Segunda Guerra Mundial - Geografia

  • April 2020
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Trabalho De Geografia

O impulso de industrialização pós-Segunda Guerra Mundial: 1946-61 Embora a continuação do processo de industrialização brasileira logo após a segunda guerra mundial fosse originado por circunstancias semelhantes às que prevaleceram durante os anos de depressão, isto é, dificuldades no balanço de pagamentos, suas características fundamentais eram totalmente diversas. Em 1950, a industrialização não era mais uma reação defensiva a acontecimentos externos, mas se tornara a principal maneira encontrada pelo governo para modernizar e aumentar a taxa de crescimento da economia. Tendo em vista que o pais não poderia mais contar com a exportação de seus produtos primários afim de alcançar suas ambições de desenvolvimento. O comercio exterior do Brasil e seu papel na economia A estrutura das mercadorias de exportação brasileiras estava concentrada em uma pequena quantidade de produtos : café , cacau, açúcar, algodão e fumo. E os principais mercado eram os EUA e Europa ocidental. O Brasil era extremamente dependente das exportações. No final dos anos 40 a maior fatia do PIB era ocupada pelo setor agrícola (28%) e, em 1950 mais de 60% da população estava empregada nele. Assim mudanças nos rendimentos das principais exportações brasileiras exerciam fortes efeitos negativos ou positivos na economia. O mercado mundial para as exportações tradicionais do Brasil nos anos 50 Os formadores da política econômica do período pós-guerra eram pessimistas quanto ao futuro dos mercados para as exportações tradicionais brasileiras. As taxas anuais de crescimento para os tipos de produtos exportados pelo Brasil eram baixas (3,8% no açúcar e 2,2% no café), comparadas com as dos produtos manufaturados (que cresciam em média 6,6%). Na época era difícil imaginar como o pais poderia esperar atingir elevadas taxas de crescimento ao mesmo tempo em que contava principalmente com exportações de produtos primários. Diante desse quadro ouve uma queda da participação do Brasil no mercado mundial para suas mercadorias de exportação. Uma das razões básicas para essa queda reside na manutenção de elevados preços para o café no principio do pósguerra, quando o pais dominava o mercado mundial, encorajando outros países a produzirem o produto. Além de uma tendência mundial desfavorável no mercado para os produtos primários, a tecnologia de produção resultaram na diminuição de insulso de matéria-prima sobre cada unidade de produto final, agravou o desempenho das exportações brasileiras. As evidencias pareciam indicar que o pais não se encontrava apenas no grupo de nações cujas exportações constantemente perdiam participação no mercado mundial, mas também estavam entre aquelas cujas exportações apresentavam

