www.cgee.org.br
BRASÍLIA, AGOSTO DE 2008
CIRCULAÇÃO RESTRITA
Centro de Gestão e Estudos Estratégicos
, Sala 1102 e 1103, Brasília, DF
SCN Quadra 2, Bloco A, Ed. Corporate Financial Center
UM NOVO OLHAR PARA O FUTURO Novidades sobre a Conferência Anual da World Future Society, Washington, DC, 25 a 30 de julho de 2008
Edição, redação, diagramação e fotos: Nathália Kneipp, Analista em Ciência e Tecnologia (CGEE)
CGEE e I4I apresentam resultado de parceria Marcio Miranda, diretor‐ executivo do CGEE, e Howard Rasheed, fundador e presidente do Institute for Innovation (I4I) (Åfoto), apresentaram na Con‐ ferência Anual da World Future Society (WFS) a inter‐relação entre os trabalhos desenvolvi‐ dos por ambas as instituições. O método intitulado “seis etapas para a genialidade coletiva” começa a ser testado em alguns estudos do Centro, com desta‐ que para o estudo prospectivo sobre novos materiais (pág. 15 ).
Pré-conferência inclui oficinas temáticas Um conjunto de oficinas temáticas antece‐ deu a Conferência. Entre muitas opções, destacou‐se o curso ministrado por Peter Bishop (fotoÆ), professor da Universidade de Houston, Texas. Bishop organizou um programa introdutório sobre Estudos do Futuro. Já o inglês Adam Gordon, do Future Studio do Reino Unido, apresentou técni‐ cas para a construção e utilização de cená‐ rios (págs. 2 a 7).
Lançado durante a Con‐ ferência, o livro “Seeing the Future Through New Eyes” apresenta uma coletânea de 32 contri‐ buições, divididas em quatro temas principais: perspectivas e prospec‐ tivas; ferramentas e aplicações; problemas e oportunidades; inspira‐ ção e ação: avançar. Leia um breve enunciado sobre os artigos nas págs. 8 a 11.
Washington, estação de poesia e cores Passear em um dia de verão em Washington, DC, é encontrar os versos do autor de “Leaves of Grass”, Walt Whitman ― que viveu nessa cidade a partir de 1832 ―, na parede da estação de metrô Dupont Circle. Além do passeio tradicional, vale apreciar as cores dos muitos jardins e a diversidade dos mu‐ seus, especialmente o Smithsonian. Arquitetura arrojada, com muitas surpresas pelo caminho. Be‐ lezas que fazem do turismo uma das principais atividades econômicas da cidade. Imagens ― págs. 31 a 41.
“The violet and purple morn with just‐felt breezes, The gentle soft‐born measureless light, The miracle spreading bathing all, the fulfill'd noon, The coming eve delicious, the welcome night and the stars, Over my cities shining all, enveloping man and land.” “Lilacs”, de Walt Whitman Trecho do poema escrito, supostamente , logo após o assassinato de Abraham Lincoln, em 1865.
Pré-conferência
Introdução ao estudo do futuro
2
A dinâmica de grupo proposta, por Peter Bishop, como primeira tarefa aos participantes do curso “Introdução aos estudos sobre o futu‐ ro” foi, em si, um exercício demons‐ trativo sobre a primeira etapa de qual‐ quer estudo prospectivo: a coleta de dados.
Peter Bishop, professor da Universidade de Houston, Texas, que tem cursos de graduação e pós‐graduação em “Studies of the Future“.
Você pensa como um futurista? Faça o teste de “QI do Futurista”, elabo‐ rado por Peter Bishop: 1. Existe um futuro ou vários futuros? (a) Um (b) Vários 2. O futuro já está determinado? (a) Sim (b) Não 3. Podemos conhecer o futuro? (a) Sim (b) Não 4. Qual fonte de mudança tem o maior impacto no nosso futuro? (a)Forças globais e sociais em grande escala e sobre as quais não temos con‐ trole. (b) Nossos próprios esforços para criar um futuro para nós e para os outros. (c) Ambos, em proporções relativamen‐ te iguais. (d) Alguma outra fonte de mudança. 5. Como o futuro geralmente muda? (a) Em etapas lentas, incrementais, no decorrer de um longo período de tempo. (b) De repente, em grandes saltos. (c) Ambos, em proporções relativamen‐ te iguais. 6. Qual é a melhor imagem do futuro? (a) Um jogo de dados. (b) Um riacho que corre rápido. (c) Uma pessoa, escrevendo um poema. (d) O delta de um rio.
Bishop solicitou aos participantes que usassem o número de pessoas na sala como uma escala para se autoclassifi‐ car, nesse caso, de 1 a 47, ao respon‐ der às seguintes questões: de onde vinham, por quanto tempo permane‐ ciam no mesmo emprego e em que domínio atuavam, sendo engenharia e matemática as áreas mais próximas do número 1 e as literaturas e as artes, as que mais se aproximavam do 47. Feito isso, houve a coleta dos dados por parte dos participantes, em que cada qual esteve “classificado” em comparação aos demais. Esses dados levaram a suposições (assumptions) e 7. Qual é o maior horizonte de tempo que se pode prever? (a) 1 a 2 anos (b) 3 a 5 anos (c) 5 a 10 anos (d) 10 a 25 anos (e) Mais de 25 anos 8. Qual é a melhor opção para se compre‐ ender o futuro de longo prazo? (a) Previsões claras e únicas. (b) Múltiplos futuros possíveis. (c) Nenhuma das alternativas. (d) Ambas as alternativas. 9. Qual é a característica mais importante de uma boa previsão? (a) Acurácia (b) Precisão (c) Utilidade (d) Clareza 10. O que mais influencia o futuro de lon‐ go prazo? (a) Tendências (b) Acontecimentos (c) Escolhas (d) Todas influenciam o futuro de maneira relativamente igual 11. Que tipo de futuro é o mais útil para nós? (a) O futuro mais provável. (b) Outros futuros possíveis. (c) O futuro que preferimos. (d) Todos são úteis por razões diferentes.
essas à formulação de julgamentos, ou conclusões, sobre o que esses dados indicavam. O professor ressaltou que “os dados por si só não conduzem à decisão”. Para ilustrar como se chega a suposições e como essas podem ser equivocadas, ele citou o exemplo da Nasa, que nos anos 80, ao receber os primeiros dados de satélite sobre a redução de ozônio na atmosfera, supôs que o instrumento de medição estava quebrado e buscou con‐ sertá‐lo, pois admitir a existência de um “buraco” na camada de ozônio, à época, parecia muito improvável. Peter Bishop segmenta em forecasting e foresight o que se vê no ambiente que está sendo estudado e planejamento e visão o que se quer fazer a respeito do que se vê nesse dado universo. Na próxi‐ ma página, encontra‐se o brainmapping de Bishop sobre os diversos métodos disponíveis para se estudar o futuro.
12. O que mais influencia o futuro de longo prazo? (a) Demografia (b) Meio ambiente físico (c) Tecnologia (d) Economia (e) Governo (f) Cultura (g) Todas influenciam muito o futuro 13. Qual é a maior causa de erros de previsão? (a) Falta de informação. (b) As suposições de quem faz as previ‐ sões . (c) Acontecimentos externos. 14. Qual atitude em relação ao futuro é mais freqüentemente correta? (a) Otimismo (b) Pessimismo (c) “Transformacionalismo” (d) Fatalismo (e) Todas são igualmente corretas 15. Quem estabelece a visão para a organização? (a) O líder (b) A alta direção (c) O time de planejamento estratégico (d) Gerentes (líderes) em geral (e) Todos os participantes do processo (f) Nenhuma das alternativas anteriores Continua na pág. 4
Peter Bishop 3
Pré-conferência 4 16. Quais são as características mais importantes de um plano estratégico efetivo? (Escolha três). (a) Compromisso ao cumpri‐lo. (b) Abranger tudo o que a organização faz. (c) Direcionamento geral para uma mu‐ dança fundamental. (d) Planos detalhados de implementação. (e) Ser compreendido por todos. (f) Metodologia de planejamento válida.
17. Qual é o termo que melhor descreve o último processo de mudança significa‐ tivo do qual você participou? (a) Caótico (b) Decepcionante (c) Nocivo (d) Útil (e) Visionário (f) Perda de tempo
18. Qual é a característica mais sub‐ estimada e despercebida, na busca de um processo bem‐sucedido de mudança ? (a) Comunicação (b) Confiança (c) Visão (d) Comprometimento Para receber o arquivo, em inglês, com a análise de Peter Bishop sobre as opções de resposta, favor solicitá-lo por e-mail:
[email protected]
Como construir e usar cenários O grupo que optou por acompanhar o inglês Adam Gordon na oficina sobre cenários, ilustra a diversidade dos participantes dessa Conferência.
•
Profissionais preocupa‐ dos com os rumos da Educação e instituições de ensino e
•
participantes da Nes‐ tlé, “maior empresa mundial de saúde, nu‐ trição e bem‐estar”, entre outros.
Nessa oficina encontravam‐se:
•
profissionais com o objetivo de planejar o futuro de todo o transporte de superfície nos Estados Unidos, com a elaboração de cenários até 2030 e com o intuito de “melhorar as habilidades para se viajar nos EUA”;
•
neozelandeses preocupados com uma estratégia nacio‐ nal para o seu país;
•
profissionais da área de Defesa, tanto militares america‐ nos, quanto canadenses. Destaque para o site americano Proteus USA — um fórum internacional dedicado aos desafios futuros em segurança geo‐estratégica;
•
profissional do Arquivo Nacional de Washington, escritor, interessado no aspecto de redação de narrativas para cenários;
Valores Gordon procurou sensibilizar os participantes quanto à exis‐ tência de um divisor de águas na primeira opção que se deve fazer ao se vislumbrar cenários. “Existem dois tipos de cenário: um é de valor neutro (value‐ neutral) e o outro tem nos valo‐ res a determinação de sua agenda”, explicou. No caso, a intenção aproxima‐ se do “querer estar no lugar certo, na hora certa”, quer‐se antecipar, sem uma agenda prévia. No segundo, a agenda se impõe, quer‐se fazer algo, existe uma vontade de “mudar o mundo, o estado das coisas”, é “visionário”. Tipo de organização Optar por um desses dois tipos é crucial para a escolha das técnicas que serão aplicadas na condução dos trabalhos.
O exercício final proposto para os participantes do curso foi o de O tipo de organização norteia traçar cenários para a Cruz Vermelha americana. Cada grupo cons‐ o grupo envolvido com a ativi‐ dade de foresight. Esse deter‐ truiu o seu próprio cenário. minará qual cenário utilizar. Se
Adam Gordon é diretor do Future Studio do Reino Unido, analista, consultor, facilitador e professor na área de prospectiva para a indústria. Autor de “Future Savvy”. a opção for pelo de valor neutro, nesse caso, não haverá um cenário “bom” ou “ruim”. O objetivo será o de testar as diversas variáveis de res‐ posta frente ao cenário A, B ou C. Por exemplo, quais investimentos devem ser feitos em cada caso. As organizações não‐ governamentais desenvol‐ verão cenários em que valo‐ res se fazem, necessaria‐ mente, presentes. Continua na pág. 5
Adam Gordon Os cenários Mont Fleur 5
cipantes que conseguiu, efetiva‐ Entre os visionários, os cená‐ mente, em um momento de rios Mont Fleur foram citados crise, pensar no futuro do país. por vários palestrantes duran‐ Conforme descrito na ilustração te a Conferência, como exem‐ ao lado, de um total de 30 histó‐ plo de uma aprendizagem rias, nove foram selecionadas e, coletiva riquíssima. entre essas últimas, quatro che‐ Realizados na África do Sul, garam ao final, sob os títulos nos anos 1980, quando Nel‐ “vôo dos flamingos”, “Icaro”, son Mandela saiu da prisão, “pato manco” e “avestruz”. Nos tiveram um horizonte tempo‐ extremos das incertezas estão ral de dez anos, de 1992 a os aspectos de democracia e 2002. Esse exercício tornou‐se representatividade, bem como a um clássico da literatura so‐ sustentabilidade das políticas bre cenários, por ter reunido econômicas a serem implemen‐ tadas. uma diversidade de parti‐ “O cenário visionário corresponde a um resultado ideal ― aquele que identifica e representa as esperanças compartilhadas da comunidade, grupo ou organização. Não se trata de um cenário objetivo. É uma hisstória sobre como seria a sua aparência se tudo desse certo. Cenários B, C, D, no conjunto, abordam as várias maneiras como
1
A
2
B
as coisas poderiam acabar erradas ou parcialmente erradas.
C
Existe um cenário preferido, desejado. A questão‐chave é: 1) Defini‐lo (alcançar consenso sobre o que deve ser)
3
4
2) Ancançá‐lo na realidade.” A.G.
