PERFIL E ATUAÇÃO DO PROFISSIONAL CATALOGADOR FRENTE AS NOVAS TECNOLOGIAS DE CATALOGAÇÃO Narcisa de Fátima Amboni Doutorado em Engenharia de Produção Biblioteca Universitária da Universidade Federal de Santa Catarina -UFSC
[email protected] Elson Mattos Especialista em Gestão Universitária Biblioteca Universitária da Universidade Federal de Santa Catarina -UFSC
[email protected] Resumo O presente artigo tem por objetivo descrever os fundamentos básicos acerca da catalogação para, posteriormente, discutir o perfil do catalogador frente as novas tecnologias de catalogação. Pode-se contatar que o perfil e atuação do profissional catalogador deve reunir o conjunto de habilidades, conhecimentos e competências exigidas pela sociedade em constante transformação, visando a busca constante pela qualificação continuada. Isto porque a variedade de desafios enfrentada pelo profissional catalogador, confunde-se com os desafios enfrentados pelas bibliotecas e sociedades. Todos necessitam e buscam informações atualizadas e precisas na menor fração de tempo, no entanto a globalização mundial, apesar de não ser apenas teórica, em alguns aspectos falha, pois uma grande parcela da população fica excluída do acesso às novas tecnologias e novas formas de acesso à informação e produção do conhecimento.
Abstract
1 INTRODUÇÃO
O momento atual tem indicado uma série de mudanças na esfera social, econômica, política e cultural nas bibliotecas. Uma das causas dessas mudanças está relacionada ao rápido desenvolvimento tecnológico provocado principalmente, após a Segunda Guerra Mundial. A capacidade humana não é mais suficiente para abarcar todo o saber que envolve a biblioteca. Como fica o catalogador diante dos desafios dessas transformações? Entremeado pelo caos e pelas incertezas, o catalogador parece ter dificuldade para compreender o impacto das tecnologias no processo de catalogação.
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Mais do que nunca, o catalogador recorre à tecnologia, agora como auxiliar, na busca pelo conhecimento de que necessita, e para acessá-lo e disseminá-lo, utiliza-se de técnicas e de objetos técnicos. (SOUTO, 2001). Os efeitos destas transformações não atingem apenas o saber científico, mas já estão inseridos nas práticas culturais da sociedade tecnológica ou sociedade da informação, onde as novas tecnologias, as novas mídias, os novos mercados e os novos usuários conseguiram transformar o mundo em uma sociedade globalizada. As transformações derivadas do novo contexto social e dos novos paradigmas são sustentadas pelas novas Tecnologias de Informação e Comunicações _ TICs _ que utilizam o processo de globalização para valer-se de uma nova hegemonia na qual se delineia a "Sociedade da Informação ou Sociedade do Conhecimento". O novo paradigma apresentado que tem como base a tecnologia, traz novas exigências quanto ao perfil do catalogador, e requer deste, maior preparo e educação permanentes para o desempenho de funções que estão em constante mudança. A partir do emprego de novas técnicas organizacionais e da automação, característica dos dias atuais, sem dúvida, esse novo modelo associa-se à aceleração da evolução e mudança dos métodos de trabalho, pressionado pela necessidade de novos serviços pela exigência da qualidade, até mesmo como requisito de sobrevivência das bibliotecas. Com a formação de uma comunidade mundial, resultante do fenômeno da globalização, ampliam-se as possibilidades de comunicação, bem como um novo impulso é dado ao tratamento dos serviços de catalogação no que se refere à sua produção, armazenamento, distribuição e utilização. Neste sentido, procura-se num primeiro momento descrever os fundamentos básicos acerca da catalogação para, posteriormente, discutir o perfil do catalogador frente as novas tecnologias de catalogação.
2 CATALOGAÇÃO
A história da catalogação bibliográfica tem suas raízes na Antigüidade. Hoje existe o questionamento sobre a utilidade ou não do catálogo nas bibliotecas devido ao uso intensivo das tecnologias de informação, como por exemplo, tabletes de argila na antiguidade e o CDROM na atualidade com o objetivo de recuperar e disseminar de forma rápida e eficaz as
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informações de acordo com as necessidades dos usuários na busca do conhecimento produzido. Para Dias (1967, p. 1): ... existem catálogos desde que existiram as primeiras bibliotecas. Até meados do século passado não eram propriamente catálogos, no sentido especializado da palavra, mas apenas ‘listas’ ou ‘inventários’, ou ainda simples ‘relações’ das obras existentes nas bibliotecas. Não havia ainda a preocupação nem a necessidade de racionalizar ou sistematizar a elaboração dos catálogos tais como hoje existem, com características uniformes e compatíveis com o rápido progresso da ciência biblioteconômica.
