No poema “Prece”, é um poema em que se reflecte sobre o presente à luz do passado. O passado foi a tormenta, a vontade, e deixou-nos, como herança, o mar universal e a saudade. O presente, esse, diz Pessoa, “Senhor, a noite veio e a alma é vil”, mas diz também na segunda estrofe, há lugar para alguma esperança: “mas a chama, que a vida em nós criou,/se ainda há vida, ainda não é finda”. Ela estará, porventura, oculta em cinzas, mas pode ser erguida pela mão do vento. Por isso, a prece: que Deus volte a querer dar o “sopro, a aragem – ou desgraça ou ânsia –“, capaz de nos reerguer, para que “outra vez conquistemos a Distância/Do mar ou outra, mas que seja nossa!”.
FICHA DE PORTUGUÊS PRECE Senhor, a noite veio e a alma é vil. Tanta foi a tormenta e a vontade! Restam-nos hoje, no silencio hostil, O mar universal e a saudade.
Mas a chama, que a vida em nós criou, Se ainda há vida ainda não é finda. O frio morto em cinzas a ocultou: A mão do vento pode erguê-la ainda.
Dá o sopro, a aragem ou desgraça ou ânsia Com que a chama do esforço se remoça, E outra vez conquistemos a Distancia Do mar ou outra, mas que seja nossa!
1. NA PRIMEIRA ESTROFE, NUM TOM DE PRECE ANGUSTIADA, O SUJEITO POÉTICO CARACTERIZA O PRESENTE. COMO?
O Sujeito poético caracteriza o presente como um presente sofrido, de incertezas, silencioso, e dizendo que apenas lhes resta o mar conquistado e a saudade, uma vez que os sonhos, as dificuldades e as tormentas já passaram. 2. Na segunda estrofe, a esperança. Explicita-a, relevando a importância do símbolo “chama”. A esperança, é a chama que ainda pode ser avivada, e aparece-nos como um sinal de vida. 3. Interpreta o desejo de sentido colectivo, patriótico e simbólico Express na última estrofe. Na última estrofe os portugueses estão a pedir a Deus que lhes ajude a conquistar seja império material (“do mar”) ou o império espiritual (”outra”).
Prece ------ Reflexão do Poeta Fernando Pessoa acreditava que, através dos seus textos, poderia despertar as consciências e fazê-las acreditar e desejar a grandeza outrora vivenciada. Espera poder contribuir parar o reerguer da Pátria, relembrando, nas 1ª e 2ª partes da Mensagem, o passado histórico grandioso. Preconizava para Portugal a construção de um novo império, espiritual, capaz de elevar os Portugueses ao lugar de destaque que outrora ocuparam a nível mundial. Na realidade, Fernando Pessoa antevê a possibilidade da supremacia de Portugal, não em termos materiais, como no tempo de Camões, mas em termos espirituais É nesta nova concepção de Império que assenta o carácter simbólico e mítico que enforma a epopeia pessoana e que, inevitavelmente, destacará a figura deste super poeta, em detrimento da de Camões.