? O horizonte temporal e a probabilidade de ocorrência Com freqüência, surgiram questões relacionadas ao horizonte temporal ideal para um estudo prospectivo, e qual seria a melhor forma de avaliar a probabilidade de ocorrência de um cenário vir a tornar‐se real. Essa última questão, em especial, pare‐ cia ser uma espécie de mantra para os que estavam na conferência com o propósito de se posicionar, estrategica‐ mente, para a prosperidade de seus respectivos negócios. Gordon rechaça essa métrica de verifi‐ cação da probabilidade de ocorrência de cenários. Diz que quem o faz não compreende a natureza do exercício e de seus propósitos. Defende que o essencial, o “acerto”, se dá quando o conjunto de cenários capta a essência
do que ocorrerá. É a favor de “melhores decisões”. “Cenários não são previsões”. No quesito tempo, Gordon destacou que o longo prazo abre o escopo do estudo a muitas possibilidades. “O horizonte tempo‐ ral do exercício é função da velocidade de transformação do ambiente a ser estuda‐ do”. Para áreas que mudam devagar, um horizonte de até 20 anos pode ser cogita‐ do. Para aquelas de rápida transformação, recomenda‐se um horizonte temporal mais reduzido. “Em geral, são dez anos, mas cada caso é um caso”, afirmou.
1)
baixa incerteza: visão clara do futuro. Resultado em que se pode acreditar;
2)
número limitado de resultados futuros possíveis, um dos quais irá ocorrer;
3)
Resultados indeterminados, porém dentro do mesmo cam‐ po, e
4)
um número ilimitado de resul‐ tados possíveis. Verdadeira ambigüidade (o maior nível de incerteza residual).
Incertezas São as incertezas que norteiam as escolhas das técnicas de construção de cenários. Gordon as divide em quatro níveis :
Representação gráfica dos níveis de incerteza.
Continua na pág. 6
Pré-conferência 6
Polaridades e classificação das incertezas
Exemplos:
Eixos de incertezas Fontes de financiamento
Particular/ Privado
2
Extrínseco
Propósito
Intrínseco
4
Internacional
1
Total competição
2
Globalização/Mercados/Currículo
Total colaboração
Competição
Inclusiva
Participação
Exclusiva
3
Tamanho
Organização
Tipo
5
Emprego
Centrado no estudante
3
Individual
Idade e demografia
Coletiva
2
Tradicional
Modo de aprendizagem
Novo / Inovador
1
Tecnologia
Avançada
1
Centrado no empregador
Obsoleta
Elementos pré-determinados versus incertezas Segundo Gordon, ao se analisar quais são os elementos pré‐ determinados e as incertezas, os questionamentos que devem ser feitos são de duas naturezas:
2.
Ranking
Público / Estado
Local / Nacional
1.
Incertezas são forças importantes que podem gerar desdobramentos diferenciados no futuro.
Qual é o efeito esperado, ou sugerido, que se antevê para a tendência ou direcionador de mudança (change driver)? [Isso, ao se considerar o limi‐ te temporal do estudo] Será que uma mudança o‐ correrá e se tornará um a‐ contecimento sobre o qual se pode estar razoavelmente convencido? É crível?
Adam Gordon, PowerPoint WFS 2008
avaliados sob o filtro do ‘nós’”, ponderou. Lógica de cenários “Escrever as histórias dos cenários, é algo que pode ser feito individualmente ou coletivamente”, disse. O sucesso está atrelado a um bom plane‐ jamento que envolve o que Gordon cha‐ ma de “definição da fotografia”, determi‐ nação dos padrões‐chave de comportamento do setor estuda‐ do; relações de força que afetam as transações das empresas. Ele sugere várias técnicas para essa etapa de “definição” e “exploração”.
Para a lógica dos cenários, as incertezas serão expressas se‐ “As organizações são normalmente gundo a representação gráfica recebedoras de fatos”. Todos os existente na página anterior. acontecimentos e tendências são Matriz 2X2, “encruzilhada” (fork in the road), ou representação estruturada da a l e a t o r i e d a d e Convencidos, certos da Não se sabe, é in‐ (structured rando‐ ocorrência (se e o que) certo (se e o que) mization). Elemento pré‐determinado Incerteza
Continua na pág. 7
Adam Gordon Etapas ao fazer cenários para empresas/indústria 10. Desenvolver as impli‐ cações da estratégia
7
A. DEFINIR 11. Comunicar
12. Renovar
1. Definir os parâmetros do projeto 2. Definir o setor da indústria (status quo)
D. USAR
3. Identificar as tendências e as forças que conduzem, ou afetam, o setor
9. Testar
8. Escrever as histórias dos cenários 7. Expor a natureza dos cenários
C. CONSTRUIR
4. Determinar as incertezas e as suas polaridades 5. Classificar as incertezas em ordem de relevância
B. EXPLORAR
6.Selecionar a lógica dos cenários
Narrativa Ao escrever as histórias dos cená‐ rios, é preciso “criar um interesse humano, apresentar um contexto para os acontecimentos que po‐ derão ocorrer. Imaginação e plausibilidade são ingredientes usados na mesma medida para se estabelecer uma relação de causa e efeito.” As pessoas, os stakeholders, de‐ vem, necessariamente, aparecer na história. Gordon diz que os “cenários são histórias que expli‐ citam o que é de valor para as pessoas, ou expõem a forma como elas se relacionam com esses valores, o que pode vir a se modificar com o transcorrer do tempo (oportunidades e amea‐ ças)”.
torná‐lo plausível?” Essas questões são fundamentais. Outro aspecto é analisar a história sob a ótica dos atores (stakeholders). “Percorra o cenário sob vários pontos de vista: quem apoiaria o cenário que surge? Quem tentaria bloqueá‐lo ou alterá‐lo? Como o sistema tentará ‘reparar‐se’ ou ajustar‐se ao que é propos‐ to?”
defensiva” mas também pro‐ positiva. Para cenários de valor neutro, há que se fazer um questionamento sobre possíveis falhas. “Quais habili‐ dades, recursos e posições são necessárias para ser bem‐ sucedido? Quais são as forças presentes nessas capacida‐ des?”
instituição pode desenvolver seu conhecimento, capacida‐ des e necessidades tecnológi‐ cas?
• Aprendizagem
organiza‐ cional, ou P&D, desenvolvi‐ mento de produto;
• investimento em expansão interna ou em outra organi‐ zação e
Ao finalizar cada cenário, eis algumas questões que devem • parcerias de longo termo, ser respondidas para a cons‐ Estratégia alianças estratégicas, ter‐ trução da estratégia: como a ceirização etc. “A estratégia não deve ser só
Exemplo de cenário para o futuro da biotecnologia Estado regulamentador
Desconfiança do público em relação à integração da biotecnologia para fins médicos, agricultura, engenharia e produtos industriais. Há imposição Teste no uso da biotecnologia, causando Para evitar que a narrativa não ressentimentos. passe de ficção científica, Gordon sugere que seja feita uma verifi‐ Baixa Aceitação cação em relação à realidade. Propõe uma análise da estrutura lógica do que foi enunciado: “está Atual construído com os eventos bem encadeados? Contém ações e Os produtos de biotecnologia são reações que podem resultar no comercializados com discrição. Ceti‐ futuro vislumbrado? Quais outras cismo em alta entre a população. ações deveriam ocorrer para Poucos programas educativos a res‐ peito do assunto. Confusão sobre qual seria o uso apropriado da biotec‐ nologia.
Sager, citado por A. G.
Alta Tecnoutopia I n t e g r a ç ã o T e c n o l ó g i c a
Transparência no processo de integração da biotecnologia na medicina, agricultura, enge nharia e produtos industriais. População se entusiasma com as possibilidades trazidas pelas plataformas de uso da biotecnologia.
Pública
Alta
Movimento de base Produtos de biotecnologia são raros, porém comercializados abertamente. Entusiasmo público, há esforços educativos e para a ela‐ boração de uma legislação apropriada sobre o uso desejado da biotecnologia. Apoio da população a parcerias comerciais com o in‐ tuito de expandir o uso da biotecnologia. Baixa
8
Um novo olhar para o futuro
Nas próximas páginas, encontra‐se um breve enunciado sobre os temas dos textos incluídos em “Seeing the Future Through New Eyes”, livro editado por Cynthia Wagner e publicado pela World Future Society.
PARTE I ― PERSPECTIVAS E PROSPECTIVAS Barton Kunstler
Seth Kaufman
Relembra os oráculos antigos, o de Apolo, em Delphi, e o “I Ching”, ou o Livro das Mudanças. Valoriza a com‐ preensão da prospectiva nessas socie‐ dades, pois “não se pode mais depen‐ der apenas das abordagens racionalis‐ ta e mecanicista que, atualmente, dominam a área”.
Questionamentos sobre o controle que se pode exercitar na Web; como os governos podem ditar, ou não, o fluxo de informações e até mesmo imiscuir‐se no futuro do islamismo radical.
Alexandra Chciuk‐Celt
José Luis Cordeiro
“Os antropólogos distinguem dois tipos básicos de sociedade: caçadore‐ s/recoletores e os agricultores. Os americanos pensam como o primeiro grupo, pois mudam‐se para outros lugares quando os recursos escassei‐ am. Quando faltam lugares para onde ir, geralmente se atacam, garantindo a sobrevivência dos piores. Espera‐se que uma mudança de atitude possa garantir um futuro menos destrutivo.”
“O redesenho humano tem um hori‐ zonte de possibilidades quase ilimita‐ do. As encarnações pós‐humanas acabarão com o monopólio da huma‐ nidade. A seleção natural, via tentati‐ va e erro, pode ser substituída por uma seleção técnica com design de engenharia. Essa reengenharia trará questões cruciais sobre identidade e moral para os seres humanos. “
Título em inglês: “Worldwide wipe‐ out: The Greatest Publishing Story Título em inglês: “The Ancient Ora‐ Never Told, Jihad, and the Uninten‐ cles Still Speak: Recasting Forecasting ded Consequences of the Internet´s Killer App”. for the 21st century”.
Título em inglês: “Toward an Anthro‐ pology of the Future”.
Tom Lombardo e Jeanne Belisle Lom‐ bardo Descrevem a evolução do casamento dos tempos pré‐históricos aos dias de hoje, com menção às controvérsias relacionadas ao casamento no Oci‐ dente. Exploram‐se possibilidades relacionadas às mudanças culturais e tecnológicas. Posicionam‐se em rela‐ ção à visão do que seria o casamento preferido no futuro.
Título em inglês: “Technological evo‐ Título em inglês: “The Evolution and Future Direction of Marriage”. lution”.
Dave Stein O autor destaca a necessidade de um novo olhar para os desafios que se apresentam à humanidade. Questio‐ na se estamos caminhando para uma pluralidade cultural, ou para um mun‐ do monolítico em que não haverá espaço para aqueles que não se ajus‐ tarem. Título em inglês: “Through New E‐ yes: Transcending Culture‐Based As‐ sumptions” .
Continua na pág. 9
PARTE II ―FERRAMENTAS E APLICAÇÕES 9 Jitendra G. Borpujari
Irving H. Buchen
“As civilizações podem ser classifica‐ das como excludentes ou inclusivas; religiosas ou laicas. Os futuros globais rivais são, portanto, expressos por um quadrante que corresponde a vários modos de viver: “religioso‐ excludente”, “laico‐excludente”, “religioso‐inclusivo” e “laico‐ inclusivo”. Título em inglês: “The Quadrate: A Paradigm for Conflicting Civilizations and Global Futures”.
Ao considerar os cenários como algo “menos sensacional e melhor gerenciado que a ficção científica“, Buchen valida a sua utilização como ferramenta de pros‐ pectiva não tão propícia ao planejamento quanto como documento de decisão que enuncia e testa as conseqüências conhe‐ cidas e desconhecidas de soluções pro‐ postas aos problemas. Título em inglês: “Seeing Newly, Diffe‐ rently, and Futuristically with Scenarios”.
Don Mizaur Propõe o conceito de “backcasting”― após ter uma visão do futuro, procurar retroceder e traçar etapas que permi‐ tam a consecução do que foi vislum‐ Denis L. Balaguer brado. Essa idéia visa aproximar pla‐ “A inovação tecnológica dita o nejadores e futuristas. ritmo com que o capitalismo vivencia uma dinâmica de mu‐ Título em inglês: “Backcasting from danças econômicas. Essas mu‐ the Future: Predict the Future by Cre‐ danças de paradigma tecno‐ ating It” . econômicos são historicamente representadas como revoluções Romulo Werran Gayoso industriais.” O autor considera “As decisões tomadas no mundo dos que a economia evolucionária negócios não se baseiam em informa‐ tem uma contribuição a dar aos ções perfeitas”. O autor considera o futuristas, especialmente ao impacto dos riscos existentes no am‐ prover variáveis‐chave que po‐ biente para o planejamento estratégi‐ dem descrever como o sistema co, avaliando a eficácia do planeja‐ muda. mento via cenários para a promoção Título em inglês: “Forecasting de melhores desempenhos corporati‐ the Next Industrial Revolution: A vos. Structural Perspective from Evo‐ lutionary Economics”.
