JOSÉ DE SAN MARTÍN
José de San Martín José de San Martín y Matorras, nasceu na Argentina, em 1778. Era filho de espanhóis e viveu sua infância na Europa. Quando jovem, retornou à Argentina e, em 1816, saiu vitorioso da luta de independência daquele país. Foi um grande estrategista militar. Em 1818, participou da luta pela independência do atual Chile. Em 1820, San Martín partiu do Chile, juntamente com o marinheiro e aventureiro inglês lorde Cochrane, para libertar o Peru do domínio espanhol. San Martín conseguiu conquistar Lima e tornou-se protetor do Peru (1821), mas ainda estava longe de derrotar os exércitos espanhóis. Ele precisava, na verdade, de apoio externo para vencer definitivamente os espanhóis, que veio de Simón Bolívar. O encontro daqueles que ficaram conhecidos como os dois grandes libertadores da América espanhola - San Martín e Simón Bolívar - deu-se na cidade de Guaiaquil, em 1822. Até hoje não se sabe o teor da conversa entre os dois, mas, depois desse encontro, San Martín decidiu abandonar o Peru e deixar para Bolívar a tarefa de torná-lo independente. Após encontrar-se com Simón Bolívar em 1822, San Martín exilou-se na Bélgica e depois na França, onde faleceu em 1850. Defendia a adoção da monarquia constitucionalista. Fonte: www.historiamais.com
JOSÉ DE SAN MARTÍN José de San Martín nasceu a 25 de Fevereiro de 1778 em Yapeyú, na que actualmente é a província argentina de Corrientes, filho de um coronel, governador do departamento local. Contudo, partiria ainda jovem para Espanha, onde estudou e militou no exército. Aí conheceria outros militares da América do Sul, despertando entre eles os sentimentos de promoção da independência. Em 1811, renunciaria à carreira militar no exército espanhol, partindo de Inglaterra, em direcção ao Rio de la Plata, onde chegaria a 9 de Março de 1812, e onde se envolveria no movimento independentista americano.
Definiria como estratégia expulsar os espanhóis do território americano, promovendo a independência dos territórios vizinhos. O governo independente de Buenos Aires encarregá-lo-ia de criar um corpo de combate que, em Fevereiro de 1813, venceriam, em San Lorenzo, as forças realistas, que haviam chegado por mar, com vários navios, desde o porto de Montevideo. Em Janeiro de 1814, San Martín assumia o comando do Exército do Norte, após a sua derrota no Alto Peru (actual Bolívia). Após ter conseguido a libertação da Argentina, com a proclamação da independência em 1816, San Martín continuaria a preparar o exército que, no ano seguinte, cruzaria os Andes para libertar o Chile. Fonte: memoriavirtual.wordpress.com
JOSÉ DE SAN MARTÍN José Francisco de San Martín nasceu em Yapeyú, atual Província da Argentina de Corrientes, às margens do caudaloso Rio Uruguai, no dia 25 de Fevereiro de 1778. Em 1786, com 8 anos, viaja à Espanha com sua família, onde estuda primeiro no seminário de Nobres de Madri e, em 1789, começa sua carreira militar no regimento de Murcia, servindo ao exército Espanhol durante as guerras contra os Franceses. Em 1808, combate na batalha de Baylén(1) contra os exércitos de Napoleão que haviam invadido a Península Ibérica. No mesmo ano, é iniciado na Loja Integridad Nº 7 de Cádiz e no dia 6 de Maio do mesmo ano recebe o Grau de Mestre Maçom. Dois Irmãos desta loja comoveram o coração de San Martín. Ao longo da vida sempre deles recordou-se. Primeiramente, o Venerável Mestre Francisco Maria Solano - Marques do Socorro, por sua brilhante personalidade, San Martín era o seu Ajudante de Ordens, na hora da sua morte. Ocorreu que, o povo indignado ao extremo pelo calamitoso estado do reino, levantou-se contra o Venerável Magistrado. Atiraram-no à rua, assassinaram-no e arrastaram o seu cadáver como troféu de vitória. Isto causou grande comoção em San Martín, razão pela qual foi sempre inimigo dos movimentos demagógicos e dos procedimentos dos governos baseados em convulsões sociais. Com o segundo - o Irmão Alejandro Aguado, desta mesma Loja Integridad Nº 7, San Martin teve também fraternal vínculo; amizade, esta, que teria projeções imensuráveis no longínquo porvir da vida de San Martín. Foi exatamente este amigo que San Martín voltaria a encontrar, já no ocaso de sua vida, na França. Juntos freqüentam a loja de Ivri. Aguado viria nomear San Martín em seu testamento, como tutor de seus filhos menores. Em sua segunda Loja Caballeros Racionales Nº 3 de Cádiz, à qual se incorpora em 1808 conhece muitas personalidades da emancipação Americana como o Peruano Pablo de Olavide, o primeiro a conceber o ideal
