A o rig em do HOM EM M ODER N O H omo Sapiens
B enedito P eix oto e D eivid S ilva
1ª Edição
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Julho de 2008 Primeira Edição
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A o rig em do HOM EM M ODER N O H omo Sapiens
Julho de 2008
São Paulo - Brasil
ÍNDICE 1. A EVA GENÉTICA........................................................ 7 2. O COMBATE FINAL..................................................... 15 3. TRABALHO DURO....................................................... 19 4. A DESPEDIDA............................................................... 25 5. TURBULÊNCIA NO AVIÃO......................................... 29 6. DO INSTITUTO PARA KEY......................................... 31 7. FIM DA ESTRADA........................................................ 35 8. DIÁLOGO ENTRE MAG E ANA FLÁVIA................... 37 9. O POVOADO!................................................................. 41 10. SEM COMIDA E SEM ÁGUA..................................... 43 11. O POVO GALLEU.......................................................... E A TERRA DOS PÁSSAROS: 110000 AC...................... 45 12. OS HIGHLANDERS..................................................... 49 13. O PRIMEIRO ÊXODO DA FAMÍLIA DE EVA.......... 55 14. PORTÕES DO IÊMEN: 80000 AC............................... 57 15. MIL ANOS DE INVERNO: 74000 AC......................... 65 16. AUSTRÁLIA, SEGUNDO ÊXODO............................. 69 17. A JORNADA DO HERÓI DO LÍBANO......................... NO ORIENTE MÉDIO: 44000 AC..................................... 73 18. A JORNADA DE LIBANO........................................... 77 19. FRAN NA TRILHA......................................................... DOS BISÕES DESGARRADOS EUROPEUS.................. 81 20. A CONQUISTA DA AMÉRICA................................... 85 ○○○○○○○○○○○○○○○○○○○○○...........................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................
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A EVA GENÉTICA
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É empolgante o torneio de judô que se desenrola no ginásio de esportes da academia de artes marciais da cidade. O Ginásio Fênix encontra-se com suas arquibancadas completamente lotadas de torcedores empolgados. Cada um torcendo por sua equipe favorita, agitando suas bandeiras todos realmente muito animados neste dia, torcendo cada qual pelo seu lutador favorito, uns chorando outros gritando e o competidor lá dentro do tatame dando tudo de si para chegar a final da competição. Olhando da beirada da quadra, a torcida parece uma massa de gente num tumulto caótico de gritos superpostos, de faixas e cartazes com mensagens otimistas. Três academias trouxeram até a sua própria bandinha, cada uma tentando fortalecer seu competidor. No centro da quadra, os competidores vencedores, vão passando para as próximas fases. E já estamos nas disputas das quartas de final. O torneio vai se afunilando, agora só restaram os melhores atletas, o clima se torna mais tenso entre os treinadores, e os fisioterapeutas têm trabalho para amenizar a dor das contusões sofridas pelos seus atletas ao final de cada vitória, tentando colocá-los aptos para a próxima e mais difícil luta. O clima de dentro do ginásio está literalmente quente, denso, com cheiro de suor resultante das lutas. Uma verdadeira panela de pressão, cozinhando a sopa humana primordial, onde os primeiros que saem são os derrotados. No final somente irão restar os ganhadores e a nata primordial. 7
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Observando os competidores de longe, é que realmente se percebe, pela sua aparência que estão cansados. O suor escorre de suas cabeças e é secado pelo grosso quimono que vestem. Vê-se pela fisionomia deles, que procuram passar um ar de vitória, apesar das dores dos golpes recebidos até então. Pois eu duvido que não estejam sentindo nada. Isso ocorre nos intervalos entre uma luta e outra. Visto da arquibancada parece uma situação meio confusa, há muita gente em volta dos atletas. Os treinadores passam instruções técnicas para seus competidores e a massa agitada tenta amenizar as suas contusões. Os namorados tentam dar aquela força de que precisam. De suas equipes, dentre os que já perderam tentam incentivar levantando os braços e fazendo barulho, depois saem de cabeça baixa, outros não se deixam abater. As pessoas que passam com seus carros pelas ruas da academia, nem imaginam o caos que está imperando lá dentro. Os juizes atentos a cada golpe, o treinador gritando pedindo calma e atenção no que o adversário está tentando fazer, pedindo mais raça para seu competidor. E o tempo passando. Quando de repente surge uma lutadora incrível dando um Ypon. Comecei a olhar para ela e ela pulando gritando para seu treinador e todos em festa pela sua vitória quando a mesma consegue passar da semifinal para a final do Torneio Cobra Kai de Judô do Vale do Paraíba. Quando a lutadora sai do tatame e vai ao encontro do lutador toda feliz dizendo. – Consegui. Nunca achei que iria chegar tão longe. É a judoca Ana Flávia rodeada pela sua equipe, ela é de estatura mediana e sua pele é de tonalidade morena. As luzes do ginásio refletem na negritude de seus cabelos. Eles são lisos e compridos como os cabelos das atrizes nos filmes chineses de artes marciais. Seus cabelos eram presos como um rabo de cavalo. Seus olhos grandes e de cor castanho-es8
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curo refletiam uma beleza hipnotizante. Seu rosto cheio de gotas de suor escorrendo pelo quimono era meio ovalado. E o treinador lhe dava as últimas instruções para o próximo combate. Lutando pela categoria Amador o técnico começa a dar algumas informações da adversária a sua competidora. – A sua Adversária é muito forte, ela tem golpes rápidos. – Ela logo responde. Eu sei San-sei, sei que as minhas probabilidades são pequenas. – Não! você não pode pensar assim, treinamos tanto tempo para quê? Para você desistir tão fácil, nem pensar. Ta certo que a sua adversária é a Campeã do Brasileiro uma das melhores, mas você vai vencê-la. – Tudo bem. Mas o que faço agora? – Confie em você garota. Dizia ele. Fixe nos olhos dela e antecipe os seus movimentos. Ela não tem como vencê-la. – Vou conseguir. Dizia ela, fixando o olhar em sua adversária. – Você vai entrar com todas as suas forças como tem lutado até agora e vai vencer está entendido? – Sim, quero fazer de tudo para eu ganhar esta minha ultima luta como lutadora. Senhor. – Calma, e vai logo para o ataque, atacando-a sempre por baixo. Vai! Vai! Ta na hora. Com toda aquela pressão a lutadora entra no tatame faz o sinal da cruz, cumprimenta os juizes e a adversária e começa a luta final. Logo que começa, a adversária já apresenta um golpe na lutadora e sai na frente com um Vasary. Um a zero, logo ela se recupera e dá um golpe atirante na adversária. A luta fica um a um e a torcida em loucura. Faltando 30 segundos para acabar a luta o seu treinador já a beira da loucura pede a ela mais raça e mais velocidade no golpe e diz a ela também o número 3. Esse número representava um golpe, 9
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onde a lutadora colocou o pé direto entre as pernas da adversária e a jogou por cima de suas costas e ela caiu com as costas no chão e a lutadora aplicou mais um Ypon. Vencedora, todo o estádio em festa alucinante, sua mãe, seu pai e seu namorado ali, chorando pela sua vitória alegres pareciam junto com a torcida que iam explodir o estádio de tanta alegria. Nessa festa toda, nosso repórter conseguiu uma brecha para poder chegar até a campeã do torneio, a mesma já teria ganhado os prêmios então vamos escutar nossa campeã, sendo entrevistada pelo nosso repórter local. Vê-se que ela está sendo amparada, segundo nossas fontes, por Augusto e responde às questões. – Olá! Boa noite Ana Flávia. Disse-lhe o repórter. Sou Lewis Souza repórter do programa Esporte e Cia. Posso fazer algumas perguntas? – Claro, pode sim. – Como você avalia sua atuação no torneio? – Bem, uh... Ofegante. Boa noite Lewis e aos amigos que estão me vendo. Estou muito feliz por ter realizado uma boa atuação neste torneio. A final foi muito difícil, pois eu e a Juliana já nos conhecemos a um bom tempo. Sabia que ela é muito forte e agressiva. Consegui uma vantagem sobre ela ao antecipar alguns de seus movimentos decisivos, depois foi só manter a calma, e ela muito agressiva, acabou errando um de seus movimentos, então encaixou muito bem o meu ataque. – Com essa vitória radiante que você teve agora, o que irá fazer daqui por diante? – Vou comemorar aqui com meus amigos as vitórias que conquistamos. Respondeu ela, recobrando o fôlego. Pois amanhã será um dia muito corrido e difícil para mim. Depois, Sim! Vou para casa tomar um belo de um banho, descansar. 10
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– Será? E o que você irá fazer amanhã? Perguntou-lhe o repórter. – Amanhã será um dia de despedidas para mim. Aliás, hoje já está sendo um dia de despedidas. – Vou pra casa arrumar minhas malas, passar na Universidade para pegar alguns arquivos, após passar na agência de viagens pegar minhas passagens e também meu passaporte. – Puxa! Que vida corrida essa a sua Flavia! Mas mala, arquivos, passagens e passaportes, para quê? Vai competir em outro lugar? Perguntou-lhe ele. – Vou para a Europa. Mas não para competir em torneios de judô. Vou fazer parte de meu doutorado em rastreamento genético. – Desculpa, mas o que tem a ver ser Judoca com trabalho na Europa? – Não! é que essa foi minha última luta. Eu também faço parte de um grupo de pesquisadores de várias partes do mundo numa pesquisa sobre a origem do homem. – Origem do homem? Interessante. Respondeu o repórter. Você também é uma cientista? Por favor, conte-nos um pouco mais sobre seu trabalho na Europa. – Eu e minha equipe ficamos responsáveis de coletar o DNA mitocondrial de voluntários de um pequeno, mas antigo povoado. – E vocês vão coletar este material para qual finalidade? Perguntou-lhe. – O DNAm dos voluntários, juntamente com os de indivíduos dos vários continentes que já possuímos, permitirá a nós traçarmos melhor a grande árvore genealógica dos seus antepassados de 50000 a 80000 anos. Poderemos saber quem eram eles, por onde andaram até hoje, as aventuras épicas que tiveram que passar no decorrer do tempo, quais deles 11
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enfrentaram os períodos glaciais ou os climas desérticos. Se eles tiveram que atravessar mares, quais eles atravessaram e quando? Por quais continentes eles andaram? E em quais momentos da jornada humana eles se encontravam? – São questões como estas que tentaremos responder na Universidade para os voluntários e para todos os seus mais de seis bilhões de parentes, que estão espalhados pelos cinco continentes. – E a resposta para cada uma destas perguntas está no DNA mitocondrial, presente em quase todas as células. E ele nos revela que todos os atuais habitantes da Terra descendem de uma mesma mulher, a “Eva genética”, que teria vivido a cerca de cento e quarenta mil anos atrás no continente africano. – Desculpa-me mais uma vez, mas o que fez ter o interesse em pesquisar sobre tudo isto? – Vou contar mais ou menos e rapidinho para você. Eu cursei Geografia, e sempre tive o interesse em descobrir de onde nós humanos viemos, saindo um pouco de todas as teorias que conhecemos, assim resolvi fazer Doutorado e comecei a pesquisar ainda mais sobre o assunto e agreguei muitas informações para o trabalho. Então em contato com uma Universidade na Europa também descobri que existia uma pequena turma de pesquisadores que estavam trabalhando com o mesmo tipo de pesquisa que o meu. Mandei algumas informações a eles e acabei recebendo uma bolsa de estudos para fazer pós-graduação lá com eles. Então estou indo segundafeira para a Europa para começar a trabalhar. – Nossa não é à toa que eu disse logo no início da nossa conversa que você tem uma vida corrida em mulher. Eu neste momento gostaria de desejar boa sorte e dizer também que gostaria de ser o pioneiro quando você voltar para o Brasil em saber qual foi o direcionamento do trabalho. 12
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Claro deixarei com você meu e-mail e podemos manter contato direto de como está indo o trabalho. O repórter saindo então do ginásio, mais uma vez acaba se encontrando com Flávia, dá um adeus àquela menina ou quem sabe mulher fantástica com quem acabara de conversar e grita: – Olha não esqueça do nosso combinado. – Pode deixar Lewis, não esqueço de jeito algum, agora boa sorte para você também e espero poder receber vários e-mails seus também. Assim se despediram e foram cada um para suas casas. Depois de duas horas Flávia já estava em sua casa, ela começa então a fazer todos os seus preparativos. Livros para um lado, mala para outro, pede para seu Pai ir até a agência Net Viagens para pegar sua passagem e também seu passaporte. Ela vai para o outro lado da cidade até a Universidade terminar de gravar seus arquivos. Aliás, muito importante, para já na segunda de manhã estar com tudo pronto. Terminando tudo ainda no sábado Flávia tira o domingo para dar tchau aos amigos e se despedir da família. Ao começar a se despedir dos amigos logo chega em sua casa seu namorado, Rogério. Ela está com o coração apertado, começa a chorar e diz ao namorado: Rô, depois de dois anos de namoro eu não sabia que terminaria tudo assim, você sabendo do meu sonho e não me apoiando para fazer aquilo que mais quero. O namorado também já chorando diz a Flávia: – Meu bem, você sabe que não é bem assim e eu te amo muito. Só estarei dando a liberdade para você trabalhar em paz, não tendo que sempre ter que prestar conta comigo ou quem quer que seja. Desejo a você toda sorte do mundo e se for para ficarmos juntos quando você voltar, nós... Veremos como vamos ficar. 13
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Os dois se abraçam e um deseja muitas felicidades ao outro e Rogério sai da sala. Quando Flávia toda tristonha sai da sala e vai até a cozinha lá está uma grande festa que sua família lhe tinha preparado com tudo que ela gostava e todos parentes que ela amava. Assim foi o domingo de Flávia cheio de surpresas, até o final da tarde quando ela se volta para seu quarto para dormir e esperar amanhecer para poder partir. Às seis horas da manhã de segunda-feira, o relógio toca e ela está pronta para ir atrás de um sonho e mostrar para o mundo que através do rastreamento genético se observa claramente que todas as pessoas são descendentes de Eva...
