André Parente (ECO/ UFRJ) Em tempo real Trata-se de uma pesquisa de uma instalação que faça convergir certos problemas relacionados ao conceito de tempo real com certas questões trazidas pela questão da performance e do corpo. O artista se encontra em seu ateliê, deitado em uma rede, lendo Em busca do tempo perdido. Esta imagem é projetada na sala de projeção ao vivo, em tempo real. Ao artista, não resta outra opção senão a de ler o livro, tarefa que ele realizará durante o tempo da exposição (lembramos que o livro contém 7 tomos e requer pelo menos 4 semanas para ser lido). Em algum lugar da cena, há um espelho que permite que os visitantes se vejam inseridos na mesma, tal como o rei e a rainha no quadro “Las Meninas” de Velásquez. O que me interessa aqui é explorar a dimensão intermediária, fractal, que existe em vários elementos da instalação, contaminados que eles estão pela “ubiquidade” do tempo real, que, como no tempo proustiano, mistura presente e passado em um tempo processual como no fenômeno da paramnésia (“déjà vu”). Onde estou, aqui ou lá? O que é um corpo, um lugar, um momento, quando eles não se encontrem ancorados no “padecimento” imediato do que ocorre.
Carla Milani Damião (UESC) A representação pictórica do corpo morto: a Ophelia de Millais Temos em vista o quadro Ophelia (1851-52), de John Everett Millais. Associada à irmandade dos pré-rafaelitas, movimento artístico que se opunha ao Renascimento, ao qual Millais pertencia, encontramos a história da modelo que posou para este quadro e vários outros: Elisabeth Siddal. Marcel Proust demonstrou um interesse particular pela teoria em torno desse grupo, que tinha em John Ruskin, crítico de arte inglês, seu maior defensor. Além de traduzir textos de Ruskin, Proust reconta em um pequeno texto a vida e morte da modelo predileta dos pintores pré-rafaelitas. A versão biográfica proustiana de Elisabeth Siddal, a personagem Ofélia de Shakespeare em Hamlet e a pintura de Millais são os três componentes que serão analisados em função da representação da mulher envolta nos temas da loucura, do suicídio e da morte.
Carlos Lima (UERJ) A farmácia do sonho “A mulher é o flagelo do Justo” G. Flaubert
Com base nos esboços de uma estética da voluptuosidade elaborada por Friedrich Schlegel, principalmente em sua novela Lucinde, buscaremos traçar a partir da figura
feminina e fescenina, nas iluminações da pintura simbolista de Gustave Moreau e na literatura e poesia simbolistas (Nerval, Baudelaire, Laforgue), o ideal do sonho de uma onipotência da mulher. Ainda, no domínio da literatura, veremos a influência dessa Farmácia do Sonho na poesia surrealista de André Breton. Caminharemos através da obra de Moreau no que podemos denominar de êxtase da cor, cuja paleta terá um papel determinante na pintura de seus principais discípulos na Modernidade (Marquet, Rouault, Matisse). No Brasil, destacaremos a sua presença de forma singular na obra de Darcílio Lima e Edson Dantas. Calina Miwa Fujimura (UERJ)
Pilatos: o corpo em pedaço Este trabalho procura investigar na obra de Carlos Heitor Cony, Pilatos, quais as formas de representação do corpo criadas pelo autor. Os modos de se dizer o órgão masculino, encontrados pelo autor, têm início na escolha do nome do pênis do narrador – Herodes – e se prolongam nas imagens produzidas através da palavra-corpo que monta uma narrativa despreocupada com a obscenidade de suas imagens. Herodes é o corpo-pedaço que se aventura com seu dono despojado de falo pela narrativa. Ao destacar uma escrita escandalosa que fala do corpo e coloca no seu centro um pênis, num período marcado pelo regime militar, Carlos Heitor Cony coloca à prova os limites do bom gosto e da inteligência em literatura com uma escrita obscena e escrachada que experimenta a liberdade de quem se propõe a falar o corpo de mãos lavadas.
