Por Que os Homens Lutam Por Heitor Freire de Abreu Novembro de 2004
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Por Que os Homens Lutam? Heitor Freire de Abreu E diga-me, aquele que o souber, por que estas guardas estritas e rigorosas cansam todas as noites os súditos deste reino? E por que durante o dia se fundem tantos canhões de bronze?E por que se compra no estrangeiro tantos equipamentos de guerra? Por que todos esses alistamentos de condutores navais, cujo penoso labor não distingue o domingo do resto da semana? Quem poderá informar-me? Trecho de Hamlet, de William Shakespeare
1.QUESTIONAMENTOS IMPERTINENTES Por que os homens lutam? A resposta a esta pergunta desafiou - e desafia - ao longo de séculos, inúmeros pesquisadores. Diversos estudiosos, nas mais variadas áreas do conhecimento humano, produziram teses, teorias, modelos, proposições e conclusões sobre o tema. Qual a razão que leva seres humanos, cada vez mais sofisticados intelectualmente – pelo menos assim nos julgamos – a arquitetar, a planejar e a conduzir a guerra? Quais os motivos conscientes e inconscientes que fazem o homem a aceitar o uso legal da violência contra seus semelhantes? As respostas são variadas. Contudo, uma coisa é certa: o homem lutou desde a sua gênese contra outros de sua espécie, ainda luta e, talvez, continuará lutando. Alguns dizem que a guerra não é da natureza humana, que se trata tão somente de uma aberração comportamental, uma exceção à índole pacifista, um desequilíbrio em um determinado momentum da História. Porém, quando se verifica que o homem esteve muito mais tempo em guerra do que em paz - somente como exemplo, entre 1740 e 1974 existiram 234 anos de intervalo, com 366 grandes conflitos de importância1 - surge o questionamento óbvio: a guerra é uma exceção no comportamento humano ou é a sua regra? Seria a paz um curto período de reordenamento social preparativo para a próxima guerra? Será que a paz é uma utopia ou a própria
negação
do
instinto
humano
arraigado
na
luta
pelo
poder,
levando-o,
inexoravelmente, à guerra? As respostas conclusivas, se é que existem, irão variar desde as que condenam a guerra como a mais vilipendiosa face do comportamento humano; até aquelas que, de forma resignada ou baseada em argumentos científicos, aceitam a guerra como uma face percuciente da natureza humana. O diferencial de cada posicionamento – a favor ou contra estará ancorado em razões complexas que envolvem a religiosidade, a formação humanística, a experiência de vida, a camada sócio-econômica, a formação profissional e muitas outras condicionantes que ao serem misturadas no cadinho das idiossincrasias
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Dados retirados de BOUTHOUL, Gaston, CARRERE, René. O Desafio da Guerra: dois Séculos de Guerra – 1740-1974. Rio de Janeiro: Bibliex, 1979. p. 18. passim
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humanas, levam parte dos homens a enxergarem a guerra como aberração e parte a veremna como um espectro natural do comportamento humano. Para citar apenas um autor que considera a guerra uma anormalidade, utiliza-se de Marc Sautet, filósofo francês contemporâneo, que escreve: ... o que está no cerne do progresso dos últimos séculos não é a postura predatória, mas o comércio; ora, o comércio repousa, exatamente, no oposto da violência: comerciar é trocar mercadorias equivalentes, quer sob a forma do escambo, quer por intermédio da moeda, em particular do ouro. Isso pressupõe que não se cometa nenhuma violência contra o outro. Continuando, ele afirma: Pois é isso mesmo que está em jogo: não se deixe tapear! Se os limites do sistema dominante é que são culpados pela violência, não se deve fazer da violência o verdadeiro motor da história humana e, por isso mesmo, uma fatalidade.2 Dentro desse contexto, o presente artigo exporá algumas idéias sobre o assunto, buscando argumentos nos mais variados campos do conhecimento a fim de propor algumas respostas possíveis para a indagação Por Que os Homens Lutam?. É importante ressaltar que não há intenção de se buscar o reducionismo de Tales para se chegar a uma resposta definitiva. Sabe-se que isto é impossível em face da complexidade do assunto. Buscar-se-á tão somente iluminar, com uma nesga de luz, problemática tão estimulante. 2. EM BUSCA DE UMA RESPOSTA Na troca de correspondências entre Einstein e Freud sobre a Guerra3, na década de 30 do século XX, pode-se ver dois profissionais de áreas tão distintas, preocupando-se com o assunto e buscando respostas à luz de argumentação científica. Einstein inicia sua missiva com interessante questionamento sobre os homens poderosos de sua época que dominavam a política e a economia, adubando a eclosão de guerras. Ele pergunta: Como é possível a essa pequena súcia dobrar a vontade da maioria, que se resigna a perder e a sofrer com uma situação de guerra, a serviço da ambição de poucos? (Ao falar em maioria, não excluo os soldados, de todas as graduações, que escolheram a guerra como profissão, na crença de que estejam servindo à defesa dos mais altos interesses de sua raça e de que o ataque seja, muitas vezes, o melhor meio de defesa). Em seguida, Einstein responde a própria pergunta, dizendo: Parece que uma resposta óbvia a essa pergunta seria que a minoria, a classe dominante atual, possui as escolas, a imprensa e, geralmente, também a Igreja, sob seu poderio. Isto possibilita organizar e dominar as emoções das massas e torná-las instrumentos da mesma minoria.