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O COMBATE FINAL
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O casal Elizabete e Augusto sai de casa e se dirigem para o trabalho. – Bom dia minha querida! Disse Augusto para a sua esposa, com aquela aparência de quem acabara de acordar. Elizabete dormia do lado direito da cama do casal. Ela, virando-se para ele, passa sua mão macia e quente no rosto áspero do marido, fixa o seu olhar nos olhos dele, lhe dá um beijinho em seus lábios e diz para ele: – É, bom dia. Ela estava desgostosa por ter de levantar naquela manhã fria de junho. – Queria ficar aqui mais um pouco. Disse ela com os olhos entreabertos. – Podemos ficar mais um pouco, o tempo hoje amanheceu muito frio, e posso chegar um pouco mais tarde na Universidade, por causa do recesso. Respondeu ele, com aquele seu olhar de segundas intenções. – É, mas alguém tem que trabalhar de verdade nesta casa. Disse ela, fechando a boca dele com sua mão. E então ela se levantou. – Sim senhor! Debochou ele da tirada. – Ah... Um bom banho quente vai acabar com toda essa preguiça e essa cara de sono. Disse ela num tom conciliador. Elizabete é uma arquiteta reconhecida em sua terra, trabalha em um escritório de uma grande empresa responsável por obras de reurbanização e revitalização em vários pontos do país. Ela tem um cargo de liderança dentro do escritório. 15
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Após o banho, durante o café, ao passar a manteiga no pão, Augusto faz uma indagação à Elizabete. – Querida você se lembra de quando me disse que só você trabalha de verdade nessa casa? – Eu não me lembro não queridinho, com certeza ainda estava dormindo. Você não deve ter percebido, pois tem trabalhado demais. Está orientando seis alunos, não está? Perguntou-lhe ela. – Sim, estou. Respondeu ele. – Dois deles deram aulas em seu lugar desde o início do ano, não deram? – Eles cumpriam o estágio de docência. Eu mesmo passei por isso. Disse ele, já com remorso por ter feito a pergunta. – Você me disse que as amostras coletadas pelos seus alunos são analisadas pelo computador, que fica a disposição da equipe vinte e quatro horas por dia só para isso. Ainda bem que vocês têm recesso no meio do ano, e no final, férias, feriados, ... e tudo mais. Realmente você trabalha muito querido. Hoje eu faço questão de levar você para o seu trabalho. Depois você me liga que vou buscá-lo, está bom? Augusto não queria prolongar mais o caloroso café. Pois ele conhecia muito bem quais eram as fraquezas de sua mulher, que um dia ele havia conquistado. – Certo Liza, você venceu desta vez. Mas querida, eu preparei uma surpresa para você. Surpresa esta que nem ele mesmo sabia, mas não queria sair em desvantagem da situação. – Puxa, você sabe o quanto eu amei todas as suas surpresas. E então, pode me contar? – Agora não. É para a noite. Ele disse isso pensando que teria o dia todo para preparar um agrado para a esposa. Ao saírem de casa, Liza levou o marido em seu sedã preto até a entrada do Departamento no qual o Augusto tra16
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balha. Era dentro do Campus da Universidade. De lá, ela se dirigiu para o seu escritório no centro da cidade. Caminhando pelos corredores espaçosos do Departamento, em direção à sua sala, o doutor Augusto vai cumprimentando os seus colegas de trabalho que encontra pela frente. Para uma de suas colegas, a doutora Aline, ele pede uma ajuda para resolver o problema da surpresa noturna para sua esposa. – Bom, se for para ficar em casa, com o homem da minha vida... disse ela pensativa. Eu gostaria de chegar em casa e encontrá-la limpa, perfumada, arrumada e um belo jantar a luz de velas me esperando. Após é claro de um delicioso banho de ervas perfumadas. – Por que você não pensa nisso? Disse ela. – Já fiz algo parecido com isso para ela há alguns meses. Respondeu ele. – Mas valeu assim mesmo. Vou continuar a pensar no assunto. Respondeu ele, e se encaminhou para a sala de sua orientanda Ana. Para chegar às salas dos professores, tinha que passar pelas salas dos alunos. Ele queria despedir-se dela, desejandolhe um bom dia e uma feliz viagem para a Europa.
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TRABALHO DURO
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Flávia estava na sala salvando seus arquivos em seu pen drive para a viagem, quando seu orientador entra e vai logo perguntando. – Bom dia Flávia, como foi o seu torneio ontem? Toda eufórica ela responde. – Você nem imagina fui campeã do torneio, foi maravilhoso! – Meus parabéns, agora espero que esteja voltada inteiramente para o seu trabalho, porque sabe tem que ter muita dedicação e vontade. – Eu sei, agora já estou terminando de salvar todos os meus dados para juntar com os seus. Esta é a minha última cópia de segurança. É bom se precaver sempre. Eu vou levar esta cópia no pen drive e a que está em meu note book. As outras ficarão aqui e na rede, caso precise. E creio que já está tudo pronto para minha partida. – Ótimo, depois que terminar tudo aí, por favor, vá até minha sala para podermos acertar os finalmente. Então Flávia começa uma conversa muito íntima com sua amiga de sala, onde falam sobre sua partida e tudo que ela irá deixar aqui no Brasil para trás, inclusive o namorado. Flávia diz logo a sua amiga Patrícia: – Patrícia, eu estou com muito medo de deixar a minha família e principalmente o Rô, aqui, sinceramente estou empenhada no meu trabalho, mas que dá uma dor no peito, há, isso dá. 19
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– Eu sei amiga, mas você tem que ver que seu futuro está batendo na sua porta, e só depende de você. Como eu gostaria de um dia ter uma chance igual a sua. – Calma Path pode ter certeza que você terá sua chance, não pode é ter pressa. – Eu sei. Mas fico aqui imaginando você lá no instituto, fazendo pesquisa de campo com descendentes de ecênios no norte da Inglaterra. – Mas não esqueça de imaginar também a minha situação com o Rô. Nestes dois anos que passamos juntos, ele sempre esteve presente na minha vida seja nos problemas quanto na alegria e hoje tenho que dizer adeus a ele. – Calma amiga também não é assim o João Rogério entendeu a sua situação, não entendeu? Acho que ele é muito legal com você, pois se fosse outro, garanto que ia te dar um ponta pé e nunca mais queria nem te ver pintada de ouro. – Pois é, nós conversamos sobre o assunto e resolvemos dar um tempo pelo menos até eu voltar para o Brasil. Eu sei que o amo muito mais sabe que ele sozinho aqui não conseguirá ficar sem um carinho feminino não é? Sabe como são os homens. E é lógico, tem a internet. Podemos nos ver lá, na realidade virtual, mas... – Mas mudando de assunto, pois já vi que você daqui a pouco vai começar a chorar, me conta como foi ontem sua luta, vai Flávia. – Nossa amiga você nem imagina, logo o início do tornei, nas primeiras lutas que eu vi antes da minha vez, já comecei a achar que não ia nem chegar na segunda fase classificatória. – Até parece mesmo, convencida, sabe que é uma ótima lutadora e treinou muito por isso, sua boba. – Não! Pode até parecer que estou fazendo de coitadi20
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nha, acontece que a cada luta aparecia umas lutadoras muito fortes, marombadas mesmo e que derrubavam tudo que tinha na sua frente. Mas eu fui, e quando cheguei na semifinal e tive que lutar com uma senhora de lutadora chamada Ana Carolina que tinha o apelido de Ana Trator, daí que eu logo pensei por um segundo que só poderia conseguir disputar o terceiro lugar, porque olhava o tamanho da mulher. Meu Deus, afasta de mim esse pensamento e dai me forças para vencer! Obrigada! Fiz isso enquanto olhava nos olhos dela. Você pode não acreditar comecei a gostar da situação. Senti que podia vencer aquilo. – Quando entrei dentro do tatame e começou a luta foi muito diferente e eu ganhei. Daí para mim naquele momento era só festa porque não imaginava que chegaria tão longe. Há! E eu só chorava até então; foi quando os altos falantes anunciaram a luta final. Eu contra a Juliana. Ela era de uma academia lá de Lorena. Lembra do Fábio meu treinador me deu a maior bronca por ter dito a ele que não ia ganhar a luta, mas aí ele me deu a maior força e quando entrei no tatame só tinha olhos para analisar a posição de ataque daquela tal de Juliana. Logo no início tomei um golpe que me deixou bamba, mas quando faltavam apenas alguns segundos para o término da luta fiz um milagre e ganhei a luta, daí por diante só festa, não é amiga, até agora não estou acreditando que venci aquela luta. – Eu já sabia mesmo, pois sempre acreditei em você. Tudo que faz vai fundo, veja só no seu trabalho como está indo a mil por hora. Pena que não pude comparecer lá na Fênix, mas estava daqui torcendo pela minha melhor amiga. – Eu sei Path, foi difícil, mas o que importa agora é só comemorar. Ontem, toda a minha família foi lá em casa se despedir de mim. Foi um choro só, todos estavam chorando e imagine até meu pai aquele casca grossa do senhor Maurício estava chorando. 21
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– Não acredito, o senhor Mauricio chorando. Mas também você não quer nada não é, a filha do coração tão novinha indo para o exterior para estudar, tendo que deixar ele sozinho aqui e tantos milhares de quilômetros de distância, dá por visto. – Claro estou brincando, sei que é muito difícil para um pai e uma mãe ter que deixar a filha ir morar sozinha no exterior ainda num lugar que nem imaginam como é, conhece na teoria, mas na prática nem imagina. Bem Path, está chegando minha hora, vou deixar aqui algumas coisas pessoais para você se lembrar de mim. Toma conta da minha mesa, do meu micro, enfim, deste ambiente que criamos juntas nesta sala. Quero receber todos os dias e-mails de você me contando como está a situação aqui. – Ta mais você também não vai esquecer de mandar recados e falar de você lá e de como está indo o seu trabalho, escutou. – Pode deixar nunca esquecerei de você e ninguém deste departamento que só me trouxeram alegria. – Path! O Path! Presta atenção, por favor, eu vou lá na sala do orientador me despedir dele e pegar mais algumas coisas para eu poder ir embora ta bom, depois passo aqui para nos despedir. – Vai lá! boa sorte amiga! Quando Flávia chega até a sala do orientador, ali encontra uma caixa cheia de livros e vai logo perguntando. – O que é isso professor? – Estes são livros que separei para você levar, vão te ajudar muito. – Muito obrigada, pode ter certeza que vou ler todos. Pegando um dos livros de dentro da caixa, o professor lhe mostra o livro que ela começou a trabalhar em sua nova área de pesquisa. 22
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– Este é só para você se lembrar de quando começou aqui conosco, proferindo-nos seminários semanais sobre os tópicos deste livro. – Bem professor gostaria de te agradecer por tudo que tem feito por mim aqui na Universidade, e gostaria de te dizer também que me ensinou coisas que vou levar para vida inteira. Tchau professor, espero que dê tudo certo lá, e eu possa voltar para ser sua colega de trabalho. – Agradecer o quê, você que é uma aluna exemplar e se você aprendeu, é que você se esforçou para isso. Deixa eu te dar um abraço e dizer que torço muito pelo seu sucesso. E pode ter certeza, quando voltar terá um lugar aqui na Universidade para você, em uma dessas cadeiras. Não como aluna, mas sim como uma professora e pesquisadora. Vá com Deus minha filha e nunca perca essa vontade de vencer. – Obrigada professor, por tudo mesmo, sem você não sei o que seria de mim nesta pesquisa, fique com Deus também e até breve. Voltando para sua sala, já no corredor, o professor sai correndo atrás de Flávia e diz. – Menina como você vai embora sem levar o pen drive com todos os seus dados. E menina que só não esquece a cabeça porque está grudada no corpo. Chegando em sua sala, um grande choro está montado, se despedindo da amiga Path e do restante da turma. Flávia mesmo chorando, partindo diz aos colegas. – Nem fui ainda, mas já estou morrendo de saudades, fiquem com Deus, levo vocês todos no coração. Lembre-se acredite e tudo será criado, transformado e ou renovado. Beijos... Tenho que ir vou passar em casa pegar meus pais e partir, já está quase na hora do vôo. Tchauuuuuuuuu. 23
