Uso Indevido De Anabolizantes

  • July 2020
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Introdução Na década de 1980, o culto ao físico com a exigência de corpos musculosos combate ao biótipo do chamado gordinho ou rechonchudo; a procura de corpos esculturais, considerados os malhados e sarados, o padrão de beleza tipo Stalone e muitos outros, valorizou mais a estética visual do que o conteúdo. Com isso aconteceu o chamado boom das academias de ginásticas, o culto às super alimentações, muitas delas sem nenhuma base científica. Jovens e atletas com intuito de melhorar seus resultados ou sua estética passaram a utilizar várias substâncias com efeito anabolizantes na tentativa de melhores resultados em pequeno espaço de tempo. No início, o combate era apenas do ponto de vista esportivo, visto que essas substâncias eram enquadradas como doping e, portanto, proibidas pelas autoridades esportivas. Do ponto de vista estético, a cada dia eram utilizados indiscriminadamente não só hormônios, como também, supostas "dietas" e suplementos alimentares associados aos exageros em atividades físicas, que, com o passar dos anos, mostraram seus efeitos deletérios e suas conseqüências quase sempre drásticas.

O Uso de Anabolizantes Inadequados no ser Humano Segundo o especialista, a princípio, os anabolizantes eram usados para a obtenção do estereótipo almejado, somente eram utilizados análogos de testosterona associados a dietas hiperproteícas e exercícios com peso repetidos que levavam a hipertrofia muscular. Ultimamente, também são usadas outras substâncias com intuito do anabolismo. Os análogos de testosterona, explica o endocrinologista, são os hormônios masculinos, que através do uso contínuo provocam a retenção de líquidos e íons, e ao longo do tempo apresentam os efeitos colaterais do tipo virilização com o desenvolvimento dos caracteres sexuais masculinos em seus usuários. São eles, o crescimento de barba, acne, calvície, hipertrofia do clitóris, engrossamento da voz e certa agressividade. Com o intuito de aperfeiçoar seus produtos, "as indústrias laboratoriais procuram a cada dia uma substância com maior efeito anabolizantes e que causem um menor efeito virilizante, ou seja, ação apenas no ganho muscular". O médico frisa que independentemente desses efeitos virilizantes, o uso crônico de substâncias derivadas do hormônio masculino, salvo em portadores de deficiência desse hormônio, levam de alguma forma à impotência e infertilidade pela diminuição dos hormônios hipofisários FSH e LH (que no homem estimulam o testículo à produção de testosterona), com conseqüente atrofia testicular, muitas vezes irreversível. Além disso, pode provocar o câncer de próstata, de fígado e ósseo; a rigidez muscular que normalmente provoca fraturas espontâneas; as lesões articulares, musculares e de tendão, entre outros. Essas conseqüências passam a aparecer com maior freqüência, visto que, o uso do hormônio masculino, para se obter os resultados almejados deve ser utilizado em ciclos crônicos e contínuos, pois seus efeitos são efêmeros e fulgazes. Por outro lado, o médico acrescenta ainda que a interrupção no uso provoca a perda do volume muscular adquirido.