2 SAUTET, Marc. Um Café para Sócrates. Como a filosofia pode ajudar a compreender o mundo hoje. Rio de Janeiro: José Olympio, 1998. p. 22. 3 Carta de Einstein a Freud e resposta de Freud a Einstein. Edição Standard Brasileira das Obras Psicológicas Completas de Sigmund Freud, Vol XXII (1932-1936). Ed Imago, 1969. p. 243.
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Na resposta a Einstein, o psicanalista trata de variados aspectos da guerra, abordando a sua História, o seu sentido econômico, jurídico e tantos outros, demonstrando que é um assunto que exige abordagem interdisciplinar para se chegar próximo a uma resposta razoável. Tais discussões lançariam importantes bases para o desenvolvimento da Polemologia4. É interessante notar que naquela oportunidade Freud vaticinava o fracasso da Liga das Nações baseando-se em ampla gama de argumentos científicos e históricos, inclusive abordando o comunismo versus o capitalismo como um – e apenas um – dos muitos motivos para justificar que as guerras não seriam banidas no futuro próximo. Ao se buscar luzes sobre o assunto, foram encontrados diversos autores nas mais variadas formas do saber. Tendo em vista o espaço reduzido que este artigo dispõe, buscou-se uma a abordagem objetiva, elegendo uma teoria principal, sem deixar de citar outras quando necessário. a. Conceitos básicos Para não haver dúvidas das premissas deste artigo, é necessário definir os conceitos nele utilizados. Assim, a guerra é o enfrentamento entre dois grupos organizados, geralmente países, que buscam, por intermédio da força militar e da violência legal e consentida, atingir objetivos de Estado. A guerra pode ser caracterizada de acordo como o mais espetacular dos fenômenos sociais humanos. Além disso, é um ato de violência, um fenômeno social em que todas as expressões do poder participam, modificando valores e relações de poder, muitas vezes de forma maniqueísta. Faz-se necessário, ainda, lembrar que em face da polêmica que o assunto impõe, há dois caminhos fundamentais para se entender a guerra como fenômeno social: a teoria determinista5 e a teoria evolucionista6. b. No que tange ao aspecto filosófico A Filosofia, como ciência do ser, dos princípios e das causas, também se interessou pela Guerra. O filósofo Michel Foucault, no seu livro “Em Defesa da Sociedade”, que condensou suas aulas no Collège de France, entre 1975 e 1976, abordou o assunto. Falou sobre a guerra e o poder, sobre a guerra como analisador das relações de poder e a inversão do aforismo de Clausewitz7, dentre outros.
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Ciência que estuda a Guerra. Difere da História Militar, pois busca o enfoque interdisciplinar. Para os deterministas, a paz perpétua não é possível e não faz sentido. 6 Para os evolucionistas, a paz perpétua pode ser atingida ao longo do tempo. 7 “A guerra é a continuação da política por outros meios”, segundo Clausewitz. 5
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Utilizando-se da obra “Leviatã”, de Thomas Hobbes, Foucault toma como uma das premissas para a existência de guerras a falta de diferenciações naturais marcantes entre o forte e o fraco, que eliminassem totalmente a possibilidade de guerra. Segundo ele, a nãodiferenciação natural cria incertezas, riscos, acasos e, por conseguinte, a vontade, de ambas as partes, de enfrentar-se; seria o aleatório na relação primitiva das forças que cria esse estado de guerra. Esse enfrentamento, é bom que se ressalte, busca sempre o poder. Nesse sentido, Foucault inverte o aforismo de Clausewitz, e afirma que A política é a guerra continuada por outros meios. Com este jogo de palavras, ele tenta provar que a guerra é um estado permanente do ser humano, mesmo nos tempos de paz, pois o poder político estaria realimentando constantemente, por intermédio de sua “guerra silenciosa”, das lutas políticas, da busca pelo poder, do enfrentamento diário em votações eivadas de caminhos tortuosos que deixam cicatrizes e frustrações, o retorno da guerra bélica, com o uso de outras armas (fuzis, canhões etc), já que as armas da luta pelo poder em tempo de paz seriam diferentes (pressão, opressão, fisiologismo etc). Ainda seguindo a abordagem de Foucault, ele diz que A decisão final só pode vir da guerra, ou seja, de uma prova de força em que as armas, finalmente, deverão ser juízes. O fim do político seria a derradeira batalha, isto é, a derradeira batalha