RIMA da Abertura da Barra de Saquarema
10. MODELAGEM DO SISTEMA LAGUNAR A técnica de modelagem numérica tem se mostrado uma potente ferramenta para monitoramento da qualidade da água e controle de poluição. Com sua utilização, pode-se obter uma descrição dos parâmetros representativos da hidrodinâmica e conseqüente evolução dos processos químicos e biológicos em sistemas estuarinos. O modelo numérico é capaz de simular as respostas físicas, químicas e biológicas em lagunas costeiras a diversos tipos de ação. A partir do modelo, poderemos estabelecer diversos parâmetros para a preservação do sistema, tais como: 1 Modelagem da hidrodinâmica do sistema lagunar 2 definir o estado de degradação das águas em função da abertura da barra, 3 definição de áreas de sedimentação ou erosão potencial 4 prognóstico da diluição com a água do mar. Inicialmente foi utilizado um modelo unidimensional, capaz de prever o comportamento do sistema em uma linha que vai do canal até o fundo da lagoa de Mombaça Quanto à altura da maré, os resultados das simulações para condições de sizígia e quadratura, resumidos na Tabela 10.1, mostram a variação de amplitude e fase da maré se propagando para o interior do sistema lagunar. Tabela 10.1: Valores a partir do nível do mar.
Mombaça Jardim Boqueirão Saquarema
baixamar 12 12 6 2
Sizígia (cm) Quadratura (cm) Preamar amplitude Nivel médio baixamar preamar amplitude Nivel médio 17 5 14,5 3,2 6,5 3,3 4,85 18 6 15 3,5 7 3,5 5,25 22 16 14 -1 9 10 4 27 25 14,5 -5 13 18 4
Pode-se observar a oscilação do nível médio, acompanhando as fases da Lua e o amortecimento da amplitude. A representação deste comportamento (Figuras 10.1, 10.2) denota o rápido decaimento da influência da maré, a medida que a onda se propaga dentro do sistema lagunar. As diferenças de fase decorrem da influência da profundidade na velocidade da onda de maré. Mombaça
0,6 Altura (m)
Jardim
0,2 Boqueirão
0 -0,2
Saquarema
-0,4 -0,6 0
2
4
6
8 10 12 14 16 18 20 22 24
Mare Oceanica
Tempo (horas)
Figura 10.1: Propagação da maré no sistema lagunar em sizígia.
Página 22
0,4
RIMA da Abertura da Barra de Saquarema
0,3
Mombaça
Altura (m)
0,2 Jardim
0,1 0
Boqueirão
-0,1 Saquarema
-0,2 -0,3
0
2
4
6
Mare Oceanica
8 10 12 14 16 18 20 22 24 Tempo (horas)
Figura 10.2: Propagação da maré no sistema lagunar em quadratura.
0,6
ALTURA (METROS)
0,4
0,2
0
-0,2
-0,4
-0,6 0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
HORAS
12
13
14
15
16
17
18
19
20
21
OCEANO SAQUAREMA BOQUEIRÃO JARDIM MOMBAÇA
Figura 10.3: Decaimento da amplitude da onda de maré.
Página 23
Para demonstrar a influência da componente aleatória das variações do nível médio do mar, utilizou-se observações maregráficas da estação de Ponta Negra. A análise das Figuras 10.4 a 10.8 mostra, claramente, que estas perturbações não são amortecidas de maneira significativa.
RIMA da Abertura da Barra de Saquarema
Maré Oceânica
Altura (m)
1 0,5 0 -0,5
0
5
10
15
20
25
30
-1
Tempo (dias)
Figura 10.4: Condição de contorno na fronteira aberta com dados de Ponta Negra.
Saquarema
Altura (m)
0,6 0,4 0,2 0 -0,2 0
5
10
15
20
25
30
-0,4
Tempo (dias)
Figura 10.5: Variações do nível na Lagoa de Saquarema com dados de Ponta Negra.
Boqueirão
Altura (m)
0,6 0,4 0,2 0 0
5
10
15
20
25
30
-0,2
Tempo (dias) Página 24
Figura 10.6: Variações do nível na Lagoa do Boqueirão com dados de Ponta Negra.
RIMA da Abertura da Barra de Saquarema
Altura (m)
Jardim 0,5 0,4 0,3 0,2 0,1 0 -0,1 0 -0,2
5
10
15
20
25
30
Tempo (dias)
Figura 10.7: Variações do nível na Lagoa Jardim com dados de Ponta Negra.
Mombaça
Altura (m)
0,6 0,4 0,2 0 0
5
10
15
20
25
30
-0,2
Tempo (dias)
Figura 10.8: Variações do nível na Lagoa de Mombaça com dados de Ponta Negra.
O volume de água do mar que entra e sai do sistema lagunar devido à maré e às variações aleatórias do nível do mar estão representados nas Figuras 10.9 e 10.10, respectivamente. Pode-se observar que cada ciclo de maré envolve cerca de 18% do volume médio do sistema lagunar, considerando-se uma maré de sizígia com 0,5 m de amplitude. Quando representamos as variações de longo período (aproximadamente seis dias), o volume envolvido é da mesma ordem de grandeza do volume médio.
