Teste Garrett 11

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TESTE DE AVALIAÇÃO - 11ºC Não És Tu Era assim, tinha esse olhar, A mesma graça, o mesmo ar, Corava da mesma cor, Aquela visão que eu vi Quando eu sonhava de amor, Quando em sonhos me perdi. Toda assim; o porte altivo, O semblante pensativo, E uma suave tristeza Que por toda ela descia Como um véu que lhe envolvia, Que lhe adoçava a beleza. Era assim; o seu falar, Ingénuo e quase vulgar, Tinha o poder da razão Que penetra, não seduz; Não era fogo, era luz Que mandava ao coração. Nos olhos tinha esse lume, No seio o mesmo perfume , Um cheiro a rosas celestes, Rosas brancas, puras, finas, Viçosas como boninas, Singelas sem ser agrestes. Mas não és tu... ai!, não és: Toda a ilusão se desfez. Não és aquela que eu vi, Não és a mesma visão, Que essa tinha coração, Tinha, que eu bem lho senti. Almeida Garrett

1. O poema organiza-se na base da oposição entre passado e presente. 1.1. Faz a caracterização da mulher vista no passado e vista no presente. 12. Encontra uma palavra para caracterizar cada visão. 1.3. Delimita os momentos em que o texto se estrutura, justificando a divisão. 1.4. Atenta nos verbos principais. Explica o valor do imperfeito, do pretérito perfeito e do presente.

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2. Há uma diferença entre a imagem do tu no passado e no presente. 2.1. Como se justifica essa diferença? 2.2. Comprova que o tipo de conhecimento utilizado pelo eu para conhecer o tu é importante para detectar as diferenças. 3. Como nos poemas já analisados, a mulher aparece sempre idealizada. 3.1. Encontra no texto palavras ou expressões que comprovem essa idealização. 3.2. Que figura de estilo suporta a idealização da mulher? 4. Há no poema várias figuras de estilo que geram a expressividade da linguagem. 4.1. Descobre os segmentos de discurso que realizam a anáfora, a antítese, a comparação e a sinestesia. 4.2. Explica o sentido e a expressividade dessas figuras de estilo. 5. A oposição fogo/luz é recorrente na poesia de Garrett. 5.1. Para que tipos de amor apontam esses dois vocábulos? 5.2. Qual é o amor considerado mais perfeito? Porquê? 6. A parateatralidade ou a tendência para a oralidade é urna das características do discurso de Garrett. 6.1. Indica os elementos que realizam a parateatralidade, neste texto. 7. Caracteriza, finalmente, a mulher na base da oposição “ter coração” / “não ter coração”.

II Lê, atentamente, o texto de Alexandre Herculano. Muitas vezes, pela tarde, quando o Sol, transpondo a baía de Carteia, descia afogueado para a banda de Melária, dourando com os últimos esplendores os cimos da montanha piramidal do Calpe, via-se ao longo da praia vestido com a flutuante estringe o presbítero Eurico, encaminhando-se para os alcantis aprumados à beira-mar. Os pastores que o encontravam, voltando ao povoado, diziam que, ao passarem por ele e ao saudarem-no, nem sequer os escutava, e que dos seus lábios semiabertos e trémulos rompia um sussurro de palavras inarticuladas, semelhante ao ciciar da aragem pelas ramas da selva. Os que lhe espreitavam os passos, nestes largos passeios da tarde, viam-no chegar às raízes do Calpe, trepar aos precipícios, sumir-se entre os rochedos e aparecer, por fim, lá ao longe, imóvel sobre algum píncaro requeimado pelos sóis do Estio e puído pelas tempestades do Inverno. Ao lusco-fusco, as amplas pregas da estringe de Eurico, branquejando movediças à mercê do vento, eram o sinal de que ele estava lá, e, quando a Lua subia às alturas do céu, esse alvejar de roupas trémulas durava, quase sempre, até que o planeta da saudade se atufava nas águas do Estreito. Daí a poucas horas, os habitantes de Carteia que se erguiam para os seus trabalhos rurais antes do alvorecer, olhando para o presbitério, viam, através dos vidros corados da solitária morada de Eurico, a luz da lâmpada nocturna que esmorecia, desvanecendo-se na claridade matutina. Cada qual tecia então sua novela ajudado pelas crenças da superstição popular: artes criminosas, trato com o espírito mau, penitência de uma abominável vida passada, e, até, a loucura, tudo serviu sucessivamente para explicar o proceder misterioso do presbítero. O povo rude de Carteia não podia entender esta vida de excepção, porque não percebia que a inteligência do poeta precisa de viver num mundo mais amplo do que esse a que a sociedade traçou tão mesquinhos limites. Alexandre Herculano, Eurico, o Presbítero, Tomo I, Lisboa, Bertrand, 1980

Notas: alcantis: cume; rocha escarpada. atufava : escondia. Calpe : nome antigo da montanha situada no Sul da Península Ibérica, sobre o estreito que separa a península do continente africano. Carteia : cidade antiga do Sul da Península Ibérica. Estreito: hoje chamado de Gibraltar (estreito que separa a Península Ibérica do continente africano). estringe): túnica dos godos de Espanha; veste hispânica. presbítero: padre; sacerdote. raízes: base; sopé.

2

Apresenta, de forma estruturada, as suas respostas ao questionário. 1. Transcreve os elementos da natureza que constituem o espaço representado. 2. Relê o texto desde o início até «claridade matutina» 2.1. Explicita três dos comportamentos de Eurico que o povo de Carteia considera misteriosos. 2.2. Apresenta três dos traços caracterizadores do «presbítero», fundamentando-se no excerto transcrito. 3. Analisa comparativamente a «novela» construída pelos «habitantes de Carteia» sobre Eurico e o comentário final do narrador sobre a personagem.

III

“ Não te amo, quero-te...” “ Anjo és. Mas que anjo és tu? (...) Em nome de quem vieste? Paz ou guerra me trouxeste: De Jeová ou Belzebu?” “ É que não há ser bastante Para este gozar sem fim Que me inunda o coração”

Tendo em conta que a poesia garrettiana revela um espírito renovador, não só quanto à concepção da mulher amada e do amor, mas também quanto aos aspectos formais, numa composição cuidada (mínimo 90 e máximo 110 palavras), refere-te à nova sensibilidade e à nova expressão poética, evidenciadas na lírica de Almeida Garrett. A professora, Paula Cruz

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