suspenderia afinal, e afinal somente, o exercício do poder como guerra continuada8. De forma sintética, para Foucault, a guerra é o princípio motor do exercício político, embora a maioria dos políticos sequer saiba que estão fazendo isso. As relações de poder, com suas idiossincrasias, podem levar um país, em algum momento, à guerra. Realmente, observando-se a Constituição brasileira, verificar-se-á que existem inúmeros dispositivos com a finalidade de se evitar pontos de tensão dentro e fora do País. Contudo, conclui-se que tais tentativas não serão suficientes – na verdade, muitas vezes serão desnecessárias e inócuas – e podem estimular e conduzir, em maior ou menor grau, a conflitos diplomáticos ou, até mesmo, em situações extremas, a guerra. Somente como exemplo, utilizar-se-á o dispositivo constitucional onde diz que o Brasil abre mão do uso de energia nuclear para fins bélicos. Em tese, bastaria que esse “desejo” constasse na Carta Magna e estar-se-ia livre de qualquer problema nessa área. Como explicar, então, a crise com organismos internacionais de energia atômica em função das centrífugas da fábrica nuclear de Resende? De fato, trava-se uma guerra diplomática e política que poderá ou não aumentar a área de tensão entre o Brasil e países importantes, como os EUA.
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FOUCAULT, Michel. Em Defesa da Sociedade. São Paulo: Martins Fontes, 2002. p. 31.
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Para sustentar sua linha de pensamento, Foucault se apóia no Biopoder
e no
Racismo10. Nesta linha de raciocínio, o filósofo discorre que uma das possíveis causas da guerra seria a necessidade de os seres humanos de determinadas sociedades de se purificar e melhorar a sua raça ao travar combates. Ele diz: No entanto, mais ainda, a guerra – isto é absolutamente novo – vai se mostrar, no final do século XIX, como uma maneira não simplesmente de fortalecer a própria raça eliminando a raça adversa (conforme os temas da seleção e da luta pela vida), mas igualmente de regenerar a própria raça. Quanto mais numerosos forem os que morrem entre nós, mais pura será a raça a que pertencemos. Do exposto, acredita-se que tenha sido possível lançar algumas idéias no campo filosófico que possam auxiliar na busca de uma resposta satisfatória sobre a razão que leva seres humanos a se enfrentarem em batalhas cruentas. De início, pode-se compreender que a filosofia e os seus questionamentos profundos, bem como as tendências primitivas arraigadas nos seres humanos, podem colaborar para melhor entendermos as causas da guerra. O racismo na sua concepção mais ampla, a luta pelo poder e a possibilidade de vitória em um conflito bélico em larga escala como modificador da relação entre oprimido e opressor, podem configurar como respostas plausíveis. c. À luz da psicanálise A psicanálise, ao estudar os processos mentais inconscientes, é uma boa fonte na busca de respostas. Ater-se-á ao seu fundador, Sigmund Freud, que no século XIX iniciou a defesa de suas teorias que atualmente delineiam expressiva parte da psicanálise. No seu livro “O Mal-Estar na Civilização”11, Freud considera que a felicidade é uma possibilidade humana, mas ao custo de expressiva redução das satisfações individuais. Ou seja, controlando a vida instintiva, pode-se atingir um grau satisfatório de felicidade. É por isto que a vida comum humana (em sociedade), só se torna possível quando o poder ilimitado natural do indivíduo é substituído livremente pelo poder de uma comunidade, iniciando-se, por assim dizer, o convívio social. Por essa linha de raciocínio, a premissa básica de convivência pacífica é a justiça. Por intermédio dela, sabe-se, em tese, que uma lei é criada pelo grupo civilizado ao seu favor e para a sua sobrevivência, não cabendo, portanto, descumprida em favor de um indivíduo. Caso isto venha a ocorrer de maneira sistemática, iniciar-se-iam pontos de tensão
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Segundo Foucault, trata-se da intromissão da política, a partir de meados do século XVIII, no sentido de controlar processos de proporção de nascimentos, fecundidade, mortalidade, longevidade, outrora espontâneos e agora controlados com fins múltiplos. 10 Foucault trata do assunto de maneira ampla, abordando o racismo biológico, social, econômico, de Estado etc. 11 FREUD, Sigmund. O Mal-Estar na Civilização. Rio de Janeiro: Imago, 1997.