Paul Crabtree A tecnologia é descrita como uma matriz espacial de três dimensões. A mudança tecnológica é definida como uma mudan‐ ça na dimensão da matriz, com o progres‐ so tecnológico definido como o aumento do valor líquido no conjunto de dimensões dessa matriz. Analisam‐se os fatores que governam essas mudanças. Título em inglês: “Macrotechnology A‐ nalysis”. Sami Leppimaki, Jukka Laitinen, Tarja Meristo, and Hanna Tuohimaa
“Os desafios do futuro devem ser incorpo‐ rados em considerações estratégicas, no processo de inovação, planejamento de P&D e no desenvolvimento de produtos das empresas com a combinação do exer‐ cício de cenários aplicado ao desenvolvi‐ Título em inglês: “The Failure of Stra‐ mento de conceito. tegic Planning and Corporate Perfor‐ Título em inglês: “Visionary Concept:
Howard S. Rasheed
Combining Scenario Methodology with Concept Development”.
Descreve as “seis etapas para a genialidade coletiva” com o propósito de identificar, criar e distribuir conhecimento dentro de uma rede organiza‐ cional. “Estimular uma consciência comum e a aprendizagem pode ser a competência mais relevante no futuro para criar e manter vantagens competitivas em uma nova economia global”, avalia o autor. Título em inglês: “A Scientific Approach to Collaborative Innovation and Strategic Foresight: Connecting the ‘Dots’ Outside the ‘Box’”. Continua na pág. 10
10
PARTE III―PROBLEMAS E OPORTUNIDADES
Stephen Aguilar‐Millan, Joan Foltz, John Jackson e Amy Oberg Da mesma forma que a globalização impulsionou o comércio de produtos lícitos, isso também ocorreu para os ilícitos. Narcóticos, partes do corpo, espécies ameaçadas de extinção, software pirateado, comércio moder‐ no de escravos e trabalhos de arte roubados são alguns exemplos. Os procedimentos que acompanham os fluxos desses artigos ou serviços ilíci‐ tos estão cada vez mais sofisticados. A lavagem de dinheiro alcança pro‐ porções globais. O artigo analisa o que ocorre na fronteira entre México e EUA e o comércio moderno de mão‐ de‐obra escrava. Título em inglês: “The Globalization of Crime”.
Joan E. Foltz O futuro dos investimentos no merca‐ do de ações acompanha as tendên‐ cias da globalização. Mudanças estru‐ turais significativas estão acontecen‐ do e elas terão impactos crescentes nas bolsas de valores, nas economias regionais e para os investidores. A capacidade de identificar estruturas organizacionais de forma mais nítida trará benefícios aos investidores do futuro.
Joseph N. Pelton e Christine Robinson Novas soluções para problemas tais como o aquecimento global, a polui‐ ção, o transporte, o alto custo da e‐ nergia e os ataques terroristas. Os autores acreditam que ao se buscar ver o mundo através das lentes da “telegeografia” é possível mudá‐lo para melhor. Título em inglês: “Seeing the Future Through the Lens of Telegeography: Looking at New Ways to Address Glo‐ bal Warming, Clean Energy and the 9/11 Attacks”.
Bruce E. Tom Identifica incongruências entre os aspectos gerais relacionados ao de‐ senvolvimento sustentável e à teoria e política econômicas. “Uma nova visão de economia é necessária para amparar o desenvolvimento sustentá‐ vel de longo prazo”. Título em inglês: “Viewing Econo‐ mics Through the Prism of Sustaina‐ ble Development and Self‐ Sufficiency”.
Título em inglês: “Faster, Larger, Riskier: Investing in the Future Global Stock Exchange”.
Michael Bugeja Desde os anos 1990, os educadores têm investido em tecnologias para o consumidor em nome da acessibilida‐ de. Com a inclusão digital concretiza‐ da, surgem as preocupações com a educação. Os preços das mensalida‐ des não cessam de ultrapassar o po‐ der aquisitivo daqueles que têm lap‐ tops, iPods e celulares, dispositivos que possibilitam a interação em sala de aula. Nesse contexto, não existe diferenciação nítida entre entreteni‐ mento e aprendizagem, o que é sinô‐ nimo de distração e é caro para os usuários. Questiona o que os educa‐ dores estão dispostos a sacrificar para fazer com que a universidade volte a ter preços mais acessíveis. Título em inglês: “In Praise of Acade‐ mic Disengagement” .
PARTE IV―INSPIRAÇÃO E AÇÃO: AVANÇAR Clinton Anderson
Arthur Shostak
“As crises de hoje resultam das más decisões do passado”. Cita oito indivíduos que se destacaram como solucionadores de problemas. Questiona como novos padrões de comporta‐ mento humano poderão melhorar a situação atual do meio ambiente.
O autor cria um enredo fictício no qual uma adoles‐ cente, Elena, no ano 2015, freqüenta uma escola se‐ cundária onde os estudos do futuro já fazem parte do currículo. Discorre sobre quais seriam as matérias obrigatórias e optativas e os respectivos currículos desses jovens futuristas.Título em inglês: “High Schools of the Future. ‘Boot Camp’”.
Título em inglês: “The Future is All Around Us”.
Continua na pág. 11
Transacional versus “Transformacional”
Les Wallace e James Trinka “O tempo da liderança heróica acabou”. Com base nessa afir‐ mação, os autores analisam como o século 21 parece diferir do anterior, destacando cinco legados válidos para o século atual e cinco comportamentos de liderança que geram esses legados. Título em inglês: “Leadership as Legacy Works”.
Francis R. Stabler “Os seres humanos têm migra‐ do para novas áreas por muitos milhares de anos. Com a possi‐ bilidade futura de migrar para fora do planeta, os nossos des‐ tinos serão a Lua, o sistema solar, a galáxia e o universo”. Título em inglês: “Expansion for the Good of Humanity”.
11
Foco da liderança Algumas diferenças de direcionamento Heróico
Transformacional
Eu
Nós
Chefe
Coach (treinador)
Contar
Perguntar
Independente
Interdependente
Exclusivo
Inclusivo
Empurrar
Puxar
Sigiloso
Transparente
Resultados de negócios
Valores balanceados
Input limitado
Muito input
Controlar
Facilitar
Estabilidade
Mudança
Um ou outro
Ambos e...
Operacional
Estratégico
Jay Herson Um artigo de 2007, publi‐ cado no jornal New York Times, indicou uma ten‐ dência para o “voluntariado remunera‐ do” (oximoro, um parado‐ xo), especialmente entre os baby‐boomers, que pre‐ feriam ganhar entre US$ 10 e US$15 a hora por esse tipo de atividade. Isso de‐ corre de uma sensação de que esse tipo de trabalho não é valorizado por não ser pago. Uma indústria começa a surgir na Inter‐ net, fazendo a ponte entre os aposentados e o traba‐ lho voluntário remunera‐ do. O artigo analisa qual será o futuro dessa ten‐ dência e apresenta três cenários distintos. “Título em inglês: “Paid Volunterism: Is There an Oxymoron in Our Future?”
Hubble — Internet
“Pré-conferência” em Brasília 12
Genialidade se constrói
Com a vinda de Howard Rasheed ao CGEE, em julho de 2008, alguns brasilei‐ ros tiveram a oportunidade para se fami‐ liarizar com o método que foi tema de um dos cursos oferecidos no período que precedeu a Conferência Anual da WFS 2008, em Washington, DC ― “A Science‐ Based Approach to Collaborative Innova‐ tion” ― tema de um dos artigos da cole‐ tânea “Seeing the Future Through New Eyes”. Em Brasília, nos dias 21, 22 e 23 de julho, Rasheed esteve com o grupo de colabo‐ radores do estudo prospectivo sobre novos materiais e pôde esclarecer as dúvidas dos participantes sobre como se estrutura o seu método para a condução de um brainstorm e para a elaboração de um estudo de futuro que resulte na con‐ cepção de cenários. A primeira vinda de Rasheed ao CGEE se deu em setembro de 2007, ocasião em que proferiu uma palestra sobre a meto‐ dologia que embasa a engenharia do software que ele criou, intitulado “Idea Accelerator”. O primeiro exercício com esse aplicativo ocorreu na segunda oficina de trabalho do estudo prospectivo sobre a indústria têxtil e de confecção, atividade integran‐ te do Programa Estratégico Setorial (PES), fruto da parceria firmada entre a Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI) e o CGEE. Nessa ocasião, foi realizado um exercício experimental com o Idea Accelerator, integrado ao escopo da abordagem me‐ todológica concebida pelo CGEE. Os participantes da oficina realizaram um exercício de bissociação, procurando associar as idéias pertinentes às tendên‐ cias de mercado, rede de valor do vestuá‐ rio, design e moda, meio ambiente, tec‐ nologia, novos materiais, tecnologias de informação e comunicação, temas cor‐ respondentes às apresentações feitas pelos especialistas que participaram dessa reunião. Bissociar A prática de “bissociar”, ou “multissociar”, se relaciona ao que Ra‐ sheed chama de convergência para o conhecimento dinâmico: “o conhecimen‐ to não se apresenta em partes isoladas Continua na pág. 13
A TALK WITH HOWARD S. RASHEED Do you see yourself as a futurist? What did lead you to embrace that field? I do see myself as a futurist. I have been teaching courses related to the future at the University of West Florida since 1990. We had a required course called “Managing the Future”. During that time, I was able to join the World Future Soci‐ ety (WFS). Before that, even though I taught the course, I really did not consi‐ der it a field as such. There are scholars and practioners engaged in this as a full time endeavor. As I participated in the WFS, I also realized that there were aca‐ demic courses around it, curriculum, de‐ grees etc. That made it a full‐fledge aca‐ demic area. But the reason why it has not been recognized is because it is very mul‐ tidisciplinary. The usual reaction you get when you say you are a futurist is: ‘Oh! You are that crazy guy with the crystal ball?’ When I tell people I go to the WFS, they think of bearded guys with come‐ overs, just sitting there… Yes, it is a tre‐ mendously interesting field and because I use the futurist perspective in a lot of my work, in innovation, it requires being very forward thinking. It is an associated topic area with innovation.
Howard S. Rasheed*
on is really current ― ‘what can we commercialize today that might have a short product life cycle’ ― two, three years at the most. Andrew Hargadon* mentions that collective deviance means thinking differently together. Is the Idea Acce‐ lerator, the software that you have developed, a collective deviance tool?
Yes, the collective part is the collabora‐ tion. To bring people together from different geographical backgrounds and collaborating on ideas. The deviant part is that we use the term divergent knowledge. We look at dots outside the box or encourage you to get outside Futures studies, foresight, prospecti‐ your box, use this metaphor. That´s on… Which word and what concept suit where the deviance is. We want to inte‐ you better when you refer to your craft? ract and talk to people with different perspectives and then come to some When I am in the WFS environment, I use consensus. If we only talk to people strategic foresight because that tends to that are the same as us, we will never be a more popular area. When I am a‐ advance. mongst strategic planning people, I use strategic visioning. When I am around commercial companies, I use innovation. What is dynamic knowledge? (Isn´t all knowledge dynamic?) Are they synonyms? Most knowledge is very static. In the They are synonyms to a certain degree. literature, they talk about tacit and There are some overlaps in perspective. I explicit knowledge. Both of those are did a chart in my paper that is published very static in a sense. It has happened. in this year´s conference volume that We generally interpret knowledge as covers this. Futurists tend to focus into things that we already know. Dynamic the future as much as 20‐year horizons. knowledge is things that are changing, Nowadays, strategic planning is only and not only changing but also having three to five years at the most. Innovati‐ relevance to the future. We are trying to coin a new term that incorporates
Howard Sultan Rasheed trends, predictions, scenarios, and e‐ merging issues, the difference being the time perspective. Trends are histo‐ rical. Emerging issues are current. Pre‐ dictions are futurist. And, finally, scena‐ rios are futurist but with a perspective of “maybe, perhaps, this might hap‐ pen”. So we´ve tried to package all those concepts of change, information about changing elements, in the envi‐ ronment under this rubric called “dynamic knowledge”. How the six steps for collective genius can contribute to the progress of ST&I in terms of public policy making? The best policy, I think, takes into ac‐ count all the elements of the environ‐ ment, not just that the law is well writ‐ ten or that the regulation is well writ‐ ten. But it does take into account what is happening in the social environment, what is happening in the business envi‐ ronment, and more importantly, it ta‐ kes into account where you want to go. Because if you create a public policy that is very shortsighted, it becomes limiting and you end up not changing. So we try to help with the six steps. First, by creating some focus. ‘What is it we want to talk about?’ Articulating what we are looking at in terms of the environment and what we desire to come out of this process. Secondly, we see what is happening, what is chan‐ ging in that environment. Thirdly, we evaluate the dynamic knowledge in terms of probability of occurrence in the future and relevance to your go‐ als. Fourthly, we start bisociating, brin‐ ging diverse knowledge elements toge‐ ther and seeing how the possibilities of opportunities and challenges will then l e a d t o t h e f i f t h step, solutions. Considering the soluti‐ ons, we can finally look at the long term scenarios. That´s the six steps. It provi‐ des a perspective about innovation that allows all the elements and possibilities to be considered. Many of our systems start with what we already know, and recirculate old knowledge. Or, we start with a scenario and we assume that we have the right answer. The six steps allow us to consider all the possibilities and focus on all the possible combinati‐
ons of all the possibilities in a very sys‐ tematic way. I think that that is a more advanced perspective about innovati‐ on. Brazil has been said to be “the coun‐ try of the future” for a long time now. What should we (government, priva‐ te sector, as well as the whole soci‐ ety) do in order to be “the country of the present”? I think you are a country of the present. I think that particularly in the last five years your economy has stabilized, your currency is becoming very strong. You have the planning perspective. This is evidence by CGEE and the things that you do here that many countries will envy. Your future is now. You are already being mentioned in the company of the most advanced or most progressive developing countries. In terms of energy, if Doom´s Day hap‐ pens, if Armageddon happens (the fossil fuel industry created a world wide crisis), you are one of the few countries that would survive. Not just indepen‐ dent on fossil fuel, but having fossil fuel and other sources of fuel too. I think that we underestimate the value of fuel. It is not just putting gasoline in our cars but also heating our homes. If people don´t have fuel, they will die from cold. If there is no diesel for the trucks, they will die from starvation because there will be no way to trans‐ port food from the farms. Fuel and water are going to be the life blood of the world economy and I think you are in a great position with both. And it is not just in terms of the worst case sce‐ nario. I think that you have all the other elements to be a country of the pre‐ sent. * Dr. Howard S. Rasheed is Doctor of Philosophy in Business Administration, associate professor at the University of North Carolina, and founder and CEO of the Institute for Innovation.