No século XIII, a atividade catalográfica desenvolveu-se nos mosteiros ingleses, com o objetivo de fazer-se um catálogo de seus acervos; no século XIV, apareceu a idéia de símbolos de localização mais completa de edições e a preocupação de se identificarem as obras publicadas ou encadernadas. (FIÚZA, 1987). O final do século XV e o século XVI, segundo ainda Fiuza, representaram um grande desenvolvimento nas atividades acadêmicas, intelectuais e científicas. Com a invenção da imprensa, por Gutenberg, os acervos de bibliotecas e das livrarias precisavam ter uma organização mais cuidadosa. Konrad Gesner, bibliógrafo suíço publicou, em 1545, uma bibliografia arranjada alfabeticamente por autor, à qual foi acrescentada em 1548 um índice de assunto. Esta bibliografia pretendia ser universal e citar todas as obras impressas publicadas no mundo. Posteriormente, Andrew Maunsell (1695), livreiro inglês, determinou os elementos básicos para a descrição bibliográfica. A primeira tentativa de um código nacional e a de catalogação em ficha aconteceu em 1791, quando o governo francês publicou instruções para organização das bibliotecas estabelecidas depois da Revolução, onde se incluía um código de catalogação (FIUZA, 1987). Em 1620 ocorre a publicação do catálogo de Oxford. O mesmo representava um catálogo organizado de localização, consistindo de uma listagem alfabética de todos os livros da biblioteca sem considerar a sua organização nas estantes. Em 1840 o bibliotecário Anthony Panizzi, juntamente com seus colaboradores da Biblioteca do Museu Britânico de Londres, elaborou as primeiras noventa e uma regras de catalogação, considerado o primeiro dos modernos códigos. Em 1868 Cutter inicia suas Regras Para Um Catálogo Dicionário Impresso (o título foi mudado em edições posteriores para Regras Para Um Catálogo Dicionário). Em 1889 chegam as Instruções Prussianas, elaboradas por homens de formação científica e filosófica, foram adotadas não só na Alemanha, mas também na Áustria, Hungria, Suécia, Suíça,
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Dinamarca, Holanda e Noruega. Em 1967, foram substituídas pela RAK (Regeln fur die alphabetishe Kataloisierung), cujas regras são regidas por princípios modernos, adaptadas ao uso do computador e a acordos internacionais. O código Anglo-Americano de 1908 foi o primeiro produto bem sucedido da cooperação Britânica e Americana. Entretanto, até 1967, quando da publicação da edição preliminar da Regras de Catalogação Anglo-Americanas, o código Anglo-Americano de 1908 foi, junto com as Regras de Cutter, o código oficial para a maioria das bibliotecas públicas britânicas. Em 1920, surgiu o Código da Biblioteca da Vaticana, idealizado por um grupo de bibliotecários americanos. Baseado na A. A. Rules (1908), foi redigido especialmente para atender a reorganização da Biblioteca Apostólica da Vaticana. Em 1944, A L A Rules, foi elaborada pela American Library Association. Em 1953, veio a público o Cataloguing Rules and Principles, por Seymour Lubetzky. Em 1961, surgem os Princípios de Paris, foram adotados na Conferência Internacional sobre Princípios de Catalogação. Em 1968, o AACR1 – Anglo American Cataloging Rules, fundamentado no código de Lubetzki e nos Princípios de Paris, representa o compromisso entre as novas idéias de catalogação e o que foi constatado como problemas reais em grandes bibliotecas que dispunham de catálogos extensos. Em 1978, surge o AACR2 – Anglo American Cataloguing Rules, 2ª ed.. A catalogação como representação descritiva do documento sugere muito mais do que simples listas inventariais ou qualquer outro produto do gênero. O ato de catalogar, alguns chamariam ‘processo’, ‘técnica’, ‘arte’ (MEY, 1987, p. 4) implica em técnicas para a descrição do conteúdo, o registro bibliográfico fiel, que somadas ao conhecimento e domínio do catalogador tornam esta prática