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que poderiam redundar em guerras (internas ou externas). Neste sentido, justifica-se a existência de penas a fim de coibir a quebra das leis – fundamento de uma sociedade. O sacrifício interno de algumas necessidades de um indivíduo ou de uma comunidade (um país, por exemplo) garante a convivência social entre indivíduos e entre nações. A simples quebra deste sistema, pode levar os homens que compõe uma sociedade a entrarem em conflito. Todavia, este sacrifício dos instintos individuais tem limites. O excesso de repressão pode trazer conseqüências maléficas. Para Freud, a inibição dos instintos primitivos12 é necessária e fundamental para a convivência em sociedade. Todavia, quando tais instintos, fossem sexuais, fossem de agressividade, encontram-se num estado de reprimenda além do tolerável, ele se manifesta sob a forma de violência coletiva, cujo ápice seria a guerra. Se analisarmos os países com religiosidade acentuada, com valores morais extremados, com posicionamentos sociais radicais perante aos temas polêmicos e revestidos de certos tabus, poder-se-á encontrar alguns embasamentos para a tese de Freud. O que é a histórica agressividade dos EUA – uma sociedade, pelo menos em tese, ciosa de valores morais estóicos e conservadores - no sentido de defender seus interesses? Como explicar os atritos suicidas entre palestinos e judeus? Onde encontrar resposta satisfatória nas guerras insanas em determinadas regiões da África? Pode-se ou não utilizar Freud para tentar explicar... Para que não se fique apenas nas perguntas e afirmações genéricas, tome-se um exemplo atual: a China. Em recente matéria veiculada no jornal O Globo13, pode-se ampliar a idéia de que a repressão excessiva oculta comportamentos agressivos, podendo, até mesmo, levar o homem a comportamentos impensáveis. Uma briga entre um rapaz do grupo étnico hui e outro, da etnia han, desencadeou um tumulto generalizado na pequena cidade de Lancheggang, no centro da China. Ao final, estima-se o número de mortos entre 42 e 150 pessoas, incluindo 18 policiais. De uma briga entre duas pessoas, surgiu um confronto com fundos étnicos envolvendo milhares de pessoas em uma pacata cidade. Dentro desta linha, pode-se perceber que até mesmo jogos de futebol são motivos de preocupação para o governo chinês. Ou seja: talvez, até mesmo a tradicional “paciência chinesa” tenha limites quando se impõe mecanismos de repressão tão fortes, que impedem qualquer válvula de escape ou diálogo na busca de um relacionamento saudável entre governo e sociedade.
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Freud dizia que os instintos humanos são apenas dois: os eróticos (que tendem a unir e a preservar) e os destrutivos ou agressivos (que tendem a separar, a matar). Acreditava, ainda, que não se tratava de encará-los de forma maniqueísta, como bom ou mal. Da confluência de ambos ou do seu enfrentamento, surgiam os fenômenos da vida. 13 SCOFIELD, Giberto. Tensão oculta sob a aparente calma chinesa. O Globo, Rio de Janeiro, 28 nov 2004. p. 59.
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Continuando, Freud também afirma que O elemento de verdade por trás disso tudo, elemento que as pessoas estão tão dispostas a repudiar, é que os homens não são criaturas gentis que desejam ser amadas e que, no máximo, podem defender-se quando atacadas; pelo contrário, são criaturas entre cujos dotes instintivos deve-se levar em conta uma poderosa quota de agressividade14. De maneira parcial, pode-se concluir que para Freud a inibição excessiva de instintos primários humanos, notadamente os de caráter sexual e de agressividade, poderiam ser uma resposta possível, embora não a única, à indagação sobre a razão de os homens lutarem. O problema reside em equilibrar a repressão consentida – por leis razoáveis – dos instintos humanos mais primários, para se formar e para se conviver numa sociedade, com a necessidade inconsciente do ser humano em ter um certo grau de liberação destes mesmos instintos. d. Sob o enfoque da História A História, ao analisar os fatos anteriores, presta importante serviço na investigação de uma resposta fidedigna à indagação central deste artigo. Por intermédio dela, pode-se chegar a um conjunto de premissas fundamentais para se entender o fenômeno da guerra, dando-lhe uma textura palpável e contribuindo para formulação de modelos complexos e interdisciplinares sobre o assunto. Contudo, é importante levar-se em conta que a História busca a exatidão dos fatos, a conjuntura que envolveu os eventos históricos, descrevendoos, tanto quanto a vaidade e a ideologia do historiador permita, não buscando fórmulas que conduzam ao estabelecimento de “leis históricas” ou, muito menos, de “dogmas históricos”. Escolheu-se, no que tange à História, os estudos do historiador inglês John Keegan15. Segundo ele, é preciso ser muito audacioso para dizer que a guerra está saindo de moda. Com este pensamento, conduziu seus estudos sobre o tema direcionando-os para a História Militar. Sua vasta obra analisa diversos conflitos bélicos, buscando iluminar o assunto, notadamente sobre as causas de algumas guerras, do espírito guerreiro e de outros aspectos que envolvem os conflitos bélicos. Uma importante contribuição de Keegan, fruto de seus estudos de História Militar, foi o seu cuidado em estudar os povos primitivos e a existência de guerras entre eles, mesmo isolados da chamada “cultura ocidental”. Tal abordagem, leva a seguinte indagação: Será
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FREUD, Sigmund. O Mal-Estar na Civilização. Rio de Janeiro: Imago, 1997. p. 45. Historiador militar renomado, professor da Academia Militar de Sandhurst, na Inglaterra.
