World Future Society 2008

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  • Pages: 41
www.cgee.org.br 

BRASÍLIA, AGOSTO DE 2008

CIRCULAÇÃO RESTRITA

Centro de Gestão e Estudos Estratégicos

, Sala 1102 e 1103, Brasília, DF

SCN Quadra 2, Bloco A, Ed. Corporate Financial Center

UM NOVO OLHAR PARA O FUTURO Novidades sobre a Conferência Anual da World Future Society, Washington, DC, 25 a 30 de julho de 2008

Edição, redação, diagramação e fotos: Nathália Kneipp, Analista em Ciência e Tecnologia (CGEE)

CGEE e I4I apresentam resultado de parceria Marcio  Miranda,  diretor‐ executivo  do  CGEE,  e  Howard  Rasheed, fundador e presidente  do  Institute  for  Innovation  (I4I)  (Åfoto), apresentaram na Con‐ ferência  Anual da  World  Future  Society  (WFS)  a  inter‐relação  entre  os  trabalhos  desenvolvi‐ dos por ambas as instituições. O  método  intitulado  “seis  etapas  para  a  genialidade  coletiva”  começa a ser testado em alguns  estudos  do  Centro,  com  desta‐ que  para  o  estudo  prospectivo  sobre  novos  materiais  (pág.  15 ). 

Pré-conferência inclui oficinas temáticas Um conjunto de oficinas temáticas antece‐ deu  a  Conferência.  Entre  muitas  opções,  destacou‐se  o  curso  ministrado  por  Peter  Bishop  (fotoÆ), professor  da  Universidade  de  Houston,  Texas.  Bishop  organizou  um  programa  introdutório  sobre  Estudos  do  Futuro. Já o inglês Adam Gordon, do Future  Studio  do  Reino  Unido,  apresentou  técni‐ cas para a construção e utilização de cená‐ rios (págs. 2 a 7). 

Lançado  durante  a  Con‐ ferência,  o  livro  “Seeing  the Future Through New  Eyes”  apresenta  uma  coletânea  de  32  contri‐ buições,  divididas  em  quatro  temas  principais:  perspectivas  e  prospec‐ tivas;  ferramentas  e  aplicações;  problemas  e  oportunidades;  inspira‐ ção e ação: avançar. Leia  um  breve  enunciado  sobre  os  artigos  nas  págs. 8 a 11. 

Washington, estação de poesia e cores Passear em um dia de verão em Washington, DC, é  encontrar os versos do autor de “Leaves of Grass”,  Walt Whitman ― que viveu nessa cidade a partir de  1832  ―,  na  parede  da  estação  de  metrô  Dupont  Circle. Além do passeio tradicional, vale apreciar as  cores  dos  muitos  jardins  e  a  diversidade  dos  mu‐ seus,  especialmente  o  Smithsonian.  Arquitetura  arrojada,  com  muitas  surpresas  pelo  caminho.  Be‐ lezas  que  fazem  do  turismo  uma  das  principais  atividades econômicas da cidade. Imagens ― págs.  31  a 41. 

“The violet and purple morn with just‐felt breezes,     The gentle soft‐born measureless light,     The miracle spreading bathing all, the fulfill'd noon,     The coming eve delicious, the welcome night and the  stars,     Over my cities shining all, enveloping man and land.”   “Lilacs”,  de Walt Whitman  Trecho do poema escrito, supostamente , logo após o  assassinato de Abraham Lincoln, em 1865. 

Pré-conferência

Introdução ao estudo do futuro



A  dinâmica  de  grupo  proposta,  por  Peter  Bishop,  como  primeira  tarefa  aos  participantes  do  curso  “Introdução aos estudos sobre o futu‐ ro”  foi,  em  si,  um  exercício  demons‐ trativo sobre a primeira etapa de qual‐ quer  estudo  prospectivo:  a  coleta  de  dados. 

Peter Bishop, professor da Universidade  de Houston, Texas, que tem cursos de  graduação e pós‐graduação  em  “Studies of the Future“.  

Você pensa como um futurista? Faça o teste de “QI do Futurista”, elabo‐ rado por Peter Bishop:  1.  Existe um futuro ou vários futuros?  (a)  Um    (b)   Vários    2. O futuro  já  está  determinado?  (a)  Sim    (b)   Não    3. Podemos  conhecer  o  futuro?  (a)  Sim    (b)   Não    4. Qual fonte de mudança tem o maior  impacto no nosso futuro?   (a)Forças  globais  e  sociais  em  grande  escala  e  sobre  as  quais  não  temos  con‐ trole.  (b) Nossos  próprios  esforços  para  criar  um futuro para nós e para os outros.  (c)  Ambos,  em  proporções  relativamen‐ te iguais.  (d) Alguma outra fonte de mudança.    5. Como o futuro geralmente muda?   (a) Em  etapas  lentas,  incrementais,  no  decorrer de um longo período de tempo.  (b) De repente, em grandes saltos.  (c)  Ambos,  em  proporções  relativamen‐ te iguais.    6. Qual é a melhor imagem do futuro?  (a)  Um jogo de dados.  (b) Um riacho que corre rápido.  (c)  Uma pessoa, escrevendo um poema.  (d) O delta de um rio.   

Bishop solicitou aos participantes que  usassem o número de pessoas na sala  como uma escala para se autoclassifi‐ car, nesse caso, de  1  a 47, ao  respon‐ der  às  seguintes  questões:  de  onde  vinham,  por  quanto  tempo  permane‐ ciam  no  mesmo  emprego  e  em  que  domínio  atuavam,  sendo  engenharia  e matemática as áreas mais próximas  do número 1 e as literaturas e as artes,  as que mais se aproximavam do 47.   Feito  isso,  houve  a  coleta  dos  dados  por  parte  dos  participantes,  em  que  cada  qual  esteve  “classificado”  em  comparação  aos demais. Esses dados  levaram  a  suposições  (assumptions)  e  7. Qual é o maior horizonte de tempo que  se pode prever?  (a)  1 a 2 anos  (b) 3 a 5 anos  (c) 5 a 10 anos  (d) 10 a 25 anos  (e) Mais de 25 anos    8. Qual é a melhor opção para se compre‐ ender o futuro de longo prazo?   (a)  Previsões claras e únicas.  (b) Múltiplos futuros possíveis.  (c) Nenhuma das alternativas.  (d) Ambas as alternativas.    9. Qual é a característica mais importante  de uma boa previsão?  (a)  Acurácia  (b) Precisão  (c) Utilidade  (d) Clareza    10. O que mais influencia o futuro de lon‐ go prazo?  (a)  Tendências  (b) Acontecimentos  (c) Escolhas  (d) Todas influenciam o futuro      de maneira relativamente igual    11.  Que tipo de futuro é o mais útil para  nós?  (a)  O futuro mais provável.    (b) Outros futuros possíveis.     (c) O futuro que preferimos.   (d) Todos são úteis por razões diferentes.  

essas  à  formulação  de  julgamentos,  ou  conclusões,  sobre  o  que  esses  dados  indicavam.  O professor ressaltou que “os dados  por  si  só  não  conduzem  à  decisão”.  Para  ilustrar  como  se  chega  a  suposições  e  como  essas  podem  ser  equivocadas,  ele  citou  o  exemplo  da  Nasa,  que  nos  anos  80,  ao  receber  os  primeiros  dados  de  satélite  sobre  a  redução  de  ozônio  na  atmosfera,  supôs  que  o  instrumento  de  medição estava quebrado e buscou con‐ sertá‐lo,  pois  admitir  a  existência  de  um  “buraco” na camada de ozônio, à época,  parecia muito improvável.  Peter Bishop segmenta em forecasting e  foresight  o  que  se  vê  no  ambiente  que  está  sendo  estudado  e  planejamento  e  visão  o  que  se  quer  fazer  a  respeito  do  que se vê nesse dado universo. Na próxi‐ ma  página,  encontra‐se  o  brainmapping  de  Bishop  sobre  os  diversos  métodos  disponíveis para se estudar o futuro. 

12.    O  que  mais  influencia  o  futuro  de  longo prazo?  (a)  Demografia  (b) Meio ambiente físico       (c) Tecnologia     (d) Economia   (e) Governo           (f) Cultura  (g) Todas influenciam muito o futuro    13.  Qual  é  a  maior  causa  de  erros  de  previsão?  (a)  Falta de informação.   (b)  As  suposições  de  quem  faz  as  previ‐ sões .   (c) Acontecimentos externos.    14. Qual atitude em relação ao futuro é  mais freqüentemente correta?  (a)  Otimismo  (b) Pessimismo   (c) “Transformacionalismo”   (d) Fatalismo  (e) Todas são igualmente corretas    15.  Quem  estabelece  a  visão  para  a  organização?   (a)  O líder  (b) A alta direção  (c)  O time de planejamento estratégico  (d) Gerentes (líderes) em geral  (e) Todos os participantes do processo  (f) Nenhuma das alternativas anteriores  Continua na pág. 4 

Peter Bishop 3 

Pré-conferência 4  16.  Quais  são  as  características  mais  importantes  de  um  plano  estratégico  efetivo?  (Escolha três).  (a)  Compromisso ao cumpri‐lo.  (b) Abranger tudo o que a organização faz.  (c)  Direcionamento  geral  para  uma  mu‐ dança fundamental.  (d) Planos detalhados de implementação.  (e) Ser compreendido por todos.   (f) Metodologia de planejamento  válida.   

 17. Qual é o termo que melhor descreve  o último processo de mudança significa‐ tivo do qual você  participou?     (a)  Caótico  (b) Decepcionante  (c)  Nocivo  (d) Útil  (e) Visionário  (f) Perda de tempo    

18. Qual é a característica mais sub‐ estimada  e  despercebida,  na  busca  de  um  processo  bem‐sucedido  de  mudança ?     (a)  Comunicação  (b) Confiança  (c)  Visão  (d) Comprometimento  Para receber o arquivo, em inglês, com a análise de Peter Bishop sobre as opções de resposta, favor solicitá-lo por e-mail: [email protected]

Como construir e usar cenários O  grupo  que  optou  por  acompanhar  o  inglês  Adam  Gordon  na  oficina  sobre  cenários,  ilustra  a  diversidade  dos  participantes  dessa  Conferência. 



Profissionais  preocupa‐ dos  com  os  rumos  da  Educação e instituições  de ensino  e 



participantes  da  Nes‐ tlé,  “maior  empresa  mundial  de  saúde,  nu‐ trição  e  bem‐estar”,  entre outros. 

Nessa oficina encontravam‐se: 



 profissionais com o objetivo de planejar o futuro de  todo  o  transporte  de  superfície  nos  Estados  Unidos,  com  a  elaboração  de  cenários  até  2030  e  com  o  intuito    de  “melhorar  as habilidades para se viajar nos EUA”; 



neozelandeses  preocupados  com  uma  estratégia  nacio‐ nal para o seu país;  



profissionais da área de Defesa, tanto militares america‐ nos, quanto canadenses. Destaque para o site americano  Proteus  USA  —  um  fórum  internacional  dedicado  aos  desafios futuros em segurança geo‐estratégica; 



profissional do Arquivo Nacional de Washington, escritor,  interessado  no  aspecto  de  redação  de  narrativas  para  cenários; 

Valores  Gordon  procurou  sensibilizar  os  participantes  quanto  à  exis‐ tência  de  um  divisor  de  águas  na primeira opção que se deve  fazer ao se vislumbrar cenários.  “Existem dois tipos de cenário:  um  é  de  valor  neutro  (value‐ neutral) e o outro tem nos valo‐ res  a  determinação  de  sua  agenda”, explicou.   No  caso, a intenção aproxima‐ se  do  “querer  estar  no  lugar  certo,  na  hora  certa”,  quer‐se  antecipar,  sem  uma  agenda  prévia.  No  segundo,  a  agenda  se  impõe,  quer‐se  fazer  algo,  existe uma vontade de “mudar  o mundo, o estado das coisas”,  é “visionário”.  Tipo de organização  Optar por um desses dois tipos  é  crucial  para  a  escolha  das  técnicas que serão aplicadas na  condução dos trabalhos. 

O  exercício  final  proposto  para  os  participantes  do  curso  foi  o  de  O  tipo  de  organização  norteia  traçar cenários para a Cruz Vermelha americana. Cada grupo cons‐ o  grupo envolvido  com  a  ativi‐ dade  de  foresight.    Esse  deter‐ truiu o seu próprio cenário.   minará qual cenário utilizar. Se 

Adam  Gordon  é  diretor  do  Future  Studio  do  Reino  Unido,  analista,  consultor,  facilitador  e  professor  na  área  de  prospectiva  para  a  indústria.  Autor de “Future  Savvy”.  a  opção  for  pelo  de  valor  neutro,  nesse  caso,  não  haverá  um  cenário  “bom”  ou “ruim”.  O  objetivo  será  o  de  testar  as  diversas  variáveis  de  res‐ posta frente ao cenário A, B  ou  C.  Por  exemplo,  quais  investimentos  devem  ser  feitos em cada caso.  As  organizações  não‐ governamentais  desenvol‐ verão cenários em que valo‐ res  se  fazem,  necessaria‐ mente, presentes.      Continua na pág. 5 

Adam Gordon Os cenários Mont Fleur                                         5 

 

cipantes que conseguiu, efetiva‐ Entre  os  visionários,  os  cená‐ mente,  em  um  momento  de  rios Mont Fleur foram citados  crise, pensar no futuro do país.    por vários palestrantes duran‐ Conforme  descrito  na  ilustração  te a Conferência, como exem‐ ao lado, de um total de 30 histó‐ plo  de  uma  aprendizagem  rias,  nove  foram  selecionadas  e,  coletiva  riquíssima.   entre  essas  últimas,  quatro  che‐ Realizados  na  África  do  Sul,  garam  ao  final,  sob  os  títulos  nos  anos  1980,    quando  Nel‐ “vôo  dos  flamingos”,  “Icaro”,   son  Mandela  saiu  da  prisão,  “pato  manco”  e  “avestruz”.  Nos  tiveram um horizonte tempo‐ extremos  das  incertezas  estão  ral  de  dez  anos,  de  1992  a  os  aspectos  de  democracia  e  2002. Esse exercício tornou‐se  representatividade, bem como a  um  clássico  da  literatura  so‐ sustentabilidade  das  políticas  bre  cenários,  por  ter  reunido  econômicas  a  serem  implemen‐ tadas.  uma diversidade de parti‐ “O cenário visionário corresponde a um resultado ideal ― aquele que identifica e representa as esperanças compartilhadas  da comunidade, grupo ou organização.   Não se trata de um cenário objetivo. É uma hisstória sobre como  seria a sua aparência se tudo desse certo.  Cenários B, C, D, no conjunto, abordam as várias maneiras como 

1

A

2

B

as coisas poderiam acabar erradas ou parcialmente erradas. 

C

Existe um cenário preferido, desejado. A questão‐chave é:  1) Defini‐lo (alcançar consenso sobre o que deve ser) 

3

4

2) Ancançá‐lo na realidade.”  A.G. 

