Resumo - Ars Antiqua E Trovadorismo

  • November 2019
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Centro de Estudos Musicais Tom Jobim - Diego Augusto Maria Baptista - Evandro César Ferreto - Fernando Henrique Ferreira - Ígor Oliveira - Paula A. Arraya Aviles - Simone da Silva

ARS ANTIQUA .panorama histórico. .ars antiqua. .arte gótica. .organum. .instrumentos medievais. .trovadorismo.

PANORAMA HISTÓRICO O período histórico ao qual pertence a Ars Antiqua é conhecido como Baixa Idade Média, que corresponde ao período entre o século XII a meados do século XV, período bastante conturbado e de grandes transformações como: -

as Cruzadas peste negra crises na Igreja Católica crises no sistema feudal renascimento do mundo urbano revigoramento das atividades comerciais nascimento da burguesia fim do trabalho servil centralização do poder nas mãos dos monarcas

Renascimento das Cidades As cidades começaram a crescer devido ao desenvolvimento da agricultura e do comércio, além disso, ocorreu um fenômeno novo na idade média, o êxodo rural. Com o comércio ganhando força, regiões de feiras comercias se tornaram permanentes, vilas e cidades portuárias foram ganhando força. Várias cidades nasceram em volta dos muros das propriedades feudais, visando a proteção por eles proporcionada, essas cidades foram denominados burgos (do latim burgo: fortaleza). Os que habitavam os burgos exercendo atividades comerciais, foram denominados burgueses, constituindo assim, uma nova classe social no sistema feudal. Inicialmente essas cidades eram patrocinadas pelos senhores feudais, mas devido ao crescimento do comércio, e, conseqüentemente, o fortalecimento da burguesia, as cidades passaram a lutar por sua independência financeira. Obtida a independência, essas cidades constituíam uma hierarquia social livre, governada pelos setores mais enriquecidos do comércio. Revigoramento das Atividades Comerciais Esse revigoramento ocorreu ao mesmo tempo em que as cidades, a produção agrícola e a manufatureira cresciam. A princípio, o comercio supria as demandas internas, entretanto o comércio internacional era mais lucrativo e teve considerável auxílio das cruzadas. As Cruzadas

As Cruzadas foram expedições militares patrocinadas pela nobreza cristã e pela Igreja Católica visando a libertação de lugares sagrados do domínio mulçumano, como Jerusalém. Os motivos das cruzadas foram: Os turcos proibiram as peregrinações ao Santo Sepulcro, em Jerusalém, o que causou grande irritação na cristandade. Havia a necessidade política de auxiliar o Império Bizantino em sua luta contra os turcos. As Cruzadas também são vistas como uma "válvula de escape" para a crise provocada pela marginalização sócio econômica. Milhares de europeus marcharam em direção à "Terra Santa" obedecendo ao chamado da Igreja Católica, mas ao mesmo tempo, movidos pelo interesse na possibilidade de saque ou de conquista de terras E por fim, as cruzadas visavam a expansão do poder da Igreja Católica. Entre 1095 e 1221 houve setes cruzadas. As Cruzadas, no que se refere aos seus objetivos, foram um fracasso, mas apesar disso foram fundamentais para o desenvolvimento no campo dos conhecimentos científicos e geográficos e técnicos. Crise do Sistema Feudal O Sistema Feudal era determinado por uma série de padrões que vinham sendo construídos desde o século III, eram baseados no trabalho servil nas terras dos senhores feudais, constituídos pela nobreza e pela alta hierarquia da Igreja Católica. Com o crescimento da população, e conseqüentemente da nobreza, houve uma demanda maior de consumo, o que exigia um aumento de renda. Para obter esse aumento na renda, aumentou-se o grau de exploração da classe camponesa, o que gerou protestos, revoltas, e fugas para as cidades. Revoltas essas, que eram fortemente repreendidas. Nessa época, houve também consideráveis mudanças no quadro climático, devido à alta demanda de alimentos, regiões florestais foram derrubadas, essas mudanças geraram chuvas torrenciais constantes, o que ocasionava uma baixa produtividade agrícola. Isso gerou um aumento nos preços dos produtos agrícolas. Os europeus passaram a conviver com a fome, os índices de mortalidade aumentam consideravelmente e no século XIV a Europa teve de enfrentar a peste negra, que dizimou 1/3 da população da época. Outros fatos agravaram ainda mais a crise do Sistema Feudal, como a escassez de minérios para a cunhagem de moedas, o que ocasionava constante inflação, o crescimento da burguesia comercial, o fortalecimento da autoridade real - o que proporcionou uma sustentação do poder da nobreza - e finalmente, ocorreu uma crise no plano religioso da população. Tantas desgraças afetaram profundamente a mente do homem europeu, fazendo com que o mesmo buscasse novas necessidades espirituais, uma nova concepção do homem e da religião, o que exigia da Igreja uma teologia mais dinâmica, pois essa já não atingia os fiéis com a mesma facilidade. Crises na Igreja Católica