poucas chances de recobrar a antiga superioridade, e é nesse contexto que se deve encarar a decisão gradativa tomada pelo governo brasileiro em mudar a estrutura da economia provendo a industrialização á importação. Os anos pós-guerra A queda drástica das importações ocorrida durante a Segunda guerra Mundial e o incremento das exportações causaram um aumento nas reservas cambias do pais, de US$74 milhões no inicio da guerra, para US$708 milhões em 1945. Em fevereiro desse ano o governo criou um regime cambial sem restrições, exceto por limitações quanto a remessa de lucros. As importações estavam não sofreram restrições quantitativas e a moeda estrangeira estava livremente disponível para a maioria das transações de capital. A moeda brasileira foi mantida com o mesmo valor do período anterior a guerra e não mudou até 1953, enquanto os preços subiram 285% de 1945 a 1953. Em 1945 a taxa de cambio havia sido super valorizada em relação ao dólar, visto que durante o período de 1937-1945 os preços no Brasil haviam aumentado 80% mais que nos EUA. A continua super valorização da moeda brasileira pode ser atribuída a várias metas políticas governamentais. Em 1º lugar os formadores da política econômica estavam ansiosos em gastar as reservas cambiais acumuladas durante a guerra a fim de atender a demanda reprimida por importações. Em 2º, visto que a inflação era uma preocupação primordial, foi considerada justificada a existência de um déficit no balanço de pagamentos financiados por reservas cambiais passadas a fim de manter os preços baixos. Havia também o receio de impacto inflacionario adicional causado pela desvalorização. Porém dentro de 1 ano as reservas acumuladas durante o período de guerra havia desaparecido, resultado da febre de importação. Não se tem certeza se a brusca queda na taxa real de crescimento da produção foi resultado do repentino fluxo de importações, mas podemos observar que a taxa real de crescimento tornou a aumentar em 1948, depois que as reservas foram esgotadas, e permaneceram em um nível elevado no restante da década. Controle do câmbio: 1946-1953 O controle de cambio foi uma das medidas básicas para a industrialização do pais, teve inicio em 1947 e permaneceram até 1953. Durante esse período o cruzeiro tornou-se crescentemente valorizado, que estimulava as importações. Foi utilizado um sistema de licenciamento de importações para manter a demanda sob controle. As importações tornaram-se acessíveis de acordo com um sistema de categorias definido pelo CEXIM (departamento de exportação e importação do banco do Brasil). Gêneros de primeiras necessidades como remédio, inseticidas, fertilizantes, podiam ser livremente importados. Já outros considerados supérfluos, tinha a importação desencorajada por longas listas de espera para a obtenção de licença. Com a crescente pressão do excesso de demanda por moeda estrangeira, e o sistema de licenciamento foi se tornando demorado e cheio de falhas. Em 1951 o CEXIM relaxou o controle por acreditar que a guerra na Coréia se transformaria em um conflito mundial e que traria consigo uma escassez geral de suprimentos do estrangeiro. Como resultado as importações subiram ainda mais, mas parte foi compensada com o aumento das exportações do café. Porem o sistema do CEXIM enfraqueceu devido ao surgimento de abusos, e estimulo à remessa de lucro e a uma evasão de capital ao mesmo tempo que desencorajou a entrada do capital novo. Sistema cambio múltiplo 1953-57

Em janeiro de 1953 foi adotado uma nova política voltada para um sistema cambial mais flexível, a lei 1807 criou o cambio livre limitado que permitiu a entrada e saída de capital e seus lucros e a compra e venda de moeda estrangeira parra fins de turismo. As importações e a maioria das exportações ficavam retidas no cambio oficial e eram controlados pelo CEXIM. Denterminadas importações que o governo queria estimular eram parcial ou totalmente permitidas no cambio livre. Em outubro de 1953 instituiu-se uma reforma básica no sistema cambial com a lei 2145 que criava um sistema de cambio múltiplo que eliminou controles quantitativos diretos e criou leilões para a obtenção de divisas. Ficavam livres do leilão, importações considerados essenciais para o desenvolvimento do pais, como o petróleo. O sistema cambial múltiplo representava algum avanço em direção a desvalorização da moeda diante da inflação continua, além de ter criado um mecanismo de mercado para equiparar a oferta e a procura da moeda estrangeira, direcionou parra o governo os lucros inesperados obtidos com as importações e eliminou as pressões da corrupção administrativa na distribuição de licenças. A aplicação do sistema agiu como grande desestimulo as exportações. Mudanças nos controles cambiais : 1957-61 Em 1957 houve uma mudança básica no sistema cambial brasileiro, com a promulgação da lei 3244, onde foram introduzidas tarifas ‘ad valorem’, que elevaram até a 150%, as categorias cambiais foram reduzidas de 5 para 2, a categoria geral (matérias-primas, bens de capital), e a categoria especifica (eram os bens considerados não essenciais) Em meados dos anos 50, o sistema cambial mudou, não era mais considerado em um instrumento para resolver as dificuldades da balança de pagamentos, mas sim uma ferramenta para promover a industrialização. A prova dessa postura está a lei tarifária de1957 do SUMOC, que permitiu a importação de equipamentos sem necessidades cobertura cambial e o investidor estrangeiro poderia importar maquinas sob condição de concordar em aceitar pagamento pela participação do capital no empreendimento no qual o equipamento seria utilizado. De 1958 a 61 o dólar no cambio livre estava abaixo da taxa aplicada pela categoria geral. Durante os últimos anos desse sistema o governo arrancava empréstimos compulsórios de exportadores e importadores, que pagavam a ágio do mercado de leilões e recebiam a moeda em seis meses depois. Os exportadores recebiam somente uma fração dos preços da moeda estrangeira em cruzeiros, o saldo era investidos em títulos públicos de seis meses no Banco do Brasil. Reforma cambial: 1961-63 Em 1961 foi instituído uma nova política cambial com a instrução 204 do SUMOC. O cambio de custo foi aumentado, as importações pertencentes a categoria geral, e todas as exportações exceto o café foram colocados no mercado livre. Outras instruções do SUMOC que se seguiram transferindo os ganhos cambiais auferidos com as exportações de café para o mercado livre, exigindo que os exportadores pagassem uma taxa em dólar, que permitiu com o equivalente em cruzeiros, o financiamento de apoio ao excesso de produção. Outra medida transferiu todas as importações para o livre comercio, assim trouxeram maior unidade ao sistema cambial. Os anos de 1962-63 foram dominados por crises políticas e por pressões nacionalistas (que ocasionou a promulgação de um rígido decreto de remessas de lucro no final de 1962) uma progressiva queda na receita cambial (oriunda das exportações e a aceleração da taxa de inflação). Durante esse período o estabelecimento do ‘cambio livre’ oficial ficou muito

