Yoga: confiança e auto-estima para crianças Exercícios de respiração e concentração ajudam os mais novos a crescer com os outros, a lidar com medos e a enfrentar pressões do dia-a-dia. Corpo e mente em harmonia para aprendizagens saudáveis. Pode começar-se pouco depois do nascimento. As técnicas de ioga são flexíveis e adaptam-se às características das diversas faixas etárias. Um bebé com mais de seis semanas pode participar numa aula e com três anos já pode praticar sem os pais por perto. "A prática regular de exercícios físicos, de uma forma estruturada, ajuda as crianças a crescerem mais confiantes e conscientes de si e de tudo o que as rodeia. Aumenta a auto-estima e a autoconfiança, promove experiências de sucesso porque potencia a capacidade de focalização e a rapidez de raciocínio", explica Evelyne Praxl, directora da Escola de Ioga para Crianças da Foz, no Porto. Há vantagens a destacar. "A prática do ioga ajuda a contrabalançar o tempo que as crianças estão em salas de aula que condicionam o seu movimento, influenciando e comprometendo diversos desenvolvimentos cognitivos". Evelyne Praxl enumera os benefícios: encoraja a auto-estima; aumenta a força, flexibilidade e coordenação; melhora a postura corporal; desenvolve a capacidade de concentração, de autoconhecimento e relaxamento. "O objectivo é canalizar a energia infantil para o desenvolvimento equilibrado do seu corpo e da sua mente, sem forçar, somente incentivando a criança - ou jovem - a expandir a sua criatividade inata, estimulando a transformação interior, individual", sublinha. Aumentar a capacidade de resposta de crianças e jovens às pressões do dia-a-dia. As aulas de ioga são preparadas tendo em conta as idades. "E são apresentadas de forma lúdica, usando uma didáctica descontraída que fala directamente à sensibilidade das crianças", refere Evelyne Praxl, enfermeira de formação que hoje se dedica exclusivamente à prática e ensino do ioga. "As técnicas são ensinadas usando os jogos cooperativos, que harmonizam as capacidades cognitivas, motrizes, afectivas e sociais". E através de histórias. "Usando histórias, trabalham os ásanas (posturas físicas) e mudrás (gestos feitos com as mãos) - incorporando as suas qualidades psíquicas (forte como um leão, corajoso como um guerreiro, firme como uma árvore) -, as pránáyámas (exercícios respiratórios e de expansão da energia biológica)." Evelyne Praxl acrescenta: "A respiração tem um importante papel nos efeitos profundos do Yoga. Se a dominarmos e aplicarmos de uma forma consciente saberemos relaxar e lidar com os medos e pressões do quotidiano." Através das histórias ensinam-se valores éticos e comportamentais. Clara Fernandes, que também ensina Ioga, considera que há benefícios para os mais pequenos. Melhoria da auto-estima, da concentração, "aceitando os seus limites e também desafios, melhoria da coordenação motora, explorando as capacidades físicas e mentais". "Ou seja, ajuda as crianças a serem mais felizes e a sentirem que isso depende delas." Com reflexos no aprender. "A criança aprende a conhecer-se melhor, aceitando-se melhor, aprendendo a ter auto-estima, sendo verdadeira consigo mesma, aprendendo a concentrar-se, a controlar-se, a relaxar. Aprecia melhor a vida, os outros, a natureza e isso vai torná-la uma pessoa mais feliz, mais disposta a aprender, mais correcta consigo e com os outros", realça.
Ioga na sala de aula Tecnicamente falando, o Ioga para crianças não difere do praticado pelos adultos. O que muda é a linguagem de uma prática multissensorial que reúne toque, movimento, som e contacto físico na mesma actividade. Marisa Ferreira, que ensina Ioga, recorre a frases construídas pela escola onde dá aulas para explicar a importância dessa prática junto dos mais novos. "Num mundo cada vez mais competitivo e dinâmico os jovens sofrem, diariamente, as mais diversas influências. Estão sujeitos a estimulações excessivas que contribuem para o aumento da ansiedade e da dispersão, afectando a saúde, o bem-estar, a confiança e a interacção com os outros". Ioga para crescer com os outros e para encarar as adversidades do quotidiano. O ioga já chegou às salas de aulas. O RYE - Recherche Sur le Yoga Dans L'Éducation (Pesquisa sobre o Ioga na Educação), criado em França em 1978, chegou a Portugal há sensivelmente dois anos. São os professores de várias disciplinas e níveis de ensino que solicitam a formação para depois usarem os exercícios absorvidos com vários objectivos. Relaxar, concentrar, melhorar a qualidade da aprendizagem. As técnicas de respiração e concentração do Ioga são aqui bastante valorizadas. "Em pequenos momentos, em que os miúdos estão mais agitados, os professores aplicam uma técnica que conhecem para acalmar as crianças", adianta Maria Teresa Mésseder, que implementou o RYE em Portugal. As sessões sucedem-se, há formadores estrangeiros convidados para ensinar professores e a adesão começa a crescer devagarinho. A responsável não tem dúvidas de que o RYE traz melhorias dentro das salas de aula. "Ao nível da concentração, há exercícios específicos e técnicas muito engraçadas que os alunos gostam de fazer." Como pintar uma mandala ou olhar para o centro de uma flor de um desenho e deslocar o olhar para outros sítios.· Técnicas de bem-estar dentro da sala de aula: espevitar os alunos quando estão adormecidos, relaxar quando estão demasiado agitados. É preciso aprender a respirar. Os estudantes podem colocar vários pontos de interrogação antes de perceberem o que o Ioga faz no ensino, mas a resistência dura pouco tempo. "Os alunos sentem-se bem e até pedem mais exercícios aos professores." "Se estão muito cansados e precisam de um momento de descanso, alguns exercícios de relaxamento são suficientes para se sentirem bem", sustenta Teresa Messeder.
2