** HARGADON, Andrew. How breakt‐ hroughs happen – the surprising truth about how companies innovate. Har‐ vard Business School Press, Boston, Massachusetts, USA.
13 de informação, mas em um sistema holístico de infinitas informações que são inter‐ relacionadas”, afirma. O pesquisador compa‐ ra essa característica com algo análogo ao que ocorre na física quântica, quando há transferência de energia e momento na pro‐ pagação de ondas. Usa o exemplo dos feixes de luz, cuja superposição cria um novo pa‐ drão, como ocorre no experimento da dupla fenda, descrito por Thomas Young . Rasheed, em seu texto “Inovação colaborati‐ va: seis etapas para uma genialidade coleti‐ va”, aborda essa idéia mais detalhadamente: “na física quântica, o que se pode esperar, até mesmo de uma mensuração ideal de um sis‐ tema, é algo não‐determinístico, caracteriza‐ do por uma distribuição de probabilidade: quanto maior for o desvio padrão, maior será a incerteza sobre aquilo que se pode supor que ocorrerá no sistema”. Outro exemplo originário da Física diz respei‐ to ao fato de que matéria nova é produzida a partir da colisão entre prótons e nêutrons. Ao se referir à Neurociência, Rasheed cita estu‐ dos esclarecedores sobre como se dá a ex‐ pansão de estímulos em novas áreas do cére‐ bro, ativadas quando os neurônios interagem e criam novos “caminhos” (sinapses). “A bis‐ sociação é inerente à natureza desses fenô‐ menos”. A origem do termo “bissociação” é atribuída a Arthur Koestler (1964). Entre os exemplos célebres de bissociações que vingaram ― associação de idéias, soluções ou universos aparentemente não‐relacionados entre si que geraram produtos de sucesso ― encontram‐ se o código de barras, inspirado no braile e nas bandas de som dos filmes de cinema; o windsurfe, híbrido de surfe com uma embar‐ cação de pequeno porte; o videogame, que resultou da combinação das possibilidades oferecidas pela televisão e informática etc. Insights No exercício proposto para o uso do Idea Ac‐ celerator as categorias e subcategorias a se‐ rem bissociadas podem ser de livre escolha, concepção, dos grupos que usam o aplicativo como espaço de troca e interação para a pro‐ dução de novas idéias, insights. Continua na pág. 14
Idea Accelerator/Brasil HISTÓRICO 27 de fevereiro de 2008
14
Primeiro exercício com o Idea Accelerator Seis etapas para a genialidade coletiva Howard Rasheed explicou quais são as seis etapas que, juntas, permitem alcançar o que denomina “genialidade coletiva”. Eis o passo‐a‐passo:
Oficina de trabalho do Estudo Prospecti‐ vo sobre o Setor Têx‐ til e de Confecção, no Senai Cetiqt, Rio de Janeiro.
Especialistas e técni‐ cos de ambas as insti‐ tuições participaram de um exercício de bissociação de idéias pertinentes às dimensões analisadas nesse estudo. Condução de Antonio Vaz (CGEE) e Flavio Bruno (Cetiqt). 21, 22 e 23 de julho de 2008
Segundo exercício com o Idea Accelerator
VISUALIZAR o conhecimento de maneira focada, representá‐lo graficamente na forma de mind maps; PROCURAR, pesquisar (scan), identificar tendên‐ cias, novos temas, previsão dos especialistas e cenários alternativos; AVALIAR os temas em relação a sua probabilidade de ocorrência no futuro e relevância para a indústria (ranking dos temas), métrica que permite a identificação dos novos temas; DESCOBRIR (essa etapa é a essência do Idea Acce‐ lerator). Procura‐se incentivar a convergência no contexto do conhecimento dinâmico, por meio de processos bissociativos e multissocia‐ tivos, a fim de descobrir possibilidades infini‐ tas de oportunidades, desafios e novas idéias; INOVAR corresponde a gerar novas idéias, tirar vantangem das oportunidades, ou atenuar adversidades e desafios, “out of the box thin‐ king”, buscar um pensar não‐convencional, momento de se propor inovações incremen‐ tais, ou novos processos e estruturas organiza‐ cionais, etc. e, finalmente, ANTEVER é a etapa de desenvolvimento de cená‐ rios para cada idéia priorizada, concebendo uma descrição em formato de narrativa. Anali‐ sar quais seriam os impactos futuros da nova idéia para a sociedade e para a indústria.
Oficina de trabalho sobre Recursos Naturais para Materiais Avançados, realizada no Hotel Grand Bittar, em Brasília. Sob supervisão de Fernando Rizzo, diretor do CGEE; coordenação de Elyas Medeiros, responsável técnico por esse estudo e participação de Howard Rasheed, enquanto coach para a utili‐ zação desse método e dinâmica de grupo propostos. Ambos os exercícios realizados em oficinas do CGEE enfatizaram a etapa da descoberta. A ferramenta permite a interatividade on ‐line dos participantes e, também um Delphi em tempo real para fazer a análise sobre o que foi apresentado. As melhores idéias podem servir como base para a elaboração de cenários.
Conferência Anual da WFS 2008 ― Washington, DC
Inovação no Brasil é tema da apresentação do CGEE em Washington
15
tem a construção de idéias inova‐ doras, estratégias e programas que tragam o impacto desejado para o futuro dos setores industriais que podem se beneficiar com os resul‐ tados desse método. Marcio Miranda destacou as carac‐ terísticas da abordagem metodoló‐ gica do CGEE para os estudos pros‐ pectivos, contextualizando esse portfólio de atividades como um Marcio Miranda e Lucia Melo, respectivamen‐ dos vários elementos que constitui te,diretor‐executivo e presidenta do CGEE, reuni‐ a agenda diversificada e complexa ram‐se com Howard Rasheed, fundador e presiden‐ da instituição. te do Institute for Innovation (I4I), durante um inter‐ valo das plenárias da manhã de domingo na Confe‐ Selecionou as atividades de maior rência Anual da World Future Society 2008. repercussão, dos últimos sete anos,
como exemplos da gestão do co‐ nhecimento ser um fator decisivo para a tomada de decisões e formu‐ lação de políticas públicas que in‐ cluam uma visão estratégica de longo prazo. Howard Rasheed iniciou sua apresentação com uma visão panorâmica sobre seu método Entre os presentes, Lucia Melo, de ideação para a construção de uma visão presidenta do CGEE; Rosana Paulu‐ estratégica. ci, assessora técnica do Centro; Joel O professor de Wilmington citou a arquitetura Barker, autor de “Five Regions of do estudo sobre materiais avançados, traba‐ the Future”; Adelman Moreira Ri‐ lho que está em curso no CGEE. Explicitou beriro, consultor da Petrobras; Jim quais são os conceitos e práticas que permi‐ Disbrow, membro do dream team do Projeto Milênio na área de ener‐ gia, entre outros profissionais. Foto: Rosana Pauluci
Marcio Miranda e Howard Rasheed apresen‐ taram, na Conferência Anual da WFS, a inter‐ relação entre os trabalhos desenvolvidos por suas respectivas instituições.
Questionamento que esteve presente não só na apresentação de Marcio Mi‐ randa, como também em outros fóruns da Conferência: “Como proce‐ der para que o processo deci‐ sório dos governos, incluindo a formulação de leis e políticas públicas, possa se beneficiar com o melhor conjunto de conhecimento disponível, aliado a uma visão estratégica de longo prazo?”
Marcio Miranda discorreu na Conferência Anual da WFS 2008 sobre a atuação do CGEE .
Plenária de abertura 16
Criar um futuro sob a ótica da diversidade Foto: Rosana Pauluci
Nat Irvin, anfitrião e moderador na mesa de abertura da Conferência Anual da World Future Society 2008. É professor de administração da Universidade de Louisville .
Marilyn Johnson, vice‐presidenta de desenvolvimento de mercado da IBM, uma das em‐ presas patrocina‐ doras da Conferên‐ cia.
Marilyn Johnson, Edie Weiner, Bill Drayton, Nat Irvin e Tim Mack na plenária de abertura.
Tim Mack, Nat Irving e Ma‐ rilyn Johnson fizeram as honras da casa ao dar as boas‐vindas aos participan‐ tes, valorizando a diversida‐ de de nações representadas na Conferência.
mundo multidimensional para um g l o b o ‘extradimensional’, já pre‐ sente no quotidiano”.
“Se o mundo atual fosse plano, não haveria tão‐ somente produtos e servi‐ Nat Irvin já colocou no You‐ ços circulando sem barrei‐ Tube a introdução do vídeo ras entre países, mas tam‐ de uma de suas apresenta‐ bém as melhores práticas ções no evento na qual nar‐ seriam rápida e eficiente‐ ra como perdeu a visão do mente adotadas”, analisou. olho esquerdo quando tinha “Persistem os obstáculos ao apenas quatro anos de ida‐ gerenciamento apropriado de. dos recursos hídricos; à pro‐ Irving relembra o ocorrido teção e à assistência às mu‐ para enfatizar que “ter o‐ lheres, crianças, idosos e lhos não basta para se ver e doentes; à redução e ao não enxergar não significa seqüestro de carbono, e ao que a pessoa não possa ter acesso à educação de exce‐ uma boa visão. Nós preci‐ lência e aos bons empre‐ samos uns dos outros, pre‐ gos.” cisamos ver o mundo atra‐ Para Weiner, é necessário vés dos olhos de cada um”. haver uma mudança de Se o mundo fosse plano... foco em questões de suma importância para a humani‐ Edie Weiner destacou que dade. No caso dos alimen‐ estamos passando de “um tos, “melhor seria enfatizar
Edie Weiner, presidenta da Weiner Edrich Brown (WEB) Inc., firma nova‐iorquina de consultoria, pioneira em pla‐ nejamento estratégico. Co‐ autora do livro “Future Think: How to Think Clearly in a Time of Change”.
Continua na pág. 17
a nutrição, pois o alimento é apenas uma parte desse conjunto”. O comércio de commodities relacionadas à alimentação “sempre foi uma barreira para um mun‐ do plano”. Recursos humanos devem ser sinônimos daquelas pes‐ soas de que precisamos no ambiente de trabalho. Hoje, as formas de vida que não têm origem no carbono, as máquinas, dividem o espa‐ ço com os seres humanos, “quem as contrata?”, ironi‐ zou.
“Elevar a qualidade do ensi‐ no, que é apenas uma par‐ cela do processo de apren‐ dizagem”. O foco deve es‐ tar em aprender. “O sucesso material precisa ser reavaliado, pois surgem novas formas de proprieda‐ de, como a dos mundos virtuais, em que pessoas possuem acres no mundo dos bytes”. Weiner destaca a total des‐ continuidade na distribui‐ ção da saúde. “O conceito de bem‐estar não é ociden‐
Mencionou o quão destruti‐ va pode ser a combinação entre religião e xenofobia, ressaltando a necessidade de aceitar a diferença, a diversidade. “Ser diferente não deveria ser um risco”. A chave para um mundo plano é comparável a uma chaise longue de seis per‐ nas, com destaque a ele‐ mentos não‐tangíveis : “propriedade intelectual, moral, tempo, stress, repu‐ Bill Drayton, fundador e presi‐ tação e mundo virtual.”
