RESENHA CALVINO DE A a Z Categoria: Pensadores Cristãos HERMINSTEN COSTA POR
Marcelo Nascimento
Ele viveu cinqüenta e quatro anos, dez meses, e dezessete dias, dedicou metade de sua vida ao sagrado ministério. Ele tinha estatura mediana; a aparência sombria e pálida; os olhos eram brilhantes até mesmo na morte, expressando a agudez da sua compreensão. Theodore Beza Eu poderia feliz e proveitosamente assentar me e passar o resto de minha vida somente com Calvino. Carta de Karl Barth ao amigo Eduard Thurneysen, escrita em 8 de junho de 1922. Calvino, falando das diversas calúnias que levantavam contra ele, partindo, inclusive, de falsos irmãos, diz: Só porque afirmo e mantenho que o mundo é dirigido e governado pela secreta providência de Deus, uma multidão de homens presunçosos se ergue contra mim alegando que apresento como sendo o autor do pecado. [...] Outros tudo fazem para destruir o eterno propósito divino da predestinação, pela qual Deus distingue entre réprobos e os eleitos. O que nos chama a atenção na aproximação bíblica de Calvino é, primeiramente, o seu amplo e em geral preciso conhecimento dos clássicos da exegese bíblica, os quais cita com abundância, especialmente Crisóstomo, Agostinho e Bernardo de Claraval. Outro aspecto é o domínio de algumas das principais obras dos teólogos protestantes contemporâneos, tais como Melanchton a quem considerava um homem de incomparável conhecimento nos mais elevados ramos da literatura, profunda piedade e outros dons e que por isso merece ser recordado por todas épocas. Bucer e bullinger. Contudo o mais fascinante é o fato de que ele mesmo se valendo dos clássicos o que, aliás, nunca escondeu, conseguiu seguir um caminho por vezes diferente, buscando na própria Escritura o sentido específico do texto: a Escritura interpretando-se a si mesma. Escapar de um clichê histórico-teológico é especialmente difícil. Para que possamos ter uma visão mais clara da perspectiva de Calvino a respeito das Escrituras, precisamos refletir um pouco sobre a sua forma de aproximação da Bíblia; assim, poderemos entender a sua visão hermenêutica e exegética. Comecemos do início. A FORMAÇÃO DE CALVINO João Calvino nasceu em 10 de julho de 1509, em Noyon, Picardia, sendo possivelmente o segundo filho de uma família de cinco irmãos. Seu pai, Gerard Cauvin, era de origem humilde; sua mãe, Jeanne Lefranc, uma senhora piedosa proveniente de família abastada, morreu quando Calvino tinha uns 5 ou 6 anos. Como Gerard era secretário apostólico de Charles de Hangest – bispo de Noyon, de 1501 a 1525 – e procurador fiscal do município, a sua família mantinha intimas relações com as famílias nobres da
região, sendo ele próprio um ambicioso visionário que procurou encaminhar a educação de seus filhos da melhor maneira possível, usando dos meios e recursos de que dispunha. Em maio de 1521, ainda criança, Calvino recebeu um benefício eclesiástico na catedral, o que ajudaria a custear as despesas de sua educação. Foi, no entanto, com as crianças da nobre família de Hangest que Calvino adquiriu os modos refinados próprios da nobreza, que o permitiram posteriormente transitar em todos os meios sociais com polidez. Entre os seus amigos de infância, destaca-se Claude de Hangest [Mommor], que se tornaria abade de St. Eloi, em Noyon. Além de professores particulares, Calvino