da emancipação Americana. Esta loja inicialmente fundada em Madri, frente ao avanço dos franceses, muda-se para Sevilha e depois para Cádiz, tendo sempre contado, entre seus 63 patrióticos membros, com Irmãos colombianos, mexicanos, guatemaltecos, etc. A Loja Caballeros Racionales teve similares em Madri, Sevilha, Cádiz, Bogotá, Caracas, Filadélfia, México, Buenos Aires, Uruguai, Londres, etc. Assim, cientes da situação nas Colônias Hispânicas, os Americanos decidem retornar a seus países de origem para iniciar a luta da emancipação que estava por começar. Em 1811 renuncia a sua carreira militar na Espanha e viaja à Londres onde obtém a ajuda de um dos chefes do exército inglês, Sir Charles Stuart. Consegue, assim, um passaporte e cartas de recomendação para Lord Mac Duff que havia pertencido à loja fundada em Londres pelo insigne precursor Francisco de Miranda.(2) Durante os quatro meses em que permaneceu em Londres, San Martín funda com seus amigos a loja Caballeros Racionales Nº 7, cujo primeiro Venerável foi Carlos de Alvear e contou com Holmberg, Zapiola, Manuel Moreno - irmão de Mariano Moreno(3) - e os Venezuelanos Luís Lopes Mendes, Andrés Bolo e o Marques do Apartado. Nesta loja, San Martín ascende ao 5º Grau. Em Londres, com a ajuda de Lord Mc Duff, arma a fragata George Canning em janeiro de 1812, que chega em 9 de Março de 1812 ao Rio da Prata trazendo diversos militares de carreira: além dele mesmo, Tenente Coronel de Cavalaria José Francisco de San Martín, vieram ainda o Alferes de Carabineiros Carlos de Alvear, o Capitão de Cavalaria Francisco de Vera, o Alferes de Navio Martín Zapiola, o Capitão de Milícias Francisco de Chilavert, o Subtenente de Infantaria Antônio Aroano e o Tenente das Guardias Walonas, Barão de Holmberg. O governo independente de Buenos Aires aceita os serviços de San Martín, reconhece a sua patente de Tenente Coronel e dá-lhe a tarefa de formar um Corpo de Combate que, mais tarde, seria o glorioso Regimento de Granadeiros à Cavalo. Em 1812 casa-se com Maria dos Remédios de Escalada, oriunda de uma distinguida família. Continuando com o seu trabalho, entra em contato com o Venerável Mestre da Loja Independência. Em Junho de 1812, San Martin já havia filiado a totalidade dos que tinham vindo na fragata George Canning, e fundado uma nova Loja, denominado-a Caballeros Racionales Nº 8 e não Lautaro, denominação que só receberia em 1815; o seu lema foi União Força e Virtude. Os requerimentos para afiliar-se a essa loja era: ser Americano, jurar lutar pela independência e de trabalhar pela instauração do sistema republicano. Alem do mais, como expressão de Fé democrática, estes Irmãos juramentados afirmavam que não reconheceriam governo legítimo na América, senão aquele que nascesse da vontade dos povos. Vemos assim que, ao ver a falta de representatividade do Primeiro Triunvirato, no dia 8 de Outubro de 1812, exigem uma mudança de governo
e forma-se o 2º Triunvirato integrado por Juan José Paso, Rodrigues Peña e Alvarez Jonte, todos irmãos da Ordem, cujo primeiro ato de governo foi convocar à Assembléia do Ano XIII, em 1813. San Martín e Alvear foram os árbitros desta Loja e esta, por sua vez, do destino da Pátria. Dos 55 Membros, 3 pertenciam ao Poder Executivo, 28 eram representantes da Assembléia Geral Constituinte, 13 eram partidários de San Martín e 24 de Alvear. Em 3 de Fevereiro de 1813, os Granadeiros à Cavalo vencem, no combate, de San Lorenzo, as forças realista Espanholas que chegaram em varias naus procedentes do porto de Montevidéu. Em janeiro de 1814, San Martín assume o comando do exército do Norte, das mãos de Belgrano (4) que regressava, derrotado do Alto Peru, hoje a República de Bolívia,. Ambos se encontram na Posta de Yatasto. A partir de então, os dois patriotas estabelecem uma grande amizade. Decorrido pouco tempo de estar em Tucumán, San Martín percebe que era impossível chegar à Lima - nesse momento o centro do poder realista - pelo caminho terrestre do Alto Peru. Foi então que o Coronel concebeu a idéia, que, no futuro realizaria com sucesso, de cruzar a Cordilheira dos Andes e atacar a Cidade dos Vice-reis, pelo mar. Una luta sorrateira originada pelas ambições de Alvear no decorrer de 1815, leva a Loja a um estado de dissolução, mas San Martín a reorganiza e a chama de Lautaro, não como homenagem ao índio Lautaro (5), mas sim como uma expressão Maçônica que resultou numa expedição ao Chile. Uma doença o obriga a pedir uma licença, mas