“Nós”, uma energia muito poderosa “A empatia ensina um pensar sistêmico; a diversidade verda‐ deira ocorre quando as pessoas diferem no pensar”, disse Bill Drayton, fundador da Ashoka, uma associação global que congrega os empreendedores sociais. A mensagem de Drayton na abertura da Conferência frisou
a idéia de que cada indivíduo é um promotor de mudança e, para tanto, é preciso começar cedo, com um novo conjunto de valores ao se educar as cri‐ anças. Drayton escolheu dois exem‐ plos entre os 2 mil líderes que fazem parte da rede de 70 paí‐ ses que recebem apoio finan‐ ceiro e logístico da Ashoka Fellows, para demonstrar o valor que se deve dar à educa‐ ção das crianças com uma perspectiva de tolerância, res‐ peito, amor e vontade de transformar o mundo em um lugar mais justo e digno para todos.
17
tal ou oriental”, observou.
dente da Ashoka ― Inovado‐ res para o Público ―, organi‐ zação sem fins lucrativos que apóia iniciativas de empreen‐ dedorismo social .
A tendência de crescimento do terceiro setor é algo estarrece‐ dor. Há 20 anos, a Indonésia tinha apenas uma organização ambiental. Hoje tem mais de 2 mil. Em Bangladesh, o desen‐ volvimento do país fica a cargo de 20 mil ONGs, estabelecidas nos últimos 25 anos. No Cana‐ dá, o número de associações de cidadãos cresceu mais de 50% desde 1987, chegando a 200 mil. No Brasil, em 1990, esses grupos passaram de 250 mil para 400 mil. Isso demons‐ tra que cada vez mais os indiví‐ duos procuram ser promotores de mudanças.
“Se nós todos fizéssemos o que somos capazes de fazer, ficaríamos literalmente chocados com os nossos feitos”. Thomas Edison
Como mudar o mundo O livro conta histórias sobre como as pessoas alteraram a sua própria vida ao se dedica‐ rem a “mudar o mundo”.
Uma nova edição do livro de David Bornstein, “How to Chan‐ ge the World”, circulou na aber‐ tura da Conferência da WFS, seguindo a natureza da apre‐ sentação de Bill Drayton.
Inclui a história de um agrôno‐ mo gaúcho, Fábio Rosa, hoje diretor‐executivo do Instituto para o Desenvolvimento de Energias Alternativas e Auto‐ Sustentabilidade (IDEEAS) que, em 1982, começou a tra‐ balhar em iniciativas para o
fornecimento de energia de baixo custo às comunidades de áreas rurais no Rio Grande do Sul e, posteriormente, em di‐ versas regiões brasileiras. Também narra a saga da médi‐ ca carioca Vera Cordeiro, funda‐ dora da Associação Saúde Cri‐ ança Renascer, que tenta alterar aspectos perversos do sistema de saúde brasileiro.
Timothy C. MacK, presi‐ dente da World Future Society. Esteve no CGEE em novembro de 2005.
Destaques 18
Os grandes desafios, hoje e amanhã “O nosso foco é o que está a‐ contecendo, aquilo que não é compreendido ou percebido de forma equivocada; temas que em 25 anos serão decisivos”, declarou Jerome Glenn sobre seu trabalho.
Jerome C. Glenn é diretor do Projeto Milênio (WFUNA) e co‐autor do relatório anual intitulado “State of the Future”. Atua em Washington, DC e atri‐ bui‐se a ele a criação da técnica de foresight intitu‐ lada Futures Wheels.
colabora com esse Projeto. Alguns entre os muitos ques‐ tionamentos que buscam responder:
• Como todos podem ter Michael Marien, fundador e acesso à água limpa sem editor da pesquisa “Future haver conflitos? Survey”, publicada mensal‐ O Projeto Milênio foi apresen‐ tado por Glenn em vários fó‐ • O que fazer para que o mente, desde 1979, pela WFS. Trabalha em Nova York. Rece‐ runs da Conferência, com ênfa‐ crescimento populacional beu homenagem da WFS du‐ se nas novidades que constam alcance o equilíbrio? rante a Conferência, ao deixar do relatório “2008, State of the o cargo de editor (vídeo dispo‐ • Como a elaboração de Future” e também um CD, con‐ políticas públicas pode se nível no YouTube). tendo as 6.300 páginas desse tornar mais aberta à pers‐ Para Michael Marien, existem trabalho, com todos os deta‐ pectiva global de longo dez temas (“Marien´s Top lhes das pesquisas, incluindo os prazo? Ten”) que serão decisivos nos Delphis e os cenários formula‐ próximos anos: dos. • Como a convergência global de tecnologias de 1. Aquecimento Global Fruto de uma parceria entre o informação e comunica‐ 2. Energia Futures Group International, a ção pode funcionar para Secretaria‐Geral das Nações 3. Segurança todos? Unidas, Smithsonian e Univer‐ sidade das Nações Unidas • Como melhorar a capaci‐ (UNU), o projeto recebe contri‐ dade para a tomada de buições de 50 países sobre as decisão à medida em que questões cruciais que afetarão a natureza do trabalho e o futuro da humanidade. das instituições muda?
4.
Governança
5.
Recursos (Economia)
6.
Educação
7.
Saúde
No Brasil, é Rosa Alegria, vice‐ • Como as mudanças de 8. Demografia presidenta do Núcleo de Estu‐ status da mulher podem 9. Comunicação dos de Futuro (PUC ― SP) que melhorar a condição hu‐ 10. Ciência e Tecnologia mana? • Como as crescentes de‐ mandas de energia po‐ dem ser segura e eficien‐ temente atendidas? • Como as economias de mercado éticas podem encurtar a distância (gap) entre os ricos e os pobres? Alguns conteúdos desse relatório, como o gráfico ao lado, estão disponíveis na Internet. Essa figura mostra o crescimen‐ to anual do número de internautas em seis regiões do planeta desde o ano 2000.
Marien prevê que, no ano 2050, em um mundo de 9 bilhões de pessoas, será preci‐ so prestar muita aten‐ ção nos re‐ cursos de conhecimen‐ to e na edu‐ cação cívica. Ele sugere o livro de Les‐ ter Brown ― “Plan B 2.0”, disponível para leitura on‐line.
Destaques
Aposta na inteligência coletiva Um erudito que integra a equi‐ pe do Projeto Milênio e assina o relatório “2008, State of the Future”, Theodore Gordon propõe o questionamento quanto à eficácia da inteligên‐ cia coletiva. Aponta, como resposta negati‐ va a essa questão, o livro “Extraordinary Popular Delusi‐ ons and the Madness of Crowds”, de 1841, escrito por Charles Mackay. Ao lado dos que apostam na inteligência coletiva, cita “The Wisdom of Crowds”, publicado como resposta a Mackay, em
2004, por James Surowiecki, defensor da premissa de que grupos pequenos têm um de‐ sempenho mais inteligente que aquele dos indivíduos iso‐ lados e que essa inteligência coletiva está moldando os negócios, economias, socieda‐ des e nações da atualidade. Gordon é partidário dos que apostam na inteligência coleti‐ va. Acredita que o Delphi serve como uma demonstração de que é possível obter respostas melhores que aquelas dos indi‐ víduos escolhidos de forma aleatória.
19
O uso desse aplicativo no Projeto Milênio chamou a atenção da Rússia e da África do Sul. Esses dois países pediram e receberão o código para aprimorá‐ lo. Sobre quais são os atributos das decisões de sucesso, Gordon mencionou os estudos de prioridades. Theodore Gordon é co‐autor do relatório “2008, State of the Future”, fundador do Futu‐ res Group, trabalha em Old Lyme, Connecticut.
Mulheres conquistam novo ciclo de vida maior poder aquisitivo, mais tem‐ po disponível para o lazer e um leque mais amplo de relaciona‐ mentos e de oportunidades pro‐ fissionais”, observou Dychtwald.
As famílias terão, facilmente, o convívio de quatro a cinco gera‐ ções. A própria noção do que é uma família terá ampla latitude semânti‐ ca.
Alguns dados já corroboram as percepções de Dychtwald sobre o “fim da Arca de Noé” (alusão ao paradigma que tinha nos casais e na fertilidade o seu alicerce):
“As mulheres estão se destacando no planejamento dos seus diversos ciclos de vida, com opções novas e instigantes. Essa vivência está transformando o mundo”, concluiu.
• 75% das mulheres que traba‐ Maddy Dychtwald é vice‐ presidenta executiva e co ‐fundadora da Age Wave de São Francisco, Califór‐ nia.
lham como executivas e são casadas ganham mais que os maridos;
• 53% do total de investido‐ res da bolsa de valores americana são mulheres;
Mulheres com dinheiro, poder, disposição e algumas incerte‐ • o grupo feminino já detém 48% dos imóveis e a expec‐ zas ao participar de um novo tativa de vida ultrapassa os paradigma de “ciclo de vida”. 90 anos. Esse foi o destaque da apre‐ sentação de Maddy Dycht‐ Embora os dados, apresenta‐ wald, executiva da Age Wave. dos por Dychtwald, corres‐ “A poucos anos para chegar à terceira idade, os baby boomers chegarão a essa etapa da vida com melhor conhecimento,
pondam à realidade america‐ na, essa é uma tendência que pode ser constatada em ou‐ tros países.
“As mulheres estão se destacando no planejamento do seu ‘ciclo de vida’ e, com isso, estão transformando o mundo”. Maddy Dychtwald
Destaques 20
Holanda busca antever o futuro do crime organizado Com uma imagem das mais liberais em todo o mundo, a Holanda começa a desenvolver uma preocupação com o crime organizado. Esse é o tema do trabalho apresentado por Peter Klerks, co‐ autor do livro “Societal Trends and Crime‐Relevant Factors”. Todos os países europeus terão que elaborar estu‐ dos semelhantes a esse, com o objetivo de organi‐ zar ações conjuntas para o período de 2008 a 2012. Klerks atribuiu ao posicionamento geográfico do país, a facilidade para que sirva como um corredor do tráfico de drogas para toda a Europa. “Os pe‐ quenos aeroportos e portos são os pontos que requerem maior atenção por parte das autorida‐ Peter Klerks é criminologista, doutor em des”, alertou. Direito, principal palestrante da Academia de Polícia da Holanda e um dos autores do livro A seguir, os principais aspectos sociais, culturais, “Societal Trends and Crime‐Relevant Fac‐ econômicos, tecnológicos, políticos, ambientais e tors”, escrito em parceria com Nicolien Kop. demográficos que influenciam direta, ou indireta‐ mente, as questões relacionadas ao futuro da segu‐ rança da sociedade holandesa.
Macrotendências e meso‐ tendências socioculturais • Crescimento da diversida‐
Macrotendências e meso‐ tendências econômicas •
de cultural.
• Revolução cultural atribuí‐
•
da à revolução da informa‐ ção.
• Mobilidade como priorida‐ de entre as necessidades das pessoas.
•
• A segurança torna‐se prio‐ ridade em uma sociedade em que os riscos são cres‐ centes.
• Mudanças na coesão social. • “Feminização” da socieda‐ de.
•
Prosperidade, mas cres‐ cente desigualdade. Desemprego, que pode ocorrer em grande escala e entre grupos em situa‐ ção de vulnerabilidade. Globalização, que favore‐ ce o tráfego de pessoas, produtos, serviços, dinhei‐ ro e informação; faz apa‐ recer gigantes como o BRIC; os Estados falidos tornam‐se sinônimo de lugar para liberdade políti‐ ca e práticas criminosas . Mudança entre os que detêm o poder (companhias e governos).
•
Surgimento da economia de rede.
•
Importância crescente atribuída ao empreende‐ dorismo com responsabili‐ dade social.
Elaborado pelo Serviço Nacio‐ nal de Inteligência contra o Crime, da polícia holandesa, o estudo tem um horizonte tem‐ poral de cinco anos.
Macrotendências e meso‐ tendências políticas
Macrotendências e meso‐ tendências tecnológicas
• Crescente descentralização;
• O crescimento acentuado
cada vez mais decisões são tomadas na instância da União Européia.
• Mudança nas organizações, de um modelo burocrata para um que é transparente e orientado para a satisfa‐ ção do cliente.
• Liberalização de leis e regu‐ lamentos.
• Políticas de controle. • Polarização, incluindo apoio a pontos de vista tidos como “radicais”.
do tráfego de dados ele‐ trônicos.
• Convergência das mídias. • Progresso nos processos de marcação e rastreamento de produtos (RFID, GPS) e proteção contra a espiona‐ gem.
• Tecnologias de última ge‐ ração; introdução da nano‐ tecnologia prevista para 2010 e disponibilidade de novos estimulantes.