defasado em relação nacional, que pouco estimulou novos tipos de exportações. Lei dos similares Na ultima década do século XIX a proteção tarifária transformou-se no que ficou conhecida como a ‘lei dos similares’. Os grandes produtores brasileiros que queriam proteção poderiam requerer o registro dos bens que produziam ou que pretendiam produzir. A medida que o processo de industrialização prosseguia, a lei era aplicada de forma a encorajar uma intensa integração vertical, isto é dentro das empresas ou dentro do pais através do surgimento de empresas fornecedoras. De acordo com um estudo de companias americanas que operavam no Brasil. A lei dos similares foi um incentivo que fez os investidores estrangeiros passarem da importação a montagem ou da montagem a fabricação totalmente desenvolvida. A característica essencial desse incentivo foi o medo da exclusão completa do mercado mas do que a esperança de se obter um tratamento preferencial em relação a concorrência. Porém, a lei estimulou muitos grupos locais a estabelecerem empresas fornecedoras. Planos e programas especiais A primeira tentativa de planejar os recursos do Brasil de uma foram eficiente, depois da 2ºguerra mundial, foi a introdução do plano SALTE. Não se tratava de um plano econômico completo, mas de um programa de gastos públicos nas áreas de saúde, alimentação transporte e energia, com duração de cinco anos. (de 1950 à 1954). O plano não durou mais de um ano devido a problemas de implementação e principalmente devido a dificuldades financeiras. Esperava-se obter algum dos novos recursos necessários através de tributações da receita adicional resultante do plano em si, outro por meio de vendas da moeda estrangeira retidas no Banco do Brasil, e o restante teria de vir de operações de empréstimos, mas não contavam com as possíveis dificuldades no balanço de pagamentos que reduziam as probabilidades de financiar o plano com vendas de remessas, com o aumento de inflação e com os déficit orçamentários que dificultavam a concessão de empréstimos. Com a encerramento do plano em 1951, alguns projetos de obras publicas foram transferidos a vários departamentos do governo, a fim de serem reiniciados quando houvesse recursos. Esse plano, apesar de não dispor de medidas para o setor privado ou de programas que o influenciassem, ele conseguiu chamar atenção para outros setores da economia defasados em relação a industria e que poderiam, consequentemente, impedir um futuro desenvolvimento. O trabalho da comissão econômica conjunta Brasil- EUA no período de 1951 a 1953 constituiu uma tentativa de planejamento muito mais ambiciosas e conduziu um dos mais completos levantamentos da economia brasileira já realizados até aquela época, e formou uma série de projetos de infra-estrutura. Embora nunca tenha sido formalmente adotado, o plano da comissão conjunta exerceu vários benefícios, como por exemplo a criação do BNDE (banco nacional de departamento econômico), cujo propósito era planejar, analisar e financiar a infra estrutura e vários projetos industriais. No que se refere ao impulso dado a projetos em setores defasados da economia, o trabalho da comissão foi mais bem sucedido que o plano SALTE. Esses vários planos de desenvolvimento do pós-guerra e as intensas discussões que os cercaram disseminaram uma espécie de mística política de desenvolvimento entre os lideres brasileiros da opinião pública e política, que veio a se chamar ‘desenvolvimentismo’. Essa preocupação com o desenvolvimento e o papel do governo em influencia-lo firmemente, tornou-se característica de destaque da administração do