San Martin é nomeado Governador de Cujo e, assim, parte para Mendoza. Ao pé da Cordilheira, onde se restabelece e começa a preparar o exército para cruzar os Andes. Em todas as partes onde passava (Mendoza, Córdoba, Santa Fé, Chile, Peru), sempre organizava sociedades secretas. Todas elas eram denominadas Lautaro e mantinham, entre si, uma ativa coordenação e cooperação. Em 1816, envia delegados à província de Cujo, para participarem do congresso que se reunia em Tucumán com ordens expressas de insistir na Declaração da Independência. A Declaração da Independência da Espanha foi aclamada em 9 de Julho deste mesmo ano. De Mendoza San Martin, prepara, com escassos meios, um exército. Todo o povo contribui com seu trabalho e com seus bens para realizar a perigosa expedição. Insiste frente ao governo de Buenos Aires para que autorize suas tropas a cruzar a Cordilheira. Em Janeiro de 1817, começa o avanço do exército. Aproximadamente 4000 homens, Cavalaria, Artilharia de Campanha e provisões para um mês, cruzaram a Cordilheira dos Andes divididas em duas colunas, uma pela passagem de Os Patos e outra pela de Uspallata. As colunas iriam confluir em Santa Rosa dos Andes. Em 12 de fevereiro de 1817, poucos dias depois da passagem pela Cordilheira, o exército dos Andes vence os realistas na Batalha de
Chacabuco. Poucos dias depois, o Libertador entra na cidade de Santiago. O Cabildo (6) reuniu-se no dia 18 e nomeou San Martín como Diretor Supremo, que renunciou à honra, tendo sido, então, eleito para o cargo o general Bernardo O´Higgins (7) . Nos primeiros dias de 1818, entre tanto, um exército realista desembarca no Peru, e avança sobre a Capital do Chile. A 19 de Março, num ataque noturno, os realistas derrotaram os patriotas na Batalha de Cancharrayada, resultando ferido O´Higgins. O exército unido Argentino-Chileno se refez e, em 5 de Abril derrotou completamente os realistas na Batalha de Maipú, pondo fim aos esforços Hispânicos de retomar o País. Estava assim aberto o caminho em direção à Lima pelo mar, Mas era necessário criar uma frota que ainda não existia. Com alguns barcos capturados ao inimigo e outros comprados aos Estados Unidos e Inglaterra, cria-se a Marinha Chilena que esteve sob o comando de Blanco Encalada (8) e, depois, do almirante inglês Lord Cochrane (9), ambos membros da Loja Lautaro de Chile. A 20 de agosto de 1820, parte o exército expedicionário Argentino-Chileno do porto de Valparaíso ao Peru. No mês de Julho de 1821, San Martín entra triunfante em Lima, proclamando a Independência, é sendo cognominado Protetor do Peru e designado para exercer o governo. Em 26 de julho de 1822 San Martín encontra Simón Bolívar na cidade de Guayaquil - hoje Equador - e os dos Libertadores Sul-Americanos do Norte e do Sul, conferenciam em secreto por mais de quatro horas. San Martín regressa a Lima na mesma noite. Em 20 de setembro desse ano reúne-se em Lima o primeiro Congresso do Peru. San Martín renuncia ao cargo, e no mesmo dia embarca para o Chile. Meses mais tarde retorna a Mendoza. Em 3 de agosto de 1823 morre sua esposa em Buenos Aires. Em 10 de fevereiro de 1824, desgosta-se com a Guerra Civil em que estavam envolvidas as Províncias Unidas do Rio da Prata, embarca para França com sua filha Mercedes. Na Europa educa sua filha e escreve as Máximas para sua filha, que em definitivo, na verdade, um resumo de sua filosofia de vida. Reside na Europa onde desenvolve uma intensa vida Maçônica até sua morte, em 17 de Agosto de 1850, na cidade de Boulogne Sur Mer, na França Notas: (1) Em 1808, Napoleão invadiu a Espanha para colocar seu Irmão José no trono. A Batalha de Baylén, travada em 19 de Julho do mesmo ano, entre os exércitos espanhol, comandado pelo General Xavier de Castaños, e francês, comandados pelo Conde Dupont de l´Etang, terminou com a capitulação dos franceses e deu grande estímulo aos espanhóis na resistência ao invasor francês, que se prolongaria até a vitória em 1813, ajudados pelos britânicos. Muitos sul-americanos lutaram pelos espanhóis, sendo inevitável que se entusiasmassem igualmente pela causa da
