A revolta de Samantha Excepcionalmente, Sam era a rainha da noite. Em geral, seu pai lhe fazia críticas, nunca elogios. Esta noite era seu aniversário e seus amigos haviam lhe trazido, além dos inúmeros presentes, um imenso bolo de aniversário. Todos os olhares se dirigiam a ela no momento em que ela enchia os pulmões para assoprar as velas. Era um momento muito importante para ela. – Assim não! – lhe disse seu pai – desse jeito você nunca vai conseguir. Sam, interrompida em seu impulso, erra o sopro não consegue apagar mais do que algumas poucas velas. – Ooohh! – fazem os convidados em coro. Acendem novamente as velas que se apagaram e Sam se posiciona de forma a poder, desta vez, assoprá-las todas com facilidade. – Agora, veja se pelo menos desta vez você não erra de novo! – diz seu pai. Sam dá uma olhada para seu pai e percebe que ele estava bem mais nervoso que ela. Que necessidade tinha ele de fazer crer a todos que ela era incapaz de apagar as velas, coisa que qualquer rato podia fazer? Primeiro ela teve vontade de mostrar a todo mundo que ela podia assoprar as velas melhor que qualquer um e encheu os pulmões de ar como nunca antes havia feito. Mas vendo seu pai nervoso daquele jeito ela decide errar mais uma vez assopra de lado. in SOLOTAREFF, Grégoire, Contes d'automne, Paris: l'école des loisirs, 2000, p. 210 (tradução livre: Fabio Panico)