Trabalho De Neuropsicologia

  • June 2020
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ESAP – Instituto de Estudos Avançados e Pós-graduação e Faculdades integradas do Vale do Ivaí Aluno: Everton Luiz Lasta Curso: Educação Especial – Atendimento às Necessidades Especiais Disciplina: Aspectos Neurológicos dos Processos de Aprendizagem Cidade: Pato Branco - PR Professor: Rafael B. Neto

Questão: Cite três fatores fisiológicos e/ou patológicos e explique como eles podem interferir sobre a atenção e, portanto, sobre a memória e a aprendizagem. Como sabemos, a atenção é uma função psíquica que nos permite manter a vigilância em relação ao que acontece ao nosso redor, selecionar os estímulos mais importantes em dado momento e colocá-los no centro de nossa consciência através do processo de focalização de atenção. A atenção exerce uma função muito importante na capacidade de retenção de informações relevantes, pois é através dela, associada aos processos de controle, que guardamos informações na memória de longa duração. Durante o processo da aprendizagem de qualquer atividade, passamos por estágios em que ocorrem diversas mudanças, entre elas, nas exigências nos processos da atenção.

TDAH – TRANSTORNO DO DEFICIT DE ATENÇÃO/HIPERATIVIDADE Dentre os diversos problemas que podem comprometer a atenção e as demais funções a ela relacionadas está o TDAH, um distúrbio neuropsicológico. As suas características aparecem já na primeira infância e se instalam antes dos 7 anos. Este transtorno, segundo Rohde & Benczik (1999) é um problema de saúde mental que tem três características básicas: a desatenção, a agitação e a impulsividade. Pesquisas tem demonstrado que no Brasil de 3 a 6% da população com idade entre 7 e 14 anos apresentam TDAH num proporção de dois meninos para uma menina. Existem três formas de TDAH:



TDAH com predomínio de déficit de atenção  Não enxerga detalhes, comete erros por falta de cuidado, dificuldade em manter a atenção, parece não ouvir quando falam com ela, dificuldade em organizar-se, não gosta de tarefas que exigem muito esforço mental, distrai-se facilmente, esquecimento nas atividades diárias.



TDAH com predomínio de hiperatividade e impulsividade  Inquietação, mexendo mãos e os pés ou se remexendo na cadeira, corre sem destino, sobe nas coisas excessivamente, dificuldade de engajar-se em uma atividade silenciosa, fala excessivamente, responde perguntas antes de serem formuladas, age como se fosse movida por um motor, dificuldades em esperar suas vez, interrompe conversas e se intromete.



TDAH combinado  Dificuldade em terminar uma atividade ou um trabalho, ficar aborrecida com tarefas não estimulantes ou rotineiras, falta de flexibilidade, imprevisibilidade de comportamento, não aprende com erros passados, percepção sensorial diminuída, problemas de sono, difícil de se agradar, dificuldades nos estudos.

O hiperativo não consegue corresponder às exigências curriculares exigidas pelas escolas convencionais. Crianças rotuladas como endiabradas, desobedientes e “com bicho carpinteiro” podem ser portadoras de Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH). Este transtorno atinge de 3% a 6% de crianças em todo mundo e está diretamente relacionado ao baixo rendimento escolar, levando a repetências e problemas sérios de aprendizagem. A desatenção nas crianças hiperativas é responsável pela sua dificuldade básica em acompanhar o ritmo de uma aprendizagem formal. Estas crianças possuem uma variação normal de aptidões intelectuais, podendo-se considerar que a maioria está dentro dos limites médios, outras brilhantes, atingindo limites superiores – como também, aquelas que ficam abaixo da média de aptidões intelectuais. Normalmente, a criança hiperativa não consegue controlar seu comportamento a despeito de sua inteligência. Sua tendência é se ater a circunstâncias secundárias frente a uma explicação que está sendo dada pelo professor – geralmente, está envolvida numa atividade mais improdutiva durante a aula. O comportamento da criança hiperativa é nãoreativo às intervenções normais do professor. O que poderá ser interpretado como desobediência e conduz a uma cobrança mais rígida do professor. Esta situação agrava o problema aumentando a frustração do professor e da criança, podendo levar a utilização de instrumentos punitivos e o convite para mudança de escola. O hiperativo apresenta dificuldades de atenção, concentração e impulsividade. Os sintomas de hiperatividade podem ser muito ou pouco

pronunciados. Desta forma, torna-se difícil para um leigo diferenciar uma criança agitada de uma hiperativa.