2,40E+07 2,20E+07 2,00E+07
Página 25
Volume total(m3)
2,60E+07
1,80E+07 1,60E+07
dias
Figura 10.9: Trocas de água entre o sistema lagunar e o oceano, devido à maré.
22,9
22,6
22,2
21,9
21,5
21,1
20,8
20,4
20,1
19,7
19
19,4
18,7
18
18,3
17,6
17,2
16,9
16,5
16,2
15,8
15,5
15,1
14,8
14,4
14,1
13,7
13
13,4
12,6
12,3
11,9
11,6
11,2
10,9
10,5
10,2
9,82
9,1
9,46
8,4
8,74
1,40E+07
RIMA da Abertura da Barra de Saquarema
Volume Total(m3)
4,50E+07 4,00E+07 3,50E+07 3,00E+07 2,50E+07 2,00E+07 1,50E+07 1,00E+07 5,00E+06 29,9
29,2
28,4
27
27,7
26,2
25,5
24,8
24,1
23,3
22,6
21,9
21,1
20,4
19
19,7
18,2
17,5
16
16,8
15,3
14,6
13,9
13,1
12,4
11,7
10,9
10,2
9,48
8,74
7,3
8,02
6,56
5,1
5,84
4,38
3,64
2,92
2,18
1,46
0
0,72
0,00E+00
dias
Figura 10.10: Trocas de água entre o sistema lagunar e o oceano, devido à maré e à componente aleatória do nível médio do mar.
Página 26
Alguns exemplos dos resultados da modelagem bi-dimensional para as condições de sizígia e quadratura, revelando as variações no plano de parâmetros hidrodinâmicos da laguna, estão apresentados nas pranchas 10.1 e 10.2. Os aspectos mais relevantes em relação às alterações na circulação do sistema lagunar estão associados à introdução de uma forçante oceânica que intensifica o termo da força do gradiente horizontal de pressão. Com a barra fechada, esta força é causada pelo empilhamento da água devido à tensão de cisalhamento do vento que causa desníveis da ordem de 0,05 m (velocidade do vento igual a 5 ms-1) da margem a barlavento até a margem a sotavento, podendo chegar a 0,20 m, para ventos com velocidade de 8 ms-1. Os desníveis causados pela maré chegam a valores duas vezes maiores de um extremo a outro, do sistema lagunar. Isto determina um campo de velocidades regido, notadamente, pela influência oceânica. Em termos bidimensionais em planta, o padrão de dois vórtices principais em cada corpo lagunar com um fluxo médio contra o vento na porção central, para a situação com a barra fechada, é substituído por um padrão de correntes alternadas (enchente e vazante). Naturalmente, na Lagoa mais interior (Mombaça), a circulação na porção central ainda apresenta o padrão de vórtices, posto que, nesta região, as correntes de maré são de baixa intensidade. Nas constricções, observa-se um nítido aumento das velocidades e, portanto, das tensões de cisalhamento. Estes resultados indicam a intensificação da capacidade de transporte, tanto de material dissolvido quanto particulado. Estes últimos, que contribuem nos processos de assoreamento da lagoa, terão seu tempo de permanência, no sistema lagunar, diminuído. Além disso, será aumentada a capacidade de ressuspensão de material já depositado, mas não consolidado. Assim, a tendência de fechamento destas ligações entre as lagoas tende a ser interrompida. Em relação aos poluentes dissolvidos bem misturados na coluna d’água, podese afirmar que seguirão as trocas de volume com o oceano diminuindo sua concentração atual. No canal, protegido pelo guia-corrente, as correntes serão alternadas com velocidades máximas de 1,5 ms-1. É importante chamar a atenção para a necessidade de sinalização alertando para estas velocidades, notadamente na vazante, o que configura risco aos banhistas que tentarem atravessar o canal a nado. Quanto à salinidade, os resultados mostram um gradiente no sistema lagunar, indicando um aumento de apenas 4 UPS na lagoa mais interior em relação à situação atual (prancha 11.30). Na realidade, a salinidade pode apresentar alterações menos significativas, dependendo, principalmente, dos aportes de água doce. Estes, por sua vez, são decorrentes dos fenômenos climáticos e da exploração dos mananciais à montante do sistema lagunar.
RIMA da Abertura da Barra de Saquarema
Níveis extremos. Para o prognóstico de níveis extremos dentro do sistema lagunar, foram considerados os resultados da Tabela 10.1, obtidos com o modelo 1D, e do estudo de probabilidade de eventos extremos da componente aleatória do nível do mar.
Neves Filho (1992), através da análise de séries de longo período do nível do mar, apresentou a distribuição dos desvios entre as alturas de maré previstas e observadas, para os dados da Ilha Fiscal-RJ. Assumindo-se que a maré permanece com grande amplitude por 4 dias durante a sizígia, pode-se determinar a probabilidade conjunta destes eventos, mutuamente exclusivos, pelo produto das probabilidades de cada evento (Figura 10.11).