presidente Jucelino Kubitichek (1956-61) que no dia posterior a sua posse, foi criado o conselho de desenvolvimento nacional que formulou o programa de metas. Não se tratava de um programa de desenvolvimento global, pois não abrangiam todas as áreas de investimentos públicos ou as industrias de base. Foram cobertas cinco áreas gerais : energia, transporte, fornecimento de alimentos, industrias de base e educação. A construção da nova capital, Brasília, no interior, era em projeto especial do programa, mesmo não contribuindo de imediato para o aumento da capacidade produtiva. E durante a administração de Kubitschek, realizou-se progresso considerável no cumprimento de muitas metas, especialmente na industria, e parte da infra estrutura planejada. Programas de incentivos especiais O mais bem sucedido dos programas de avanço industrial nos anos 50, durante a administração de Kubitschek, foi o que estimulou a promover a industria automobilística, dirigido pelo GEA (grupo executivo da industria automobilística). Esse programa ofereceu grandes benefícios á importação de equipamentos e para fabricação de componentes automotivos durante um período limitado de anos. Em troca, essas empresas se comprometeriam a adotar uma política de substituição progressiva de importações por componentes de fabricação nacional. Dessa forma, pretendia-se criar uma grande industria brasileira de fabricantes de componentes independentes. Finalmente as empresas automotivas foram classificadas como ‘industrias de base’, permitindo que recebessem auxilio financeiro do BNDE. A orientação proporcionada pela GEIA também foi responsavel por criar o que se considerou uma combinação correta de veículos, pois na época, metade da produção consistia de automóveis de passageiro, o restante de utilitários e caminhões. Outros grupos executivos realizaram esforços semelhantes na criação de industrias nos campos de construção de navios, maquinaria pesada, tratores e equipamentos telefônicos. Os efeitos das políticas de industrialização O processo de industrialização durante o período posterior a 2º guerra mundial ocasionou elevados índices de crescimento econômico, a taxa média de crescimento chegou a 7,8% de 1956-62. Um indicador da transformação da economia é a mudança na distribuição setorial do PIB, a industria foi o setor dinâmico da economia, pois cresceu regularmente, ultrapassando a agricultura na metade dos anos 50. AS novas industrias não só representavam atividades nos últimos estágios de produção, mas também em outros níveis do processo produtivo. Embora a substituição de importações fosse a principal força propulsora do período como um todo, seu impacto principal parece ter ocorrido em meados e no final dos anos 50, quando ocorreram as maiores quedas nos índices de importações e a oferta total de bens de capital e de consumo. Outra forma de observar as mudanças havidas na estrutura econômica brasileira é examinarmos as tendências na distribuição de valor bruto agregado e no emprego do setor manufatureiro. As industrias tradicionais (têxteis, produtos alimentícios) sofreram queda em sua posição relativa, enquanto houve crescimento na industria de substituição de importações (equipamentos de transportes, maquinaria, aparelhos eletrónicos) Desequilíbrios e gargalos A estratégia de industrialização com vistas à substituição de importações para os anos 50 legou uma série de problemas que os formadores de política