Hormônio do Crescimento Dr. Celso Melo dos Santos acrescenta ainda que outras substâncias muito usadas hoje como anabolizantes são os HGH (hormônio do crescimento), hormônio que é produzido no ser humano pela hipófise que leva ao desenvolvimento da estatura de uma pessoa saudável. Não possuindo unanimidade consensual em seu uso por pessoas que não apresentam deficiência do mesmo, o médico alerta que eles podem levar ao aumento da glicose, ocasionando a diabetes mellitus secundária, crescimento de partes moles (mandíbula, pés, mãos, etc.), hipertensão arterial e problemas cardíacos, muitas vezes irreversíveis devido ao aumento do coração; Outro produto muito usado pelos cultuadores do corpo, segundo o médico é a insulina que é o hormônio produzido pelo pâncreas que leva a glicose do sangue para o interior das células. Seu uso pode levar a hiperglicemia durante exercício físico, com casos de acidentes fatais. Além disso, pode acontecer ainda o desenvolvimento de anticorpos que vão agir contra a insulina produzida pelo corpo, a insulina endógena, podendo levar seu usuário a desenvolver diabetes futuramente pela inatividade desse hormônio, como também, o aumento da arteriosclerose. Alerta: Você pode estar correndo riscos Segundo o especialista, a irresponsabilidade no uso de substâncias anabolizantes chega ao absurdo de algumas pessoas buscarem medicações e substâncias de uso veterinário sem o menor estudo em seres humanos. Nas academias, o uso de suplementos alimentares com abuso de derivados protéicos, como por exemplo, a creatina, compostos vitamínicos, composto de aminoácidos, etc. Podem provocar uma sobrecarga renal devido ao fato dos aminoácidos serem excretados pelos rins. Estudos mostram que uma dieta saudável não deve ultrapassar 1 grama por quilo de peso de proteína - um bife de 100 gramas não tem 100 gramas de proteína, explica. Outras práticas inadequadas são as dietas com baixo uso de carboidratos, dietas hiperproteícas e hipocalóricas com restrições menores de 1000 calorias diárias, substâncias termogênicas que supostamente aumentariam o metabolismo basal com aumento do gasto calórico e todo tipo de miscelânea e absurdos, sem nenhum embasamento científico, que pode levar a doenças graves como, por exemplo, a anemia, hipovitaminose (falta de vitaminas), desnutrição protéica calórica e suas conseqüências. Para o médico, o que mais preocupa é o fato de o público alvo desses tratamentos se é que podem ser assim denominados - são jovens e adolescentes com futuro pela frente e que pela pouca falta de vivência ou por se acharem imortais – um fenômeno típico da idade, não se importa com os riscos desde que seja atingido o resultado estético procurado. Epidemia silenciosa. É assim que se classifica nos Estados Unidos o uso crescente de anabolizantes artificiais com fins estéticos. Pesquisas recentes mostram que 7% dos estudantes colegiais americanos já foram ou são usuários de anabolizantes e que 9% dos que freqüentam academia os consomem regularmente. É a droga mais encontrada nos exames antidopping feitos pelo Comitê Olímpico Internacional. No Brasil, embora não tenham sido feitos levantamentos capazes de quantificar o uso dos esteróides anabólicos, pode-se afirmar que o consumo cresce assustadoramente entre a população jovem. E isso acontece sem o menor controle das autoridades da saúde, porque não há no país uma regulamentação destinada a normatizar a venda desses medicamentos. Grande parte dos produtos anabolizantes consumidos