Probabilidade Conjunta dos eventos de sizígia e empilhamento causado pelo vento na Ilha Fiscal no período de 1979 a 1986 3,0
Freqüência (%)
2,5 2,0 1,5 1,0 0,5 0,0 -10-0
0-10
10-20
20-30
30-40
40-50
50-60
>60
Classes de valores (cm)
Figura 10.11: Probabilidade Conjunta (1979-1986).
Página 27
Porém, como a metodologia de análise dos dados, no trabalho citado, foi adequada para outro propósito, foi analisada uma série mais recente (1999), para o mesmo local, determinando-se os desvios do nível médio horário em relação ao nível médio anual (Figura 10.12). Desta forma, os resultados ficam independentes do nível de redução (NR) e da maré prevista. A comparação dos resultados só pode ser feita através de um estudo das variações do nível médio anual de 1986 até 1999. Apesar desta deficiência, é prudente considerar o intervalo de classe >60 para garantir uma margem de segurança nos prognósticos. Através dos resultados para os anos de 1979-86, verificamos que trata-se de um nível que pode ocorrer 1 vez ao ano. Assumindo preamar de sizígia e desvio de 0,60 m encontramos os valores de 0,87 e 0,77 para a Lagoa de Fora (Saquarema) e para Lagoa de Mombaça, respectivamente. Já que o nível atual da lagoa encontra-se a 0,40 m acima do datum vertical de Imbituba e considerando-se a ocorrência de crustáceos sésseis nas margens de substrato rochoso, na Lagoa de Mombaça, com uma faixa de 0,40 m de altura acima do nível atual, temos 0,80 m de nível observado. Isto significa que os níveis extremos previstos após a obra, praticamente não ultrapassarão aqueles que já ocorrem quando a barra é aberta com os métodos atuais.
RIMA da Abertura da Barra de Saquarema
Probabilidade Conjunta dos eventos de sizígia e empilhamento causado pelo vento na Ilha Fiscal no ano de 1999
4,50 4,00
Freqüência (%)
3,50 3,00 2,50 2,00 1,50 1,00 0,50 0,00 -40-30
-30-20
-20-10
-10-0
0-10
10-20
20-30
30-40
40-50
50-60
>60
Classes de valores (cm)
Figura 10.12: Probabilidade Conjunta (1999).
Através dos resultados para os anos de 1979-86, verificamos que trata-se de um nível que pode ocorrer 1 vez ao ano. Assumindo preamar de sizígia e desvio de 0,60 m encontramos os valores de 0,87 e 0,77 para a Lagoa de Fora (Saquarema) e para Lagoa de Mombaça, respectivamente. Já que o nível atual da lagoa encontra-se a 0,40 m acima do datum vertical de Imbituba e considerando-se a ocorrência de crustáceos sésseis nas margens de substrato rochoso, na Lagoa de Mombaça, com uma faixa de 0,40 m de altura acima do nível atual, temos 0,80 m de nível observado. Isto significa que os níveis extremos previstos após a obra, praticamente não ultrapassarão aqueles que já ocorrem quando a barra é aberta com os métodos atuais. As simulações com o modelo de transporte para o prognóstico da diluição da água do mar, parâmetro que promove a diversidade específica característica de um ambiente estuarino saudável, foram conduzidas de maneira que representassem extremos a partir da situação atual. Isto foi necessário já que este parâmetro é controlado, principalmente, por fatores que não dependem da obra e os altos valores atuais mostram que, mesmo com a barra fechada, a evaporação e a infiltração de água do mar, influenciam fortemente a distribuição de salinidade, durante os períodos de estiagem. Desta forma pode-se esperar que, na realidade, as condições de diluição apresentem maiores gradientes de salinidade. A prancha 10.3 mostra uma condição extrema, com valores de 12 a 35 UPS, do interior até a Lagoa de Fora.