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que o isolamento e a vida contemplativa, por si só, garantiria paz eterna? Keegan aponta que não. Para que se tenha uma argumentação mais contundente de que não basta o isolamento dos homens em lugares paradisíacos para extirpar o fenômeno da guerra, recorre-se ao exemplo da Ilha de Páscoa. Localizada a mais de 3.200 quilômetros da América do Sul, no Pacífico meridional, e a quase 5.000 quilômetros da Nova Zelândia, a Ilha de Páscoa é considerada um dos lugares mais isolados do mundo. Por conseguinte, pouco influenciada por quistos belicosos de países mais desenvolvidos. É de se imaginar que naquele lugar perdido, a guerra jamais iria ter lugar. O seu povo não conhecia outras terras e vivia daquilo que era extraído da ilha. Porém, lá existiu uma guerra que praticamente dizimou a população. Dos 7.000 habitantes (número máximo estimado), foram encontrados apenas 111 pessoas em 1722 pelo viajante holandês Roggeveen16. Isso tudo se deveu a um estado de guerra impressionante, quando, por motivos ainda não comprovados, a população dividiu-se em dois grupos e passou a guerrear. Sinais colhidos posteriormente, denunciam a existência de guerra endêmica e de canibalismo, bem como a confecção de fortificações rudimentares, tais como túneis, abrigos individuais e cavernas fechadas com pedras polidas para proteger famílias. Em uma das extremidades da ilha foi encontrada uma vala cavada para separar uma península com a finalidade de defesa estratégica. Outras abordagens, como a dos índios brasileiros, servem de subsídio. A belicosidade de algumas tribos de índios brasileiros data de antes da chegada dos europeus. Arosca, um cacique Carijó, da tribo guarani, ao travar contato com os franceses capitaneados por Binot de Paulmier, resolve, em 1504, enviar seu filho e herdeiro Essomeriq, para a Europa, com a missão de “aprender a fazer canhões”17, com os quais Arosca queria esmagar seus inimigos tradicionais, os Tupiniquim do litoral de São Paulo. Isso comprova que os europeus apenas “incrementaram” a Arte da Guerra indígena, que, diga-se de passagem, já utilizava táticas de guerrilha, como foi demonstrado na emboscada sofrida pelos infelizes marujos de Vespúcio quando aportaram no Brasil. Conclui-se que os pontos de inflexão da raça humana se caracterizam pela presença marcante, cíclica e indubitável entre guerra e paz. Muitos historiadores supõem que uma resposta aceitável para a existência de guerras seria a conjunção de inúmeras vertentes (econômica, política, liderança e ideológica, dentre outras) que por mero acaso ou por intenção, encontram-se em determinado momento histórico, facilitando ou, até mesmo, induzindo a guerra. 16 17
KEEGAN, John. Uma História da Guerra. São Paulo: Companhia das Letras: Bibliex, 1996. p. 43. idem. p.94.