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A DESPEDIDA
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Já em casa, Flávia pega toda as suas malas e vai se dirigindo a seu veículo, com um ar meio triste, mas contente, triste por deixar sua família, mas muito alegre por estar realizando o grande sonho de sua vida. Chorando ainda, vai logo abraçando o papai e a mamãe, e diz: – Eu Amo muito vocês, se não fosse por vocês não estaria aqui realizando tudo isso. Eles todos entram no carro e se dirigem até o Aeroporto. No aeroporto, Flávia se despede de seus familiares, de seu “namorado” e se encaminha para o embarque. Flávia chega e já vai dando conta de todas as burocracias para o embarque. Para ela, tudo já estava certo. Ela já se sentia pronta para a viagem mais eletrizante de sua vida, agora não havia mais volta, somente quando acabasse todo o seu trabalho. – Pai fique com Deus cuide bem da mamãe. Disse ela para seu pai. – Mãe fique com Deus cuide bem do papai. – Filha vá com Deus você também. Que ele possa te abençoar, te dar muita força e coragem para terminar o mais rápido possível o seu trabalho. Estaremos aqui firmes e rezando por você para dar tudo certo e ver você voltar mais alegre como está indo agora. Tchau filha ta na hora, vai com Deus. Como já é de costume, Flávia entrando para o corredor de embarque, seu pai grita: – Filha você está esquecendo a sua bolsa. Flávia volta, pega a bolsa e diz: – Novidade não pai. 25
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– Pois é filha espero que não esqueça assim da sua família. Tchauuu. – Bom, pessoal. Disse Flávia para todos. – Já disse para vocês que eu não gosto de despedidas. Vejam isso como mais uma viagem. Quando chegar em Londres, estarei conectada à rede através de meu I fone e assim poderemos nos comunicar. – Toma cuidado com o frio de lá, Flávia. Disse sua tia Maria, que fez questão de ir se despedir de sua querida sobrinha. – Oh, titia, você sabe que a Inglaterra agora está passando pelo final do período do equinócio de primavera. Disse Flávia à sua tia, abraçando-a alegremente. Não está fazendo tanto frio. Mas prometo que vou me cuidar. Com ela, segue também a colega de trabalho doutora Cilene. Neste instante, seus olhos oblongos se voltam para o grande amor de sua vida. – E você, João. Não vai me dizer nada? Perguntou ela para seu amor. – Eu amo muito você. Respondeu ele, fitando-a. Já estou sentindo saudades de seu calor. Este seu sorriso enigmático de Mona Lisa me encanta. Cuide-se bem. Tenha uma boa viagem. Você sabe que eu não gostaria que você fosse a um lugar tão distante de mim. Flávia apenas lança para ele aquela sua combinação de olhar e de sorriso que para ele reflete todos os bons momentos que passaram juntos. – Mas é seu trabalho. Disse ele. E com certeza vai ajudar muitas pessoas. Você deve fazer o melhor para você. Estes seis meses vão demorar a passar para mim. 26
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Naquele momento, eles se abraçaram. Na verdade, nenhum dos dois sabia o quanto suas vidas iriam mudar por causa daquela viagem. Um beijo sela a despedida. Rolam lágrimas e olhares, espelhando a angústia pelo desconhecido que chega. – Bom, pessoal. Disse Flávia para todos. Já disse para vocês que eu não gosto de despedidas. Vejam isso como mais uma viagem. Quando chegar em Londres, estarei conectada à rede através de meu I fone e assim poderemos nos comunicar. Flávia vai se dirigindo ao avião, já tremendo de medo e triste por ter que se afastar fisicamente de pessoas tão queridas. A verdade é que todos sabiam que aqueles seis meses poderiam se tornar um ano ou mais.
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TURBULÊNCIA NO AVIÃO
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Quando Flávia entra no avião, está com um aspecto frio e pesado. Por sua surpresa toda com medo de viajar, encontra com sua amiga doutora Cilene que também estaria indo para a Europa e por sorte haviam comprado as passagens com os assentos próximos. A doutora Cilene está sentada a seu lado direito, junto à janela. E percebendo o estado de Ana, indaga-lhe sobre o motivo de tal expressão de sentimento. – Ana parece que você está um pouco nervosa e ansiosa. É seu primeiro vôo? – Sim. Respondeu Ana. Nunca havia voado antes. Dizem que os piores momentos são a decolagem e a aterrissagem. Do seu lado esquerdo ainda vazio Ana coloca sua revista. Quando por sua tranqüilidade surge seu grande amigo Roberto. A partir daquele instante se viu protegida e melhor ainda teria mais alguém com quem conversar durante toda a viagem. – Olá Flávia á quanto tempo não nos vemos? – Oi Roberto! Pois é, tanto tempo. – Como vai, e seus estudos Flávia? – Vou maravilhosamente bem. Meus estudos! É, vão bem! Estou nessa viagem por isto mesmo. Vou para a Europa fazer meu doutorado. Lembra aquele meu trabalho relacionado a Rastreamento Genético. – E como esqueceria. Ele nos deu tanto o que falar não é mesmo. 29
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– Não se preocupe. Disse a doutora entrando na conversa de Ana e Roberto. Isso passa logo, você vai perceber. Vamos falar sobre o seu trabalho. Diga-me como vai o seu trabalho? – Pois é Cilene. Respondeu Ana. Todos nós temos um tipo de DNA especial chamado de DNA mitocondrial, também chamado de DNAm, o qual é transmitido apenas pelas mulheres para os seus filhos e suas filhas. Este DNAm dificilmente sofre algum tipo de alteração com o passar do tempo. A doutora Cilene ouvia com atenção à explicação da jovem, feliz por ter conseguido desviar a tensão de Ana durante a decolagem. – E de geração após geração o mesmo DNAm é passado para todos os descendentes. Dizia Ana. “Inalterado”. Já foi comprovado que precisamente a cada vinte mil anos, ele sofre uma mutação. E esta mutação é vista pelos pesquisadores como um marcador. O meu trabalho consiste justamente em ajudar a mapear estes marcadores, e se possível, nos mais variados grupos de pessoas espalhadas pelo planeta e encontrar o parente em comum dos mais diversos grupos étnicos dos humanos modernos. Conversa vai conversa vem, que Flávia nem se dá conta que o avião já levantou vôo, e eles estão sobrevoando o oceano. Quando de repente o avião passa por uma pequena turbulência dentro de uma nuvem, e Flávia começa a ficar totalmente nervosa. Roberto que também é a primeira vez que voa de avião também fica apreensivo, mas logo passa e os dois voltam ao normal, e continuam suas conversas lembrando desde a infância que estudaram juntos.
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DO INSTITUTO PARA KEY
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Já estabelecida na cidade há semanas, Ana tem sua rotina diária de trabalho no instituto de Genética da Universidade. Ela se junta ao time que irá embarcar na missão de coleta de dados genéticos. Eis parte de equipe: Mc Night, o jovem escocês responsável e chefe da equipe, e também o responsável pela condução de todos até a o local de coleta. Juntamente com ele vão os ingleses Vick e Benson, a brasileira Ana, e os holandeses Van Hall e Boyle. Todos se encontram no saguão do instituto e Ana Flávia fala com Mc Night. – Olá, Mc Night! Disse-lhe a jovem. Como você é oficialmente o nosso comandante, deve saber como vamos chegar até o povoado de Key. Não sabe? – Não vejo o doutor Quest por aqui. Indaga Van Hall a Mc Night. Ele não irá conosco? O doutor Quest ajudou a fundar o grupo de pesquisa em mapeamento genético no instituto e difundi-lo para outros países da Europa e da América. Ele é o responsável pelo projeto. – Vamos levar este equipamento para a van. Respondeu Mc Night para Ana e para os outros integrantes da equipe. Pois parte do trajeto iremos fazer a pé por causa da neve que caiu naquela região ontem, a estrada ainda não foi desbloqueada. Esse clima desregulado nessa época é um efeito do aquecimento global. Vai ser uma pequena aventura até chegarmos a Key. Quanto ao doutor Quest, Van Hall? Ele irá 31
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no helicóptero da universidade levando o equipamento mais pesado e o restante da equipe. Querendo saber mais sobre o povoado de Key, Ana fala com o Vick e seus colegas Benson e Van Hall. – Vocês sabem onde fica povoado de Key? Pergunta Ana. – Bem Ana, pelo que sei, ele fica num local de difícil acesso na Reserva Natural, ao norte do país. Respondeu Vick. E como o Mc disse, não sei se poderemos chegar até lá de carro. – Deveríamos ir de helicóptero com o doutor Quest. Disse Van Hall. Percebendo o interesse de Ana, Mc Night vai falar com ela. – Não se preocupe Ana. Disse-lhe Mc Night. O povo de Key, apesar de viver isolado é formado de gente boa. São pessoas de vida simples e humilde, que o governo tem ajudado principalmente na parte de saúde. A região das terras altas sempre foi pouco habitada porque os mais jovens vinham para o sul, em busca de trabalho nas indústrias e de melhores salários. O investimento em infra-estrutura para o turismo vem mudando esta situação. – Ora Mc Night, não estou preocupada, só curiosa por conhecê-los. No Brasil, também há vários povos que vivem de certa forma isolados. Vai ser muito interessante poder estabelecer com precisão a relação da linhagem genética predominante do povo de Key com todos os outros grupos que temos estudado. – Além disso. Disse Benson. Vocês podem me ajudar com estas mochilas? Vick ajudou Benson a carregar a sua mochila até a van. Já na van, Mc Night como sendo o responsável pela equipe, conferiu todos os materiais que tinham de levar. Benson teve que deixar mais da metade de tudo que estava em suas duas mochilas, inclusive uma delas. 32
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– Turma! Como responsável por vocês, preciso lembrálos que só devemos levar o material que está na lista que cada um recebeu. Pois vamos ter que carregá-lo em uma parte do trajeto para o povoado de key. Dito isso, se voltaram para Benson, olhares e expressões sorridentes. – Tudo bem. Disse Ben. Só estava me prevenindo. E se o meu repelente de mosquitos acabar adivinhem de quem eu vou usar! E lá se foram na van, em direção à saída da cidade. Durante o trajeto, Ben toma a precaução de verificar outra vez o seu equipamento. – Qual é o problema, Ben? Serei o seu anjo da guarda. Disse-lhe Vick. – Grande ajuda. Respondeu Ben. Já que será você quem vai estar atrás de mim, puxando minha corda! O meu equipamento está OK, checado e pronto! – E quanto a você Ana? Perguntou-lhe Mc Night. O que você espera desta nossa pequena expedição? – Bem, Mc. Eu espero que tudo ocorra bem, sem nenhum imprevisto e que possamos colaborar de forma construtiva com o povo de Key. E pelo visto, esta parece ser uma tradição do Instituto, em parceria com o governo. Espero também que não interfiramos muito na cultura deles. – Eles sabem se cuidar muito bem. – Disse Mc. E sua cultura tem sido preservada o máximo possível. E além do mais, eles nos fornecerão uma grande ajuda. Esta nos proporcionará compreender melhor a origem das pessoas do continente. – O que você fazia no Brasil, além da universidade? Perguntou Mc para Ana. – Eu sou judoca. No Brasil, treinava numa academia. 33
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– Uh uh uh iaaá! Gritou Ben. Gesticulando um golpe de Karatê. – Ai, que bobinho você, Ben. Disse-lhe Vick. – Ainda bem que você vai levar a corda. Disse Boyle para Ben. – É bom saber que tem uma atleta conosco. Disse Van Hall, que estava com um fone de MP3 em uma de suas orelhas. – Num tom irônico, Boyle indaga Ana sobre o DNAm. – Mas o que eu não engulo mesmo Ana, é que só vocês mulheres conseguem transmitir o DNAm para os filhos.