A principal crise na Igreja foi quando houve o Grande-Cisma, a separação da Igreja Católica do Ocidente, com sede em Roma, com a Igreja Católica do Oriente, com sede em Constantinopla, atual Istambul. Toda a crise começou quando Miguel Cerulário se tornou patriarca em Constantinopla e começou um movimento contra as igrejas latinas em Constantinopla, devido a questões teológicas sobre o Espírito-Santo. Em 1054 Roma então enviou o cardeal Humberto com a finalidade de resolver a crise, que terminou com a excomunhão de Cerulário, que foi entendida como a excomunhão de toda a Igreja Bizantina, Cerulário então excomungou o Papa Leão IX. Essa ruptura foi aprofundada devido ao saqueamento de Constantinopla durante a Quarta Cruzada (1202 – 1204) e o estabelecimento do Império Latino (Ocidental) durante alguns anos. Posteriormente houve tentativas de reunificação das duas Igrejas, mas elas se acabaram efetivamente com a tomada de Constantinopla pelos turcos otomanos em 1453, que durou por vários séculos. As excomunhões mútuas somente foram revistas em 1965 pelo Papa Paulo VI, mas as excomunhões foram somente retiradas um ano depois, em 1966.

ARS ANTIQUA Ars Antiqua é o período na história da música ocidental que corresponde à baixa Idade-Média, mais precisamente entre os anos de 1170 a 1310 - 1320, e é o período, na música sacra, em que se origina a polifonia, nas escolas de SaintMartial e de Notre-Dame, na França, se estendendo até os primórdios do moteto. Na música secular ocorria o trovadorismo. A Ars Antiqua é às vezes dividida em dois grandes períodos, o Baixo Gótico e o Alto Gótico. O Baixo Gótico compreende toda a criação musical na Escola de NotreDame até 1260, e o Alto Gótico, até 1310 -1320, convencionado como o início da Ars Nova. Devido à separação da Igreja Católica, em 1054, há um certo enfraquecimento do poder da Igreja, o que oferece uma abertura para o surgimento da polifonia, o que conseqüentemente acarretará na busca de melhores sistemas de notação. O surgimento da polifonia se dá de uma maneira muito gradativa, no início as vozes eram dobradas em oitavas, e posteriormente foi acrescentada uma terceira voz, que cantava uma 5ª acima da voz mais grave. Isso ficou conhecido como organum (plural de organum: organa). Antes dos organa serem aceitos oficialmente na Igreja, eles eram uma prática de improvisação do cantochão, que ainda era ensinado monódicamente. Foi nesse momento que ocorreu o Cisma de Igreja Católica, pelo Papa Cerulário, que separa a

