Uma Biblioteca Escolar

  • November 2019
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UMA BIBLIOTECA ESCOLAR: práticas de formação docente no Rio de Janeiro, 1927-1935 (1) DIANA GONÇALVES VIDAL ---------"Nós tínhamos aula de biblioteca. Era obrigatório. Tínhamos aula de pesquisa de biblioteca, pelo menos uma hora por semana. Cada vez era uma matéria que nós tínhamos que fazer pesquisa. Ou então, íamos quando não tínhamos aula. Nós não ficávamos na sala de aula. Éramos encaminhadas para a biblioteca, porque senão D. Palmira [a inspetora] não agüentava. Depois, à medida que o número de alunos do Instituto de Educação foi aumentando, eles já começaram a não empurrar mais os alunos para a biblioteca como foi a primeira turma. Porque nós fomos praticamente uma turma de experiência do que eles chamavam da Escola Nova: preparo do professor para a Escola Nova" (2). ---------Ao narrar momentos de sua trajetória como aluna na Escola de Professores, do Instituto de Educação no Rio de Janeiro, na década de 1930, Helena Silva de Oliveira compõe imagens de alguns espaços escolares, decompõe tempos e descreve relações pessoais, desenhando contornos de uma forma escolar constituída por (e constituinte de) práticas de formação docente instaladas no período. A referência à Escola Nova marca o relato, destacando a novidade dos procedimentos da escola, ao mesmo tempo que indica o mote das transformações. Biblioteca escolar e escolanovismo aproximam-se no depoimento de Helena Oliveira. Livros, bibliotecas e leitura foram referências particularmente constantes nas narrativas sobre a formação para o magistério no Instituto de Educação do Distrito Federal (RJ). O preparo do professor para a Escola Nova, como afirma Helena, parecia indicar a necessidade da recorrência a impressos. Não apenas as alunas eram empurradas à biblioteca, como criava-se todo um ambiente favorável à leitura: hora específica para a atividade inserida no tempo escolar; indicação de impressos nos programas de disciplinas, trabalhos de seminários e discussão de textos; além de compras freqüentes de livros, incentivos a professores e professoras, e a alunas, da escola para publicação de escritos, detalhamento da escrituração bibliotecal, dentre outros. Esse conjunto de práticas, organizadas em torno de livros e leituras, formam o eixo central deste artigo, que pretende, a partir do estudo de dois principais documentos (mas não apenas), o Livro de Aquisições da Biblioteca e o Livro de Freqüência e Consulta, localizados na biblioteca da Escola de Professores do Instituto de Educação, discutir estratégias (e perscrutar táticas) de formação docente no Rio de Janeiro, entre 1927 e 1935, período em que Fernando de Azevedo e Anísio Teixeira foram administradores da instrução pública carioca, implementando reformas alicerçadas em princípios escolanovistas. Estratégias de formação docente: a organização do acervo bibliotecal No âmbito dos dispositivos para introdução de uma nova prática docente, ou por parte da administração de Fernando de Azevedo (1927-1930) ou Anísio Teixeira (1931-1935) da

Instrução Pública do Distrito Federal, de forma diferenciada como se colocaram perante os desafios que tiveram de enfrentar, no anseio de renovação educacional do município carioca, a constituição de bibliotecas, especificamente de uma biblioteca para auxiliar na formação de professores, aglutinava discursos de excelência e aprimoramento profissional. Ao assumir a direção geral da Instrução Pública do Distrito Federal, Fernando de Azevedo, entre outras coisas, preocupou-se em organizar bibliotecas escolares. A partir de 1928, cada escola primária carioca ficava obrigada a manter duas bibliotecas: uma para alunos(as) e outra para professores(as) (3). Os acervos deveriam ser inventariados em livro distribuído pela Diretoria Geral, aberto, numerado e rubricado pelo inspetor escolar (Decreto n.º 2.940, de 22/11/1928, Art. 116). Trimestralmente, o responsável pelas bibliotecas, geralmente um(a) professor(a) da escola, auxiliado por alunos(as), tinha por incumbência efetuar uma estatística dos livros de preferência do corpo discente, remetendo à diretoria o mapa do movimento bibliotecal (Idem, Art. 630). Além de normatizar a constituição das bibliotecas escolares, a administração azevediana propôs uma organização mais racional da Biblioteca da Escola Normal. Criou o cargo de bibliotecário, exclusivamente para gerenciar o acervo destinado à formação docente. Sua competência era assim estabelecida: ---------"cuidar da conservação dos livros; organizar o catálogo e revê-lo anualmente, de acordo com os processos mais modernos, ouvido o diretor; apresentar mensalmente ao diretor um quadro do movimento da biblioteca; manter ordem e asseio na biblioteca e atender aos professores, alunos e demais pessoas a quem for franqueada a consulta a livros sob sua guarda" (Idem, Art. 224). ---------A Biblioteca da Escola Normal passava a ter nova ordem. Até a reforma Azevedo, instalarase em uma sala, com sete armários, onde era depositados os livros, sem qualquer organização ou escrituração de registro ou tombo (4). A partir de 1928, o controle de entrada das obras no acervo começou a ser efetuado pelo Livro de Aquisições da Biblioteca, e as consultas contabilizadas para efeito estatístico, em Bibliotheca da Escola Normal: freqüência e consultas, a partir de 1929. O Livro de Aquisições permanece na biblioteca; no caput, lê-se "Biblioteca do Instituto de Educação", título curioso, pois a escola só recebeu esta denominação em 1932, quando a reforma anisiana, congregando o Jardim de Infância, as Escolas Primária, Secundária e Normal (elevada a ensino de nível superior como Escola de Professores), compôs o conjunto do Instituto. Provavelmente foi passado a limpo, talvez em busca de um modelo mais adequado ao registro bibliotecal. As páginas foram escrituradas a par. Continham as seguintes colunas: ---------"data, número de ordem, autor, título das obras, idioma, aquisição (número e data da compra e preço da obra ou assinatura), permuta estabelecida (com ata e número do

