaixo de 2015, ano de melhor comparabilidade. Ponto positivo.
Sport Clube do Recife Fluxo de Caixa
Investimentos
Os números apresentados indicam investimentos elevados tanto na base (formação de atletas) como no elenco profissional (investimentos em atletas), acima do visto no ano anterior.
Dívidas
Fluxo de caixa de 2017 mostra um clube gerou algum caixa mas, mas insuficiente para o elevado montante de investimentos, que precisaram ser financiados, seja diretamente com os clubes vendedores, seja através do aumento de salários e encargos.
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O déficit de caixa após investimentos foi coberto com aumento da dívida bancária, que é nominalmente pequena mas que não tem geração de caixa suficiente para amortizá-la. Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
Dívida total cresce puxada pelo forte crescimento das dívidas operacionais. Basicamente falamos de valores a pagar a clubes pela aquisição de atletas. Ou seja, investimento do ano com pagamento parcelado.
Sport Clube do Recife Evolução dos Custos Operacionais
Índice de Eficiência
Custos Operacionais do futebol cresceram substancialmente em 2017 puxados pelo elevado valor de investimentos. No Índice de Eficiência vemos 2017 melhor que 2016, com custo por ponto mais baixo, e melhor desempenho esportivo.
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Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
Sport Clube do Recife Hipotecando o futuro O ano de 2017 mostra um Sport Recife apostando alto nas contratações, mesmo sem dinheiro suficiente. Investiu bem mais que sua capacidade, mas de forma financiada. Ou seja, a conta virá nos próximos anos, ou já neste ano, dependendo do prazo. Não é exatamente a melhor estratégia financeira, pois coloca o futuro em risco, especialmente em dívidas com clubes, pois a FIFA atuará contra atrasos. Não há detalhes sobre a estratégia pensada para o fluxo de caixa dos próximos anos. Uma alternativa é a venda de atletas, e se for por este caminho, mais um clube que vive deste tipo de receita.
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Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
Sport Clube do Recife
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Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
Balanço auditado por BDO COM RESSALVAS | Imobilizado
Club de Regatas Vasco da Gama
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Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
Evolução das Receitas
Composição das Receitas
Clube de Regatas Vasco da Gama
Revisamos os dados de 2016 à luz das informações prestadas pelo clube em 2017, excluindo valores recebidos como luvas de renovação de Direitos de TV das receitas. Com esta visão, são dois anos seguidos de desempenho muito fraco em termos de geração de caixa recorrente.
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2017 Receitas R$ 176 MM Geração de Caixa R$ 13 MM Custo do Futebol R$ 103 MM
Receitas em termos reais oscilam muito no tempo, e contribui para isso as idas-e-vindas da Série B. Outro aspecto a ser apontado é a ausência de venda de atletas entre 2014 e 2016.
Custos do Futebol
Geração de Caixa (EBITDA)
Crescimento de receitas da ordem de 26%, com destaque para a venda de atletas. Demais receitas permaneceram estáveis.
Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
Custos diretos do futebol se mantiveram estáveis e queda em relação às receitas recorrentes. Ajuste feito dentro do possível.
Clube de Regatas Vasco da Gama Fluxo de Caixa
Investimentos
Investimentos baixíssimos nos dois últimos anos, reflexo da situação econômico-financeira desconfortável.
Dívidas
O fluxo de caixa é muito difícil de ser fechado. Primeiro pela qualidade ruim das informações, inúmeros ajustes, reclasificações, ressalvas. O que temos aqui é uma ideia do que foi o fluxo de caixa real do clube em 206 e 2017. Houve um aumento das contas de giro (NCG), especialmente IRRF e INSS a Recolher. Isto ajudou a fechar as contas do ano, em conjunto com aumento de R$ 24 milhões em dívidas bancárias.
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O fato é que o clube encerrou 2017 numa situação bem difícil, Análisedesconfortável. Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
Dívida total cresceu, impulsionada pelo aumento das dívidas bancárias e operacionais. Pra essas houve crescimento de despesas provisionadas, que pode indicar dificuldades na gestão trabalhista. Dos Impostos pagou efetivamente R$ 38 milhões.
Clube de Regatas Vasco da Gama Evolução dos Custos Operacionais
Índice de Eficiência
Os gastos gerais do futebol ficaram abaixo de 2016, com a redução dos custos diretos. Com relação ao Índice de Eficiência vemos 2017 acima dos últimos anos com relação aos custos por pontos conquistados, mas desempenho esportivo razoável.