Igreja de Constantinopla da Igreja de Roma. A Igreja Ortodoxa Oriental manteve a prática do cantochão monódico. Em seguida, os compositores foram se liberando do paralelismo, utilizando também movimentos contrários e oblíquos, surge então o organum livre. No início do século XII surgiu um novo estilo de organum, no qual a vox organalis, a voz mais alta, se movia livremente, com notas de menor duração, sobre a vox principalis (a voz mais grave), que se entendia em notas mais longas. Esse tipo de organum ficou conhecido como organum melismático. Os primeiros textos da ars antiqua foram encontrados na biblioteca da Igreja de Saint-Marcial, em Limoges, que ficou conhecida por abrigar a Escola de SaintMarcial. Mas o desenvolvimento dessa arte teve lugar na Catedral de Notre-dame, em Paris. Toda a obra ali desenvolvida ficou sendo conhecida como oriunda da Escola de Notre-Dame (Schola Cantorium). Desde o início da Catedral de Notre-Dame, em 1163, Paris tornou-se um importante centro cultural onde os organa alcançaram um alto nível de sofisticação; graças a um grupo de compositores pertencentes à Escola de Notre-Dame. Mas apenas o nome de dois desses compositores chegaram ao conhecimento da história, Léonin e Pérotin. O primeiro grande representante da Escola de Notre-Dame foi Léonin (Magister Léonius, c.1135 - 1201), compositor de vários organa, era mestre da capela da igreja de Bienhereuse-Vièrge-Marie, que posteriormente viria a ser a Catedral de Notre-Dame. Porém, quem se tornou mais conhecido foi seu aluno, Pérotin (Magister Petronius c. 1160 – c. 1236). Léonin usava um organum melismático construído da seguinte forma: um cantochão em estilo silábico, ou seja, uma nota para cada sílaba, e aumentava seus valores, sendo esta a parte do tenor, acima desta ele empregava um duplum com notas mais curtas e ritmos oriundos da dança e da poesia, ele também inseria uma parte conhecida como clausula, de estilo descante (contrapontual). Pouco se sabe sobre Léonin, as únicas fontes de informação sobre sua vida e trabalho são os escritos de um teórico inglês conhecido como Anônimo IV, que no século XIII revisa o “Magnus Liber Organi” (Grande Livro de Organum), atribuído à Léonin. A Pérotin atribuiu-se modificações no organum. Sucessor de Léonin no coro da Catedral ele introduziu o triplum (uma terceira voz acima do duplum) e um quadriplum (uma quarta voz). Ele também compôs clausulas. Em 1875 algumas de suas composições foram reproduzidas pelo musicólogo holandês Edmond de Coussemaker em sua “Arte Harmônica dos séculos XII e XIII”.

ARTE GÓTICA Introdução O estilo Gótico desenvolveu-se na Europa, principalmente na França, durante a Baixa Idade Média e é identificado como a Arte das Catedrais. A partir do século XII a França conheceu transformações importantes, caracterizadas pelo desenvolvimento comercial e urbano e pela centralização política, elementos que marcam o início da crise do sistema feudal. No entanto, o movimento a arraigada cultura religiosa e o movimento cruzadista preservavam o papel da Igreja na sociedade. Enquanto a Arte Românica tem um caráter religioso tomando os mosteiros como referência, a Arte Gótica reflete o desenvolvimento das cidades. Porém deve-se entender o desenvolvimento da época ainda preso à religiosidade, que nesse período se transforma com a escolástica, contribuindo para o desenvolvimento racional das ciências, tendo Deus como elemento supremo. Dessa maneira percebe uma renovação das formas, caracterizada pela verticalidade e por maior exatidão em seus traços, porém com o objetivo de expressar a harmonia divina. O termo Gótico foi utilizado pelos italianos renascentistas, que consideravam a Idade Média como a idade das trevas, época de bárbaros, e como para eles os godos eram o povo bárbaro mais conhecido, utilizaram a expressão gótica para designar o que até então chamava-se "Arte Francesa ". Arquitetura A arquitetura foi a principal expressão da Arte Gótica e propagou-se por diversas regiões da Europa, principalmente com as construções de imponentes igrejas. Apoiava-se nos princípios de um forte simbolismo teológico, fruto do mais puro pensamento escolástico: as paredes eram a base espiritual da Igreja, os pilares representavam os santos, e os arcos e os nervos eram o caminho para Deus. Além disso, nos vitrais pintados e decorados se ensinava ao povo, por meio da mágica luminosidade de suas cores, as histórias e relatos contidos nas Sagradas Escrituras. Do ponto de vista material, a construção gótica, de modo geral, se diferenciou pela elevação e desmaterialização das paredes, assim como pela especial distribuição da luz no espaço. Tudo isso foi possível graças a duas das inovações arquitetônicas mais importantes desse período: o arco em ponta, responsável pela elevação vertical do edifício, e a abóbada cruzada, que veio permitir a cobertura de espaços quadrados, curvos ou irregulares. No entanto, ainda considera-se o arco de ogiva como a característica marcante deste estilo. A primeira das catedrais construídas em estilo gótico puro foi a de Saint-Denis, em Paris, e a partir desta, dezenas de construções com as mesmas características serão erguidas em toda a França. A construção de uma Catedral passou a representar a grandeza da cidade, onde os recursos eram obtidos das mais variadas formas, normalmente fruto das contribuições dos fiéis, tanto membros da

