Ppm Final[1]cqc

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UNIVERSIDADE DE MOGI DAS CRUZES FRANCINE BEZERRA DOS SANTOS PATRÍCIA GOMES DOS SANTOS

JORNALISMO HÍBRIDO: O JORNALISMO-HUMORISTA DO CQC.

Mogi das Cruzes, SP 2008

UNIVERSIDADE DE MOGI DAS CRUZES FRANCINE BEZERRA DOS SANTOS PATRÍCIA GOMES DOS SANTOS

JORNALISMO HÍBRIDO: O JORNALISMO-HUMORISTA DO CQC.

Projeto apresentado ao Curso de Comunicação Social/ Jornalismo da Universidade de Mogi das Cruzes como requisito da disciplina Projeto de Produtos e Processos Midiáticos

Profa. Dra. Orientadora: Luci Bonini Profº: Orientador: Sérsi Bardari

Mogi das Cruzes, SP 2008

FRANCINE BEZERRA DOS SANTOS PATRÍCIA GOMES DOS SANTOS

JORNALISMO HÍBRIDO: O JORNALISMO-HUMORISTA DO CQC.

Projeto apresentado ao Curso de Comunicação Social/Jornalismo da Universidade de Mogi das Cruzes como requisito da disciplina Projeto de Produtos e Processos Midiáticos

BANCA EXAMINADORA

Profa. Dra. Luci Bonini Universidade de Mogi as Cruzes - UMC

Profº. Sérsi Bardari Universidade de Mogi as Cruzes - UMC

Santos, Francine Bezerra dos Santos, Patrícia Gomes dos Jornalismo híbrido: o jornalismo-humorista do CQC / Francine Bezerra dos Santos e Patrícia Gomes dos Santos - 2008-09-26

PPM ( Trabalho Científico de Comunicação Social ) – Universidade de Mogi das Cruzes, 2008. Área de concentração: Jornalismo Orientadores: Profa. Dra. Luci Bonini Profº .Dr. Sérsi Bardari

1. Telejornalismo

2. Programa CQC

3. Humor

DEDICATÓRIA

Dedicamos este trabalho aos nossos familiares, amigos e professores.

AGRADECIMENTOS

Os nossos sinceros agradecimentos a todos aqueles que nos ajudaram a concluir esse projeto. Maria Izilda, Leopoldo Rodrigues, Juliene Rodrigues, Flávio Gomes, Fátima Gomes, Cláudio Leal, Marília Servo e Verônica Freire. Agradecemos a assessora de imprensa da Band, Eliane Leme, ao apresentador e também repórter, por nos conceder a entrevista, Rafinha Bastos e a toda a produção do programa CQC. Agradecemos a todos que nos ensinaram tudo aquilo que hoje sabemos, Sérsi Bardari, Luci Bonini, Celso Ledo e Nivaldo Marangoni.

Obrigada a todos que torceram pelo nosso sucesso.

“ Estou farto do lirismo comedido Do lirismo bem comportado Do lirismo funcionário público com livro de ponto expediente [te protocolo e manifestações e apreço ao sr. diretor. Estou farto do lirismo que pára e vai averiguar no dicionário [o cunho vernáculo de um vocábulo Abaixo os puristas Todas as palavras sobretudo os barbarismos universais Todas as construções sobretudo as sintaxes de exceção Todos os ritmos sobretudo os inumeráveis Estou farto do lirismo namorador Político Raquítico Sifilítico De todo lirismo que capitula ao que quer que seja fora de si mesmo De resto não é lirismo Será contabilidade tabela de co-senos secretário do amante exemplar com cem modelos de cartas e as diferentes maneiras [de agradar às mulheres, etc

Quero antes o lirismo dos loucos O lirismo dos bêbedos O lirismo difícil e pungente dos bêbedos O lirismo dos clows de Shakespeare Não quero mais saber do lirismo que não é libertação” Manuel Bandeira

RESUMO O trabalho tem como tema o jornalismo híbrido do CQC, que é um tipo de jornalismo- humorista. O objetivo desse projeto é analisar o produto midiático da rede de TV Bandeirantes, que é o quadro Proteste já, com Rafael Bastos, do programa jornalístico-humorístico CQC e demonstrar se esse novo gênero jornalístico delimita a credibilidade do jornalismo propriamente dito. Foi necessário analisar a linguagem e as atitudes dos integrantes assistindo criticamente o programa e buscando informações com a própria Rede Bandeirantes de Televisão (Band). Utilizamos entrevistas com a assessora da Band, Eliane Leme, e com o repórter do quadro Proteste já, Rafael Bastos, que é o nosso recorte. Buscamos especialistas em telejornalismo por meio de bibliografia específica e do professor universitário da área de telejornalismo, Nivaldo Marangoni. O CQC não deixa de ser um produto midiático que imprime um comportamento jovem, atraindo um público alvo específico para a publicidade em TV aberta. Palavras-chave: Jornalismo, Humor, programa CQC.

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

FIGURA 1 FIGURA 2

Sigla do programa..........................................22 A mosca, logotipo do programa, com a sigla CQC...............................................................23..............................

FIGURA 3

Integrantes do programa, a “trupe” do CQC. Do

primeiro

ao

último

da fila estão Marcelo Tas, Oscar Filho, Rafael Cortez, Felipe Andreoli, Marco Luque, Danilo Gentili e Rafael Bastos..................................23 FIGURA 4

Rafael Bastos, “Rafinha”, apresentador e repórter do quadro Proteste já.......................26

FIGURA 5

Localização dos formatos nos gêneros. “Em um gênero pode haver vários formatos de programa” (2004, p. 47).................................31

do

LISTA DE TABELA TABELA 1

Categorias e seus respectivos gêneros televisivos, segundo TABELA 1 Aronchi ........................................................33

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO...............................................................................................9 2 A TELEVISÃO..............................................................................................11 3 O QUE É JORNALISMO..............................................................................16 4 HISTÓRIA DO CQC.....................................................................................22 5 O GÊNERO JORNALISMO TELEVISIVO: CQC..........................................27 6 INDÚSTRIA CULTURAL E O CQC..............................................................36 7 O PROGRAMA DO DIA 22 DE SETEMBRO DE 2008................................38 CONSIDERAÇÕES FINAIS............................................................................41 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...............................................................42 ANEXOS.........................................................................................................44

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1. INTRODUÇÃO O trabalho tem como tema o jornalismo híbrido do programa de TV Custe o que custar (CQC), que é um tipo de jornalismo-humorista, com recorte no quadro Proteste já. O CQC é um programa contestador, ainda mais nesse quadro do Proteste já. Este projeto tem fundamental importância para entender se o tipo de jornalismo humorístico que o programa CQC faz parte de algum gênero, ajudando a compreender esse novo tipo de telejornalismo na TV brasileira. A forma inovadora do programa abre oportunidades para futuras linguagens jornalísticas. Essa maneira divertida é utilizada para abordar assuntos semanais importantes. O programa, especialmente o quadro a ser pesquisado, Proteste já, é uma prestação de serviço à sociedade. A análise de atitudes e da linguagem do programa ajuda na formação jornalística, uma vez que é por meio do estudo de produtos e processos midiáticos que os alunos entram em contato com a realidade do mercado de trabalho no qual irão atuar. O objetivo desse projeto é analisar o produto midiático da rede de TV Bandeirantes, do programa CQC, que é o quadro Proteste Já, com Rafael Bastos. Nossa pesquisa consiste em analisar esse quadro do Proteste Já e demonstrar como esse novo gênero jornalístico não delimita a credibilidade do jornalismo propriamente

dito.

Foi necessário analisar a linguagem e as atitudes dos integrantes assistindo criticamente o programa e buscando informações com a própria rede Bandeirantes de televisão ( Band). Fizemos pesquisa bibliográfica, em internet, pesquisa de campo e televisiva, assistindo aos programas semanais. Entramos em contato com a assessoria da Band, via e-mail. Utilizamos

entrevistas com a assessora da Band, Eliane Leme, e com o

repórter do quadro Proteste já, Rafael Bastos. No quadro, Rafael Bastos vai atrás do problema da comunidade e cobra soluções e prazos dos responsáveis. Ele concedeu-nos uma entrevista baseada nesse trabalho que ele faz.

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Eliane Leme, assessora da Band também concedeu-nos informações para enriquecer o nosso trabalho. Na pesquisa de campo, o grupo de trabalho se deslocou até a Band São Paulo, no Morumbi. Necessitamos da ajuda de um cinegrafista para a entrevista com Rafael Bastos, o repórter do quadro Proteste já, e com a assessora de imprensa da Band, Eliane Leme. Tivemos algumas conversas informais com professores especializados na área de Comunicação, para obter dicas de livros e orientações. Buscamos especialistas em telejornalismo por meio de bibliografia específica e do professor universitário da área de telejornalismo, Nivaldo Marangoni. Com base no livro de Nivaldo Marangoni, Televisão: Fácil de ver, difícil de fazer, pudemos ter uma idéia comportamental no telejornalismo. Com o auxílio da obra O que é jornalismo, de Clóvis Rossi, exemplificamos o sucesso do jornalismo e dos jornalistas inovadores, caso da Revista O Cruzeiro, do jornalista Paulo Francis e do jornal francês Le Monde. Na obra do autor Rivaldo Chinem, Imprensa Alternativa, ele trata de três jornais do tempo da ditadura, um deles o Pasquim, com críticas irreverentes de grande sucesso na época, assim como o CQC. Estrutura da notícia, de Nilson Lage, faz um resumo da história da notícia e das tecnologias de comunicação, importante para a nossa pesquisa porque o autor trata de alguns conceitos de cultura de massa e de TV. Também de Nilson Lage, o livro Linguagem jornalística é importante porque diz respeito sobre as normas de linguagem jornalística. Para ajudar a entender o gênero do CQC estudamos o livro, de José Carlos Aronchi de Souza, Gêneros e formatos na televisão brasileira. Para compreendermos melhor O que é Indústria Cultural, a obra de Teixeira Coelho. Foram utilizadas também as obras Vencendo com a sua voz do Dr. Norton Cooper e a obra O ser e o tempo da poesia de Alfredo Bosli. Esperamos por meio desse projeto mostrar que o CQC também é um programa importante no contexto jornalístico da televisão brasileira.