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Os exércitos se prepararam e continuam se preparando para a eventualidade de um conflito. Diversos fatores que podem deflagrar uma guerra estão intimamente ligados ao fator econômico e à necessidade de desenvolvimento dos países. Como esse desenvolvimento implica em tensões com outras nações, tudo leva a crer que a guerra continuará a acompanhar a humanidade por muitos anos. Dessa forma, verifica-se que a História, ao analisar e ao investigar as guerras com seus métodos científicos, responde-nos dizendo que as causa da guerra são múltiplas e dependem da conjunção de fatores básicos determinantes (economia, influência política, laços religiosos, quebra de equilíbrios de poder etc). e. Em função das teorias da Economia Sem dúvida, a Economia é fator expressivo na deflagração de guerras. Pode-se dizer que os mais importantes conflitos da humanidade tiveram como causa principal consciente disputas econômicas. Alguns países, aparentemente, fogem da regra geral de que a economia é a mola de propulsão das guerras. A antiga URSS, hoje fragmentada, é um exemplo. Embora a condicionante ideológica tivesse um papel fundamental, foi a economia da ex-URSS quem ditou até aonde a ideologia poderia alcançar. A mesma economia que impeliu o comunismo para boa parte do mundo, foi a que motivou o seu crepúsculo, derrubando o vetor ideológico, obrigando aquele país a implementar a Glasnost e a Perestroika. Evidentemente, outros fatores podem fomentar um conflito. A religião, a política e a necessidade de segurança estratégica regional, dentre outras, como visto na História. Todavia, elas são dependentes das possibilidades econômicas de um país para empreender uma luta armada. Essa teoria encontra eco em Friedrich List, que dizia A guerra, ou a possibilidade mesma da guerra, torna o estabelecimento de uma capacidade industrial uma exigência indispensável para uma nação de primeira categoria...18, em franca oposição com a visão de Adam Smith, que insistia em se manter os investimentos militares em patamares baixos a fim de que estes não prejudicassem o desenvolvimento do país. No artigo “Onde o Nome da Religião é Petróleo”, José Arbex Jr tece amplo comentário sobre a vertente econômica da guerra travada pelos EUA e aliados no Afeganistão e outras problemáticas no oriente. Entre outras observações, Arbex argumenta que o que está em jogo, na Tchetchênia, travestido de “conflito religioso”, é a disputa pelo 18
Segundo MACCORMICK, T. China Market: America’s Quest for Informal Empire. Chicago, 1967. Apud KENNEDY, Paul. Ascensão e Queda das Grandes Potências. Transformação Econômica e Conflito Militar de 1500 a 2000.Rio de Janeiro: Campus, 1991. p. 512.
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controle da economia do petróleo. Os cinco países da bacia do Cáspio – Azerbaijão, Cazaquistão, Irã, Rússia e Turcomenistão – possuem reservas estimadas em 200 bilhões de barris de petróleo e um volume comparável de gás.19 Como forma de sustentar a teoria de que os campo econômico e militar andam juntos, em tempos de crise, vale-se de Paul Kennedy: “...a riqueza é geralmente necessária ao poderio militar, e este por sua vez é geralmente necessário à aquisição e proteção da riqueza.”20 A teoria macro-econômica “Espadas versus Arados”21 oferece ampla gama de argumentos que podem auxiliar na obtenção de uma resposta satisfatória. Ela trata da necessidade em se equilibrar os investimentos em bem-estar e com aqueles destinados à defesa em um país. O desequilíbrio pode trazer como conseqüência as observações do quadro abaixo.
Destinação da expansão das possibilidades de produção com o duplo objetivo de aumentar a SEGURANÇA e o BEM-ESTAR. Os padrões de vida podem permanecer estacionários. Se forem bem administrados pela política de governo, equilibram boas condições de aumento progressivo do bem-estar com a necessária segurança dos padrões de vida atingidos. Ex: EUA, Reino Unido, França
Destinação da expansão das possibilidades de produção prioritariamente para a SEGURANÇA. Os padrões de vida podem regredir, tornando o governo insustentável ao longo dos anos. O paradoxo de uma máquina bélica eficiente, porém cara e em descompasso com as precárias condições de vida da população podem levar aos distúrbios internos. Ex: ex- URSS, Coréia do Norte, China
Destinação da expansão das possibilidades de produção prioritariamente para o BEM-ESTAR. Os padrões de vida podem aumentar. A inexistência de forças armadas condizentes com o alto nível de conforto populacional, provocando cobiça de outros países, pode conduzir a conflitos externos em que o país não tenha as condições de defender o modo de vida adotado. Ex: Kuwait, Suíça
Espadas versus Arados – X = bem-estar e Y = segurança
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JUNIOR, José Arbex. Onde o nome da religião é petróleo. Folha de São Paulo, São Paulo, 23 set. 2001, p. 9. KENNEDY, Paul. Ascensão e Queda das Grandes Potências. Transformação Econômica e Conflito Militar de 1500 a 2000.Rio de Janeiro: Campus, 1991. p. 2. 21 ROSSETI, José Pascoal. Introdução à Economia. São Paulo: Atlas, 1988. 20