documento) e oferta (nome, data e número do documento)." ---------Bibliotheca da Escola Normal: freqüência e consultas de 1929 a 1938, conservou seu aspecto original. Cada página tinha por cabeçalho "Bibliotheca da Escola Normal. Frequencia e Consultas durante o mez de. ....... de 19..". A escrituração do movimento mensal do acervo estava dividida em "classes" e "línguas". No primeiro item, relacionavam-se, diariamente, o número de leitores e as obras consultadas, classificadas como "Obras geraes, Philosophia, Religião, Sociologia, Philologia, Sciencias puras, Sciencias applicadas, Bellas Artes, Literatura e Geog.- Historia". Também diariamente, discriminavam-se os diferentes idiomas dos livros solicitados: inglês, alemão, francês, italiano, espanhol, português, latim e grego. Os totais mensais serviam de base para a elaboração do relatório anual, somatória das finalizações de "classes" e "línguas". A cada três meses, era apurada a freqüência da biblioteca, em pequenos quadros construídos pela bibliotecária, no verso das folhas: prática que se manteve até setembro de 1935. A partir de 1930, mensalmente, no verso de cada folha, também eram registradas quantidade de leitores no estabelecimento e fora dele, jornais e revistas, avulsos e diversos e obras consultadas, discriminados por número e volume. Grosso modo, o acervo em 1928 tinha a característica de depositário da cultura tradicional brasileira. É interessante perceber a grande quantidade de documentos primários possuídos pela biblioteca: originais de cartas, mapas e disposições legais da Colônia, séculos XVII e XVIII. Como exemplo, pode-se citar Correspondências dos Governos Gerais; Patentes, provisões e alvarás de 1625 a 1631; Ordens e regimentos de 1650 a 1678; Leys régias de 1741 e Informação geral da Capitania de Pernambuco. Manifestava um quase equilíbrio entre o número de obras em português (53%) e em francês (40%). Como conseqüência dessa formação bilíngüe, a preocupação com a incorporação de dicionários, na sua maioria francês-português / português-francês. Demonstrava relativa ênfase na entrada de obras da área das ciências exatas. Oito por cento dos registros estavam diretamente relacionados com o campo das matemáticas: Álgebra, Aritmética, Geometria e Cálculo. Química e Física detinham 4% do total das obras. Ainda constavam do acervo títulos de Astronomia e Botânica. A formação profissional para o magistério repousava principalmente sobre títulos de Pedagogia, Sociologia, Higiene, Educação física, Civismo, Moral e História da Educação. Obras dedicadas à mulher e à família definiam uma tendência à feminização da docência. No campo da Literatura, o acervo era relativamente pobre. Clássicos nacionais como Machado de Assis, José de Alencar e Joaquim M. de Macedo só foram incorporados à biblioteca nos anos 30. Se Fernando de Azevedo lançou as bases para a organização bibliotecal da educação carioca, Anísio imprimiu-lhe impulso: criou a Biblioteca Central de Educação (BCE), em 1932, a Biblioteca Infantil, em 1934, e ampliou o acervo da Biblioteca da antiga Escola Normal. O conceito de formação docente, proposto pela reforma anisiana, e instalado a partir do trabalho de M.B. Lourenço Filho na direção geral do Instituto de Educação, influía decisivamente para a ampliação das consultas e do número de obras da biblioteca escolar. O sistema de ensino era de seminários. Estavam privilegiadas as atividades de livre-pesquisa,

bibliográfica ou experimental, sobre temas surgidos em sala de aula. A pesquisa era seguida de discussões e análises sobre o material coletado. O hábito da leitura, da investigação em fontes secundárias, era estimulado. Para assegurar-se da freqüência à biblioteca, já no Ciclo Complementar, obrigatório ao ingresso na Escola de Professores, o diretor da Escola Secundária, Mário de Brito, ficava responsável por providenciar que fossem fixados, nos horários, tempos destinados à leitura em bibliotecas pelas alunas (5), o que acabou incidindo num número sempre superior de consultas no estabelecimento diante da retirada de livros. Na Escola de Professores, a freqüência intensificava-se, como afirmava Helena Oliveira no início do artigo. A prioridade da pesquisa bibliográfica como forma de aquisição de conhecimentos transparecia nos programas editados em 1937 pela revista Arquivos do Instituto de Educação, publicação criada em 1934 para divulgar trabalhos docentes e discentes à comunidade escolar do Instituto. Como "processos de trabalho", os(as) professores(as) indicavam observação, pesquisa, inquérito, seminário, discussão e experimentação, a título de nota, e acrescentavam dissertação “pelo professor quando indispensável” (6). A orientação de Biologia Educacional era exemplar: ---------"Será utilizado, como regra, o trabalho individual dos alunos (estudo fora da classe, por meio de seminários previamente distribuídos, com indicação bibliográfica, ou problemas a resolver em classe, ou pesquisas, bibliografias e inquéritos especiais) e o trabalho coletivo, sob forma de discussões em classe. Excepcionalmente, serão utilizadas a dissertação e a leitura explicada" (FONTENELLE, 1934, p. 298). ---------Para disciplinar o estudo, não apenas publicavam-se artigos no Arquivos do Instituto de Educação como os textos de Lourenço Filho (1934), "Discussão nos trabalhos de seminário", e de Delgado de Carvalho (1934), "A dissertação, em aula: instruções para o preparo de dissertações, sobre trechos previamente escolhidos"; como eram as alunas preparadas pela assistente de Lourenço Filho, Heloísa Marinho, que assim descrevia sua prática, no período de 1934 a 1938, na longa citação que se segue: ---------"Seguindo os ensinamentos do Professor Lourenço Filho, consistia meu trabalho de assistente na orientação do estudo das alunas. No início do ano, os primeiros esquemas e resumos [de leitura] eram organizados no quadro-negro, em colaboração com a turma. Procurava eu limitar o auxílio a perguntas que levantassem dúvidas, deixando o grupo a iniciativa da correção. As dificuldade serviam, pois, de incentivo ao estudo, na investigação bibliográfica ou experimental." ------------------"Só iniciávamos a redação das fichas depois que a aluna tivesse por iniciativa própria

adquirido a capacidade de reconhecer as divisões lógicas do assunto." ------------------"Demonstrávamos em aula as vantagens de resumos de leitura organizados em fichas. Este sistema torna possível esclarecer o mesmo assunto por meios de informações colhidas em variadas fontes, sem o perigo da desorientação intelectual, tão característica dos cadernos, por nós examinados, para que as estudantes sentissem a necessidade de melhorar os seus métodos de estudo." ------------------"Em seguida, realizávamos exercícios de separar em cartões distintos os diversos assuntos ou subdivisões importantes dos mesmos. A ordenação lógica por categorias facilitava o acréscimo de novos conhecimentos, emendas e substituições; proporcionava economia do esforço intelectual, habituando a aluna a sintetizar, nos resumos, os principais aspectos do assunto, e a escolher a melhor contribuição de cada livro. (...) As alunas, acostumadas a limitar o estudo às anotações de aulas dos professores, estranhavam a liberdade intelectual. Apesar das recomendações, as mais tímidas tentavam a cópia. Ao rejeitarmos a transcrição, procurávamos convencer as estudantes de que a expressão pessoal, embora hesitante e falha, valia para a aprendizagem mais do que a cópia de trechos perfeitos de autores célebres." ------------------"Durante todo o primeiro mês de aulas, trabalhávamos sem notas, empenhando-nos por desenvolver o gosto do estudo pelo estudo em si. (...) Para assistir as que porventura ainda encontrassem dificuldades e para facilitar a melhora progressiva, elaboramos a seguinte chave de correção, em que se assinalavam as principais qualidades de um bom resumo: unidade, clareza, organização lógica de conteúdo e forma, e necessidade de realizar o trabalho com esforço próprio e independência intelectual." ------------------"Em nossa correção assinalávamos, com iniciais, as várias deficiências (...) Por exemplo: ao encontrar na sua ficha a letra F, verificava se a deficiência estava na linguagem ou na disposição da forma do resumo. Na maioria dos casos, conseguia descobrir por si o erro, desenvolvendo capacidade de crítica construtiva" (MARINHO, 1959, p. 1151-116) (grifos da autora). ---------Era necessário, assim, que fosse oferecido às alunas acesso a diversas obras. Em 22 de abril de 1932, Lourenço Filho remetia a seguinte carta a Anísio Teixeira: ---------"Entre as deficiências de material didático neste Instituto uma das mais impressionantes é a que revela a Biblioteca do estabelecimento. Basta lembrar que a quase totalidade dos