internamente vem do exterior e é comercializada no mercado negro. Desenvolvidos na década de 1950, os anabolizantes ou esteróides anabólicos são produzidos a partir do hormônio masculino testosterona, potencializando sua função anabólica, responsável pelo desenvolvimento muscular, e reduzindo o efeito androgênico, que responde pelas características masculinas, como timbre de voz, pêlos do corpo, crescimento de testículos. Quando administrada no organismo, essa substância entra em contato com as células do tecido muscular e age aumentando o tamanho dos músculos. Em doses altas, os anabolizantes aumentam o metabolismo basal, o número de hemácias e a capacidade respiratória. Essas alterações provocam uma redução da taxa de gordura corporal. As pessoas que os consomem ganham força, potência e maior tolerância ao exercício físico. Sem grandes esforços, elas atingem a meta de mudar a aparência rapidamente e a um preço acessível — uma ampola custa em média R$ 7 nas farmácias do país. Embora essas drogas venham com uma tarja na embalagem alertando que o produto deve ser usado com indicação médica, no Brasil qualquer pessoa pode comprá-las sem receita em farmácias e academias. Nos Estados Unidos, onde o controle é rigoroso, esses produtos são comercializados basicamente no mercado negro, que chaga a movimentar quase US$ 1 bilhão por ano. Na França, na Dinamarca e em Portugal quem for pego com uma caixa de anabolizantes sem prescrição médica pode ser preso. "A solução não está em proibir a comercialização dessas drogas. É preciso encontrar um meio de combater o uso irresponsável e indiscriminado, feito com fins meramente estéticos", afirma o farmacologista Elisaldo Carlini, da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e ex-secretário de Vigilância Sanitária na gestão Adib Jatene no Ministério da Saúde. Carlini alerta que muitos dos anabolizantes consumidos pelos jovens brasileiros têm uso veterinário no exterior. Estudos científicos mostram que o uso inadequado de anabolizantes pode causar sérios prejuízos à saúde, como problemas cardíacos, hipertensão arterial, distúrbios psicológicos provocados pelo aumento da agressividade, complicações hepáticas e redução de hormônios sexuais. Nos homens, pode haver diminuição na produção de espermatozóides, além de atrofia dos testículos e aumento das mamas. As mulheres podem apresentar aumento do clitóris e crescimento excessivo de pêlos. A lista dos prejuízos é extensa e incompleta porque, como não há controle, os jovens e atletas usam doses cavalares da droga, e efeitos colaterais desconhecidos ainda podem aparecer. "O mais preocupante é que os usuários sabem disso, mas ainda assim estão dispostos a correr o risco. É abuso de drogas mesmo", denuncia o farmacologista da Unifesp. Doses Cavalares "Sabe-se que os jovens tomam de quatro a quarenta vezes a dose médica normal dos anabolizantes", afirma o pediatra e endocrinologista Pedro Solberg, professor livre-docente da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Mas conscientizá-los dos perigos dos anabolizantes é tarefa árdua. Muitos efeitos colaterais, como o infarto, demoram alguns anos para se manifestar, e outros, como a agressividade, são reversíveis com a suspensão do medicamento. "A maioria dos jovens toma anabolizantes por indicação de amigos. E se seus colegas não sofreram nada, eles acreditam que nada vá acontecer também", diz a endocrinologista Maria Lúcia Fleiuss de Farias, professora adjunta da UFRJ e presidente de regional do Rio de Janeiro da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia.

Falar sobre os riscos dos anabolizantes torna-se ainda mais difícil quando a indicação da droga é feita pelo próprio professor da academia ou pelo médico, o que não é incomum. "Um estudo feito nos Estados Unidos mostrou que o adolescente começa a tomar anabolizantes influenciado em primeiro lugar pelos amigos, depois pelo farmacêutico, em terceiro pelos professores e treinadores e em quarto pelo médico. Esse jovem nunca vai pensar que a droga pode trazer prejuízos se foi o próprio médico que indicou", destaca o especialista em Medicina do Exercício Cláudio Gil Araújo, presidente da Comissão de Educação da Confederação Pan-americana de Medicina Desportiva.