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2. A TELEVISÃO Segundo Paternostro (1999, p. 19) “ [...] o universo da TV em constante (r)evolução: o alvo é o homem”. Tudo começou com o aparecimento dos primeiros livros impressos. Esse processo se desenvolveu na Europa, a partir de método inventado por um alemão, Johannes Gutenberg, que em 1945 compôs tipograficamente uma tiragem de duzentas Bíblias. Somente dois séculos depois surgem os jornais periódicos, mas foi no século XIX que a imprensa se desenvolveu, acompanhando as grandes transformações sociais e econômicas geradas pela Revolução Industrial desde 1769. As novidades tecnológicas se incorporavam à comunicação e os meios de informação se afirmavam. Paternostro (1999, p. 21) afirma que o “homem na sua ânsia de vencer barreiras, no tempo e no espaço, os queria mais velozes e eficazes. É nesse processo – urgente, avassalador – que surge a televisão, com a informação na sua forma mais dinâmica e universal: a imagem.” A primeira transmissão via satélite, ao vivo, para o Brasil foi de muita emoção, era o dia 3 de março de 1969. No entanto, a implantação da TV no Brasil se deu pela iniciativa de um jornalista chamado Assis Chateaubriand. No começo dos anos 50, a indústria brasileira já se encontrava em processo de crescimento, atividades comerciais, financeiras, de serviços e de educação estavam se expandindo. Nesse panorama os Diários e Emissoras Associadas se voltaram para a TV e Chateaubriand trouxe os técnicos norte-americanos da RCA para implantar a televisão no Brasil. No dia 18 de setembro de 1950 entrava no ar a PRF – 3 TV DIFUSORA, depois TV TUPI de São Paulo. “TV NA TABA”, o espetáculo de estréia, foi ao ar e, na base do improviso, durou quase duas horas, programa comandado por Cassiano Gabus Mendes, que mostrava artistas de sucesso, como, Mazzaropi, Lia de Aguiar, entre outros. A TV ampliava sua área de penetração e começava a atrair as agências de propaganda e anunciantes e então os anos 60 se resume na disputa a verbas publicitárias, as emissoras começam a briga pela audiência. Nos anos 70 a TV brasileira entra sob regras impostas pelo governo militar, é a fase da censura. Mas com o avanço tecnológico, a TV brasileira passa por uma mudança importante e ainda no final da década, ao mesmo tempo que suspende a

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censura prévia, o governo se dispõe à “abertura”. E a criatividade começou a ressurgir. A televisão foi descoberta graças ao trabalho de inúmeros cientistas e entre o final dos anos 40 e o começo dos anos 50, a TV entrou na vida de praticamente todos os países e se firmou como meio de comunicação e nesse momento a indústria passou a se preocupar com os aperfeiçoamentos para melhor atender ao seu público. (PATERNOSTRO, 1999, p.21)

Surgem nos anos 60, na TV brasileira, os programas de auditório de grande repercussão e audiência e em 1965 surge a TV GLOBO que, em 1º de setembro de 1969, entra no ar com o Jornal Nacional. O primeiro telejornal da TV brasileira foi “imagens do Cia”, e nasceu junto com a TV Tupi de São Paulo, em 1950. Alguns telejornais são pontos de referência, como o Jornal de Vanguarda – TV Excelsior, Rio, 1962 a 1965. Telejornal criado pelo jornalista Fernando Barbosa Lima, feito e apresentado pro jornalistas. Inovou por ter vários locutores e comentaristas. O jornal Nacional – Rede Globo de Televisão, 1969, Bom dia São Paulo, entre outros, todos eles são pontos de referência pois sempre estavam inovando. Enfim, telejornalismo nada mais é que a prática profissional do jornalismo aplicada à televisão, divulgam noticias dos mais variados tipos, utilizando imagens, sons e narração por uma apresentador chamado de âncora. Segundo Paternostro: (1999, p. 63) “A televisão é superficial por natureza, é limitada quanto à profundidade das mensagens que emite”. No entanto Paternostro também afirma que a TV pode abrir o apetite e estimular a investigação, a busca diversificada da informação, uma vez que seu público, tendo tomado conhecimento da dimensão de um fato, pode não ter se satisfeito de forma total.

Jornalismo de televisão – o telejornalismo: Informação Visual: o mundo onipresente, a TV mostra e o telespectador vê; Imediatismo: a TV é o veiculo que torna a informação contemporânea e universal ao apresentar o acontecimento através da imagem; Penetração: Atinge a todas as camadas da população; Instantaneidade: a informação da TV requer hora certa para ser vista e ouvida. Entre outras coisas que estruturam a TV, como a conhecemos hoje. (PATERNOSTRO, 1999, p.21)

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Quando se fala em televisão, você está falando de um texto jornalístico coloquial, claro e preciso. É como disse Carlos Drummond de Andrade, por Paternostro, (apud PATERNOSTRO, 1999, p.61), “Escrever é cortar palavras”. Em seu livro, O texto na TV, Paternostro acredita que o que importa verdadeiramente é a qualidade do trabalho que se faz, com honestidade, dignidade, caráter, princípios. Pegarei nesse momento emprestada as palavras sábias de Paternostro: (1999, p. 61) “A busca da verdade não termina jamais”. E isso define bem o que é o CQC, ele busca o esclarecimento para que as pessoas possam ver que existem programas que podem trazer entretenimento mas também o esclarecimento. Escrito por um experiente professor universitário de telejornalismo, Nivaldo Marangoni, Televisão: fácil de ver, difícil de fazer é uma espécie de manual para jornalistas interessados no trabalho em TV. Assim como o CQC faz, chama a atenção o primeiro capítulo da obra que diz para fazer o telespectador feliz. (2002, p. 18) “Vamos a fundo em nosso riso com o jornalismo humorístico com prática”. Marangoni cita alguns exemplos disso (2002, p. 18): “Falamos de Maurício Kubrusly, Arnaldo Jabor, Márcio Canuto, Brito Júnior, sem contar a turma do Casseta e Planeta”. Ele explica que infelizmente nem todos tem essa coragem de inovar e explicitamente diz que isso é um tipo claro de castração. Mas segue esperançoso na conquista de mudanças: (2002, p. 18) “Quem sabe aqueles que decidem mudam a opinião e abrem uma brecha para algo mais novo, diferente?” Porém, ele alerta que sempre que aparece algo diferente na área jornalística “estruturas balançam”. O livro, editado antes do CQC ir ao ar, explica exatamente o que aconteceu com o CQC no Congresso. As estruturas parlamentares balançaram de tal forma que o quadro ficou fora do ar por algum tempo. É citada no capítulo Informação “produto”, a responsabilidade social do jornalista com (2002, p. 29) “[...] a necessidade de se colocar em prática um jornalismo sério, justo, honesto, com interesses estritamente coletivos”. Assim como acontece no Proteste já, que cobra soluções para os interesses comuns à população. Marangoni ainda afirma que: (2002, p. 47) “O telespectador quer, gosta, admira e aplaude quando um repórter pelo menos tenta ousar”.

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Na obra tem um capítulo inteiro aconselhando que se “Dê uma de louco” dizendo que é preciso arriscar, ser ousado e criativo na hora de inovar e que isso já deu certo com muitos profissionais experientes. E no capítulo “Por dentro de tudo” ele afirma que: (2002, p. 65) “Melhor seria se o curioso repórter, no bom sentido, sempre pudesse dar um show nos coleguinhas durante as coletivas, na hora de gravar um texto, ou de produzir uma simples nota”. Marangoni afirma no capítulo de “Toque final”: (2002, p.121) “Respeitamos as pessoas que tentam inovar, criar, ser diferentes na busca ou na transformação e propagação dos fatos”. Diz que é preciso que a programação brasileira melhore e lembra de alguns “baluartes do passado” que criavam, roteirizavam e interpretavam: (2002, p. 121) “[...] Faziam-se rir, entretinham, criticavam, mudavam”. Importante lembrar que hoje o CQC cria roteiros diferenciados e com muito humor para as críticas semanais pois tem um elenco de humoristas e também de jornalistas que além de entreter, dão voz aos problemas da população e vão em busca da notícia, custe o que custar. Outro livro da série Princípios, Estrutura da Notícia, foi escrito por Nilson Lage, jornalista e professor universitário. O livro trata das tecnologias na comunicação, dentre elas a TV. Ele cita que: (1999, p. 8) “[...] a notícia, antes restrita e controlada pelo estado e pela Igreja, tornou-se bem de consumo essencial”. Porém Lage afirma que (1999, p.16) “[...] não se trata exatamente de narrar os acontecimentos, mas de expô-los”. Em todas as reportagens do Proteste já, o Rafael Bastos faz questão de expor a população prejudicada e o responsável por resolver o problema também. Importante ressaltar também que Lage diz que: (1999, p. 24) “[...] o sistema produtor de notícias não é, em sentido absoluto, uma fonte, mas um codificador inteligente [...]”.O CQC é um tipo de humor inteligente, mas com notícias. Lage afirma que (1999, p. 43) “ [...] a televisão realiza, mais do que qualquer outro meio, o projeto teórico de uma sociedade de massa, em que um sistema transmissor dirige-se à multidão dispersa de cidadãos inertes e passivos”. O mais interessante é que o próprio autor, Lage, faz um confronto de idéias sobre a cultura de massa:

15 Existirá uma massa? Será ela definida por grau de escolaridade, como supõe a distribuição dos programas em faixas horárias, de modo que os mais perigosos e complicados – pelo erotismo, pela veemência do discurso político, pelo grau de abstração -ficam fora do alcance dos trabalhadores em geral, que dormem mais cedo? A resposta é não. A experiência de quatro séculos de imprensa mostra que o público pode ignorar métodos e fatos, pode ser crédulo e de boa fé, mas não é tolo. E, se fosse, não teria o menor sentido pensar em democracia, isto é, em dar-lhe o poder, em última e decisiva instância. (LAGE, 1999, p. 44).