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Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
Clube de Regatas Vasco da Gama
Nau à deriva A situação do Vasco da Gama é realmente complicada. Receitas que não crescem, custos elevados para seu perfil de receitas, números bastante difíceis de serem entendidos. Preciso de financiamentos operacionais nas linhas trabalhistas (IRFF e INSS) para ajudar a fechar as contas de 2017, bem como tomar dinheiro em bancos. Tão ruim como fechar 2017 em dificuldades é perceber que é preciso um grande esforço para tirar o clube da situação. Se em 2017, mesmo com venda de atletas o clube precisou de bancos e financiamentos operacionais para honrar seus compromissos com os alongamentos de impostos, para os próximos anos há uma série de dificuldades adicionais, como adiantamento de receitas de TV já comprometendo receitas futuras, a própria mudança no modelo de divisão das cotas de Direitos de TV, que vai pressionar ainda mais o fluxo de caixa, aumento nos valores a pagar de Impostos alongados, dívida bancária maior. Qual a solução? A mesma de sempre: vender atletas, cortas custos. A primeira todos fazem, mas a segunda é sempre um caminho difícil. Haverá como ancorar esta nau?
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Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
Clube de Regatas Vasco da Gama
A auditoria encontrou tantos problemas nas informações prestadas pelo clube que se absteve de dar parecer. Isto é uma forte indicação do tamanho do problema que o clube enfrenta.
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Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
Balanço auditado por BDO AUDITORIA SE ABSTEVE DE DAR PARECER
Esporte Clube Vitória
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Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
Evolução das Receitas
Composição das Receitas
Esporte Clube Vitória
2017 Receitas R$ 87 MM Geração de Caixa R$ (5) MM Custo do Futebol R$ 57 MM
Se a Série B ajudou a melhorar o desempenho, a volta à Série A apresentou 2 anos sem geração de caixa. Em 2017 a geração de caixa (EBITDA) recorrente foi substancialmente pior que a observada em 2016.
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Receitas oscilaram muito em termos reais, e a queda para a Série B em 2015 foi o pior momento. Retorno à Série A trouxe aumento, mas ainda há dependência da venda de atletas.
Custos do Futebol
Geração de Caixa (EBITDA)
Receitas cresceram 21% em 2017, com destaque para a venda de atletas. Publicidade sofreu redução, compensada pela Bilheteria.
Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
O clube apresentou crescimento nos custos diretos com o futebol, atingindo índice de 86% das receitas recorrentes, números muito elevado, o que força a necessidade da venda de atletas.
Esporte Clube Vitória Fluxo de Caixa
Investimentos
Investimentos em linha com os observados em 2016, sem destaques.
Dívidas
Fluxo de caixa muito justo do Vitória. Começa com geração de caixa negativa, que ainda teve consumo de adiantamentos de TV (R$ 13 milhões) e investimentos que foram suportados por financiamentos das aquisições (R$ 23 milhões). Depois pagou R$ 21 milhões em Impostos.
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Ao final, usou o caixa formado pelas luvas recebidas em 2016 para ajustar seu fluxo em 2017. Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
Dívidas cresceram substancialmente em 2017 porque o clube reconheceu dívidas fiscais de anos anteriores. Além disso, aumentou as Operacionais por conta de valores a pagar a clubes.
Esporte Clube Vitória Evolução dos Custos Operacionais
Índice de Eficiência
Os gastos gerais aumentaram em 2017 impulsionados pelo aumento nos custos diretos. O Índice de Eficiência ficou praticamente igual ao de 2016, com desempenho esportivo semelhante.
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Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
Esporte Clube Vitória
Voltando enfim ao início Quando se anda em círculos temos a sensação de passar sempre pelo mesmo lugar. Não é apenas sensação, é fato. O Vitória de 2017 lembra bem esta situação. Parecia estar se ajustando, mas surgiram dívidas fiscais do passado que acabaram consumindo a folga de caixa do clube. Agora precisa trabalhar com mais segurança e parcimônia para garantir a estabilidade financeira. Controle, austeridade, investimentos possíveis. Ao menos espera-se que os problemas estejam todos mapeados. É o primeiro passo para estruturar um planejamento.
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Esporte Clube Vitória
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Balanço auditado por Convicta Auditores
Avaliação de Desempenho | Gráfico de Eficiência Futebolística 211
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Conceito | Visão geral Como medir a eficiência de uma equipe O que é eficiência no Futebol? Muito provavelmente dirão os Torcedores e Analistas que são os Títulos! De certo modo, é verdade, afinal o “lucro” de um clube deveria ser o título conquistado. Mas a que preço chega esse título? Quanto vale o desempenho de um clube Campeão? Será possível chegar a conquistas gastando pouco? Buscando respostas a essas e outras perguntas criamos um Índice de Eficiência do Futebol, que consiste em fazer um cruzamento entre Desempenho Esportivo, tratado em duas dimensões, i) total de pontos obtidos no ano e ii) pontuação por colocação nos campeonatos disputados e desempenho financeiro, tratado a partir dos Gastos Gerais, que como mostramos anteriormente, é a soma entre Custos, Investimentos e Despesas Financeiras. Isso tudo é plotado num gráfico e dependendo da posição do clube nesse gráfico chegamos ´visualmente ao Índice de Eficiência. A seguir um pouco sobre as 3 dimensões.