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Hoje, já se pode antever prováveis guerras no futuro por motivos econômicos. A maioria das reservas de cromo, fundamental na manufatura de turbinas a gás, encontra-se em países subdesenvolvidos, notadamente na África. O cobalto, também importante para a indústria farmacêutica e siderúrgica, encontra-se no continente africano. A platina e o manganês, importantíssimos em processos industriais atuais e do futuro, serão objetos de intensa procura. Só que ambos têm sua maior incidência na África do Sul, e não nos países industrializados, que mais os utilizam. A luta por melhores fontes de energia ou por posicionamento estratégico mais adequado aos objetivos nacionais podem ser causas de guerra. A cobiça por materiais estratégicos, como o nióbio22, petróleo e ferro, dentre outros, efetivamente podem provocar pontos de tensão. Dentre as várias causas de eclosão de guerras e de conflitos, destaca-se o petróleo como a mais relevante nos dias de hoje, merecendo análise mais acurada. O chamado ouro negro, é o suporte da economia mundial na atualidade. A sua demanda aumenta significativamente a cada ano e, no curto prazo, não há perspectiva de que este quadro mude radicalmente, diminuindo o seu consumo. Segundo estudiosos do assunto, ainda falta algum tempo para que o mundo fique sem petróleo e tenha que optar por uma nova fonte de energia que atenda às necessidades que esta fonte energética vem dando conta desde que o “homem de hidrocarboneto” passou a existir23. A produção mundial de petróleo gira em torno dos 80 milhões de barris diários24 e não dá mostras de parar com esta curva ascendente. O quadro prospectivo diz que ela ainda tem fôlego para continuar subindo, mas deverá se estabilizar e diminuir paulatinamente, já que se trata de uma fonte de energia não-renovável. Quando esta tendência de declínio começar a se tornar visível25, as tensões irão aumentar e os conflitos pela posse das principais reservas mundiais poderão se tornar insustentáveis, provocando guerras localizadas, envolvendo países importantes no cenário internacional, como os EUA, a China e a Rússia, dentre outros, ainda extremamente dependentes desse combustível fóssil. Ainda é cedo para se afirmar categoricamente que os EUA invadiram o Iraque com a finalidade de controlar as reservas de petróleo daquele país. Todavia, uma coisa é certa: o 22
O Brasil possui cerca de 90% das reservas mundiais. Este metal se presta á indústria siderúrgica e ao fabrico de engenhos que exigem alta tecnologia (foguetes, satélites etc). 23 Segundo Daniel Yergin em seu estudo O Petróleo: uma História de Ganância, Dinheiro e Poder (São Paulo, Scritta, 1992), Op. Cit. em APPENZELLER, Tim. O Fim do Petróleo Barato. National Geographic, São Paulo, Editora Abril, ano 5 , nº 50, junho 2004, pg 122. 24 Dados do 1o semestre de 2004. 25 Para David Greene, do laboratório Nacional de Oak Ridge, o pico da produção mundial será em 2040, quando ocorrerá o início da precipitação da produção por pura falta de poços. Já para o pesquisador Colin Campbell, mais pessimista, os picos de produção mundial ocorrerão em 2016, e fora do Oriente Médio, em 2006.
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mundo precisa do petróleo produzido no Oriente Médio, em particular os EUA. É sempre bom lembrar que desde que a humanidade assumiu o petróleo como “mola propulsora” do desenvolvimento econômico, muitas guerras foram travadas tendo o ouro negro como uma das causas. Resumidamente, a expressão econômica pode ser uma fonte importante na busca de respostas sobre os motivos que podem levar os homens às guerras, embora não seja a única. O próprio Paul Kennedy26 alerta para algumas poucas exceções, referindo-se ao posicionamento geográfico, a organização militar, a moral nacional, ao sistema de alianças e outros. Porém, será a expressão econômica que dirá se pode ou não haver a guerra e, se esta for declarada, qual será a sua amplitude. 3. TENTANDO ENCONTRAR UMA RESPOSTA A guerra é um traço de personalidade do ser humano que remonta ao seu estado mais selvagem, mas que lhe possibilitou sobreviver até hoje. Trata-se de uma ferramenta extrema de defesa de princípios e de práticas morais, culturais e econômicas de uma sociedade. Contudo, ninguém em seu juízo perfeito pode afirmar que gosta da guerra. Em síntese, pode-se afirmar que não existe uma resposta única que possa explicar a tendência humana em manter-se, na maior parte da suas existência, envolvida em conflitos bélicos. Seria temerário lançar uma resposta monocasual para o assunto. Muitas são as condicionantes. A filosofia parece explicar que a guerra, por acompanhar os seres humanos desde priscas eras, é causada, inconsciente e conscientemente, pela inexistência da “nãodiferenciação” entre o fraco e o forte, a ponto de impedir qualquer pensamento ou tentativa de pacificação, sendo a guerra uma possibilidade permanente. Seria a eterna luta do homem contra a subjugação por outro, por vias políticas, econômicas ou bélicas. Diz, ainda, que as guerras poderiam purificam a espécie, na medida em que somente os mais fortes (física e intelectualmente) sobrevivem às guerras. A psicanálise, estudando objetivamente o inconsciente, nos responde afirmando que o homem é agressivo por natureza. Por conseguinte, a guerra é um instinto primitivo que é extravasado quando o homem ou uma determinada sociedade o reprime a um ponto insustentável, gerando o conflito como fonte de expiação a essa frustração. A História, ao esmiuçar conscientemente suas condicionantes, suas causas e suas conseqüências, responde à indagação inicial dizendo que as causas das guerras podem ser 26
KENNEDY, Paul. Ascensão e Queda das Grandes Potências. Transformação Econômica e Conflito Militar de 1500 a 2000.Rio de Janeiro: Campus, 1991.