• Influência da política na condução dos trabalhos da polícia.
• A saída da interferência governamental versus o crescente papel da socieda‐ de civil organizada. Continua na pág. 21
Destaques Macrotendências e mesotendências ecológicas • O crescimento do “empreendedorismo sustentável” . • Expansão da infra‐estrutura com um sistema de transporte alternativo.
• Crescente escassez de commodities.
• Posicionamento geográfico da Holanda (“gateway to
21
Europe”) e infra‐estrutura.
• Crescente importância atribuída ao bem‐estar dos animais.
• Mudanças do clima.
• Segurança alimentar.
A era da mente Nas macrotendências e meso‐ tendências tecnológicas do estudo holandês sobre o crime organizado aparece um desta‐ que para a nova geração de estimulantes, novos fármacos, que associados às tecnologias de microeletrônica e computa‐ ção, produzirão medicamen‐ tos de alta influência sobre a mente dos seres humanos.
Da mesma forma que o holan‐ dês Klerks recomenda a leitura da entrevista do Instituto Ra‐ thenau, no blog http:// futureimperative. Blogs‐ pot.com, Albus menciona o que está sendo feito no Kras‐ now Institute for Advanced Studies, da George Mason University. Esse grupo busca relacionar a psicologia cognitiva, a neurobi‐ ologia e o estudo sobre inteli‐ gência artificial e os sistemas complexos de adaptação para ampliar os conhecimentos sobre como a mente, o cére‐ bro e a inteligência funcionam.
O americano James S. Albus colocou cifras no interesse dos Estados Unidos em promover a década da mente: “são US$400 milhões por ano em um programa nacional que visa compreender os mecanismos de funcionamento da mente, Comentou quais seriam os informou”. bons resultados obtidos com Albus citou as experiências novos produtos e serviços ori‐ feitas com neurônios, para se ginados a partir desses estu‐ entender a consciência, associ‐ dos, especialmente quando adas à ciência computacional aplicados às áreas promotoras de saúde mental, no combate para se construir inteligência.
às doen‐ ças neuro‐ l ó g i c a s , a v a n ç o s para a educação e design computa‐ cional. No lado das más n o t í c i a s , antevê o desemprego como um dos proble‐ mas mais relevantes decorrentes da cres‐ cente proliferação da robótica.
James S. Albus, colaborador sênior da divisão de sistemas inteligentes do National Institute of Standards and Technology, Gaithersburg, Maryland. Apresentou o trabalho “The Future of Intelligent Systems Technology and How It Can Chan‐ James Albus, autor de ge the World”. “Peoples´ Capitalism: The Economics of the Robot Revolution”, criticou também alguns aspectos do siste‐ ma capitalista que tendem a favorecer o surgimento de mono‐ pólios e oligarquias. Propõe um sistema alternativo em que cada um seja uma espécie de venture capitalist.
Saúde para todos os americanos A situação atual da saúde nos Estados Unidos é preocupante. Segundo os dados apresentados por William Rowley, do Institute for Alternative Futures, 133 mi‐ lhões de americanos têm doenças crônicas; metade da população se tornará obesa e 1/3 sofrerá de diabetes em algum momento de suas vidas. William Rowley é futurista do Institute for Alternati‐ Entre os países desenvolvidos, os ve Futures, Alexandria, Virginia. Estados Unidos são os que gas‐
tam mais para dar uma cobertura a poucos indivíduos. Rowley apresentou alternativas ao modelo atual do sistema de saúde americano, propostas que estão no centro dos debates da campanha dos atuais candidatos à presidência dos EUA. A apresentação completa de Ro‐ wley está disponível no site do Institute for Alternative Futures.
Destaques 22
Integração e gestão de sistemas complexos são os desafios para os gerentes de TIC Um papel de maior destaque e participação para os gestores de Tecnologias de Informação e Comunicação (Chief Informa‐ tion Officer ― CIO) é um entre os vários aspectos abordados por Frank McDonough ao ex‐ por como os governos do futu‐ ro podem melhor gerenciar e integrar os recursos de TIC.
Frank McDonough, con‐ sultor sênior em análise sobre governos do futu‐ ro. Trabalhou no Depar‐ tamento da Marinha e Departamento do Te‐ souro. Washington, DC.
McDonough discorreu sobre as cifras estratosféricas que são gastas pelos governos, com resultados nem sempre corres‐ pondentes às expectativas. Destacou a complexidade dos sistemas que estão sendo con‐ cebidos para os próximos 20 anos. “Em Londres, há 5 milhões de câmeras em locais públicos; um trilhão de equipamentos terão chips interconectados; há robôs com o domínio de 60 mil palavras e o poder do com‐
putador será multiplicado por um fator de um bilhão, o que fará com que em 2020 tenha funções equivalentes às do cérebro humano. Os gastos com sistemas de informação já somam US$80 bilhões”. . “À medida que os governos fazem experiências com uma gestão ‘horizontalizada’ como estratégia para se ter um com‐ prometimento de todos em relação à elaboração de políti‐ cas, os programas de execução estão se tornando mais com‐ plexos e fracassos são comu‐ mente o resultado de tais inici‐ ativas”, comentou. “É preciso saber lidar com sis‐ temas de gerenciamento cujo custo alcança a casa do milhão de dólares e outros que chega‐ rão, facilmente, à casa do bilhão”.
Citou como exemplos de su‐ cesso o que a Austrália está fazendo por meio do Business Process Transformation Com‐ mittee (BPTC). São grupos de trabalho cuja agenda inclui a melhoria dos serviços de TIC, buscando integração e com‐ prometimento de todos os níveis do governo. Um exem‐ plo dessa iniciativa é a propos‐ ta de otimizar a forma como as pessoas são registradas em programas sociais do governo australiano. Outro caso bem‐sucedido, apontado por McDonough, é o trabalho da Blue States Digital, “primeira tecnologia de Inter‐ net usada com total eficiência na campanha de Barack Oba‐ ma”, apontou. “São 850 mil partidários em uma mesma rede, 50 mil eventos de campa‐ nha promovidos, um exemplo ímpar de rede social.”
Europa e Ásia na mira do foresight alemão O diretor de ciências da Z_Punkt The F o r e s i g h t C o m p a n y , K a r l h e i n z Steinmüel‐ ler, conside‐ ra que os p r o b l e m a s Os alemães Karlheinz Steinmüeller funcionam como e Klaus Heinzelbecker apresenta‐ motores para a pro‐ ram as tendências e incertezas per‐ moção da inovação. cebidas para Europa e Ásia. Expôs sua percepção com exemplos do que ocorre nos sistemas de energia e transportes; o crescente valor atribuído à propriedade intelectual e uma preocupação maior em se preservar o meio ambiente. Ao analisar o contexto europeu, Steinmüeller descreveu uma Europa com uma população envelhecida, o que re‐ sultará em uma “redistribuição populacional, um poder de compra diferenciado entre as regiões e, possivelmente, decréscimo nos índices de desemprego”. A escassez de
mão‐de‐obra qualificada colocará Ásia em evidência as deficiências de Para o diretor de Planejamento formação das novas gerações de Estratégico da Basf, Klaus Hein‐ trabalhadores. zelbecker, “é impressionante o “Uma sociedade de serviços e investimento que é feito em edu‐ conhecimento trará novas rela‐ cação na China”. Foi o planeja‐ ções entre as empresas. Quanto à mento com a utilização de cená‐ política, a integração européia rios globais que permitiu à Basf deve acelerar reformas dos siste‐ estabelecer‐se de forma vantajo‐ mas sociais, das pensões e do sa na Ásia. As vendas dessa em‐ sistema de saúde, crescendo a presa em 2007 foram de 6,9 bi‐ regulamentação e o controle. A lhões de euros. União Européia terá diretivas e Heinzelbecker descreveu a “Basf leis comuns, bem como requisitos Strategy 2015”, com base na para uma ‘cidadania corporativa’”, análise de tendências. Há previ‐ descreveu. sões de mudança econômica A Europa terá que lidar com o para a Ásia e economias de servi‐ crescente descrédito na democra‐ ço com o elemento “consumo de cia, polêmicas dos que são contrá‐ energia” na lista das prioridades. rios ao neoliberalismo, questões Artigos e apresentações de Hein‐ relacionadas à mudança do clima, zelbecker estão disponíveis na desemprego e terceirização da Internet. mão‐de‐obra.
Educação
Mudanças na era digital ― mais educação, colaboração e democracia Os avanços tecnológicos trouxeram um jargão que já permeia as conversas de grande parte da sociedade. Carrie Rathsack manteve o foco de sua apresentação nas mudanças da era digital, con‐ vencida de que há um novo paradigma não só em cons‐ trução, mas em contínua mudança.
estabelecem por mediação da Web, com ampla gama de aparatos devotados à comu‐ nicação em tempo real, ou assíncrona; a revolução vem com o acesso aberto aos con‐ teúdos (open access), à fonte dos programas de computa‐ dor (open source), favorecen‐ do o movimento de inclusão digital e o comércio eletrôni‐ co invoca a rede de tecno‐ logias da Cisco.
23
novo perfil de uni‐ versidade: “Nas uni‐ versidades moder‐ nas, não só história e assuntos correntes deveriam fazer parte do currículo, mas também um curso de Desenvolvimento Carrie Rathsack é diretora‐ de Foresight seria assistente do Centro para o Ensino, benéfico para todos Aprendizagem e Tecnologia, da os estudantes de Bowling Green State Universidty, em Ohio. graduação.” Essa foi uma bandeira trazida ao evento por vários futuristas, entre os quais desta‐ São essas e ca‐se John Smart, presidente da Acce‐ muitas outras leration Studies Foundation, da Cali‐ novidades que fórnia. se incorporam pouco a pouco Os americanos já têm uma proposta ao ambiente para incluir essa e outras matérias rela‐ de trabalho, na cionadas aos estudos do futuro e às cultura, em técnicas de foresight, até mesmo como “Tudo é possível”, Rathsack geral, das comunidades. “Em pré‐requisito para ingresso na gradua‐ fez o trocadilho em alusão ao breve, veremos um anúncio ção. O texto de Arthur Shostak, no lema da campanha da Adidas de emprego no jornal para livro “Seeing the Future Through New que usou a história de supe‐ ‘generalistas com capacidade Eyes”, é um exercício de visualização ração de atletas, como Mu‐ de síntese futurista’, ironizou dessa idéia ao ser concretizada (pág. hamed Ali, em sua publicida‐ a diretora da Bowling Green. 10). de. Tais convergências trazem Tal proposta surgiu na Universidade de Mudanças e oportunidades aceleração, com novos ciclos Tamkang, na década de 1990, confor‐ estão em toda a parte. Com a superando os anteriores em me relatou Smart, e frutificou nos Es‐ democratização de acesso às uma dinâmica que também tados Unidos em um primeiro curso de redes, cidades inteiras viven‐ encontra certas resistências. Desenvolvimento de Foresight, ofere‐ ciam a perspectiva de intera‐ Para essas, “as instituições e cido pela University of Advancing Te‐ ção on‐line; “a aprendizagem os indivíduos devem se pre‐ chnology, em Phoenix, no Arizona, que torna‐se uma modalidade parar, adaptar‐se às transfor‐ tem por missão “educar os inovadores contínua que acompanha a mações que estão por vir”, do futuro”. concluiu a educadora. pessoa por toda a vida”. Ao lado a foto da Fórum sobre Educação cidade do futuro Jargão (2080), publicada no O espaço da escrita ampliou‐ As palavras de Carrie Rath‐ wiki em que os estu‐ se para além dos programas sack também tiveram pre‐ dantes desse curso de tratamento de texto, pas‐ sença em um fórum mais compartilham seus sou para os blogs e wikis; o abrangente, o “Education recursos e interesses. áudio é o podcast; imagens Summit: Learning for Tomor‐ Acessível na URL: estão em galerias e coleções row”, que transcorreu duran‐ h t t p : / / construídas com zelo; recur‐ te todo o sábado, dia 26 de f o r e s i g ht de ve l o p ‐ sos encontram‐se nos book‐ julho de 2008. ment.wetpaint.com/ marks, compartilhados em Entre os destaques desse redes sociais; contatos se fórum houve a menção a um
24
Fórum dos membros profissionais Countries”) entre as muitas yle e da Technology Foresight, ou opções das sessões da pré‐ seja, uma atividade similar àque‐ conferência. la realizada pela inglesa Shap‐ ping Tomorrow. Social Technologies
Terry Grim; James Wright; professor da Universidade de São Paulo, e Kenneth W. Hunter, consultor sênior do Escritório de Programas Internacionais da Universidade de Maryland. James Wright, professor da Universidade de São Paulo e coordenador do Programa de Estudos do Futuro, apresen‐ tou uma visão panorâmica sobre a atuação da sua insti‐ tuição e aspectos da comple‐ xa realidade brasileira, duran‐ te o Fórum dos Membros Profissionais. Em destaque, o trabalho de desenvolvimento de cenários com foco nas oportunidades existentes na base da nossa pirâmide, feita 12 anos antes do trabalho de C. K. Prahalad sobre esse tema. Wright conseguiu a atenção da audiência
ao narrar como se deu a “Previsão e Análise Tecno‐ lógica do Proálcool”. Discor‐ reu sobre o estudo feito para a área de telecomuni‐ cações, em 1984, com a construção de cenários alternativos para o ano 2000. Os trabalhos do professor da USP foram muito bem recebidos, conforme afir‐ mou Karim Medjad, profes‐ sor associado do Departa‐ mento de Direito da HEC de Paris. Medjad foi um dos partici‐ pantes que escolheu o curso de W r i g h t (“Identifying Future Op‐ portunities in Emerging
Terry Grim, futurista e estra‐ tegista da empresa Social Technologies, destacou a importância de quantificar o desempenho das práticas de foresight de uma instituição. Para tanto, desenvolveu uma cartela de pontuação (organizational scorecard) com base no modelo de en‐ genharia de software da Car‐ negie Mellon. “Foresight Maturity Model” é o nome da ferramenta de avaliação apresentada por Grim. A análise dos resulta‐ dos permite aferir em que estágio a instituição se en‐ contra entre os cinco níveis de maturidade, ou desenvol‐ vimento, em foresight: ad hoc, ciente, capaz, maduro e world class.