SINDORME DE DOWN (Trissomia do cromossomo 21) Outro distúrbio genético que resulta em diferentes características morfofuncionais, dentre elas o retardo mental. São indivíduos altamente sociáveis e facilmente integráveis em qualquer ambiente. Em sala de aula, em função de algum rebaixamento intelectual (que pode ser brando ou severo). Apresentam dificuldades em acompanhar o currículo, sendo clientes de salas de reforço (salas de recursos especiais). Embora a Síndrome de Down seja classificada como uma deficiência mental, não se pode nunca predeterminar qual será o limite de desenvolvimento do indivíduo. Historicamente, a pessoa com Síndrome de Down foi rotulada como deficiente mental severa e em decorrência deste rótulo acabou sendo privada de oportunidades de desenvolvimento. A classificação da deficiência mental nos grupos profundos (severos), treináveis e educáveis é bastante questionada hoje em dia. Estes diagnósticos, determinados a partir de testes de QI (Medida do Quociente da Inteligência), nem sempre condizem com a real capacidade intelectual do indivíduo, uma vez que os testes aplicados foram inicialmente propostos para povos de outros países, com culturas diferentes da nossa. A educação da pessoa com Síndrome de Down deve atender às suas necessidades especiais sem se desviar dos princípios básicos da educação proposta às demais pessoas. A criança deve freqüentar desde cedo a escola, e esta deve valorizar sobretudo os acertos da criança, trabalhando sobre suas potencialidades para vencer as dificuldades. A aprendizagem da pessoa com Síndrome de Down ocorre num ritmo mais lento. A criança demora mais tempo para ler, escrever e fazer contas. No entanto, a maioria das pessoas com esta síndrome tem condições para ser alfabetizada e realizar operações lógico-matemáticas.A educação da pessoa com Síndrome de Down deve ocorrer preferencialmente em uma escola que leve em conta suas necessidades especiais. As crianças com deficiência têm o direito e podem beneficiar-se da oportunidade de freqüentar desde cedo uma creche e uma escola comum, desde que adequadamente preparadas para recebê-las. O professor deverá estar informado para respeitar o ritmo de desenvolvimento do aluno com deficiência, como, de resto, deve respeitar o ritmo de todos os seus alunos. O papel do professor é muito importante pois caberá a ele promover as ações para incluir a criança deficiente no grupo.

É preciso orientar a família da pessoa deficiente sobre quais os recursos educacionais de boa qualidade que estão disponíveis em sua comunidade. Para realizar tal orientação, o profissional deve procurar conhecer melhor as opções de escola especial e escola comum de sua cidade e região, para que o encaminhamento seja feito com segurança e traga benefícios ao desenvolvimento global da criança. Buckley e Bird (1994) levantam várias características relevantes quanto ao desenvolvimento cognitivo e lingüístico da criança portadora de síndrome de Down em seus primeiros cinco anos de vida, aqui sumarizadas: •

O atraso no desenvolvimento da linguagem, o menor reconhecimento das regras gramaticais e sintáticas da língua, bem como as dificuldades na produção da fala apresentados por essas crianças resultam em que apresentem um vocabulário mais reduzido, o que, freqüentemente, faz com que essas crianças não consigam se expressar na mesma medida em que compreendem o que é falado, levando-as a serem subestimadas em termos de desenvolvimento cognitivo.



Essas mesmas alterações lingüísticas também poderão afetar o desenvolvimento de outras habilidades cognitivas, pois há maior dificuldade ao usar os recursos da linguagem para pensar, raciocinar e relembrar informações.



Vários estudos (ver abaixo) têm atestado que crianças portadoras de Síndrome de Down apresentam uma capacidade de memória auditiva de curto-prazo mais breve, o que dificulta o acompanhamento de instruções faladas, especialmente se elas envolvem múltiplas informações ou ordens/orientações consecutivas. Essa dificuldade pode, entretanto, ser minimizada se essas instruções forem acompanhadas por gestos ou figuras que se refiram às instruções dadas.