estudou na mesma escola dos filhos dos nobres da sua cidade, o colégio de Capeto. Posteriormente, acompanhado de alguns amigos, filhos de nobres de sua terra natal, foi para Paris, onde recebeu seu treinamento para o sacerdócio, estudando alguns meses no Collège de la Marche, em 1523, tendo como mestre o grande humanista Maturinus Corderius. Depois, foi para uma escola menos requintada em seus costumes e mais dura em sua disciplina, de orientação escolástica: Collège de Montaigu – por onde também passaram Erasmo de Roterdã e Rabelais – em 1524, estudando sob a direção de um mestre espanhol grandemente competente, Antonio Coronel, com quem Calvino fez muitos progressos, destacando-se entre os seus colegas no estudo da gramática. Neste período, Calvino foi também, ao que parece, bastante influenciado por outro de seus professores, que havia retornado a Montaigu em 1525, o escocês John Major [ou Mair]. Major tinha ligações com a irmandade da Vida em Comum e foi quem instruiu Calvino na filosofia e na lógica medieval, bem como na teologia bíblica patrística. Em 152pois de Calvino haver concluído o curso de Artes, da-se algo inusitado; por causa de uma disputa com os clérigos de Noyon – assunto ainda não esclarecido satisfatoriamente – seu pai resolveu enviá-lo para a conceituada e concorrida universidade de Órleans, onde Calvino se dedicaria ao estudo de Direito, sob a influencia do conceituado jurista Pierre L`Étoile, e cognominado o rei da jurisprudência e príncipe dos juristas. Calvino tornou-se bacharel em Direito (licencie ès lois) em 14 de fevereiro de 1531. Porém, resolveu deixar a universidade antes de completar seus estudos, a academia, em reconhecimento aos seus serviços prestados e por voto unânime de seu professores, resolveu conferir-lhe o grau de doutor em Direito, sem cobrar-lhe as taxas habituais; no entanto, não há consenso sobre se Calvino aceitou ou não o título. Dali, ele se foi para Bourges certamente atraído pelo famoso humanista e mestre de Direito, o italiano Andréa Alciati, ´ um jurista de primeira linha, teórico da soberania do Príncipe`. Na famosa Universidade de Bourges, fundada em 1463 por Luis XI, estudaria com Alciati e Melchior Wolmar, a quem conhecera em Órlenas. O próprio Calvino resumiria a sua infância: Quando era ainda bem pequeno, meu pai me destinou aos estudos da teologia. Mais tarde, porém, ao ponderar que a profissão jurídica comumente promovia aqueles que saíam em busca de riquezas, tal prospecto o induziu a subitamente mudar seu propósito. E assim aconteceu de eu ser afastado do estudo de filosofia e encaminhado aos estudos da jurisprudência. A essa atividade me diligenciei a aplicar-me com toda fidelidade, em obediência a meu pai; mas Deus, pela secreta providência, finalmente deu uma direção diferente ao meu curso. Quanto à sua capelania, recebeu outro encargo: o curato de Saint-Martin de Matherville, em setembro de 1527. Em 30 de abril de 1529, Calvino resignou a capelania de La Gesine em favor do irmão mais jovem, Antoine, e em 5 de julho de 1529 trocou o cargo de Saint Martin para o da aldeia Pont-L´Evèque, local de nascimento de seu pai. Com a morte do pai, em 25 ou 26 de 1531, Calvino tornou a Paris para continuar seus estudos literários e durante certo período voltou a Órleans par concluir seu curso de Direito.