11.1. Introdução O Sistema lagunar Fluminense pode estar entre os ecossistemas mais representativos e menos conhecidos cientificamente do Brasil, apesar do seu grande valor econômico, turístico e paisagístico, são poucos os estudos sobre sua ecologia. Oliveira (1954) caracteriza a fauna,
Página 28
11. Fauna e flora terrestre e marginal à Lagoa de Saquarema
RIMA da Abertura da Barra de Saquarema
Página 29
flora e fatores ambientais de algumas lagunas do Estado do Rio de Janeiro, estando incluída no estudo a laguna de Saquarema. As restingas possuíam uma rica e variada fauna no passado. Como prova disso, restam os topônimos no litoral: Jacarepaguá (lagoa dos jacarés), Camorim (dos robalos), Guaratiba (lagoa dos guarás), Sernambetiba (sítio dos sernambis), Araruama (viveiro de lontras). Segundo Maciel (1984), a fauna no passado era rica, com presença de várias espécies de mamíferos, répteis e aves. No presente, após a ocupação humana, com a realização de aterros, loteamentos e desmatamentos, as espécies mais representativas foram sendo expulsas do seu habitat natural. Para o Estado do Rio de Janeiro, o conhecimento da flora e da vegetação ainda sofre com grandes lacunas apesar das grandes listas florísticas. Ocupando uma área de transição entre ecossistemas (ecótones), a laguna de Saquarema apresenta no seu entorno uma vegetação típica de restinga com intrusões de manguezais. Com relação a sua composição florística, as restingas ainda não são bem conhecidas. Segundo os trabalhos de Araújo (1984), as restingas foram dividida em 12 comunidades vegetais, baseadas nas distribuições dos grupos florísticos para as restingas do Estado do Rio de Janeiro, também descritas pelos trabalhos de Rizzini (1979). A vegetação no entorno da laguna de Saquarema, segundo Araújo (1984), se enquadra nos seguintes grupos florísticos: Brejo herbáceo e Floresta permanentemente inundada. Segundo Kneip et al (1995), a cobertura vegetal remanescente da região do recôncavo de Saquarema foi classificada em cinco grupos: Floresta ombrófila densa, Floresta de baixada, Floresta inundada e Brejo herbáceo e ainda vegetação de restinga. De acordo com Araújo (1984), o primeiro estudo de fitogeografia no Brasil, realizado por Martius, dividia o território brasileiro em cinco províncias botânicas de modo muito generalizado, não separando a zona marítima numa província a parte. Outro tratado fitogeográfico, o de Egler, publicado no início deste século, dividiu o mundo em províncias naturais, baseado principalmente nos tipos de vegetação. Ele não tratou, porém, de particularidades regionais, deixando de incluir entre suas quatro zonas da província SulAmericana uma zona separada para a região do litoral (Loefgren, 1896). Aparentemente, o primeiro a denominar uma zona do litoral na sua divisão fitogeográfica foi Wappaeus (1884), que incluiu a planície com dunas e mangues e também as florestas atlânticas. Rodrigues (1903), analisando a distribuição das palmeiras no Brasil, também incluiu o litoral e as serras numa mesma categoria (Zona Marina), reconhecendo diferenças entre a faixa tropical (da Bahia para o Norte) e Sub tropical (da Bahia até o Rio Grande do Sul). Em seu tratado de Fitogeografia do Brasil, Rizzini (1979) descreve cinco formações vegetais que ocorrem nas planícies litorâneas brasileiras: comunidades halófilas de praias, “thickets” esclerófilas litorâneas, florestas paludosas, comunidades hidrófilas das depressões entre cordões e margens de lagoas de restingas e de savanas litorâneas (restritas ao Sul da Bahia). Sobre a vegetação do manguezal, a palavra “mangue” é empregada na designação de um grupo de espécies de árvores e arbustos que possuem adaptações que lhes permitem colonizar terrenos alagados e sujeitos a intrusões de águas salgadas (Cintrón & SchaefferNovelli, 1983). Trata-se de formações tropicais e sua origem está ligada à região IndoPacífica, sendo o Gênero Avicenia, um dos primeiros a aparecer e iniciar a distribuição dos mangues pelo Mundo (Chapmam, 1975). Esta distribuição alcança hoje a faixa entre as latitudes 30°N e 30°S, sendo que as espécies relatadas para esta região são as de Rhizophora mangle, Avicenia schaueriana e Lagunculária racemosa, que colonizam praias abrigadas em baías, lagunas e estuários de rios.
RIMA da Abertura da Barra de Saquarema
Os manguezais são ecossistemas geralmente associados aos ambientes costeiros de baixa circulação. O material vegetal senescente que contribui para a formação da serrapilheira produzida pelo mangue é liberado para o meio e se constitui em uma fonte de nutrientes utilizada pelos microorganismos, dando início à teia alimentar (Schmitz, et al 1990). Nos levantamentos feitos na região, Kneip (1997; 1994) e Araújo (1984) descrevem uma fauna pretérita dos sambaquis de Saquarema. A partir destes dados, foi possível constatar que ainda se encontram presentes na região algumas espécies de mamíferos, aves, répteis e anfíbios identificados nos sambaquis, demonstrando a resistência das espécies às mudanças ambientais. A mesma situação foi observada no levantamento faunístico feito por Maciel (1994) para as Restingas do Estado do Rio de Janeiro. 11.2. Material e Métodos O trabalho consistiu na coleta e identificação de plantas que ocorrem no entorno da laguna, onde se definiu a área de influência direta após a abertura da BARRA FRANCA. Com base na observação das principais formações superficiais e paisagens foram definidas as áreas de coleta, que consistiram, basicamente, nas regiões alagadas, descritas por Araújo (1984) como brejo herbáceo e florestas inundadas. O material coletado foi identificado, herborizado e preparado para confecção das esxicatas e documentação fotográfica. A caracterização das espécies de árvore de mangue foi feita em conformidade com os trabalhos de biogeografia de manguezais realizados por Cintrón & Schaeffer-Novelli (1983). e Chapman (1975). A caracterização faunística do entorno da laguna foi feita com base na observação direta (com binóculos), coleta de animais mortos natural e acidentalmente, e através de entrevistas com moradores. 11.3. Resultados O levantamento das espécies observadas na Laguna de Saquarema, listadas nas Tabelas12.1 a 12., se baseou nos trabalhos de Veloso et al (1991); Vanzolini (1972); Narchi (1978); Cabrera (1940), Schauensee (1982), Porto & Teixeira (1984) e Melo (1946).