Gastos Gerais É a soma conforme citamos acima. Ela indica quanto o clube investiu no Futebol, seja via Salários, despesas que sustentam o negócio, Investimentos em Atletas Profissionais e da Base – ou seja, reforço da mão-de-obra – e quanto pagou de Custos Financeiros, que na prática representa o preço do dinheiro tomado para cobrir buracos de caixa originados pela atividade, seja por conta de Dívidas, seja por Adiantamentos.
Relação com os Pontos Dividimos então o valor dos Gastos Gerais pelo total de pontos obtidos pelo clube ao longo de todo o ano, em todos os campeonatos oficiais. Com isto chegamos ao Custo de cada ponto, que de maneira geral nos grandes clubes chega a valer Milhões de Reais. Mas ele sozinho não diz nada, pois um clube pode ter conquistado um bom volume de pontos mas não ter conquistado Títulos.
As Conquistas Daí cruzamos o Custo por Ponto com outra pontuação, a das Conquistas. Atribuímos pontuações para conquistas e decepções, na seguinte proporção: Títulos Estaduais ...................:.....10 pts Copa Sulamericana:.................... 10 pts Classificação para Libertadores:. 10 pts Títulos da Copa do Brasil:........... 15 pts Brasileiro: ....................................25 pts Libertadores: ...............................30 pts Mundial: .......................................50 pts Subir para Série A:....................... 5 pts Cair para Série B: .....................- 15 pts
O resultado veremos a seguir, com o cruzamento plotado num gráfico e a classificação de cada clube.
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Os Grupos | Como definimos cada posição no gráfico Os grupos levam em consideração a pontuação total das conquistas, ou seja, se um clube venceu o Estadual e fez 5 pontos, mas foi rebaixado na Série A e perdeu 15 pontos, então no ano seu resultado foi menos 10 pontos. Um título é importante, mas vemos que a permanência na Série A traz mais retorno financeiro no longo prazo.
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Eficientes
Eficazes
São os que conseguiram mais Conquistas gastando menos por ponto. Eficiência é conseguir resultados ao menor custo.
São os que conseguiram mais Conquistas gastando mais por ponto. O resultado veio, mas a um custo excessivo.
Deixaram a Desejar
Não deu
Estes também permaneceram em suas Séries, mas gastando muito mais. Ou seja, o gasto foi improdutivo.
Gastaram pouco, era o possível, e o resultado não só não veio como o clube ainda foi Rebaixado de Série.
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Bom Trabalho
Gastaram relativamente pouco e apesar de não conquistarem nada, permaneceram nas suas Séries.
Perdulários
Gastaram muito e o resultado ao final da temporada foi negativo. Pode até ter conquistado um título menor, mas o rebaixamento de Série pôs tudo a perder.
Custo por Ponto Conquistado | R$ milhões / ponto
O Gráfico
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Pontuação de Conquistas
Eficazes
Bom Trabalho
Não Deu
Eficientes
Deixou a Desejar
Perdulários
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O Gráfico O aumento da quantidade de clubes classificados para a Libertadores alterou a quantidade de clubes que chamamos de Eficazes. Se no ano passado havia 7 clubes, em 2017 passaram a 9, conforme as bolinhas azuis ao lado.
Custo por Ponto Conquistado
Os destaques positivos desta lista são o Grêmio e o Corinthians, vencedores com Custo por Ponto perto de R$ 2,3 milhões. Não é possível falar em destaque negativo, mas dos clubes Eficazes é inegável apontar o Palmeiras como uma certa decepção esportiva, uma vez que gastou R$ 4,74 milhões por ponto de Conquistas resume-se a ganho Pontuação e seu desempenho classificar para a Libertadores. O desempenho do Flamengo também foi apenas razoável, porque se classificou para a Libertadores e foi campeão estadual gastando R$ 3,47 milhões por ponto. Ainda assim é importante lembrar que o clube chegou a outras duas finais, que poderiam ter transformado esta pontuação. Ficou no quase.
O Internacional só está nesta lista porque retornou à Séria A. Gastou bem mais que os outros clubes que obtiveram o mesmo desempenho, o que mostra que nem sempre estar neste bloco do índice é sinal de sucesso.
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Eficazes
Bom Trabalho
Não Deu
Eficientes
Deixou a Desejar
Perdulários
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Custo por Ponto Conquistado
O Gráfico
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Comparamos os 3 últimos campeões brasileiros e vemos que o desempenho esportivo do Corinthians em 2017 foi melhor que o do próprio clube em 2015 e do Palmeiras em 2016, mas gastando um pouco mais que o valor de 2015 e do rival em 2016. Ainda assim, mostra que é possível ser campeão gastando relativamente pouco.
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Pontuação de Conquistas
O Gráfico O maior destaque entre os Eficientes é a Chapecoense, que se classificou para a Libertadores e foi campeã estadual. Gastou como o Goiás e menos que Vitória e Sport, num ano em que se reconstruiu, e foi mais vitoriosa.