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FIM DA ESTRADA
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O vento trazia além do frescor agradável, o odor das flores das plantas. Benson e Vick, seguidos depois por Van Hall e Mc Night desceram rapidamente sem maiores dificuldades pela escarpa, pois esta já seria a sua terceira estadia no povoado de Key. Ao lado do povoado, a equipe de Mc Night se encontra com a equipe do Dr. Brandon, que foi recepcioná-los juntamente com a liderança do povoado. Oi Mc! Como foi a sua jornada? Perguntou o Dr. Brandon para Mc Night. Saudando-o em seguida com um aperto de mãos. Um sorriso fica estampado em suas faces. Estamos todos aqui. Agora vai dar para concluir o nosso trabalho. Bem, que bom poder revê-lo aqui neste lugar. Disselhe o Dr. Brandon, o qual seguiu cumprimentando o restante da equipe. Van Hall, meu amigo, Vick e Boyle meus cumprimentos. O Dr. Brandon também foi apresentado à nova integrante do grupo de pesquisa do instituto. Você só pode ser a Ana Flávia do Brasil, a Dra. Cilene me falou bem de você. Ela também estudou aqui conosco e nos ajudou a expandir nosso grupo de pesquisa no Brasil. Que bom poder ver o crescimento de nossa família. No povoado, também se apresentaram para a comitiva de recepção formada pelas autoridades locais. O Dr. Brandon fez as honras de apresentá-los. 35
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Este é o Lorde Samuel, prefeito de Key. Eles nos prepararam uma grande recepção. Lorde Samuel, com sua comitiva deram as boas vindas aos recém chegados. Todos foram levados para a região central do povoado, onde a população os aguardava em maior número. O Dr. Brandon trouxera no helicóptero, além de parte da equipe para Key, o material para repor o estoque da Saúde e da educação. Passada a acolhida, foram até a casa de Mag, outra importante líder local. Sua casa localizava-se ao lado do centro médico, e seria o posto da equipe.
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DIÁLOGO ENTRE MAG E ANA FLÁVIA
Na noite em que chegaram ao povoado, depois de terem guardado todos os materiais e os equipamentos. O grupo cansado caminha em direção à beira da fogueira para descansar e prosear. A conversa começa e todos falam de suas histórias, começam a lembrar de suas famílias, namorados, namoradas e etc. Ana Flávia, sentada ao lado de Mag e todos os outros, aproveitou para responder as mensagens de saudade enviadas por João e pela Path. – Oi! Disse Mag para Ana Flávia. – Você, eu ainda não conheço. Você é nova no grupo do Dr. Brandon. Sou a Mag. Trabalho na Prefeitura. – Prazer em conhecê-la Mag. Respondeu Ana para Mag, cumprimentando-a, num aperto de mãos. – Mag, apesar de não nos conhecermos, temos um parente em comum, com certeza. – Venha, está escurecendo, vamos nos juntar aos outros, próximo a fogueira. Você poderá me contar sobre esse parente que você conhece. E vão as duas para junto da grande fogueira feita de troncos de árvores. O prefeito, Lorde Samuel sempre fazia questão de proporcionar uma boa recepção para seu velho amigo Dr. Brandon, como forma de agradecimento de todos os moradores, ajuda anual dada pela universidade. Era uma festa que mobilizava praticamente todas as famílias do povoado de Key. As pessoas dançavam ao ritmo da música gaélica. A bebida era de sua própria produção, vinda dos pomares com parreiras e videiras que cultivavam. 37
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O cheiro de carneiro assado abria-lhes ainda mais o apetite depois de toda a energia gasta no trajeto até Key. Junto à fogueira, Mag e Ana Flávia continuam os seus diálogos. Mag ficou intrigada. Queria saber que parente era este que tinha com a Flávia, pois ela não conhecia ninguém de sua família que tivesse ido para a América. Ela se lembrava que tinha parentes em Londres e em Liverpool. – Então Flávia... Disse Mag para a Flávia. Você me deixou curiosa. Não me lembrei de ninguém de minha família que foi para a América . Quem foi o nosso parente? – Bom, Mag. Neste instante, eu não sei quem ele foi, mas sei que a resposta a esta questão está aqui, dentro de nós duas. Neste instante, Flávia segura a mão de Mag e aponta com o seu dedo para suas mãos. – Como assim Ana? – Sabe Mag. Cada célula de nosso corpo possui o chamado DNAm que só é passado pela mulher aos filhos. E nessa passagem, praticamente ele não sofre nenhuma mudança. Somente com o passar de muito tempo, a cada ciclo de vinte mil anos, ele sofre apenas uma mutação. E esta mutação é vista como um marcador. Desta forma, comparando estes marcadores entre as pessoas de várias cidades, de vários países, ou de continentes diferentes, é possível descobrir o grau de parentesco entre elas, seu ancestral em comum e assim podemos traçar a rota de suas jornadas pela Terra até cento e cinqüenta mil anos atrás, com precisão. – Puxa vida, não pensei na minha família dessa forma. Disse-lhe Mag. Como pode ser? O DNA é algo tão pequeno que nem podemos ver. Como ele pode nos contar com precisão, a história da humanidade. – Sim Mag. A nossa história. É fantástico saber como uma única célula nossa possa conter tanta informação com 38
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respeito ao nosso passado. Para tanto, as informações que coletaremos de vocês serão tão importantes para todos nós. – Nossa! Exclamou Mag para Ana Flávia. E quanto ao nosso parente? – Está em nós Mag. Você também pode participar do programa, deixando-nos coletar uma amostra da saliva de sua bochecha com um cotonete. O qual será levado para o departamento para a análise do DNAm e fazer a comparação entre os nossos marcadores. Em pouco tempo descobriremos muita coisa sobre quem foi o nosso antepassado, tais como onde ele vivia, o que ele fazia, por onde ele andava, e o que nos levou a vivermos hoje em continentes diferentes. – Eu quero saber. Disse Mag.
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O POVOADO!
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Benson, Van Hall, Boyle e Vick também estavam em volta da fogueira. Somente o doutor Mc Night permanecia fora do círculo, estava sozinho mexendo no seu Note book, lendo e-mails e revendo algumas informações do trabalho. Mc Night estava um pouco triste, mas era só olhar para Ana Flávia que a felicidade já ficara estampada em teu rosto. Ele olhava para ela e ficava imaginando coisas como o quanto ela era um espetáculo de mulher em todos os sentidos, e o quanto ele já estava ficando apaixonado por ela. Disfarçava e quando a olhava novamente ali estava o sorriso estampado em seu rosto. Ana Flávia vendo seu parceiro triste e isolado chamao para lhe fazer companhia na roda junto com os outros. Chegando Mc Night com o sorriso nas orelhas, senta logo ao lado de Ana Flávia. Que por sua vez também sente um calafrio na espinha, sabe aquela coisa que dá nos adolescentes quando vão beijar pela primeira vez, ou quando o grande amor de sua vida lhe dá um abraço, é essas coisas são assim. Mc Night já sentado pergunta a Ana Flávia. – O que tanto vocês conversam? – Ana toda risonha o responde. Estou aqui contando a Mag sobre como era o mundo há 150000 anos atrás. Melhor fazendo uma pequena descrição do nosso trabalho.
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Figura 1: Há 150000 anos, os humanos viviam na África oriental.
– Puxa que legal, vai continua aí, to ouvindo. – Bem, continuando de onde parei, foi mais ou menos assim. Há 150000 anos atrás os registros climáticos apontavam para uma grande glaciação no planeta, um fenômeno resultante de mudanças climáticas, que afetou extensas partes do globo. A Terra fica muito mais fria em seus extremos norte e sul, e na África, os desertos o calor e a seca se intensificam mais ainda, pois os pólos retêm uma quantidade maior de água, interferindo em seu ciclo natural. Neste período os nossos ancestrais estavam num grande deserto da África Oriental, um local muito seco e com muita dificuldade de encontrar água doce e também comida. Um local como um campo sujo, geograficamente falando. – Puxa Ana parece que você foi fundo nisso, você conhece mesmo, diz Mag.
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SEM COMIDA E SEM ÁGUA
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Naquele período compreendido ao redor de cento e cinqüenta mil anos atrás, a caça era de fundamental importância para a sobrevivência humana. Isso explica como a raça humana se desenvolveu. – Desenvolveu-se, como assim Ana? Não entendi! Indaga Mag. – Deixe que eu responda a esta questão Ana, isso está na ponta da língua, diz Mc Night. – Mag, este processo de caçar provém de muita estratégia e concentração, para a mesma ser concretizada. E mais, era a uma forma de comunicação que existia na época. Isso indicam os registros. Porém, depois de caçada sua presa, a ela era levada para o acampamento e dividida entre todos, para que saciassem suas fome. – Isso aí Mc, ta arrebentando, esse homem é um amor, não é mesmo Mag? – Não sei de nada, sou casada e vocês se virem aí. Mas deixa isso para depois e conta mais vai Ana. Todos caem na risada. – Vamos lá. Os homens daquela época tinham a pele totalmente negra. A cor da pele evoluiu para ser suficientemente escura para bloquear os raios UV do Sol, que podem penetrar na corrente sanguínea e destruir o ácido fólico. Esse ácido é também chamado de folacina. Ela é essencial para a síntese do DNA, para evitar a perda de fertilidade e para o bom desenvolvimento do feto. A cor da pele também evoluiu para ser clara o suficiente para possibilitar a produção de vi43
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tamina D. Mas mesmo assim, os homens não estavam agüentando suportar aquele calor imenso e estavam morrendo, pois tinham que conseguir mais forças para sair atrás de comida e de água. – Coitados não Ana! Imagina o sofrimento daquele povo! Exclama Mag. – Pois é Mag, devido a isto e às intempéries provocadas pela seca, toda a população se vê sem condições de sobrevivência naquele local. Já que faltavam forças, mas também faltavam comida, recursos, terras e etc. Além das alterações climáticas que estavam sofrendo. Mas eis que surge uma solução!! Continua o seu comentário Ana. – Eles seguiam as manadas que iam rumo ao norte, e com isso, a mais ou menos 110000 anos, sai o primeiro grupo de pessoas. Seriam em torno de 20 ou 30 pessoas em busca de um lugar melhor e com mais condições. – Não diga que eles seguiram na direção das manadas de animais? Indaga Mag. – Sim Mag, foram o primeiro grupo de humanos modernos que saíram em direção ao norte do continente africano, indo em direção ao Egito, chegando até à região atual de Israel.
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O POVO GALLEU E A TERRA DOS PÁSSAROS: 110000 AC
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A liderança do povo Galleu era formada por caçadores legendários, entre eles Legate. Eles habitavam a região do Egito antigo com o Mar Vermelho. Eram tempos difíceis e o povo estava se preparando para mudar de lugar, pois eram nômades. As mulheres além de cuidar dos filhos, coletavam sementes e frutas. Mal sabiam elas de sua importância para o desenvolvimento da agricultura e posterior fixação do homem na terra. O caçador Legate estava decepcionado com a pouca quantidade de espécies animais que estavam à disposição de seu povo. Discutindo com sua família, decidiram se mudar, indo em direção ao norte. As aves no céu pareciam lhes indicar um caminho para uma terra melhor. Dessa forma, foram comunicar a sua decisão para as lideranças. – Povo Galleu. – Disse Legate. – Minha família, e as famílias de Romano com sua esposa Galila e de Rael com sua mulher Naza. Somos ao todo quase quarenta pessoas, entre homens, mulheres e crianças. Decidimos atravessar o pântano formado pelas águas do Mar Vermelho, rumando ao norte e estabelecermos em terras melhores do que esta em que estamos. – O nível do Mar Vermelho estava bem abaixo do atual por causa da glaciação, produzindo uma ponte de terra alagada em seu extremo norte. – A maior parte do povo de Galleu preferiu continuar seguindo o rio Nilo, enfrentando os períodos de seca e de enchente, apesar da região árida que ele atravessava. Muitos 45
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já haviam atravessado o Mar vermelho, mas as condições do outro lado não lhes pareciam melhores do que as da região do Nilo. – Se formos acompanhando o Mar Mediterrâneo, poderemos atravessar o deserto da Arábia. – Disse Romano. – É loucura! Não tem como atravessar aquilo tudo! – Disse um dos caçadores. – Quase morri naquele deserto infernal. E depois, os animais não vão tanto ao norte. – Já percorri aquele deserto por uma semana. – Disse Rael. – Acredito que com mais uma semana de caminhada pelo deserto, conseguiremos chegar até a terra que os pássaros com certeza encontraram. – Como já era uma decisão tomada, lá foram eles deserto adentro com suas famílias, em busca da terra dos pássaros. – E após três semanas percorrendo aquele deserto, eles conseguiram chegar até a região da Galiléia, mas a metade deles já havia perecido no deserto. – Seu último acampamento foi numa caverna nas proximidades de Nazaré. As famílias de Naza, e de Galila aguardaram na caverna por Legate e seus dois companheiros Romano e Rael voltarem com provisões. Ainda estavam em pleno deserto, seu alimento estava no fim e não havia mais como voltar para o Egito. Esperaram, esperaram... – Mas eles não sobreviveram. – Por que? Pode me explicar. Pergunta Mag assustada. – Simples Mag, eles estavam num calor absurdo na África não é mesmo? Caminharam muito, mas eles estavam muito fracos, aliados a isso tiveram de enfrentar um deserto mais intenso, e suas peles e seus corpos não agüentaram a alteração e acabaram morrendo. – Desculpa Ana, como tem certeza disso? Pergunta novamente Mag. 46
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Figura 2: Há 110000 anos, partem da África para a Ásia pelo Mar Vermelho.