Adicionar valor à econometria Coube a Stephen Aguilar‐Millan, diretor de pesquisa do European Futures Observatory, propor um questionamento sobre o que fazem os econometristas e como os futuristas podem adicionar valor aos feitos desses profissio‐ nais e, ainda, em que situações os futuristas têm vantagem nas análises que conduzem. “Os econometristas desenvolvem modelos que permitem explicar o passado e tentam predizer o futuro , mas esses modelos são muito limitados no que se refere ao futuro”, explicou Aguilar‐ Millan. “Já os futuristas têm um papel complementar de destaque em relação aos trabalhos de econo‐
A Social Technologies é uma empresa de pesquisa e consultoria, especializada na integração dos portfó‐ lios de foresight, estratégia e inovação. Tem escritórios em Washington, DC; Lon‐ dres, Tel Aviv e Xangai. Essa empresa mantém o Futures Consortium, um serviço para membros que promove encontros e uma plataforma de corretagem de informações da Global Lifest‐
Terry Grim é futurista e estrategista da Social Technologies e professora adjunta de Estudos do Futuro da Universidade de Houston, Texas.
Continua na pág.25
25
metria, pois podem apontar se os parâmetros escolhidos são os corre‐ tos, se a mensuração é feita com a utilização dos componentes apropri‐ ados e se a margem de erro quer dizer algo mais; enfim, podem ‘ler nas suas entrelinhas’”. Aguilar‐Millan considera o trabalho dos futuristas de extrema valia por
“não se aterem aos dados quantita‐ tivos ao considerar alternativas de futuro que competem entre si, bem como ao aceitar que qualquer previ‐ são sobre o futuro contém a possi‐ bilidade de erro”, concluiu. Keneth W. Hunter foi um dos pales‐ trantes responsáveis pela síntese dos trabalhos do Fórum dos Mem‐
bros Profissionais, espé‐ Stephen Aguilar‐Millan, cie de sessão final da diretor de pesquisa do Euro‐ Conferência. Em outra pean Futures Observatory sessão, Wright abordou, do Reino Unido. em conjunto com Les Wallace, a questão do perfil da liderança que se espera para o século 21 (veja detalhes na pág. 11).
Foto: WFS
Plenária de encerramento Tecnologias para o sistema de saúde e seu impacto na sociedade Turismo médico, telemedici‐ na e o futuro do sistema de saúde global foram temas que trouxeram uma série de novi‐ dades sobre tecnologias e tendências comporta‐ Molly J. Coye é fundadora mentais que estão sur‐ e presidenta do Health gindo à medida que a Technology Center. medicina se torna ainda mais high tech. Molly Coye , presidente do Centro de Tecnologias de Saúde (HealthTech) e Kevin Finckenscher , vice ‐presidente executivo da Healthcare Transforma‐ tion apontaram o sistema de saúde como um dos últimos a iniciar uma mudança s i g n i f i c a t i v a , com alteração em suas fron‐ teiras tradicio‐ nais e uma con‐ solidação de grande escala.
“Hoje temos a terceirização dos serviços médicos; um raio‐x feito nos EUA tem o parecer de um radiologista australiano e vice‐versa”. Isso soma‐se a uma “convergência sem precedentes de di‐ versos setores industriais, à globalização da força de trabalho do setor médico e a uma crescente ‘onda tecnológica’”, co‐ mentaram. Entre as tendências detectadas pelos pales‐ trantes estão a redução dos custos, o cresci‐ mento do leque de serviços e sua qualidade. “Com a democratização do acesso à informa‐ ção, o ponto focal da assistência médica se desloca para o gerenciamento apropriado da informação.”
Kevin Finckenscher é chefe do escritó‐ rio de medicina e v i c e ‐ p r e s i d e n t e executivo da Heal‐ thcare Transforma‐ tion for Perot Sys‐ tems.
“No novo para‐ digma, o que era seqüencial passa a ser si‐ multâneo; mui‐ Continua na pág.26
26 to ocorrerá no mundo virtual; redes digitais, sem ser proprietário, centrado em sistemas e não em profissões”. Telemedicina Na mesma semana da realização da Conferência Anual da WFS, a Wal‐Mart — empresa mais admirada dos EUA, instalada em muitas cidades brasileiras — abriu, em uma de suas lojas do Te‐ xas, um “Walk‐In Telemedicine Health Care”. A pessoa tem a possibilidade de fazer uma consulta médica via Web. A iniciativa é fruto da parceria entre a My Health Access e a NuPhisicia. Essa experiência corresponde às ten‐ dências narradas por Coye e Finckens‐ cher de que a saúde terá na “mediação da informação, aspectos relacionados à personalização e à customização, uma arquitetura aberta e sem frontei‐ ras, global e agregadora, biológica e improvisada (em oposição à mecânica
e orquestrada)”, destacaram. Citando John Naisbitt, disseram que “as tendências, assim como os cavalos, são mais fáceis de ‘montar’ se a pessoa for na mesma direção delas”. “Turismo médico” Ao analisar para onde vão os america‐ nos no chamado “turismo médico”, constatou‐se que cirurgias cardíacas; ortopédicas, para reparos nos joelhos e nos quadris; dentárias; cosméticas, com fins reprodutivos, entre outras, são um mercado promissor para aqueles que buscam preços mais vantajosos em rela‐ ção aos americanos por tratamentos em locais que têm infra‐estrutura e um am‐ biente prazeroso.
fação supera o custo”, em que o preço não é o diferencial para a tomada de decisão. Era digital Os palestrantes também citaram o escritor de ficção científica, William Gibson, ao dizer que “o futuro já che‐ gou, só não está distribuído de forma eqüitativa”. As mesmas questões levantadas por Frank McDonough (pág. 22), serão vivenciadas no sistema global de saú‐ de. Desafios de gestão, integração e compartilhamento de sistemas, com o que há de mais avançado em tecno‐ logias de informação e comunicação.
As agências de viagem já oferecem op‐ ções personalizadas para esse tipo de clientela em todo o mundo. Muitas ve‐ zes, há também o fator de que “a satis‐
O que é a World Future Society? World Future Society 7910 Woodmont Avenue, 450 Bethesda, Maryland 20814, USA
Tel: 301-6566-8274 Fax: 301-951-0394 e-mail:
[email protected]
A World Future Society (WFS) é uma organização não‐partidária e sem fins lucrativos, dedicada ao estudo de previsões, tendências e idéias sobre o futuro. A WFS reúne 25 mil indivíduos de mais de 80 países e que atuam praticamente em todas as esferas de ação, incluindo líderes empresariais, políticos, pedagogos, empresários, estudantes e aposen‐ tados. Eles compartilham a idéia comum de que as pessoas podem criar um futuro melhor para elas, assim como para toda a humanidade, estudando possíveis desenvolvimentos futuros e fazendo escolhas sá‐ bias. Os membros da WFS acreditam que um amanhã melhor é cons‐ truído na atualidade. O CGEE é membro da WFS e participa anualmen‐ te de suas conferências.
The Futurist
Susan Echard trabalha há 31 anos na World Future Society. Vice‐Presidente, responsável pelo regis‐ tro dos membros e logística da conferência, foi homenageada na plenária de encerramento pela dedicação e profissionalismo com que conduz as atividades de organização desse evento anualmente. De todos os colegas do Brasil, o nosso Thank you Susan!
The Futurist é a revista da WFS. É uma publicação independente que traz previsões, tendências e idéias sobre o futuro, incluindo os mais re‐ centes desenvolvimentos, cenários e tecnologias emergentes com idéias práticas e ferramentas para ajudar a criar um amanhã melhor. Anualmente, desde 1985, os editores da The Futurist selecionam as melho‐ res idéias e previsões que foram publi‐ cadas na revista para entrar no Relatório Anual de Perspectiva . Nesses mais de 20 anos, esse relatório tem chamado a atenção para o aparecimento de desenvolvimentos célebres que incluem, por exemplo, a Internet, a realidade virtual e o fim da Guerra Fria. Continua na pág.27
27
Dez previsões selecionadas pela WFS em 2008
1
O mundo terá um bilhão de milionários em 2025. James Canton, autor de "The Extreme Future", revisado em THE FUTURIST, maio-junho de 2007, pág. 54.
→ A globalização e a inovação tecnológica estão conduzindo o episódio de prosperidade que presenciamos. Com a prosperidade surgirão outros desafios como a escassez de água que afetará 2/3 da população mundial antes de 2025.
2 As tecnologias e os gostos convergirão para revolucionar a indústria têxtil. Patrick Tucker, "Smart Fashion", THE FUTURIST, setembro-outubro de 2007, pág. 68.
→ Surgirá a moda que aliará design a tecidos inteligentes, em que, por exemplo, as roupas poderão mudar de cor ou emitir perfu‐ mes variados. Os relógios de pulso funcionarão como carteiras digitais. Energizar essas engenhocas ainda é um obstáculo importan‐ te. No entanto, os tecidos inteligentes já representam um mercado de US$400 milhões. Especialistas do setor industrial acreditam que os panos high‐tech poderão revitalizar a indústria têxtil americana e a européia.
3
A ameaça de uma outra Guerra Fria, com a China, ou com a Rússia, ou, ainda, contra ambas, poderá substituir o terrorismo como tópico principal da política externa dos Estados Unidos. Edward N. Luttwak, "Preserving Balance among the Great Powers", THE FUTURIST, novembro-dezembro de 2006, pág. 26.
→ Cenários de uma guerra com a China, ou contra a Rússia, fariam os atuais confrontos armados em que os Estados Unidos estão envolvidos parecer insignificantes. O poder dos terroristas é irrisório se comparado, por exemplo, com a força dos mísseis soviéti‐ cos. Assim, o foco da política externa americana deveria se concentrar em impedir combates entre as grandes potências.
4
A falsificação de papel‐moeda irá proliferar e liderar o movimento para uma sociedade sem uso do dinheiro convencional. Allen H. Kupetz, "Our Cashless Future", maio-junho de 2007, pág. 37.
→ Nos próximos cinco anos, as novas e sofisticadas tecnologias de leitura óptica (scanning) serão facilitadoras para os falsificadores de dinheiro. Atualmente, um número crescente de indivíduos utiliza meios eletrônicos de pagamento. Ao mesmo tempo, a tecnolo‐ gia aperfeiçoada torna o dinheiro eletrônico mais fácil e mais seguro de usar.
5
A Terra está à beira de um significativo evento de extinção. World Trends & Forecasts, novembro-dezembro de 2006, pág. 6.
→ De acordo com o World Resources Institute, o século 21 poderá testemunhar um colapso da biodiversidade de 100 a 1.000 vezes maior que qualquer outro fenômeno de extinção ocorrido na Terra desde o início da humanidade. Proteger a biodiversidade em um tempo de consumo crescente de recursos, superpopulação e degradação ambiental exigirá um sacrifício contínuo por parte das comunidades locais, freqüentemente empobrecidas. Os especialistas afirmam que incorporar os interesses econômicos das comu‐ nidades locais em planos de conservação será essencial para a proteção da espécie no próximo século.
6
A água será, no século 21, o que o petróleo foi no século 20. William E. Halal, "Technology's Promise: Highlights from the TechCast Project", novembro-dezembro de 2007, pág. 44.
→ A escassez de água potável e as secas estão se alastrando, tanto nos países em desenvolvimento, como nos desenvolvidos. Em resposta, o Estado da Califórnia está construindo 13 usinas de dessalinização que poderão produzir de 10% a 20% da água desse Estado americano nas próximas duas décadas. Até lá, a dessalinização já terá se tornado uma técnica mais disseminada.