Página 30
RIMA da Abertura da Barra de Saquarema
Tabela 11.1: Flora da margem do sistema lagunar de Saquarema ESPÉCIE
NOME VULGAR
Acrostichum aureum Acrostichum danaefolium Aechmea sp Cereus fernambucensis Clusia sp Eugenia sp Ficus sp Ipomea pes-capre Mimosa elliptica Panicum subulatumsp Paspalum vaginatum Schinus terebinthifolius Tibouchina maximiliana Dalbergia ecastophylla Rhizophora mangle Avicenia schaueriana Laguncularia racemosa Cyperus polystachyos Tabebuia cassinoides Typha dominguensis
samambaia do brejo samambaia do brejo pequena Figueira -Grama -Grama Aroeira quaresmeira -mangue -mangue -mangue Pau de Tamanco Taboa
Tabela 11.2: Fauna de mamíferos do sistema lagunar de Saquarema NOME VULGAR
Marmosops incanus Didelphis marsupialis Euphractus sexcincus Lutra enudris Cavia fulgida Lutra platensis Procion cancrivorus
Cuica Gambá Tatú Lontra Preá Lontra/Ariranha Mão Pelada
Página 31
ESPÉCIES
RIMA da Abertura da Barra de Saquarema
Tabela 11.3: Fauna de répteis do sistema lagunar de Saquarema ESPÉCIES
NOME VULGAR
Tupinambis teguixim
Teiú
Ameiva ameiva
Lagarto Verde
Trapidurus Torquatus
Calango
Hemidactylus mabouia
Lagartixa
Bothrops jararaca
Jararaca
Micrurus corallinus
Cobra coral
Boa constrictor
Jibóia
Spilotes pullatus
Caninana
Tabela 11.4: Fauna de anfíbios do sistema lagunar de Saquarema ESPÉCIES
NOME VULGAR
Hila geographica
Perereca
Hila faber
Sapo Martelo
Hila elegans
Perereca
Leptodactylus fuscus
Rã
Bufo crucifer
Sapo cururu
Bufo ictericus
Sapo Cururu
Página 32
RIMA da Abertura da Barra de Saquarema
Tabela 11.5: Fauna de aves do sistema lagunar de Saquarema ESPÉCIES Ardea cocoi Casmerodius alba Egretta egretta Florida caerueles Butorides striatus Nycticorax nycticorax Dendrocygna viduata Rallus nigricans Gallinula chloropus Porphyrula martinica Jacana jacana Vanellus chilensis Ceryle torquata Chloroceryle americana Buteo albicaudatus Procelleria aequinoctialis Puffinus puffinus Puffinus gravis Phalacrocorax olivacens Jabiru mycteria Catharidae aura Arundinicola leucocephala Pitangus sufuratus Amazonetta brasiliensis Euxenura maguari
NOME VULGAR socó-grande garça-branca-grande garça-branca-pequena garça-morena socozinho Savacu Irerê saracura-sana frango-d’água frango-d’água-azul Jaçana quero-quero Martim pescador grande Martin pescador pequeno Gavião Pardela Preta Bobo Pequeno Bobo Grande Biguá Jaburu Urubu de cabeça vermelha Freirinha Bem-te-vi Marreca do pé Vermelho João Grande
11.4. Discussão Flora Página 33
Após o período de coleta e observações, foi possível constatar que a vegetação no entorno da laguna corresponde à caracterização proposta por Araújo (1984), realizada com base no Tratado Fitoecológico de Rizzini (1979). De acordo com levantamento feito por Mendes et al (1980) na laguna de Saquarema, pode-se caracterizar a vegetação do entorno da laguna como vegetação da faixa litorânea e vegetação de mangue, citando a espécie Rhizophora mangle e a vegetação de baixada composta basicamente pela espécie Typha dominguensis, Tabebuia sp e Cyperus giganteus. Segundo a análise florística realizada por Araújo (1984) nas restingas do Estado do Rio de Janeiro, no que diz respeito as espécies que habitam as comunidades de brejo herbáceo e florestas inundadas na região de Maricá e Araruama (lagunas geográficamente próximas à
RIMA da Abertura da Barra de Saquarema
Fauna Com base nos trabalhos de Maciel, (1984); Kneip, (1994 & 1997); Oliveira, et al (1955), foi possível constatar que a fauna de mamíferos, aves, répteis e anfíbios ainda contribui com exemplares no entorno da laguna. Pode-se observar que os mamíferos, répteis e anfíbios que têm seu habitat próximo ou no perímetro lagunar, na maioria das vezes, transitam entre a restinga, laguna e florestas no entorno da laguna em busca de alimento, sendo muitas
Página 34
de Saquarema), constatou-se que algumas espécies identificadas se enquadram para a laguna de Saquarema, basicamente no seu entorno. A espécie Paspalum vaginatum se distribui no entorno das lagunas que compõem o sistema lagunar de Saquarema, ocupando regiões de transição entre as zonas de baixa e alta topografia, colonizando as margens em grande parte da laguna juntamente com o Panicum sp e Cyperus polystachyos em menor quantidade. No fundo da laguna de Urussanga, observa-se, próximo ao canal de Jaconé, pequenas ilhas, provavelmente formadas pela deposição de matéria orgânica e silte argila que permitiu a colonização das espécies Acrosticum aureum e Typha dominguensis. Até as proximidades do rio Tinguí, a fisionomia da vegetação é a mesma, gerada