– Pois é Mag, é difícil, mas nossos Ancestrais tinham pela frente que atravessar o extremo deserto do Oriente Médio. Um deserto que para eles demonstrou ser intransponível naquela época. Eles ficaram sem ter como voltar atrás. E numa caverna da Galiléia chamada de Cáfica, nas proximidades de Nazaré, no ano de 1933, foram encontrados os ossos desse grupo de humanos modernos, datada como os mais antigos, em torno de 110000 anos. Por isso podemos chegar à conclusão de que esta teria sido a primeira saída dos humanos modernos da África.
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OS HIGHLANDERS
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– Isso é muito interessante Ana, não tinha idéia que o trabalho de vocês teria ido tão longe assim. Posso lhe fazer uma última pergunta? – Claro Mag estou a sua disposição, esse trabalho só vai nos ajudar a enxergarmos melhor como a nossa família colonizou o planeta com o passar dos anos. Nisso Mc Night já estava cochilando ao lado de Ana. – Veja só Ana o Dr. Está dormindo. – Deixe-o aqui, até eu queria um cantinho aconchegante como este para descansar. Mas, e daí qual sua pergunta. – Bem Ana, além de tudo aquilo que já me disse, tudo bem, mas por que realmente nossos ancestrais não sobreviveram? – É Mag não sobreviveram porque toda a vida natural se desenvolve em função das condições climáticas do planeta. Como aqui nas Highlands, vocês vivem meio isolados. O clima e a geografia são muito agressivos, o que fez com que muitos fossem para regiões mais desenvolvidas após a revolução industrial. – Quando Ana acaba de fazer seu comentário para Mag, chega mais junto deles o restante do grupo. Van Hall já meio alterado da bebida, vendo Mc deitado ao seu lado, pergunta a Flávia se ela está namorando ele. – Flávia ri e diz que não, mas com os olhos já entregando que pelo menos algum sentimento estava tendo pelo doutor. – Nisso Boyle, pergunta o que tanto eles estavam conversando naquela rodinha. 49
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– Ana Flávia diz, que estava contando a Mag sobre os seus ancestrais há 150000 anos atrás e de sua primeira saída a 110000 anos em direção ao Egito. Já que várias tentativas deles de se estalarem na Europa, não deram certo. – É muito lindo poder falar disso não Ana, mas já que estão falando da primeira saída posso contar da Segunda a 80.000 anos, Mag você vai adorar. – Claro Boyle eu gostaria de saber de tudo. Com gestos, gargalhadas e encenações Boyle começa a fazer um teatro para contar a história. E ainda acaba acordando Mc Night para escutar suas palhaçadas. Com isso Mc se vê recebendo carinho de sua princesa de Ébano, ficando todo contente e radiante. Boyle começa. – A mais ou menos 80.000 anos atrás o mundo estava esfriando novamente. Uma nova Glaciação estaria começando no mundo e nossos ancestrais passaram a sofrer tudo de novo. – Nossa Boyle os mesmos que Ana contou? Não é possível tudo de novo! Indaga Mag. – Claro que não eram os mesmos Mag. Eram seus descendentes, que viveram naquele período. – Mas todo o planeta estava sofrendo por causa da mudança climática resultante da glaciação. O nível dos oceanos baixara muito e o interior do continente africano era assolado pela escassez de água. O que tornava o clima daquele ambiente mais quente e seco, empurrando-os em direção do litoral. Os nossos ancestrais tiveram que deixar um pouco de ser caçadores e passaram a ser pescadores, pois estavam ocupando as praias. Nesse momento, eles se desenvolveram muito, inventaram muitas ferramentas e mais, deixaram muitos registros para nós hoje. Mag você se lembra de Eva que é a mãe de todos os humanos modernos que vivem no mundo? 50
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– Claro! – Então, nesse grupo que agora são pescadores, está uma mulher que faz parte direta da linhagem da Eva primitiva. – Nova Eva? Pergunta Mag. – É! Uma mãe tem uma filha, que depois esta filha se torna mãe e assim por diante, de geração em geração. E o nome Eva é sugestivo, pois não há como saber como ela e seus descendentes se chamavam naquela época. Sendo que a escrita ainda não existia. – Sim, né Boyle! Ôôôô. – Pois é! Essa “nova Eva” era descendente direta da nossa mãe Eva. Continua Boyle. É, mais a vida estava muito difícil e o mar Vermelho estava muito salgado. Há! E só para lembrar o mar Vermelho fazia parte da região da África onde eles habitavam. Por isso, dificultou e muito a sobrevivência do nosso povo. Devido a este aspecto Mag, é que até pouco tempo existiam poucas evidências de que nossos ancestrais teriam ocupado a região costeira. Mas deixa eu te falar, hein! Eles ocuparam sim a faixa litorânea do mar Vermelho. Sabe por que eu posso dizer isso? Sabe? Sabe? – Fala Boyle não enrola! Diz Ana. – Não quero, não quero. – Anda Boyle eu estou curiosa, seu gracioso. Diz Mag. – Se você não contar, eu vou contar pra Mag, viu seu bobo, diz Ana. – Está bem paixão, vou contar, sem nervosismo, calma. Bem vamos lá Mag. Em 1999 um Geólogo disse ter feito uma descoberta reveladora sobre a ocupação litorânea pelos humanos modernos naquela região. – Para de graça, conta logo! Diz Mag toda ansiosa. – Então, ele revelou a descoberta de um recife de pedra de mais de 125000 anos. Em suas camadas haviam claras 51
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evidências da ocupação humana. Havia além das conchas de moluscos agrupadas, os instrumentos de pedra lascada, confeccionados com certeza pelos humanos no preparo dos alimentos. E também gravetos e outros materiais fossilizados que permitiram a datação por carbono. A região foi chamada de Parque de Ostras. Tudo isso é maravilhoso, é ótimo poder contar como eram nossos ancestrais não é mesmo. Espera aí pessoal vou buscar uma cerveja e já volto. – Enquanto isso Mc Night olha para Ana e pensa consigo mesmo: – Mas que bela mulher! E pergunta para ela: – Você está sozinha Ana? Está conseguindo se adaptar aqui? – Boyle de longe vê aquela cena e já vem gritando. – Isso vai dar namoro, eu tenho certeza! Trabalhar que é bom nada! – Você é um palhaço Boyle! – Disse Vick toda tímida, mas querendo ajudar a amiga. – Ela acabou de sair de um relacionamento no Brasil! Diz ela num tom bem enrolado. – Que bom que tenho uma mãe aqui! Respondeu Ana. Nisso todos caem na risada. Boyle chega já arrasando pedindo a atenção de todos novamente e volta ao seu teatro à beira da fogueira. – Pois bem pessoal, além de tudo o que eu já disse, tem mais e muito mais ainda só que vou deixar para o maior dos maiores especialista nisso que eu já conheci. Por favor, senhor Mc Night se dirija ao centro e comece o seu teatro agora. Vamos rapaz agora. Beijos para todos e até a próxima. – Mc Night um pouco tímido diz, por que eu? Você está indo tão bem, continua vai seu pudim de cerveja. – Ana Flávia olha para ele e com todo aquele jeitinho de morena hipnotizante e diz: Por favor, continua pra gente? 52
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– É fazer o que, desse jeitinho todo meigo não tem como falar não, tudo bem eu vou tentar contar para vocês como teria sido o primeiro êxodo africano.
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O PRIMEIRO ÊXODO DA FAMÍLIA DE EVA
– Bem! O professor Estiven, pesquisador em rastreamento genético do DNA atual, propõe que nossos ancestrais vieram da África por uma rota mais ao sul, na direção do Iêmen. Pelo lado da Praia da Costa Oeste do Mar Vermelho do lado africano e do outro podiam ver as montanhas do Iêmen. Bem neste ponto os nossos ancestrais cruzaram a 1ª etapa para fora da África, isso tudo há 80.000 anos atrás.
Figura 3: Há 80.000 anos, o primeiro Êxodo da África para a Ásia dos humanos modernos.
– Espere aí Mc, como, onde, quantos e por que saíram em direção ao Iêmen? Pergunta Benson o menos informado da turma neste aspecto. – Olha Benson, um pequeno grupo de pessoas fez um Êxodo para a história da humanidade, através dos portões da tristeza. Atravessando-o encontraram a planície do Iêmen cheio de vida, um grupo pequeno sim de mais ou menos 250 pessoas, todas divididas entre grupinhos de 5 a 20 pessoas. Aqui a vida de nossos ancestrais era totalmente marcada pela grande dificuldade de encontrar comida para o grupo, o cli55
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ma seco fazia com que eles ficassem mais cansados, dificultando a caça, sem água e somente a vista do outro lado do mar era que os dava força para prosseguir. – Puxa Mc! Olha só que sofrimento não. Depois nós reclamamos da nossa vida, temos que dar graças a Deus por eles ter conseguido, porque se não eu nem você e nem ninguém estaríamos aqui hoje, diz Ana meio sonolenta. – É mesmo Ana, a vida deles era uma loucura. Eles comiam o que viam pela frente. Imagine aquelas pessoas que vivem hoje lá na África, nos países mais necessitados, passando fome. Nossos ancestrais viviam numa situação um pouco pior. Hoje os países africanos mais necessitados recebem algum tipo de ajuda internacional. Os nossos ancestrais não, não tinham nada e além de tudo não tinham nem o que caçar. O mais legal de tudo isso é que Eva fazia parte desse grupo, pois todos nós praticamente somos descendentes dessa mulher fora da África. Sabe por que, usando uma linha genética mitocondrial única e contínua, os cientistas descobriram que alguns de nossos ancestrais foram para o Norte e Oeste, outros foram de Leste e Sul. – Cara, como você é inteligente, olha, conseguir guardar tanta informação desse jeito não é pra qualquer um não. Parabéns, diz Van Hall. – Nisso Boyle não consegue se segurar e diz: Não é à toa que a mulher mais linda aqui presente está apaixonada por este tranqueira. Ana Flávia fica toda encabulada, e pede a seu príncipe: – Conclui essa saída vai, o mais interessante está no final, eu acho, é claro. Risos.