liberdade em seus próprios países de origem, ameaçada pelo próprio Rei que eles haviam ajudado a recuperar o trono, Fernando VII, infelizmente um reacionário de carteira assinada. A não ser por um breve intervalo, depois de uma revolução liberal em 1820. Fernando reimplantaria um absolutismo estúpido e repressor na Espanha até sua morte, em 1833 - ironicamente ajudado por tropas francesas. (2) Francisco de Miranda (1750 - 1816) patriota venezuelano conhecido como o Precursor, luto por mais de uma década pela independência das colônias espanholas da América. Chegou a chefiar o governo após a proclamação da independência da Venezuela, em 5 de julho de 1811. As rivalidades regionais e à lealdade à coroa espanhola de ainda boa parte da população, associaram-se as conseqüências do terrível terremoto de 1812, quase que limitado às regiões insurgentes, que foi apresentado pelo clero como castigo divino aos rebeldes. Miranda acabou preso e deportado para Espanha, vindo a morrer em uma prisão de Cadiz. (3) Mariano Moreno (1778-1811), patriota argentino, depois de haver publicado uma representação em defesa do livre comercio e dos interesses rurais argentinos, participou abertamente da revolta de maio de 1810. Foi secretario da primeira junta revolucionária. Em Buenos Aires, criou a Escola de Matemáticas e a Biblioteca Publica. Designado ministro plenipotenciário para Londres, faleceu no viagem. (4) Manuel Joaquin del Córazon de Jusús Belgrano (1770-1820) fez seus estudos na Espanha, nas universidades de Salamanca e Valladolid. Lutou contra a invasão inglesa de Buenos Aires, foi um dos fundadores da Sociedade Patriótica, Literária y Econômica. Muito ativo na revolução de maio de 1810, chefiou os exércitos de libertação do Paraguai e da Bolívia (então Alto Peru), indo a Europa para tentar o reconhecimento das Províncias Unidas do Prata (5) Lautaro foi um indígena araucano, do Chile, que liderou uma violenta reação contra a conquista e a escravização pelos espanhóis no século XVI. A rebelião, que impediria o desdobramento dos colonizadores espanhóis para o sul até o século XIX, foi celebrada pelo soldado poeta Alonso de Ercilla y Zuñiga em La Araucana (1569). (6) Os Cabildos eram o equivalente das câmaras municipais, na administração colonial espanhola, representando principalmente os interesses da oligarquia agrícola e dos comerciantes. (7) Bernardo O´Higgins Riquelme (1776-1842), filho natural do governador colonial do Chile e vice-rei do Peru, foi o Libertador de Chile. Ao fazer seus estudos na Inglaterra, foi influenciado por Francisco Miranda. Lutou ao lado de San Martin com o Exército dos Andes, na decisiva Batalha de Maipú. Governou o Chile de forma autoritária de 1818 a 1823, mas procurou diminuir a intolerância religiosa. Abdicou do poder para evitar uma conflagração civil e passou a viver no Peru. (8) Thomas Cochrane, Conde de Dundonald (1755-1860), destacou-se como oficial de marinha por sua coragem e audácia contra a marinha de Napoleão e como político radical no Parlamento Britânico. Acabou envolvido em um escândalo na Bolsa e demitido do Parlamento e da Marinha Real.
Voltou à carreira naval, destacando-se nas lutas pela independência do Chile e do Brasil, onde recebeu o título de Marques do Maranhão . Em 1832, seria reintegrado na Royal Navy. (9) Simón Bolívar (1783-1830), o libertador de Venezuela, Colômbia, Equador e Bolívia, nasceu e foi educado em Caracas, mas foi na Europa que aprofundou-se nas teorias de Rousseau, Montesquieu, e Voltaire. Influenciado pelo encontro com o cientista alemão Alexandre von Humboldt, que se declara convencido da independência inevitável das colônias hispânicas, Bolívar juro em Roma (1807) dedicar sua vida a essa causa. A partir de 1807 , com muita determinação, enfrenta muitas adversidades, até o triunfo final, na Batalha de Carabobo, em 1821. Mas os desgostos políticos abreviariam a sua vida, tendo seu sonho, a Grande Colômbia, fragmentado-se em países independentes. Máximas do General San Martín para a educação de sua filha Mercedes Tomasa • Humanizar o caráter e fazê-lo sensível até com os insetos que não prejudicam. Stern disse ao abrir a janela, a uma mosca para que saísse: "Voa pobre animal, o mundo é muito grande para nós dois". • Inspirá-la no amor à verdade, e no ódio à mentira. • Inspirá-la a uma grande confiança e amizade mas, unindo-a ao respeito. • Estimular em Mercedes a caridade com os pobres. • Respeito sobre a propriedade alheia. • Acostumá-la a guardar um segredo. • Inspirá-la nos sentimentos de tolerância para com todas as religiões. • Doçura com os desprovidos, os pobres e os velhos. • Que fale pouco e o necessário. • Acostumá-la a estar formalmente à mesa. • Amor ao asseio e desprezo ao luxo. • Inspirá-la no amor pela Pátria e pela liberdade. Testamento do Libertador