Custo por Ponto Conquistado
Destaque também para o Paraná Clube, que retornou à Série A com gasto baixíssimo, o menor entre os clubes da amostra, e praticamente 10 vezes menos que o Internacional, para o mesmo desempenho.
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A característica desse bloco é justamente conseguir conquistas possíveis com poucos recursos, e naturalmente campeões estaduais e classificados para a Libertadores se destacam. Pontuação de Conquistas
Eficazes
Bom Trabalho
Não Deu
Eficientes
Deixou a Desejar
Perdulários
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O Gráfico
Custo por Ponto Conquistado
Dos clubes que Deixaram a Desejar, o maior destaque negativo é o São Paulo, que pelo segundo ano consecutivo tem gastos elevadíssimos e nenhum desempenho esportivo positivo.
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Para o mesmo desempenho esportivo o Fluminense e o Botafogo gastaram menos que a metade do clube Pontuação de Conquistas paulista, o que mostra que efetivamente há algum equívoco na gestão esportiva do São Paulo.
Quem fez um Bom Trabalho foram novamente os clubes regionais, cujo maior objetivo é se manter na Série A e vencer, e se possível vencer o estadual. O Atlético Paranaense abdicou do torneio estadual, enquanto para o Bahia a disputa local é binária, contra o Vitória. Para Criciúma e Figueirense as histórias são parecidas mas distintas ao mesmo tempo. Ambos disputam um campeonato estadual duro, que ainda tem Chapecoense e Avaí, o que dificulta o título. E em 2017 ambos disputaram a Série B. mas para o Criciúma à divisão mais importante do país é menos comum que para o Figueira, que além de não voltar ainda fez um campeonato bem abaixo de seus desempenho usual, o que o coloca como a decepção deste grupo.
Eficazes
Bom Trabalho
Não Deu
Eficientes
Deixou a Desejar
Perdulários
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Custo por Ponto Conquistado
O Gráfico
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Em 2017 não tivemos clubes grandes rebaixados, apenas regionais. Além dos 3 da amostra ainda tivemos o Atlético Goianiense, que não entra no estudo pela má qualidade de seus dados financeiros. Pontuação de Conquistas
Entre os três o destaque negativo é o Coritiba, que gastou o maior valor por ponto
Eficazes
Bom Trabalho
Não Deu
Eficientes
Deixou a Desejar
Perdulários
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Análise do Índice de Eficiência Financeira
Comparamos os Gastos por Ponto em 2016 e 2017. Note que a maior parte dos Clubes gastou mais por ponto conquistado, com exceção de Cruzeiro, Fluminense, Avaí e Criciúma. Destaque: os 4 maiores custo por pontos de 2017 aumentaram demais os valores em relação a 2016, sendo que apenas o Flamengo alcançou um título. Outro que aumentou seu custo consideravelmente foi o Botafogo, para jogar a Libertadores.
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Avaliação de Desempenho | Histórico do Campeonato Brasileiro 221
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O que faz um Campeão? “Existe algum comportamento do ponto-de-vista de gestão e finanças que indique o caminho para algum clube ser campeão?”. Nos fizemos esta pergunta e buscamos correlacionar os dados econômico-financeiros dos 12 clubes considerados grandes para verificar se há realmente algo que seja um caminho para as conquistas. Analisamos o desempenho dos últimos 10 anos, ponderando por atingimento, de maneira que não é apenas o título que importa, mas também obter a chance de disputar a Libertadores do ano seguinte, por exemplo. Isto implica no aumento da possibilidade de conquistas e também de mais receitas. Também adicionamos o desempenho das principais ligas européis e traçamos alguns paralelos buscando respostas à pergunta inicial.
Vamos aos números.
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O Imprevisível Brasileirão
A primeira sensação ao olhar este gráfico é a de caos instalado. Não é possível avaliar de forma clara nenhum tendência. Os clubes oscilam de forma impressionante, o que geralmente transforma o Campeonato Brasileiro em competitivo, na visão da crítica especializada. Mas temos uma visão um pouco diferente. Na verdade o Campeonato Brasileiro é “imprevisível”, o que é diferente de “competitivo”. É bastante simplista e cômodo anunciar no começo de cada campeonato que temos o mais competitivo entre os campeonatos nacionais. Na prática, como os clubes mudam de elenco consideravelmente entre um ano e outro, ao longo do campeonato e como há aspectos de gestão que geram times fortes mesmo sem estrutura financeira compatível, a ideia de competitividade é só uma falta de possibilidade de avaliação da força individual de cada clube. No período analisado apenas em 2009 houve realmente uma disputa até as rodadas finais. Em todos os outros anos foi praxe que os poucos líderes do primeiro turno chegassem ao final do campeonato com chance de título e, com pouca variação, o campeonato terminasse com 3 ou 4 rodadas de antecedência. Competitivo? Não. Imprevisível.