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PORTÕES DO IÊMEN: 80000 AC Há 80000 anos, os rigores do período glacial faziam com que aumentasse a seca no interior da África. Desta forma, o restante da população humana deslocava-se para o litoral, em direção ao Mar Vermelho. Com isso, eles foram forçados a se adaptarem a uma vida que dependia dos coletores marinhos. Os peixes e os mariscos, a princípio, foram benéficos para todos. E com a redução do nível dos mares, o Mar Vermelho se tornou muito salgado, tornando o alimento mais escasso ainda. O que deveria ser feito para solucionar esse problema? Mc Night continua sua explicação contando a história de uns pescadores. O mais interessante como se a história estivesse ocorrendo ali naquele exato momento. – Os pescadores Malon, Baloi e Mute retornaram da pescaria ao final da tarde. – Malon, meu velho amigo. Disse Mule. Está cada vez mais difícil pescar aqui no litoral. – É, mas não há como desistir do mar. O interior está muito seco e tem poucos animais para caçar. Você viu o estado do grupo do Jodão quando voltou do interior? – É Malon, quase não conseguiram sobreviver àquela semana no interior. Eles não conseguiram praticamente nenhuma caça boa. – Enquanto os dois pescadores conversavam, chegouse próximo deles Luana e Baloi com alguns peixes e crustáceos. – Oi Baloi. – Oi Luana.¨ – Oi Malon.¨ 57
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– Oi Mule.¨ Cumprimentaram-se os amigos. – Bela pesca vocês conseguiram. Disse Malon para Baloi e para Luana. Vocês se arriscaram muito no mar, indo na direção do Iêmen Verde. – É Malon. Disse Luana. A sobrevivência de nossas famílias depende da comida que conseguimos. A água do Mar Vermelho está muito salgada para os peixes. Cada vez mais temos que adentrar mais no mar para pescá-los. – Quando estávamos mais afastados da praia, disse Baloi, dava para ver que os pássaros voavam para os verdes do Iêmen. Eu tenho certeza que lá, do outro lado, tem mais comida do que na região em que estamos. Eu e Luana decidimos propor ao restante da tribo que um grupo de nós atravesse o mar até alcançar o Iêmen para verificar se lá há melhores condições para nós. – Sim, Mule. Disse Baloi. Conseguimos chegar além da metade do caminho para o Iêmen. Eu e Luana vamos nos candidatar para atravessar o mar até a outra margem, se possível. Acreditamos que sim. Percebemos que a água não é muito profunda. Tenho certeza que conseguiremos. – Acho que vocês estão certos, Baloi. Disse Malon. Se continuarmos assim como estamos, não haverá como nos alimentarmos direito. As crianças estão com fome. E isso é muito ruim. Continuando a conversa, eles se encaminharam para a tribo com os poucos peixes e crustáceos que conseguiram coletar. Na tribo, eles proporiam para o conselho o plano de travessia do mar Vermelho em direção ao Iêmen. O conselho da tribo era composto pelos cinco sábios da tribo. Eram eles: Evana, Roman, Mute, Mule e Lauana. 58
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Durante a discussão no conselho, o plano foi defendido por alguns de seus membros. – Nossos antepassados viveram nesta região por muito tempo. Disse Evana. Minha avó costumava nos contar histórias sobre sua época. Eles não tinham tantas dificuldades para se manter aqui. Aqui já foi um paraíso para nós. Tínhamos tudo que precisávamos. Havia uma fartura de peixes. Com as cascas dos moluscos, dava para fazer montes após as suas limpezas. Mas agora está tudo diferente. Nossas famílias estão cada vez mais numerosas. Sabemos que para vocês caçadores, a vida tem sido cada vez mais difícil. – Por mim, vocês nunca serão esquecidos. Nossos jovens desenham as histórias que vocês nos contam de suas jornadas, repletas de aventura nas paredes das montanhas. Um dia, todos nós, aqui reunidos, deixaremos de existir. Mas os seus feitos ficarão marcados para a eternidade. Nossos descendentes viverão em outros lugares. É nosso destino. Apóio o plano de vocês, mas com uma condição. Que apenas um pequeno grupo, formado por quatro pessoas experientes, tente atravessar aquele mar, e chegar até a outra margem. Assim poderão explorá-lo e ao retornar, nos informar de tudo que conseguirem, incluindo da possibilidade da travessia das mulheres e das crianças. Também precisamos saber se o Iêmen Verde é realmente o que nos parece ser. Um lugar com muita fartura. Nesse momento, o pescador Baloi levantou-se e pôsse a disposição. – Evana e membros deste conselho, eu Baloi e meu companheiro Luana temos certeza que sim. É possível atravessar o Mar Vermelho. Apesar de sua água ser muito salgada, sua profundidade não é muita e a flutuabilidade é boa. Até onde fomos, a correnteza não é muito intensa. 59
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Pela discussão, ficava cada vez mais claro que algo de novo precisava ser feito, isso se quisessem mudar sua situação atual de necessidade. Eles não sabiam que a sua região quente, árida, e com o mar muito salgado, estava daquela forma devido ao fenômeno global da glaciação. Que tornava as zonas interiores do continente africano árido, o nível do mar baixo, e por conseqüência, mais salgado. Era por essa razão que os peixes e os animais terrestres se locomoviam para locais mais propícios à sua sobrevivência. Lauana, a representante do conselho se levantou de seu lugar. Todos olharam para ela. Sua aparência segura e altiva, decorrente de sua longa experiência e deu o seu parecer sobre a situação. – Membros deste renomado conselho. Por muito tempo tenho enviado bons homens para caçar no interior. Eu me sinto responsável por eles e pelo esforço que têm empreendido arriscando suas vidas nas regiões áridas. Sim, eu me sinto responsável pelas mães que perderam seus maridos nessas caçadas. Não sei por que no interior tem faltado tanta água, secando as plantas e espantando os animais para além de nosso território. Não posso lhes dizer por que o mar é tão salgado que nem os peixes nele conseguem sobreviver. Não sei o que está ocorrendo, mas sinto que não podemos mais permanecer neste local por muito mais tempo, se quisermos sobreviver. O meu coração se contorce ao pensar em enviar alguém para atravessar o Mar Vermelho até o Iêmen. Tenho em meu interior, a convicção de que aquela imagem verde e forte do Iêmen está esperando por nós. Pela situação da aldeia, a decisão de seguir o caminho das aves até aquela região verdejante além da barreira marítima que os separava era inevitável. Assim, escutando os rumores de sua tribo Lauana continuou sua exposição. 60
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– Não consigo ver uma alternativa. Também tenho sentido na pele a fome de nosso povo. Acredito que chegamos num ponto crucial de nossa jornada. E que se quisermos sobreviver, temos que partir deste lugar. A proposta de Evana, de primeiro enviar um grupo pequeno, eu aceito. Mas agora, depois de refletir muito, só não concordo que seja formado por pessoas experientes como os pescadores. Pois se todos nós, homens, mulheres e crianças, tivermos também que ir, e não somos todos experientes, devemos enviar um grupo misto. Além dos pescadores Baloi e Luana, eu Lauana, como mulher que sou, possa ir junto com eles. Peço também que mais um jovem ou uma jovem de nosso grupo se candidate a ir. Pois se enviarmos apenas pescadores experientes, não haverá como saber das chances reais das mulheres, das crianças e dos jovens na jornada. E não podemos arriscar a vida de todos eles ainda mais. – Sua proposta é drástica Lauana. Disse Romam. Mas você tem razão. – Nossa situação neste local é dramática Romam, e precisamos saber se todos podem ir. Disse Lauana. – Concordo com você. Disse Romam. Quando dizem que o nosso tempo de permanência neste local está chegando ao fim, isso me parece um consenso entre nós. Também não sei por que os céus, porque a Terra e porque o mar nos tem agredido tanto. Gostaria que os caçadores que enviamos rumo ao norte, margeando o Mar Vermelho, nos tivessem trazido boas notícias, mas não. Minha cabeça dói. Esta é uma decisão muito arriscada que tomo. Sei que é a mais importante de minha vida. Sei que levar todo povo para o mar, em direção do Iêmen com todo o seu verde sedutor, é melhor que levá-los deserto adentro, rumando para o norte. E quanto a vocês dois, Mule e Mutê, o que vocês pensam a esse respeito? 61
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– Como você disse Romam, as terras verdes no outro lado do mar, são mais sedutoras do que o deserto que temos enfrentado. Respondeu-lhe Mule. – Eu e meu amigo Mule estamos de acordo. Temos enfrentado o deserto por muito tempo e já perdemos muitos de nossos melhores amigos para o deserto. E pelo que percebemos, o mar nos aguarda. É dele que temos vivido mais e é atravessando ele que sobreviveremos a esta carestia dos tempos. A proposta de Lauana é a mais plausível e é a ela que apoiamos. Não temos outra proposta. Que nossos antepassados nos ajudem nesta travessia. Diz Mutê. A discussão entre os membros do conselho se prolongou até altas horas daquela noite quente e iluminada pela luz da fogueira de lenha trazida dos arredores da aldeia. Uma corrente de ar frio vindo do lado do Iêmen proporcionavalhes uma agradável sensação de frescor. Ao término da reunião, ficou decidido que os pescadores Baloi e Luana, a representante do conselho Lauana e o jovem Leve, deveriam mostrar que seria mesmo possível todos atravessarem aquela barreira de mar que os separava de sua terra cobiçada. Ficou decidido também que eles sairiam logo pela manhã, ou seja, sem nenhum tipo de preparo. Pois seria desta forma que o povo estaria na sua travessia. Logo ao raiar da manhã, toda a tribo se reuniu na praia para ver a partida dos aventureiros. Mal sabiam eles que levariam mais de dez horas para atravessar o mar a pé, enfrentando suas correntezas. Da praia, o povo observava as quatro pessoas caminhando em direção ao Iêmen até que suas silhuetas desapareceram no horizonte. E por mais três dias, o povo esperava ansioso por notícias deles, até que um garoto os viu retornando e saiu correndo em direção a seus pais, gritando e apontando 62
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para o local que os avistava. Todos os quatros conseguiram retornar após quatro dias de viagem. Estavam abertos os portões do Iêmen. Todos da tribo partiram mar adentro, rumo ao Iêmen. Foram homens, mulheres crianças, junto com os materiais que puderam carregar, na que seria uma das maiores jornadas da história da humanidade. Na região do Iêmen, com suas planícies ricas em recursos hídricos, com flora e fauna abundantes, as famílias se multiplicaram e se espalharam pela região com o passar do tempo. Dessa forma a Ásia foi sendo colonizada e como conseqüência à produção de melanina em seus corpos foi diminuindo com o passar dos séculos, pois à medida que eles se afastavam da linha do equador, indo para latitudes maiores, menor a incidência de raios UV e a melanina é o protetor natural contra a ação destes raios. Mc Night termina sua explicação e todos de olhos bem esbugalhados e bem atenciosos se deparam com uma situação bem comovente, uns bem emocionados e outros pensativos. Boyle nesse instante se recuperando da emoção diz. – Rapaz você é mesmo demais!
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MIL ANOS DE INVERNO: 74000 AC Por estas saídas de um local para o outro e em grupos pequenos, significou uma grande diversidade em 80.000 anos, nossos ancestrais já apresentavam diferenças físicas, culturais e sociais em diferentes partes do mundo. Assim 6.000 anos depois o povo sai das praias do Iêmen e chega à Malásia. E fora do alcance dos rigores do Sol super quente da África, os povos começam a ficar mais claros, pois seus corpos têm que se adaptar ao ambiente mais sombrio das Florestas do sul da Ásia. – Mc, quais são os povos mais antigos que existem hoje? Pergunta Boyle. – Segundo o Dr. Estiven são os Semang que vivem na Nova Guiné. – Mc, diz pra eles, como nossos ancestrais conquistaram o restante do continente. Diz Ana. – Bem, após a erupção do Vulcão Koba, por volta de 74000 anos, nossos ancestrais se vêem presos e muitos deles morrem. Mas também vários conseguiram escapar e sair para outras áreas e até atravessar um imenso oceano até chegar na Austrália. – O que? Austrália? Como assim? Pergunta Mag, toda assustada. – Simples Mag, o nível dos mares estava a um nível de 50 metros mais baixo do que hoje. Com isso eles conseguiram, através de jangadas primitivas confeccionadas com pedaços de madeira entrelaçados e alguns remos, atravessar o imenso oceano até chegar ao continente da Austrália. – Nossos ancestrais estavam sofrendo nas praias do Iêmen, pois haviam saído do calor e a seca intensa da África e 65
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chegam à planície verde, florida e cheia de vida do Iêmen, com isso, tudo é diferente, começam a ter novas dificuldades em se adaptar. Ali na planície cada grupinho caminhou para um lado e foram povoar novas áreas, daí então nunca mais se encontraram. – Os grupos foram se diversificando muito com o passar dos anos, mudanças drásticas tomaram conta do nosso povo, mudanças físicas, sociais e culturais, novamente marcam a nova vida dos nossos ancestrais. – O nosso grupo a 10.000 Km da África estavam se situando nas Florestas Tropicais da Ásia, já com a pele mais clara, com a estatura baixa, nossos ancestrais vão mudando muito. Começam a se alimentar de peixes, esquilos, raízes de plantas, folhagens, mudam completamente seus hábitos alimentares, de caça e etc. – Assim eles continuam a experimentar novas aventuras durante suas vivências. Ali nas Florestas eles tinham que conviver em atrito com as cobras Najas e as , Cascavéis que eles iam encontrando pelo caminho. A todo tempo eles se confrontavam com estas serpentes venenosas nas suas caçadas do dia-a-dia, era na verdade o maior problema enfrentado pelos caçadores. Além do perigo das cobras, nossos ancestrais experimentaram a maior aventura de suas vidas. A explosão do Vulcão Koba na Sumatra. – Há 74.000 anos atrás com a explosão do Koba nossos ancestrais se encontram num inferno. Várias explosões, as rochas sendo lançadas a quilômetros de distancia, o fogo tomando conta de toda a floresta, o céu sendo encoberto por uma vasta poeira do vulcão o ar totalmente tomado pelas cinzas e os nossos ancestrais ali, correndo, tentando se proteger. Mas aonde iam eram tomados pela ferocidade do vulcão. Um dos homens daquele povo, Kobacopan gritava pedindo so66
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corro, mas o barulho era tão ensurdecedor que as outras pessoas não o escutavam. As mulheres corriam com as crianças no colo, não sabiam para onde ir se refugiar, pois a cada metro que elas andavam uma bola de fogo caia a sua frente. Todos estavam desorientados, pois nunca tinham vivido uma catástrofe tão grande. Mas mesmo assim, eles não desistiam, pulavam em águas, entravam em cavernas, faziam cabanas com as árvores caídas, enfim, iam se protegendo como podiam. – Com a explosão do Koba o Norte da Malásia, a Índia e o Oriente Médio ficam todos cobertos com uma densa camada de cinzas vulcânicas durante mais ou menos 6 anos, esta cinza ficou alocada numa área muito grande e tinha em média 40 Km de altura, porém, nesta área não era possível a penetração dos raios solares então a vida deixou de existir naquele local por vários anos. Este inferno vulcânico fez com que eles saíssem em busca de novas terras. Eles já haviam passado por tantas dificuldades até então e não desanimaram. Veja para chegar até hoje como nossos ancestrais sofreram. E acha que parou por ai, que nada. – Por estarem naquela região toda coberta pelo inverno vulcânico, eles começaram o 2º grande Êxodo para novas terras. – Mag ainda meio atônita diz para Mc. Meu amigo não foi nada fácil não é. Nossos ancestrais são .... – O quê? Pergunta Ana. – Surpreendentes não sei o que seria de nós se eles tivessem desistido logo no começo de suas jornadas. – Você acha mesmo Mag então vou contar sobre o 2º grande Êxodo. Escuta ai.