econômica da década seguinte teria que enfrentar a fim de assegurar a continuidade do crescimento e desenvolvimento. Apesar do crescimento populacional fosse inferior ao crescimento do fornecimento de alimentos, ocorreu uma grande migração do campo para a cidade. A maioria do aumento da produção de alimentos deveu-se a utilização de novas terras, e não devido ao aumento de produtividade nas áreas mais antigas. Visto que a demanda de comida nos centros urbanos tinha que ser atendidas a partir de áreas cada vez mais distantes, houve uma crescente pressão sobre a precária rede de transportes. Calcula-se que a perda de produtos agrícolas devido ao sistema retrógrado chegou a 20%..Com isso houve um aumento dos preços dos alimentos, que iria só aumentar as pressões inflacionarias. Um segundo problema importante foi o aumento da taxa de inflação, embora possa, por um momento, ter desempenhado um papel positivo na recolocação dos recursos a fim de apoiar o impulso de industrialização. Suas taxas alcançaram níveis no início dos anos 60 que qualquer contribuição para o crescimento por parte de um mecanismo de poupança compulsória era dominado pelos efeitos das distorções produzidas pela inflação. Um terceiro problema foi que o crescimento industrial salientou as desigualdades, o que ocasionou crescentes pressões sociopoliticas por medidas corretivas. Finalmente, havia progressivas pressões do balanço de pagamentos resultantes do fato de que o crescimento foi financiado por uma importante entrada de capital estrangeira, sob forma de investimentos diretos e de empréstimos, a divida atingia US$2 bilhões nos anos 60. O fato de as políticas que orientaram a substituição de importações terem sido unilaterais, isto é, que a promoção das exportações e a diversificação tenham, sido negligenciadas, tornava-se agora um problema significativo. http://members.tripod.com/br500/extra_eco40e50prim.htm Introdução

Após o fim da Segunda Grande Guerra, os países latino-americanos pensavam que seriam recompensados pela ajuda no esforço de guerra dos Aliados, porém o que se verificou foi um distanciamento do eixo de preocupação da política externa estadunidense. Antes, era a preocupação da América Latina aliando-se ao nazismo, sensação corroborada com o governo argentino de Perón, agora a preocupação seria com os comunistas e a Europa. E o que sobrou para a América Latina?

Os EUA e a América Latina. Os anos posteriores ao fim da II Guerra Mundial foram marcados, na América Latina, por uma limitada capacidade de barganhar em troca do apoio à política norte-americana. Segundo Cervo, isto se deu pela "ausência de visão comum e de percepção de interesses coletivos" por parte dos países latino-americanos (Cervo, p. 115). A única exceção era o governo de Perón, na Argentina, com sua proposta de 3ª Posição, isto é, um meio termo entre o comunismo e o capitalismo que possibilitaria ao país maior autonomia econômica e política. Entretanto, já em 1953, Perón avançava no entendimento com o governo estadunidense. Entretanto, no final da década de 50, começaram a surgir manifestações de