volumes que possui é de obras editadas antes de 1890. Tendo já pedido a todos os srs. Professores, tanto da Escola secundária como da Escola de Professores, a relação de livros que julgassem de leitura ou consulta útil aos alunos, enviarei a V. Exa., assim que tenha em mão essas listas, um pedido que atenda às maiores deficiências da Biblioteca. No entanto, como o tempo urge e há possibilidade de adquirir, na praça, algumas obras de real interesse para a Escola de Professores, tomo a liberdade de junta a este uma relação desses livros com a indicação das livrarias onde se encontram à venda e indicação de preço, solicitando a V. Exma., se possível, a sua aquisição imediata" (SILVEIRA, 1992, p. 163). ---------Os livros versavam sobre Filosofia (Dewey, Dumonchel, Kofka e Cresson), Sociologia e Sociologia Educacional (Delgado de Carvalho, Oliveira Viana, Tristão de Ataíde e Durkheim), Higiene (Afrânio Peixoto e Fontenelle), Teste e Escalas (Isaías Alves e Binet), Psicologia (Pierón e Claparède), Escola Nova (Lourenço Filho, Fernando de Azevedo, Abreu de Moura, Ferrière e Corinto Fonseca) e Sistema Educacional Norte-Americano (Morrison, Judd, Koos, Tryron e Clapp). À exceção de Dumonchel, Abreu de Moura e Clapp, todos os autores foram incorporados à biblioteca em 1933 e nos anos seguintes. Se até 1932 a compra de livros não parece ter sido uma prática da biblioteca, os poucos registros, assinalados como adquiridos, não eram precisos quanto a valor ou data de aquisição; a partir de 1933, essa prática sofreu alterações, traduzidas por uma intensa escrituração contábil. Somente nesse ano, despendeu o Instituto 16:899$900, o equivalente ao salário anual do diretor da escola (7). Como eram raras as compras nos quatro primeiros anos escriturados, o aumento do acervo bibliotecal deu-se em virtude de doações. Dessa bibliografia ofertada, a maioria dos títulos referiam-se a teses defendidas em concursos para preenchimento de vagas da Escola Normal. Ou seja, material produzido por exigência da Diretoria de Instrução Pública para aferição de erudição dos candidatos. Os temas para tais monografias eram escolhidos pelos próprios postulantes e não necessariamente guardavam uma relação entre si. Em 1933, a formação do acervo assumiu novo perfil: as doações passaram a ser superadas pelas compras. O registro minucioso de entradas, contendo datas e valores das aquisições, transmitia a perspectiva de que o conjunto bibliográfico já não mais se assentava unicamente sobre a iniciativa individual de membros da escola ou da comunidade. Deveria possuir uma unidade, atinente ao conceito de formação para o magistério. As aquisições eram direcionadas à inclusão no acervo bibliotecal de obras reputadas de interesse específico à profissionalização docente. A biblioteca determinava a constituição de seu acervo (8). Não só a quantidade de registros cresceu, superando todos os anos anteriores, como a característica das obras incorporadas diferenciou-se. O conjunto bibliográfico tornou-se mais ágil e adaptado às publicações do momento. Até então, a biblioteca dispunha de grande número de obras editadas no século XIX. As novas aquisições datavam das décadas de 20 e 30 do século XX. A rapidez com que os trabalhos lançados no mercado editorial eram introduzidos no acervo distinguia-se das práticas bibliotecais passadas.

Obras relacionadas às áreas de Psicologia, Biologia, Filosofia e Literatura Infantil ocuparam lugar privilegiado nas aquisições. Títulos de Psicologia alcançaram aproximadamente 8% do total de registros realizados em 1933. Se somados aos livros sobre testes de inteligência, racionalização do trabalho e orientação profissional chegava a 10%. Ao lado da preocupação com o estudo da Psicologia aplicada às questões de ensino/aprendizagem e diferenciada segundo fases do desenvolvimento humano, Psicologia da Infância e da Adolescência, e às relações do indivíduo com o trabalho produtivo, o interesse pelo conhecimento biológico da criança e do adolescente despontou como uma das diretrizes da constituição do acervo. Em 1933, verificou-se a maior compra de livros de Biologia, desde 1928, somente superada em 1935, quando o acervo, considerando-se os livros de Biologia e Biologia Educacional, quadruplicou. O conhecimento do corpo do(a) educando(a) dava às professorandas as pré-condições para a aprendizagem das disciplinas profissionalizantes Higiene e Puericultura, Psicologia Experimental e Matérias de Ensino e Primário e Secundário. Houve, também, um crescimento do acervo com respeito a obras de Filosofia, que se fez acompanhar de um crescimento da consulta. Se até 1932, anualmente, interessavam-se pelo tema de cinco a dez alunos(as), a partir de 1933, esse interesse elevou-se vertiginosamente, atingindo 3.165 consultas em obras filosóficas. Ainda, como acréscimo, em 1933, deu-se entrada a 86 títulos, 6% do acervo, referentes a princípios e experiências no campo da Escola Nova. Obras de Ed. Claparède e Ad. Ferrière, em versões francesa ou espanhola, foram grandemente incorporadas (9). Trabalhos de Dewey, Kilpatrick, Lourenço Filho, Pierón, Aguayo, Gaupp e Piaget registraram-se pela primeira vez. A preocupação com a função subsidiadora da biblioteca – aos conhecimentos dados em classes, deveriam corresponder textos complementares, disponíveis à leitura – fica explícita, também, no tocante à aquisição de livros de Literatura Infantil. Pela primeira vez, em 1932, e com ênfase a partir de 1933, a biblioteca incorporou obras dedicadas exclusivamente a crianças: não literatura para moças, mas histórias infantis, clássicos como Irmãos Grimm, La Fontaine e Hans Handersen, traduzidos por Thales C. de Andrade e Arnaldo de Oliveira Barreto, em sua maioria e livros de Monteiro Lobato. Textos que auxiliavam o trabalho dos cursos de Leitura e Linguagem e Literatura Infantil e a prática docente das futuras mestras e das professoras do ensino elementar no cumprimento às disposições da reforma anisiana. Livros que foram largamente utilizados dada a freqüência com que aparecem como "inutilizado" (10), no Livro de Aquisições. As obras eram adquiridas no mercado nacional e internacional. Para tanto, parecem ter contribuído as missões de estudo (11). Estas viagens ao estrangeiro, para aperfeiçoamento docente, realizadas por solicitação da Diretoria Geral como condição necessária ao aprimoramento do sistema escolar carioca, traziam como fruto, dentre outros, a possibilidade de aquisição de um significativo acervo para a biblioteca do Instituto de Educação. Lourenço Filho, ao chefiar uma missão aos Estados Unidos, em carta endereçada a Anísio, dava um exemplo:

---------"Para as tarefas privativas de cada um, temos recolhido material abundante e excelente bibliografia (o livreiro Barnes tem-nos vendido livros em excelentes condições e, por isso, tenho insistido em carta anterior a V. e Mário de Brito, quanto a possibilidade de remessa de parte da verba da Bibl. do Instituto, para a compra de livros). Só a vantagem da compra justificaria o que a Prefeitura me deu a mim, como a ajuda de custo" (grifo do autor) (12). ---------Compra efetivada em 1935, quando deu-se entrada, na Biblioteca da Escola de Professores, de grande número de livros novos e usados (aproximadamente 47% das aquisições), procedentes dos Estados Unidos da América (13). Títulos referentes à Administração Escolar (privilegiando temas como ensino rural e sistema platoon), Arquitetura Escolar (destacando obras sobre pátios e locais destinados à Educação física), Curriculum (trazendo contribuições para atividades extracurriculares), Disciplina, Educação de Adultos, Jardim de Infância e Supervisão foram integrados ao acervo, denotando a preocupação em adaptar a biblioteca às novas funções do ensino superior, reforçadas com a criação, em 1935, da Universidade do Distrito Federal - UDF (na qual a Escola de Professores foi integrada). Conhecimentos das ciências aplicadas à educação procuraram ser ampliados com a entrada de livros de Biologia e Biologia Educacional, Filosofia e Filosofia Educacional, História e História da Educação e Educação Comparada e Sociologia e Sociologia Educacional, oferecendo subsídios aos cursos de aperfeiçoamento, desenvolvidos pelo instituto, onde eram ministradas disciplinas como Biologia, Psicologia e Sociologia Educacional, História da Educação e Educação Comparada, Administração Escolar e Filosofia da Educação. A Psicologia, nos seus diferentes ramos, Aplicada, Experimental, da Infância, da Adolescência e Geral, contribuiu com 15% do acréscimo bibliotecal, sendo superada apenas por obras de Literatura Infantil com, aproximadamente, 18% dos registros. Livros de apoio ao professorado primário e secundário, tanto na forma de guias ou livros-textos como de obras especializadas nas diversas disciplinas curriculares, foram largamente adquiridos. Matemática, Química, Física, Geografia, além de História e Biologia, significaram um investimento de 40% dos registros, se acrescidos os números referentes a guias e matérias de ensino, como Leitura e Matemática. Ainda na expectativa de auxiliar do ensino foram adquiridos vários títulos sobre o tratamento laboratorial de algumas disciplinas, especificamente Biologia, Química, Física e Psicologia. Como outra característica das incorporações do acervo em 1935, a entrada de diversos livros da Biblioteca de Educação da Cia. Melhoramentos de S.Paulo. Autores como Lourenço Filho, Octavio Domingues, Ad. Ferrière, Pierón, Ed. Claparède, Firmino Proença, Sampaio Dória, Durkheim, Binet-Simon, Abner de Moura e André Cresson foram adquiridos (14). Livros que apareceram como indicações de leitura dos programas de ensino publicados em 1937. Dos nove programas acompanhados de bibliografia, publicados pela Arquivos do Instituto de Educação, em 1937, sete indicavam como leitura, obrigatória ou recomendável, Como pensamos, de John Dewey, e Introdução ao estudo da Escola Nova, de Lourenço Filho.

Com seis citações vinha Educação funcional, de Ed. Claparède, seguido, com cinco indicações, por Vida e educação, de John Dewey. Na quarta posição, como recomendados, estavam Educação para uma civilização em mudança, de Kilpatrick; Educação, de Sampaio Dória, e Educação progressiva, de Anísio Teixeira, indicados por três programas. Best-sellers confirmados ao avaliarmos a bibliografia de leitura indicada nos resumos de aula (15). Os livros mais recomendados eram Introdução ao estudo da Escola Nova, de Lourenço Filho, e Vida e educação, de Dewey, ambos com quatro indicações. Deste último, especialmente, citava-se o prefácio escrito por Anísio Teixeira, “A pedagogia de Dewey”. A escola e a psicologia experimental, de Claparède, Educação e Sociologia, de Durkheim, Sociologia educacional, de Delgado de Carvalho, e Como pensamos, de Dewey, vinham em segundo lugar; seguidos por Educação para uma civilização em mudança, de Kilpatrick, Educação funcional, de Claparède, Le dessin infantil, de Luquet, Los reflexos condicionados, de Pavlov, Noções de psicologia, de Iago Pimentel, e A escola e a formação da mentalidade popular, de Estevão Pinto, todos com duas recomendações. Muitos dos autores citados nos programas também vinham indicados nos resumos, como Gaupp, Gonzalez, Afrânio Peixoto e Maria Reis Campos. Mais do que referências de curso, alguns desses livros foram provavelmente objetos de uso interno. Introdução aos estudos da Escola Nova, de Lourenço Filho, apesar de a biblioteca dispor de quatro exemplares, teve um volume imprestável pela freqüente consulta (16); o mesmo acontecendo com um dos dois exemplares de Educação progressiva, de Anísio Teixeira. Educação funcional, de Claparède, e Escola moderna, de Maria Reis Campos, ambos com dois volumes em acervo, tiveram um exemplar inutilizado possivelmente pelo uso constante. A biblioteca, ainda, adquiria obras de professores(as) da escola. Não apenas livros de Anísio Teixeira, Lourenço Filho, Delgado de Carvalho e Maria Reis Campos eram incorporados, como incentivava-se a publicação de textos por professores(as) e alunas, seja nas páginas do Arquivos do Instituto de Educação, seja com o apoio de editoras, como a Cia. Melhoramentos de S.Paulo. Fazia parte de uma política de produção literária, reconhecida como atividade necessária ao aperfeiçoamento do magistério, tanto na ênfase à pesquisa, concebida como meio de renovação dos conhecimentos do(a) mestre, quanto na ênfase à produção pedagógica, elaboração de textos de apoio ao exercício docente, que premiava os(as) professores(as), inclusive, oferecendo vantagens salariais (Decreto n.º 4.489, de 11 de novembro de 1933) (17). Os trabalhos, entretanto, não eram realizados em cumprimento a determinações burocráticas da escola. Visavam o público mais amplo do professorado carioca. Por isso, passavam pelo crivo editorial antes de sua entrada na biblioteca. A experiência educativa, desenvolvida no Instituto de Educação e relatada por seus professores e professores, foi mote da edição, em 1935, de Como se ensina a história, de Jônathas Serrano; em 1936, A escrita na escola primária, de Orminda Marques; e em 1938, Coro Orfeão, de Ceição de Barros Barreto (18). As compras, no entanto, pareciam não suprir às necessidades da escola. Reclamava-se da falta de recursos para a organização de bibliotecas por parte da administração pública, o que