? O horizonte temporal e a probabilidade de ocorrência Com  freqüência,  surgiram  questões  relacionadas  ao  horizonte  temporal  ideal  para  um  estudo  prospectivo,  e  qual  seria  a  melhor  forma  de  avaliar  a  probabilidade  de  ocorrência  de  um  cenário vir a tornar‐se real.  Essa última questão, em especial, pare‐ cia ser  uma espécie  de  mantra  para os  que  estavam  na  conferência  com  o  propósito de se posicionar, estrategica‐ mente,  para  a  prosperidade  de  seus  respectivos negócios.  Gordon  rechaça  essa  métrica  de verifi‐ cação  da  probabilidade  de  ocorrência  de  cenários.  Diz  que  quem  o  faz  não  compreende  a  natureza  do  exercício  e  de  seus  propósitos.  Defende  que  o  essencial,  o  “acerto”,  se  dá  quando  o  conjunto  de  cenários  capta  a  essência 

do  que  ocorrerá.  É  a  favor  de  “melhores  decisões”. “Cenários não são previsões”.  No quesito tempo, Gordon destacou que o  longo  prazo  abre  o  escopo  do  estudo  a  muitas possibilidades. “O horizonte tempo‐ ral  do  exercício  é  função  da  velocidade  de  transformação  do  ambiente  a  ser  estuda‐ do”.  Para  áreas  que  mudam  devagar,  um  horizonte  de  até  20  anos  pode  ser  cogita‐ do.  Para  aquelas  de  rápida  transformação,  recomenda‐se um horizonte temporal mais  reduzido.  “Em  geral,  são  dez  anos,  mas  cada caso é um caso”, afirmou.  

   

1) 

baixa incerteza: visão clara do  futuro. Resultado em que se  pode acreditar; 

2) 

número limitado de resultados  futuros possíveis, um dos quais  irá ocorrer; 

3) 

Resultados indeterminados,  porém dentro do mesmo cam‐ po, e 

4) 

um número ilimitado de resul‐ tados possíveis. Verdadeira  ambigüidade (o maior nível de  incerteza residual). 

Incertezas  São as incertezas que norteiam as escolhas  das técnicas de construção de cenários.  Gordon as divide em quatro níveis : 

Representação gráfica dos níveis de incerteza.

  Continua na pág. 6 

Pré-conferência 6 

Polaridades e classificação das incertezas

Exemplos: 

Eixos de incertezas  Fontes de financiamento 

Particular/ Privado 

2

Extrínseco 

Propósito 

Intrínseco 

4

Internacional 

1

Total competição 

2

Globalização/Mercados/Currículo 

Total colaboração 

Competição 

Inclusiva 

Participação 

Exclusiva 

3

Tamanho 

Organização 

Tipo 

5

Emprego 

Centrado no estudante 

3

Individual 

Idade e demografia 

Coletiva 

2

Tradicional 

Modo de aprendizagem 

Novo / Inovador 

1

Tecnologia 

Avançada 

1

Centrado no empregador 

Obsoleta 

Elementos pré-determinados versus incertezas Segundo  Gordon,  ao  se  analisar  quais  são  os  elementos  pré‐ determinados  e  as  incertezas,  os  questionamentos  que  devem  ser  feitos são de duas naturezas: 

2. 

Ranking 

Público  /  Estado 

Local  /  Nacional 

1. 

Incertezas são  forças importantes  que podem gerar desdobramentos  diferenciados no futuro. 

Qual é o efeito esperado, ou  sugerido, que se antevê para  a  tendência  ou  direcionador  de  mudança  (change driver)?  [Isso, ao se considerar o limi‐ te temporal do estudo]  Será  que  uma  mudança  o‐ correrá  e  se  tornará  um  a‐ contecimento  sobre  o  qual  se pode estar razoavelmente  convencido? É crível? 

Adam Gordon, PowerPoint WFS 2008 

avaliados sob o filtro do ‘nós’”, ponderou.  Lógica de cenários  “Escrever  as  histórias  dos  cenários,  é  algo  que  pode  ser  feito  individualmente  ou coletivamente”, disse.   O sucesso está atrelado a um bom plane‐ jamento  que envolve  o que  Gordon cha‐ ma de “definição da fotografia”, determi‐ nação  dos  padrões‐chave  de  comportamento do setor estuda‐ do; relações de força que afetam  as  transações  das  empresas.  Ele  sugere  várias  técnicas  para  essa  etapa  de  “definição”  e  “exploração”.  

Para  a  lógica  dos  cenários,  as  incertezas    serão  expressas  se‐ “As  organizações  são  normalmente  gundo  a  representação  gráfica  recebedoras  de  fatos”.  Todos  os  existente  na  página  anterior.  acontecimentos  e  tendências  são  Matriz  2X2,  “encruzilhada”  (fork  in  the  road),  ou  representação  estruturada  da  a l e a t o r i e d a d e  Convencidos, certos da  Não se sabe, é in‐ (structured  rando‐ ocorrência (se e o que)  certo (se e o que)  mization).  Elemento pré‐determinado  Incerteza   

Continua na pág. 7 

Adam Gordon Etapas ao fazer cenários para empresas/indústria 10. Desenvolver as impli‐ cações da estratégia 

                                        7 

A. DEFINIR  11. Comunicar 

12. Renovar 

1. Definir os parâmetros do projeto  2. Definir o setor da indústria (status quo) 

D. USAR 

3. Identificar as tendências e as forças que conduzem, ou afetam, o setor 

9. Testar 

8. Escrever as histórias dos cenários  7. Expor a natureza dos cenários 

C. CONSTRUIR 

4. Determinar as incertezas e as suas polaridades  5. Classificar as incertezas  em ordem de relevância 

B. EXPLORAR 

6.Selecionar a lógica dos cenários 

Narrativa  Ao escrever as histórias dos cená‐ rios, é preciso “criar um interesse  humano, apresentar um contexto  para  os  acontecimentos  que  po‐ derão  ocorrer.  Imaginação  e  plausibilidade  são  ingredientes  usados na mesma medida para se  estabelecer uma relação de causa  e efeito.”  As  pessoas,  os  stakeholders,  de‐ vem,  necessariamente,  aparecer  na  história.  Gordon  diz  que  os  “cenários  são  histórias  que  expli‐ citam  o  que  é  de  valor  para  as  pessoas,  ou  expõem  a  forma  como  elas  se  relacionam  com  esses valores, o que pode vir a se  modificar  com  o  transcorrer  do  tempo  (oportunidades  e  amea‐ ças)”. 

torná‐lo  plausível?”  Essas  questões  são  fundamentais.  Outro  aspecto  é  analisar  a  história sob a ótica dos atores  (stakeholders).  “Percorra  o  cenário  sob  vários  pontos  de  vista: quem apoiaria o cenário  que  surge?  Quem  tentaria  bloqueá‐lo ou alterá‐lo? Como  o  sistema  tentará  ‘reparar‐se’  ou ajustar‐se ao que é propos‐ to?” 

defensiva”  mas  também  pro‐ positiva.  Para  cenários  de  valor  neutro,  há  que  se  fazer  um  questionamento  sobre  possíveis falhas. “Quais habili‐ dades, recursos e posições são  necessárias  para  ser  bem‐ sucedido?  Quais  são  as  forças  presentes  nessas  capacida‐ des?” 

instituição  pode  desenvolver  seu  conhecimento,  capacida‐ des  e  necessidades  tecnológi‐ cas? 

• Aprendizagem 

organiza‐ cional, ou P&D, desenvolvi‐ mento de produto; 

• investimento  em  expansão  interna ou em outra organi‐ zação e 

Ao  finalizar  cada  cenário,  eis  algumas  questões  que  devem  • parcerias  de  longo  termo,  ser  respondidas  para  a  cons‐ Estratégia  alianças  estratégicas,  ter‐ trução  da  estratégia:  como  a  ceirização etc.  “A  estratégia  não  deve  ser  só 

Exemplo de cenário para o futuro da biotecnologia    Estado regulamentador 

Desconfiança do público em relação  à integração da biotecnologia para  fins médicos, agricultura, engenharia  e produtos industriais. Há imposição  Teste  no uso da biotecnologia, causando  Para  evitar  que  a  narrativa  não  ressentimentos.  passe de ficção científica, Gordon  sugere  que  seja  feita  uma  verifi‐ Baixa       Aceitação  cação  em  relação  à  realidade.  Propõe  uma  análise  da  estrutura  lógica do que foi enunciado: “está  Atual  construído  com  os  eventos  bem  encadeados?  Contém  ações  e  Os produtos de biotecnologia são  reações  que  podem  resultar  no  comercializados com discrição. Ceti‐ futuro vislumbrado? Quais outras  cismo em alta entre a população.  ações  deveriam  ocorrer  para  Poucos programas educativos a res‐ peito do assunto. Confusão sobre  qual seria o uso apropriado da biotec‐ nologia. 

Sager, citado por A. G. 

Alta                      Tecnoutopia  I n t e g r a ç ã o T e c n o l ó g i c a

Transparência no processo de integração da  biotecnologia na medicina, agricultura, enge          nharia e produtos industriais. População se  entusiasma com as possibilidades  trazidas  pelas plataformas de uso da biotecnologia.  

Pública 

Alta 

Movimento de base  Produtos de biotecnologia são raros, porém  comercializados abertamente. Entusiasmo  público, há esforços educativos e para a ela‐ boração de uma legislação apropriada sobre  o uso desejado da biotecnologia. Apoio da  população a parcerias comerciais com o in‐ tuito de expandir o uso da biotecnologia.  Baixa 



Um novo olhar para o futuro

Nas próximas páginas, encontra‐se um breve enunciado sobre os temas  dos textos incluídos em “Seeing the Future Through New  Eyes”, livro  editado por Cynthia Wagner e publicado pela World Future Society.  

PARTE I ― PERSPECTIVAS E PROSPECTIVAS  Barton Kunstler 

Seth Kaufman 

Relembra  os  oráculos  antigos,  o  de  Apolo, em Delphi, e o “I Ching”, ou o  Livro  das  Mudanças.  Valoriza  a  com‐ preensão da prospectiva nessas socie‐ dades, pois “não se pode mais depen‐ der apenas das abordagens racionalis‐ ta  e  mecanicista  que,  atualmente,  dominam a área”. 

Questionamentos  sobre  o  controle  que  se  pode  exercitar  na  Web;  como  os  governos  podem  ditar,  ou  não,  o  fluxo  de  informações  e  até  mesmo  imiscuir‐se  no  futuro  do  islamismo  radical. 

Alexandra Chciuk‐Celt 

José Luis Cordeiro 

“Os  antropólogos  distinguem  dois  tipos básicos de sociedade: caçadore‐ s/recoletores  e  os  agricultores.  Os  americanos  pensam  como  o  primeiro  grupo,  pois  mudam‐se  para  outros  lugares  quando  os  recursos  escassei‐ am. Quando faltam lugares para onde  ir,  geralmente  se  atacam,  garantindo  a  sobrevivência  dos  piores.  Espera‐se  que  uma  mudança  de  atitude  possa  garantir um futuro menos destrutivo.” 

“O  redesenho  humano  tem  um  hori‐ zonte de possibilidades quase ilimita‐ do.  As  encarnações  pós‐humanas  acabarão com o monopólio da huma‐ nidade. A seleção natural, via tentati‐ va  e  erro,  pode  ser  substituída  por  uma  seleção  técnica  com  design  de  engenharia.  Essa  reengenharia  trará  questões  cruciais  sobre  identidade  e  moral para os seres humanos. “ 

Título em inglês: “Worldwide wipe‐ out: The Greatest Publishing Story  Título em inglês: “The Ancient Ora‐ Never Told, Jihad, and the Uninten‐ cles Still Speak: Recasting Forecasting  ded Consequences of the Internet´s  Killer App”.  for the 21st century”. 

Título em inglês: “Toward an Anthro‐ pology of the Future”. 

Tom Lombardo e Jeanne Belisle Lom‐ bardo  Descrevem  a  evolução  do  casamento  dos tempos pré‐históricos aos dias de  hoje,  com  menção  às  controvérsias  relacionadas  ao  casamento  no  Oci‐ dente.  Exploram‐se  possibilidades  relacionadas  às  mudanças  culturais  e  tecnológicas.  Posicionam‐se  em  rela‐ ção à visão do que seria o casamento  preferido no futuro.   

Título em inglês: “Technological evo‐ Título  em  inglês: “The Evolution and  Future Direction of Marriage”.  lution”. 

Dave Stein  O autor destaca a necessidade de um  novo  olhar  para  os  desafios  que  se  apresentam  à  humanidade.  Questio‐ na se estamos caminhando para uma  pluralidade cultural, ou para um mun‐ do  monolítico  em  que  não  haverá  espaço  para  aqueles  que  não  se  ajus‐ tarem.   Título  em  inglês:  “Through  New  E‐ yes:  Transcending  Culture‐Based  As‐ sumptions” . 

Continua na pág. 9 

PARTE II ―FERRAMENTAS E APLICAÇÕES                                          9  Jitendra G. Borpujari 

Irving H. Buchen 

“As  civilizações  podem  ser  classifica‐ das  como  excludentes  ou  inclusivas;  religiosas ou laicas. Os futuros globais  rivais são, portanto, expressos por um  quadrante  que  corresponde  a  vários  modos  de  viver:  “religioso‐ excludente”,  “laico‐excludente”,  “religioso‐inclusivo”  e  “laico‐ inclusivo”.  Título  em  inglês:  “The  Quadrate: A Paradigm for Conflicting  Civilizations and Global Futures”. 

Ao  considerar  os  cenários  como  algo  “menos sensacional e melhor gerenciado  que  a  ficção  científica“,  Buchen  valida  a  sua  utilização  como  ferramenta  de  pros‐ pectiva não tão propícia ao planejamento  quanto como documento de decisão que  enuncia  e  testa  as  conseqüências  conhe‐ cidas  e  desconhecidas  de  soluções  pro‐ postas aos problemas.   Título  em  inglês:  “Seeing  Newly,  Diffe‐ rently, and Futuristically with Scenarios”. 

Don Mizaur  Propõe o conceito de “backcasting”―  após ter uma visão do futuro, procurar  retroceder e traçar etapas que permi‐ tam  a  consecução  do  que  foi  vislum‐ Denis L. Balaguer  brado.  Essa  idéia  visa  aproximar  pla‐ “A  inovação  tecnológica  dita  o  nejadores e futuristas.   ritmo  com  que  o  capitalismo  vivencia  uma  dinâmica  de  mu‐ Título  em  inglês:  “Backcasting  from  danças  econômicas.  Essas  mu‐ the Future: Predict the Future by Cre‐ danças  de  paradigma  tecno‐ ating It” .  econômicos  são  historicamente  representadas  como  revoluções  Romulo  Werran Gayoso  industriais.”  O  autor  considera  “As  decisões  tomadas  no  mundo  dos  que  a  economia  evolucionária  negócios não se baseiam em informa‐ tem uma contribuição a dar aos  ções  perfeitas”.  O  autor  considera  o  futuristas,  especialmente  ao  impacto  dos  riscos  existentes  no  am‐ prover  variáveis‐chave  que  po‐ biente para o planejamento estratégi‐ dem  descrever  como  o  sistema  co,  avaliando  a  eficácia  do  planeja‐ muda.  mento  via  cenários  para  a  promoção  Título  em  inglês:  “Forecasting  de  melhores  desempenhos  corporati‐ the Next Industrial Revolution: A  vos.  Structural Perspective from Evo‐ lutionary Economics”. 