Ponto de vista desafiador visto que em meios acadêmicos aprendemos exatamente o contrário. O autor ressalta também que: (1999, p. 48) “[...] existe sempre alguma interpretação nas reportagens. O importante é que se respeitem os fatos [...]”. No CQC eles fazem exatamente esse processo de ir atrás da veracidade dos fatos, só que o interpretando de maneira humorística. Na obra encontra-se ainda mais um apoio para o CQC, quando Lage afirma que os veículos de comunicação esgota-se nas possibilidades que são oferecidas, e que há uma padronização que faz com que todos se pareçam. O CQC é algo inovador aqui no Brasil.

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3. O QUE É JORNALISMO O que é jornalismo é um pequeno livro de Clóvis Rossi da coleção Primeiros passos. Clóvis começou a trabalhar na imprensa antes mesmo de se formar na área e já participou de trabalhos jornalísticos em todo o mundo. O autor usa de sua experiência para explicar algumas definições do jornalismo com exemplos reais do cotidiano profissional. Ele diz que o jornalismo é uma batalha por mente e corações e que não é possível praticar a neutralidade: (1995, p.10) “É realmente inviável exigir dos jornalistas que deixem em casa todos os condicionamentos [...] ao fazer o seu relato, as emoções e as impressões puramente pessoais que o fato neles provocou”. Como inovadores “jornalistas-humoristas”, o tratamento que o CQC dá aos fatos é com a maior irreverência possível, conquistada com a longa bagagem humorística do estilo de comédia em pé . Aliás, Rossi aconselha um estilo de jornalismo todo próprio que

o CQC

segue: (1995, p. 27) “O esquematismo exagerado conduziu a tal padronização que repórteres e redatores deixaram de ter como característica central o domínio do idioma, de seu próprio estilo pessoal e da melhor maneira de captar o interesse [...]”. O autor dá exemplos bem sucedidos de inovação. A revista O Cruzeiro é uma delas, vendeu criatividade, apesar da padronização, e nos anos 50 atingiu a marca de 800 mil exemplares. Outro exemplo é do Jornal da Tarde que não manteve uma padronização mas manteve uma boa vendagem justamente porque rompeu com a norma e estilos vigentes. Ele cita também o famoso jornal francês Le Monde que dá total liberdade a seus repórteres, tanta que eles podem começar uma notícia com uma narrativa poética. Ele avisa que aqui no Brasil só um nome consagrado poderia fazer isso. Então, Rossi conta a trajetória de Paulo Francis, ex-correspondente da Folha de S. Paulo em Nova Iorque, jornalista de renome, (1995, p. 34) “[...] mistura informações, comentários, ironias ( às vezes pesadas) e recordações pessoais[...]”. Ainda explica que (1995, p. 34) “Nem por isso Francis deixa de ser um dos jornalistas mais lidos do país [...]”. Rossi ainda afirma que (1995, p.56) “[...] perante a autoridade, todo-poderosa nos anos da ditadura, o repórter foi perdendo a postura crítica, a capacidade de formular as perguntas inconvenientes ou desagradáveis, mas necessárias”.

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Os repórteres do CQC formulam suas questões com base na necessidade que o assunto exige, sempre inconvenientes, mas com postura crítica o suficiente, sem precisarem perder o humor para isso. Rossi conta que: (1995, p. 77) “O segredo de qualquer comunidade realmente democrática é justamente a participação de todos [...]”. Isso incluiria o CQC, que é um tipo de jornalismo com humor, mas que nem por isso pode ser excluído dos acontecimentos de interesse público. Linguagem jornalística é outro livro da série Princípios do autor Nilson Lage. Trata de normas de redação jornalísticas, inclusive no telejornalismo. Segundo Lage, a linguagem jornalística não está diretamente relacionada com o idioma pois em idiomas diferentes há uma linguagem jornalística em comum que (1999, p. 5) “mobiliza outros sistemas

simbólicos além da comunicação

lingüística”. O livro seria um estudo mais amplo, de Semiologia, traçado por Ferdinand de Saussure, no início do século XX. No capítulo “As imagens em telejornalismo”, ele explica que (1999, p. 27) “[...] o jornalismo em sua expressão axiomática: aparência, entonação e expressão facial torna-se a moldura para o entendimento dos fatos”. Ele exemplifica isso dizendo que (1999, p. 27) “Essa constatação conduziu a uma retórica visual que impõe roupas escuras no vídeo em dias de acontecimentos trágicos ou veste os locutores de uniforme, como aconteceu na Polônia, quando os militares assumiram o poder”. O CQC cuida da imagem e os integrantes do programa usam uma espécie de uniforme para ficarem iguais. Porém, não fica explicitado o porquê disso. Podemos classificar o CQC como telejornalismo pelo padrão de produção que o programa segue. Segundo Lage: (1999, p. 28) “Nos noticiários de horário certo (os evening news, boletins do começo de noite, são os de maior audiência, em todo o mundo), as imagens das notícias aparecem como documentação do lead dito pelo apresentador ou da análise feita por um anchorman, editor-analista”. Exatamente como acontece no CQC, o programa embora exibido uma vez por semana e já de noite, faz um resumo semanal de notícias com âncoras que faz a análise da notícia de forma humorística. Para Lage, (1999, p.30) “Reportagens de televisão [...] Podem contar uma história, com a tradição narrativa do cinema-ficção; defender uma tese; expor assuntos; retornar no tempo de imagens atuais para precedentes do passado; opor temas conflitivos”. Isso engloba muito do que o CQC faz hoje.

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Imprensa alternativa - Jornalismo de oposição e inovação, é uma pequena obra da série Princípios. O autor, Rivaldo Chinem, trata da oposição do jornalismo aos militares da ditadura. Ele dá destaque a três jornais da época: Pasquim, Opinião e Movimento. O Pasquim era um jornal humorístico dessa época difícil. Logo na introdução Chinem diz que: (1995, p. 7) “Uma das funções da imprensa é tentar propor alternativas, e não apenas de notícia, mas de mercado, de postura, de organização acionária [...]”. O autor reserva o capítulo 3, intitulado “Os alternativos” para dissertar sobre a sátira e a irreverência, com exemplos de periódicos da época. É o caso do jornal Binômio de José Maria Rabelo e Euro Arantes que fazia crítica explícita ao slogan do binômio energia-transporte de Juscelino Kubitschek . As páginas eram cheias de humor e o jornal era relativamente próspero com tiragem de 40 mil exemplares, mas acabou depois do golpe militar. Segundo Chinem (1995, p. 32) “José Maria Rabelo fugiu para a Bolívia e só voltou em 1980”. Dois meses depois do golpe, Millôr Fernandes dirige um jornal de irreverência e crítica chamado Pif Paf. Mesmo título da seção em que escrevia na revista O Cruzeiro e que foi demitido por “justa causa”, na época da ditadura. O Pasquim surgiu no ano de 1969, em meio a recuperação da imprensa depois do AI-5. Havia um jornalzinho chamado Carapuça, com uma seção escrita por Sérgio Porto, que também escrevia na Última Hora o “Festival de besteiras que assolam o país – Febeapá”. Chinem afirma que era (1995, p. 42). “[...] uma seção interessantíssima, de muito bom humor.” Sérgio morreu e então procuraram Jaguar e Ziraldo que recusaram o trabalho pois estavam interessados em fazer uma publicação deles próprios. Depois de um tempo o Carapuça acabou. No AI-5 Ziraldo foi preso. Ao sair da prisão ele pensou numa publicação independente de interesses empresariais como aOManchete, Folha e outros. Então o Pasquim Pasquim nãoGlobo, era um Estadão, jornal político, era apenas um jornal debochado, de foi criado com o grupo contestação, Carapuça, indignado, que procurou que queria Jaguar. sair do Segundo sufoco, Chinem um jornal(1995, que não p. ver outros como para a primeira página do Jornalque do 43) “O Carapuça, no suportava entendermais de Ziraldo, foijornais enterrado nascer o Pasquim, Brasil, cheia de insinuações e legendas, e o censor dentro da redação [...]

surgiu exatamente seis meses depois do AI-5”.