era compensado, no caso do Instituto de Educação, por doações de órgãos públicos, como a Biblioteca Central de Educação (BCE), intercâmbio com outras bibliotecas de governos e instituições culturais diversas, doações de particulares e colaboração de docentes da casa (19). Um desses repasses de obras da BCE para a Biblioteca do Instituto de Educação gerou polêmica e ficou conhecido por meio do inquérito sobre atividades comunistas na escola, instaurado em 1936, por Lourenço Filho, na sala 206A. Numa curiosa denúncia de complô para assassinato de Getúlio Vargas, a bibliotecária Margarida Castrioto Pereira Coutinho Villaça oferecia pistas para percepção da constituição do acervo bibliográfico como um campo de disputa (20). No seu depoimento, afirmava ter entregue ao investigador n.º 186 livros de literatura comunista que estavam fechados em sua gaveta, não catalogados ou registrados na biblioteca, dentre eles A inspiradora de Luiz Prestes e Abecedário da nova Rússia, trazidos pelo professor Júlio César de Mello e Souza, e lhe ter mostrado "uma lista de livros que vieram remetidos da Biblioteca Central de Educação e na qual figuravam livros que o diretor do instituto não permitiu ficassem na biblioteca, conforme declaração em ressalva à parte assinada pelo próprio diretor" (21). Segundo Clarice Nunes, tais livros eram A nova Rússia, de Henri Barbusse, encaminhado à escola elementar do Instituto, Em guarda, de Máximo Gorki, A educação na Rússia Soviética, de S. Fridman e A cultura intelectual da URSS, de W. Posner, todos remetidos à Biblioteca da Escola de Professores. Pelo Ofício n.º 505, de 25/12/1935, o diretor da BCE, Armando de Campos, recebia de volta os livros, reputados como inconvenientes por Lourenço Filho (NUNES, 1991, p. 356). O inquérito sobre atividades comunistas na escola evidenciava o controle que era exercido sobre a entrada de obras na biblioteca. O diretor do Instituto avaliava, previamente, os títulos antes de encaminhá-los à catalogação. A prática de doações informais, como as efetuadas pelo professor Júlio César de Mello e Souza (22), talvez se constituísse numa maneira de fugir ao controle bibliográfico exercido pela diretoria, denotando que o conceito de publicações convenientes ou não à formação para o magistério pudesse divergir entre o professorado da escola. Fragmentos de usos: gestos e práticas de leituras Uma fotografia, colhida em 1933 da sala de leitura da Biblioteca da Escola de Professores, oferece indícios de algumas práticas de ler. [Arquivos do Instituto de Educação 1 (1), jun. 1934] A sala ampla era iluminada, naturalmente, por duas grandes janelas de vidro, colocadas na fachada principal do edifício, dando vistas à rua Mariz e Barros; e, artificialmente, por luminárias colocadas no teto. Encimando a porta de entrada, um relógio contabilizava o tempo da leitura. Dispostas ao redor da sala, encostadas nas paredes e parapeitos de janelas, ou compondo círculo ao redor de pequenas mesas na área central, vinte ou mais poltronas de madeira. Espaldar alto, inclinado a aproximadamente 60 graus do solo, assento compondo ângulo de 30 graus com o chão e 90 graus com o espaldar, e dois apoios de braço, mais ou menos situados na altura média entre ombro e quadril de uma pessoa

sentada. As leitoras, com as costas sobre o espaldar, cabeça ligeiramente inclinada para frente, antebraços sobre o apoio lateral, segurando livros aproximadamente am ângulo reto ao tronco e paralelo à cabeça. Pernas unidas, pés tocando o piso. Entre uma poltrona e outra, de 50 cm a 1 metro de distância. Não havia mesas de escritório para anotações ou cópias. Apenas mesas baixas para descanso de livros. Mobiliário nada acidental se nos reportarmos à descrição da prática de estudos da Escola de Professores do Instituto de Educação, com privilégio à redação das pesquisas escolares sem notas, efetuadas por Heloísa Marinho (1959, p. 115-116). Cruzando a porta de entrada, à direita, junto à parede lateral, impedindo o acesso a uma sala contígua, provavelmente local do acervo, um balcão, onde eram atendidas as solicitações de livros. Dessa sala, recordava-se Maria Vileta Villas Boas: ---------"Uma sala imensa com mobiliário confortável. Uma biblioteca rica em livros atualizados que nós consultávamos para fazer trabalhos. Lembro-me que era uma sala de frente, mas acho que depois mudou." ---------Se, como foi demonstrado, o perfil bibliográfico modificou-se a partir de 1933, o caráter da freqüência à biblioteca também se alterou. Até 1930, a consulta a obras "gerais" superava a procura de títulos em áreas definidas (23). Apenas Ciências Puras e Filologia espelhavam uma certa concentração de consultas, muito pequena, se comparada a Obras Gerais. Em 1931, esse quadro pouco se transformou, destacando um crescimento da procura por livros de Literatura e de Geografia e História. Em 1932, o interesse por romances já superava todos os demais temas, mas foi só a partir de 1933 que atingiu o patamar em que se manteve pelos anos seguintes, em torno de 30% das consultas. O segundo semestre de 1933 também marcou o início da consulta regular à biblioteca como forma de estudo e pesquisa. A freqüência nos meses de julho a dezembro foi cinco vezes e meia maior que a verificada no primeiro semestre. Nos anos seguintes, 1934 e 1935, houve paridade de consulta entre os dois períodos semestrais. Os livros, provavelmente mais lidos, eram As mulheres de mantilha, com todos os seus três exemplares inutilizados pelo uso, e Rosa, com dois de seus três exemplares inutilizados, ambos de Joaquim M. de Macedo; O gaúcho, de José de Alencar, com seus dois volumes inutilizados; e Poesias, de Olavo Bilac, também com dois dos três exemplares inutilizados (24). O livro A lagoa de Donim, de João da Motta Prego, foi o único assinalado: "devido ao grande uso na biblioteca ficou inutilizado". Para os demais títulos, a bibliotecária restringiase em registrar "inutilizado" ou "imprestável". Ainda do mesmo autor, e inutilizado, O pomar de Adrião. A explosão da consulta em Literatura foi seguida por explosões similares com respeito à Filosofia e Sociologia, denotando um envolvimento maior das alunas com temas mais