Paul Crabtree  A tecnologia é descrita como uma matriz  espacial  de  três  dimensões.  A  mudança  tecnológica é definida como uma mudan‐ ça na dimensão da matriz, com o progres‐ so  tecnológico  definido  como  o  aumento  do valor líquido no conjunto de dimensões  dessa  matriz.  Analisam‐se  os  fatores  que  governam essas mudanças.  Título  em  inglês:  “Macrotechnology  A‐ nalysis”.  Sami Leppimaki, Jukka Laitinen, Tarja  Meristo, and Hanna Tuohimaa 

“Os desafios do futuro devem ser incorpo‐ rados  em  considerações  estratégicas,  no  processo  de  inovação,  planejamento  de  P&D  e  no  desenvolvimento  de  produtos  das empresas com a combinação do exer‐ cício  de  cenários  aplicado  ao  desenvolvi‐ Título em inglês: “The Failure of Stra‐ mento de conceito.   tegic  Planning  and  Corporate  Perfor‐ Título  em  inglês:  “Visionary  Concept: 

Howard S. Rasheed 

Combining  Scenario  Methodology  with  Concept Development”. 

Descreve as “seis etapas para a genialidade coletiva” com o propósito de  identificar, criar e distribuir conhecimento dentro de uma rede  organiza‐ cional. “Estimular uma consciência comum e a aprendizagem pode ser a  competência  mais  relevante  no  futuro  para  criar  e  manter  vantagens  competitivas em uma nova economia global”, avalia o autor.  Título em inglês: “A Scientific Approach to Collaborative Innovation and  Strategic Foresight: Connecting the ‘Dots’ Outside the ‘Box’”.  Continua na pág. 10 

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PARTE III―PROBLEMAS E OPORTUNIDADES 

Stephen Aguilar‐Millan, Joan Foltz,  John Jackson e Amy Oberg  Da  mesma  forma  que  a  globalização  impulsionou  o  comércio  de  produtos  lícitos,  isso  também  ocorreu  para  os  ilícitos.  Narcóticos,  partes  do  corpo,  espécies  ameaçadas  de  extinção,  software  pirateado,  comércio  moder‐ no  de  escravos  e  trabalhos  de  arte  roubados  são  alguns  exemplos.  Os  procedimentos  que  acompanham  os  fluxos  desses  artigos  ou  serviços  ilíci‐ tos  estão  cada  vez  mais  sofisticados.  A  lavagem  de  dinheiro  alcança  pro‐ porções  globais.  O  artigo  analisa  o  que  ocorre  na  fronteira  entre  México  e EUA e o comércio moderno de mão‐ de‐obra escrava.   Título  em  inglês:  “The  Globalization  of Crime”. 

Joan E. Foltz  O futuro dos investimentos no merca‐ do  de  ações  acompanha  as  tendên‐ cias da globalização. Mudanças estru‐ turais  significativas  estão  acontecen‐ do  e  elas  terão  impactos  crescentes  nas  bolsas  de  valores,  nas  economias  regionais  e  para  os  investidores.  A  capacidade  de  identificar  estruturas  organizacionais  de  forma  mais  nítida  trará  benefícios  aos  investidores  do  futuro.  

Joseph N. Pelton e Christine Robinson  Novas  soluções  para  problemas  tais  como  o  aquecimento  global,  a  polui‐ ção,  o  transporte,  o  alto  custo  da  e‐ nergia  e  os  ataques  terroristas.  Os  autores  acreditam  que  ao  se  buscar  ver  o  mundo  através  das  lentes  da  “telegeografia”  é  possível  mudá‐lo  para melhor.  Título em inglês: “Seeing the Future  Through the Lens of Telegeography:  Looking at New Ways to Address Glo‐ bal Warming, Clean Energy and the  9/11 Attacks”. 

Bruce E. Tom  Identifica  incongruências  entre  os  aspectos  gerais  relacionados  ao  de‐ senvolvimento  sustentável  e  à  teoria  e  política  econômicas.  “Uma  nova  visão  de  economia  é  necessária  para  amparar o desenvolvimento sustentá‐ vel de longo prazo”.  Título em inglês: “Viewing Econo‐ mics Through the Prism of Sustaina‐ ble Development and Self‐ Sufficiency”.  

Título em inglês: “Faster, Larger,  Riskier: Investing in the Future Global  Stock Exchange”.  

Michael Bugeja  Desde  os  anos  1990,  os  educadores  têm  investido  em  tecnologias  para  o  consumidor em nome da acessibilida‐ de. Com a inclusão digital concretiza‐ da,  surgem  as  preocupações  com  a  educação.  Os  preços  das  mensalida‐ des  não  cessam  de  ultrapassar  o  po‐ der  aquisitivo  daqueles  que  têm  lap‐ tops,  iPods  e  celulares,  dispositivos  que  possibilitam  a  interação  em  sala  de  aula.  Nesse  contexto,  não  existe  diferenciação  nítida  entre  entreteni‐ mento e aprendizagem, o que é sinô‐ nimo  de  distração  e  é  caro  para  os  usuários.  Questiona  o  que  os  educa‐ dores estão dispostos a sacrificar para  fazer  com  que  a  universidade  volte  a  ter preços mais acessíveis.  Título em inglês: “In Praise of Acade‐ mic Disengagement” . 

PARTE IV―INSPIRAÇÃO E AÇÃO: AVANÇAR Clinton Anderson 

Arthur Shostak 

“As  crises  de  hoje  resultam  das  más  decisões  do  passado”.  Cita oito indivíduos que se destacaram como solucionadores  de problemas. Questiona como novos padrões de comporta‐ mento  humano  poderão  melhorar  a  situação  atual  do  meio  ambiente.   

O  autor  cria  um  enredo  fictício  no  qual  uma  adoles‐ cente,  Elena,  no  ano  2015,  freqüenta  uma  escola  se‐ cundária onde os estudos do futuro já fazem parte do  currículo.  Discorre  sobre  quais  seriam  as  matérias  obrigatórias  e  optativas  e  os  respectivos  currículos  desses  jovens  futuristas.Título  em  inglês:  “High     Schools of the Future. ‘Boot Camp’”. 

Título em inglês: “The Future is All Around Us”. 

Continua na pág. 11 

Transacional versus “Transformacional” 

Les Wallace e James Trinka  “O tempo da liderança heróica  acabou”.  Com  base  nessa  afir‐ mação,  os  autores  analisam  como o século 21 parece diferir  do  anterior,  destacando  cinco  legados  válidos  para  o  século  atual  e  cinco  comportamentos  de  liderança  que  geram  esses  legados.   Título  em  inglês:  “Leadership  as Legacy Works”. 

Francis R. Stabler  “Os seres humanos têm migra‐ do para novas áreas por muitos  milhares de anos. Com a possi‐ bilidade  futura  de  migrar  para  fora do planeta, os nossos des‐ tinos  serão  a  Lua,  o  sistema  solar, a galáxia e o universo”.   Título  em  inglês:  “Expansion  for the Good of Humanity”. 

                                      11  

Foco da liderança  Algumas  diferenças de direcionamento  Heróico 

Transformacional 

Eu 

Nós 

Chefe 

Coach (treinador) 

Contar 

Perguntar 

Independente 

Interdependente 

Exclusivo 

Inclusivo 

Empurrar 

Puxar 

Sigiloso 

Transparente 

Resultados de negócios 

Valores balanceados 

Input limitado 

Muito input 

Controlar 

Facilitar 

Estabilidade 

Mudança 

Um ou outro 

Ambos e... 

Operacional 

Estratégico 

Jay Herson  Um  artigo  de  2007,  publi‐ cado  no  jornal  New  York  Times,  indicou  uma  ten‐ dência  para  o  “voluntariado  remunera‐ do”  (oximoro,  um  parado‐ xo),  especialmente  entre  os  baby‐boomers,  que  pre‐ feriam  ganhar  entre  US$  10 e US$15 a hora por esse  tipo  de  atividade.  Isso  de‐ corre  de  uma  sensação  de  que  esse  tipo  de  trabalho  não  é  valorizado  por  não  ser  pago.  Uma  indústria  começa  a  surgir  na  Inter‐ net, fazendo a ponte entre  os  aposentados  e  o  traba‐ lho  voluntário  remunera‐ do.  O  artigo  analisa  qual  será  o  futuro  dessa  ten‐ dência  e  apresenta  três  cenários distintos.  “Título  em  inglês:  “Paid  Volunterism:  Is  There  an  Oxymoron in Our Future?”  

Hubble — Internet

“Pré-conferência” em Brasília 12 

Genialidade se constrói

Com  a  vinda  de  Howard  Rasheed  ao  CGEE, em julho de 2008, alguns brasilei‐ ros tiveram a oportunidade para se fami‐ liarizar  com  o  método  que  foi  tema  de  um dos cursos oferecidos no período que  precedeu  a  Conferência  Anual  da  WFS  2008, em Washington, DC ― “A Science‐ Based Approach to Collaborative Innova‐ tion” ― tema de um dos artigos da cole‐ tânea  “Seeing  the  Future  Through  New  Eyes”.  Em Brasília, nos dias 21, 22 e 23 de julho,  Rasheed  esteve  com  o  grupo  de  colabo‐ radores  do  estudo  prospectivo  sobre  novos  materiais    e  pôde  esclarecer  as  dúvidas dos participantes sobre como se  estrutura o seu método para a condução  de um brainstorm e para a elaboração de  um estudo de futuro que resulte na con‐ cepção de cenários.  A primeira vinda de Rasheed  ao CGEE se  deu  em  setembro  de  2007,  ocasião  em  que proferiu uma palestra sobre a meto‐ dologia  que    embasa  a  engenharia  do  software  que  ele  criou,  intitulado  “Idea  Accelerator”.   O primeiro exercício  com esse aplicativo  ocorreu  na  segunda  oficina  de  trabalho  do  estudo  prospectivo  sobre  a  indústria  têxtil e de confecção, atividade integran‐ te  do  Programa  Estratégico  Setorial  (PES),  fruto  da  parceria  firmada  entre  a  Agência  Brasileira  de  Desenvolvimento  Industrial (ABDI) e o CGEE.    Nessa ocasião, foi realizado um exercício  experimental  com  o  Idea  Accelerator,  integrado  ao  escopo  da  abordagem  me‐ todológica  concebida  pelo  CGEE.  Os  participantes  da  oficina  realizaram  um  exercício  de  bissociação,  procurando  associar as idéias pertinentes às tendên‐ cias de mercado, rede de valor do vestuá‐ rio,  design  e  moda,  meio  ambiente,  tec‐ nologia,  novos  materiais,  tecnologias  de  informação  e  comunicação,  temas  cor‐ respondentes  às  apresentações  feitas  pelos  especialistas  que  participaram  dessa reunião.  Bissociar  A  prática  de  “bissociar”,  ou  “multissociar”,  se  relaciona  ao  que  Ra‐ sheed  chama  de  convergência  para  o  conhecimento dinâmico: “o conhecimen‐ to  não  se  apresenta  em  partes  isoladas  Continua na pág. 13 

A TALK WITH HOWARD S. RASHEED   Do you see yourself as a futurist? What  did lead you to embrace that field?  I do see myself as  a futurist. I have  been  teaching  courses  related  to  the  future  at  the University of West Florida since 1990.  We  had  a  required  course  called  “Managing the Future”. During that time,  I  was able to join the World Future Soci‐ ety  (WFS).  Before  that,  even  though  I  taught  the  course,  I  really  did  not  consi‐ der  it  a  field  as  such.  There  are  scholars  and practioners engaged  in this as a full  time  endeavor.  As  I  participated  in  the  WFS, I also realized that there were aca‐ demic  courses  around  it,  curriculum,  de‐ grees etc. That made it a full‐fledge aca‐ demic area. But the reason why it has not  been recognized is because it is very mul‐ tidisciplinary.  The  usual  reaction  you  get  when  you  say  you  are  a  futurist  is:  ‘Oh!  You  are  that  crazy  guy  with  the  crystal  ball?’  When I tell people I go to the WFS,  they  think  of  bearded  guys  with  come‐ overs,  just  sitting  there…  Yes,  it  is  a  tre‐ mendously interesting field and because I  use the futurist perspective in a lot of my  work,  in  innovation,    it  requires  being  very forward  thinking. It is an associated  topic area with innovation. 

Howard S. Rasheed* 

on  is  really  current  ―  ‘what  can  we  commercialize  today  that  might  have  a  short  product  life  cycle’ ― two, three years at the most.    Andrew  Hargadon*  mentions  that  collective  deviance  means  thinking  differently together. Is the Idea Acce‐ lerator,  the  software  that  you  have  developed, a collective deviance tool? 

    Yes, the collective part is the collabora‐ tion.  To  bring  people  together  from  different  geographical  backgrounds  and collaborating on ideas. The deviant  part  is  that  we  use  the  term  divergent  knowledge. We look at dots outside the    box  or  encourage  you  to  get  outside  Futures  studies,  foresight,  prospecti‐ your  box,  use  this  metaphor.  That´s  on… Which word and what concept suit  where the deviance is. We want to inte‐ you better when you refer to your craft?   ract  and  talk  to  people  with  different  perspectives  and  then  come  to  some    When I am in the WFS environment, I use  consensus.  If  we  only  talk  to  people  strategic foresight because that tends to  that  are  the  same  as  us,  we  will  never  be  a  more  popular  area.  When  I  am  a‐ advance.  mongst  strategic  planning  people,  I  use    strategic  visioning.  When  I  am  around    commercial companies, I use innovation.   What is dynamic knowledge? (Isn´t all  knowledge dynamic?)    Are they synonyms?    Most  knowledge  is  very  static.  In  the    They  are  synonyms  to  a  certain  degree.  literature,  they  talk  about  tacit  and  There are some overlaps in perspective. I  explicit  knowledge.  Both  of  those  are  did a chart  in my paper that is published  very static in a sense.    It has happened.  in  this  year´s  conference  volume  that  We  generally  interpret  knowledge  as  covers  this.  Futurists  tend  to  focus  into  things  that  we  already  know.  Dynamic  the  future  as  much  as  20‐year  horizons.  knowledge is things that are changing,  Nowadays,  strategic  planning  is  only  and  not  only  changing  but  also  having  three to five years at the most. Innovati‐ relevance  to  the  future.  We  are  trying  to  coin  a  new  term  that  incorporates 