Irreverente, moleque, com uma linguagem desabrida, bastante atrevido

Paulo Francis, para também colaborador do Pasquim, resumiu na emépoca suas ememórias os padrões de comportamento da imprensa com boa distribuição. Fez um sucesso extraordinário.[...] Cada pessoa que estava dizendo que o jornal era uma brincadeira num tempo triste. na oposição, inconformada com aquele estado de coisas, via nele o seu Chinem ainda afirma que: jornal. E assim o jornal conquistou várias faixas de leitores.[...] Jaguar

[...]dizia para Ziraldo que não ia torrar um tostão naquele negócio, que considerava mais uma “porralouquice” de sua vida de jornalista.[...] Quatro meses depois, a redação fazia uma festa para comemorar os 100 mil exemplares [...] (CHINEM, 1995, p. 43)

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O

CQC tem humoristas assim como se tinham no Pasquim. Segundo

Chinem: (1995, p. 52) “O Pasquim era feito olhando-se para Jaguar, um humorista puro por excelência [...] Jaguar sempre dizia que ele tinha mentalidade de 15 anos de idade”. Na conclusão, Chinem ainda lembra que: (1995, p. 87) “Essa luta incessante contra o arbítrio e a censura deve nos inspirar sempre, para que cada vez mais tenhamos em nossas mentes que a liberdade de expressão é tão essencial quanto o pão nosso de cada dia”. Não era apenas o Pasquim que desafiava o jeito clássico de jornalismo que havia em sua época. Desde os tempos monárquicos do Brasil, a imprensa sempre esteve presente na construção da história. Os jornais Revérbero, Constitucional Fluminense e A Malagueta foram de grande importância no processo de Independência do Brasil. O Revérbero, jornal de propriedade de Joaquim Gonçalves Ledo e Januário da Cunha Barbosa, foi o primeiro jornal independente do governo no Rio de Janeiro. A independência do Brasil era sua bandeira – mas sem grandes cortes dos laços com Portugal. Teve vida curta. Foi lançado em 15 de setembro de 1821 e veiculou até 8 de outubro de 1822. Composto de 12 páginas, o Reverbéro era vendido por 120 a 160 mil réis. Publicava artigos de Lisboa, Paris e Londres. Nelson Werneck Sodré, no artigo História da Imprensa no Brasil, do site Canal da Imprensa, classifica o Revérbero como: “o melhor arauto das reivindicações brasileiras”. Mas a despeito das considerações do historiador, uma falha jornalística gerou dúvidas sobre os reais objetivos do jornal. Quando proclamada a independência, atitude tão “batalhada” pelos redatores, nada foi publicado. Em 15 de outubro, o Revérbero Constitucional Fluminense, não veiculava mais, explicavam seu fechamento dizendo que: “empreendido só para o fim de proclamar a independência de seu País, nada mais lhe resta a desejar, uma vez que ele [o País] vai ter uma Assembléia Constituinte e Legislativa, que já tem um imperador da sua escolha, que é nação e nação livre”. A partir de então surgiram vários problemas para os redatores, explodindo numa perseguição, pois misturaram os conceitos de independência e liberdade.

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A malagueta foi o último jornal que surgiu no Rio de Janeiro, em 18 de dezembro de 1821. Luís Augusto May, era o dono do veiculo. Cada edição era formada por um artigo somente, escrito na primeira pessoa e na forma de uma carta ao imperador. Seu objetivo era intervir no debate político e propor medidas constitucionais. A malagueta se tornou o jornal mais popular do Rio, com cerca de 500 assinaturas – à época, equivalente a milhões. Mesmo sendo um jornal extremamente crítico ao governo, pois era independência total de Portugal, A Malagueta usava o bom senso. Com artigos um tanto “quentes”, A Malagueta foi o primeiro jornal a sofrer censura. Como conseqüência de uma publicação no dia 5 de junho de 1823, em que fez diversos ataques a José Bonifacio, May foi vítima de espancamento. Puseram uma pimenta em sua boca e o obrigaram a mastigar. May levou alguns meses para se recuperar quando voltou a trabalhar tinha uma visão política renovada. É o que todos pensavam...e queriam. O próprio apresentador do programa CQC já fazia um jornalismo diferente. Marcelo Tas é muito conhecido pelo seu personagem Ernesto Varela, um repórter fictício que ironizava personalidades políticas da época. Ficou célebre e entrou para a história com a sua pergunta direta a Paulo Maluf que, surpreso, virou as costas e deixou a sala em que estavam:" Muitas pessoas não gostam do senhor, dizem que o senhor é corrupto. É verdade isso, deputado?". Também ficou famosa a briga que teve com o então dirigente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) e deputado Nabi Abi Chedid, nos bastidores da Copa do Mundo de 1986: “Qual vai ser a sua próxima jogada? O personagem é considerado o "pai" do Repórter Vesgo (Rodrigo Scarpa), personagem do programa Pânico na TV que também faz sucesso ao abordar celebridades e anônimos em festas e eventos com perguntas politicamente incorretas (mas sem o mesmo viés político de Varela).

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4. HISTÓRIA DO CQC CQC é a sigla para o programa de TV Custe o que custar, da rede Bandeirantes. O programa faz um resumo semanal de notícias toda segunda-feira à noite, com reprise aos sábados. Ele faz um tipo de telejornalismo com humor, composto por uma bancada de três âncoras e seis repórteres.

Figura 1: Sigla do programa

O formato original veio da Argentina, onde o programa existe desde 1995, e é também chamado de CQC, mas significando Caiga quem caiga, que, traduzindo, seria algo como Caia quem cair, transmitido pela Telefe. Porém, já percorreu o mundo. Na Espanha, é exibido desde 1996, no México e na Itália, desde 1997. Na Itália tem o único CQC apresentado por uma mulher. Em Israel foi exibido durante o ano de 2001. No Chile existe desde 2002. O Uruguai transmite a versão argentina. Portugal começa a exibi-lo a partir de outubro. Nos Estados Unidos foi feito um piloto. Um dos apresentadores foi Dominic Monaghan (Charlie do seriado Lost). Eles já entrevistaram o candidato democrata Barak Obama, mas ainda não tem previsão de ir ao ar. A Band importou a idéia da produtora argentina Eyemorks Cuatro Cabezas para co-produzir o programa no Brasil. Assim, o CQC brasileiro, estreou dia 17 de março de 2008. O logotipo do programa é uma mosca. Segundo o apresentador Rafinha Bastos, eles queriam uma abelha mas como nem tudo no Brasil é mel, a mosca coube perfeitamente nesse contexto do Custe o que custar, porque ela pode entrar em qualquer lugar.

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Figura 2: A mosca, logotipo do programa, com a sigla do CQC.

Os integrantes do programa se autodenominam um quartel-general em que, vestidos de terno preto, gravata e óculos escuros, formam uma trupe.

Figura 3: Integrantes do programa, a “trupe” do CQC. Na ordem do primeiro ao último da fila estão: Marcelo Tas, Oscar Filho, Rafael Cortez, Felipe Andreoli, Marco Luque, Danilo Gentili e “Rafinha” Bastos.

Marcelo Tas é o apresentador central do CQC. Ele é jornalista, ator, apresentador, roteirista e diretor. Ernesto Varella foi um de seus famosos personagens logo após a abertura política do país. Ele fazia algo parecido com o que o CQC faz hoje. Abordava os políticos no Congresso de forma bem humorada com questões relevantes e polêmicas. Chegou a perguntar a Paulo Maluf se ele era mesmo ladrão, na época em que Maluf era candidato a presidente. Maluf deu às costas e saiu da sala. Entrou para a história também a discussão na Copa de 1986 que deixou o presidente da CBF e também deputado Nabi Abi Chedid constrangido ao ser perguntado qual seria sua próxima “jogada”.

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Rafael Bastos, chamado de Rafinha, também é apresentador e divide a bancada com Marcelo Tas e Marco Luque. Ele é jornalista, ator e humorista. Jogou basquete durante 15 anos nos Estados Unidos onde se aprofundou no estilo de comédia em pé (Stand–up), que tem como ícone nos Estados Unidos o humorista Seinfeld. Ele participa da bancada mas também vai a campo como repórter do quadro Proteste já. Marco Luque é o terceiro integrante da bancada do CQC, faz a parte mais cômica na apresentação do programa. É ator e faz parte do elenco fixo da peça Terça insana e do programa da rádio Mix FM com o personagem motoboy chamado Jackson Five. Danilo Gentili é publicitário, humorista, escritor e cartunista. Fundador da Comédia ao Vivo, integra também o Clube da Comédia Stand-up Rafael Cortez é ator, músico e jornalista. Ganhou o 32o Prêmio Abril de Jornalismo, em 2007, na categoria Conteúdo para Celular. É um dos repórteres do CQC e apresenta o quadro do CQ Teste. Oscar Filho é o repórter que cobre principalmente os eventos sociais. Ganha vários apelidos por ser o mais baixinho da trupe. Ele é ator e humorista. Felipe Andreoli se formou em jornalismo mas sempre freqüentou redações de TV desde os seis anos de idade, por causa do pai, também jornalista. Warley Santana é o mais novo integrante do CQC. Ele é ator e estreou no CQC com o quadro Em foco onde se passa por um assessor de imagem, além de repórter. Algumas matérias vão ao ar sem necessariamente fazer parte de um quadro dentro do programa. Isso acontece por exemplo com os eventos sociais, geralmente festas, estréias de filmes, lançamentos de livros, lançamento de capa de revista de nú feminino, shows e outros. O programa tem quadros como o Top five, que é a seleção das cinco “melhores” pérolas da semana na TV. O CQ Teste avalia a capacidade intelectual das celebridades. São cinco questões, em que cada resposta errada perde-se 60 segundos de um total de 300. O tempo restante será igual ao coeficiente de inteligência, segundo o CQ Teste. Depois de dois meses, com campanha para poder voltar ao Parlamento e quase 300 mil assinaturas recolhidas, o quadro CQC no congresso voltou. Arlindo Chinaglia, presidente da Câmara dos deputados, declarou que eles foram