burguesia com das camadas populares; normalmente as obras duravam algumas décadas, algumas mais de século. Escultura A escultura gótica desenvolveu-se paralelamente à arquitetura das Igrejas e está presente nas fachadas, tímpanos e portais das catedrais, que foram o espaço ideal para sua realização. Caracterizou-se por um calculado naturalismo que, mais do que as formas da realidade, procurou expressar a beleza ideal do divino; no entanto a escultura pode ser vista como um complemento à arquitetura, na medida em que a maior parte das obras foi desenvolvida separadamente e depois colocadas no interiro das Igrejas, não fazendo parte necessariamente da estrutura arquitetônica. A princípio, as estátuas eram alongadas e não possuíam qualquer movimento, com um acentuado predomínio da verticalidade, o que praticamente as fazia desaparecer. A rejeição à frontalidade é considerado um aspecto inovador e a rotação das figuras passa a idéia de movimento, quebrando o rigorismo formal. As figuras vão adquirindo naturalidade e dinamismo, as formas se tornam arredondadas, a expressão do rosto se acentua e aparecem as primeiras cenas de diálogo nos portais. Pintura A pintura teve um papel importante na arte gótica pois pretendeu transmitir não apenas as cenas tradicionais que marcam a religião, mas a leveza e a pureza da religiosidade, com o nítido objetivo de emocionar o expectador. Caracterizada pelo naturalismo e pelo simbolismo, utilizou-se principalmente de cores claras "Em estreito contato com a iconografia cristã, a linguagem das cores era completamente definida: o azul, por exemplo, era a cor da Virgem Maria, e o marrom, a de São João Batista. A manifestação da idéia de um espaço sagrado e atemporal, alheio à vida mundana, foi conseguida com a substituição da luz por fundos dourados. Essas técnicas e conceitos foram aplicados tanto na pintura mural quanto no retábulo e na iluminação de livros".

OS MODOS RÍTMICOS

O sistema de notação rítmica que os compositores do século XI e XII usavam, era representado por certas combinações de notas e grupos de notas. Por volta de 1250 estes padrões já haviam sido codificados como uma série de seis modos rítmicos, os quais correspondem aos pés métricos da poesia francesa e latina.

Teoricamente, seguindo esse sistema, uma melodia no modo I, deveria consistir num número indefinido de repetições do padrão , terminando cada frase com uma pausa, que substituía a segunda nota da unidade.

ORGANUM PARALELO séc. IX.

A voz principalis, que conservava o cantochão original, é duplicada num intervalo inferior de quarta ou quinta, a vox organalis. As duas vozes podiam ainda ser duplicadas à oitava, resultando num organum paralelo modificado a quatro vozes.

Texto: Vós sois o filho do Pai eterno. Organum livre Séc. XI. Nos dois séculos seguintes, os compositores foram dando alguns passos no sentido de liberar a voz organal de seu papel como cópia fiel da voz principal. Além do movimento paralelo, a voz organal também usava o movimento contrário, oblíquo e movimento direto, seguindo a mesma direção da voz principal, mas não exatamente pelos mesmos intervalos.

Organum melismático Séc. XII.