Howard Sultan Rasheed trends,  predictions,  scenarios,  and  e‐ merging  issues,  the  difference  being  the  time perspective.  Trends are histo‐ rical.  Emerging  issues  are  current.  Pre‐ dictions are futurist. And, finally, scena‐ rios  are  futurist  but  with  a  perspective  of  “maybe,  perhaps,  this  might  hap‐ pen”.  So  we´ve  tried  to  package  all  those  concepts  of  change,  information  about  changing  elements,  in  the  envi‐ ronment  under  this  rubric  called  “dynamic knowledge”.      How the six steps for collective genius  can contribute to the progress of ST&I  in terms of public policy making?    The  best  policy,  I  think,  takes  into  ac‐ count  all  the  elements  of  the  environ‐ ment, not just that the law is well writ‐ ten  or  that  the  regulation  is  well  writ‐ ten. But it does take into account what  is happening in the social environment,  what is happening in the business envi‐ ronment,  and  more  importantly,  it  ta‐ kes into account where you want to go.  Because  if  you  create  a  public  policy  that  is  very  shortsighted,  it  becomes  limiting  and  you  end  up  not  changing.  So  we  try  to  help  with  the  six  steps.  First, by creating some focus. ‘What is it  we  want  to  talk  about?’  Articulating  what  we  are  looking  at  in  terms  of  the  environment  and  what  we  desire  to  come out of this process. Secondly, we  see  what  is  happening,  what  is  chan‐ ging  in  that  environment.  Thirdly,  we  evaluate  the  dynamic  knowledge  in  terms  of  probability  of  occurrence  in  the  future  and  relevance  to  your  go‐ als.  Fourthly, we start bisociating, brin‐ ging diverse knowledge elements toge‐ ther and seeing how the possibilities of  opportunities  and  challenges  will  then  l e a d   t o   t h e   f i f t h  step,  solutions.  Considering the soluti‐ ons, we can finally look at the long term  scenarios. That´s the six steps. It provi‐ des a perspective about innovation that  allows all the elements and possibilities  to be considered. Many of our systems  start  with  what  we  already  know,  and  recirculate old knowledge. Or, we start  with a scenario and we assume that we  have  the  right  answer.  The  six  steps  allow us to consider all the possibilities  and focus on all the possible combinati‐

ons of all the possibilities in a very sys‐ tematic way. I think that that is a more  advanced  perspective  about  innovati‐ on.    Brazil has been said to be “the coun‐ try of the future” for a long time now.  What  should  we  (government,  priva‐ te  sector,  as  well  as  the  whole  soci‐ ety) do in order to be “the country of  the present”?    I think you are a country of the present.  I  think  that  particularly  in  the  last  five  years  your  economy  has  stabilized,  your currency is becoming very strong.  You  have  the  planning  perspective.  This  is  evidence  by  CGEE  and  the  things  that  you  do  here  that  many  countries will envy. Your future is now.  You are already being mentioned in the  company  of  the  most  advanced  or  most progressive developing countries.  In terms of energy, if Doom´s Day hap‐ pens,  if  Armageddon  happens  (the  fossil fuel industry created a world wide  crisis), you are one of the few countries  that  would  survive.  Not  just  indepen‐ dent on fossil fuel, but having fossil fuel  and  other  sources  of  fuel  too.  I  think  that  we  underestimate  the  value  of  fuel. It is not just putting gasoline in our  cars  but  also  heating  our  homes.  If  people  don´t  have  fuel,  they  will  die  from  cold.    If  there  is  no  diesel  for  the  trucks,  they  will  die  from  starvation  because  there  will  be  no  way  to  trans‐ port  food  from  the  farms.  Fuel  and  water  are  going  to  be  the  life  blood  of  the world economy and I think you are  in a great position   with both. And it is  not just in terms of the worst case sce‐ nario. I think that you have all the other  elements  to  be  a  country  of  the  pre‐ sent.     *  Dr.  Howard  S.  Rasheed  is  Doctor  of  Philosophy in Business Administration,  associate professor at the University of  North  Carolina,  and  founder  and  CEO  of the Institute for Innovation.  

**  HARGADON, Andrew. How breakt‐ hroughs  happen  –  the  surprising  truth  about  how  companies  innovate.  Har‐ vard  Business  School  Press,  Boston,  Massachusetts, USA. 

                                    13  de  informação, mas em um sistema holístico  de  infinitas  informações  que  são  inter‐ relacionadas”, afirma. O pesquisador compa‐ ra  essa  característica  com  algo  análogo  ao  que  ocorre  na  física  quântica,  quando  há  transferência  de  energia  e  momento  na  pro‐ pagação de ondas. Usa o exemplo dos feixes  de  luz,  cuja  superposição  cria  um  novo  pa‐ drão,  como  ocorre  no  experimento  da  dupla  fenda, descrito por Thomas Young .    Rasheed,  em  seu  texto  “Inovação  colaborati‐ va:  seis  etapas  para  uma  genialidade  coleti‐ va”, aborda essa idéia mais detalhadamente:  “na física quântica, o que se pode esperar, até  mesmo  de  uma  mensuração  ideal  de  um  sis‐ tema, é algo não‐determinístico, caracteriza‐ do  por  uma  distribuição  de  probabilidade:  quanto maior for o desvio padrão, maior será  a  incerteza  sobre  aquilo  que  se  pode  supor  que ocorrerá no sistema”.   Outro exemplo originário da Física diz respei‐ to ao fato de que matéria nova é produzida a  partir da colisão entre prótons e nêutrons. Ao  se  referir  à  Neurociência,  Rasheed  cita  estu‐ dos  esclarecedores  sobre  como  se  dá  a  ex‐ pansão de estímulos em novas áreas do cére‐ bro, ativadas quando os neurônios interagem  e  criam  novos  “caminhos”  (sinapses).  “A  bis‐ sociação  é  inerente  à  natureza  desses  fenô‐ menos”.   A origem do termo “bissociação” é atribuída a  Arthur  Koestler  (1964).  Entre  os  exemplos  célebres  de  bissociações  que  vingaram  ―  associação  de  idéias,  soluções  ou  universos  aparentemente não‐relacionados entre si que  geraram  produtos  de  sucesso  ―  encontram‐ se  o  código  de  barras,  inspirado  no  braile  e  nas  bandas  de  som  dos  filmes  de  cinema;  o  windsurfe,  híbrido  de  surfe  com  uma  embar‐ cação  de  pequeno  porte;  o  videogame,  que  resultou  da  combinação  das  possibilidades  oferecidas pela televisão e informática etc.  Insights    No exercício proposto para o uso do Idea Ac‐ celerator  as  categorias  e  subcategorias  a  se‐ rem  bissociadas  podem  ser  de  livre  escolha,  concepção, dos grupos que usam o aplicativo  como espaço de troca e interação para a pro‐ dução de novas idéias, insights.  Continua na pág. 14 

Idea Accelerator/Brasil HISTÓRICO  27 de fevereiro de 2008 

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Primeiro exercício com o Idea Accelerator  Seis  etapas para a genialidade coletiva   Howard  Rasheed  explicou  quais  são  as  seis  etapas  que,  juntas, permitem alcançar o que denomina  “genialidade  coletiva”. Eis o passo‐a‐passo:    

Oficina  de  trabalho  do  Estudo  Prospecti‐ vo sobre o Setor Têx‐ til e de Confecção, no   Senai  Cetiqt,  Rio  de  Janeiro.    

  Especialistas  e  técni‐ cos de ambas as insti‐ tuições  participaram  de um exercício de bissociação de idéias pertinentes às dimensões analisadas nesse  estudo. Condução de Antonio Vaz (CGEE) e Flavio Bruno (Cetiqt).  21, 22 e 23 de julho de 2008 

Segundo exercício com o Idea Accelerator 

VISUALIZAR  o  conhecimento  de  maneira  focada,  representá‐lo  graficamente  na  forma  de  mind  maps;  PROCURAR,  pesquisar  (scan),  identificar  tendên‐ cias, novos temas, previsão dos especialistas e  cenários alternativos;  AVALIAR os temas em relação a sua probabilidade  de  ocorrência  no  futuro  e  relevância  para  a  indústria  (ranking  dos  temas),  métrica  que  permite a identificação dos novos temas;  DESCOBRIR (essa etapa é a essência do Idea Acce‐ lerator).  Procura‐se  incentivar  a  convergência  no  contexto  do  conhecimento  dinâmico,  por  meio de processos bissociativos e multissocia‐ tivos,  a  fim  de  descobrir  possibilidades  infini‐ tas de oportunidades, desafios e novas idéias;  INOVAR  corresponde  a  gerar  novas  idéias,  tirar  vantangem  das  oportunidades,  ou  atenuar  adversidades  e  desafios,  “out  of  the  box  thin‐ king”,  buscar  um  pensar  não‐convencional,  momento  de  se  propor  inovações  incremen‐ tais, ou novos processos e estruturas organiza‐ cionais, etc. e, finalmente,  ANTEVER  é  a  etapa  de  desenvolvimento  de  cená‐ rios  para  cada  idéia  priorizada,  concebendo  uma descrição em formato de narrativa. Anali‐ sar  quais  seriam  os  impactos  futuros  da  nova  idéia para a sociedade e  para a indústria. 

Oficina  de  trabalho  sobre  Recursos  Naturais  para  Materiais  Avançados, realizada no Hotel Grand Bittar, em Brasília. Sob  supervisão de Fernando  Rizzo, diretor do CGEE; coordenação  de  Elyas  Medeiros,  responsável  técnico  por  esse  estudo    e  participação de Howard Rasheed, enquanto coach para a utili‐ zação desse método e dinâmica de grupo propostos. Ambos os exercícios realizados em oficinas do CGEE enfatizaram  a etapa da descoberta. A ferramenta permite a interatividade on ‐line dos participantes e, também um Delphi em tempo real para  fazer  a  análise  sobre  o  que  foi  apresentado.  As  melhores  idéias   podem servir como base para a elaboração de cenários. 

Conferência Anual da WFS 2008 ― Washington, DC

Inovação no Brasil é tema da apresentação do CGEE em Washington

         15 

tem  a  construção  de  idéias  inova‐ doras, estratégias e programas que  tragam  o  impacto  desejado  para  o  futuro  dos  setores  industriais  que  podem  se  beneficiar  com  os  resul‐ tados desse método. Marcio  Miranda  destacou  as  carac‐ terísticas da abordagem metodoló‐ gica do CGEE para os estudos pros‐ pectivos,  contextualizando  esse  portfólio  de  atividades  como  um  Marcio  Miranda  e  Lucia  Melo,  respectivamen‐ dos  vários  elementos  que  constitui  te,diretor‐executivo  e  presidenta  do  CGEE,  reuni‐ a  agenda  diversificada  e  complexa  ram‐se com  Howard Rasheed, fundador e presiden‐ da instituição.   te do Institute for Innovation (I4I), durante um inter‐ valo das plenárias da manhã de domingo na Confe‐ Selecionou  as  atividades  de  maior  rência Anual da World Future Society 2008.  repercussão, dos últimos sete anos, 

como  exemplos  da  gestão  do  co‐ nhecimento  ser  um  fator  decisivo   para a tomada de decisões e formu‐ lação  de  políticas  públicas  que  in‐ cluam  uma  visão  estratégica  de  longo prazo.  Howard  Rasheed  iniciou  sua  apresentação  com uma visão panorâmica sobre seu método  Entre  os  presentes,  Lucia  Melo,  de  ideação  para  a  construção  de  uma  visão  presidenta do CGEE; Rosana Paulu‐ estratégica.  ci, assessora técnica do Centro; Joel  O professor de Wilmington citou a arquitetura  Barker,  autor  de  “Five  Regions  of  do  estudo  sobre  materiais  avançados,  traba‐ the  Future”;  Adelman  Moreira  Ri‐ lho  que  está  em  curso  no  CGEE.  Explicitou  beriro,  consultor  da  Petrobras;  Jim  quais são os conceitos e  práticas que permi‐ Disbrow,  membro  do  dream  team  do Projeto Milênio na área de ener‐ gia,  entre  outros  profissionais.  Foto: Rosana Pauluci

Marcio  Miranda  e  Howard  Rasheed  apresen‐ taram, na Conferência Anual da WFS, a inter‐ relação  entre  os  trabalhos  desenvolvidos  por  suas respectivas instituições. 

Questionamento que esteve presente  não só na apresentação de Marcio Mi‐ randa, como também em outros fóruns  da Conferência: “Como proce‐ der para que o processo deci‐ sório dos governos, incluindo   a formulação de leis e políticas  públicas, possa se beneficiar   com o  melhor conjunto de  conhecimento disponível,  aliado a uma  visão estratégica   de longo prazo?” 

Marcio  Miranda  discorreu  na  Conferência  Anual  da  WFS 2008 sobre a atuação do CGEE . 

Plenária de abertura 16 

Criar um futuro sob a ótica da diversidade Foto: Rosana Pauluci

Nat  Irvin,  anfitrião  e  moderador  na  mesa  de  abertura  da  Conferência  Anual  da  World  Future  Society  2008.  É  professor  de  administração  da  Universidade  de  Louisville . 

Marilyn  Johnson,  vice‐presidenta  de  desenvolvimento  de  mercado  da  IBM,  uma  das  em‐ presas  patrocina‐ doras  da  Conferên‐ cia. 

Marilyn Johnson, Edie Weiner, Bill Drayton, Nat Irvin e Tim Mack na plenária de abertura. 

Tim Mack, Nat Irving e Ma‐ rilyn  Johnson  fizeram  as  honras  da  casa  ao  dar  as  boas‐vindas  aos  participan‐ tes, valorizando a diversida‐ de de nações representadas  na Conferência.  

mundo  multidimensional  para  um  g l o b o  ‘extradimensional’,  já  pre‐ sente no quotidiano”. 

“Se  o  mundo  atual  fosse  plano,  não  haveria  tão‐ somente  produtos  e  servi‐ Nat Irvin  já colocou no You‐ ços  circulando  sem  barrei‐ Tube a introdução do vídeo  ras  entre  países,  mas  tam‐ de  uma  de  suas  apresenta‐ bém  as  melhores  práticas  ções no evento na qual nar‐ seriam  rápida  e  eficiente‐ ra  como  perdeu  a  visão  do  mente adotadas”, analisou.   olho esquerdo quando tinha  “Persistem os obstáculos ao  apenas  quatro  anos  de  ida‐ gerenciamento  apropriado  de.   dos recursos hídricos; à pro‐ Irving  relembra  o  ocorrido  teção e à assistência às mu‐ para  enfatizar  que  “ter  o‐ lheres,  crianças,  idosos  e  lhos não basta para se ver e  doentes;  à  redução  e  ao  não  enxergar  não  significa  seqüestro  de  carbono,  e  ao  que  a  pessoa  não  possa  ter   acesso à educação de exce‐ uma    boa  visão.  Nós  preci‐ lência  e  aos  bons  empre‐ samos  uns  dos  outros,  pre‐ gos.”  cisamos  ver  o  mundo  atra‐ Para  Weiner,  é  necessário  vés dos olhos de cada um”.  haver  uma  mudança  de  Se o mundo fosse plano...  foco  em  questões  de  suma  importância para a humani‐ Edie  Weiner  destacou  que  dade.  No  caso  dos  alimen‐ estamos  passando  de  “um  tos,  “melhor  seria  enfatizar  

Edie    Weiner,  presidenta  da  Weiner  Edrich  Brown  (WEB)  Inc.,  firma  nova‐iorquina  de  consultoria,  pioneira  em  pla‐ nejamento  estratégico.  Co‐ autora  do  livro    “Future  Think:  How  to  Think  Clearly  in a Time of Change”. 

Continua na pág. 17 

a nutrição, pois o alimento é  apenas  uma  parte  desse  conjunto”.  O  comércio  de  commodities  relacionadas  à  alimentação  “sempre  foi  uma barreira para um mun‐ do plano”.  Recursos  humanos  devem  ser sinônimos daquelas pes‐ soas  de  que  precisamos  no  ambiente de trabalho. Hoje,  as  formas  de  vida  que  não  têm  origem  no  carbono,  as  máquinas,  dividem  o  espa‐ ço  com  os  seres  humanos,  “quem  as  contrata?”,  ironi‐ zou.  