Evando Nascimento (UFJF) Hélio Oiticica: a vida e a arte como performance Leitura de obras de Hélio Oiticica sob o ponto de vista da performance. Interessa ver como em diversos trabalhos, e não apenas nas performances propriamente ditas, a partir dos anos 60, esteve envolvido o corpo como participante ativo da proposta artística. Nos penetráveis, bólides, cosmococas e em diversas outras intervenções estéticas, põe-se em cena não só o corpo do artista, mas também o do espectador. É com esses corpos performáticos que se sustentam a arte e a vida, ou seja, o Projeto Hélio Oiticica. Serão feitas referências filosóficas a Merleau-Ponty, Derrida e Jean-Luc Nancy.
Gabriel Cid de Garcia (UERJ) Regras para uma desnaturalização dos afetos: a imagem-pulsão e o corpo no cinema de terror contemporâneo O início do século XXI viu surgir, nos cinemas e no vídeo, diferentes filmes onde o atrativo principal parecia localizar-se no espetáculo da ruína do corpo. A procura crescente, ao redor do globo, por produções deste tipo, levando em conta suas
características comuns, propiciou até mesmo a criação de um termo específico para designá-las, o torture-porn. Por envolver imagens extremas e a transgressão do espaço que delimita atos e afetos moralmente aceitáveis e privilegiados, este fenômeno contemporâneo é passível de ser analisado a partir do que Deleuze denominou imagempulsão. Este regime de imagens aponta para afetos degenerados capazes de desarticular o modo pelo qual nos relacionamos com o corpo e suas representações. A crueldade apresentada na ficção permitiria um acesso imediato à crueza do real, atrelado a um amargo e visceral elogio ao sensível.
José da Costa (UNIRIO) Corpo, performance e política em Os Sertões do Teatro Oficina. Discussão de alguns aspectos do ciclo de cinco espetáculos teatrais realizado pelo Teatro Oficina, sob a direção de José Celso Martinez Corrêa. O foco da abordagem será a corporeidade nos agenciamentos políticos e modos de subjetivação promovidos pelo ciclo. A nudez, a erotização, a coletivização do corpo individual em meio aos coros são elementos que se associam nos espetáculos do ciclo Os sertões a uma apropriação politicamente interessada do livro de Euclides da Cunha, cujo discurso é transplantado para um horizonte de urgências e lutas do presente. A relação com o espaço urbano, a discussão das concepções de teatro e do exercício da profissão teatral, a crítica à espetacularização da vida, a resistência aos modos de captura dos desejos pelas redes de poder são aspectos constitutivos da perspectiva fortemente contemporânea das encenações que integram o ciclo. Para discussão do corpo e da performance política em Os sertões, é importante perceber também a associação que se verifica nos espetáculos entre a corporeidade e a imagem técnica, bem como entre corporeidade e a produção sonoro-musical. Tanto a captação de imagens ao vivo dos atores e sua imediata projeção ao lado da exibição de imagens pré-gravadas quanto a música ao vivo e em playback constituem o ambiente singular do corpo, o território desterritorializante de suas evoluções no espaço, num sistema específico do corpo-casa-universo e numa experimentação do corpo-sem-órgãos inspirada em Antonin Artaud.
Iracema Alves (IFF-Cabo Frio): O
corpo
trágico
em
Zaratustra
e
o
corpo
doente
em
Dostoiévski
A partir da leitura de alguns textos de Dostoiévski e Nietzsche, buscamos uma compreensão do corpo no final do século XIX diagnosticado como irremedialvelmente doentio pelo escritor russo e apresentado por Nietzsche como passível de uma intensificação trágica comparável à vivacidade encontrada na cultura da Grécia Antiga.