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entendidos como programa de humor e não jornalístico. Rafinha Bastos, repórter e apresentador do programa, afirmou à Folha Online em 19/06/08: “A gente também faz isso [jornalismo], mas de uma forma irônica e bem humorada. Isso está assustando a figura política.” Segundo Rivaldo Chinem, autor do livro Imprensa alternativa: (1995, p. 8) “Uma das funções da imprensa é tentar propor alternativas, e não apenas na notícia, mas de mercado, de postura, de organização acionária, a sonhada empreita do “jornal de jornalista”. Segundo Nilson Lage, no livro Estrutura da notícia (1999, p. 6) “[...] cada um de nós conceitua as coisas por comparação e contraste, do ângulo da utilidade, da função”. O fato é que ninguém escapa da mira crítica e da irreverência da verdade ácida deles. O nome do programa faz jus as atitudes dos repórteres, que são bem audaciosos. Um belo exemplo dessa audácia aconteceu no programa do dia 08 de setembro. Rafael Cortez fez-se passar por um convidado especial no 65o Festival de cinema de Veneza. Ele não só passeou pelo tapete vermelho, ao lado de estrelas hollywoodianas como George Clooney, como também conseguiu entregar uma carta a Brad Pitt, endereçada à Angelina Jolie. Alguns quadros do programa são móveis. O quadro do Repórter Inexperiente foi extinto porque a série de entrevistas foram ao ar e o repórter Danilo Gentili poderia ser reconhecido. Ele

se atrapalhava com personalidades como Datena,

Raul Gil, Inri Cristo, Mãe Dinah, Padre Marcelo Rossi e outras. Tudo propositalmente, claro. O Teste da honestidade também foi feito por Danilo Gentili e consistia em testar a honestidade do brasileiro. Ele se passou por um cego e foi às compras. Muita gente deu o troco errado a ele. Quando ele voltava como repórter, algumas pessoas já sabiam do que se tratava e ficavam envergonhadas. Em um desses testes ele deixou cair na rua o celular. Uma mulher viu que o aparelho era dele e mesmo assim o guardou para si. Mesmo depois de desmascarada, assistindo ao flagra na filmagem da produção, eles necessitaram da ajuda da polícia para recuperar o celular. CQC investiga é outro quadro com Danilo Gentili, que aborda casos bizarros. Um deles foi no Reino dos Céus, nome do sítio em que o líder Inri Cristo afirma ser a

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encarnação do “Pai”, Jesus Cristo, e mantém discípulos. O outro foi na “capetela” de Toninho do Diabo, líder de uma doutrina satânica. O quadro mais recente é o Em Foco, com a entrada do oitavo integrante Warley Santana. Ele faz o contrário do repórter inexperiente e se apresenta como uma espécie de assessor de imagem com curso no exterior de Carl Fischer, o mesmo assessor de imagem de Barak Obama. Assim, o entrevistado segue á risca as instruções dele como repetir frases de efeito que ele pede ou congelar por alguns segundos, feito uma estátua. Tudo conselhos estratégicos de Warley para se saírem bem no programa fictício, Em Foco. O nosso recorte será o quadro Proteste já, que existe desde o início do programa. Ele presta um serviço à comunidade recebendo denúncias, por e-mail, de problemas públicos. Assim, Rafael Bastos vai ao local do problema, escuta o povo e cobra dos responsáveis atitudes e prazos para resolver a questão. Muitos casos já foram resolvidos por intermédio dele que nunca perde o senso de humor e o devido respeito pelas autoridades e assistentes. Sempre questionador protesta de forma irreverente pegando um objeto do responsável em questão como forma de garantia para a solução do problema.

Figura 4: Rafael Bastos, “Rafinha”, apresentador e repórter do quadro Proteste já

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5. O GÊNERO JORNALISMO TELEVISIVO: CQC José Marques de Melo, tem uma coleção de livros que leva o seu nome, dentre eles A opinião no jornalismo brasileiro, obra bastante reconhecida no campo jornalístico brasileiro. O estudo dessa obra nos foi importante para reconhecer o CQC também como uma categoria do jornalismo. Segundo Melo, (1994, p.12) “[...] o jornalismo se articula necessariamente com os veículos que tornam públicas suas mensagens, sem que isso signifique dizer que todas as mensagens ali contidas são de natureza jornalística”. Para Melo, (1994, p. 13). “[...] o jornalismo atém-se ao real, exercendo um papel da orientação racional” Melo ainda afirma que: (1994, p.14) “A chave para apreender a identidade de seu objeto ele a encontrou na conjugação das quatro características exigidas como parâmetros da “totalidade jornalística”: periodicidade, universalidade, atualidade e difusão”. Quatro elementos que o CQC dispõe, principalmente no quadro Proteste já, entendendo que, para Melo, universalidade é (1994, p. 16). “[...] uma sintonia com os desejos e as reações da coletividade”. Melo cita também Fraser Bondque que dá outras quatro características principais para o jornalismo ao dizer que “O jornalismo tem quatro razões de ser fundamentais: informar, interpretar, orientar, entreter [...]” (1994, p. 27 apud MELO). Entreter é a principal característica do CQC, mas não deixa a desejar nas outras. O CQC é diferente de outros tipos de jornalismo, mas Melo afirma que: (1994, p. 15) “[...] cada processo jornalístico tem suas próprias peculiaridades, variando de acordo com a estrutura sócio-cultural em que se localiza [..]” Melo conta que (1994, p.20) “ [...] fica evidente a natureza eminentemente política que o jornalismo assume desde o seu nascimento como processo social”. Nessa situação, o Proteste já se enquadra como jornalismo pois, tem um processo social e político muito forte, independente da narrativa humorística que ele utiliza. Segundo Melo: (1994, p. 24)

“Cada processo jornalístico tem sua dimensão

ideológica própria, independente do artifício narrativo utilizado”. Melo ainda afirma que (1994, p. 26) “[...] predominam essas duas características no jornalismo – o informativo e o opinativo – contemporaneamente elas convivem com categorias

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novas que correspondem às mutações experimentadas pelos processos jornalísticos [...]”. Conforme Melo: (1994, p.27) “Paralelamente ao seu propósito de informar, interpretar e moldar opiniões, o jornalismo dedica um esforço crescente à sua função de entreter” O CQC exerce muito bem essa função, sem deixar de lado o compromisso com a sociedade, assim como Melo propõe (1994, p. 28-29) “[...] oferecendo informações utilitárias, mantendo seções que buscam entreter, ou abrindo espaço para preencher o interesse do público, divertindo-o. Essa função corresponde ao jornalismo diversional”. Porém Melo coloca uma questão: (1994, p. 29) “Até que ponto as duas novas categorias, o jornalismo interpretativo e o jornalismo diversional, adquiriram universalidade suficiente para figurar como categorias autônomas?” Melo revela que: (1994, p.29) “O assunto não está ainda muito bem equacionado. Há estudiosos que aceitam a existência de todas as categorias, mas há alguns que recusam algumas delas” Porém o Melo chega a conclusão de que (1994, p. 32) “[...] ao jornalismo diversional, vale a pena referir que se trata de uma categoria não legitimada nos círculos acadêmicos brasileiros”. Fato preocupante é que o CQC se considera um programa também humorístico e Melo discute isso dizendo que (1994, p. 32) “[...] os programas humorísticos do rádio e da televisão, por mais que se articulem com a atualidade, não constituem matérias jornalísticas”. Segundo Melo, isso porque: (1994, p. 33) “São mensagens desvinculadas do real, mais próximas do universo imaginário e portanto classificadas dentro do campo do lazer”. Mas o CQC tem um vínculo com a veracidade dos fatos, tornando mais fácil uma classificação jornalística. Um fato importante que Melo analisa e que o programa faz, é com o compromisso de (1994, p. 34) “[...] tirar o homem de sua preocupação cotidiana, profissional ou familiar. Apresentar-lhe novos horizontes que reanimem seu espírito. E melhor se tudo isto se obtém com alegria e com graça”. Melo comenta um pouco sobre o Novo Jornalismo norte-americano, que como o CQC, foi inovador para a época que é a (1994, p. 35) “[...] corrente que inova na forma jornalística, reintroduzindo a subjetividade do narrador e recorrendo a padrões de expressão próximos do conto, da novela e de outros gêneros literários. Melo cita

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(1994, p. 35) “[...] como figuras representativas Tom Wolfe, Gay Talese, Truman Capote”. Melo explica que: (1994, p.35) “São jornalistas-escritores que registram as ocorrências do real, mantendo fiéis à veracidade, mas utilizando a sensibilidade aos recursos do relato ficcional”. Melo continua dizendo que: (1994, p. 35) “O interesse [...] por essas produções jornalísticas está menos na informação em si, [...] do que nos ingredientes de estilo a que recorrem os seus redatores, [...] em suma, divertindo, entretendo, agradando”. O CQC tem um estilo próprio que diverte, traz entretenimento e agrada, visto as suas repercussões na mídia e o IBOPE, que veio crescendo. Melo esclarece que (1994, p. 37-38) “[...] a mensagem jornalística vem experimentando mutações significativas [...]”. Segundo Melo, (1994) a instituição jornalística se adapta em função das alterações culturais com que se defronta em cada país ou em cada universo geocultural”. Rafael Bastos, em entrevista para o nosso projeto (PPM), afirmou que apesar do programa ter formato argentino, ele tem uma “pegada brasileira”. Muito se questiona se o CQC é ou não um programa jornalístico. Melo lança a pergunta: (1994, p. 38) “O que são gêneros jornalísticos? [...] esse tipo de resposta é buscada quase que exclusivamente pelos estudiosos europeus e latino-americanos” Segundo Gargurevich gêneros jornalísticos são (1994, p. 39, apud MELO) “formas que busca o jornalista para se expressar”. Seu traço definido está portanto no “estilo”, no manejo da língua: são “formas jornalístico-literárias” porque seu objetivo é o “relato da informação e não necessariamente o prazer estético”. Na obra de Melo podemos encontrar que (1994, p.39) “[...] as diferenças entre os gêneros surgem da correspondência dos textos que os jornalistas escrevem em relação às inclinações e aos gostos do público”. Segundo Martin Vivaldi pressupõe o uso de (1994, p.39, apud MELO) “todos os recursos expressivos e vitais, próprios e adequados para expressar a variadíssima gama do acontecer diário”