essencial nas bibliotecas e nos centros de informação. Segundo Taylor (1989), catalogação “ é a operação que consiste em colocar a coleção de livros e outros materiais que fazem parte do acervo de uma biblioteca em ordem e fazer um catálogo que servirá de índice indicativo de seus componentes individuais. Contudo, pode-se dizer que as bibliotecas estão passando por processos de mudanças devido ao uso das novas tecnologias de catalogação. A automação ainda não é uma realidade nas bibliotecas, pelo menos na sua totalidade. Métodos, estruturas e procedimentos precisam ser repassados e adaptados à realidade informacional da época em que vivemos. A organização do conhecimento está em processo de tramitação. O conhecimento está ao alcance daqueles que estão aptos a alcançá-lo. Os usuários precisam de informações e estas precisam ser tratadas e processadas. A catalogação nas bibliotecas tem um relevante papel, já que a mesma vem caminhando na busca pelo aprimoramento qualitativo de disseminar e recuperar a informação como meio de favorecer o processo de aquisição de conhecimento. Mas o fato é que as teorias com suportes automatizados hoje existem e cabe ao catalogador
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escolher o que melhor se adapte à sua realidade e necessidade. O processo manual, que para muitos tornou-se obsoleto, é real em unidades de informação. Mas considera-se ainda que pior do que o manual é a automação sem o devido planejamento. A estrutura consistente de um processo manual permite uma automação segura que muitas vezes é ameaçada pela pressa, insensatez de alguns profissionais. E esta é a relação existente entre o processo manual e o automatizado. O processo histórico evolutivo da catalogação e uso das tecnologias permitiu a operacionalização de programas de cooperação/ compartilhamento de processos de representação documentária, recursos humanos e financeiros. A cooperação é realidade nas bibliotecas e não se restringe apenas a programas nacionais, mas se estende a redes internacionais como é o caso da rede internacional, a OCLC –Online Computer Library Center, o maior consórcio de bibliotecas do mundo. O acesso é on-line, contribuindo com informações para o banco de dados bibliográficos mais adiantado do mundo, dando o suporte para facilitar o compartilhamento de pesquisa global; além de compartilhar recursos com outras bibliotecas. É a rede que está na liderança do serviço de biblioteca e da tecnologia da informação. É um avanço tecnológico e informacional relevante na História das bibliotecas e unidades de informação. Considerando que o bibliotecário competente é aquele que ao assumir novas tarefas acompanha a evolução e garantirá o seu espaço como agente da informação, é impossível nos dias atuais manter-se longe desta tecnologia que tanto atrai os usuários dos serviços de informação. Afinal o alvo a ser atingido é o usuário que precisa sair satisfeito com os serviços disponibilizados pela biblioteca. É neste momento que se faz oportuno citar Krzyzanowski (1996, p. 5) no entanto, na atual conjuntura de grandes transformações onde a informação é poder e se apresenta sob diferentes e variadas formas, não basta ter o espaço, é preciso acrescentar a capacidade de ´encarar o cliente´, através de serviços bibliotecários com valores agregados, modernos, dinâmicos, de alta qualidade e adequados às expectativas individuais do pesquisador.
Desde a Antigüidade até os nossos dias, a informação passou por vários suportes. Houve sempre a preocupação com a sistematização para que o usuário pudesse ter acesso e fazer uso independente da finalidade. Visto ser o usuário o foco dos serviços oferecidos por um sistema de informação, reflexões sempre precisam ser feitas. E este breve relato histórico é um convite a uma reflexão sobre a organização da informação desde a Antigüidade até os nossos dias.