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Desempenho no Campeonato Brasileiro Desempenho dos Paulistas Separamos por Estado para analisar os desempenhos de forma mais clara. Enquanto em São Paulo os 4 clubes tem desempenho errático, mas frequentando bastante a primeira metade da tabela, os clubes do Rio de Janeiro oscilam muito mais e ocupam com frequência a parte de baixo. Mineiros e Gaúchos também mostram muita consistência de desempenho, frequentemente na parte de cima.
Há destaques claros, como Santos crescendo a partir de 2010, o Corinthians desde que retornou da Série B, o Palmeiras retomando o melhor desempenho, Grêmio bem posicionado, o São Paulo em franca queda, o Vasco muito mal e o Flamengo se recuperando.
Desempenho dos Cariocas
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Desempenho de Mineiros e Gaúchos
Quem são os melhores? 5 Melhores Desempenhos Reduzimos a amostra para os 5 melhores desempenhos históricos, a partir de uma média de desempenho, formado a partir da colocação em cada competição. O destaque é o Grêmio, que mesmo sem vencer consegue obter boas colocações, seguido de Corinthians, Cruzeiro, São Paulo e Atlético Mineiro. Mesmo considerando os 5 melhores ainda assim temos uma enorme oscilação, e de 10 campeonatos esses clubes venceram apenas metade das vezes.
Desempenho Geral
No gráfico de baixo correlacionamos a colocação final com a ponderação por desempenho. Isto significa que demos pesos diferentes para a colocação (menos pontos significam melhor desempenho), de forma que ser vice-campeão ou quarto colocado é a mesma coisa, porque classificada da mesma forma para a Libertadores, mas em termos de colocação, ser vice é melhor que ser quarto. A partir dessa consideração plotamos as intersecções no gráfico e chegamos a 4 quadrantes, sendo que o número 1 é o de melhor desempenho e o 4 o de pior. Assim, vemos claramente a diferença de desempenho entre os clubes, de maneira que os mais abaixo conseguiram melhor desempenho e os mais à esquerda melhores colocações.
Corinthians e Grêmio tiveram o melhor desempenho enquanto o Vasco está do lado oposto, com os pior desempenho comparativo.
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Comparando com os Europeus
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Brasil
Itália
Inglaterra
Alemanha
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Comparando com os Europeus Brasil
Espanha
França
Avaliação Geral Os campeonatos europeus tem desempenho muito estável entre os melhores clubes. As exceções são a França e a Alemanha, mas que mantém uma constância em seus campeões. Olhando os nomes e comparando com o ranking de receitas fica claro que os melhores desempenho são também os clubes de maiores receitas. Na Alemanha e na França, onde as diferenças financeiras são menores, exceto em relação a um time de cada país, claramente mais ricos que os demais, observa-se maior equilíbrio. Mais receitas, mais gastos. Uma chave clara do sucesso.
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Correlações entre Títulos e Finanças
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Correlações: Finanças explicam os Títulos?
Então as receitas explicam tudo? Talvez expliquem em locais onde a gestão é muito parecida na média dos clubes. Pode até haver diferença entre o que a Juventus e o Napoli fazem na Itália, ou entre o que o Bayern e Schalke 04 fazem na Alemanha, mas conceitualmente todos caminham pelo mesmo trilho. O que os difere efetivamente é a quantidade de dinheiro disponível. No Brasil onde as gestões não são comparáveis e os modelos mostram enormes dificuldades, seja fora de campo ou dentro dele, ter mais dinheiro não garante sucesso. Primeiro porque este dinheiro a maior pode ter vindo de um desmanche de elenco. Depois, as montagens de elenco ainda são feitas de forma desequilibrada, sem pensar o todo e trabalhando mais nomes que desempenho. Ainda tem a dificuldade em encontrar treinador e elenco que se encaixem. E por fim, mas certamente o mais importante, não existe o conceito de “cultura esportiva”, que deveria nortear as escolhas e decisões técnicas. Com isso, dinheiro na mão não garante sucesso. Mas fomos comparar alguns dados econômico-financeiros com o desempenho esportivo e buscar alguma correlação. Vamos aos números.
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Custos & Despesas
Em R$ milhões
Comparamos Custos e Despesas totais com o clube campeão de cada ano. O resultado foi que em apenas 3 anos o de maior custo conseguiu o título. Lembrando que no caso do Fluminense a maior parte dos custos estava fora do balanço, na conta da então patrocinadora, o que dificulta a análise dos anos em que foi campeão. Ainda que fosse o maior custo daqueles anos, isto aumentaria para 5 o número de anos com match. Mas em 2014 o Cruzeiro chegou perto de ter o maior gasto gastou 89% do valor do campeão). Ou seja, ficou perto e teve conquistas. Ampliando um pouco o range e indo além do maior, dá para dizer que ter custos e despesas elevadas é um caminho para as conquistas. E, veja, não significa ter receita compatível com os custos, isto é outro tema.