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José Carlos Aronchi de Souza, jornalista, Mestre em Comunicação Científica e Tecnológica pela Universidade Metodista e Doutor em Ciências da Comunicação pela ECA/USP, em seu livro Gêneros e Formatos na Televisão brasileira, explora empiricamente o universo televisivo brasileiro. Neste trabalho ele faz uma análise mais profunda no ano de 1996, no entanto ele acompanhou o período de 1994 a 2003. Ele irá classificar os gêneros televisivos, formatos e suas variações. Ele identificou 37 gêneros e 31 formatos que compõem os quadros, separados em cinco categorias: entretenimento, informação, educação, publicidade e outros. É nesse objeto de estudo que classificaremos o formato de programa do CQC. A televisão tem a possibilidade de cercar e capturar a consciência do público, Adorno define como: “[...] a totalidade do mundo sensível em uma imagem que alcança todos os órgãos, o sonho sem sonho”. (2004, p. 23, apud ARONCHI). Em um depoimento o publicitário brasileiro Mauro Salles afirma: [...] de outra parte, a televisão se transformou na principal fonte de informação e notícia para as mais amplas camadas de espectadores de todos os níveis, todas as idades, todas as classes, de todos os rincões deste país. A notícia, a reportagem, o discurso, as salas, os quartos, trazendo o mundo para perto de nós e, de outra parte, levando-nos para mais perto do mundo. (SALLES, apud ARONCHI, 2004, p. 24).

Existem muitas redes de televisão no Brasil, um exemplo é a Globo que é comparada aos maiores sucessos da cultura popular americana contemporânea. Existem também as maiores redes de TV do mundo, como é o caso da inglesa BBC e da RAI (italiana). Essas emissoras são fábricas de programas com todos os tipos de formatos e gêneros. Enfim, o estudo do gênero é a compreensão do desenvolvimento da televisão. [...] a concepção de gênero é muito útil para introduzir os alunos mais cedo nos estudos de televisão. Define-se gênero como um conjunto de espécies que apresentam certo número de caracteres comuns convencionalmente estabelecidos. A própria palavra gênero significa simplesmente ordem, quanto aos gêneros na comunicação os gêneros são sistemas de regras aos quais se faz referência. Barbosa Filho define os gêneros da área de comunicação como unidades de informação. (MASTERMAN, LEN apud ARONCHI, 2004, p. 31)

Segundo Aronchi (2004, p.45) “O gênero de um programa associa-se diretamente a um formato”, e Aristóteles (apud ARONCHI, 2004, p. 45) define isso

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da seguinte maneira: “[...] que a realidade consiste em várias coisas isoladas, que representam uma unidade de forma e substância. A substância é o material de que a coisa se compõe, ao passo que a forma são as características peculiares da coisa”. Ou seja, a “forma” é a característica que ajuda a definir o gênero, e o formato é simplesmente as características gerais de um programa de televisão. Segundo Aronchi, ele demonstra formato e gênero da seguinte maneira: “Formato: as características gerais de um programa de televisão. A forma geral de um programa de TV. Os aspectos de um programa de TV”. (2004, p. 45). “Formato está sempre associado a um gênero, assim como gênero está diretamente ligado a uma categoria”. (2004, p. 46).

Figura 5: Localização dos formatos nos gêneros.“Em um gênero pode haver vários formatos de programa” (2004, p.47)

As emissoras de todo o mundo procuram um formato “salvador da pátria”. Segundo Aronchi: “Os formatos são a base do êxito, mas muitas vezes é difícil distinguir o essencial do secundário, para apontar qual é o motivo do triunfo de um e porque ele é diferente do outro”. ( 2004, p. 47) Deve-se ressaltar que a categoria de um programa de TV nos ajuda a entender o que dizemos de determinado gênero de programa. Os gêneros têm história e essa história está ligada ao desenvolvimento de determinada região ou país. Por isso um programa ou show de televisão deve ser identificado de acordo com o período histórico de sua produção, para reconhecer os gêneros de sua

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época. Aronchi acredita que a regravação de programas tradicionais e a criação eventual de novos gêneros estão associadas a um fator muito mais importante, que afeta a estrutura básica e a formatação dos programas: o econômico, isso pode ser interpretado pela ótica de uma indústria que tem seus produtos à venda. Nas palavras de Aronchi ( 2004, p. 52) “ Poucos anunciantes desejam arriscar patrocinar programas não-convencionais”. Um gênero determinado atrai certo tipo de patrocinador e forma a característica da rede, enfim, cada emissora tem sua personalidade e cada programa, seu status. A Band era considerada o canal do esporte, pois a maior parte de sua programação era dedicada ao esporte. [...] 18% gênero esportivo, 14% religioso, filmes e variedades 13% cada um, séries e telejornalismo empatavam em 8%, programas de debate 5%, entrevista 4%., entretenimento 3%, novelas 2%. No total, a programação da Rede Bandeirantes dedicava 65% à categoria entretenimento, 17% à categoria informação e 17% a outros. (ARONCHI, 2004, p.90).

Os gêneros como eventos e telejornalismo, marcam uma nova fase, a reformulação do jornalismo são investimentos em gêneros que modificam os dados colhidos na última década e apontam para um novo percurso da rede.

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Categoria

Gênero Auditório, Colunismo social, Culinário, Desenho

animado,

Esportivo,

Filme,

(competição), Entretenimento

Docudrama, Game

Humorístico,

show Infantil,

Interativo, Musical, Novela, Quiz show (perguntas e respostas), Reality show (tv-realidade), Revista, Série, Série brasileira,

Sitcom

(comédia

de

situações), Talk show, Teledramaturgia (ficção),

Variedades,

Western

Informação

(faroeste) Debate, Documentário,

Entrevista,

Educação Publicidade

Telejornal Educativo, Instrutivo Chamada, Filme comercial, Político,

Outros

Sorteio, Telecompra Especial, Eventos, Religioso

Tabela 1: Categorias e seus respectivos gêneros televisivos, segundo Aronchi.

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O gênero humorístico surgiu durante o período da Ditadura Militar, os programas humorísticos traziam mensagens codificadas que minimizavam a pressão política e econômica da época: era uma crítica consentida. As dificuldades do povo passavam a ser engraçadas, o formato aplicados ao humor na TV, na visão de Aronchi, seguem vários estilos, de tradicionais, como os de auditório, aos mais ousados, como os documentários ou entrevistas. Os formatos mais utilizados pelos humorísticos são o de auditório, como Casseta & Planeta da rede Globo de televisão. O humorismo passa a ser o coringa da programação, o gênero e o formato são bem adaptáveis à reação da audiência. Segundo Aronchi (2004, p. 114) “Aristófanes e Platão, na Grécia clássica, utilizavam do riso para fustigar a sociedade de sua época”. O gênero de telejornalismo está classificado como um programa que apresenta características próprias e evidentes. As emissoras, de acordo com Aronchi (2004, p. 149) “[...] classificam de telejornalismo os noticiários, informativos segmentados ou não, em diversos formatos”. A ampliação do telejornalismo na televisão se deu em vários segmentos da programação, passando a ocupar um espaço além dos noticiários, com novas fórmulas: O jornal de vanguarda também inovou, pois antigamente todos os jornais de televisão tinham praticamente o mesmo formato: uma cortina ao fundo com uma cartela com o nome do patrocinador, e o locutor lendo as notícias, em geral tiradas a gilete dos jornais, porque a televisão ainda recebia influência do rádio. No jornal de vanguarda comecei a trazer os jornalistas para a televisão. O Abertura foi exatamente o primeiro programa a romper com isso. Depois, na Rede Bandeirantes, junto com Roberto d´Avila, criei o programa Canal livre, que foi outro grande passo para a abertura democrática do Brasil. O Canal livre continuava o Abertura. (LIMA, FERNANDO BARBOSA apud ARONCHI, 2004, p. 151)

Gontijo Teodoro, apresentador do Repórter Esso e diretor de telejornalismo da TV Tupi do Rio de Janeiro, acredita que os deveres do telejornal são: “informar, educar, servir, interpretar, entreter” (apud ARONCHI, 2004, p. 151). O formato do telejornalismo é um ou mais apresentadores lêem os textos e apresentam as reportagens externas realizadas pelos jornalistas, ao vivo. E no gênero entrevista, o entrevistado é o foco e não há show comandado pelo jornalista apresentador e quando existe descontração e intimidade, pode haver uma redefinição do gênero entrevista, como o talk show.