Consumo alarmante Pesquisa feita pela Escola de Educação Física da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) dirigida a profissionais ligados à atividade física, médicos, professores, treinadores, atletas e estudantes da área mostrou que a grande maioria dos 288 entrevistados (71%) concorda que o uso de anabolizantes vem crescendo de forma alarmante no Brasil, sobretudo entre adolescentes. "Eles querem mostrar-se fortes, musculosos, para obter destaque social, mas a maioria nega o uso de meios artificiais para conquistar essa performance" constata o professor de treinamento desportivo Fernando Vítor Lima, que coordenou a pesquisa. A consulta mostra que 75% dos entrevistadores acreditam que se o usuário declarar que usa anabolizantes para fins estéticos será discriminado nos meios esportivos. Entre atletas, esse uso é ainda mais condenado: 98% dos consultados acham que é uma forma desleal de competição. Nas contas de Lima, para se obter um físico musculoso, forte e bem-definido, é preciso um treinamento sistemático, intenso, durante pelo menos um ano. Os anabolizantes aceleram esse processo, produzindo resultados semelhantes em apenas dois meses. Mas para manter a musculatura obtida artificialmente, é preciso continuar consumindo a droga. "Quando se interrompe o uso, perde-se muito rapidamente o que se conquistou por esse meio. Manter um corpo musculoso tornase então quase um vício", deduz o pesquisador da UFMG, que também é professor de musculação da academia Wall Street Fitness, em Belo Horizonte. Nas academias de musculação e nos grupos que praticam artes marciais, principalmente, o comércio dessas drogas cresce a cada dia. Em alguns locais do Rio de Janeiro o uso dos anabolizantes é tão disseminado que os alunos se matriculam e levam a caixa do remédio na primeira aula. "O consumo pelos jovens já é uma epidemia" confirma Pedro Solberg. Fernando Lima denuncia a comercialização desses medicamentos por pessoas leigas, que prescrevem altas dosagens de forma totalmente irresponsável. Nos meios competitivos, esse vício também se expande, e os atletas já conseguem desenvolver mecanismos de burlar os exames antidopping. Para se ter uma idéia, nas Olimpíadas de Los Angeles, em 1986, dos 1.480 exames feitos para testar o uso de anabolizantes, apenas sete confirmaram a presença dessa substância. Uma pesquisa realizada em 125 farmácias de Vitória (ES), entre abril e maio de 1993, constatou que foram vendidas 2.409 caixas de anabolizantes no período. "Só que 1.788 caixas (74%) foram compradas sem receita médica. E as outras 330 caixas foram vendidas com prescrição, o que também é estranho, já que a indicação de anabolizantes é muito restrita", afirma o médico especializado em esportes Luciano Resende, que chefiou o estudo e é também coordenador do controle antidopping da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) no Espírito Santo. A indicação de anabolizantes se restringe a pouquíssimos casos. O hipogonadismo,

doença em que o homem tem uma baixa produção de testosterona (hormônio masculino) é um deles. Doentes com câncer terminal muitas vezes também fazem o uso do remédio para ganhar peso. Para verificar a razão do abuso das indicações de anabolizantes e esclarecer os farmacêuticos sobre os perigos da venda indiscriminada do medicamento, Resende, também vereador pelo Partido Popular Socialista (PPS) em Vitória, realizou uma audiência pública em setembro de 1997 na Câmara Municipal.

Referencias Bibliográficas www.abril.com.br/.../anabolizantes-suplementos-sao-diferentes-ambos-podemcausar-danos-511889.shtml. www.marombapura.com.br/anabolizantes/.../159-informas-gerais-sobreanabolizantes.html. pt.shvoong.com/medicine.../1622559-anabolizantes/. www.fisiculturismo.com.br/.../testosterona_sintetica_doses_antidoping_bombas.php.

Conclusão Homens e jovens são os principais usuários de EAA, utilizando-os em concentrações muito maiores que as terapêuticas e associando vários EAA (stack). Utilizam-nos em períodos determinados (ciclos), iniciando com doses baixas, que são aumentadas gradativamente (pirâmide). O corpo inadequado é sempre a razão citada para o uso de EAA. Agressividade, problemas hepáticos, ginecomastia, problemas cardiovasculares, efeitos dermatológicos, problemas sexuais, diminuição da imunidade, efeitos masculinizastes em mulheres e dependência são os efeitos mais citados. Discussão: A dificuldade de relacionamento social/afetivo devido a um corpo inadequado é o motivo alegado de uso. Baixo grau de conhecimento sobre os efeitos dos EAA associado a uma imagem corporal distorcida que esses jovens têm de si próprios , impulsiona-os a utilizar EAA indefinidamente. O aumento da concentração e a mistura de vários EAA na tentativa de um melhor resultado expõem-nos aos efeitos colaterais destas drogas. A desinformação, a imagem corporal inatingível, a baixa auto-estima, a busca da admiração do seu corpo fazem destes jovens usuários crônicos de EAA. A ilegalidade na compra e os efeitos adversos não os impedem de usar EAA, revelando que informações mais precisas sobre estas drogas deveriam ser acessíveis, assim como o estereótipo de homem musculoso não deveria ser incentivado pela mídia. (AU).

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