General Dom José de San Martín (Transcrição textual - "El sabre do General San Martín", Instituto Nacional Sanmartiniano) Paris, 23 de janeiro de 1844 Em nome de Deus todo Poderoso a quem conheço como Fazedor do Universo: Digo eu José de San Martín, Generalíssimo da República do Peru, e Fundador de sua liberdade, Capitão General do Chile e Brigadeiro General da Confederação Argentina, em vista do precário estado da minha saúde, declaro pelo presente Testamento o seguinte: 1º- Deixo como minha absoluta Herdeira dos meus bens, havidos e por haver a minha única Filha, Mercedes de San Martín atualmente casada com Mariano Balcarce. 2°- É minha expressa vontade que minha Filha subministre a minha Irmã Maria Elena, uma pensão de Mil francos anuais, e a seu falecimento, se continue pagando a sua filha Petronila, uma quantia de 250 até sua morte,
sem que para assegurar esta dádiva que faço a minha irmã e Sobrinha, sejam necessárias outras hipotecas e que a confiança que me assiste de que minha filha e seus herdeiros cumprirão religiosamente, esta minha vontade. 3°- O Sabre que tem me acompanhado em toda a Guerra da Independência da América do Sul, seja entregue ao General da República Argentina Dom Juan Manuel de Rosas, como uma prova de satisfação que como Argentino tenho tido ao ver a firmeza com que tem sustentado a honra da República contra as injustas pretensões dos estrangeiros que tratam de humilhá-la. 4° - Proíbo que se faça qualquer tipo de funeral, e que. desde o lugar em que venha a falecer me conduzirão diretamente ao cemitério sem nenhum acompanhamento, mas sim desejaria que meu coração fosse depositado no cemitério de Buenos Aires. 5°- Declaro não dever nem ter jamais devido nada, a ninguém. 6°- Ainda que é verdade que todos meus anseios não tem tido outro objeto que o do bem estar de minha Filha amada, devo confessar, que a honrada conduta desta, e o constante carinho e esmero que sempre ela tem manifestado para comigo, tem recompensado com usura, todos meus esmeros fazendo minha velhice feliz. Eu rogo continue com o mesmo cuidado e contração a educação de suas filhas (às quais abraço com todo meu coração) se é que pôr sua vez quiser ter a mesma feliz sorte que eu tenho tido; igual encargo faço a seu esposo, cuja honradez, e homem de bem não desmentiu a opinião que havia formado dele, o que me garantirá que continuará fazendo a felicidade de minha filha e netas. 7°- Qualquer outro Testamento ou disposição anterior ao presente fica nulo e sem nenhum valor. Feito em Paris aos vinte e três de Janeiro do ano de mil oitocentos quarenta e quatro e escrito tudo do meu punho e letra.
Simão Bolívar 1783-1830
Simão Bolívar General e estadista venezuelano, um dos maiores vultos da América Latina, chefe das revoluções que promoveram a independência da Venezuela, Colômbia, Equador, Peru e Bolívia. Herói de mais de duzentas batalhas, recebeu o título de “O Libertador”, conferido pelos parlamentos dos países por ele libertados do jugo espanhol e deu nome à Bolívia. Com a guerra civil de 1829, a Venezuela e a Colômbia separaram-se; o Peru aboliu a Constituição bolivariana, e a província de Quito tornou-se independente com o nome de Equador. Grande orador e escritor de mérito, deixou alguns ensaios, entre os quais Meu delírio no Chimborazo. Foi um homem muito avançado para a sua época, escreveu sobre sociologia e pedagogia, além de tratados militares, econômicos e políticos. Simon Bolívar teve ao seu lado, em vários combates, o brasileiro José Ignácio Abreu e Lima, filho do Padre Roma (também Abreu e Lima), fuzilado pelos portugueses durante a Revolução de 1817, em Salvador. Fonte: www.camara.gov.br
SIMÃO BOLÍVAR
Retrato de Simón Bolívar pelo pintor José Gil de Castro. Libertador: 1783 - 1830 QUANDO TUDO ACONTECEU...
1783: Nasce em Caracas. 1794: Samuel Robinson transmite a Simón Bolívar os ideais libertários da Revolução Francesa. 1800: Vai para Madrid. 1804: Vai para Paris. 1805: No Monte Aventino jura libertar a América do Sul do domínio espanhol. 1810: Com Miranda, participa na Junta do Governo que proclama a independência da Venezuela. 1813: Entra em Caracas, é proclamado «Libertador». 1815: Publica a Carta a um Cavalheiro da Jamaica. 1817: Toma Angostura. 1819: O Exército da Libertação atravessa os Andes. 1821: Proclamação da Grã-Colômbia. 1822: Entra em Quito; grande paixão por Manuela Saenz; encontra-se com S. Martin. 1824: Derrota dos espanhóis em Junin. 1825: Constituição da República de Bolívar (Bolívia). 1826: Bolívar convoca o Congresso do Panamá. 1830: Sucre é assassinado em Quito; Bolívar morre, tuberculoso, em Santa Marta.