pela baixa profundidade e pouca circulação das massas d`água. Kneip (1997) classificou a cobertura vegetal remanescente da laguna de Saquarema como composta de ombrófila densa, floresta de baixada, floresta inundada e brejo herbáceo, sendo este último ainda presente na laguna. Durante as coletas, foi possivel observar que, as espécies representantes dos tipos identificados neste estudo, como Pitangueiras, (Eugenia sp), Caldo (Cereus fernambucensis), Camará (lantana camara), Pau de Tamanco (Tabebuia cassinoides), Aroeira (Schinus terebenthifolius), entre outras, também foram constatadas na área de transição brejo herbáceo e floresta inundada. Quanto a vegetação de manguezal, foi identificado sua maior presença nas lagunas de Fora, principalmente na desembocadura do rio Do Padre e rio Bacaxá, distribuindo-se também nas lagunas de Boqueirão, Jardim e Urussanga, em pequenas franjas isoladas. Foi possível notar em toda laguna um predomínio da espécie Laguncularia racemosa, principalmente na laguna de Urussanga. Segundo Cintron & Schaeffer-Novelli (1993), a espécie Laguncularia racemosa, consegue tolerar baixas concentrações de salinidade e colonizar sedimentos inconsolidados (lamoso), como os sedimentos arenosos, tendo uma boa penetração nas margens lagunares. Com a abertura da BARRA, as variações da salinidade serão mais negativas para a vegetação brejo herbácea, principalmente para a especie Typha dominguensis. A modelagem matemática prevê um aumento significativo da salinidade, em torno de 35‰ na laguna de Fora, que se dará diariamente com o efeito das marés. O “stress” provocado pela salinidade poderá provocar a morte da vegetação de Typha dominguensis na laguna de Fora , que poderá ser substituída pela vegetação de mangue já presente na laguna de Saquarema. Essas condições já foram observadas na laguna de Itaipú, município de Niterói, em 1978, onde, devido a baixa profundidade da laguna, as variações diárias da maré e perda de massa d`água, fizeram com que a vegetação do entorno da laguna de Itaipú composta basicamente por typha dominguensis, fosse totalmente substituída por árvores de mangue. No período anterior a colonização do mangue ocorreu a senescência dessa vegetação, onde os incêndios ao longo do tempo, propiciou a formação de um manguezal na linha entre marés. Atualmente, a planície de maré só é inundada totalmente, mediante marés de sizígia, o solo exposto ao sol tornou-se salino, não sendo mais colonizada por nenhuma espécie vegetal. Essa região tornou-se problemática posteriormente devido às invasões e por causa do lixo trazido pelas marés de sizígia.
RIMA da Abertura da Barra de Saquarema
vezes flagrados transitando pelas ruas que margeiam a laguna, principalmente à noite, onde são atropelados por veículos e se tornam presas fáceis para o homem. Atualmente, não é mais possível encontrar na região o Porco do Mato (Tayassuidae), a Onça (Felidae) e Veados (Cervidae), como menciona Kneip (1997) no levantamento da fauna pretérita de Saquarema. Porém, através das observações de campo, foi possível constatar a presença de gambás, lontra, cobras, lagartos, sapos , pererecas e rãs na vegetação brejo-herbácea estudada no entorno da laguna. Nesta região, foram encontradas outras espécies importantes, pertencentes à avifauna, que nidificam na vegetação do entorno, principalmente os socós, jaçaná, galinha d`água, biguá, saracuras, freirinha entre outros. Essas aves têm nesta vegetação seu habitat natural, com farta alimentação e locais propícios para sua proteção, devendo ser lembrado que a região no entorno da laguna, apresenta-se como área de refúgio e dormida para outras várias espécies de aves migratórias. Quanto aos répteis observados na região pode-se assinalar a presença de teiús, calangos e lagartixas, além de cobras como a coral, jibóia e jararaca assinalados na lista de espécies que compõem a fauna de restinga proposta por Maciel, (1984) e Kneip, (1997). Comuns em ambientes antropizados, os lagartos, lagartixas e calangos, são os principais répteis na região. Os trabalhos de Araújo (1990;1984) assinala que as espécies mais encontradas na restinga de Maricá são Tupinambis teguixim o (teiú), Tropidurus torquatus (calango) e Ameiva ameiva (lagarto verde), todos encontrados em Saquarema. Em relação aos anfíbios, estão largamente distribuídus no entorno da laguna, tanto nos brejos, rios, alagados e na restinga. As espécies capturadas também constam das espécies observadas por Maciel,(1984) e Kneip, (1997), para a laguna de Saquarema e restingas adjacentes.