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Com o uso estratégico das tecnologias de informação, o catalogador recriou seus espaços culturais e societários, ampliou o acervo de conhecimentos e de formas de circulação, bem como procurou explorar novas possibilidades de apreensão do mundo, transformando a aquisição do conhecimento em um processo dinâmico e complexo. Para Marx (1984), não existe uma "natureza humana" idêntica em todo tempo e lugar. Segundo ele, o existir humano decorre do agir, pois o homem se autoproduz na medida em que transforma a natureza do trabalho. O trabalho, como ação coletiva, depende de relação social para se concretizar. A práxis refere-se à ação humana refletida de transformar a realidade. Desde as sociedades primitivas, passando pelas artesanais, antigas, escravistas, bárbaras, feudais, e chegando até a sociedade capitalista globalizada mundial, existe a presença da tríade: trabalho, tecnologia e conhecimento (qualificação). Estes três elementos interdependem-se e as relações existentes entre eles e o homem é que constituem as relações de produção. (SOUTO, 2001). As mudanças da noção de conhecimento estão causando reflexos diretos no mundo do catalogador, onde o número de atividades em que haja a demanda de um processamento cognitivo passa a ser superior à demanda de um processamento muscular. Os usuários dos serviços prestados pelas bibliotecas vem exigindo cada vez mais a qualificação do catalogador em relação as novas tecnologias de informação. O catalogador deve ter capacidades intelectuais que lhe permitam a adaptação aos serviços prestados. O catalogador deve ser um sujeito com permanente capacidade de aprendizagem e de adaptação a mudanças, deve saber trabalhar em grupo, de preferência em equipes multidisciplinares, e ter domínio da linguagem das máquinas. Ou seja: deve também ser alfabetizado do ponto de vista digital. No momento atual, permeado pela tecnologia que possibilita a autonomia ao usuário, o catalogador deve adotar uma nova postura, pois além de ter um novo e amplo campo de atuação, tem que lidar com a complexidade dos sistemas informacionais e das demandas por
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parte do público especializado ou não. Além das mudanças de perfil, esse profissional deve adaptar-se aos novos modelos organizacionais e de gestão de trabalho. Cury (2002) afirma que no mundo contemporâneo dominado pela informação, o que deve contar não é o saber _ fazer, mas a informação, ou seja, o saber _ saber; não o saber organizar a informação produzida, mas saber tratá-la. Criar meios de transmissão da informação e não somente estocá-la, torna-se imprescindível para o catalogador, bem como para todos os agentes envolvidos em sua produção, tratamento e disseminação. A pesquisa mundial realizada pela FID (Federação Internacional de Informações e Documentação) identificou as seguintes qualificações: a) domínio das tecnologias da informação; b) domínio de mais de um idioma; c) capacidade de comunicação e de relacionamento interpessoal; d) capacidade de gerenciamento, etc. Dentre as habilidades do catalogador pode-se citar: a) ser inovador, criativo, líder e saber comunicar-se; b) conhecer e integrar novos recursos para a recuperação da informação; c) gerenciar estoque de informação para uso futuro - Gestão da informação; d) identificar e potencializar os recursos informacionais _ Criação, Análise e Uso, através de 6 processos diferenciados e integrados: identificação, aquisição, organização e armazenamento, desenvolvimento, distribuição, uso da informação; e) fomentar informação comentada e comunicada; f) utilizar tecnologias com foco nas organizações, no valor da rede (sobrevivência da organização) através de bibliotecas virtuais nos ramos de redes e processos; g) utilizar e implementar redes, consórcios, parcerias, terceirização da informação organizacional; Se antes a atividade do catalogador ficava restrita aos limites físicos de uma biblioteca e de uma coleção, agora - ele _ enquanto Profissional da Informação - utiliza-se da tecnologia a em prol da informação, transpondo barreiras físicas e institucionais. Mormell (1996), comenta que o catalogador deve atuar como um mediador entre os provedores de informação, os usuários e as tecnologias de informação, exigindo, desta forma, algumas atitudes como flexibilidade, adaptabilidade e habilidade para recuperar, organizar e armazenar informação, tanto de fontes impressas como eletrônicas. Enfim, o catalogador deve:
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a) facilitar o uso da informação; b) navegar por sistemas do conhecimento e fontes de informação; c) consultar e assessorar sobre problemas de informação; d) gerir eficientemente os sistemas de informação; e) transformar os dados e o fluxo da informação entre sistemas; f) apoiar políticas de informação estratégias e de negócios. O novo perfil desse profissional deve, assim, combinar características das áreas de informática, comunicação social, administração, economia, lingüística, biblioteconomia, documentação e ciência da informação, sem, contudo, deixar de se considerar uma formação humanística, pedagógica e social, voltada para uma filosofia educacional mais ampla, flexível, integrada e crítica. O desafio enfrentado pelo catalogador, que têm que lidar, não só com a organização e disseminação da informação, bem como com o acesso a sistemas informatizados e novas tecnologias que ocupam cada vez mais espaço nos meios acadêmicos e institucionais. As novas tecnologias alteraram as relações do aprender e conhecer, transformando-se em elemento constituinte das novas formas de ver e organizar as informações. A
intervenção
das
tecnologias
nos
processos
de
organização,
descrição,
armazenamento, recuperação e disseminação da informação nos levam a uma reflexão sobre os processos de catalogação e aos usos de tecnologias. A catalogação como uma área da biblioteconomia tem como função o desenvolvimento de um padrão e normalização internacional da representação documentária de modo a individualizar um item documentário e ao mesmo tempo multidisciplinar suas formas de acesso por meio de recursos tecnológicos que facilitem esta tarefa visando a disseminação e a padronização das informações como estratégias fundamentais para o bom desempenho e agilidade no processo de catalogação. De acordo com Pereira, Santos (1998) as características importantes no uso das tecnologias são: a) rápido acesso a informação b) mutação crescente das termologias. c) Necessidade de atualização constante junto ao mercado e as evoluções tecnológicas. d) Contenção de custos. e) Normalização das informações em padrões internacionais.