Memórias apócrifas de Simón Bolívar INFÂNCIA
Folheio a minha papelada, tudo sepultado há tanto tempo. A minha Mãe, o sorriso, a indulgência. As primas Aristiguietas, a minha primeira farda, Espanha, Paris, o amado e odiado Bonaparte, Roma, Miranda, a travessia dos Andes, o sonho da Grã-Colômbia, San Martin, Sucre, a conferência do Panamá, Manuela feminina e guerreira. Tudo se foi, lavrei o mar, sou quase um velho, estou no fim. Valeu a pena?
Bolívar na Batalha de Arauare em 5 de Dezenbro de 1813, segundo um óleo de T. Salas. Caracas, Maria Antonia, Juana Maria, saias-balão, minhas irmãs a voltear, não param de rir com as minhas diabruras. Simoncito! diz a minha Mãe, nunca mais tomas juízo, não sejas tão rebelde, vais sofrer muito na vida... Não me lembro é do Pai, tinha eu três anos quando morreu. O luto, isso lembro. As pretas a carpir, velas acesas, as meninas a chorar. A Mãe a partir para a herdade, nunca mais há-de voltar, fica maior e apagado o nosso palacete. Juan Vicente, o meu irmão mais velho, alto, silencioso, sempre atrás de mim, adoração. Pensa que sou um santo a saltar do andor. D. Miguel Sanz é que não pára de esbravejar, Simoncito, tu és pólvora. Então, Mestre, fuja que eu vou explodir! Professores, muitos, corrupio, ninguém me atura. D. Carlos Palacios, meu tio e tutor, descobre um outro, Samuel Robinson, que me obriga a dispensar os meus escravos, ninguém é dono de ninguém, cada qual dono de si. E eu? Para que preciso eu de um mestre? Não sou escravo de ninguém, aprendo sozinho, sou dono de mim. Ri-se. Dá-me a ler o Emílio do Rousseau. Na herdade ensina-me a cavalgar. E a nadar, nus, ele e eu. É mal visto por todos. Vagabundeara pela Europa. Casara com uma índia. Em vez de baptizar as filhas, dera nomes de flores às meninas. Não sei como o tio se decidiu a contratá-lo. Amarinha à copa de um ipê. Segura-se a um ramo com as pernas, abre os braços, Simoncito, a Liberdade é o estado natural do Homem, nem escravos nem senhores, todos livres como pássaros!
Livre? Sou livre, por acaso ? Sou mas é um crioulo. De boa linhagem, sangue branco, mas crioulo desprezado pela Corte. Sangue honesto de moleiro, diz Robinson. Mestre, sois louco? Sangue dos nobres de Espanha! E a mó que está no escudo dos Bolívares? Como explicas? Moleiro, Simoncito, é sangue de moleiro... Fúria, quero matá-lo. Agarra-me os braços. Arrasta-me pela ruas de Caracas. Leva-me ao Arquivo. Folheia catrapázios e poeiras. Lá está a prova: o meu ancestral, o primeiro que veio de Espanha, era realmente um moleiro. Não contenho as lágrimas, vergonha, labéu. Dá-me uma palmada nas costas, anima-te rapaz, é o melhor dos sangues! Tudo fez com o próprio esforço, não precisou de escravos. Mestre, libertemo-nos de Espanha, odeio os espanhóis! Ai odeias? Diz-me lá, Simoncito: e a quem odiarão os pobres índios? A Liberdade, ai a Liberdade... Em Nova Granada há um levante contra os espanhóis. Robinson está envolvido. Chacinada a maioria dos revoltosos. Os poucos sobreviventes, presos. Entre eles, Samuel Robinson. Mestre Miguel Sanz é quem o safa da pena capital. Consegue até que o deixem fugir e ele desanda para o exílio. Onde o mestre, onde o amigo? Voltarei a vê-lo? Tudo esfumado... EUROPA, CASAMENTO E MORTE
Milícia, eu garboso, farda vermelha, as donzelas fascinadas. As primas Aristiguietas, uma delas a provocar-me, lábios ardentes, Simoncito quando casamos? De Madrid, meu tio Esteban Palacios manda chamar-me. Escapo ao matrimónio prematuro. Aos dezassete anos desembarco em Espanha. O caraquenho D. Manuel de Mallo é, por agora, o favorito da rainha. Mulheres, festas galantes, despiques, ameaças de duelo, fausto, embriaguez. Venço Fernando, o príncipe herdeiro, em luta de lanceiros. Aprendi com Samuel Robinson os golpes índios, não há quem possa derrotar-nos. Desarmo o Infante, deito ao chão o seu chapéu, gargalhadas na sala d'armas. Vai queixar-se à mãe. Ela fita-me da cabeça aos pés, devora-me, é apenas um jogo, meu filho. Ciúmes eu tenho de D. Manuel de Mallo... Mas depois as lúbricas alternâncias, Godoy é agora o favorito da rainha. Mallo em desgraça, acusado de traidor. Também o tio Esteban é preso. É a voragem do sarcasmo imperial a sorver os crioulos. O Marquês de Ustáriz e a meiga Maria Tereza del Toro safam-me dos esbirros de Godoy, colocam-me em Paris. Bonaparte é o primeiro Cônsul. Será ele o Emílio no poder? O clero reduzido a nada. Agora só vale a linhagem do valor, não mais a do sangue. Leio e repudio Maquiavel. Adoro Montesquieu. Por onde andará Samuel Robinson? Godoy expulso do leito da rainha e já amansa a hostilidade contra os crioulos. Regresso a Madrid. Maria Tereza del Toro sorri, diverte-se com as minhas ideias revolucionárias, arroubos! Tem que ser minha esta donzela, da meiguice quero fazer minha mulher. O Marquês consente e casamos. Embarcamos para Caracas. Festas e mais festas, o despeito das primas Aristiguietas e mais uma contradança. De madrugada Maria Tereza
desfalece, febre súbita. Logo expira nos meus braços. A solidão, o desespero, de mim perdido fico. JURAMENTO
Sete meses depois reparo no olhar de Juan Vicente pairando sobre mim, ansiedade. Abraço-o, choro por fim. Sequei, jamais voltarei a amar. Não voltarei a casar, eu juro. E Manuela? Serei justo com Manuela?