12. Zooplâncton Foi feito um levantamento detalhado da fauna fitoplanctônica da laguna, cujos resultados são apresentados na Tabela 13.1 Tabela 13.1: Distribuição do zooplâncton na Lagoa de Saquarema 1 X X X X X X
2 X X X X X
3 X X X X -
4 X X X X -
5 X X X X
6 X X X X -
7 X X X -
8 X X X X
9 X X X -
10 X X X X -
11 X X X X -
12 X X X -
X X X X X X
X X X X X X
X X X X
X X X X -
X X X X X
X X X X
X X X X -
X X X -
X X X X -
X X X X -
X X X X X -
X X X -
Página 35
Organismos/Estações Limacina inflata Oikopleura dioica Isopoda Larva de cirripede Larva de decapoda Larva de polychaeta Larva de peixe (Engraulidae) Larva de peixe Ovo de Engraulidae Ovo de peixe Nauplii Copepodito Acartia tonsa Harpacticoida
RIMA da Abertura da Barra de Saquarema
A abertura do canal seria favorável para as comunidades zooplanctônicas, uma vez que, traria um enriquecimento com água costeira de aumento de oxigênio, alimentação e outras espécies poderiam ali sobreviver. Recomendo, no entanto, que seja feito um monitoramento para se avaliar o efeito dessas mudanças.
13. Bentos de fundos não consolidados A fauna presente nos sedimentos foi estudada afim de se determinar o estado atual da população bêntica e os impactos positivos e negativos da abertura da barra de Saquarema nesta população. As amostragens de bentos realizadas mostraram uma grande pobreza da macrofauna bentônica das lagoas analisadas. Os únicos organismos encontrados foram um pequeno molusco gastrópode- Eleobia australis e o molusco bivalve Anomalocardia brasiliana. O sedimento de toda a porção nordeste e noroeste da Lagoa de Fora encontrou-se anóxico, sem presença de macrofauna evidente. A porção sudeste desta lagoa abriga um grande banco de Anomalocardia brasiliana, que divide a dominância com o gastrópode Eleobia australis. Informações com pescadores locais e outras observações permitem afirmar, entretanto, que o siri Calinectes sapidus. e o camarão Penaeus brasiliensis ocorrem na lagoa. Essas espécies já foram reportadas na literatura sobre a lagoa em épocas passadas. Na Lagoa do Boqueirão foram coletados somente o gastrópode Eleobia australis e pequenos poliquetos que ficaram retidos na malha de 0,5 mm. Deve-se enfatizar que devido a exiguidade do tempo disponível, não foi realizada uma campanha de amotragem exaustiva que permita afirmar sobre a não ocorrência de outras espécies anteriormente reportadas na literatura sobre a Lagoa de Saquarema. Na Tabela 14.1 são apresentados os resultados obtidos para as estações amostradas nas quais coletou-se organismos da macrofauna bentônica além da Eleobia australis. Tabela 14.1: Organismos bentônicos encontrados na Lagoa de Saquarema durante o estudo. Tipo de fundo Lamoso
B-2 B-3 B-4 B-5 B-6
Areno-lodoso Areno-lodos Areno-lodoso Areno-lodoso Arenoso
Descrição dos organismos encontrados Organismos: não foram encontrados organismos vivos, apenas conchas de moluscos bivalves Eleobia australis Eleobia australis, Anomalocardia brasiliensis Eleobia australis; Anamalocardia brasilensis Eleobia australis Elobia australis
A fauna bentônica da Lagoa de Saquarema encontra-se bastante depauperada quando compara-se os resultados obtidos neste estudo com a literatura pretérita. Dentre as espécies existentes no local nenhuma possui restrições a um aumento da salinidade atual ou a variações de salinidade que possam vir a ocorrer devido à abertura da barra. Ao contrário, pode-se prever que a renovação das águas da lagoa irá causar um aumento da biodiversidade atual, ao permitir o aporte de larvas de espécies que não são mais encontradas no local.