Quando um de seus amigos, Nicolas Cop, foi eleito reitor da Universidade de Paris, Calvino o ajudou a preparar o seu discurso, que foi lido na igreja dos Maturinos, como de costume no dia 1 de novembro de 1533. Neste discurso, propunha-se uma reforma na igreja. A resposta foi imediata: Cop e Calvino tiveram de fugir de Paris. Cop voltou para sua terra natal, Basiléia, e Calvino foi para outras cidades francesas. Em 1534, Calvino completaria 25 anos, idade legal para ser ordenado; agora era o momento de assumir de fato a sua fé e ofício. Assim, em 4 de maio de 1534, voltou a Noyon e renunciou aos seus benefícios eclesiásticos. As perseguições então se intensificaram. Novamente ele inicia as suas peregrinações: Paris, Angoulême, Poitiers; passa algum tempo na Itália, Estraburgo e Basiléia, por volta de 1535. Como fica evidente, nesse interin, Calvino havia sido convertido ao protestantismo; a questão é: com e quando? A CONERSÃO DE CALVINO Não é possível precisar as circunstâncias e a data da súbita conversão de Calvino; contudo, as evidências apontam para um período entre 1532 e 1534, portanto, em Orléans ou Paris. Devemos estar atentos, também, para o fato de que a vida de Calvino, mesmo antes da sua conversão, não fora marcada por um comportamento dissoluto e imoral – já tão comum nos jovens de seu tempo. Antes, a sua conversão, como observa Schaff, “foi uma transformação do Romanismo para o Protestantismo, da superstição papal para a fé evangélica, do tradicionalismo escolástico para a simplicidade bíblica”. Acredita-se que o primo de Calvino, Olivétan – ainda que não isoladamente – teve uma participação importante na sua conversão ao protestantismo. Félice chega a afirmar que “a bíblia que recebeu das mãos de Olivétan, o arrebatou do catolicismo”. Lembremo-nos de que Calvino não é muito pródigo ao falar de sua vida. No que se refere à sua conversão, em 1539, ele diz: Contrariado com a novidade, eu ouvia com muita má vontade e, no início, confesso, resisti com energia e irritação; por que (tal é a firmeza ou o descaramento com os quais é natural aos homens resistir no caminho que outrora tomaram) foi com a maior dificuldade que fui induzido a confessar que, por toda minha vida, eu estivera na ignorância e no erro ““. Na introdução do seu comentário de Salmos, em 1557, Calvino diz: Inicialmente, visto eu me achar tão obstinadamente devotado às superstições do papado, para que pudesse desvencilhar-me com facilidade de tão profundo abismo de lama, Deus, por um ato súbito de conversão, subjugou e trouxe minha mente a uma disposição suscetível, a qual era mais empedernida em tais matérias do que se poderia esperar de mim naquele período de minha vida. Também na carta ao cardeal Sadoleto, datada de 1 de setembro de 1539, Calvino descreve as sua angústias espirituais em relação ao romanismo, resultantes do que a igreja pregava. No entanto, em nenhum momento, Calvino menciona o instrumento humano usado por Deus. A bíblia francesa, de 1535, traduzida por Pierre Robert Olivétan – apelidado de OLIVETANUS – primo de Calvino, foi a primeira tradução protestante francesa das Escrituras, feita a pedido e às custas expensas dos Valdenses, que gastaram na impressão 1.500 escudos. A tradução, feita diretamente dos originais hebraicos e gregos, foi utilizada pela primeira geração de calvinistas franceses na proclamação do Evangelho. O Novo Testamento foi editado em 1534, saindo a segunda edição, em 1535, acompanhado do Antigo Testamento. Esta edição, segunda do Novo Testamento e
primeira da Bíblia completa, foi revisada e prefaciada por Calvino com o título: “A todos os que amam a Jesus Cristo e a seu evangelho”. Aqui, temos o primeiro testemunho público da conversão de Calvino. Posteriormente, Beza fez nova revisão da bíblia francesa, que continuou sendo revista de quando em quando nos séculos seguintes. CALVINO COMO HUMANISTA Podemos dizer, no sentido mais pleno da palavra, que Calvino era um genuíno humanista, estando profundamente interessado pelo ser humano. Ainda que de passagem, examinemos alguns pontos que ilustram a nossa tese. A primeira obra escrita por Calvino foi publicada com seu próprios recursos: a edição comentada