ligados à formação profissional para o magistério, relação que se manteve constante nos anos seguintes. A consulta espelhava a criação de uma nova competência de leitura em língua estrangeira. Em 1929, 94,7% das obras consultadas eram em português, contra 4,5% em francês e 0,7% em inglês e 0,1% em espanhol. Em 1935, 89,4% das obras retir5adas eram em português, 6,6% em espanhol, 2,3% em francês e 1,4% em inglês. O espanhol substituía o francês como segunda língua para as professorandas. Alguns trabalhos de autores norte-americanos, como Skinner e Dewey, chegavam à biblioteca pela tradução espanhola. Nos anos de 1936 e 1937, o francês cedeu o segundo lugar para o inglês, que não chegou a ameaçar a supremacia do espanhol. Em 1936, 5,2% das consultas foram de obras em espanhol, 3,3% em inglês e 2,3% em francês. Em 1937, 6,0% das leituras eram feitas em espanhol, 3,4% em inglês e 2,6% em francês. Uma mudança difícil de ser percebida pelas alunas: "O inglês, inicialmente, era mais difícil de ser conquistado. Compreende? Que ainda o francês era a língua dominante. Era a língua intelectual, o francês" (25). Mas, incentivada pelos(as) professores(as), nos programas de ensino publicados em 1937, seis das nove disciplinas editadas indicavam como requisito para a freqüência ao curso o conhecimento de francês, inglês e espanhol (26), porém, no conjunto da bibliografia, para 41% de obras recomendadas em português, eram selecionadas 25% de leituras em inglês, 18%, em francês e 16%, em espanhol. Movimento apreciado por Lourenço Filho (1937, p. 288), quando discorria sobre a transformação da Escola Normal em Instituto de Educação: "quebrava-se, decididamente, o velho padrão francês, de formação do magistério no ramo dos estudos primários". A grande quantidade de leituras indicadas acabava gerando um ler acidental: no lugar da leitura intensiva, a extensiva, de informação, consulta em um grande número de títulos. Lia-se muito, rápido, obras variadas e livros de vulgarização, de maneira a formar idéias gerais sobre os domínios considerados. As leituras eram feitas por temas, onde a singularidade do livro desaparecia e as obras ficavam esquecidas. ---------"Agora não lembro mais os livros que nós tínhamos para ler, não. Que a gente fazia muita bobagem... Aquela época da gente levada para chuchu, 18, 17, 18, 19 anos... A gente pintava o bode... (...) Nós tínhamos obrigatório de ler uma porção de livros. Eu não me lembro... (...) Tinha prova para ver se sabia ou não. Mas aí funcionava bem, porque tinha umas que nós... Que eram as convencidas, né? As chamadas cobras, não sei o quê. Aquelas liam, faziam não sei quê. Quer saber... e discutiam. Mas a gente ouvindo as discussões delas já dava para arranhar, para não se tirar zero. Tirar o suficiente para ter a note de passar (27)." ---------Leituras de alguns livros inteiros também eram realizadas, mas guardando o caráter de informação. A seleção se fazia pelo prazer. ---------"A gente ia lendo. Conforme a gente gostasse, a gente lia. Quando achava muito chato

pulava uma parte. Às vezes o que uma tinha achado chato a outra não achava. Então, a gente conversava a respeito um pouquinho." ---------O oral servia de suporte ao lido. A informação assumia completude ao ser enunciada. Assim, para uma parcela das professorandas, as técnicas da análise textual eram pouco utilizadas. O escrito nem sempre reforçava a leitura. O reforço, muitas vezes, vinha através da oralidade. Leitura intensiva "não dava. Não dava para a gente fazer. (...) Não tinha muito tempo não. Ainda por cima, eu estava fazendo duas faculdades. Já pensou? Totalmente uma diferente da outra porque uma era Inglês." Mas nem sempre o acúmulo de indicações bibliográficas e a falta de tempo respondiam pelo caráter furtivo da leitura. Eram extensivas, em geral, as leituras acadêmicas, recomendadas pelas disciplinas. Intensamente, liam-se os livros de literatura. A freqüência obrigatória à biblioteca propiciava a prática de algumas astúcias. ---------"Na biblioteca, havia uma pessoa encarregada. Nós tínhamos que dar o nome do livro que queríamos ler. E ela, então, trazia aquele livro, assinávamos e tínhamos que ler lá. Não podíamos levar para a casa. Aquele livro era de consulta. Então, como éramos levadas, nós queríamos às vezes ler algum romance, tínhamos o nosso romance dentro da bolsa. Então, abríamos o livro que elas nos davam e botávamos o romance no meio, de jeito que a mulher que tomava conta visse que estávamos lendo. Assim, líamos o romance que queríamos." ---------Considerações finais Se tanto Fernando de Azevedo quanto Anísio Teixeira, ao empreenderem as reformas da educação pública do Rio de Janeiro e ao intervirem na formação para magistério da capital brasileira nos anos de 1920 e 1930, preocuparam-se em organizar bibliotecas escolares, a administração anisiana, ampliando as iniciativas azevedianas, delineou estratégias e conduziu ações que alteraram significativamente a composição do acervo bibliotecal e modelaram práticas de leitura, especialmente no caso aqui analisado da Escola de Professores do Instituto de Educação. Articuladas em torno de princípios escolanovistas, tais estratégias conformaram práticas de formação docente, em que o livro e a biblioteca assumiram lugar privilegiado nas relações espaciais, temporais e pedagógicas da escola. Atuaram na disseminação e consolidação de um conjunto referencial bibliográfico como padrão de excelência partilhado por alunas e professoras cariocas, que por muitos anos perdurou no discurso pedagógico brasileiro, especialmente porque essas iniciativas se imbricavam com outras realizadas pelos mesmos educadores, como a criação da coleção Biblioteca de Educação, em 1927, dirigida por Lourenço Filho para a Cia. Melhoramentos de S.Paulo (28), que serviu de veículo não só para traduções de obras estrangeiras como Dewey, Kilpatrick e Clarapède como atuou diretamente na divulgação de experiências educativas realizadas no interior do instituto, mediante os trabalhos de reformulação dos

livros Testes ABC e Introdução aos Estudos da Escola Nova, ambos de autoria de Lourenço Filho. ---------"Dewey, Kilpatrick, Clarapède, Lourenço Filho e muitos mais foram autores (e livros) que permaneceram na memória das antigas alunas e professoras." Kilpatrick, Clarapède e Dewey muito... Dewey era... D. Nem um título específico lhe vem à mente... M. De livro? Ué, Vida e educação, do Dewey. Kilpatrick, ducação para uma civilização em mudança. (...) (29) Nós tivemos Lourenço Filho. Tanto assim que nós... Ele escreveu um livro Introdução a Escola Nova. Mas nós éramos o... nós tínhamos que ler Dewey, traduzido, John Dewey. Kilpatrick. Nós tínhamos que aprender as teorias de Kilpatrick. Fora as teorias dos alemães sobre educação. Nós éramos aplicadas, por isso é que tínhamos a Biblioteca (30). ---------Objetos culturais que saíram das estantes da Biblioteca da Escola e passaram a compor uma biblioteca pessoal de professoras e professorandas na cidade do Rio de Janeiro (e em muitas outras cidades brasileiras). ---------"As livrarias, para corresponder à lei da procura, expunham em suas vitrinas e balcões mais centrais as últimas novidades recebidas. Decroly, Ferrière, Clarapède, Piaget, Pierón, Kerschensteiner, Kilpatrick, Dewey, Gates chegavam até os professores, no original ou em versão nacional ou espanhola. Introdução a Escola Nova, Testes ABC, de Lourenço Filho; Escola Progressiva, Em Marcha para a Democracia, de Anísio Teixeira; Para Novos Fins, Novos Meios, de Fernando de Azevedo, foram os best-sellers, do momento. Não havia professor que não os possuísse, não procurasse, em suas páginas, informações para as suas dúvidas, e sugestões e recursos técnicos para o seu trabalho" (SILVEIRA, 1956, p. 76). ---------Conduziram, ainda essas estratégias, à instalação de prescrições de leitura que, em que pesem as táticas expostas no item anterior, modelaram maneiras de apropriação do lido e constituíram corporeidades. Maria Violeta Vilas Boas exemplifica entretecendo à experiência como aluna o trabalho de professora. ---------"E eu trabalhava na biblioteca, fazendo... desenvolvendo a leitura. As crianças do Grupo Escolar sabiam como ler. Nós fazíamos sessões, discutindo com eles como e que fazia a leitura, depois botava cada um com o seu livro. Depois, eles vinham... vinham contar ou fazer fichinhas. Entendeu? D. Como é que era esse trabalho? M. Era mais ou menos assim. Eu me acostumei a trabalhar com ficha, até hoje eu não vou para uma palestra que eu não prepare um roteiro. Geralmente, eu não mexo. Mas é que na hora que eu sento para fazer o roteiro, com uma introdução, um desenvolvimento e uma conclusão, eu arrumo na minha cabeça... Eu aprendi isso com Delgado de Carvalho. Arrumo na minha cabeça o que eu vou dizer. Eu acho que a maior prova de