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O uso das tecnologias como meio para otimizar processos tem por objetivo multiplicar a capacidade do ser humano de armazenar, recuperar e transmitir informações de forma rápida e precisa. Como novas tecnologias entende-se o conjunto de todos os conhecimentos adquiridos com elevado grau de conteúdo de inovação, ou como conteúdo de instrumentos eletrônicos, microeletrônicos e as telecomunicações. O processo de catalogação pode ser identificado como meio de comunicação, instrumento de ligação entre usuário e o documento, um processo de reprodução documentária que desde a antiguidade atua como instrumento de acesso a informação e ao documento e que se utiliza dos instrumentos disponíveis numa ação que interliga a biblioteconomia as tecnologias disponíveis, possibilitando uma rápida recuperação e disseminação da informação, proporcionando condições para a agilização do processo de aquisição do conhecimento. O processo de utilização das tecnologias na catalogação divide-se em três fases, segundo Pereira, Santos (1998): a) tecnologias semi-mecanizadas: confecção de fichas catalográficas com a máquina de escrever, estencil e cartões perfurados. b) tecnologias mecanizadas: confecções de fichas com máquinas xerográficas. c) tecnologias automatizadas: catalogação utilizando procedimentos eletrônicos por meio de programas automatizados. A utilização das tecnologias de comunicação disponíveis permitiram o surgimento dos formatos de intercâmbio, instrumentos fundamentais da catalogação cooperativa. Projetos como MARK e seus derivados UNIMARK, MARÇAL, CALCO, IBICT e outros passaram a ser utilizados de modo que a catalogação fosse elaborada uma única vez. A rede Internet ajuda o trabalho cooperativo em rede entre bibliotecas, Rowley (1994, p. 300) destaca que, “Os objetivos principais das redes são: revelar o conteúdo de um grande número de bibliotecas e tornar esses recursos disponíveis para bibliotecas e usuários específicos.” Ainda segundo Rowley (1994), outro tipo de tecnologia utilizada por bibliotecas são as bases de dados eletrônicas, elas abrangem uma série de registros relacionados entre si e formatados de modo
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semelhante. Elas encontram-se em servidores on-line ou em CDROM. O uso de tecnologias semi-mecanizadas e mecanizadas exigia um perfil de catalogador do tipo executor e não de ser pensante, ou seja, o catalogador desenvolvia atividades de cunho rotineiro e/ou repetitivas e era um especialista por si só no que deveria fazer. Não tinha a visão do todo interconectado. Com as tecnologias automatizadas, o catalogador deve apresentar as seguintes características de perfil: Planejar: ser capaz de verificar quais as implicações das decisões tomadas hoje para um futuro próximo. Organizar: ser capaz de identificar alternativas para otimizar a distribuição de recursos junto aa redes cooperativas. Liderar: ser capaz de motivar, orientar, encorajar, empreender e constituir equipes de trabalhos na busca de resultados de forma eficiente, eficaz e efetiva. Coordenar: ser capaz de buscar a soma dos esforços de todos que atuam direta ou indiretamente com os serviços prestados pelas bibliotecas. Controlar: ser capaz de proporcionar feedback, visando o aperfeiçoamento contínuo. Empreender: ser capaz de atuar como um agente de transformação por meio da inovação permanente. Relacionar: ser capaz de estabelecer cadeias de relacionamentos entre redes cooperativas com o intuito de incrementar os resultados das bibliotecas e para a sociedade. Aprender sempre: ser capaz de compreender a importância de ampliar e atualizar o conhecimento e a prática da vida, do mundo e da profissão de forma contínua. Criar e revitalizar: ser capaz de inventar, de perceber, idealizar e propor soluções e ações que conduzam à inovação e a mudança permanente. Persistir: ser capaz de buscar e de identificar novas alternativas e desafios independente dos obstáculos que se apresentem. Analisar contextos internos e externos: ser capaz de descrever, analisar e prescrever ações e/ou estratégias que possam minimizar e potencializar os impactos proporcionados pelas novas tecnologias. Gerenciar e alavancar oportunidades de recursos: ser capaz de identificar fontes alternativas de recursos junto as redes cooperativas, visando o aperfeiçoamento dos meios em prol do alcance dos objetivos da biblioteca. Tomar decisões: ser capaz de reconhecer e definir problemas, equacionar soluções, pensar estrategicamente, introduzir modificações no processo de serviços, atuar