Um novo estilo de organum surge no século XII. O cantochão, que agora orresponde à voz mais grave, se estica por notas de maior valor permitindo que a voz mais aguda se mova livremente com notas de menor valor. A voz principalis, agora mais grave, passa a ser chamada de tenor, que vem do Latim “tenere” (manter), e a oz superior cantando várias notas numa única sílaba, recebe o nome de melisma.

Outro exemplo:

Organum de Notre Dame

Mais tarde, ainda no século XII, por volta de 1150, foi construída em Paris, a “Escola de Notre Dame”, onde um grupo de estudiosos se reuniu a fim de aprimorar ainda mais as formas polifônicas. Apenas o nome de dois desses compositores chegaram até nós: Léonin e Pérotin. Organum duplum (Léonin)

O Mestre de coro da catedral de Notre Dame, Léonin, usava um cantochão de estilo silábico, ou seja, uma nota para cada sílaba, e aumentava o valor dessas notas de tal forma que elas talvez fossem tocadas ao invés de cantadas. Acima desta linha considerada tenor, um solista canta frases melismáticas sem texto, conhecida como duplum.

Léonin também inseria em seus organa, uma parte conhecida como clausula, onde o estilo contrapontual descante era utilizado. Num determinado trecho do canto o tenor que se estendia por longas notas, agora cantava em andamento mais rápido, dentro do mesmo ritmo da voz superior.

Organum triplum (Pérotin)

Pérotin, que foi aluno e sucessor de Léonin, revisou grande número de organa anteriores a fim de torná-los ainda mais modernos. A um organum duplum ele poderia criar uma terceira voz (triplum), e até uma quarta voz (quadruplum).

Conductus O termo vem do latim e significa guia; conduto. Designava inicialmente a composição executada nas procissões e nos momentos em que o padre caminhava pela igreja (donde a idéia de “conduzir”). Essa função para o conductus é a chave para a compreensão das suas características - da mesma forma como na marcha, os acentos, andamentos e compassos podem ser explicados pela sua função de marcar os movimentos de grupos humanos. As vozes se relacionam, no conductus, quase sempre notacontra-nota, ao contrário das clausulas, o que servia para reforçar a idéia de procissão. A regularidade é outra constante no conductus. O fato de seus versos serem medidos teve conseqüências significativas no plano musical. Repare neste conductus a igualdade no tamanho das frases, todas de dois compassos, separadas por uma pausa de semínima.

OBS: Evidente que o que temos aqui é uma transcrição moderna do que, se supõe, era executado. Elementos como barra de compasso são bem mais recentes e são usados aqui para facilitar a compreensão.

Os conductus são composições atemáticas - não temos aí nenhum desenvolvimento sistemático de uma idéia melódica, mas, no entanto, há repetições de pequenas frases, inclusive em vozes diferentes, o que confirma a preocupação consciente do problema da unidade que a polifonia (cada vez mais complexa) criava. A tradição de se tomar uma melodia do cantochão para estruturar a peça também é largada. Isto é importante por que enquanto um cantus firmus percorria toda uma composição, a unidade desta estava garantida. Mas a ausência dele fez com que os compositores procurassem outras saídas - aí está o início do processo que dará origem ao desenvolvimento melódico. Moteto Surgido a partir do século XII, o moteto é um gênero polifônico que utiliza textos em várias línguas. Dessa característica vem a origem do termo, mot, que em francês significa “palavra”, e seu apogeu será no século XVI no uso do contraponto modal. Na Escola de Notre-Dame, o moteto era feito a partir de uma clausula em que se mudava o texto da voz superior (duplum) para um texto diferente daquele executado pelo cantus firmus. Acima do duplum, foi acrescentada um terceira voz, o triplum, em um ritmo mais rápido.