Casamento de Simón Bolívar com Maria Teresa Rodriguez del Toro (Maio de 1802, Madrid). Maria Teresa morreria oito meses depois, em Caracas, vítima de febre amarela. Tenho 21 anos, volto a Paris. Bonaparte conquista a Europa, cai um país atrás do outro, ele é o Herói. Ofereço um banquete em minha casa. Generais, políticos, sacerdotes, poetas, filósofos, mulheres, belas mulheres. Entre elas, Fanny de Villars, esposa de um ancião complacente. Bebo demais e acuso Napoleão de trair a Liberdade. Acuso Bonaparte de só pensar em coroar-se. Acuso-o de fomentar uma polícia secreta. Acuso os oficiais que cegamente seguem o tirano. Causo escândalo. Mesmo assim sou convidado a assistir à coroação. Ele é um deus que admiro e invejo, é um demónio que eu odeio. Dizem-me que Samuel Robinson está em Viena. Corro para a Áustria, abraço o Mestre, comoção. Agora dedica-se a experiências químicas. A Ciência libertará os homens da miséria. E tu podes libertar os homens da tirania. És rico, dispões de homens e dinheiro e a América precisa de um Libertador. Outra vez me abrasa Samuel Robinson. Torno a Paris. Os naturalistas Humboldt e Bompland acabam de regressar da América do Sul. Mostramme as suas colecções de fósseis e plantas. Subiram o Guaviril, o Orinoco e o Rio Negro. Conhecem melhor a Venezuela do que eu. Falam-me da hospitalidade crioula. Não suportam é a arrogância dos espanhóis. Humboldt, fronte alta, olhar límpido, voz pausada, jovem amigo, tenho as maiores esperanças no seu Continente, desde que ele se liberte da tirania espanhola. Escrevo a Robinson, combino encontro na Itália. Em Milão reunimo-nos com os partidários de Manzoni. Em Roma falamos com M.me. De Stael e Lord Byron. Subimos ao Monte Aventino. Contemplamos a capital. Discorro sobre
a história de Roma. Robinson escuta-me em silêncio, ironia vejo eu no seu olhar. Mestre e Amigo: diante de vós, juro pelo Deus dos meus pais, juro por minha honra e por minha pátria que não darei descanso a meu braço nem repouso à minha alma antes de romper os grilhões com que nos oprime o poder espanhol! MIRANDA
Juramento solene mas depois não me aguento, torno aos braços de Fanny. Já compreendo a ironia no olhar de Robinson... Passa mais de um ano. Acorda-me a guerra entre a França e a Espanha. Desprendo-me, parto. A Espanha invadida pelos franceses, grande efervescência em Caracas. Em 1806 (estava eu na Europa), Miranda tentara sublevar-se. Falhara, abandonado pelos próprios compatriotas. Exilou-se na Inglaterra. Ele falhou, não falho eu. Junto um grupo de crioulos liberais. Em 1810, após uma breve escaramuça, conseguimos formar a nossa própria Junta de Governo. Sou enviado em missão diplomática a Londres. Tento obter apoio contra eventuais ataques das forças napoleónicas. Lord Wellesley aconselha-nos a união de todo o império espanhol contra a França. A meu lado Miranda sorri, tantas vezes lhe fora prometido apoio contra os espanhóis... Derrubei o chapéu do rei de Espanha. Mas José Bonaparte derrubou-lhe o trono. É a nossa grande oportunidade de independência. Os hispano-americanos não podem continuar a ser simples peões no tabuleiro dos interesses europeus. Miranda é o militar experimentado que nos falta. Fizera várias das campanhas napoleónicas. Convido-o a regressar comigo. Aceita. Em campo, troça dos meus galões de coronel. Dispo a farda e ofereço-me como seu soldado raso. Mais tarde, depois de eu entrar em luta e alcançar vitórias comandando homens, devolver-me-á a patente. É um homem intolerante, perdeu as raízes crioulas. É de todo impossível disciplinar llaneros como Napoleão disciplinara soldados europeus. Não quer entender estas diferenças. Sem dar por isso, fomenta a rebeldia, o desvario das ambições, os crimes, as vinganças e o terror. Desabafa: motins, é só motins... Somos um povo com classes estratificadas. Os brancos suportam o domínio espanhol porque, em contrapartida, dominam índios e negros. Estes só ambicionam matar a fome. Não temos um objectivo comum. Para os norteamericanos a liberdade da