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preventivamente, transferir e generalizar conhecimentos e exercer, em diferentes graus de complexidade, o processo da tomada de decisão junto as redes cooperativas. Negociar: ser capaz de interagir com as partes envolvidas no processo, na busca de compromisso entre idéias, propósitos ou interesses, visando o alcance dos melhores resultados possíveis. Comunicar: ser capaz de expressar-se, no próprio idioma e em outros, na forma oral, escrita e não-verbal, com clareza e objetividade, utilizando-se dos diversos meios disponíveis, eliminando as distorções ou ruídos no processo. Adaptar: ser capaz de adaptar-se as diferentes situações e transformações que ocorrem no mundo moderno Raciocinar de forma lógica, crítica e analítica: ser capaz de estabelecer relações e conexões nos diferentes contextos internos e externos às bibliotecas e ao meio. Realizar: ser capaz de realizar procedimentos que venham racionalizar os fluxos de operações na prestação de serviços. Praticar a ética e a cidadania: ser capaz de respeitar os valores definidos pela biblioteca e pelo meio, assim como exercitar a sua cidadania com liberdade de expressão. Transformar o conhecimento implícito em explícito: ser capaz de transformar conhecimentos implícitos não materializados e democratizados em conhecimentos explícitos, visando à consolidação do saber ser, saber fazer e do saber agir. Buscar Qualidade e resultados: ser capaz de gerar resultados com qualidade superior para os usuários das bibliotecas. Responsabilidade Social e de Justiça: ter consciência pelo impacto das ações individuais e das bibliotecas junto as redes cooperativas. Percebe-se que o perfil do profissional catalogador diante das transformações e das inovações tecnológicas deve reunir as características de perfil supracitadas para as bibliotecas poderem prestar serviços com qualidade superior.
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS A partir do objetivo geral proposto neste trabalho, ou seja, o de descrever os fundamentos básicos acerca da catalogação para, posteriormente, discutir o perfil do catalogador frente as novas tecnologias de catalogação, pode-se fazer algumas considerações acerca do assunto em pauta.
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O perfil e atuação do profissional catalogador deve reunir o conjunto de habilidades, conhecimentos e competências exigidas pela sociedade em constante transformação, visando a busca constante pela qualificação continuada. Isto porque a variedade de desafios enfrentada pelo profissional catalogador, confunde-se com os desafios enfrentados pelas bibliotecas e sociedades. Todos necessitam e buscam informações atualizadas e precisas na menor fração de tempo, no entanto a globalização mundial, apesar de não ser apenas teórica, em alguns aspectos falha, pois uma grande parcela da população fica excluída do acesso às novas tecnologias e novas formas de acesso à informação e produção do conhecimento. A valorização do profissional catalogador reside, nessa sociedade, à qualificação profissional: às competências técnicas que deverão associar-se à capacidade de decisão, adaptação e comunicação, além de do poder de relacionar-se em equipe, com perfil de liderança, inovação e criatividade. Este conjunto de características de perfil atuam como pré-requisitos para o profissional catalogador poder explorar as vantagens oferecidas pelas tecnologias da informação, quer no processamento como na formação de redes cooperativas. O entendimento das tecnologias de informações disponíveis, bem como a monitoração das mesmas faz com que o profissional catalogador adote uma postura pró-ativa. Associadas as tecnologias da informação e ao perfil do profissional catalogador, podese dizer que a formação em catalogação, sustentada pela sua longa história de divisão de recursos na padronização da prática, contribui para as amplas teorias do paradigma e para o conhecimento prático, tais como, princípios de planejamento de sistemas, consistência de manutenção de dados e controle de qualidade. Desta forma, tem-se o desenvolvimento de um novo perfil e campo de atuação do profissional catalogador como sujeito institucional com capacidade de possibilitar, por meio de atividades profissionais, a obtenção de informações precisas e necessárias para o processo de aquisição de conhecimentos, crescimento profissional e na formação de indivíduos com condições de articular e contextualizar informações em constante atualização, buscando o gosto pela pesquisa numa sociedade marcada pela relação homem-conhecimento, pela metalinguagens, meta-informações e pelas redes de sistemas de comunicações.
REFERÊNCIAS
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