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Segundo Aronchi, em uma visão geral de gêneros, existem aqueles que devido à multiplicidade de fórmulas de produção, a migração entre as categorias e a criatividade dos diretores faz alguns programas de TV não terem um rótulo que defina seu gênero ou sua origem. Em suas próprias palavras: “[...] é importante ressaltar

que

os

gêneros

modificam-se,

fundem-se

e

se

diversificam

constantemente.” (Aronchi, 2004 p. 162). Continuando, Aronchi ainda afirma que “[...] podendo mesclar-se e fundir-se com as de outros gêneros, originando novas matrizes genéricas”. (Aronchi, 2004 p. 162). Essa é a classificação, ou seja, denominação de programas “outros”, é a tentativa de identificar um novo gênero. E por fim, a programação. Walter Clark, executivo da televisão brasileira definiu bem isso, em uma frase: “TV não é programa, é programação [...] as redes planejam o horário dos seus programas levando em conta a preferência do público pelos gêneros transmitidos em determinados períodos do dia”. (apud ARONCHI, 2004, P. 53).

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6. INDÚSTRIA CULTURAL E O CQC

Segundo Teixeira Coelho, em seu livro O que é indústria Cultural:

A Indústria cultural é um daqueles objetos de estudo que se dão a conhecer para as ciências humanas antes por suas qualidades indicativas, ou aspectos exteriores, do que por sua constituição interior, estrutural. E um desses traços indicativos é exatamente o da ética posta em prática por essa indústria. ( COELHO,1980, p. 08).

O livro mostra os dois lados, os que são a favor da Indústria Cultural e os que não são. Adorno acredita que a Indústria Cultural imbeciliza as pessoas, mas um pensador canadense chamado Mcluhan acredita exatamente o contrário, ele pensava que a TV era um meio positivo, um meio possibilitador da revelação e não da alienação. Nesse momento Teixeira Coelho esclarece que Mcluhan está dizendo que a participação é uma complementação e mais nada, ou seja a audiência. Está certo que a Indústria Cultural aliena de alguma maneira. Ela dirige-se ao consumidor ao invés de colocar-se a sua disposição. Isso é demonstrado ao nosso redor. Teixeira Coelho cita em seu livro um pensador chamado Dwight MacDonald que fala na existência de três formas de manifestação cultural: superior, média e de massa. No caso, a cultura de massa seria uma cultura inferior. A cultura média é designada também pela expressão midcult, que remete ao universo dos pequenos – burgueses, e a cultura de massa é chamada de masscult, pois para ele não se trataria nem de uma cultura nem de massa. Cultura superior são todos os produtos ditos eruditos. A Indústria Cultural aliena, quando nos deixamos levar por produtos fúteis, mas que nos dão prazer. Em nosso objeto de estudo, que é o programa CQC, e o nosso recorte no quadro Proteste já, o que queremos por meio deste trabalho é provar que existe sim no meio desse entretenimento e alienação, jornalismo sério, que queira esclarecer. A Indústria Cultural pode muitas vezes imbecilizar, mas não somos escravos da Indústria Cultural, pois “podemos” escolher o que queremos ver ou ter, a Indústria Cultural nada mais é do que fazer nossas vontades e prazeres e

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no meio dessa alienação existem produtos esclarecedores, que buscam informar as pessoas, que buscam fazer com que as pessoas olhe criticamente o país em que vivemos. O CQC visa isso, ele é um programa humorístico, que está mais voltado para o jornalismo, ele é um gênero de humor inteligente, que fala o que pensa, que tem liberdade para se expressar. Em uma entrevista concedida para o nosso grupo, Rafael Bastos, afirma que existem coisas que imbecilizam e outras que não e que a televisão tem um papel muito importante, esclarecendo a população através da comédia, através do jornalismo e é isso que ele diz estar fazendo com o CQC. E enquanto a Indústria Cultural, tomarei emprestada a frase de Teixeira Coelho (1998, p.97) “Encontrar o caminho e o passo certo nesse fio de navalha é tarefa tão árdua quanto, parece, necessária”.

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7. O PROGRAMA DO DIA 22 DE SETEMBRO DE 2008 Analisaremos mais a fundo o programa em que participamos da platéia do do dia 22 de setembro de 2008. Antes de começar o programa, é mostrada uma propaganda do seu patrocinador e então há uma síntese do que vai acontecer. Após a síntese vem a abertura, o apresentador Marcelo Tas apresenta Rafael Bastos e Marco Luque que também são apresentadores do programa e por fim entra outra propaganda de um de seus patrocinadores. Depois de cada comercial, na volta do programa há sempre uma propaganda de um de seus patrocinadores. No primeiro quadro, CPI dos grampos, o repórter Danilo Gentili, vai ao congresso nacional investigar o grampo telefônico, o que foi constatado é que esse quadro é jornalístico, no entanto um jornalístico muito mais voltado para o humor e muito mais desafiador. As perguntas são extremamente diretas e causam ao entrevistado momento de tensão, irritação. “Senhor ministro em vez de você ficar falando sobre escuta telefônica, não é melhor você falar sobre detector de mentira”. Danilo Gentili fez essa pergunta e a pessoa em questão não lhe deu ouvidos, a pergunta também tem duplo sentido. No quadro em que o repórter Rafael Cortez vai para Veneza, ele mostra os pontos turísticos da cidade, é um quadro estritamente de entretenimento, no entanto as perguntas são sempre com duplo sentido, no caso em questão mais humorístico. Logo após vem o CQ Teste, quadro de perguntas e respostas que é apenas de humor e entretenimento, sem muita definição. Top Five mostra toda semana os erros que acontecem em outros programas. Os apresentadores fazem comentários que denotam humor e que também mostra duplo sentido. Um exemplo foi o comentário do apresentador Rafael Bastos sobre o ladrão que ligou para a polícia para avisar que os pais haviam deixado uma criança no carro. Ele diz: “Com ladrões como esse o país Brasil seria um país muito mais seguro.” ( Quando ele disse “seguro” fez um gesto com os dedos fazendo entre aspas). Os quadros do “assessor de imagem”, apresentado pelo repórter Warley Santana, o quadro do repórter Felipe Andreoli, que no dia em questão foi ao Prêmio Comunique-se e do repórter Oscar filho são entretenimento mas, com perguntas

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também de duplo sentido, totalmente voltado para o humor. As perguntas são mais para provocação mesmo, com tom de brincadeira. Por fim, vem o quadro Proteste já, que demonstra ser o mais jornalístico. No entanto, não é sério, nesse quadro também há duplo sentido. Na análise do programa, podemos identificar que em todos os quadros, até mesmo nos comentários dos apresentadores, a linguagem que eles usam para com o público é de duplo sentido. Há sempre algo por trás de cada comentário e é esse algo que instiga as pessoas. Como já havia informado, Aronchi também definiu que estavam surgindo gêneros novos e que para definir um programa era necessário achar a sua essência, da produção ao público-alvo e também que estão surgindo novos gêneros que se misturam, entre eles, entretenimento,

jornalismo e humor.

Na análise feita do

programa CQC do dia 22 de setembro de 2008 podemos também perceber que o programa contém quadros de entretenimento, jornalismo e humor e que todos os quadros, até mesmo aqueles mais fúteis, tem uma coisa em comum, a linguagem que todos usam, o modo como falam e o que sempre tentam esperar que aconteça, ou seja, em todos os quadros, o modo como eles falam, e eu estou incluindo os apresentadores também, é uma linguagem ao mesmo tempo ácida, incomoda para quem está recebendo a pergunta.

É como se a todo momento eles tivessem

fazendo piadas “tirando sarro” às vezes mais sério e às vezes só por diversão. O pai da psicanálise, Freud, dizia que ninguém se contenta em fazer um chiste para si. Marcelo Tas diz que uma piada precisa é composta minimamente de dois interlocutores: o que fala e o que escuta. Segundo John Deely : “A linguagem como rede objetiva é parte de um todo maior de relações objetivas. A rede lingüística se alimenta da estrutura da experiência como um todo e é transformado por ela em sua irredutibilidade ao ambiente físico” (apud BONINI, 2008, p. 38). Marcelo Tas, em entrevista fornecida ao portal Imprensa, diz que “[...] é um gênero muito difícil, porque se pode cair no engraçadinho, no fútil. É um fio de navalha”. Reafirmando o que já foi dito, Aronchi, em suas próprias palavras diz que: “[...] é importante ressaltar que os gêneros modificam-se, fundem-se e se diversificam constantemente [...] podendo mesclar-se e fundir-se com as de outros gêneros, originando novas matrizes genéricas”. (Aronchi, 2004 p. 162).

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Essa é a classificação de programas “outros”. É a tentativa de identificar um novo gênero. É esse o gênero que existe no CQC, “outros”, pois ele é uma junção de humor, telejornalismo e entretenimento. O CQC é uma nova matriz de gênero, muito mais voltada para o humor e o entretenimento. Para exemplificar como o CQC age, de certa forma, no processo jornalístico do programa, para atrair o público: Em uma atmosfera relaxada o telespectador deve aprender, sem esforço, Em uma atmosfera relaxada o telespectador deve aprender, sem esforço, que “há outras coisas no mundo” e que “sempre se deve usar o cinto de que “há outras coisas no mundo” e que “sempre se deve usar o cinto de segurança”. Mas não deve perceber, sob nenhuma circunstância, que segurança”. Mas não deve perceber, sob nenhuma circunstância, que algo lhe está sendo ensinado” (Bosshart 1984, p.648 apud KUNCZIK, algo lhe está sendo ensinado” (Bosshart 1984, p.648 apud KUNCZIK, 1988, p. 108) 1988, p. 108)

No livro, Vencendo com a sua voz, do Dr. Morton Cooper, ele afirma que os programas de entrevistas não são os únicos que mostram o estilo de diálogo na comunicação. Até mesmo os apresentadores de noticiários mudaram do antigo estilo formal, do tipo “noticiário pesado” para o estilo mais atual, o “noticiário leve”. Cooper diz ser o método “curto e grosso” que os ouvintes parecem gostar. O CQC não é um programa só de entrevista, no entanto, é “curto e grosso” em suas reportagens, mas de uma maneira mais cômica e irônica e é nesse ponto que o programa CQC inova, no humor irônico. Para um maior esclarecimento, humor é literal e ingênuo enquanto que a ironia é sarcástico e requer do ouvinte/receptor algum conhecimento adicional. O gênero “outros” se define para o CQC como um programa jornalístico com humor irônico. Para finalizar quero deixar claro, que neste trabalho de pesquisa não estamos criando ou definindo um gênero, existe apenas uma análise do programa e dos livros estudados. Trata-se de uma conclusão de tudo que já foi lido e no qual acreditamos que o programa CQC mais se encaixa no gênero.