“Elevar a qualidade do ensi‐ no,  que  é  apenas  uma  par‐ cela  do  processo  de  apren‐ dizagem”.  O  foco  deve  es‐ tar em aprender.  “O sucesso material precisa  ser  reavaliado,  pois  surgem  novas formas de proprieda‐ de,  como  a  dos  mundos  virtuais,  em  que  pessoas  possuem  acres  no  mundo  dos bytes”.  Weiner destaca a total des‐ continuidade  na  distribui‐ ção  da  saúde.  “O  conceito  de bem‐estar não é ociden‐

Mencionou o quão destruti‐ va  pode  ser  a  combinação  entre  religião  e  xenofobia,  ressaltando  a  necessidade   de  aceitar  a  diferença,  a  diversidade.  “Ser  diferente  não deveria ser um risco”.  A  chave  para  um  mundo  plano  é  comparável  a  uma  chaise  longue  de  seis  per‐ nas,  com  destaque  a  ele‐ mentos  não‐tangíveis  :  “propriedade  intelectual,  moral,  tempo,  stress,  repu‐ Bill Drayton, fundador e presi‐ tação e  mundo virtual.” 

“Nós”, uma energia muito poderosa “A  empatia  ensina  um  pensar  sistêmico; a diversidade verda‐ deira ocorre quando as pessoas  diferem  no  pensar”,  disse  Bill  Drayton,  fundador  da  Ashoka,  uma  associação  global  que  congrega  os  empreendedores  sociais.   A  mensagem  de  Drayton  na  abertura  da  Conferência  frisou 

a idéia de que cada indivíduo é  um  promotor  de  mudança  e,  para  tanto,  é  preciso  começar  cedo,  com  um  novo  conjunto  de  valores  ao  se  educar  as  cri‐ anças.  Drayton  escolheu  dois  exem‐ plos  entre  os  2  mil  líderes  que  fazem parte da rede de 70 paí‐ ses  que  recebem  apoio  finan‐ ceiro  e  logístico  da  Ashoka  Fellows,  para  demonstrar  o  valor que se deve dar à educa‐ ção  das  crianças  com  uma  perspectiva  de  tolerância,  res‐ peito,  amor  e  vontade  de  transformar  o  mundo  em  um  lugar  mais  justo  e  digno  para  todos. 

                                     17 

tal ou oriental”, observou. 

dente da Ashoka ― Inovado‐ res para o Público ―, organi‐ zação sem fins lucrativos que  apóia iniciativas de empreen‐ dedorismo social . 

A tendência de crescimento do  terceiro setor é algo estarrece‐ dor.  Há  20  anos,  a  Indonésia  tinha  apenas  uma  organização  ambiental. Hoje tem mais de 2  mil.  Em  Bangladesh,  o  desen‐ volvimento do país fica a cargo  de 20 mil ONGs, estabelecidas  nos últimos 25 anos. No Cana‐ dá,  o  número  de  associações  de  cidadãos  cresceu  mais  de  50%  desde  1987,  chegando  a  200  mil.  No  Brasil,  em  1990,  esses  grupos  passaram  de  250  mil  para 400 mil. Isso demons‐ tra que cada vez mais os indiví‐ duos procuram ser promotores  de mudanças. 

“Se nós todos fizéssemos o que somos capazes de fazer, ficaríamos literalmente chocados com os nossos feitos”. Thomas Edison

Como mudar o mundo O  livro  conta  histórias  sobre  como  as  pessoas  alteraram  a  sua  própria  vida  ao  se  dedica‐ rem a “mudar o mundo”.  

Uma  nova  edição  do  livro  de  David Bornstein, “How to Chan‐ ge the World”, circulou na aber‐ tura  da  Conferência  da  WFS,  seguindo  a  natureza  da  apre‐ sentação de Bill Drayton.  

Inclui a história de um agrôno‐ mo  gaúcho,  Fábio  Rosa,  hoje  diretor‐executivo  do  Instituto  para  o  Desenvolvimento  de  Energias  Alternativas  e  Auto‐ Sustentabilidade  (IDEEAS)  que,  em  1982,  começou  a  tra‐ balhar  em  iniciativas  para  o 

fornecimento  de  energia  de  baixo  custo  às  comunidades  de  áreas  rurais  no  Rio  Grande  do  Sul  e,  posteriormente,  em  di‐ versas regiões brasileiras.   Também  narra  a  saga da  médi‐ ca carioca Vera Cordeiro, funda‐ dora  da  Associação  Saúde  Cri‐ ança Renascer, que tenta alterar   aspectos  perversos  do  sistema  de saúde brasileiro. 

Timothy C. MacK, presi‐ dente da World Future  Society. Esteve no CGEE  em novembro de 2005.  

Destaques 18 

Os grandes desafios, hoje e amanhã “O  nosso  foco  é  o  que  está  a‐ contecendo,  aquilo  que  não  é  compreendido ou percebido de  forma  equivocada;  temas  que  em  25  anos  serão  decisivos”,  declarou  Jerome  Glenn  sobre  seu trabalho. 

Jerome  C.  Glenn  é  diretor  do  Projeto  Milênio  (WFUNA)  e  co‐autor  do  relatório  anual  intitulado  “State of the Future”. Atua  em  Washington,  DC  e  atri‐ bui‐se  a  ele  a  criação  da  técnica  de  foresight  intitu‐ lada Futures Wheels. 

colabora com esse Projeto.  Alguns entre os muitos ques‐ tionamentos  que  buscam  responder: 

• Como  todos  podem  ter  Michael  Marien,  fundador  e  acesso  à  água  limpa  sem  editor  da  pesquisa  “Future  haver conflitos?   Survey”,  publicada  mensal‐ O  Projeto  Milênio  foi  apresen‐ tado  por  Glenn  em  vários  fó‐ • O  que  fazer  para  que  o  mente, desde 1979, pela WFS.  Trabalha em Nova York. Rece‐ runs da Conferência, com ênfa‐ crescimento  populacional  beu  homenagem  da  WFS  du‐ se  nas  novidades  que  constam  alcance o equilíbrio?  rante a Conferência, ao deixar  do relatório “2008, State of the  o cargo de editor (vídeo dispo‐ • Como  a  elaboração  de  Future” e também um CD, con‐ políticas  públicas  pode  se  nível no YouTube).  tendo  as  6.300  páginas  desse  tornar mais aberta à pers‐ Para  Michael  Marien,  existem  trabalho,  com  todos  os  deta‐ pectiva  global  de  longo  dez    temas  (“Marien´s  Top  lhes das pesquisas, incluindo os    prazo? Ten”)  que serão decisivos nos  Delphis  e  os  cenários  formula‐ próximos anos:  dos.  • Como  a  convergência  global  de  tecnologias  de  1.  Aquecimento Global  Fruto  de  uma  parceria  entre  o  informação  e  comunica‐ 2.  Energia  Futures  Group  International,  a  ção  pode  funcionar  para  Secretaria‐Geral  das  Nações  3.  Segurança  todos?  Unidas,  Smithsonian  e  Univer‐ sidade  das  Nações  Unidas  • Como  melhorar  a  capaci‐ (UNU), o projeto recebe contri‐ dade  para  a  tomada  de  buições  de  50  países  sobre  as  decisão à  medida  em  que  questões  cruciais  que  afetarão  a  natureza  do  trabalho  e  o futuro da humanidade.   das instituições muda? 

4. 

Governança 

5. 

Recursos (Economia) 

6. 

Educação 

7. 

Saúde 

No Brasil, é Rosa Alegria,  vice‐ • Como  as  mudanças  de  8.  Demografia  presidenta  do  Núcleo  de  Estu‐ status  da  mulher  podem  9.  Comunicação  dos  de  Futuro  (PUC  ―  SP)  que  melhorar  a  condição  hu‐ 10.  Ciência e Tecnologia  mana?  • Como  as  crescentes  de‐ mandas  de  energia  po‐ dem  ser  segura  e  eficien‐ temente atendidas?  • Como  as  economias  de  mercado  éticas  podem  encurtar  a  distância  (gap)  entre os ricos e os pobres?  Alguns conteúdos desse relatório, como   o gráfico ao lado, estão disponíveis na  Internet. Essa figura mostra o crescimen‐ to  anual do número de internautas em  seis regiões do planeta desde o ano 2000. 

Marien  prevê  que,  no  ano  2050,  em  um  mundo  de  9  bilhões de pessoas, será preci‐ so  prestar  muita  aten‐ ção  nos  re‐ cursos  de  conhecimen‐ to  e  na  edu‐ cação  cívica.  Ele  sugere  o   livro  de  Les‐ ter  Brown  ―  “Plan  B  2.0”,  disponível  para  leitura on‐line. 

Destaques

Aposta na inteligência coletiva Um erudito que integra a equi‐ pe  do  Projeto  Milênio  e  assina  o  relatório  “2008,  State  of  the  Future”,  Theodore  Gordon  propõe  o  questionamento  quanto  à  eficácia  da  inteligên‐ cia coletiva.  Aponta, como resposta negati‐ va  a  essa  questão,  o  livro  “Extraordinary  Popular  Delusi‐ ons  and  the  Madness  of  Crowds”,  de  1841,  escrito  por  Charles Mackay.  Ao  lado  dos  que  apostam  na  inteligência  coletiva,  cita  “The  Wisdom of Crowds”, publicado  como  resposta  a  Mackay,  em 

2004,  por  James  Surowiecki,  defensor  da  premissa  de  que  grupos  pequenos  têm  um  de‐ sempenho  mais  inteligente  que  aquele  dos  indivíduos  iso‐ lados  e  que  essa  inteligência  coletiva  está  moldando  os  negócios,  economias,  socieda‐ des e nações da atualidade.   Gordon  é  partidário  dos  que  apostam na inteligência coleti‐ va. Acredita que o Delphi serve  como  uma  demonstração  de  que  é  possível  obter  respostas  melhores que aquelas dos indi‐ víduos  escolhidos  de  forma  aleatória.  

                                     19 

O  uso  desse  aplicativo  no  Projeto  Milênio  chamou  a  atenção  da  Rússia  e  da  África  do  Sul.  Esses  dois  países  pediram e receberão o  código  para  aprimorá‐ lo.     Sobre  quais  são  os  atributos  das  decisões  de  sucesso,  Gordon  mencionou  os  estudos  de    prioridades.    Theodore  Gordon  é  co‐autor  do  relatório  “2008, State of the Future”, fundador do Futu‐ res Group, trabalha em Old Lyme, Connecticut. 

Mulheres conquistam novo ciclo de vida maior poder aquisitivo, mais tem‐ po  disponível  para  o  lazer  e  um  leque  mais  amplo  de  relaciona‐ mentos  e  de  oportunidades    pro‐ fissionais”, observou Dychtwald. 

As    famílias  terão,  facilmente,  o  convívio    de  quatro  a  cinco  gera‐ ções. A própria noção do que é uma  família terá ampla latitude semânti‐ ca. 

Alguns  dados  já  corroboram  as  percepções de Dychtwald sobre o  “fim  da  Arca  de  Noé”  (alusão  ao  paradigma que tinha nos casais e  na fertilidade o seu alicerce): 

“As  mulheres  estão  se  destacando  no  planejamento  dos  seus  diversos  ciclos  de  vida,  com  opções  novas  e  instigantes.  Essa  vivência  está  transformando o mundo”, concluiu. 

• 75%  das  mulheres  que  traba‐ Maddy  Dychtwald  é  vice‐ presidenta  executiva e  co ‐fundadora  da  Age  Wave  de São Francisco, Califór‐ nia. 

lham  como  executivas  e  são  casadas  ganham  mais  que  os  maridos; 

• 53%  do  total  de  investido‐ res  da  bolsa  de  valores  americana são mulheres; 

Mulheres com dinheiro, poder,   disposição  e  algumas  incerte‐ • o  grupo  feminino  já  detém  48% dos imóveis e a expec‐ zas  ao  participar  de  um  novo  tativa de vida ultrapassa os  paradigma  de  “ciclo  de  vida”.  90 anos.  Esse  foi  o  destaque  da  apre‐ sentação  de  Maddy  Dycht‐ Embora  os  dados,  apresenta‐ wald, executiva da Age Wave.   dos  por  Dychtwald,  corres‐ “A  poucos  anos  para  chegar  à  terceira idade, os baby boomers  chegarão  a  essa  etapa  da  vida  com  melhor  conhecimento, 

pondam  à  realidade  america‐ na,  essa  é  uma  tendência  que  pode  ser  constatada  em  ou‐ tros países.  

“As mulheres estão se destacando no planejamento do seu ‘ciclo de vida’ e, com isso, estão transformando o mundo”. Maddy Dychtwald

Destaques 20 

Holanda busca antever o futuro do crime organizado Com  uma  imagem  das  mais  liberais  em  todo  o  mundo,  a  Holanda  começa  a  desenvolver  uma  preocupação  com  o  crime  organizado.  Esse  é  o  tema do trabalho apresentado por Peter Klerks, co‐ autor do livro “Societal Trends and Crime‐Relevant  Factors”.   Todos os países europeus terão que elaborar estu‐ dos semelhantes a esse, com o objetivo de organi‐ zar ações conjuntas para o período de 2008 a 2012.  Klerks  atribuiu  ao  posicionamento  geográfico  do  país, a facilidade para que sirva como um corredor  do  tráfico  de  drogas  para  toda  a  Europa.  “Os  pe‐ quenos  aeroportos  e  portos  são  os  pontos  que  requerem  maior  atenção  por  parte  das  autorida‐ Peter  Klerks  é  criminologista,  doutor  em  des”, alertou.   Direito, principal palestrante da Academia de  Polícia da Holanda e um dos autores do livro   A  seguir,  os  principais  aspectos  sociais,  culturais,  “Societal  Trends  and  Crime‐Relevant  Fac‐ econômicos,  tecnológicos,  políticos,  ambientais  e  tors”, escrito em parceria com Nicolien Kop.  demográficos que  influenciam direta, ou indireta‐ mente, as questões relacionadas ao futuro da segu‐ rança da sociedade holandesa. 

Macrotendências e meso‐ tendências socioculturais  • Crescimento da diversida‐

Macrotendências e meso‐ tendências  econômicas  •

de cultural. 

• Revolução cultural atribuí‐



da à revolução da informa‐ ção. 

• Mobilidade como priorida‐ de entre as necessidades  das pessoas. 



• A segurança torna‐se prio‐ ridade em uma sociedade  em que os riscos são cres‐ centes. 

• Mudanças na coesão social.  • “Feminização” da socieda‐ de. 



Prosperidade, mas cres‐ cente desigualdade.  Desemprego, que pode  ocorrer em grande escala  e entre grupos em situa‐ ção de vulnerabilidade.  Globalização, que favore‐ ce o tráfego de pessoas,  produtos, serviços, dinhei‐ ro e informação; faz apa‐ recer gigantes como o   BRIC; os Estados falidos  tornam‐se sinônimo de  lugar para liberdade políti‐ ca e práticas criminosas .  Mudança entre os que  detêm o poder  (companhias e governos). 



Surgimento da economia  de rede. 



Importância crescente  atribuída ao empreende‐ dorismo com responsabili‐ dade social. 