Kellen Dias (UERJ) Literatura líquida de O vendedor de passados
Como a fluidez de um rio. Água que vinha, passa, retém-se em pedra, segue o fluxo e vai adiante, mistura-se, torna-se outra, reinventa-se a todo tempo. O vendedor de passados, brilhante romance de José Eduardo Agualusa, toma forma d’água, liquefaz-se, segue a tendência pós-moderna de instabilidade e mudança. O livro é líquido, tal qual a modernidade é líquida, como metaforizou Zygmunt Bauman. E não seriam outros passos a seguir na análise desse livro líquido senão a tese líquida do polonês. De acordo com Bauman,“‘líquido-moderna’ é uma sociedade em que as condições sob as quais agem seus membros mudam num tempo mais curto do que aquele necessário para a consolidação, em hábitos e rotinas, das formas de agir”. A sociedade “líquido-moderna” tem uma necessidade tal de mudança que poderia apresentar não somente a necessidade de renovação do futuro, mas do passado também. E é essa necessidade, talvez sonhada por alguns indivíduos líquidos nesse aquário em que vivemos, que explora Agualusa em O vendedor de passados e que exploraremos nessa comunicação.
Leila Danziger (UERJ) “Pallaksch, Pallaksch” O trabalho apresentado parte da entropia das informações, especificamente da ‘matériajornal’, que se acumula vertiginosamente ao longo dos dias. Proponho apresentar um outro lado da série Diários públicos, desenvolvida desde 2001, em que apago os jornais. As informações são transformadas num emaranhado sem fim e suspeito que seja essa a forma mais verdadeira da informação jornalística. A leitura é um processo de extração, que remove o texto lido, e é vivida numa série de operações efetivamente materiais, tais como folhear, selecionar, extrair, dobrar ou estender, passar a ferro, relacionar, empilhar, fixar... Se a escrita manual é um trabalho que exige o corpo em integridade (como disse Barthes a respeito da pintura de Cy Twombly), o mesmo é válido para leitura (ler com todo o corpo, ler e emaranhar, ler e esquecer). Leitura ruminante e distraída; leitura defensiva que quer se proteger da brutalidade do real. “Pallaksch, Pallaksch” é centrado nos restos, nas informações dos jornais que são cuidadosamente retiradas e transformam-se num emaranhado sem fim. O título é retirado de um poema de Paul Celan: “Viesse/ viesse um homem ao mundo hoje/ com a barba de luz dos Patriarcas/ falasse/ se falasse ele deste tempo/ poderia apenas/ gaguejar e gaguejar/ sempre-e-sempre/ (‘Pallaksch. Pallaksch’)”. A palavra repetida que encerra o poema, incompreensível em todas as línguas, é atribuída a Hölderlin, que a criou em seu isolamento de décadas, numa torre às margens do rio Neckar. Creio que essa fala gaguejante e ao mesmo tempo rigorosa, pois nascida de uma tentativa de ser fiel à experiência de seu tempo, seja a forma justa – não exatamente verdadeira, mas sim justa – ao tentarmos falar da atualidade. “Pallaksch, Pallaksch” busca conferir inteligibilidade aos restos, às repetições, aos dejetos dessa fala da atualidade que são os jornais. Lívia Flores (UFRJ): Passa batido, mas não despercebido O projeto compreende duas etapas: 1. rastreamento do Rio Morto, isto é, das transformações ocorridas na paisagem ao longo da estrada que liga o Recreio dos Bandeirantes à Vargem Grande, através de registro periódico em vídeo e foto (iniciado em 2004). Interessa estabelecer uma relação
de ajuste entre velocidades, distâncias e ciclos - construindo uma espécie de relojoaria da paisagem - com vistas à percepção da mesma em outros termos: a paisagem-bombarelógio. 2. passa batido mas não despercebido consiste na manipulação das imagens captadas e na criação de dispositivos de projeção em função de sua configuração como obra no espaço expositivo. Propõe-se uma compressão espácio-temporal de um processo contínuo que ocorre a céu aberto: a própria cidade é compreendida como imagem em movimento.