hostilidades aos Estados Unidos, visivelmente na visita do vice-presidente Nixon à Venezuela em 1958. De acordo com Cervo, esta aversão se dava, no caso venezuelano, pelas restrições norte-americanas às importações de petróleo e o maior motivo de contestação dos outros países latino-americanos era o apoio dado às ditaduras que se instauravam na região. Foi neste contexto, logo após a desastrosa visita de Nixon à Caracas, que o presidente brasileiro Juscelino Kubitschek enviou duas cartas pessoais ao presidente Eisenhower – 28 de maio s 5 de junho de 1958 – propondo a formação da Operação Pan-Americana (OPA). Este projeto consistia numa proposta de cooperação, cuja tese reforçava que "o desenvolvimento e o fim da miséria seriam as maneiras mais eficazes de se evitar a penetração de ideologias exóticas e antidemocráticas, que se apresentavam como soluções para os países atrasados" (Bueno, p.290). Foram propostos estudos visando à aplicação de capitais privados em áreas atrasadas do continente, aumento do volume de crédito de entidades internacionais, formação de mercados regionais e ampliação e diversificação de assistência técnica. Entretanto, poucas destas medidas foram implementadas e o maior sucesso de resposta à OPA foi a criação do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), em 1º de outubro de 1960. Constituído por 20 países americanos, o banco contava com capital inicial de um bilhão de dólares para financiamento e assistência técnica. Com exceção do BID, a OPA não obteve medidas concretas e já em 1960 era diagnosticada uma falta de consistência na operação. As hostilidades ao governo norte-americano continuaram e tiveram seu ápice com a Revolução Cubana em 1959. O então presidente dos Estados Unidos Eisenhower adotou determinadas providências em relação ao governo castrista, posteriormente conhecida como "negligência benigna", quais sejam, treinamento de força contrarevolucionária; aconselhamento das companhias de petróleo Esso e Texaco, que tinham refinarias em Cuba, a não refinarem o petróleo vindo da URSS; redução drástica da cota de importação de açúcar. A estas medidas, o governo cubano voltou-se para a União Soviética e o bloco socialista para vender sua produção açucareira e comparar armas e petróleos. Em agosto de 1960, Fidel Castro exproprio as empresas de capital estadunidense da ilha. Com o governo de John Kennedy, o governo buscou enfrentar o "problema cubano" de forma mais enérgica por duas frentes: tentando sufocar o regime e isolar sua influência; e tentando articular politicamente a América Latina por novas bases. Como estratégia para a primeira frente, financiou forças contra-revolucionárias na tentativa de acabar com o governo de Fidel; e para a segunda, criou um programa de ajuda econômica conhecida como Aliança para o Progresso, com proposta semelhante à OPA. A proposta para este programa foi anunciada na Primeira Conferência de Punta del Este, em 1961. Era um plano de "reformas profundas na estrutura social que reduzisse a desigualdade social e assegurasse a liberdade política, sem o ônus de

uma revolução sangrenta" (Moura, p.51). Na Segunda Conferência, os Estados Unidos conseguiram o apoio de dois terços dos votos necessários para a expulsão de Cuba da OEA. Votaram contrariamente a Argentina, Brasil, México, Chile, Bolívia e Equador. Dois encontros que levavam adiante a dupla estratégia estadunidense: ao isolar Cuba de relações diplomáticas e comerciais com os outros países latino-americanos dificultava a "exportação da revolução" e ao produzir transformações sociais, por meio da Aliança para o Progresso, diminuiria ainda mais as chances de crescimento do comunismo no continente. Como ponto de partida, o governo norte-americano contribuiu com 500 milhões de dólares para o BID e se comprometeu a contribuir para o fornecimento de 20 bilhões de dólares para a América Latina no prazo de dez anos. O plano era alocar estes recursos para "sustentar governos democráticos representativos, promover a reforma agrária, assegurar uma política de salários e benefícios sociais para os trabalhadores urbanos, promover medidas de habitação e saúde, reduzir o analfabetismo, fazer uma reforma fiscal e buscar a estabilização de preços para os produtos latino-americanos de exportação" (Moura, p. 54). Entretanto, ao longo da década de 60, a maioria das ações da Aliança para o Progresso se reduziu a programas de assistência imediata, como distribuir comida para populações carentes, cavar poços em regiões que sofriam de seca, estímulo ao artesanato como alternativa a um processo industrializador lento. E o apoio do governo estadunidense a regimes totalitários contradizia a premissa de sustento a governos democráticos representativos. Em resposta às reações contrárias a esta atitude, Kennedy afirmou: "tal regime, seja qual for sua natureza, nos favorece? Então, ajudemo-lo, a despeito de quaisquer críticas que isso provoque" (Cervo, p. 135). Ao final da década de 60, quando a maioria dos países latino-americanos era governada por regimes militares, o governo norte-americano ficou em "posição confortável diante do combate ao comunismo. Podia dar-se ao luxo de distribuir pouca ajuda militar e de dirigi-la ideologicamente para os países, quase como se sorteio fizesse, dando ânimo à corrida que os movia em troca da cooperação na Guerra Fria" (Cervo, p. 144). A América Latina ficava diminuída em sua importância político-estratégica para a política externa estadunidense.