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Investimento em Atletas
Em R$ milhões
Comparamos Investimentos em formação de elenco profissional com o clube campeão de cada ano. O resultado foi que em apenas 2 anos o de maior investimento conseguiu o título. Lembrando que no caso do Fluminense a maior parte dos investimentos estava fora do balanço, na conta da então patrocinadora. Ainda que fosse o maior investimento daqueles anos isto aumentaria para 4 o número de anos com match. Logo, não é preponderante gastar mais, pois os demais campeões não tiveram investimentos tão relevantes. Entretanto, outros 3 campeões (incluindo um ano do Fluminense) gastaram mais que a mediana da amostra, o que indica que geralmente há um investimento mínimo para reforçar elenco que contribui para as conquistas.
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Receita Total
Em R$ milhões
Comparamos Receitas totais com o clube campeão de cada ano. O resultado foi que em apenas 2 anos o de maior receita conseguiu o título. Neste caso o Fluminense não interfere na conta, de forma que claramente mais dinheiro não traz felicidade, porque talvez seja mal gasto. Entretanto, por outros 3 anos o campeão teve receitas acima da mediana da amostra, sendo que em dois deles representou pelo menos 10% do total das receitas da mesma amostra. Ou seja, estar acima da mediana éum bom caminho.
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Receita Recorrente
Em R$ milhões
Comparamos Receita Recorrente com o clube campeão de cada ano. O resultado foi que novamente em apenas 2 anos o de maior receita conseguiu o título. Em outros 3 anos os campeões tiveram receitas recorrentes pouco acima da mediana, mas nada muito destacado. O fato é que a receita cotidiana não garante sucesso esportivo.
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Geração de Caixa (EBITDA) Recorrente
Em R$ milhões
No caso da geração de caixa (EBITDA) não há qualquer relação entre vencer e ter boa geração. Pelo contrário, uma vez que em 7 dos 10 anos os clubes não chegaram nem a gerar caixa, o que mostra que acabam gastando mais do que arrecadam e geralmente dependem de vender atletas para fechar as contas. Ao mesmo tempo, nos dois últimos anos o campeão gerou caixa, o que pode ser uma bem vinda mudança de postura.
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Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
E então... ...a conclusão que se chega é justamente a de que no Brasil as finanças não explicam necessariamente o resultado, ao menos quando analisamos o melhor em cada critério. Ao mesmo tempo, há indícios de que alguns comportamentos dão mais oportunidade de conquista. Especialmente os relacionados aos gastos, que na amostra estão representados por Custos & Despesas e Investimentos em elenco profissional. Fazer mais que o comum, representado pela mediana, é quase uma necessidade. Ou seja, pagar salários mais elevados e gastar mais montando times pode ser um caminho. O problema é que estes gastos nem sempre estão relacionados com a capacidade desses clubes de fazê-los. Ou seja, gasta-se sem receita equivalente. Quando analisamos as receitas e especialmente a geração de caixa (EBITDA) recorrente vemos que quem mais gasta e vence nem sempre tem receita para isso ou tem equilíbrio financeiro. Mas há um caminho, pois os últimos campeões já conseguem gerar caixa de forma recorrente. Enfim, estas relações mostram e justificam a ideia de que o campeonato brasileiro é apenas imprevisível e não necessariamente equilibrado.
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Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
Atualização Os números de 2017 explicam desempenho de 2018 até agora?
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O ano foi passando
Já estamos em Setembro, os campeonatos já evoluíram bastante e estão chegando às suas retas finais. Será que o desempenho esportivo de 2018 está de alguma forma relacionado ao desempenho financeiro de 2017? Afinal, a forma como o clube termina um ano deveria indicar sua capacidade de montar um bom elenco, reforçar o time ou ter que vender atletas desesperadamente. Muitos deveriam iniciar corte de custos, outros poderiam se aproveitar das boas receitas. Mas é fato que nem sempre a capacidade financeira se reverte em conquistas esportivas. Como já foi dito anteriormente, o futebol brasileiro é imprevisível, impaciente e isto o torna dinâmico, por linhas tortas.
Vamos fazer um apanhado dos desempenhos dos clubes brasileiros observados até agora e verificar se há relação entre equilíbrio financeiro, boas receitas e vitórias.
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Posição ao final de Agosto/18
Considerando o que foi apresentado nas análises, podemos admitir que existem 3 clubes equilibrados no Brasil: Flamengo, Grêmio e Palmeiras, considerando o que chamamos de “times nacionais”, dado que há times regionais bem organizados e equilibrados, como Chapecoense e Sport. Depois temos um segundo grupo, formado por clubes que não estão longo do equilíbrio, listados em amarelo e aqui representados por Bahia, Santos e São Paulo. Na sequência, entre os campeões e bem classificados temos os clubes em dificuldade iminente e com desequilibrados, anotados em laranja. Ao final, os clubes assinalados em vermelho e que se encontram em grande dificuldade e levarão mais tempo para se organizarem.
