S O LU Ç Õ ES IN O V A D O R A S
Vidros de segurança ANDRÉ DELFINO AZEVEDO é pesquisador do IPT, engenheiro civil, graduado na Poli-USP, desenvolve trabalhos na área de sistemas construtivos
ANDRÉ LUIZ GONÇALVES SCABBIA é pesquisador do IPT e doutorado pela EESC/ USP, atua na linha de pesquisa relacionada à segurança ao fogo Envie seus comentários, críticas, perguntas e sugestões de temas para esta coluna:
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A utilização de fachadas com vidros de segurança recrudesceu nos últimos anos, em razão da crescente utilização de fachadas envidraçadas e da necessidade de proteção a eventos de vandalismo e invasão, com uso de armas de fogo, em locais como guaritas, joalherias, bilheterias e casas lotéricas. Qualquer tipo de ação direcionada à fachada ou agente que a deteriore afeta tanto as placas de vidro como todos os outros componentes que integram o sistema de vedação. Assim, ao se falar em fachadas com vidro de segurança, aborda-se o vidro e suas interações com os outros componentes. Os vidros de segurança nas fachadas não visam tanto atender os requisitos de desempenho estrutural (cargas de vento e impactos, por exemplo), como as premissas referentes ao uso e operação, específicas para cada edificação. Neste contexto devem ser avaliados os riscos referentes às ações como: tentativa de intrusão, armas de fogo, impacto de veículos, explosões ou vandalismos generalizado. Portanto, o tipo de edificação, o entorno, os índices de criminalidade, o acesso, o fator econômico e o uso são fatores de risco que devem ser avaliados nos projetos das fachadas, principalmente nos aspectos de desempenho estrutural e segurança no uso e operação. Critérios de segurança O vidro é de segurança quando sua tecnologia de fabricação ou montagem permite reduzir a probabilidade de acidentes por choques ou deformações. O vidro temperado, por exemplo, é aplicado em portas e vitrinas de lojas, bancos, assim como no mercado automotivo, pois estilhaça em centenas de pequenos pedaços não pontiagudos ou lascas que poderiam machucar. Há também os vidros multilaminados e os aramados. O primeiro é uma união de vidros, realizada em sua fabrica-
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/ julho 2013
Invasão de agência bancária pela fachada envidraçada
ção, onde são utilizadas duas ou mais lâminas de vidro intercaladas por uma ou mais camadas de Polivinil Butiral (PVB) ou resina. Já o vidro aramado possui em seu interior uma malha quadriculada de arame de aço que mantém sua integridade física após a quebra. Os vidros comercialmente chamados de antivandalismo ou blindados são vidros multilaminados, sendo que a sua composição varia em função da aplicação e nível de proteção solicitada. A fachada com vidros de segurança é composta de esquadrias, guarnições, selantes e dispositivos de fixação. Esses componentes também devem ser dimensionados de modo compatível às exigências das fachadas. Ao se adotar um vidro multilaminado, blindado, as esquadrias não podem, por exemplo, ser de alumínio comum, ou apresentar estruturas suportes (tipo aranha) que possuem pequena resistência a impactos. As normas nacionais de vidros de segurança abordam principalmente requisitos e métodos de avaliação relativos à segurança estrutural. A norma ABNT NBR 7199: 1989 – Projeto, Execução e Aplicações de Vidro na Construção Civil – determina as condições a serem obedecidas no projeto de envidraçamento, orientando dimensionamento da espessura do vidro em função do tipo de vidro e sua localização na edificação. Entretanto, há duas normas (ABNT NBR
15000:2005 e ABNT NBR NM 298:2000) que avaliam a resistência dos vidros quanto a impactos de armas de fogo, seres humanos e objetos. Duas normas estrangeiras foram selecionadas para contribuir com a avaliação dos vidros com relação aos aspectos de segurança do usuário (BS EM 356:2000 e BS EN 1063:2000), particularmente quanto à resistência a impactos de ferramenta manual e de armas de fogo. Os critérios e métodos de ensaio dessas normas estão em tabela disponível em http:// www.sindusconsp.com.br/downloads/tabela_artigo_si_ed_124.pdf.
Acima, cobertura com estrutura metálicas e vidros do Museu Britânico, em Londres (esq.); escada em vidro laminado da Apple Store, na Holanda (dir.). Abaixo, detalhe do vidro laminado do degrau da Apple Store; mais abaixo, cabines blindadas do Estádio Wembley, em Londres
Considerações finais A avaliação técnica de fachadas com vidro de segurança deve levar em conta todos os componentes e não só o vidro. No caso dessas fachadas envidraçadas, também devem ser abordados: estrutura suporte dos vidros (perfis guias e montantes metálicos - esquadrias), dispositivos de fixação (parafusos, presilhas, chumbadores), elementos de isolamento, como gaxetas e calços, materiais de vedação, entre outros. Todos os métodos de ensaios para vidro descritos são aplicados em corpos de prova de pequenas dimensões. Entretanto, não se tem certeza se é possível extrapolar tais resultados de ensaio para vidros de grandes dimensões e, portanto, avaliações e métodos de ensaio específicos devem ser criados e testados a fim de garantir o uso destes sistemas de fachadas com a segurança devida.
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