A integração Latino-Americana É possível identificar dois ciclos de integração entre os países da América Latina (AL). O primeiro, vivido nas décadas de 60 e 70, inspirado no modelo da Comissão Econômica para a América Latina e Caribe (Cepal), enquanto o segundo, iniciado no princípio da década de 90 e vigente até os dias atuais, é mais ligado ao modelo liberal. Para falarmos do primeiro processo de integração é necessário abordar o contexto

histórico-econômico da região. Com a II Guerra Mundial, houve dificuldades para o comércio entre os países latino-americanos e os países desenvolvidos, o que levou a alguns países da região a assinarem acordos entre si e aumentarem as transações intra-regionais. De acordo com a Cepal, entre 1945 e 1955, a AL cresceu rapidamente, dentre outros fatores, pois o preço internacional de matériasprimas aumentou e devido a bem sucedida política de substituição de importações. Entretanto, de acordo com a expectativa cepalina, chegou-se a um impasse do desenvolvimento da América Latina na segunda metade dos anos 50. Os países dependiam de importação de equipamentos e tecnologia dos países desenvolvidos para passar para as etapas seguintes de industrialização, produção de bens intermediários e de capital. Porém, houve uma redução da capacidade de importar destes países. O comércio intra-regional reduziu em 26% entre 1955 e 1961; entre os países da futura Alalc, a queda foi de 41%. De 1953 a 1960, as exportações, entre os países latino-americanos, reduziram de 12% a 7,9% do total de exportações (Dathein, p. 8). Entre os anos de 57 e 59, a Cepal dedicou-se a elaborar um estudo sobre a formação de um mercado regional. A proposta era aprofundar o processo de substituição de importações para avançar para as etapas seguintes de industrialização. Como estas indústrias demandavam maiores mercados, propunhase a passagem do mercado nacional para o continental. A integração econômica era tida como alternativa para os países da região escaparem à estagnação econômica. Inspirados também pela experiência européia – em 1957 com a assinatura do Tratado de Roma, foi criado o Mercado Comum Europeu – durante a Segunda Reunião de Consulta no Sul do Continente, realizada em Santiago em 1959, elabora-se com a colaboração da Cepal, um projeto de zona de livre-comércio. Em 1960, é criada a Associação Latino-Americana de Livre Comércio (Alalc), com a assinatura do Tratado de Montevidéu. Faziam parte da Alalc Argentina, Brasil, Chile, México, Paraguai, Peru e Uruguai. Colômbia e Equador aderiram em 1961. Venezuela, em 1966 e Bolívia, em 1967. O objetivo do tratado era, a partir de uma zona de livre-comércio, constituir um mercado comum, no prazo de doze anos. Nos primeiros anos da Alalc (60/64), a negociação multilateral se dava por "listas comuns" e "listas nacionais", produto a produto, reduções tarifárias e eliminação de restrições não-tarifárias para ampliação de mercados, além da liberalização de intercâmbio e desmantelamento de medidas protecionistas no comércio intraregional (Almeida, p. 65). Apesar dos avanços dos primeiros anos, a Alalc começou a enfrentar uma série de dificuldades. Dathein aponta três fatores: a integração não fazia parte da estratégia de desenvolvimento dos países, a maioria deles sob regimes militares – "como se sabe, os regimes ditatoriais costumam manifestar uma preferência por regimes econômicos igualmente fechados, com fortes tendências à auto-suficiência e à autarquia" (Almeida, p. 65) -; impossibilidade de superar as divergências entre os países que desejavam acelerar o processo, caso dos integrantes do Grupo Andino, e os que queriam permanecer dentro dos limites existentes; desigualdade entre os