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Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
Posição ao final de Agosto/18
O mapa de cores mostra algumas situações bastante claras. Os Estaduais, torneios de tiro mais curto e ainda em início de temporada, são dominados por clubes em situação mais difícil. Na lista em análise apenas o Grêmio foi campeão. No campeonato mais longo, onde planejamento e equilíbrio financeiro fazem alguma diferença, dos 6 primeiros colocados ao final do 1º turno, os 3 equilibrados estavam entre eles, e o líder era um clube próximo ao equilíbrio. Curiosamente, e refletindo a ideia de que o futebol brasileiro é imprevisível, um clube em dificuldades era o vice-líder, mostrando que alguma organização e sorte na montagem do elenco acabam dando resultado. Enquanto isso, nos torneios eliminatórios, vemos os clubes equilibrados avançando. E temos que considerar que na Copa do Brasil Flamengo e Grêmio se enfrentaram, nas quartas-de-final, de forma que o sorteio direcionou que um dos 3 equilibrados ficassem de fora da semifinal. Na Libertadores...
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Análise de longo prazo: 2012-2018
Para analisar os efeitos da melhoria na gestão tomamos os período a partir de 2012, ano em que houve a mudança mais significativa em termos de receitas dos clubes, com o aumento no contrato de direitos de TV. Entre 2012 e 2017 utilizamos a posição final do Campeonato Brasileiro, e para 2018 a posição de final de 1º turno do mesmo campeonato. Pois bem, tomando como base o fato de que Flamengo, Grêmio e Palmeiras são os clubes com melhor desempenho financeiro entre os chamados “grandes”, veja a evolução desses times no tempo.
No Grêmio o clube contratou seu primeiro CEO de mercado em Janeiro de 2015, trabalhou bem no ano, escorregou em 2016 e agora em 2017 e 2018, já consolidado, apresenta bons resultados, sem contar as conquistas em outros torneiros. No Palmeiras o resultado da gestão Paulo Nobre observa-se a partir de 2015. Em 2014 o clube retorna da Série B, quase [e rebaixado novamente, e a partir de 2016 passa a fazer parte do topo da tabela de forma consistente. O Flamengo iniciou suas reestruturação em 2013, e penou na parte de baixo da tabela até 2015. Em 2016, já saneado, o clube passa a frequentar a parte mais alta da tabela. Não é à toa que os 3 clubes estão entre os 6 melhores de 2017 e 2018, colocação que os classifica para a Libertadores. Mantendo este comportamento, naturalmente chegarão ao título mais vezes.
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O equilíbrio financeiro vai se mostrando eficiente
Curioso observar que os clubes que conquistam Estaduais são, em sua maioria, equipes desequilibradas ou mesmo em dificuldades. Podem haver inúmeras explicações e justificativas, como por exemplo o fato de saberem que este é o único campeonato onde realmente podem competir em pé-de-igualdade, pois está no início da temporada e os clubes mais organizados estão se estruturando para as competições mais longas. Eles também conseguem avançar nos campeonatos eliminatórios, e para isso ainda contam com a sorte no encadeamento das chaves. Mas vai ficando claro que equilíbrio financeiro leva os clubes mais longe nos campeonatos mais longos e nos mais importantes. Podem até não vencê-los, mas estão mais preparados para irem mais longe. E quanto mais tempo mantiverem este equilíbrio enquanto os adversários patinam, mais se destacarão. Não podemos deixar de salientar a evolução impressionante de Palmeiras e Flamengo ao longo do tempo, e a consolidação do Grêmio como força do futebol. Antes apenas esportivamente, mas que agora se torna forte e estruturado fora de campo.
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Futebol no Brasil x Futebol na Europa 242
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Brasil x Europa | Relação Receita x PIB de cada País A real distância entre nós O objetivo é fazer uma comparação que fuja do erro comum que é comparar Receitas em Reais convertidas em Euros com Receitas originadas em Euros. Naturalmente que a capacidade de geração de Receitas dos Clubes Europeus será sempre maior que a dos Brasileiros, pois as Economias são mais fortes e há uma questão cambial que distorce a relação. Ao utilizarmos a comparação entre Receita e PIB do País, que é onde os clubes geram a maior parte de suas receitas, com contratos de TV e Bilheteria, passamos a encontrar a relevância do Clube na Economia do País. Desta forma podemos verificar quem consegue de fato extrair mais Receitas de sua Economia-Mãe. A conta é bastante simples: dividimos a Receita da temporada pelo PIB médio dos anos em que questão. Por exemplo, para a Temporada 2015/2016 utilizamos a Receitas dividida pelo PIB Médio entre 2015 e 2016. Como mencionado, isto dá uma dimensão sobre a relevância dessa Receita em relação ao que o País produziu no mesmo período. Real Madrid e Barcelona mostram quão fortes são, visto que suas receitas frente ao PIB Espanhol são substancialmente maiores que a dos pares Europeus. Neste ano, o destaque será o Benfica, pois teve uma receita importante realizada num País cujo PIB é substancialmente inferior aos demais, que é Portugal. Ao mesmo tempo, os Clubes Brasileiros se colocam em posições razoáveis dentro do cenário Mundial. Obviamente que jamais competiremos com esses clubes na busca por algum atleta, mas podemos ver que alguns clubes atingem níveis mundiais de Receitas.
