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FACULDADE SANTA MARIA CURSO DE GRADUAÇÃO EM MEDICINA

Resenha

Aluna: Márley Rândley de Sousa Bezerra. Tutora: Maura Vanessa.

Cajazeiras - PB

Introdução Os autores Hêider Aurélio Pinto; Juliano Carvalho Lima; Regina Aurora Trino Romano e Luís Claudio de Carvalho escreveram o livro intitulado como “O SUS e os processos de trabalho em saúde”, obra didática da Escola Nacional de Saúde Pública do curso “ Formação Docente em Educação Profissional Técnica na Área da Saúde”. Eles têm como intuito principal mostrar as mudanças ocorridas com o panorama epidemiológico da população brasileira, além de discutir os conceitos de saúde-doença, quais são os modelos tecnoassistencialistas encontrados no Brasil e de que forma eles se aplicam na prática.

Resumo Os autores primeiramente indagam quais as causas e o porquê que alguns grupos de pessoas morrem mais cedo. Depois eles relatam que no Brasil, apesar de haver índices de mortes por doenças nãoinfecciosas, ainda é notório a mortalidade causada por doenças infectoparasitárias e que isso se verifica principalmente entre os grupos de pessoas menos favorecidas. O desenvolvimento dessas doenças, nesse grupo específico, está atrelado a diversos fatores como: relações socioeconômicas e ambientais, o processo de industrialização, urbanização, classe social em que determinado grupo está inserido e, é claro, a fatores biológicos. Além disso, existe um processo histórico envolvido que determina que, com o passar do tempo, as formas de adoecer e morrer vão se modificando e o conjunto desses elementos influencia, de certa forma, a situação geral de saúde dos indivíduos. Isso pode ser observado, como o próprio autor cita, quando diz que as pessoas menos favorecidas são as principais vítimas, não só de doenças infecto-parasitárias, devido a falta de acesso a saneamento básico, como também por doenças crônico-degenerativas, pois apresentam maiores fatores de risco como o tabagismo e a má alimentação. Além do que esse grupo apresenta maiores probabilidades de mortalidade, pois são privados de recursos financeiros que possa arcar com diagnóstico e tratamento.

É apontado também que para que se tenha uma eficiência no sistema de saúde de um país não é preciso que ele tenha apenas poder econômico, mas que esse recurso seja distribuído para a população de forma que venha efetivar o sistema de saúde pública. Um exemplo desse processo ocorre no Japão, um país que tem a maior expectativa de vida do mundo não pelo poder aquisitivo que ele traz, mas sim pela forma que é distribuída a riqueza em prol da saúde da população. Já a respeito do conceito de doença, os autores abriram uma visão bem mais ampla daquilo que já é definido, como sendo a ausência da saúde. Eles foram mais a fundo, pois identificaram que o conceito de doença foi formado ao longo do processo histórico, ou seja, dependendo da época, os critérios e a classificação desses estados de ausência de saúde vão se modificando. Na Antiguidade Clássica, por exemplo, acreditava-se que a loucura era um estado de divindade em que a pessoa, considerada louca, encontrava-se, ou seja, o louco era visto como uma pessoa divina. Já na Idade Média, essa visão foi modificada ao passo que o louco era visto, agora, como um símbolo do mal, portanto deveria ser excluído do meio social. Ou seja, percebe-se que dependendo do contexto histórico, um estado comportamental pode ser interpretado como saúde ou como doença. Ao passo em que esses conceitos foram se modificando com o tempo, a forma de se fazer a medicina também foi sofrendo suas mudanças. Segundo os autores, a Medicina antigamente era mais voltada para a prática social. Com o passar do tempo, com o desenvolvimento tecnológico e a industrialização de fármacos, isso foi se modificando de forma que hoje, a Medicina está mais voltada para a doença em si e não para os doentes. A visão médica atual é determinada por seus aspectos microbiológicos, fisiológicos e anatomo-patológicos. Dessa forma, a Medicina aos poucos foi se adequando aos constituintes da racionalidade científica, onde o profissional médico visualiza o paciente como se ele fosse uma máquina a qual ele vai desmontando suas peças e remontando, e que a doença é um problema em alguma dessas peças. Esse raciocínio demonstra como a humanização médica para com o seu paciente é falho e ao mesmo tempo explica o motivo da deficiência do atendimento e do tratamento na sociedade atual.

Para tentar minimizar esses processos de discrepância para com a saúde da população, tem-se criado vários modelos tecnoassistencialistas como exemplo o SUS. Esses sistemas assistencialistas denotam que para haver uma efetividade dos programas de saúde, primeiramente os usuários devem ser vistos como sujeitos e não como coleções de corpos, além disso, o processo de construção de modos de atendimento deve ser baseado a partir da análise coletiva de determinada população, levando em conta os aspectos geográficos, os riscos daquele ambiente e o modo de vida, todos eles são elementos que variam entre as comunidades. Dessa forma, é mais fácil se ter uma conclusão maior dos parâmetros epidemiológicos que afetam determinada população.

Posicionamento Crítico Esses sistemas tecno-assistencialistas são bem fundamentados no papel, no entanto, trazendo para nossa realidade, os mesmos não se aplicam. Infelizmente existem fatores que impedem a realização desses mecanismos tudo em prol do capitalismo. A indústria farmacêutica, por exemplo, colabora de todas as formas para que haja maiores índices de adoecimento para que assim, possa se beneficiar dos lucros gerados pela venda de fármacos. Muitas vezes, os mesmos donos de empresas de fabricação de cigarro ou bebida, são os mesmo donos de indústrias que vendem remédios que atuam minimizando os efeitos desses produtos, ou seja, há uma manipulação da própria saúde da população. A gestão de USF também por diversas vezes é provida de interesses lucrativos de forma que, por trás de muitas gestões de saúde são escondidos movimentos políticos que, geralmente são providos de intensa corrupção. Finalmente entende-se um pouco o porquê da não legitimação dos sistemas de saúde no Brasil.

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