do livro de Sêneca, De clementia, em 4 de abril de 1532 – “o principal monumento dos conhecimentos humanísticos do jovem Calvino”, diz McNeill; “sólido trabalho de um humanista muito jovem e já brilhante”, comenta Boisset; um “erudito de primeira linha” acrescenta Parker. Nesse trabalho – do qual uma cópia foi enviada a Erasmo -, o então jovem autor de 23 anos já revelava seu gosto literário, erudição, amplo conhecimento da literatura grega e romana, uma perspectiva sóbria e um estilo próprio de análise – lapidado dentro de uma análise filológica e literária da melhor qualidade – que se tornaria uma de suas marcas nos comentários bíblicos que redigiria. No trabalho pioneiro, Calvino parece desafiar o soberano, quando define o tirano como aquele que “governa contra a vontade de seu povo”, revelando, ainda que embrionariamente, a sua ousadia, que tão bem caracterizará sua vida como pregador, escritor e administrador. Essa perspectiva humanista será o fator determinante na sua aproximação pedagógica. O humanismo de Calvino é visível em sua formação, escritos e atitudes. Ele apoiou o humanista Guillaume Budé, que era chamado de prodígio da França e que, ao lado de Erasmo e Juan Luis Vives, compunha o considerado triunvirato do humanismo europeu. Budé, como historiador, filósofo e helenista, contribuiu para o reavivamento do interesse pela língua e literatura grega e colaborou na introdução do humanismo na França. Calvino também dedicou o seu Comentário da primeira epístola aos tessalonicenses, publicado em Genebra, em 17 de fevereiro de 1550, ao seu mestre de gramática e retórica, o conhecido humanista Maturinus Corderius, que foi fundamental na formação do estilo de Calvino, e a quem este chamou de “homem de eminente piedade e erudição”, reconhecendo a sua dívida para com ele. Posteriormente, Corderius, convertido ao protestantismo, recebeu o convite de Calvino para lecionar na Academia de Genebra e o aceitou, tornando-se durante algum tempo diretor daquela instituição e permanecendo ali até a sua morte, em 1564, quatro meses depois da morte de Calvino. Corderius, além de brilhante e laborioso professor, era conhecido por sua erudição, piedade e integridade. Calvino dedicou o seu comentário de II Coríntios, de 1 de agosto de 1546, a outro humanista de influência luterana que lhe ministrara aula de grego – e também a Beza = Melchior Wolmar, o qual, como já fizemos menção, possivelmente pode ter despertado em seus alunos o interesse pela reforma. Calvino diz que Wolmar era “o mais distinguido dos mestres” de grego. O humanismo de Calvino, no entanto, não deve ser confundido com o humanismo secular, que colocava o homem com centro de todas as coisas. Calvino rejeitava esse tipo de humanismo. Na sua obra magna, a instituição da religião cristã, ele expressa a sua concepção humanista, que consiste em reconhecer a grandeza do homem como
criatura de Deus, a quem deve adorar e glorificar. Em outro lugar, Calvino escreve: “[e notório que jamais chega o homem ao puro conhecimento de si mesmo até que haja antes contemplado a face Deus e da visão dEle desça a examinar-se a sim próprio”. Como a bíblia é o registro inerrante da palavra de Deus, podemos dizer que, sem as Escrituras, jamais teremos um conhecimento verdadeiro de nós mesmos, do mundo e do próprio Deus. Calvino tinha uma visão ampla da cultura, entendendo que Deus é Senhor de todas as coisas; por isso, toda verdade é verdade de Deus. Essa perspectiva aparava-se no conceito da graça comum ou graça geral de Deus sobre todos os homens. Ele diz: Visto que toda verdade procede de Deus, se algum ímpio disser algo verdadeiro, não devemos rejeitá-lo, porquanto o mesmo procede de Deus. Além disso, visto que todas as coisas procedem de Deus, que mal haveria em empregar, para sua glória, tudo quanto pode ser corretamente usado dessa forma? Por exemplo, em passagem magistral, analisando Gênesis 4.20, destaca o fato de que mesmo na amaldiçoada descendência de Caim há espaço para a graça de Deus, que concede ao homem dons para a invenção das artes e de outras coisas úteis para a vida presente. “Verdadeiramente é maravilhoso que esta raça que tinha caído profundamente de sua integridade