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AUSTRÁLIA, SEGUNDO ÊXODO – Mc Night continua. – Neste período, os níveis dos mares se encontravam baixos, cerca de 50 metros, com isso eles embarcaram numa viagem nas águas do Oceano Índico até o desconhecido continente da Austrália. Cerca de 160 Km de mares separam – nos da terra nova, mas 160 Km de pura adrenalina, pois seus barcos eram feitos de madeiras, e cipós, remavam com galhos, com muita dificuldade. Um mar imenso, e pequenos pedaços de madeiras amarrados levando nossos ancestrais a terra nova. – Quando de repente surgem na água vários tubarões que começam atacar as pessoas naquelas madeiras, sem armas como confrontar com esses bichos tão grandes e ferozes. Mulan tem uma idéia. – Acerte o remo neste bicho. Mas sem grandes progressos, nem o machucou. Eis que sai um barco lá de trás e acertar um dos tubarões bem no olho, vibram, comemoram, mas não dura muito, um segundo tubarão o ataca e todos caem em alto mar, uns se afogando, outros se batendo para chegar ao barco novamente, eles todos gritando socorro, quando o tubarão puxa para o fundo do mar, Malisa, uma mulher muito esperta, uma das mais belas do grupo é atacada pelo tubarão, que a abocanha primeiro pelas pernas. E quando ela consegue se soltar, mesmo sem as duas pernas ela bate os braços tentando subir, mas não dá mais tempo, outro tubarão que estava descendo vem logo ao seu encontro e num bote fatal.... Engole a sua cabeça e arrasta todo seu corpo para baixo. 69
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Figura 4: O segundo Êxodo em 74000 AC: da África para a Austrália.
– Malisa era esposa de Quibann, que ainda tenta socorrer sua mulher, mas já é tarde, Quibann chora muito e não quer mais continuar sua viagem, quer se jogar ao mar para os tubarões, mas por sorte os tubarões já teriam indo embora. Quillan seu irmão o puxa para cima do barco e diz a ele: – Até parece que você não sabia que iria acontecer isso com algum de nós, pena que foi com Malisa, olha, poderia ser qualquer um de nós, pode ter certeza que ela será sempre lembrada por nós, pois ela se foi, mas deu a chance de chegarmos a uma nova terra, agora você tem que dar gloria pela sua esposa, ela foi à mulher mais corajosa que eu já conheci, ela morreu para nos salvar. – Obrigado Quillan, mas a vida não tem mais sentido Adeus, seja muito feliz, organize um mundo cheio de riquezas, felicidades e sem violências, pois já estamos cansados de problemas com o nosso povo. – Quibann se atira ao mar e não volta mais. – Assim todo o seu povo, chora pela perda e chega a um consenso que eles não podem desistir jamais, agora principalmente, a vitória deles será a vitória de Quibann e Malisa. Todos chorando e tristes quando de repente avistam o continente desconhecido. Nossos ancestrais chegam ao litoral australiano e se reverenciam e encontram um continente vazio e 70
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pronto para ser explorado. Encontram uma terra de animais grandes, que atualmente já não existe mais, como Aves que não voam, e o canguru com mais de 3 metros de altura. – Entretanto durante muitos anos nossos ancestrais tomaram conta do continente australiano, dando forma, cultura e estilo a esse pedaço de terra. Com características próprias nossos ancestrais deram formações aos povos Aborígines Australianos que conhecemos atualmente. – Finalizo por aqui minhas considerações espero ter dado uma idéia a vocês do que teria ocorrido com nossos ancestrais. Mas podem ter certeza que não acaba por aqui não. Sobre todos os assustados, ainda pairava um silêncio na roda entre eles a beira da fogueira.
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A JORNADA DO HERÓI DO LÍBANO NO ORIENTE MÉDIO: 44000 AC Testes genéticos com o DNA mitocondrial comprovam que os europeus vêm de uma única linhagem que saiu da África pelo Iêmen seguindo pelo Mediterrâneo, atravessando a atual Turquia e os Bálcãs a cerca de cinqüenta mil anos. Isso fez com que o continente europeu fosse colonizado pelos descendentes de nossa Eva genética. Muito tempo após a Ásia e a Austrália. O grande deserto da Arábia e da Síria formou uma barreira praticamente intransponível por milhares de anos.
Legenda: Figura 5: A colonização da Europa em 44000 AC
Segundo registros arqueológicos, o clima da região do crescente fértil começou a melhorar a cinqüenta mil anos. As chuvas e monções começaram a se intensificar no Golfo Pérsico, na Síria, na Arábia e na Índia. Formaram-se reservatórios de água entre os rios Tigre e Eufrates. A caça seguia cada vez mais rumo ao norte, levando consigo os caçadores. Como conseqüência dessa melhora do clima, a situação do povo melhorou ainda mais. A região da Mesopotâmia era 73
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como que um paraíso com muita água, fartura de comida e de plantas. A população se multiplicou, colonizando a região entre os rios Tigre e Eufrates, expandindo-se até as planícies do Líbano. Com mais cabeças pensando nas questões do cotidiano, houve um avanço na tecnologia. As armas se tornaram mais leves e mais eficazes nas caçadas, esculturas feitas de pedra eram mais comuns. Alguns grupos passaram a cultivar a terra, fixandose em regiões de melhores condições, que com o passar do tempo se tornariam nas primeiras cidades. As crianças podiam brincar ao lado dos rios e dos lagos de água cristalina da região. Podiam também pescar mais facilmente nos riachos de leito rochoso. Outras com idades em torno dos doze anos treinavam com suas lanças para serem bons caçadores no futuro. O ano é quarenta e quatro mil antes de Cristo. A região entre os rios Tigre e Eufrates se desenvolve a cada dia que passa, impulsionado pelo trabalho constante dos caçadores e dos coletores. Com a abundância de alimentos e das melhores condições do meio ambiente em que se localizavam, a vida cultural e artística teve inevitavelmente um aumento considerável. Os artesãos em maior número e de posse de mais recursos, tanto minerais quanto vegetais e animais, tinham mais possibilidades para confeccionar armas mais leves e eficientes, tornando assim o trabalho dos caçadores mais eficiente. Os caçadores eram os astros daquela época. Eram vistos como verdadeiros heróis. Quando retornavam de suas jornadas, traziam consigo as histórias de suas aventuras. As suas lutas ferozes com os grandes animais eram contadas nas 74
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rodas de fogo ao raiar da noite, e os mais jovens ficavam impressionados, ainda mais com as pinturas que faziam nas paredes das cavernas em que moravam. Eram desenhos daqueles homens pequeninos, empunhando suas lanças ao enfrentar aquelas feras enormes e armadas com chifres grandes. Naquela época, até mesmo os tigres de sabre não ousavam atacar aqueles homens. Estas histórias incentivavam as crianças e os jovens para a mesma prática. Eles eram um modelo para eles, o que a maioria queria ser. O período da manhã era esperado por muitos garotos, que iniciavam seus treinamentos na arte da caça e da coleta. Os caçadores mais velhos ensinavam sempre para os mais jovens nesta arte. – Para você conseguir capturar um animal maior e mais veloz que você. Braços fortes e pernas rápidas não contam muito. Dizia o velho Samir. – Conheça o animal, aprenda seus hábitos, seu comportamento, saiba como ele vive. Veja um animal grande e veloz como sendo muitos e suculosos bifes correndo rapidamente para a sua boa e velha armadilha.
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A JORNADA DE LIBANO A pequena aldeia de Mens não tinha mais que duzentos e cinqüenta pessoas. A maioria utilizava as cavernas como sua moradia. Ela se localizava nas montanhas baixas, desprovidas de árvores, que lhes proporcionava maior segurança contra os predadores ferozes como os tigres de sabre e os ursos. Um riacho passava ao longo da aldeia, ele era povoado por poucos peixes e servia como um ponto de referência da aldeia naquela região. Algumas crianças corriam com suas lanças na mão para a parte de cima da montanha. De lá se avistava boa parte da planície de Mens. – Lá! Gritou o pequeno Lib, apontando seu dedo indicador da mão direita em direção à planície. – Estou vendo! Disse Art. Estão chegando. Do topo da montanha, os garotos Lib, Art, Laod e a pequena Moni, avistaram o grupo de Mens chegando da caçada. Load era irmão de Moni, Lib e Art eram primos. – Samir! Samir! Saíram eles correndo, descendo a montanha e gritando para o seu velho treinador. Samir! Eles chegaram! O Samir lá embaixo nem os escutara direito devido à distância que os separava. – Esperem por mim! Gritou a pequena Moni, por ter ficado mais para traz. – Vem Moni! Disse Laod para sua irmãzinha.Voltandose para ela com um enorme ar de felicidade, estampado em sua face. 77
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Todos eles desceram a montanha correndo em direção de seus pais e de seu mestre Samir. Loeb, que era o líder de Mens e ancião, ao escutar as crianças, saiu de sua caverna com um ar altivo segurando sua lança com a mão direita. Ele estava vestido com uma belíssima pele de tigre dente de sabre. Atrás dele, toda a aldeia, com os artesãos, as lideranças, as mulheres e as crianças. Esperavam com júbilo pelos que retornavam para suas famílias. – Serei um grande caçador. Disse Art para Laod e Lib. A visão que Art tinha dos homens chegando com mantimentos para a tribo, fazia seus olhos brilharem. Ele sabia que também seria como eles. – Você terá que se esforçar mais, se quiser ser melhor do que eu. Retrucou Lib. Pois ele era sempre um dos primeiros da turma de Samir. – O Samir disse que eu enxergo mais longe. Disse Laod. Fixando o seu olhar em seu tio Lob que estava chegando. Todos estavam felizes com os seus colegas. – Pode ser, mas quem foi que os avistou primeiro heim? Perguntou Lib para Laod, o qual nem se importou em responder tal questão. Durante a noite, a festa foi muito animada. As pessoas se pintavam, dançavam e cantavam de tanta felicidade. Pela manhã, o grupo de Lib saiu com outros grupos de meninos para o treinamento com o mestre Samir. – Hoje quero testar as habilidades de vocês. Disse-lhes Samir. Quero que se dividam em grupos de dois, para participarem desta atividade. Samir levou-os para uma grande área, onde uma parte era alagada, terreno pantanoso mesmo, formado com árvores, plantas aquáticas e poucos animais. A outra parte era formada pela continuação da mata num terreno mais elevado. O 78
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solo era forrado por uma grande quantidade de matéria orgânica, como folhas secas e galhos velhos. – Eu deixei na região pantanosa dez pedaços de pele sem pelos. Elas são de bovino e possuem o símbolo de caçador, como esta que lhes mostro. E na região mais seca e mais alta, deixei mais dez pedaços de pele pintada de marrom com pelos como esta. O objetivo de cada dupla é trazer para mim duas destas peles de cada região. Cada pele está guardada por um monitor. Quando vocês a acharem, um deve se esconder numa região entorno da pele de até trinta metros do monitor e contar até trezentos antes de ir pegar sua pele. Enquanto isso, o outro deverá localizar o integrante do outro grupo que estiver escondido. Sendo localizado antes de sua contagem de trezentos, você deve procurar outra pele. E assim foram eles correndo mata adentro em busca de suas peles. Art e Lib foram juntos. E não demorou muito para encontrarem seu primeiro prêmio. Enquanto Art contava o tempo ao lado da pele e do monitor, Lib foi se esconder numa moita sob a água a uns trinta metros de distância. E ficou torcendo para que ninguém o encontrasse. Nesse tempo, chegou outro grupo. Um dos meninos ficou ao lado de Art e do monitor enquanto que o outro passou a procurar por Lib para tirá-lo da jogada e assim poder se camuflar durante o seu tempo para conquistar a pele. O menino procurou por Lib encima das árvores, dentro da água, entre as folhagens, mas não encontrou Lib dentro de seu tempo e assim Lib saiu de seu esconderijo gritando e foi correndo para junto de Art. E dessa forma, ambos pegaram seu primeiro troféu e os dois grupos foram em direções diferentes buscar pelo seu objetivo. No pântano, Art e Lib conseguiram sua segunda pele com dificuldade, pois foram os segundos a encontrarem a pele, e dessa forma, primeiro Lib teve que localizar seu adversário 79
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escondido. O garoto estava debaixo de um tronco de árvore semi-submerso, entre folhas e galhos. Este e seu colega tiveram que procurar por outra pele, enquanto Art conseguiu se camuflar também dentro da água, não sendo encontrado por ninguém. A esta altura, o Sol já começava a aquecer toda a região, e eles partiram para a parte mais alta e seca da mata em busca de seus dois últimos alvos. Sem a água, era mais difícil para quem se escondia e mais fácil para quem procurava. Mas mesmo assim, utilizando-se das situações que encontravam, Art e Lib conseguiram se camuflar na natureza, escapando de seus perseguidores e conseguindo suas quatro peles. Eles retornavam contentes correndo com suas lanças na mão para seu treinador Samir, quando Lib, tropeçou num galho e caiu batendo a sua cabeça numa pedra. Ele fora levado para a aldeia, mas acabou morrendo, para a tristeza de todos. – Ele era meu melhor amigo. Disse Art. Sua mãe, seu pai e seus parentes, todos choraram pela sua perda. Lib foi enterrado em sua caverna predileta, junto com alguns objetos seus. Ele tinha doze anos quando morreu. Tinha todo um futuro pela frente. Milhares de anos depois de sua morte, em 1929, seu corpo foi achado por uma equipe de arqueólogos em sua caverna e datado como o humano moderno mais antigo já encontrado. Seu achado foi o elo que faltava na história da colonização da Ásia e da Europa pelos africanos.