Luiz Claudio da Costa (UERJ) e Adelaine Evaristo Silva (UERJ) Memória e arquivo: as práticas artísticas contemporâneas Essa comunicação consiste em apresentar as performances eu + você como uma série no interior da obra do artista plástico contemporâneo Ricardo Basbaum. A comunicação apresentará o desenvolvimento da pesquisa sobre arte e arquivo desenvolvida no Instituto de Artes da UERJ. Uma parte do trabalho será a apresentação do trabalho da aluna de graduação bolsista PIBIC e a outra será as conclusões teóricas que o pesquisador Luiz Cláudio da Costa vem desenvolvendo. A questão da comunicação é pensar a razão pela qual o artista na contemporaneidade rejeitou a obra de arte enquanto objeto e expõe somente os processos da obra. Trata-se de pensar em que medida a obra tornou-se o avesso da obra. O artista apresenta o mapa dos desvios da obra. A obra ela mesma é uma virtualidade abordada em atualizações e registros processuais. A obra tornou-se o arquivo dos documentos e dos registros de que obra foi abordada pelo artista e por seus espectadores. Toda experiência, todo material (objetos, gravações, registros, eventos etc.) são possíveis documentos da divisão da obra que é antes partilhada, porque é essencialmente um espaço virtual. Só pode ser abordada, jamais representada, com o risco de ser para sempre perdida. A obra sendo uma questão fundamental sobre a arte e o mundo em que ela se encontra, jamais se efetua como resultado ou objeto. Temos sempre somente a memória da obra que, ao se dividir em seus processos e registros, torna-se outra. Com isso, a obra contemporânea exige do observador seu corpo cuja performance de visitação e leitura resulta em sua própria fragmentação.
Maria Cecília Miranda Coelho (PUCSP-COGEAG) Helena - quando o lógos se fez corpo e habitou entre gregos e troianos. Tendo como fio condutor as palavras lógos (discurso) e soma (corpo), examinarei o famoso Elogio a Helena de Górgias, discutindo a inserção deste discurso nos corpora das obras do período clássico grego e a demarcação entre um texto filosófico e um literário. Por comparação, tratarei, também, do Elogio a Helena de Isócrates, que nos permite ver a presença desta famosa personagem feminina no coração do debate sobre os domínios da filosofia, da retórica e da sofística
Marcelo dos Santos (UERJ)
10 legendas para Imemorial de Rosângela Rennó Este trabalho tem como proposta duplificar o alcance de um ensaio escrito pelo autor para a obra Imemorial da artista plástica Rosângela Rennó. Como forma de abordagem da instalação, as legendas produzidas no ensaio procuravam pensar o desafio que a artista impôs sobre as possibilidades da manutenção do sujeito, do corpo, da identidade e da identificação e do discurso, ao manipular fotografias 3x4 de arquivo público. Neste trabalho, o objetivo é entender o canal de acesso que as legendas instauram como discurso performativo, utilizando as concepções sobre o performativo que Jonathan Culler oferece, ao observar a aderência e o desvio da linguagem diante das imagens dos rostos anônimos da obra de Rennó.
Márcia Tiburi (Mackensie-SP) Ofélia – a antininfa morta
O século XVIII interessou-se mais por Ofélia do que por Hamlet, que foi representada em imagens do que o herói infeliz pelo qual morreu. Muitos críticos questionavam o motivo da escolha de Shakespeare, outros tentavam sustentar sua pureza feminina contra a evidência de sua loucura. Gaston Bachelard, no século XX, chegou a chamar complexo de Ofélia à relação da imagem com as águas. Podemos compará-la à Moema de Victor Meirelles. Interpretações não faltam, mas o que nos cabe perguntar hoje é pelos motivos trágicos para matar uma mulher. O que há de comum no suicídio das mulheres na tragédia grega, na tragédia shakespeariana e nas artes visuais? O que é uma mulher morta? Por que deve aparecer morta, a que tipo de espetáculo serve? A história da pintura não é pornográfica, mas necrofílica. Ofélia é seu emblema e sua prova. Aquilo que podemos hoje, invertendo uma das mais correntes leituras da história da arte atual, a de Aby Warburg, chamar de antininfa.