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encontradas em várias vertentes. Estas, mescladas, de forma intencional ou não, geram os motivos para uma agressão entre nações. Mostra, ainda, que o simples isolamento de grupos humanos de qualquer cultura belicista não garante a inibição da inclinação para a guerra. Finalmente, a Economia mostra sua resposta de modo pragmático por intermédio da busca permanente do homem em garantir suas necessidades básicas (energia, água, alimentos etc), pois o ser humano chegou ao século XXI em função desta luta secular por substâncias inerentes à vida. Como esta busca gera guerras, o homem estará condenado, inexoravelmente, a promover batalhas baseadas na economia. Como se pôde depreender, as respostas para a pergunta que deu origem ao título deste artigo é uma mescla de condicionantes inconscientes e conscientes. Eles não se excluem. Ao contrário, se complementam e mostram como são complexas as causas de o homem matar o seu semelhante. A resposta, como se vê, depende das circunstâncias de cada guerra e, mesmo, de convicções do estudioso. Não é concebível, porém, que profissionais das armas desconheçam nuances e teorias mais elaboradas que tentam, freneticamente, explicar a causa que leva os militares, no plano individual e coletivo, a doar suas vidas e a de outros num fenômeno social cuja conseqüência final é a morte. Tratar, ler e discutir este assunto não é aquisição de verniz cultural; mas de se saber porque se prepara e porque se morre numa guerra. Enquanto não existirem instrumentos ou fatos que afastem os conflitos bélicos da face da Terra, todos os países têm o dever de preparar-se para ela. Não se propugna uma corrida armamentista, o incremento de um idealismo bélico ou de qualquer outro termo que denote uma visão belicosa. A guerra é um fato na sociedade humana – se é normal ou não, é outro problema - assim como as quedas dos impérios, os grandes êxodos humanos, enfim, ela é uma possibilidade mais ou menos remota – depende de inúmeros fatores – para um país. Em face disso, estar preparado para ela, é uma obrigação do Estado e não uma decisão pessoal ou ideológica de um governante. A sobrevivência de uma Nação, incluindo aí sua cultura, povo, idéias, crenças e aspirações, pode, um dia, ser garantida unicamente manu militari. Se esta falhar, o preço pode ser até mesmo a eliminação do Estado do cenário internacional. As razões pelas quais os homens lutam, sejam conscientes ou não, parecem ser perenes. A procura por alimentos, energia, água e outras necessidades básicas, aliadas ao
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desequilíbrio de seus imperativos primitivos sexuais e agressivos, sugerem ser causas fundamentais das guerras. A resposta para o questionamento que norteou este artigo, conduz a outras perguntas. Seria despropositado afirmar que para a humanidade matar e morrer em guerras é garantir a sua sobrevivência no futuro, na medida em que a guerra, paradoxalmente, poderia fortalecer as sociedades, eliminando aquelas menos aptas? Seria absurdo dizer que um mundo totalmente pacífico levaria ao fim paulatino da humanidade, que seria envolvida em uma espécie de “depressão coletiva”, sem eros e sem agressividade, onde a frustração, agindo como “motor” do desenvolvimento humano, deixaria de existir, conduzindo a um processo de “suicídio” da sociedade, em função da falta de desafios que a movessem para frente? Afinal, a maior parte dos inventos tecnológicos que possibilitaram ao homem dominar a natureza, a sobreviver e a elevar o seu nível de bem-estar foram desenvolvidos em função das guerras. Como conclusão, e à guisa de reflexão, deixam-se as palavras de Castello Branco: “...A guerra é um empreendimento muito difícil e brutal. Por isso, vemos os homens como eles são, e não como desejam ser. Aparecem como numa radiografia. Os homens, então, mostram sentimentos inigualáveis, inclusive o desprendimento e o sacrifício da vida. Mas outros ficam verdadeiramente em trajes menores: abaixam-se, desfalecem, precipitam-se, ou se tornam inúteis. Ah! Os homens...como eu os conheço. Quanta qualidade, quanta fraqueza!...”27 Fim ______________________________________________________ O autor é Major de Cavalaria do Exército Brasileiro, doutorando em Ciências Militares pela Escola de Comando e Estado-Maior do Exército, com ênfase em Logística Militar Terrestre. Possui, dentre outros cursos, MBA em Logística Empresarial pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) e desempenhou a função de Observador Militar da ONU na Costa do Marfim (África). Em 2009, é Chefe da 3ª Seção (Operações e Planejamento) da 1ª Divisão de Exército. (email:
[email protected]).
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MATTOS, Carlos de Meira. Castello Branco e a Revolução. Rio de Janeiro: Bibliex, 1994. p. 188.