Instituto Politécnico do Porto Escola Superior de Música e das Artes do Espectáculo Curso de Mestrado em Música: Interpretação Artística Unidade Curricular: Repertório I Discente: Hugo Manuel Soares de Brito Nº. 4040029 Instrumento: Violino Assunto: Apresentação da Sonata N. 3 “Ballade” de Eugène Ysaÿe (1858-1931) Data da apresentação: 21 de Janeiro de 2009, pelas 14h00 na sala 203. _______________________________
Breve abordagem do caderno das 6 Sonatas para Violino Solo, Op. 27 (1924) de Eugéne Ysaÿe 6 Sonatas → 6 Dedicatórias Sonata Op.27 N.1 em Sol menor A Joseph SZIGETI Budapeste, Hungria; 5 Setembro 1892 – Montreux, Suiça; 19 Fevereiro 1973
Sonata Op.27 N.2 em Lá menor A Jacques THIBAUD Bordeaux, França; 27 Setembro 1880 – Alpes, França; 1 Setembro 1953
Sonata Op.27 N.3 em Ré menor “Ballade” A George ENESCO Liveni, Roménia; 19 Agosto 1881 – Paris, França; 4 Maio 1955
Sonata Op.27 N.4 em Mi menor A Fritz KREISLER Viena, Austria; 2 Fevereiro 1875 – New York, EUA; 29 Janeiro 1962
Sonata Op.27 N.5 em Sol Maior A Mathieu CRICKBOOM Verviers, Hodimont; 2 Março 1871 – Bruxelas, Bélgica; 30 Outubro 1947 Sonata Op.27 N.6 em Mi Maior A Manuel QUIROGA Sevilha, Espanhã; 30 Janeiro 1899 - Madrid, Espanhã; 13 Dezembro 1988
Eugène Ysaÿe (Liège, 16 Julho 1858 – Bruxelas, 12 Maio 1931) Um tributo é em todo o caso irrelevante para Eugène Ysaÿe, bem mais preocupado com os prazeres da vida do que com os clichés dos rótulos. O compositor e violinista belga morreu em 1931 com 73 anos, e nas muitas fotografias que lhe tiraram aparece quase sempre numa postura informal. Com a fronha da camisa de fora, deitado á sombra duma árvore, ou a andar de bicicleta, ou ainda sorrindo manhosamente com várias garrafas de vinho na mão. Em suma, um espírito lúdico apesar do sofrimento que lhe provocou a diabetes, ao ponto de lhe ter sido amputado um pé. Nathail Milstein lembrava-o como “O Czar do Violino”. No topo da herança musical de Ysaÿe encontram-se as sonatas para violino solo. O repertório para violino de Ysaÿe é muitas vezes comparado ao de Bach. A sonata nº 2 revela essa influência, com dedicatória assumida. Ysaÿe chama-lhe Obsessão, ao evocar a Partita em Mi Maior BWV 1006 de Bach. Noutro andamento, intitulado Dança das Sombras, sobressai a técnica do pizicatto. O violino é tocado como se fosse uma guitarra. Ysaÿe descreveu a 2ª sonata como um grito contra a morte, perceptível sobretudo no derradeiro capítulo, intitulado Dança das Fúrias. Paganini é outro dos génios frequentemente citados no repertório de Ysaÿe lembrando a primeira sonata alguns dos caprichos do mestre italiano. Já houve quem considerasse as sonatas de Bach como o velho testamento das obras para violino e os caprichos de Paganini como uma espécie de novos evangelhos. Nessa genealogia musical bem se pode dizer que as sonatas de Eugène Ysaÿe correspondem então ao catecismo do violino contemporâneo. Não tanto pelo elenco completo das técnicas do instrumento, mas por ter sabido aplicar os ensinamentos da tradição nos primórdios da modernidade.