desconsideração que você pode dar ao público, é você chegar lá e improvisar" (31). ---------Enfim, desenharam contornos de uma forma escolar que, ao mesmo tempo que produzia próprios da formação docente nos anos 30 no Rio de Janeiro, atinentes a preceitos escolanovistas, instalava práticas culturais que extravasavam os muros da escola, seja pela modelação do exercício docente de Maria Violeta, seja pelo referencial à Escola Nova tecido na fala de Helena Oliveira, seja pelo crescimento do mercado editorial brasileiro de livros pedagógicos. Imersas e produtoras de uma cultura escolar no interior da Escola de Professores, essas estratégias entrecruzaram-se a outras práticas (táticas) sociais e culturais instauradas na sociedade carioca (e brasileira). O gosto pelos romances e a difusão das leituras comunistas proibidas foram apenas alguns exemplos. Notas (1) Este artigo é resultado parcial do projeto FINEP/USP "Impressos, Leituras e Instituições Escolares no Brasil", desenvolvido no Centro de memória da Educação (CME), Faculdade de Educação/USP. Reúne aspectos dos capítulos IV e V da tese Vidal, 1995. Outros resultados são o Repertório de fontes sobre as reformas de Instrução Pública no Distrito Federal (1927-1935), disponível no CME, e o Banco de dados A formação de professores no Instituto de Educação do Rio de Janeiro (1920-1930), acessível na página do CME (http://www.fe.usp.br/laboratorios/cmemoria). (2) Entrevista realizada com Helena Silva de Oliveira, em 8 de julho de 1994. Helena Oliveira estudou no Instituto de Educação de outubro de 1930 a dezembro de 1936. (3) A Coleção Malta, do Museu da Imagem e do Som, no Rio de Janeiro, oferece testemunhos da implantação de bibliotecas escolares na administração Azevedo, dentre outras nas escolas Pereira Passos (p. 68 / e. 15, f 57.560) e Uruguai (p. 64, e. 23, f 53.833). (4) Assim avaliavam as funcionárias da Biblioteca do Instituto um texto sem data ou autor que me foi entregue no primeiro contato com a bibliotecária, então em exercício na escola, Waldete Souza Silva. (5) "O diretor providenciará afim de que, pelo menos para o ciclo complementar, sejam fixados nos horários tempos destinados à leitura na Biblioteca, pelos alunos". (Decreto n.º 5.000, de 11/7/34, Art. 70). (6) Indicações, como essas, acompanhavam os programas de Música e Canto Orfeônico; Educação Física, Recreação e Jogos; Psicologia Educacional; Sociologia Educacional; Biologia Educacional e História da Educação; Filosofia da Educação; Leitura e Linguagem; Prática de Ensino; Cálculo; Ciências Naturais e Literatura Infantil. Apenas Estudos Sociais e Desenho e Artes Industriais não explicitavam seus processos de trabalho. (Arquivos do Instituto de Educação, Distrito Federal, 1 (3): 295-359, mar.1937). (7) Segundo a Tabela de Vencimentos, Decreto n.º 3.810, de 19/03/1932.

(8) Fato, entretanto, que não se consolidou após a saída de Anísio Teixeira do Departamento de Educação. Novamente, em 1936, o acervo da Biblioteca voltaria a crescer por doações. (9) Em 1933, 11 obras de Clarapède e 11 de Ferrière. (10) Há diferentes maneiras e razões de se inutilizar um livro. Não se tomar o dado inutilizado diretamente como decorrente de manuseio constante de um objeto. As más condições de conservação do acervo, deixando os livros expostos à umidade ou a outras agentes agressores, são situações nada incomuns para as bibliotecas brasileiras. No entanto, se o dado (inutilizado) deve ser problematizado (e a falta do objeto, já destruído, impede a averiguação) não deve ser excluído da análise. Por isso, procurou-se, associar a informação a outras referências documentais ao longo do estudo. (11) Outras aquisições foram realizadas no exterior sem recurso às viagens de estudo. A relação de livros e revistas, por vezes, era elaborada por Lourenço Filho, outras vezes por Antônio Carneiro Leão. Apurado o valor da compra e os gastos com o transporte por navio, eram feitas as remessas de dinheiro às livrarias estrangeiras que, tão logo recebiam o pagamento, enviavam os pedidos. Aquisições de livros no exterior nesses moldes parecem ter sido um procedimento ordinário na década de 30. Livreiros, estabelecidos no Brasil, reclamavam do comércio direto com outros países por parte de compradores brasileiros, apontando-o como uma das causas da difícil situação das livrarias: "Porque os livreiros não gozam, por exemplo, das mesmas vantagens do particular? Se o particular encomenda no estrangeiro qualquer obra de ciência, (ou mesmo de literatura), retira-a do 'Coli-Posteaux' sem quaisquer taxas ou dificuldades. O livreiro, não". Depoimento de Vicente Buffoni, proprietário da livraria Buffoni, colhido por inquérito, realizado em 21 de novembro de 1938. A indústria do livro. FM/Relatórios. Chp.SIPS. Arquivo Filinto Muller. CPDOC/FGV. (12) Atc 29.11.1/ c/ 15, p. 4. CPDOC/FGV. (13) Instituto de Educação. Biblioteca. "Relação dos livros e publicações, sobre educação e disciplinas diversas, adquiridos pelo Diretor do Instituto, em março de 1935, nos Estados Unidos, com utilização da segunda, terceira e quarta prestações da verba 12, Material, 4. do Orçamento Municipal, de 1934, num total de 15:000$000 (Quinze contos de réis). Ainda com essa importância, foram adquiridas outras publicações, a serem recebidas, bem como assinadas revistas técnicas". (LF/Inst. Educ. II, Fot. 500 e seg. CPDOC/FGC). (14) Os títulos eram: Introdução ao estudo da Escola Nova, de Lourenço Filho (1930); Hereditariedade em face da educação, de Octávio Domingues (1929); A lei biogenética e a escola activa, de Ad. Ferrière (1929)*; Psychologia experimental, de Henri Piéron (1927)*; A escola e a psichologia experimental, de Ed. Clarapède (1928)*; Como se ensina geographia, de Firmino Proença (1929); Educação moral e educação econômica, de Sampaio Dória (1928)*; Educação e Sociologia, de Durkheim (1928); Testes, de BinetSimon (1929); Os centros de interesse na escola, de Abner de Moura (1930); A situação actual dos problemas philosophicos, de André Cresson (1930)*. Todas as obras marcadas com * foram prefaciadas por Lourenço Filho.