Elaborado  pelo  Serviço  Nacio‐ nal  de  Inteligência  contra  o  Crime,  da  polícia  holandesa,  o  estudo tem um horizonte tem‐ poral de cinco anos. 

Macrotendências e meso‐ tendências políticas 

Macrotendências e meso‐ tendências tecnológicas 

• Crescente descentralização; 

• O crescimento acentuado 

cada vez  mais decisões são  tomadas na instância da  União Européia. 

• Mudança nas organizações,  de um modelo burocrata  para um que é transparente  e orientado para a satisfa‐ ção do cliente. 

• Liberalização de leis e regu‐ lamentos. 

• Políticas de  controle.  • Polarização, incluindo apoio  a pontos de vista tidos como  “radicais”. 

do  tráfego de dados ele‐ trônicos. 

• Convergência das mídias.  • Progresso nos processos de  marcação e rastreamento  de produtos (RFID, GPS) e  proteção contra a espiona‐ gem. 

• Tecnologias de última ge‐ ração; introdução da nano‐ tecnologia prevista para  2010 e disponibilidade de  novos estimulantes. 

• Influência da política na  condução dos trabalhos da  polícia. 

• A saída da interferência  governamental versus o  crescente papel da socieda‐ de civil organizada.  Continua na pág. 21 

Destaques Macrotendências e mesotendências ecológicas  • O crescimento do “empreendedorismo sustentável” .  • Expansão da infra‐estrutura com um sistema de  transporte alternativo. 

• Crescente escassez de commodities. 

• Posicionamento geográfico da Holanda (“gateway to 

        21         

Europe”) e infra‐estrutura. 

• Crescente importância atribuída ao bem‐estar dos  animais. 

• Mudanças do clima. 

• Segurança alimentar. 

A era da mente Nas  macrotendências  e  meso‐ tendências  tecnológicas  do  estudo holandês sobre o crime  organizado  aparece  um  desta‐ que  para  a  nova  geração  de  estimulantes,  novos  fármacos,  que  associados  às  tecnologias  de microeletrônica e computa‐ ção,    produzirão  medicamen‐ tos  de  alta  influência  sobre    a  mente dos seres humanos.  

Da mesma forma que o holan‐ dês Klerks recomenda a leitura  da  entrevista  do  Instituto  Ra‐ thenau,  no  blog  http:// futureimperative.  Blogs‐ pot.com,  Albus  menciona  o  que  está  sendo  feito  no  Kras‐ now  Institute  for  Advanced  Studies,  da  George  Mason  University.   Esse  grupo  busca  relacionar  a  psicologia cognitiva, a neurobi‐ ologia  e  o  estudo  sobre  inteli‐ gência  artificial  e  os  sistemas  complexos  de  adaptação  para  ampliar  os  conhecimentos  sobre  como    a  mente,  o  cére‐ bro e a inteligência funcionam. 

O  americano  James  S.  Albus   colocou cifras no interesse dos  Estados Unidos em promover a  década  da  mente:  “são  US$400  milhões  por  ano  em  um programa nacional que visa  compreender  os  mecanismos  de  funcionamento  da  mente,  Comentou  quais  seriam  os  informou”.   bons  resultados  obtidos  com  Albus  citou  as  experiências   novos  produtos  e  serviços  ori‐ feitas  com  neurônios,  para  se  ginados  a  partir  desses  estu‐ entender a consciência, associ‐ dos,  especialmente  quando  adas  à  ciência  computacional  aplicados  às  áreas  promotoras  de  saúde  mental,  no  combate  para se construir inteligência. 

às  doen‐ ças  neuro‐ l ó g i c a s ,  a v a n ç o s  para  a  educação  e  design  computa‐ cional.  No  lado  das  más  n o t í c i a s ,  antevê  o  desemprego  como  um  dos  proble‐ mas  mais  relevantes  decorrentes  da  cres‐ cente  proliferação  da  robótica.  

James S. Albus, colaborador sênior  da divisão de sistemas inteligentes  do  National Institute of Standards  and  Technology, Gaithersburg,  Maryland. Apresentou o trabalho  “The Future of Intelligent Systems  Technology and How It Can Chan‐ James  Albus,  autor  de  ge the World”.  “Peoples´  Capitalism:  The  Economics  of  the  Robot Revolution”, criticou também alguns aspectos do  siste‐ ma capitalista que tendem a favorecer o surgimento de mono‐ pólios  e  oligarquias.  Propõe  um  sistema  alternativo  em  que  cada um seja uma espécie de venture capitalist. 

Saúde para todos os americanos A  situação  atual  da  saúde  nos  Estados  Unidos  é  preocupante.  Segundo  os  dados  apresentados  por  William  Rowley,  do  Institute  for  Alternative  Futures,  133  mi‐ lhões de americanos têm doenças  crônicas; metade da população se  tornará  obesa  e  1/3  sofrerá  de  diabetes  em  algum  momento  de  suas vidas.  William Rowley é futurista do Institute for Alternati‐ Entre  os  países  desenvolvidos,  os  ve Futures, Alexandria, Virginia. Estados  Unidos  são  os  que  gas‐

tam mais para dar uma cobertura  a poucos indivíduos.  Rowley  apresentou  alternativas  ao  modelo  atual  do  sistema  de  saúde  americano,  propostas  que  estão  no  centro  dos  debates  da  campanha dos atuais candidatos à  presidência dos EUA.  A  apresentação  completa  de  Ro‐ wley  está  disponível  no  site  do  Institute for Alternative Futures. 

Destaques 22 

Integração e gestão de sistemas complexos são os desafios para os gerentes de TIC Um papel de maior destaque e  participação  para  os  gestores  de  Tecnologias  de  Informação  e Comunicação (Chief Informa‐ tion Officer ― CIO) é um entre  os  vários  aspectos  abordados  por  Frank  McDonough  ao  ex‐ por como os governos do futu‐ ro  podem  melhor  gerenciar  e  integrar os recursos de TIC. 

Frank  McDonough,  con‐ sultor  sênior  em  análise  sobre  governos  do  futu‐ ro.  Trabalhou  no  Depar‐ tamento  da  Marinha  e  Departamento  do  Te‐ souro. Washington, DC. 

McDonough discorreu sobre as  cifras  estratosféricas  que  são  gastas  pelos  governos,  com  resultados nem sempre corres‐ pondentes  às  expectativas.  Destacou  a  complexidade  dos  sistemas que estão sendo con‐ cebidos  para  os  próximos  20  anos.  “Em  Londres,  há  5  milhões  de  câmeras  em  locais  públicos;  um  trilhão  de  equipamentos  terão  chips  interconectados;  há robôs com o domínio de 60  mil palavras e o poder do com‐

putador  será  multiplicado  por  um  fator  de  um  bilhão,  o  que  fará  com  que  em  2020  tenha  funções  equivalentes  às  do  cérebro  humano.  Os  gastos  com sistemas de informação já  somam US$80 bilhões”. .  “À  medida  que  os  governos  fazem  experiências  com  uma  gestão  ‘horizontalizada’  como  estratégia para se ter um com‐ prometimento  de  todos  em  relação  à  elaboração  de  políti‐ cas, os programas de execução  estão  se  tornando  mais  com‐ plexos  e  fracassos  são  comu‐ mente o resultado de tais inici‐ ativas”, comentou.   “É  preciso  saber  lidar  com  sis‐ temas  de  gerenciamento  cujo  custo alcança a casa do milhão  de dólares e outros que chega‐ rão,  facilmente,    à  casa  do  bilhão”. 

Citou  como  exemplos  de  su‐ cesso  o  que  a  Austrália  está  fazendo  por  meio  do  Business  Process  Transformation  Com‐ mittee  (BPTC).  São  grupos  de  trabalho  cuja  agenda  inclui  a  melhoria  dos  serviços  de  TIC,  buscando  integração  e  com‐ prometimento  de  todos  os  níveis  do  governo.  Um  exem‐ plo dessa iniciativa é a propos‐ ta de otimizar a forma como as  pessoas  são  registradas  em  programas  sociais  do  governo  australiano.  Outro  caso  bem‐sucedido,  apontado por McDonough, é o  trabalho da Blue States Digital,  “primeira  tecnologia  de  Inter‐ net  usada  com  total  eficiência  na  campanha  de  Barack  Oba‐ ma”,  apontou.  “São  850  mil   partidários  em  uma  mesma  rede, 50 mil eventos de campa‐ nha  promovidos,  um  exemplo  ímpar de rede social.” 

Europa e Ásia na mira do foresight alemão O  diretor  de  ciências  da  Z_Punkt The  F o r e s i g h t  C o m p a n y ,  K a r l h e i n z  Steinmüel‐ ler,  conside‐ ra  que  os  p r o b l e m a s  Os  alemães  Karlheinz    Steinmüeller  funcionam  como  e  Klaus  Heinzelbecker    apresenta‐ motores  para  a  pro‐ ram  as  tendências  e  incertezas  per‐ moção  da  inovação.  cebidas para Europa e  Ásia.  Expôs sua percepção  com  exemplos  do  que  ocorre  nos  sistemas  de  energia  e  transportes;  o  crescente  valor  atribuído  à  propriedade  intelectual  e  uma  preocupação  maior  em  se  preservar  o  meio ambiente.  Ao  analisar  o  contexto  europeu,  Steinmüeller  descreveu  uma  Europa  com  uma  população  envelhecida,  o  que  re‐ sultará em uma “redistribuição populacional, um poder de  compra  diferenciado  entre  as  regiões  e,  possivelmente,  decréscimo  nos  índices  de  desemprego”.  A  escassez  de 

mão‐de‐obra  qualificada  colocará  Ásia  em  evidência  as  deficiências  de  Para  o    diretor  de  Planejamento  formação  das  novas  gerações  de  Estratégico  da  Basf,  Klaus  Hein‐ trabalhadores.   zelbecker,  “é  impressionante  o  “Uma  sociedade  de  serviços  e  investimento que é feito em edu‐ conhecimento  trará  novas  rela‐ cação  na  China”.  Foi  o  planeja‐ ções entre as empresas. Quanto à  mento  com  a  utilização  de  cená‐ política,  a  integração  européia  rios  globais  que  permitiu  à  Basf   deve  acelerar  reformas  dos  siste‐ estabelecer‐se de forma  vantajo‐ mas  sociais,  das  pensões  e  do  sa  na  Ásia.  As  vendas  dessa  em‐ sistema  de  saúde,  crescendo  a  presa  em  2007  foram  de  6,9  bi‐ regulamentação  e  o  controle.  A  lhões de euros.  União  Européia  terá  diretivas  e  Heinzelbecker descreveu a  “Basf  leis comuns, bem como requisitos  Strategy  2015”,  com  base  na  para uma ‘cidadania corporativa’”,  análise  de  tendências.  Há  previ‐ descreveu.  sões  de  mudança  econômica  A  Europa  terá  que  lidar  com  o  para a Ásia e economias de servi‐ crescente descrédito na democra‐ ço com o elemento “consumo de  cia, polêmicas dos que são contrá‐ energia” na lista das prioridades.  rios  ao  neoliberalismo,  questões  Artigos e apresentações de Hein‐ relacionadas à mudança do clima,  zelbecker  estão  disponíveis  na  desemprego  e  terceirização  da  Internet.  mão‐de‐obra.  

Educação

Mudanças na era digital ― mais educação, colaboração e democracia Os  avanços  tecnológicos  trouxeram  um  jargão  que  já  permeia  as  conversas  de  grande  parte  da  sociedade.  Carrie  Rathsack  manteve  o  foco de sua apresentação nas  mudanças da era digital, con‐ vencida  de  que  há  um  novo  paradigma  não  só  em  cons‐ trução,  mas  em  contínua  mudança. 

estabelecem  por  mediação  da Web, com ampla gama de  aparatos  devotados  à  comu‐ nicação  em  tempo  real,  ou  assíncrona;  a  revolução  vem  com o acesso aberto aos con‐ teúdos  (open access), à  fonte  dos  programas  de  computa‐ dor  (open source),  favorecen‐ do  o  movimento  de  inclusão  digital  e  o  comércio  eletrôni‐ co    invoca  a  rede  de  tecno‐ logias da Cisco.  

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novo  perfil  de  uni‐ versidade:  “Nas  uni‐ versidades  moder‐ nas, não só história e  assuntos  correntes  deveriam fazer parte  do  currículo,  mas  também  um  curso  de  Desenvolvimento  Carrie  Rathsack  é  diretora‐ de  Foresight  seria  assistente  do Centro para o Ensino,  benéfico  para  todos  Aprendizagem  e  Tecnologia,  da  os  estudantes  de  Bowling  Green  State  Universidty,  em Ohio.  graduação.”  Essa  foi  uma  bandeira  trazida  ao  evento  por  vários  futuristas,  entre  os  quais  desta‐ São  essas  e  ca‐se John Smart, presidente da Acce‐ muitas  outras   leration  Studies  Foundation,  da  Cali‐ novidades  que  fórnia.  se  incorporam  pouco  a  pouco  Os  americanos  já  têm  uma  proposta  ao  ambiente  para incluir essa e outras matérias rela‐ de trabalho, na  cionadas  aos  estudos  do  futuro  e  às  cultura,  em  técnicas de foresight, até mesmo como  “Tudo  é  possível”,  Rathsack  geral, das comunidades. “Em  pré‐requisito  para  ingresso  na  gradua‐ fez o trocadilho em alusão ao  breve,  veremos  um  anúncio  ção.  O  texto  de  Arthur  Shostak,  no  lema da campanha da Adidas   de  emprego  no  jornal    para  livro  “Seeing  the  Future  Through  New  que  usou  a  história  de  supe‐ ‘generalistas com capacidade  Eyes”,  é  um  exercício  de  visualização  ração  de  atletas,  como  Mu‐ de  síntese  futurista’,  ironizou  dessa  idéia  ao  ser  concretizada  (pág.  hamed Ali, em sua publicida‐ a diretora da Bowling Green.  10).  de.   Tais  convergências  trazem  Tal proposta surgiu na Universidade de  Mudanças  e  oportunidades  aceleração,  com  novos  ciclos  Tamkang,  na  década  de  1990,  confor‐ estão em toda a parte. Com a  superando  os  anteriores  em  me  relatou  Smart,  e  frutificou  nos  Es‐ democratização de acesso às  uma  dinâmica  que  também  tados Unidos em um primeiro curso de   redes,  cidades  inteiras  viven‐ encontra  certas  resistências.  Desenvolvimento  de  Foresight,  ofere‐ ciam a perspectiva de intera‐ Para  essas,  “as  instituições  e  cido  pela  University  of  Advancing  Te‐ ção on‐line; “a aprendizagem  os  indivíduos  devem  se  pre‐ chnology, em Phoenix, no Arizona, que  torna‐se  uma  modalidade  parar, adaptar‐se às transfor‐ tem por missão “educar os inovadores  contínua  que  acompanha  a  mações  que  estão  por  vir”,  do futuro”.  concluiu a educadora.  pessoa por toda a vida”.  Ao  lado  a  foto  da  Fórum sobre Educação  cidade  do  futuro  Jargão  (2080),  publicada  no  O espaço da escrita ampliou‐ As  palavras  de  Carrie  Rath‐ wiki em  que  os  estu‐ se  para  além  dos  programas  sack  também  tiveram  pre‐ dantes  desse  curso  de  tratamento  de  texto,  pas‐ sença  em  um  fórum  mais  compartilham  seus  sou  para  os  blogs  e  wikis;  o  abrangente,  o  “Education  recursos e interesses.  áudio  é  o  podcast;  imagens  Summit: Learning for Tomor‐ Acessível  na  URL:  estão  em  galerias  e  coleções  row”,  que  transcorreu  duran‐ h t t p : / / construídas  com  zelo;  recur‐ te  todo  o  sábado,  dia  26  de  f o r e s i g ht de ve l o p ‐ sos  encontram‐se  nos  book‐ julho de 2008.  ment.wetpaint.com/ marks,  compartilhados  em  Entre  os  destaques  desse  redes  sociais;    contatos  se  fórum  houve  a  menção  a  um 