No mesmo sentido, por apresentarem habilidades de processamento e de memória visual mais desenvolvidas do que aquelas referentes às capacidades de processamento e memória auditivas, as crianças portadoras de Síndrome de Down se beneficiarão de recursos de ensino que utilizem suporte visual para trabalhar as informações.



É imprescindível que às crianças portadoras de Síndrome de Down seja dada toda a oportunidade de mostrar que compreendem o que lhes foi dito/ensinado, mesmo que isso seja feito através de respostas motoras

como apontar e gesticular, se exclusivamente de forma oralizada.

ela

não

for

capaz

de

fazê-lo

PARALISIA CEREBRAL É um termo amplo que abriga um grupo não progressivo, mas geralmente mutável, de síndromes motoras (sempre uma deficiência física) secundárias à lesão ou a anomalias do cérebro, ou do cerebelo, que acontecem nos estágios precoces do desenvolvimento (durante a gravidez até os três anos de idade). Com incidência de 1,5 a 2,5 crianças a cada 1000 nascidos por ano. A Paralisia Cerebral nem sempre se acompanhará de deficiência mental; não é contagiosa; as causas vão desde falta de oxigênio ao nascimento, uma infecção congênita, até um acidente automobilístico em tenra idade. As manifestações clínicas são tão variáveis quanto as causas; o quadro pode se modificar consideravelmente ao longo do tempo (NEUROPLASTICIDADE), não sendo possível, portanto, determinar de antemão, até que ponto uma criança conseguirá ou não recuperar suas funções, ou compensar suas dificuldades. O tratamento é multidisciplinar e dependerá das funções acometidas, do tipo de deficiência ou transtorno mental. Assim, por exemplo, a epilepsia necessita de tratamento medicamentoso, operações ortopédicas podem corrigir algumas deformidades. No entanto o papel principal é exercido pelos terapeutas não médicos, incluindo os pedagogos. Indivíduos portadores de Paralisia Cerebral, com comprometimento global leve, movimentam-se com independência, realizam atividades motoras finas, como desenhar, encaixar, recortar etc..., constroem frases com mais de duas palavras; e demonstram uma boa adaptação social. Seu desempenho intelectual favorece a aprendizagem acadêmica. Sujeitos com quadro moderado apresentam dificuldades na locomoção, sendo necessário suporte material e ou humano. A motricidade fina é limitada, executando atividades sem domínio do freio inibitório. Utiliza palavras - frases na comunicação verbal. Nas atividades da vida diária, necessitam a manutenção e assistência. Os aspectos cognitivos limitados parecem dificultar o desempenho escolar. As pessoas paralíticas cerebrais com dependência total ao nível da motricidade grossa e fina, com linguagem e fala, comprometidos demonstram capacidade intelectual severamente prejudicada. Por capacidade intelectual entenda-se a possibilidade de expressão da capacidade mental. Via de regra, não existe relação direta em “quanto maior o transtorno motor, maior o déficit mental”, principalmente porque não é previsto no quadro da Paralisia Cerebral, o déficit mental. Se houver, ele terá patogenias associadas.

Em muitos casos de Paralisia Cerebral, há limitação intelectual em graus variáveis, e a maioria dos que apresentam inteligência normal, tem dificuldades na vida acadêmica. No entanto, em função de fatores biológicos (processo de maturação do Sistema Nervoso), fatores ambientais e circunstanciais (estimulação e recursos), certas características decorrentes da condição física limitadora, podem se modificar. Quando se ensina uma criança com desenvolvimento a adquirir o controle das necessidades básicas como comer, vestir-se ou lavar-se, é necessária assistência durante algum tempo até que ela possa fazê-lo sozinha. O comportamento reativo de resistência e cooperação pode ser observado através dos movimentos de braços, pernas, cabeça e do próprio tronco. As habilidades para equilibrarse, promovem o ajustamento de posturas desconfortáveis, enquanto está sendo manuseada. Considerando que a criança adquire o conhecimento através da exploração do meio, da manipulação de objetos, da repetição de ações e do domínio do próprio esquema corporal com relação a situações de perigo, ela necessita do controle maturacional do Sistema Nervoso. Portanto, a criança com Paralisia Cerebral pode ficar mais limitada ao pensamento e menos à execução do mesmo, perdendo oportunidades concretas de viabilizar ampliações no seu repertório.

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