(15) Os resumos, na maioria, referiam-se a cursos preparados por Lourenço Filho e Anísio Teixeira para a Escola de Professores. (16) O trabalho de Lourenço Filho era lembrado como leitura obrigatória: "Tinha um livro, Introdução à Escola Nova, que nós éramos obrigadas a ler que era do Lourenço Filho". (Entrevista com Helena da Silva Oliveira, em 23 de setembro de 1994.) (17) No Art. 4º dispunha que o vencimento dos(as) professores(as), por doze horas de trabalho semanal obrigatório, seria de treze contos e duzentos mil réis, acrescido, de dois em dois anos, de um conto e oitocentos mil réis, até perfazer dezesseis contos e oitocentos mil réis anuais, àqueles docentes que satisfizessem as condições do Art. 6º do mesmo decreto, que destacava: "II. Condições de aperfeiçoamento cultural e técnico: a) publicação de trabalho de uso recomendável aos diversos cursos do Instituto, julgado conveniente ao ensino e aprovado pelo Conselho Técnico do estabelecimento; ou b) publicação de obras de cultura geral, julgadas de mérito pelo mesmo Conselho". (18) Os livros de Marques e Barreto publicados pela Cia Melhoramentos de S.Paulo, indicando uma ação coordenada entre Anísio Teixeira, na organização de leis do ensino que premiassem e a produção docente, e de Lourenço Filho que facilitava sua edição na coleção Biblioteca da Educação. Sobre o Instituto de Educação do Distrito Federal como escola laboratório de experiências de ensino que foram disseminadas, através de impressos, no Brasil, ver VIDAL, 1995. (19) Anísio Teixeira abriu mão das vantagens salariais relativas ao cargo de professor contratado de Filosofia da Educação da Escola de Professores, enquanto permanecesse no exercício das funções de Diretor, em prol da aquisição de livros. (Ofício n. 485 da Diretoria Geral de Instrução Pública, mencionado em carta de Lourenço Filho, datada de 13/05/1932, cfe. NUNES, 1991, p. 354). (20) Outras interpretações sobre o episódio poderiam ser construídas, interrogando-se de que maneira a instalação do inquérito teria permitido práticas de intimidação docente e discente, num período em que se estreitava a malha de controle das escolas, prenunciando o Estado Novo. (21) Arquivo CPDOC/FGV, LF/Inst. Educ., Pasta XII. Documento datado de 22/05/1936. Como resultado do inquérito o afastamento da bibliotecária, por decisão de Affonse Penna Jr. (Instituto de Educação. Relatório relativo ao ano de 1936, p. 15. Fot. 529 e seg. LF/Inst. Educ. II CPDOC/FGV). (22) Júlio César de Mello e Souza já havia doado algumas obras para a Biblioteca da Escola de Professores. Entre 1933 e 1934, entregou 9 volumes: diversos títulos, todos de autoria de Malba Tahan, seu pseudônimo. (Conforme levantamento realizado no Livro de Aquisições da Biblioteca). (23) Em Bibliotheca da Escola normal: frequência e consultas, de 1929 a 1938, não há qualquer indicação que elucide a divisão temática das consultas, o que restringe a análise a uma abordagem quantitativa.

(24) Autores modernistas não constam do acerco da biblioteca no período estudado. (25) Entrevista realizada com Iva Waisberg Bonow, em 2 de fevereiro de 1995, no Rio de Janeiro. Iva foi aluna da primeira turma da Escola de Professores do Instituto de Educação. Formou-se em 1934. (26) As disciplinas eram Leitura e linguagem, Literatura Infantil, Estudos Sociais, Psicologia Educacional, Música e Canto Orfeônico e Filosofia da Educação, tendo esta última substituído o espanhol pelo italiano. Arquivos do Instituto de Educação, 1 (3): 301344, mar. 1937. (27) Entrevista realizada com Helena Silva de Oliveira, em 23 de setembro de 1994. As próximas citações foram extraídas da mesma entrevista. (28) Outras coleções criadas no período foram: Coleção Pedagógica, em 1929, organizada por Paulo maranhão para a F. Briguiet & Cia., e a Biblioteca Pedagógica Brasileira, em 1931, administrada por Fernando de Azevedo para a Cia. Editoria Nacional. (29) Entrevista realizada com Maria Violeta Coutinho Villas Boas, em 26 de setembro de 1994. Maria Violeta foi aluna da primeira turma da Escola de Professores do Instituto de Educação. Formou-se em 1934. (30) Entrevista realizada com Helena Silva de Oliveira, em 8 de julho de 1994. (31) Entrevista realizada com Maria Violeta Coutinho Villas Boas, em 26 de setembro de 1994. Referências BARRETO, Anna Olga Lessa de Barros. Contribuição para a história da escola pública primária do Distrito Federal, no período do Estado Novo (1937-1945). Rio de Janeiro: Departamento de Educação/PUC-RJ, 1985. (Dissertação de Mestrado). DELGADO DE CARVALHO. "A dissertação em sala de aula". Arquivos do Instituto de Educação. Distrito Federal, 1 (1), p. 105-108, jun. 1934. FONTENELLE, J.P. "Biologia Educacional". Arquivos do Instituto de Educação. Distrito Federal: 1 (3), p. 295-300, mar. 1937. LOURENÇO FILHO, Manuel Bergstrom. "A discussão nos trabalhos de seminário". Arquivos do Instituto de Educação. Distrito Federal: 1 (1), p. 109-120, jun. 1934. LOURENÇO FILHO, Manuel Bergstrom. "Psicologia Educacional". Arquivos do Instituto de Educação. Distrito Federal: 1 (3), p. 301-306, mar. 1937.

MARINHO, Heloísa. "Lourenço Filho e o ensino da Psicologia". In: Um educador brasileiro: Lourenço Filho. Livro Jubilar da Associação Brasileira de Educação. São Paulo: Melhoramentos, 1959, p. 113-123. NUNES, Clarice. Anísio Teixeira: a poesia da ação. Rio de Janeiro: Departamento de Educação/PUC-RJ, 1991. (Tese de Doutoramento). SILVEIRA, Elisabete Cristina Cruvello da. O surgimento da disciplina Educação Comparada no Instituto de Educação em 1932: a sutileza de seu projeto. Niterói: Faculdade de Educação/UFF, 1992. (Dissertação de Mestrado). SILVEIRA, Juracy. Leitura na escola primária. 2. ed. Rio de Janeiro: Conquista, 1960. VIDAL, Diana G. O exercício disciplinado do olhar: livros, leituras e práticas de formação docente (Instituto de Educação, 1932-1937). São Paulo: Faculdade de EducaçãoUSP, 1995. (Tese de Doutoramento). Diana Gonçalves Vidal ______________________________ VIDAL, Diana Gonçalves. Uma biblioteca escolar: práticas de formação docente no Rio de Janeiro, 1927–1935. ExtraLibris, 2005. Disponível em: . Acesso em: 03 out. 2005. Original: VIDAL, Diana Gonçalves. Uma biblioteca escolar: práticas de formação docente no Rio de Janeiro, 1927–1935. In: CARVALHO, Marta Maria Chagas de; ______________ (Org.). Biblioteca e formação docente: percursos de leitura (1902-1935). Belo Horizonte/São Paulo: Autêntica/Centro de Memória da Educação-FEUSP, FINEP, 2000. p.11-36.

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