A Indústria cultural é um daqueles objetos de estudo que se dão a conhecer para as ciências humanas antes por suas qualidades indicativas, ou aspectos exteriores, do que por sua constituição interior, estrutural. E um desses traços indicativos é exatamente o da ética posta em prática por essa indústria. 40 ( COELHO,1980, p. 08).

CONSIDERAÇÕES FINAIS O programa teve grande repercussão na mídia brasileira e veio crescendo no Ibope, chegando a ficar em terceiro lugar junto com o SBT, atrás somente da Globo e da Record. O CQC não deixa de ser um produto midiático que imprime um comportamento jovem, atraindo um público alvo específico para a publicidade em TV aberta. Segundo Melo, “[...]no século XIX, quando a imprensa norte-americana acelera seu ritmo produtivo, assumindo feição industrial e convertendo a informação de atualidade em mercadoria[...] o rádio e a televisão já nascem nesse contexto mercantil” (p. 23). Em outra ocasião Melo ainda afirma que “[...] suas formas de expressão buscam adequar-se aos desejos dos consumidores de equiparar-se aos padrões das mensagens não jornalísticas que fluem através dos mass media” (p. 26). Porém, o CQC não se torna alienante a ponto de deseducar e manipular. Vários quadros tem um viés político e social. O quadro do Proteste já exerce bem essa função jornalística, sem nunca deixar de lado o bom humor, a irreverência e a verdade ácida, marcas fundamentais do programa. O

novo gênero jornalístico do programa não delimita a credibilidade do

jornalismo propriamente dito, ou seja, o trabalho comediante não desacredita o trabalho jornalístico, ajuda a agregar valores à massa jovem com o humor, que desperta o interesse para assuntos relevantes da sociedade. Vários problemas foram solucionados com o quadro Proteste já. Como o próprio Rafael Bastos concedeu-nos em entrevista, “essa é a melhor parte do quadro”, provando que a linguagem humorística utilizada não delimitou a prática contestora e o seu trabalho humoristico não desacreditou o trabalho jornalístico, pois as soluções para os problemas vieram. Rafael Bastos não passou somente a impressão de humorista mas também de jornalista comprometido com a população, que é o principal intuito do jornalismo, dando voz e cobrando soluções.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BONINI,

Luci.

Semiotica.

Disponível

em:

http://lucibonini.blogspot.com/2008/07/semiotica.html. Acesso em: 22/09/2008.

BOSLI, Alfredo. O ser e o tempo da poesia. 6 ed. São Paulo: Companhia das letras, 2000.

CANDIA,

Vanessa.

Imprensa

apimentada.

Disponível

em:

Acesso

em:

www.canaldaimprensa.com.br/canalant/nostalgia/doito/nostalgia1. 22/09/2008.

COELHO, Teixeira. O que é indústria cultural. 11 ed. São Paulo: Brasiliense, 1998.

CHINEM, Rivaldo. Imprensa alternativa: jornalismo de oposição e inovação. São Paulo: Ática,1995.

COOPER, Morton. Vencendo com sua voz: 5 minutos por dia para uma voz vencedora. São Paulo: Manole, 1990.

LAGE, Nilson. Estrutura da notícia. 5 ed. São Paulo: Ática, 1999.

______.Linguagem jornalística. 7 ed. São Paulo: Ática, 1999.

42

MARANGONI, Nivaldo. Televisão: fácil de ver, difícil de fazer, dicas de como aparecer bem na telinha. São José dos Campos: Papercrom, 2002.

MATTOS, Laura. “CQC” e “15 minutos” renovam humor televisivo com atores

do

teatro

alternativo.

Disponível

http://www1.folha.uol.com.br/folha/ilustrada/ult90u389402.shtml.

Acesso

em: em

:

20/08/2008.

MELO, José Marques de. A opinião no jornalismo brasileiro. 2 ed. Petrópolis: Vozes, 1994.

PATERNOSTRO, Vera Íris. O texto na TV: manual de telejornalismo. Rio de Janeiro: Campus, 1999

PRADO, Miguel Arcanjo. Humor do “CQC” dobra audiência da Band. Disponível

em:

http://www1.folha.uol.com.br/folha/ilustrada/ult90u405829.shtml.

Acesso em: 20/08/2008.

ROSSI, Clóvis. O que é jornalismo. 10 ed. São Paulo: Brasiliense, 1995.

SOUZA, José Carlos Aronchi de. Gêneros e formatos na televisão brasileira. São Paulo: Summus, 2004.

WIKIPÉDIA.

O

Pasquim.

Disponível

http://pt.wikipedia.org/wiki/O_Pasquim. Acesso em: 22/ 09/ 2008.

em:

43

ANEXO A - Entrevista com Rafinha Bastos

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Entrevista com Rafinha Bastos Patrícia: Como surgiu o quadro Proteste Já? Rafinha: O Proteste já é um quadro que foi criado na Argentina, na execução inicial do programa, versão inicial na Argentina, que era uma maneira de fazer a denúncia com bom humor. E é isso que a gente trouxe para o Brasil e eu sou o repórter que faz esse quadro. Patrícia: Porque que o logotipo do programa é uma mosca? Rafinha: A gente gostaria que fosse uma abelha que gosta de comer mel, mas infelizmente na Argentina colocaram uma mosca porque a mosca ela está sempre se metendo aonde não é chamada, então é por isso que esse é o logotipo do CQC. Patrícia: O que você acha desse gênero jornalístico humorístico mas ao mesmo tempo esclarecedor? Rafinha: Eu acho horrível (risos). Brincadeira. Eu acho que é a melhor maneira de se fazer jornalismo pra mim é fazer através da comédia, da ironia. Eu acho que você pode utilizar e fazer jornalismo de uma forma diferente e é isso que a gente “ta” fazendo aqui agora. Patrícia: Você conhece o Adorno, Rafinha? Rafinha: Adorno? O que seria isso? Seria uma pessoa? É isso? Adorno, um abraço para o Adorno. Abraço Adorno. Não sei quem é o Adorno. Patrícia: Então, o Adorno fala da Indústria cultural, ele acredita que a Indústria Cultural imbeciliza, aliena as pessoas, como você vê o CQC nisso, pois o CQC mostra o entretenimento mas também esclarece? Rafinha: Olha eu acredito que o Adorno não diga exatamente isso, ele não pode ser tão geral assim, existem certas coisas da cultura de massa que realmente imbeciliza e outras coisas que não imbecilizam. Acho que em qualquer lugar existem livros que imbecilizam também e existem livros que trazem cultura. Acho que não dá pra ser tão radical assim, que a televisão tem um papel muito importante, esclarecendo a população, através do jornalismo, através da comédia, através do

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quer que seja, eu acho que é isso que a gente faz na Band, e é isso que a gente “tá” fazendo com o CQC. Patrícia: Sobre o programa, o quadro Proteste já, qual o critério de escolha que vocês utilizam? E-mail, carta? Rafinha: Carta mandava até a Idade Média, né? Agora já evoluiu o planeta, então agora a gente “tá” com outras formas de comunicação mais imediata, a gente recebe e-mail e ligações e faz uma triagem desses contatos. Muitas vezes a produção descola as pautas de alguns assuntos para a gente fazer e a pauta ela surge, ela é selecionada nas mais diversas formas, seja importância para uma comunidade, importância para um número de pessoas, um assunto que seja importante, que gere identificação com as pessoas do outro lado da tela. Patrícia: O produtor vai atrás da denúncia antes de você? Rafinha: Sim, vem o produtor que vai até o lugar onde a gente vai gravar, vai descobrir como é que é o caso, se é aquilo mesmo que foi relatado. Ele tem um trabalho de apuração antes de fazer as gravações. Patrícia: Essas são as pautas, ou, como são as reuniões de pauta? Rafinha: Existem as reuniões de pauta do programa. Proteste já, é um pouquinho diferente, ele é separado. Como é uma matéria de quinze minutos semanais, as reuniões de pauta acontecem entre a produção e o diretor do programa, “olha isso é legal”, “isso não é legal”, e a gente vai atrás desses assuntos, a gente não faz parte da pauta, da reunião de pautas das matérias semanais, a gente tem meio que uma vida própria dentro do CQC, mas a forma de apuração disso é a mesma de todas as outras matérias do programa. Patrícia: No quadro Proteste já, tem algum quadro que você gostou mais, que você achou que aquilo era mesmo o que significava o Proteste já? Rafinha: Acho que todos aqueles Proteste que já tiveram a resposta positiva, que no final tiveram suas resoluções e que a gente mostrou que o problema foi resolvido, são sempre muito bacanas.

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ANEXO B - Vídeo da entrevista com Rafinha Bastos

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