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Fórum dos membros profissionais Countries”)  entre  as  muitas  yle e da Technology Foresight, ou  opções  das  sessões  da  pré‐ seja, uma atividade similar àque‐ conferência.  la  realizada  pela  inglesa  Shap‐ ping Tomorrow.  Social Technologies 

Terry Grim; James Wright; professor da Universidade de São  Paulo, e Kenneth W. Hunter, consultor sênior do Escritório de  Programas Internacionais da Universidade de Maryland.  James  Wright,  professor  da  Universidade  de  São  Paulo  e  coordenador do Programa de  Estudos  do  Futuro,  apresen‐ tou  uma  visão  panorâmica  sobre  a  atuação  da  sua  insti‐ tuição  e aspectos da comple‐ xa realidade brasileira, duran‐ te  o  Fórum  dos  Membros  Profissionais.   Em  destaque,  o  trabalho  de  desenvolvimento  de  cenários  com  foco  nas  oportunidades  existentes  na  base  da  nossa  pirâmide,  feita  12  anos  antes  do trabalho de C. K. Prahalad  sobre esse tema.   Wright  conseguiu  a  atenção  da  audiência    

ao  narrar  como  se  deu  a  “Previsão  e  Análise  Tecno‐ lógica do Proálcool”. Discor‐ reu  sobre  o  estudo  feito  para  a  área  de  telecomuni‐ cações,  em  1984,  com  a  construção  de  cenários  alternativos  para  o  ano  2000. Os  trabalhos  do  professor  da  USP  foram  muito  bem  recebidos,  conforme  afir‐ mou  Karim  Medjad,  profes‐ sor  associado  do  Departa‐ mento  de  Direito   da  HEC  de  Paris.  Medjad  foi  um  dos  partici‐ pantes  que  escolheu o curso  de   W r i g h t  (“Identifying  Future  Op‐ portunities  in  Emerging 

Terry  Grim,  futurista  e  estra‐ tegista  da  empresa  Social  Technologies,  destacou  a  importância  de  quantificar  o  desempenho  das  práticas  de  foresight  de  uma  instituição.  Para tanto, desenvolveu uma  cartela  de  pontuação  (organizational  scorecard)  com  base  no  modelo  de  en‐ genharia  de software da Car‐ negie Mellon.  “Foresight Maturity Model” é  o  nome  da  ferramenta  de  avaliação  apresentada  por  Grim.  A  análise  dos  resulta‐ dos  permite  aferir  em  que  estágio  a  instituição  se  en‐ contra  entre  os  cinco  níveis  de  maturidade,  ou  desenvol‐ vimento,  em  foresight:  ad  hoc,  ciente,  capaz,  maduro  e  world class. 

Adicionar valor à econometria  Coube  a  Stephen  Aguilar‐Millan,  diretor de pesquisa  do European  Futures  Observatory,  propor  um  questionamento  sobre    o  que  fazem os econometristas e como  os  futuristas  podem  adicionar  valor  aos  feitos  desses  profissio‐ nais  e,  ainda,    em  que  situações  os  futuristas  têm  vantagem  nas  análises que conduzem.  “Os econometristas desenvolvem  modelos que permitem explicar o  passado  e  tentam  predizer  o  futuro  ,  mas  esses  modelos  são  muito  limitados  no  que  se  refere  ao  futuro”,  explicou  Aguilar‐ Millan.  “Já  os  futuristas  têm  um  papel  complementar  de  destaque  em  relação  aos  trabalhos  de  econo‐

A  Social  Technologies  é  uma empresa de pesquisa e  consultoria,  especializada  na  integração  dos  portfó‐ lios  de  foresight,  estratégia  e inovação. Tem escritórios  em  Washington,  DC;  Lon‐ dres, Tel Aviv e Xangai.  Essa  empresa  mantém  o  Futures  Consortium,  um  serviço  para  membros  que  promove  encontros  e  uma  plataforma de corretagem de  informações da Global Lifest‐

Terry  Grim  é  futurista  e  estrategista  da  Social  Technologies  e  professora  adjunta  de  Estudos  do  Futuro  da  Universidade de Houston, Texas. 

Continua na pág.25 

                                    25 

metria,  pois  podem  apontar  se  os  parâmetros escolhidos são os corre‐ tos,  se  a  mensuração  é  feita  com  a  utilização dos componentes apropri‐ ados  e  se  a  margem  de  erro  quer  dizer  algo  mais;  enfim,  podem  ‘ler  nas suas entrelinhas’”.  Aguilar‐Millan  considera  o  trabalho  dos  futuristas  de  extrema  valia  por 

“não se aterem aos dados quantita‐ tivos  ao  considerar  alternativas  de  futuro que competem entre si, bem  como ao aceitar que qualquer previ‐ são  sobre  o  futuro  contém  a  possi‐ bilidade de erro”, concluiu.   Keneth W. Hunter foi um dos pales‐ trantes  responsáveis  pela  síntese  dos  trabalhos  do  Fórum  dos  Mem‐

bros  Profissionais,  espé‐ Stephen Aguilar‐Millan,  cie  de  sessão  final  da  diretor de pesquisa do Euro‐ Conferência.  Em  outra  pean Futures Observatory  sessão,  Wright  abordou,  do Reino Unido.  em  conjunto  com  Les  Wallace, a questão do perfil da liderança que se espera  para o século 21 (veja detalhes na pág. 11). 

Foto: WFS

Plenária de encerramento Tecnologias para o sistema de saúde e seu impacto na sociedade Turismo  médico,  telemedici‐ na  e  o  futuro  do  sistema  de  saúde global foram temas que  trouxeram uma série de novi‐ dades  sobre    tecnologias  e   tendências  comporta‐ Molly J.  Coye é fundadora  mentais  que  estão  sur‐ e  presidenta  do  Health  gindo  à  medida  que  a  Technology Center.   medicina  se  torna  ainda  mais high tech.  Molly Coye , presidente do Centro de Tecnologias  de Saúde (HealthTech) e Kevin Finckenscher , vice ‐presidente  executivo  da  Healthcare  Transforma‐ tion  apontaram o sistema de saúde como um dos  últimos a iniciar  uma  mudança  s i g n i f i c a t i v a ,  com  alteração  em  suas  fron‐ teiras  tradicio‐ nais e uma con‐ solidação  de  grande escala.  

“Hoje temos a terceirização dos serviços  médicos; um raio‐x feito nos EUA tem o  parecer de um radiologista australiano e  vice‐versa”.  Isso  soma‐se  a  uma  “convergência  sem  precedentes  de  di‐ versos setores industriais, à globalização  da força de trabalho do setor médico e a  uma  crescente  ‘onda  tecnológica’”,  co‐ mentaram.  Entre  as  tendências  detectadas  pelos  pales‐ trantes  estão  a  redução  dos  custos,  o  cresci‐ mento  do  leque  de  serviços  e  sua  qualidade.  “Com  a  democratização  do  acesso  à  informa‐ ção,  o  ponto  focal  da  assistência  médica    se  desloca  para  o  gerenciamento  apropriado  da  informação.” 

Kevin  Finckenscher  é  chefe  do  escritó‐ rio  de  medicina  e  v i c e ‐ p r e s i d e n t e  executivo  da  Heal‐ thcare  Transforma‐ tion  for  Perot  Sys‐ tems. 

“No  novo  para‐ digma,  o  que  era  seqüencial  passa  a  ser  si‐ multâneo;  mui‐ Continua na pág.26 

26  to  ocorrerá  no  mundo  virtual;  redes  digitais, sem ser proprietário, centrado  em sistemas e não em profissões”.  Telemedicina  Na  mesma  semana  da  realização  da  Conferência Anual da WFS, a Wal‐Mart  —  empresa  mais  admirada  dos  EUA,  instalada em muitas cidades brasileiras  —  abriu, em uma de suas lojas do Te‐ xas, um “Walk‐In Telemedicine Health  Care”. A pessoa tem a possibilidade de  fazer uma consulta médica via Web. A  iniciativa é fruto da parceria entre a My  Health Access e a NuPhisicia.  Essa  experiência  corresponde  às  ten‐ dências narradas por Coye e Finckens‐ cher de que a saúde terá na “mediação  da  informação,  aspectos  relacionados  à  personalização  e    à  customização,  uma  arquitetura  aberta  e  sem  frontei‐ ras,  global  e  agregadora,  biológica  e  improvisada  (em  oposição  à  mecânica 

e orquestrada)”, destacaram.   Citando John Naisbitt, disseram que “as  tendências,  assim  como  os  cavalos,  são  mais  fáceis  de  ‘montar’  se  a  pessoa  for  na mesma direção delas”.  “Turismo médico”  Ao  analisar  para  onde  vão  os  america‐ nos  no  chamado  “turismo  médico”,  constatou‐se  que  cirurgias  cardíacas;  ortopédicas,  para  reparos  nos  joelhos  e  nos quadris; dentárias; cosméticas, com  fins  reprodutivos,   entre outras, são um  mercado  promissor  para  aqueles  que  buscam preços mais vantajosos em rela‐ ção aos americanos por tratamentos em  locais que têm infra‐estrutura e um am‐ biente prazeroso.  

fação supera o custo”, em que o preço  não  é  o  diferencial  para  a  tomada  de  decisão.  Era  digital  Os  palestrantes  também  citaram  o  escritor  de  ficção  científica,  William  Gibson, ao dizer que  “o futuro já che‐ gou, só não está distribuído de forma  eqüitativa”.   As  mesmas  questões  levantadas  por  Frank  McDonough  (pág.  22),  serão  vivenciadas no sistema global de saú‐ de.  Desafios  de  gestão,  integração  e  compartilhamento  de  sistemas,  com  o que há de mais avançado em tecno‐ logias de informação  e comunicação. 

As  agências  de  viagem  já  oferecem  op‐ ções  personalizadas  para  esse  tipo  de  clientela  em  todo  o  mundo.  Muitas  ve‐ zes, há também o fator de que “a satis‐

O que é a World Future Society? World Future Society 7910 Woodmont Avenue, 450 Bethesda, Maryland 20814, USA

Tel: 301-6566-8274 Fax: 301-951-0394 e-mail: [email protected]

A World Future Society (WFS) é uma organização não‐partidária e sem  fins  lucrativos,  dedicada  ao  estudo  de  previsões,  tendências  e  idéias  sobre o futuro. A WFS reúne 25 mil indivíduos de mais de 80  países e  que atuam praticamente em todas as esferas de ação, incluindo líderes  empresariais, políticos, pedagogos, empresários, estudantes e aposen‐ tados.  Eles  compartilham  a  idéia  comum  de  que  as  pessoas  podem  criar um futuro melhor para elas, assim como para toda a humanidade,  estudando  possíveis  desenvolvimentos  futuros  e  fazendo  escolhas  sá‐ bias. Os membros da WFS acreditam que um amanhã melhor é cons‐ truído na atualidade. O CGEE é membro da WFS e participa anualmen‐ te de suas conferências. 

The Futurist

Susan Echard trabalha há 31 anos na World Future  Society.  Vice‐Presidente,  responsável  pelo  regis‐ tro  dos  membros  e  logística  da  conferência,    foi  homenageada  na  plenária  de  encerramento  pela  dedicação  e  profissionalismo  com  que  conduz  as  atividades  de  organização  desse evento anualmente.  De todos os colegas do Brasil, o nosso  Thank you Susan!  

The Futurist é a revista da WFS. É  uma publicação independente que  traz previsões, tendências e idéias  sobre o futuro, incluindo os mais re‐ centes desenvolvimentos, cenários e  tecnologias emergentes com idéias  práticas e ferramentas para ajudar a  criar um amanhã melhor.  Anualmente, desde 1985, os editores  da The Futurist  selecionam as melho‐ res idéias e previsões que foram publi‐ cadas na revista para entrar no Relatório  Anual de Perspectiva .  Nesses mais de 20 anos, esse relatório  tem chamado a atenção  para o aparecimento de desenvolvimentos célebres que incluem,  por exemplo, a Internet, a realidade virtual e o fim da Guerra Fria.  Continua na pág.27 

27 

Dez previsões selecionadas pela WFS em 2008

1

O mundo terá um bilhão de milionários em 2025.   James Canton, autor de "The Extreme Future", revisado em THE FUTURIST, maio-junho de 2007, pág. 54.

→ A globalização e a inovação tecnológica estão conduzindo o episódio de prosperidade que presenciamos. Com a prosperidade  surgirão outros desafios como a escassez de água que afetará 2/3 da população mundial antes de 2025. 

2 As tecnologias e os gostos convergirão para revolucionar a indústria têxtil.   Patrick Tucker, "Smart Fashion", THE FUTURIST, setembro-outubro de 2007, pág. 68.

→ Surgirá a moda que aliará design a tecidos inteligentes, em que, por exemplo, as roupas poderão mudar de cor ou emitir perfu‐ mes variados. Os relógios de pulso funcionarão como carteiras digitais. Energizar essas engenhocas ainda é um obstáculo importan‐ te. No entanto, os tecidos inteligentes já representam um mercado de US$400 milhões. Especialistas do setor industrial acreditam  que os panos high‐tech poderão revitalizar a indústria têxtil americana e a européia.

3

A ameaça de uma outra Guerra Fria, com a China, ou com a Rússia, ou, ainda, contra ambas,  poderá substituir o terrorismo como tópico principal da política externa dos Estados Unidos.  Edward N. Luttwak, "Preserving Balance among the Great Powers", THE FUTURIST, novembro-dezembro de 2006, pág. 26.

→ Cenários de uma guerra com a China, ou contra a Rússia, fariam os atuais confrontos armados em que os Estados Unidos estão  envolvidos parecer insignificantes. O poder dos terroristas é irrisório se comparado, por exemplo, com a força dos mísseis  soviéti‐ cos. Assim, o foco da política externa americana deveria se concentrar em impedir combates entre as grandes potências. 

4

A falsificação de papel‐moeda irá proliferar e liderar o movimento  para uma sociedade sem uso do dinheiro convencional.    Allen H. Kupetz, "Our Cashless Future", maio-junho de 2007, pág. 37.

→ Nos próximos cinco anos, as novas e sofisticadas tecnologias de leitura óptica (scanning) serão facilitadoras para os falsificadores  de dinheiro. Atualmente, um número crescente de indivíduos utiliza meios eletrônicos de pagamento. Ao mesmo tempo, a tecnolo‐ gia aperfeiçoada torna o dinheiro eletrônico mais fácil e mais seguro de usar. 

5

A Terra está à beira de um significativo evento de extinção.  World Trends & Forecasts, novembro-dezembro de 2006, pág. 6.