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FRAN NA TRILHA DOS BISÕES DESGARRADOS EUROPEUS
O local em que se passa a história é o vale do Neander, região da atual Alemanha. O clima é de frio intenso com muita neve. O ambiente é formado por uma floresta meio aberta e biologicamente diversificado, com alguns cursos de água. O grupo de Crom era formado por: Fran, trilha; Russo, líder; Sole, trilha; Frota, armas e artesão; Gaio, trilha e Mona, trilha. O grupo de Crom contorna a planície a fim de preparar armadilhas para capturar animais e levá-los para sua tribo. O grupo de caçadores está percorrendo o vale em busca de pistas para caça. Todos bem preparados com roupas de pele de urso e equipamentos para caçar como lanças com pontas de pedra lascada, e machados com lâminas de pedra afiada para cortes. Fran e Sole buscam por pistas na neve. – Fran, esta neve que cai apaga muito rápido as pegadas que estamos procurando. – Aqui está você. Disse-lhe Fran, abaixando e apontando com a ponta de sua lança para um galho coberto de neve. Veja estes galhos amassados. – É, o que será que passou por aqui Fran? Perguntou Sole. – Pelo estado dos galhos e da quantidade da neve, estimo que isso foi feito a umas três horas. Os dois reviram a neve do solo e encontram os arbustos pisoteados e comidos. Mais adiante encontram os excrementos. 81
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– São bisões Fran. Disse Sole. – Sim. Respondeu Fran. E seguem para o leste. Os dois caçadores perceberam que alguns bisões, rumavam para o leste, tendo passado por ali a algumas horas. Os outros quatro amigos os acompanham. – Vamos atrás deles. Disse Russo. Bom trabalho. – Eles devem contornar aquele morro. Disse Mona, apontando alguns morros distantes deles, cerca de sete quilômetros. – Podemos interceptá-los se formos numa linha reta e atravessarmos aquela mata. Disse Gaio, apontando sua lança para uma região arborizada, contornada pelos morros, na direção dos animais. – Então vamos. Disse Russo. Podemos alcançá-los em três horas. O grupo de Crom vai à busca dos bisões, numa jornada que os irá surpreender no final. Três horas de travessia, passadas largas e rápidas e enfim conseguem se postar à frente do caminho dos bisões e preparam a armadilha. Enquanto esperam escondidos atrás das árvores, Mona vê os animais chegando pelo lado do morro. Sua pelagem marrom contrasta com a brancura da neve que cobre o solo e as árvores. – A neve! Sussurrou Mona para Russo. Ali em frente, cerca de seiscentos metros de distancia, naquele morrinho. Moveu-se! – É. Respondeu Russo. É um caçador! Permaneçam em seus lugares. Algum bisão deve sobrar para nós. Assim que os animais começam a passar por aquele morrinho, aqueles dois caçadores do outro grupo se lançam sobre uma das feras com suas lanças. Apenas conseguem ferir uma delas. 82
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Um dos homens se feriu, sendo pisado por um dos bisões. – Que burros! Sussurrou Frota. Enfrentar a manada de frente. – Silêncio! Disse Gaio. Lá vêm eles. – Vamos tentar pegar aquele já ferido. Disse-lhes Russo. O grupo de Crom estava bem camuflado atrás das árvores. Os animais passavam perto deles sem serem percebidos. E assim que aquele já ferido chegou ao alcance deles, todos atiraram suas lanças nele. O animal não teve outra chance. O grupo espera a manada passar, depois se encaminha para a sua presa e ficam próximos aos dois caçadores desastrados. Os dois grupos se observam a uns cem metros de distância um do outro e vêem suas diferenças. – Não são dos nossos. Disse Russo. São mais baixos. Os dois caçadores olham para o grupo de Crom, surpreendidos com a técnica utilizada por eles e pela sua fisionomia. Tomam suas lanças e retornam, desaparecendo por entre as árvores. Os dois caçadores que desapareceram floresta adentro eram os neandertais, que chegaram até a Europa entre 250 mil e 500 mil anos AC. No DNA do homem moderno não há nenhum vestígio do DNA do homem de neandertal, evidenciando que se eles se cruzaram com os humanos modernos, sua linhagem se perdeu no passado, ou que eles nunca tenham se cruzado com os humanos modernos. O que se sabe é que os humanos modernos e os neandertais conviveram por dez mil anos na Europa após o seu primeiro contato. Depois deste tempo os neandertais haviam se extinguido completamente, apesar de sua estrutura física ser bem mais preparada para os rigores do clima do que seus novos vizinhos, que eram mais organizados, possuindo uma estrutura tecnológica mais diversificada.
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A CONQUISTA DA AMÉRICA
No dia seguinte, após a coleta das amostras de saliva dos moradores do povoado, o doutor Quest reúne sua equipe. – Doutor Mc Night, disse ele. A doutora Keiko nos comunicou nesta manhã, via rádio, que está precisando de mais alguns suprimentos. Sua caixa de ferramentas número sete e cinco litros de óleo diesel. – E em que local ela está? Perguntou Mc. – Ela está na face sul do monte Snowdon, com seu assistente Dick. – A quatro quilômetros daqui. Disse-lhe Mc. Vou levar a Ana e o Benson comigo. Ele então reuniu sua equipe para auxiliar a arqueóloga. – Por quê ela ou seu assistente não vem buscar seu equipamento, se estão tão perto daqui? Perguntou Ana para Mc. – Não sei por quê, Ana. Mas não custa nada fazermos uma visita para ela. Pelo que sei, eles passaram a noite no sítio arqueológico. E começou a nevar a noite passada. Mc Night formou a equipe de ajuda para a doutora Keiko com o Benson e a Ana. Eles levaram a caixa de ferramentas seguindo em direção à montanha. O caminho era muito acidentado, com rochas aflorando sob a neve. É uma região muito bonita para se ver, com muitas montanhas na cordilheira Tryfan, com o pico de Snowdon se destacando com seus mil cento e treze metros de altura. Homens pré-históricos, antigos Celtas e romanos deixaram suas marcas no Parque Nacional de Snowdonia. 85
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No meio da montanha, eles se encontraram com Dick, na segunda base montada por ele para funcionamento da rede de comunicação. Deste ponto, eles partiram para o local de pesquisa da doutora Keiko. Encontraram-na dentro de uma caverna coletando amostras junto com um colaborador. Sua entrada estava sendo protegida do vento e da neve por uma lona azul. – Olá Keiko! – Disse-lhe Mc Night. Esta é Ana e este é o Benson. – Tudo bem doutor Night! Um prazer em poder revêlo. Vejo que trouxe o combustível para o nosso pequeno gerador de energia. Já estávamos quase sem energia para iluminação e aquecimento. – Está fazendo muito frio, vocês não estão sentindo? Perguntou-lhes Ana. – Você se acostuma. Respondeu-lhe Benson. Ela é do Brasil e deve estar se sentindo como um peixe fora d’ água. Durante o diálogo que se iniciou entre eles, Ana pode falar para a doutora Keiko sobre o fato de sua bisavó ter sido índia no Brasil e a descendência asiática de Keiko. Puderam falar sobre os vários estudos envolvendo a variabilidade de genes dos ameríndios do Novo Continente, mostrando que toda a linhagem de DNA mitocondrial destes povos ameríndios é encontrada na Ásia. Ou seja, de como os primeiros americanos, entre vinte mil e vinte e cinco mil anos atrás, cruzaram o estreito de Bering, vindos da Sibéria e da China e colonizaram o Continente Americano. Graças à glaciação que ocorreu há vinte e cinco mil anos formaram-se pontes de gelo entre a Ásia e a América. Dessa forma, os ameríndios descendem dos asiáticos como os Chineses. 86
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Figura 6: A conquista da América em 25000 AC.
– E esse vento que está aumentando? Perguntou Ana. A sensação de frio só aumenta! Bem que poderiam reforçar um pouco mais a proteção da entrada desta caverna. – Não se preocupe Ana. Estamos acostumados com a neve. – respondeu-lhe Mc Night. E então Keiko! Não queremos interromper o trabalho de vocês. Estão precisando de mais alguma coisa? – Não, senhor Night. Respondeu-lhe Keiko. Agradeço muito pela colaboração de vocês. Vejam só estes artefatos que encontramos. Estes ornamentos são os mais recentes e creio que sejam dos Celtas. E aquelas pontas de pedra lascada! Tivemos que escavar mais, e com cuidado. Queria levar este material ainda hoje para a cidade. Encontramos mais objetos do que esperávamos. E se fôssemos buscar mais material para separar e identificá-los, não terminaríamos hoje. Estou muito grata pela colaboração de vocês. – Você está trabalhando muito. Disse-lhe Benson. Deveria parar um pouco. – Assim que este material for levado ao laboratório para serem coletados o nível de carbono quatorze, poderá datar estes artefatos com uma boa precisão. Assim, ficará mais fácil traçar a rota da jornada dos britânicos nesta região. Depois poderei descansar um pouco. 87
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Hoje sabemos quem somos, de onde viemos e que compartilhamos a mesma herança genética de uma mulher, que foi chamada de “Eva” ancestral.
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Benedito Peixoto, Bacharel e Licenciado em Física pela UFSCar, Mestre em Física de Partículas e Teoria de Campos pela FEG-UNESP, Professor de Educação Básica (PEBII) da rede pública de SP, EE Manuel Cabral, escritor, membro do SETI@home e do The Plametary Society. Prof. Deivid Francisco da Silva Professor de Geografia da escola IDESA Taubaté, BACHAREL E LICENCIADO EM GEOGRAFIA pela UNITAU.
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