países, "os grandes estavam satisfeitos com a expansão de suas exportações, enquanto os pequenos queriam a adoção de medidas não comerciais que servissem para desenvolver sua indústria" (Dathein, p.14). Além da Alalc houve mais três experiências regionais de integração dos anos 60 – Acordo de Cartagena (Grupo Andino), Mercado Comum Centro Americano (MCCA) e comunidade do Caribe (Caricom) – que, segundo Sonia de Camargo, apresentaram "avanços significativos nas fases iniciais de sua implantação, sobretudo no que se refere à liberalização de seu comércio intra-regional e à implantação de tarifas alfandegárias comuns, o que gerou um aumento do peso relativo do intercâmbio entre os países da região" (Camargo, p. 5). Em 1980, a Alalc foi substituída pela Associação Latino-Americana de Integração (Aladi), a partir da assinatura do Tratado de Montevidéu 1980. A Aladi tinha um foco majoritariamente comercialista, o que estimulou acordos bilaterais, enquanto que os instrumentos multilaterais tinham uma formulação genérica e não eram obrigatórios. O Tratado também não incorporou alguns aspectos da integração, como cooperação industrial, harmonização de políticas econômicas. Nem, tampouco, estabeleceu metas e prazos. "Houve, na realidade, uma prevalência absoluta do princípio da flexibilidade sobre o da convergência" (Dathein, p. 19). Há de se levar em consideração, entretanto, o contexto vivido pelos países latinoamericanos nesta década: crise da dívida externa. O PIB per capta reduziu-se em nove dos onze países de 1981 e 1990 (Dathein, p. 20). Para o autor, os países se viam mais como concorrentes que como parceiros, o que em caso de crises econômicas ocasionava um retrocesso no processo de integração. Apesar das críticas mencionadas, foi no âmbito da Aladi que foi elaborado o embrião do que viria a ser o Mercado Comum do Sul (Mercosul). Fundado com a assinatura do Tratado de Assunção, em 1991 – mas estimulado por diversos acordos bilaterais entre Argentina e Brasil desde a segunda metade da década de 80 -, o Mercosul encontra-se hoje na etapa de união aduaneira imperfeita. Influenciado pela onda liberal da década de 1990, este modelo não previa mecanismos para compensar perdas ou financiar conversões em segmentos prejudicados com a integração. Segundo a perspectiva liberal, o mercado resolveria tudo. Afirmação que no final da década será posta em xeque. O período entre 1991 e 1996 é considerado o apogeu do Mercosul. Nestes cinco anos, ocorreram diversos avanços nos acordos de integração e no intercâmbio comercial. A quantidade comercializada intrabloco triplicou de 1990 a 1997. No comércio entre Brasil e Argentina, a elevação no mesmo período foi superior a cinco vezes (Prado, p.18). O Mercosul caracteriza-se por um reduzido grau de institucionalidade – se comparado com a referência de interação regional que é a União Européia - e pela inexistência de órgãos decisórios supranacionais. A estrutura institucional do Mercosul é baseada em seis órgãos, a maior parte dos quais - Conselho do Mercado Comum, Grupo Mercado Comum, Comissões de Comércio do Mercosul e Comissão Parlamentar Conjunta - criada no âmbito do Tratado de Assunção. No bloco do Cone

Sul todas as decisões têm que ser tomadas por consenso e ratificadas por representantes governamentais dos quatro países que o constituem. É um modelo interpresidencial e não supranacional. Com a desvalorização do Real, em 1999, e a crise político-econômica argentina, de 2001 e 2002, a continuidade do bloco foi colocada em suspeita. Mais de que uma crise de integração, Vizentini descreve este período como a "erosão de um modelo econômico e, especialmente, do contexto internacional em que se baseava. A conjuntura da economia mundial no final dos anos 90 é particularmente distinta daquela do início da década. A instabilidade financeira global, a lentidão do crescimento econômico ou, mesmo, a recessão na região, a queda dos indicadores sociais e o aumento do desemprego alteraram igualmente a situação política interna, produzindo a erosão da legitimidade dos governos dos países do Mercosul" (Vizentini, p. 38). Superada a crise, e ressaltando os aspectos positivos, o bloco contribuiu para intensificar as relações entre os dois maiores países do Cone Sul, Brasil e Argentina – especialmente nos governos atuais de Lula e Kichner -, e não há expectativas ou previsões para o término deste processo de integração, o que o Mercosul vivencia hoje é o impasse de aprofundar – institucionalizando-se e tornando-se de fato um bloco supranacional – ou ampliar, o que ocorreu em 2006, com a incorporação da Venezuela. http://www.2guerra.com.br/sgm/index.php?option=com_content&task=view&id=6 84&Itemid=32

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