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Distância aumentou 2016/2017 | Receita Nominal
* No casos dos Brasileiros utilizamos as Receitas de Dezembro/17
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2016/2017 | Ranking por % PIB Local
Dificilmente atingiremos patamares mais elevados
A competição entre Brasileiros e Europeus é muito difícil, em função da moeda, do poder de compra do torcedor e do volume de dinheiro que gira nos mercados. Fizemos o seguinte exercício: considerando a relação Receita/PIB dos clubes Europeus e aplicando-as ao PIB Brasileiro de 2017 (R$ 6,6 Tri), qual seria a Receita que o clube Brasileiro teria no ano? Qual o tamanho do crescimento em relação à receita do Flamengo, maior do País em 2017? Veja que para atingir 10ª relação Receita/PIB, que pertenceu ao Bayern Munich, de 0,0184%, a maior Receita do Brasil deveria ser de R$ 1,2 bilhão, ou duas vezes maior que a auferida pelo Flamengo em 2017. Isto é bastante difícil, e esta dificuldade ajuda a explicar o porquê da distância entre o Futebol Europeu e o Brasileiro. Por mais esforços aplicados para aumento das Receitas do clubes Brasileiros, um crescimento dessa magnitude leva tanto tempo para ocorrer que o torna improvável, ao menos a curto e médio prazos.
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Comportamento das Receitas por Origem Comparativo por Origem de Receita | 2016
Comparamos as Receitas Brasileiras com as dos 20 maiores Europeus, por origem. A primeira diferença foi notar que os Europeus não consideram Venda de Atletas no Operacional, então para os Brasileiros criamos uma quarta categoria, para abarcar esta origem. Os gigantes apresentam maior equilíbrio entre Receitas Comerciais e de TV, mas na comparação com outros clubes do mesmo País. Veja o Bayern, Barcelona e Real Madrid. De certa forma, os Alemães são assim, uma vez que as Receitas com TV são distribuídas de maneira mais equilibrada. Agora, Barcelona e Real Madrid são mais equilibrados por conta da TV ou a TV retribuiu a maior exposição? Na Inglaterra, quanto menor o clube, mais dependente da TV, enquanto fica claro que o PSG é um clube de dono, que aporta recursos via Receitas Comerciais. No Brasil, a venda de Atletas é um componente importante, mas diferentemente dos Europeus, que trabalham com Receitas mais estáveis, os Brasileiros ficam à mercê da demanda dos co-irmãos do Velho Mundo.
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Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
Conclusões
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Conclusão | A parte que falta
Ao longo deste relatório vimos que o futebol brasileiro se mexe para não sair do lugar. Aumenta as receitas aqui, usa os recursos para pagar umas contas ali. No total parece melhorar, mas olhando com lupa vemos que alguns poucos se movimentaram na direção certa. Enquanto isso os clubes europeus ocupam mais espaço no imaginário dos torcedores, a qualidade do nosso jogo não se desenvolve, e sem uma evolução clara, vivemos no acaso, e a ilusão de que este acaso se traduz em competitividade. “Todos podem ser campeões”. Mas esta é uma falácia, porque o acaso, a imprevisibilidade é fruto da falta e não do que sobra. Falta gestão, visão corporativa, controle e planejamento. Os clubes precisam se fortalecer para poder manter em casa times mais fortes, que possam melhorar a qualidade do jogo. E assim trazer mais receitas, e isto significar real competitividade.
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Escalação
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Elenco Treinador Cesar Grafietti Comissão Técnica Pasquale Di Caterina Isabela Alves Jafet Augusto Ribeiro Melcher
Ederson Pinho Biagio Matheus Viana Coelho Amaral Leandro Antunes Leonardo Sari Froner
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Referências
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Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
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Referências Balanços e dados econômico-financeiros dos Clubes Brasileiros foram obtidos através da imprensa e dos sites oficiais dos clubes e Federações locais de Futebol. Dados Econômicos dos Países foram obtidos junto ao site do Banco Mundial e FMI. Dados dos Clubes Europeus foram obtidos junto aos estudos Football Money League, produzido pela Deloitte. Dados econômico-financeiros dos clubes da Argentina, Colômbia, Chile e México foram obtidos através da imprensa, dos sites oficiais dos clubes e da SVS Chilena. Dados da UEFA Champion’s League foram obtidos através de report preparado pela UEFA e disponibilizado em seu site. Dados da Libertadores da America foram obtidos através da imprensa.
Informações sobre Contratos de Televisionamento foram obtidas junto à imprensa, através de diversas matérias e fontes.
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Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018