TROVADORISMO

Movimento poético-musical iniciado na França. Ocorreu na música secular (música profana, ou seja, sem caráter religioso.) Ao sul do rio Loire surgem, por volta de 1100, os Trovadores (Troubadours, “Descobridores”, cujo idioma era Langue d’oc), e ao norte, por volta de 1150, surgem os Troveiros (Trouvères, “Inventores”, cujo idioma era Langue d’oil). Tanto os Trovadores como os Troveiros não se restringiam a uma só classe social, podiam ser tanto da classe baixa como da classe alta, burgueses ou reis. Eram em geral pessoas cultas, que escreviam poemas sobre amor platônico, as Cruzadas, sátiras políticas ou religiosas, e às vezes as musicavam, ou deixavam esse papel para os menestréis. Geralmente a preocupação com o texto era maior do que a preocupação com a música, o que deixava o poema mais complexo do que a melodia. Suas melodias tinham a tonalidade bem clara, mas o ritmo vinha provavelmente do ritmo natural

das palavras. A estrutura das canções vinha das formas da dança, principalmente Virelay (ABbaA), Rondeau (ABaAabAB), e Ballade (AaBC). Suas canções eram basicamente silábicas, com um ou outro melisma. Havia espaço para o improviso nas mudanças de estrofes. Normalmente eram baseados em melodias e modos gregorianos (principalmente o primeiro e o sétimo, e seus plagais). Algumas das notas eram acidentadas, o que aproximava os modos dos atuais modos maior e menor. Os trovadores escreviam principalmente sobre amor, às vezes de forma sensual, outras de forma mística. Possivelmente a natureza do amor em questão era uma mulher real, casada com outro homem, que era descrita como sendo tão perfeita e pura que iria contra a sua natureza corresponder ao amor do admirador. Suas composições eram mais livres do que as dos troveiros, tanto rítmica quanto melodicamente. Até hoje, foram encontradas cerca de 350 melodias e 2600 letras. Os troveiros usavam frases mais simples e curtas, fáceis de decorar, de tal forma que suas melodias eram mais lineares e simples do que as dos trovadores. A partir do séc. XIII começaram a escrever cantigas de natureza religiosa. Até hoje foram encontradas cerca de 4000 melodias e 2000 letras. Inspirados pelos trovadores, surgem na Alemanha os minnesinger, que cantavam sobre o amor de forma mais abstrata.

INSTRUMENTOS MEDIEVAIS

Galubé e tamboril: flauta de duas faces, tocada por uma só pessoa. Charamela: instrumento de sopro e palheta dupla, de grande sonoridade, um dos antepassados do oboé. Corneto: feito de marfim ou madeira e guarnecido de couro; possuía bocal parecido com o do trompete, mas com orifícios para os dedos, como os da flauta. Órgão: além do órgão de igreja, havia o órgão portátil – peça pequena, de poucas notas -, que podia ser carregado com facilidade. Carrilhão: conjunto de sinos graduados de acordo com o tamanho e a altura dos sons, para ser tocado com martelos de metal. Cítola ou ciste: instrumento com quatro cordas de arame que eram tangidas com os dedos Harpa: menor em tamanho do que a harpa moderna, e com muito menos cordas.

Viela: ligeiramente maior que as violas modernas, possuía um cavalete um tanto achatado que permitia que uma corda fosse tocada ao mesmo tempo em que a outra. Rebec: instrumento em forma de pêra, geralmente de três cordas friccionadas com arco.

BIBLIOGRAFIA • BENNETT, Roy - Uma Breve História da Música •

MORAES, José Geraldo. Caminho das Civilizações. São Paulo, Atual.1994

• GROUT, Donald J. e PALISCA, Claude V. – História da Música Ocidental



PALISCA, Claude V. – Norton Anthology of Western Music. Volume I; Yale University. 2001 4a edição



ALPSINA, P & SESÉ, F., La Música e su Evolucion – história de la música com propoestas didácticas y 49 audiciones, Barcelona, ed. Grão, 2000.



GOLDAR, A. & ALFYA, J., História Universal de la Música, Madrid, ed. Taurus, 1986.



PIRENNE, H., As Cidades da Idade Média, Lisboa, ed. Europa-América, 1964.



RAYNO, H., História Social da Música – da Idade Média à Beethoven, Rio de Janeiro, ed. Guanabara, 1981.

Sites (Acessados entre 17/10 à 29/10)

http://www.wikipedia.org/ www.musicaeadoracao.com.br • http://www.historianet.com.br/ • •

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