superaria o resto da posteridade de Adão com raros dons”.Entende que Moisés registrou isso para realçar a graça de Deus que não se tornou vã sobre esses homens, visto que “havia entre os filhos de Adão homens trabalhadores e habilidosos, que exerceram sua diligência na invenção e no cultivo da arte”. Por isso, as “artes liberais e ciências chegaram até nós pelos pagãos. Realmente, somos compelidos a reconhecer que recebemos deles a astronomia e outras partes da filosofia, a medicina e a ordem do governo civil”. Hooykaas resume o humanismo de Calvino: “ele era um humanista talentoso e realista demais para aceitar que a Queda tivesse levado o homem a uma total depravação no campo científico”. Fiel ao seu princípio de que “as escolas teológicas [são] berçários de pastores” Calvino criou uma academia em Genebra, em 1559 – contando com 600 alunos e aumentando já no primeiro ano para 900 -, em que lhe coube a educação dos protestantes da língua francesa, reunindo, em sua maioria, alunos estrangeiros vindos da França, Holanda, Inglaterra, Alemanha, Itália e de outras cidades da Suíça. Além disso, Genebra se tornou um grande centro missionário, uma verdadeira escola de missões, porque os foragidos que lá se instalaram puderam, posteriormente, levar para os seus paises e cidades o Evangelho ali aprendido. A academia tornou-se grandemente respeitada em toda a Europa; o grau concedido aos seus alunos era amplamente aceito e considerado em universidades de países protestantes, como, por exemplo, na Holanda. O historiador católico Marc Venard comenta que a academia “será daí em diante um viveiro de pastores para toda a Europa reformada”. A academia contribuiu em grandes proporções para fazer de Genebra “um dos faróis do Ocidente”, admite Daniel-Rops. A formação dada em Genebra era intelectual e espiritual; os alunos participavam dos cultos das quartas-feiras, bem como de todos os três cultos prestados a Deus no domingo. Um escritor referiu-se a Genebra deste modo: “Deus fez de Genebra Sua Belém, isto é, Sua casa do pão”. Calvino insistiu junto aos Conselhos para melhorar as próprias condições do ensino, bem como os recursos das escolas. Visto que o Estado estava empobrecido, apelou para doações e legados. Sem dúvida, entre os reformadores, Calvino foi quem mais amplamente compreendeu a abrangência das implicações do Evangelho, nas diversas facetas da vida humana, entendendo que:
O evangelho não é uma doutrina da fala, mas de vida. Não se pode assimilá-lo por meio da razão e da memória, única e exclusivamente, pois só se chega a compreendê-lo totalmente quando Ele possui toda a alma e penetra no mais profundo do coração. Por isso, ele exerceu poderosa influência sobre a Europa e os Estados Unidos. Schaff chega a dizer que Calvino “de certo modo, pode ser considerado o pai da Nova Inglaterra e da República americana”. John Knox, ex-aluno de Genebra, “delineou um sistema nacional de educação que prometia conduzir a Escócia ao bem-estar espiritual e material”, tendo a Bíblia como tema principal de estudo e a gratuidade patrocinada pela igreja. Em acordo com suas idéias, em 1646 o parlamento escocês aprovou a criação de uma escola para cada região, conforme indicação do presbitério, votando-se verba para salário dos professores. Houve uma cooperação entre a igreja e o Estado, estando a supervisão das escolas e professores entregue à igreja. Esse sistema, tão bem sucedido na Escócia, só viria sofrer alterações significativas no século XIX. Em epítome, podemos dizer que o humanismo de Calvino era um humanismo cristocêntrico, caracterizando-se pela compreensão de que o homem encontra a sua verdadeira essência no conhecimento de Deus. Conhecer a Deus significa ter uma perspectiva clara de si mesmo; a recíproca também é verdadeira: não há conhecimento genuíno de Deus sem um conhecimento correto de si mesmo. A dignidade e a beleza do homem estão em ele ter sido criado à imagem e semelhança de Deus, podendo, portanto, relacionar-se com seu criador. No homem, a “sua imagem e glória peculiarmente brilham”. O conhecimento de Deus deve conduzir-nos ao temor e a reverencia, tendo a Deus como guia e mestre, buscando nele todo o bem. Pagina 22