Página 36
Estação B-1
RIMA da Abertura da Barra de Saquarema
14. Levantamento da ictiofauna da Lagoa de Saquarema
Página 37
Neste ambiente ocorre um ativo intercâmbio de organismos, água, nutrientes, matéria orgânica e sedimentos que envolvem processos de transporte e mistura das massas d’água, movimentos migratórios, variações na diversidade e abundância biótica, trocas ontogênicas nos ciclos biológicos e dinâmica na ecologia de alimentação. Muitas etapas reprodutivas, de dispersão de larvas e de ovos, distribuição de juvenis e migração para recrutamento e alimentação são regulados por estes canais e barras sazonais A importância das lagunas costeiras para as espécies que delas se utilizam reflete significativamente na produtividade da zona costeira uma vez que desempenham importante papel como áreas de desova, criação e refúgio para muitas espécies de peixes. Vários trabalhos foram realizados, visando descrever a composição e estrutura, bem como os padrões de variações espaciais e temporais dos grupos mais abundantes destes ambientes (Araújo F.G., 1998; Andreata et al., 1990; Barbieri et al., 1990; Brum et al., 1994 e Sergipense, S.,1997). O objetivo inicial deste estudo foi o de definir a composição da ictiofauna da lagoa de Saquarema, sua distribuição espacial e temporal onde serão analisadas a abundância e o índice de dominância das espécies capturadas. Após uma programa de amostragens mensais, no período de novembro de 1998 à outubro de 1999, foram capturados 30 espécies íctias na laguna de Saquarema, compreendendo 20 gêneros e 15 famílias totalizando 103,01 Kg de peixes. As famílias mais representativas em abundância numérica e peso, foram as famílias Ariidae, Scianidae, Gerreidae, Elopidae, Mugilidae e Clupeidae, em pelo menos uma estação do ano. Essas famílias se intercalaram na abundância numérica, no peso e no índice de Dominância, sendo as principais espécies capturadas as Arius spixii e Genidens genidens (Bagres), as Micropogonias furnieri (Corvina), as Diapterus rhombeus e olistostomus (Carapebas), a Elops saurus (Ubarana), as Mugil liza e Mugil curema (Tainhas e Paratis) e as Brevoortia aurea e pectinata (Savellhas), (Tabelas e Gráficos em anexo). Com relação as outras espécies encontradas na laguna, com exceção para a Achirus achirus (Tapa), da família Soleidae, que apresentou-se pouco dominante em todo período amostral, as demais obtiveram ocorrências raras no período de amostragem como podem ser observadas na lista das principais espécies capturadas na laguna. Com a abertura de uma Barra Franca na laguna de Saquarema, pode-se esperar que provavelmemte, segundo análise da distribuição da salinidade da laguna através de Modelagem Matemática, que este parâmetro no sentido laguna da Barra/Urrussanga, terá uma variação de 35 a 15 UPS respectivamente nos períodos de Preamar, e uma diluição das águas da laguna da Barra por ocasião das baixamares. O Balanço Hídrico também feito pela modelagem Matemática, igualmente nos mostra que, sendo a bacia de drenagem da laguna de Saquarema composta por rios de baixa vazão, a relação entrada e saída de água da laguna pela Barra Franca não será suficiente para elevar a salinidade no complexo lagunar de Saquarema. Muito embora cause um pequeno aumento da salinidade na laguna de Fora devido ao contato direto com o mar, isto não será suficiente para salinizar as lagunas de Boqueirão e Jardim e consequentemente a laguna de Urussanga. Analisando a laguna de Saquarema após abertura anual da Barra com base em observações de campo recentes verificou-se, que a salinidade da laguna se encontrava alta em relação ao período 1998/1999, atingindo valores de 35 UPS na laguna de Fora e 15UPS na laguna de Urussanga. Estes valores de salinidade provavelmente podem ser explicados pelo baixo nível lagunar e pela infiltração de água do mar oriunda de pequenas lagunas dispostas entre a laguna de Saguarema e o mar.
RIMA da Abertura da Barra de Saquarema
A laguna de Fora, aonde será realizada a obra hidraúlica BARRA FRANCA, provavelmente sentirá nos primeiros meses da abertura uma substituição ou diminuição das espécies mais dominantes citadas neste estudo. A variabilidade da temperatura e da salinidade diária (entradas e saídas de marés) vão impor um caráter mais marinho onde as espécies que ocorreram em menor abundância e domínio poderão se aproveitar dessas variáveis. Provavelmete haverá um rearranjo das comunidades íctias da laguna de Fora e, certamente, haverá uma pressão maior nas lagunas de Boqueirão, Jardim e Urussanga pelas espécies íctias que se utilizam desta laguna para reprodução, principalmente da família Ariidae residentes, onde haverá uma maior competição por espaço favoráveis para alimentação e reprodução. Outro fato esperado, é que as espécies de maior interesse econômico da laguna, Bagres, Carapebas, Tainhas e Corvinas, disponíveis espaço-temporalmente na laguna com a barra fechada, não mais fiquem retidas na laguna. Porém, podem transitar livremente pela Barra (Zona Costieira / Laguna), mediante suas necessidades biológicas. A área de Influência direta da obra, com certeza será basicamente sobre a laguna de Fora e indiretamente se estenderá para as lagunas de Boqueirão, Jardim e Urussanga em menor intensidade até que se mantenha um novo equilíbrio no Ecossistema lagunar de Saquarema.
Página 38