Sonata N. 3 “Ballade”: A dedicatória a George Enesco George Enesco Nasceu na cidade de Liveni, Roménia. Desde pequeno, expressou sua paixão pela música começou a tocar violino com 4 anos tendo como professor Eduard Caudella. Entre os anos 1888-1894 estudou no Conservatório de Viena, com os professores Joseph Hellmesberger (violino), Robert Fuchs e Sigismond Bachrich entre muitos outros. Os seus concertos nos quais interpretou obras de Johannes Brahms, Pablo Sarasate, Henri Vieuxtemps, Felix Mendelssohn-Bartholdy entusiasma a imprensa e o público, com apenas 12 anos. Após a formatura do Conservatório de Viena com uma medalha de prata, prossegue os seus estudos no Conservatório de Paris (1895-99) com os professores para Armand Marsick, André Gedalge, Jules Massenet e Gabriel Fauré. Em 6 de fevereiro de 1898 faz sua estréia como compositor em Conciertos Colonne de París com a sua obra Opus 1, Poema Romeno. Admirado por Elisabeta rainha da Romênia foi convidado diversas vezes a tocar suas obras no Castelo de Peles em Sinaia. Desde os primeiros anos do século XX, as mais conhecidas composições, são as duas Rapsodias Romenas (1901-02), a Suite nº 1 para orquestra (1903), a sua primera Sinfonía de Madurez (1905), Sete Canções para os versos de Clément Marot (1908). Na Europa é acompanhado por pessoas
prestigiadas como Alfredo Casella, Pablo Casals, Louis Fournier, Richard Strauss. Durante a Primeira Guerra Mundial permaneceu em Bucareste e conduzido a Sinfonia nº 9 de Ludwig van Beethoven (que era tocada na íntegra pela primeira vez na Romênia), composições de Hector Berlioz, Claude Debussy, Richard Wagner, e também suas próprias composições: Sinfonia No. 2 (1913), Suite nº 2 para orquestra (1915). No mesmo ano é a sua primeira edição do concurso de composição que tem o seu nome: George Enescu. Depois da guerra, continuou a sua actividade dividida entre Romênia e a França. Nos Estados Unidos, liderou as orquestras da Filadélfia (1923) e Nova Iorque (1938). Entre os seus alunos estão violinistas, como: Christian Ferran, Ivry Gitlis, Arthur Grumiaux, Ginette Neveu ou Yehudi Menuhin. Ballade para Violino e Orquestra, Op. 4A de George Enesco A Balade para violino e orquestra de George Enesco data de 1895, e com 14 anos de idade terá sido o próprio compositor o solista na primeira execução da obra no Conservatório de Paris. Um pouco ao estilo de Brahms, com um belo tema que é nobremente colocado pelas cordas da orquestra antes da entrada do violino solo, que rapidamente domina completamente a cena musical de um, quase estudo, bastante curto; o que abre portas para uma bela expansão do tema. A parte mais dramática, é a passagem contrastante que é ouvida antes do solista cantar todo o tema principal na parte mais aguda do registo, que traz um impressionante caracter lírico antes da reexposição.
Caracteristicas da Forma Ballade e da Forma Sonata Balada refere-se a uma obra musical de um movimento com qualidades narrativas líricas e dramáticas. A Balada Na Epoca Medieval o termo "balada" descrevia um tipo de arranjo de poesia francesa em música comum nos séculos XIV e XV. Uma das vozes era fixa, a balada tipicamente consistia de uma voz aguda em destaque, contendo o texto, e duas vozes mais graves que eram vocalizadas ou executadas com instrumentos. Guillarme de Machaut é o compositor mais famoso de baladas polifónicas; o estilo permaneceu popular entre compositores da Ars Subtilis, embora tenha saído de evidência em meados da metade do século XV. No Clássicismo os alemães do final do século XVIII utilizavam o termo "balada" para descrever poesias narrativas de caráter folclórico (a exemplo de Johann Gottfried Herder), algumas das quais eram arranjadas em canções por compositores como Johann Friedrich Reichart, Carlo Friedcrich Zeiter, e Johann Rudolf Zumsteeg. No século XIX, o título "Balada" foi dado por Frederich Chopin para quatro grande obras para piano (op. 23, 38, 47 e 52), e foi o primeiro uso significativo do termo referindo-se a música instrumental. Diversos outros compositores subseqüentemente utilizaram o termo para obras de piano, incluindo Johann Brahms (a terceira de suas Klavierstücke opus 118, e o conjunto de quatro peças opus 10), Edward Grieg (opus 24, um conjunto de variações), Franz Lizst (que escreveu duas baladas) e Gabriel Fauré (opus 19, mais tarde arranjado para piano e orquestra). A Forma Sonata A Forma Sonata, que teve o seu apogeo no periodo clássico caracteriza-se por usar uma exposição onde são apresentados normalmente dois temas contrastantes que são classificados como tema masculino e tema feminino dadas as suas diferenças de caracter. Após esta Exposição (Parte A), sege-se um desenvolvimento que normalmente sofre grandes
inflecções, tonicizações e modelações por tonalidades próximas ou mais afastadas (mais comum no modo menor). Apesar da diversidade do tratamento harmónico do desenvolvimento é aqui que usualmente os temas apresentados sofrem transformações e modificações ao nível dos motivos que os formam (Parte B). É, por fim, reexposta a Parte A dando origem uma forma de ABA onde mais uma vez existem variações na reexposição podendo esta ter uma coda ou simplesmente não reexpor um dos dois temas (masculino ou feminino).