7
No ano 2050, a população mundial já terá crescido mais do que o es‐ perado, devido à melhor saúde e à maior longevidade das pessoas. World Trends & Forecasts, setembro-outubro de 2007, pág. 10.
→ Declínios de fertilidade, mais lentos que os esperados em países em desenvolvimento , e a longevidade crescente em países ricos estão contribuindo para uma taxa de crescimento populacional mais elevada. Com isso, a ONU aumentou em 100 milhões sua previsão para a população mundial em 2050, passando de 9,1 bilhões de pessoas para 9,2 bilhões.
8
O número de africanos vítimas de inundações será 70 vezes maior em 2080. World Trends & Forecasts, julho-agosto de 2007, pág. 7.
→ A rápida urbanização verificada na África está alterando o fluxo natural das águas e cortando as suas rotas de escoamento. Continua na pág.28
28
9
Isso faz com que as inundações passem a ser particularmente perigosas. Se o nível do mar no planeta subir os esperados 38 centímetros até 2080, o número de africanos afetados por inundações passará de 1 milhão para 70 milhões.
Os preços cada vez mais elevados dos recursos naturais poderão conduzir a uma corrida desenfreada para desenvolver o Ártico. Lawson W. Brigham, "Thinking about the Arctic's Future: Scenarios for 2040", setembro-outubro de 2007, pág. 27.
→ Não só o petróleo e o gás natural, como também as reservas de níquel, cobre, zinco, carvão, água doce, as florestas e os peixes existentes no Ártico são altamente cobiçados pela economia global. Assegurar um certo controle sobre essas riquezas, ou encon‐ trar modos eqüitativos e sustentáveis para compartilhá‐las, será um desafio político muito importante para as próximas décadas.
10
Crescerá o número de decisões tomadas por entes não‐humanos. Arnold Brown, "'Not with a Bang: Civilization's Accelerating Challenge", setembro-outubro de 2007, pág. 38.
→ Equipes eletronicamente habilitadas em redes, robôs com inteligência artificial e outras formas de vida não‐carbônicas tomarão decisões para todos nós sobre os mais variados assuntos tais como finanças, educação, saúde e até mesmo política. A razão disso é que a tecnologia está aumentando a complexidade das nossas vidas em um ritmo que a competência dos trabalhadores humanos não está conseguindo acompanhar e, assim, os desastres resultantes de erro humano serão cada vez mais freqüentes.
Curiosidades — The Futurist Nanotecnologia
Leitura da linguagem corporal
“Entrevistas com um grupo de especialistas em nanotecnologia geraram uma lista de prováveis desenvolvimentos divididos em três horizontes
“A verdade está nos olhos, mas tam‐ bém nos gestos. Um sistema desen‐ volvido pelos cientistas da Universi‐ dade de Manchester usa uma câmera e inteligência artificial para processar padrões de comportamento não‐ verbal. Esse sistema é capaz de avali‐ ar estados de decepção, agressão, esgotamento e até mesmo as fases iniciais do mal de Parkinson.”
de tempo, a saber: Daqui a dois ou cinco anos:
• Pneus de carro que precisam de ar apenas uma vez por ano;
• Diagnósticos médicos completos em um úni‐ co chip (circuito integrado) de computador;
Dentes de reposição
• Concentradores portáteis que produzem água potável a partir do ar. De cinco a dez anos:
• Computadores potentes que cabem em uma carteira;
• Medicamentos que fazem com que a Aids e o câncer passem a ser doenças tratáveis;
• Edifícios inteligentes que se auto‐estabilizam durante terremotos e bombardeios. De 10 a 15 anos:
• Inteligência artificial tão sofisticada que não será possível saber se quem responde a um telefonema é uma pessoa ou uma máquina;
• Pintura a partir do computador; • O organismo poderá ser tratado quase total‐ mente a partir de seu interior, reduzindo e até mesmo eliminando a necessidade de cirurgi‐ as.”
Hidrelétricas de dupla função “Um novo processo para remo‐ ver o sal da água do mar e torná‐ la potável pode ser alimentado pelo excesso de calor das usinas de energia elétrica. Um pequeno protótipo operacional mostra que o calor residual (inaproveitável) de uma usina elétrica de 100 megawatts pode produzir 5,7 milhões de litros de água fresca diariamente a um custo bem inferior àquele dos métodos de dessalinização con‐ vencionais.”
“Em breve, as coroas e os implantes dentários cairão em desuso. As pes‐ soas poderão produzir os seus pró‐ prio dentes de reposição naturalmen‐ te. Células‐tronco serão retiradas de um indivíduo e tratadas e cultivadas em laboratório. Em seguida, essas células serão reimplantadas no interi‐ or da gengiva da pessoa, no local do dente perdido ou extraído. Um novo dente nascerá e se formará no lugar desejado.”
29
Washington, DC, 2008
Arte 30
Papageorge eterniza imaginário da separação: veias abertas entre África e Brasil
Georgia Papageorge, artis‐ Filmado em setembro de 2001 nas praias do ta sul‐africana Brasil e da Namíbia, o título do filme poderia corresponder ao de um cenário narrado há mais de 150 milhões de anos por um futurista que tivesse feito um estudo para os próximos 15 anos de seu continente e quisesse explicitá‐lo em imagens, de forma abstrata. Em um dos cenários visualizados ― Africa rifting ―, diria que, nesse horizonte temporal, haveria uma grande separação territorial, originando o que hoje se conhece por África e América do Sul. Contemplativo, sem palavras ou pessoas, o trabalho de Papageorge serve também como um poema sobre o luto por sua filha, que aos dois anos de idade morreu vítima de câncer. Simboliza o sofrimento do apartheid, por ela conhecido, sentimentos depositados na metáfora sobre a separação das terras da África e América do Sul, cordão umbilical de povos, culturas, destinos, aspirações sepultadas nos navios negreiros, narrativas de Castro Alves: “O mar em troca acende as ardentias,/ ― Constelações do líquido tesouro.../ Stamos em pleno mar... Dois infinitos/ Ali se estreitam num abraço insano,/ Azuis, dourados, p l á c i d o s , s u b l i m e s . . . / Qual dos dous é o céu? qual o oceano?” Essa estrofe se materializa nos movimentos de câme‐ ra à medida em que tecidos vermelhos deslizam no ar e se tornam ora a sangria de toda uma nação, ora são percebidos como imagens de pássaros que fazem evoluções no céu. Efeitos sublimes que evocam sin‐ cronicidade e transcendência. O curta‐metragem abre ainda a perspectiva de um olhar sobre a estratégia do colibri – polinização criati‐ va e globalização, conforme ideário do sociólogo e jornalista Francesco Morace. “Existe um fenômeno de convergência, visando à construção de um corpo inte‐ gral, dotado de um cérebro e de uma capacidade cria‐ tiva igualmente global”. Hoje, a América presencia a trajetória de Barack Obama. O Brasil enuncia como desta‐ que estratégico para o país, em sua Política de Desenvolvimento Produtivo (PDP), a inte‐ gração com a África. A Embrapa se instalou em Moçambique em 2005. Farmanguinhos produzirá remédio anti‐AIDS para esse continente. O sistema de quotas para negros em universidades brasileiras reacende o debate sobre as condições socioeconômicas predo‐ minantes em relação à população negra do continente americano. Esses são sinais de que a África, especialmente para o Brasil, foi e será sempre um espaço para um futuro compartilhado, quiçá melhor planejado.
Foto: Internet
A pouca distância da Conferência, no Museu Nacional de Arte Africana, o tema do vídeo “Africa Rifting: Lines of Fire, Namibia/Brazil”, de Georgia Pa‐ pageorge, traz uma sensação de proximidade aos conteúdos mais relacio‐ nados à espiritualidade e à cultura, que também estiveram presentes nas discussões da World Future Society. Alcança, ainda, o imaginário daqueles futuristas que buscam visualizar os redesenhos geomorfológicos, demográ‐ ficos, que estão reservados ao planeta em seu futuro.
31
A seguir, algumas bissociações en‐ tre fotos tiradas em Washington e frases, ou trechos, do livro “Seeing the Future Through New Eyes”.
32
The U.S. Botanic Garden
“Create study and research centers to investigate not only telegeo‐ graphy, telework and integrated systems analysis and planning, but also economic and pricing systems designed to reward sustainability and other practices needed to sustain humans, wildlife, rain , we‐ tlands, agricultural systems, clean energy, and nonrenewable re‐ sources or to create tax or other penalties to discourage practices that threaten human, wildlife, and agricultural ecosystems that sus‐ tain life.” Pelton and Robinson: Telegeography, pg. 279
33
The U.S. Botanic Garden
“Each month, 8 million people (the population of New York City) join an Earth already groaning. In the United States, we generate 12 billi‐ on tons of solid waste a year ― that´s twenty times the total a‐ mount of ash released by the 1980 eruption of Mount Saint Helens. Over 200 million tons of airborne wastes are added to the atmos‐ phere each year, joining 90,000 tons of nuclear waste, most of whi‐ ch will be poisonous for another 100,000 years.” (Benyus 1997, 240‐ 41) Anderson: The Future Is All Around Us, pg. 344
34 The U.S. Botanic Garden
“Attention should go as well to examples of successful modern ap‐ plied utopian thinking, such as The Farm (Tennessee) and other communes around the world, as well as the entire Scandinavian na‐ tion complex and the small Kingdom of Bhutan, where a ‘Gross Nati‐ onal Happiness’ helps a democratizing monarch measure progress and minimize the toll that modernization can take. As well, of cour‐ se, the worldwide environmental movement fits in here, especially as key members are busy promoting what they call ‘Greenopia’”. Shostak: High Schools of the Future, pg. 403
35
Smithsonian National Air and Space Museum
“Now we are on the brink of the biggest new frontier that humanity ever had the opportunity to explore. We have orbited the Earth and walked on the Moon. We have sent probes to Mars and beyond to the very edge of our solar system”. Stabler: Expansion for the Good of Humanity, pg. 425
36
Smithsonian
“Scenarios have to obey two sets of unwritten laws: those of the fu‐ ture and those of fiction. The surprise is discovering that in many ways they are the same. You direct and are directed, you shape and are shaped, you possess and are possessed. The future is not ahead, it is alongside ― it is at once familiar like your shadow but casts a different likeness. The scenario thus operates under and celebrates the same mysterious dynamics of all imaginative work. You create characters and events, but then they take over and create themsel‐ ves. Indeed, if they didn´t , that would signal that you and your visi‐ on are in total control, with little or no room left for them to be auto‐ nomous and for your collaborative partner to contribute. That is why the impact of a genuine scenario is always double ― it is both famili‐ ar and surprising, is easy to follow but then takes an unexpected turn, reads like a daily newspaper and an exotic work of science ficti‐ on. It is always and finally an escape to reality.” Buchen: Seeing Newly, Differently, and Futuristically, pg. 145
37 Smithsonian
“The global future hangs on hopes for a rising spirit of inclusion across the fault lines of civilization. Happily, the time seems more promising now than ever be‐ fore for the inclusive spirit to grow, since technology is continuing to shrink the world at a rapid pace. The result is a vastly expanded scope for understanding and acceptance of differences within and accross diverse ways of life. The ri‐ sing capacity to process and spread information is continuing to free more and more individuals and communities worldwide from historic isolation and inef‐ fectiveness. This is an especially welcome development for Inclusive Huma‐ nists, representing the only cultural identity in the quadrate hamstrung by the absence of a geographical base. As diffuse and international as it has been, In‐ clusive Humanism retains its syncretic promise for a global future of greater amity and cooperation across the many fault lines of secular and religious ex‐ clusion.” Borpujari: The Quadrate, pg. 140
38
Freer and Sackler Galleries
“Our greatest responsability is to be good ancestors.” (Jonas Salk) Wallace and Trinka: Leadership as Legacy Work, pg.363
39 Freer and Sackler Galleries
“Biotechnology, specifically cloning, could offer the option of marrying yourself — of forming a solipsistic marriage with a cloned version of you of the opposite sex. But then, one could as easily have a homossexual marriage with another version of you of the same sex. Though it involves time travel as an added element, in David Gerrold´s The Man Who Folded Himself, the main character, through looping through time, becomes his daughter, his son, his mother, his father, and his wife.” Lombardo and Lombardo: The Evolution... of Marriage, pg.97
40
National Museum of African Art
“The future is all around us.” Anderson, pg. 337
41 National Museum of African Art
“Spirituality has become the word of the hour. But what is spiritua‐ lity? ... Spirituality means feeling at one with that which we call the divine. But when I think of the divine I ... think of our own most evol‐ ved qualities: our profound human capacity for empathy, for love, our striving for Justice, our hunger for beauty, our yearning to create... Spiritual means being ethical and, in the true sense of the word, mo‐ ral.” Lombardo and Lombardo: The Evolution... of Marriage, pg..103