→ De acordo com o World Resources Institute, o século 21 poderá testemunhar um colapso da biodiversidade de 100 a 1.000 vezes  maior que qualquer outro fenômeno de extinção ocorrido na Terra desde o início da humanidade. Proteger a biodiversidade em um  tempo de consumo crescente de recursos, superpopulação e degradação ambiental exigirá um sacrifício contínuo por parte das  comunidades locais, freqüentemente empobrecidas. Os especialistas afirmam que incorporar os interesses econômicos das comu‐ nidades locais em planos de conservação será essencial para a proteção da espécie no próximo século.

6

A água será, no século 21, o que o petróleo foi no século 20.  William E. Halal, "Technology's Promise: Highlights from the TechCast Project", novembro-dezembro de 2007, pág. 44.

→ A escassez de água potável e as secas estão se alastrando, tanto nos países em desenvolvimento, como nos desenvolvidos. Em  resposta, o Estado da Califórnia está construindo 13 usinas de dessalinização que poderão produzir de 10% a 20% da água desse  Estado americano nas próximas duas décadas. Até lá, a dessalinização já terá se tornado uma técnica mais disseminada.

7

No ano 2050, a população mundial já terá crescido mais do que o es‐ perado, devido à melhor saúde e à maior longevidade das pessoas.  World Trends & Forecasts, setembro-outubro de 2007, pág. 10.

→ Declínios de fertilidade, mais lentos que os esperados em países em desenvolvimento , e a longevidade crescente em países   ricos estão contribuindo para uma taxa de crescimento populacional mais elevada. Com isso, a ONU aumentou em 100 milhões sua  previsão para a população mundial em 2050, passando de 9,1 bilhões de pessoas para 9,2 bilhões.

8

O número de africanos vítimas de inundações será 70 vezes maior em 2080.  World Trends & Forecasts, julho-agosto de 2007, pág. 7.

→ A rápida urbanização verificada na África está alterando o fluxo natural das águas e cortando as suas rotas de escoamento.  Continua na pág.28 

28 

9

Isso faz com que as inundações passem a ser particularmente perigosas. Se o nível do mar no planeta subir os esperados  38 centímetros até 2080, o número de africanos afetados por inundações passará de 1 milhão para 70 milhões.

Os preços cada vez mais elevados dos recursos naturais poderão conduzir a  uma corrida desenfreada para desenvolver o Ártico.  Lawson W. Brigham, "Thinking about the Arctic's Future: Scenarios for 2040", setembro-outubro de 2007, pág. 27.

→ Não só o petróleo e o gás natural, como também as reservas de níquel, cobre, zinco, carvão, água doce, as florestas e os peixes  existentes no Ártico são altamente cobiçados pela economia global. Assegurar um certo  controle sobre essas riquezas, ou encon‐ trar modos eqüitativos e sustentáveis para compartilhá‐las, será um desafio político muito importante para as próximas décadas.

10

Crescerá o número de decisões tomadas por entes não‐humanos.  Arnold Brown, "'Not with a Bang: Civilization's Accelerating Challenge", setembro-outubro de 2007, pág. 38.

→ Equipes eletronicamente habilitadas em redes, robôs com inteligência artificial e outras formas de vida não‐carbônicas tomarão  decisões para todos nós sobre os mais variados assuntos tais como finanças, educação, saúde e até mesmo política. A razão disso é  que a tecnologia está aumentando a complexidade das nossas vidas em um ritmo que a competência dos trabalhadores humanos  não está conseguindo acompanhar e, assim, os desastres resultantes de erro humano serão cada vez mais freqüentes. 

Curiosidades — The Futurist  Nanotecnologia 

Leitura da linguagem corporal 

“Entrevistas com um grupo de especialistas em nanotecnologia geraram uma lista de prováveis desenvolvimentos divididos em três horizontes

“A verdade está nos olhos, mas tam‐ bém  nos  gestos.  Um  sistema  desen‐ volvido  pelos  cientistas  da  Universi‐ dade de Manchester usa uma câmera  e inteligência artificial para processar  padrões  de  comportamento  não‐ verbal. Esse sistema é capaz de avali‐ ar  estados  de  decepção,  agressão,  esgotamento  e  até  mesmo  as  fases  iniciais do mal de Parkinson.” 

de tempo, a saber: Daqui a dois ou cinco anos: 

• Pneus  de  carro  que  precisam  de  ar  apenas  uma vez por ano;

• Diagnósticos médicos completos em um úni‐ co chip (circuito integrado) de computador;

Dentes de reposição 

• Concentradores portáteis que produzem água  potável a partir do ar. De cinco a dez anos: 

• Computadores  potentes  que  cabem  em  uma  carteira;

• Medicamentos que fazem com que a Aids e o  câncer passem a ser doenças tratáveis; 

• Edifícios inteligentes que se auto‐estabilizam  durante terremotos e bombardeios. De 10 a 15 anos: 

• Inteligência  artificial  tão  sofisticada  que  não  será  possível  saber  se  quem  responde  a  um  telefonema é uma pessoa ou uma máquina;

• Pintura a partir do computador; • O  organismo poderá ser tratado quase total‐ mente a partir de seu interior, reduzindo e até  mesmo  eliminando  a  necessidade  de  cirurgi‐ as.”

Hidrelétricas de dupla função  “Um  novo  processo  para  remo‐ ver o sal da água do mar e torná‐ la  potável  pode  ser  alimentado  pelo excesso de calor das usinas  de energia elétrica. Um pequeno  protótipo  operacional  mostra  que  o  calor  residual  (inaproveitável)  de  uma  usina  elétrica  de  100  megawatts  pode  produzir  5,7  milhões  de  litros  de  água  fresca  diariamente  a  um  custo  bem  inferior  àquele  dos  métodos  de  dessalinização  con‐ vencionais.”

“Em  breve,  as  coroas  e  os  implantes  dentários  cairão  em  desuso.  As  pes‐ soas  poderão  produzir  os  seus  pró‐ prio dentes de reposição naturalmen‐ te.  Células‐tronco  serão  retiradas  de  um  indivíduo  e  tratadas  e  cultivadas  em  laboratório.  Em  seguida,  essas  células serão reimplantadas no interi‐ or da gengiva da pessoa, no local do  dente  perdido  ou  extraído.  Um  novo  dente  nascerá  e  se  formará  no  lugar  desejado.”  

29 

Washington, DC, 2008 

Arte 30 

Papageorge eterniza imaginário da separação: veias abertas entre África e Brasil

Georgia Papageorge, artis‐ Filmado  em  setembro  de  2001  nas  praias  do  ta sul‐africana  Brasil  e  da  Namíbia,  o  título  do  filme  poderia  corresponder  ao  de  um  cenário  narrado  há  mais  de  150  milhões  de  anos por um futurista que tivesse feito um estudo para os próximos  15  anos  de  seu  continente  e  quisesse  explicitá‐lo  em  imagens,  de  forma abstrata. Em um dos cenários visualizados ― Africa rifting ―,  diria que, nesse horizonte temporal, haveria uma grande separação  territorial, originando o que hoje se conhece por África e América do  Sul.  Contemplativo, sem palavras ou pessoas, o trabalho de Papageorge  serve  também  como  um  poema  sobre  o  luto  por  sua  filha,  que  aos  dois anos de idade morreu vítima de câncer. Simboliza o sofrimento do apartheid, por ela  conhecido, sentimentos depositados na metáfora sobre a separação das terras da África  e  América  do  Sul,  cordão  umbilical  de  povos,  culturas,  destinos,  aspirações  sepultadas  nos navios negreiros, narrativas de Castro Alves: “O mar em troca acende as ardentias,/  ―  Constelações  do  líquido  tesouro.../  Stamos  em  pleno  mar...  Dois  infinitos/   Ali se estreitam num abraço insano,/ Azuis, dourados,  p l á c i d o s ,   s u b l i m e s . . . /    Qual dos dous é o céu? qual o oceano?”  Essa estrofe se materializa nos movimentos de câme‐ ra à medida em que tecidos vermelhos deslizam no ar  e se tornam ora a sangria de toda uma nação, ora são  percebidos  como  imagens  de  pássaros  que  fazem  evoluções  no  céu.  Efeitos  sublimes  que  evocam  sin‐ cronicidade e transcendência.  O  curta‐metragem  abre  ainda  a  perspectiva  de  um  olhar sobre a estratégia do colibri – polinização criati‐ va  e  globalização,  conforme  ideário  do  sociólogo  e  jornalista Francesco Morace. “Existe um fenômeno de  convergência, visando à construção de um corpo inte‐ gral, dotado de um cérebro e de uma capacidade cria‐ tiva igualmente global”.  Hoje, a América presencia a trajetória de Barack Obama. O Brasil enuncia como desta‐ que estratégico para o país, em sua Política de Desenvolvimento Produtivo (PDP), a inte‐ gração com a África. A Embrapa se instalou em Moçambique em 2005. Farmanguinhos  produzirá remédio anti‐AIDS para esse continente. O sistema de quotas para negros em  universidades brasileiras reacende o debate sobre as condições socioeconômicas predo‐ minantes  em  relação  à  população  negra  do  continente  americano.  Esses  são  sinais  de  que a África, especialmente para o Brasil, foi e será sempre um espaço para um futuro  compartilhado, quiçá melhor planejado. 

Foto: Internet

A pouca distância da Conferência, no Museu Nacional de Arte Africana,  o  tema do vídeo “Africa Rifting: Lines of Fire, Namibia/Brazil”, de Georgia Pa‐ pageorge, traz uma sensação de proximidade aos conteúdos mais relacio‐ nados à espiritualidade e à cultura,  que também estiveram presentes nas  discussões da World Future Society. Alcança, ainda, o imaginário daqueles  futuristas que buscam visualizar os redesenhos geomorfológicos, demográ‐ ficos, que estão reservados ao planeta em seu futuro. 

31 

A seguir, algumas bissociações en‐ tre fotos tiradas em Washington e  frases, ou trechos, do livro “Seeing  the Future Through New Eyes”. 

32 

The U.S. Botanic Garden 

“Create study and research centers to investigate not only telegeo‐ graphy, telework and integrated systems analysis and planning, but  also economic and pricing systems designed to reward sustainability  and  other  practices  needed  to  sustain  humans,  wildlife,  rain  ,  we‐ tlands,  agricultural  systems,  clean  energy,  and  nonrenewable  re‐ sources  or  to  create  tax  or  other  penalties  to  discourage  practices  that threaten human, wildlife, and agricultural ecosystems that sus‐ tain life.”  Pelton and Robinson: Telegeography, pg. 279 

33 

The U.S. Botanic  Garden 

“Each month, 8 million people (the population of New York City) join  an Earth already groaning. In the United States, we generate 12 billi‐ on  tons  of  solid  waste  a  year  ―  that´s  twenty  times  the  total  a‐ mount of ash released by the 1980 eruption of Mount Saint Helens.  Over  200  million  tons  of  airborne  wastes  are  added  to  the  atmos‐ phere each year, joining 90,000 tons of  nuclear waste, most of whi‐ ch will be poisonous for another 100,000 years.” (Benyus 1997, 240‐ 41)      Anderson: The Future Is All Around Us, pg. 344 

34  The U.S. Botanic  Garden 

“Attention  should  go  as  well  to  examples  of  successful  modern  ap‐ plied  utopian  thinking,  such  as  The  Farm  (Tennessee)  and  other  communes around the world, as well as the entire Scandinavian na‐ tion complex and the small Kingdom of Bhutan, where a ‘Gross Nati‐ onal Happiness’   helps a democratizing monarch measure progress  and minimize the toll that modernization can take. As well, of cour‐ se,  the  worldwide  environmental  movement  fits  in  here,  especially  as key members are busy promoting what they call ‘Greenopia’”.  Shostak: High Schools of the Future, pg. 403 

35 

Smithsonian National Air and Space Museum 

“Now we are on the brink of the biggest new frontier that humanity   ever had the opportunity to explore. We have orbited the Earth and  walked  on  the  Moon.  We  have  sent  probes  to  Mars  and  beyond  to  the very edge of our solar system”.  Stabler: Expansion for the Good of Humanity, pg. 425 

36 

Smithsonian 

“Scenarios have to obey two sets of unwritten laws: those of the fu‐ ture  and  those  of  fiction.  The  surprise  is  discovering  that  in  many  ways they are the same. You direct and are directed, you shape and  are shaped, you possess and are possessed. The future is not  ahead,  it  is  alongside  ― it  is  at  once  familiar  like  your  shadow  but  casts  a  different likeness. The scenario thus operates under and celebrates  the  same  mysterious  dynamics  of  all  imaginative  work.  You  create  characters and events, but then they take over and create themsel‐ ves. Indeed,  if they didn´t , that would signal that you and your visi‐ on are in total control, with little or no room left for them to be auto‐ nomous and for your collaborative partner to contribute. That is why  the impact of a genuine scenario is always double ― it is both famili‐ ar  and  surprising,  is  easy  to  follow  but  then  takes  an  unexpected  turn, reads like a daily newspaper and an exotic work of science ficti‐ on. It is always and finally an escape to reality.”      Buchen: Seeing Newly, Differently, and Futuristically, pg. 145 

37  Smithsonian 

“The global future hangs on hopes for a rising spirit of inclusion across the fault  lines of civilization. Happily, the time seems more promising now than ever be‐ fore for the inclusive spirit to grow, since technology is continuing to shrink the  world at a rapid pace. The result is a vastly expanded scope for understanding  and acceptance of differences within and accross diverse ways of life. The ri‐ sing capacity to process and spread information is continuing to free more and  more individuals and communities worldwide from historic isolation and inef‐ fectiveness. This is an especially welcome development for Inclusive Huma‐ nists, representing the only cultural identity in the quadrate hamstrung by the  absence of a geographical base. As diffuse and international as it has been, In‐ clusive Humanism retains its syncretic promise for a global future of greater  amity and cooperation across the many fault lines of secular and religious ex‐ clusion.”   Borpujari: The Quadrate,  pg. 140 

38 

Freer and Sackler Galleries 

  “Our greatest responsability is to be good ancestors.”   (Jonas Salk)      Wallace and Trinka: Leadership as Legacy Work, pg.363 

39  Freer and Sackler Galleries 

“Biotechnology, specifically cloning, could offer the option of  marrying yourself — of forming a solipsistic marriage with a  cloned  version  of  you  of  the  opposite  sex.  But  then,  one  could    as  easily  have  a  homossexual  marriage  with  another  version of you of the same sex. Though it involves time travel  as an added element, in David Gerrold´s The Man Who Folded  Himself,  the  main  character,  through  looping  through  time,  becomes his daughter, his son, his mother, his father, and his  wife.”       Lombardo and Lombardo: The Evolution... of Marriage, pg.97 

40 

National Museum of African Art 

  “The future is all around us.”       Anderson, pg. 337 

41  National Museum of African Art 

“Spirituality has become the word of the hour. But what is spiritua‐ lity? ... Spirituality means feeling at one with that which we call the  divine. But when I think of the divine I ... think of our own most evol‐ ved qualities: our profound human capacity for empathy, for love, our  striving for Justice, our hunger for beauty, our yearning to create...  Spiritual means being ethical and, in the true sense of the word, mo‐ ral.”    Lombardo and Lombardo: The Evolution... of Marriage, pg..103 

 

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