Marcus Alexandre Motta (UERJ) Tomar os olhos de Orlando e fazê-los meus: performance de leitura O presente trabalho busca ler alguém em e por alguém, segundo uma autobiografia não pessoal. Nesse sentido, sua escrita destaca uma noção de performance criada pela leitura da obra Orlando de Virgínia Woolf, conforme um afeto de tipo filosófico e de imposição artística. Assim, o que se busca fazer entender é a interface admitida entre performance e leitura, dispondo de um dispositivo denominado leitor — como se fosse admissível tomar os olhos de Orlando e fazê-los meus. Maria Cristina Franco Ferraz (UFF) Corpo e dança contemporânea: movimento, virtualidade
Os movimentos nervosos e hiperexcitados do corpo na vida contemporânea vinculam-se a seu fechamento afetivo, acentuando uma inquietante sensação de vazio. Ao movimento frenético e ilusório, contrapõe-se o movimento total do corpo, tal como explorado na dança contemporânea. Extraído do pensamento do filósofo Henri Bergson, esse conceito foi desenvolvido pelo filósofo português José Gil, que tematizou o corpo paradoxal do bailarino, ressaltando a relação entre movimento e virtualidade, bem como suas implicações na dança contemporânea. A partir da experiência da dança contemporânea, serão desdobrados os conceitos de movimento total, ligado ao de virtualidade (virtual = real, sem ser atual) a fim de dimensionar de que modo, na dança, a pele reativa sua função como interface interior/exterior, abrindo a porosidade do corpo e tornando-o mais vivo, intenso e vibrátil.
Maria Conceição Monteiro (UERJ/CNPq) Cenas de um casamento: paixão e transgressão O ensaio analisa cenas de casamento, referenciadas à experiência do adultério, quer apenas no plano do desejo (Wuthering Heights), quer no ato físico (Heat and Dust). O interesse na paixão adúltera é inspirado pelo debate feminista contemporâneo sobre o amor e a sexualidade, apontando para uma concepção de literatura em que se enlaçam elementos políticos e propriamente literários. Com base em Beauvoir, explora-se a relação entre corpo e subjetividade, vista não como necessária ou arbitrária, mas contingente. Desenvolve-se a ideia de que a ambiguidade do corpo não está sujeita às leis naturais de causa e efeito, e tampouco constitui simplesmente resultado da consciência, do poder, da ideologia ou dos discursos regulatórios, sendo antes ligada à subjetividade.
Rosa Dias (UERJ) Do imaculado conhecimento: corpo e arte. A comunicação tem por objetivo analisar o capítulo “Do imaculado conhecimento”, da segunda parte de Assim falou Zaratustra. Mostrar que os filósofos contemplativos rebaixaram o corpo e consequentemente o instinto sexual ao atribuir-lhe grande importância. O filósofo que representa essa concepção é, segundo Nietzsche, Schopenhauer. Para ele, esse filósofo sempre lutou contra o atrativo sexual e exagerou quando compreendeu a arte como modo próprio para se libertar do desejo e da vontade para apaziguar temporariamente a dor de viver.
Ricardo Basbaum (UERJ): Sistema-Cinema Sistema-Cinema é o nome de um procedimento de captação, transmissão e gravação de imagens, em tempo real, que tenho utilizado, a partir de 2001, em conjunto com a construção de instalações, intervenções e objetos. Desse modo, uma camada a mais é
adicionada aos procedimentos de construção e instauração do projeto – externalizando algo da ordem do cinema. Com a utilização de equipamento básico de Circuito Fechado de Televisão (CFTV) – microcâmeras, sequencial de imagens, monitor e dispositivo de gravação –, o espaço arquitetônico (seja das estruturas arquitônico-escultóricas propostas, seja do espaço de exposição) é potencializado, criando regiões de visibilidade e de sombra, conforme as áreas sob enquadramento das câmeras. Por um lado, o visitante é defrontado com a possibilidade de experimentar o espaço da instalação também a partir da sequência de imagens, estabelecendo um contraste com sua própria presença corporal na instalação (olho do corpo x olho da câmera); por outro, o espaço arquitetônico é investigado em suas frestas, limites intersticiais e angulações diversas. Além disso, estas imagens são periodicamente gravadas, resultando em material de arquivo para a realização de novos vídeos. Estão em jogo dois blocos principais de questões: (1) problemas relacionados ao corpo e sua confrontação tanto com o espaço da instalação como com o ritmo das imagens; (2) a relação do dispositivo videográfico com os demais elementos da instalação (escultura, desenho etc), instaurando cine-narrativas potenciais em direto contato com a discursividade ali proposta (texto de artista).