nação significa a liberdade de cada qual. Desde o início trabalharam a terra com as próprias mãos. A honra deles é o trabalho. A nossa, a dos crioulos, é o ócio. Que independência poderemos almejar? A 5 de Julho de 1811 a Junta Patriótica proclama a independência. Durará um ano, apenas. Metade da Venezuela contra a outra metade. Do Orinoco e Nova Granada afluem espanhóis comandados pelo Gen. Monteverde. Surgem guerreiros sedentos de glória e galões dourados, seja qual for a causa. Em Puerto-Cabello sou traído pelos meus homens, entregam a fortaleza aos prisioneiros inimigos. Peço o auxílio de Miranda. Não acorre, está a assinar um armistício com Monteverde. Anseia ver estendidos à Venezuela os benefícios da Constituição recém-promulgada pelas Cortes de
Cádis, quimeras. Avisam-me e corro, a mata-cavalos, para La Guaíra, porto de onde Miranda pretende largar para o estrangeiro. Dou-lhe ordem de prisão. Tropas realistas atacam. Tenho que retirar e Miranda acaba por cair nas mãos dos espanhóis. Morrerá num presídio, em Cádis. O meu exílio em Curaçao, ilha inglesa nas Caraíbas. Dificuldades, até penúria. Mas não paro de pensar em Miranda. O pai da independência, o traidor final. Motins, é só motins... Bem entendo o seu desencanto. A SUBIDA DOS ANDES, O LIBERTADOR
Um terramoto arrasara Caracas. Frades ainda pregam nas ruas: quiseram a independência? Este é o castigo de Deus! Venezuela, terror espanhol. Dou o salto para Cartagena, Nova Granada. Aqui resiste um governo republicano. Do México à Terra do Fogo, essa é a minha pátria. Mas dividida, fragmentada. Aliás como a própria Hespanha, castelhanos, vascos, galegos, portugueses, catalães, cada povo ibérico a querer cuidar do seu destino contra o dos outros. Aprendemos a má lição, herança de fratricidas. Até Nova Granada está cindida em três repúblicas rivais. Só as une o ódio aos espanhóis. Aviso os granadinos: onda espanhola vai chegar à Venezuela, soldados e frades fogem dos exércitos de Bonaparte. E da Venezuela marcharão depois sobre Nova Granada. Libertar agora a Venezuela é garantir a liberdade futura de Nova Granada. Só o Presidente de uma das três repúblicas me entende e apoia. Reuno 200 voluntários. Em Maio de 1813 tomo, a um destacamento espanhol, as armas que nos faltam. Engrossam as nossas fileiras e começo a subir os Andes, tal como Napoleão escalara os Alpes... Canhões transportados em lombo de mula, neves eternas, o estrondo das avalanches, a respiração cada vez mais difícil. Finalmente a meus pés a planura, os llanos, minha pátria a libertar. De vertente em vertente, somos avalanche contra os espanhóis que tentam barrar-nos. Em Agosto estamos às portas de Caracas, metade da Venezuela já libertada. A outra metade já fora libertada por Santiago Mariño. Nada combinara comigo. Com poucos homens desembarcara na costa de Paria e conquistara a zona oriental da Venezuela. Entro em Caracas, o delírio popular. Dão-me um título: Libertador! Monteverde está refugiado em Puerto-Cabello. Não consigo tomar a fortaleza. Por duas vezes Puerto-Cabbelo cravado no meu destino... Governo central em Caracas. Mariño não me obedece. Proponho que assuma a Presidência da República. Recusa, primeira fractura. E logo outras, a esperança estilhaçada. Prendem alguns soldados sob a acusação de colaborar com os espanhóis. Sem julgamento prévio são passados pelas armas. Vinganças, contra-vinganças, famílias contra famílias, anarquia. Exércitos de salteadores dispostos a tudo. Intitulam-se realistas, os espanhóis pagam melhor. Mariño e eu somos obrigados a recuar. Já surgem deserções nas nossas fileiras. Agora cada soldado, aproveitando o caos, só pensa em fazer fortuna. Prensados entre o mar e o inimigo, no último instante um corsário italiano garante-nos a retirada. Perdida, pela segunda vez, a independência da Venezuela. Motins, é só motins...
A GRÃ COLÔMBIA
Curaçao e novamente Cartagena. Exerço o poder. Consigo reunir à minha volta a maioria dos granadinos. Logo as invejas, as dissensões, eu apontado como estrangeiro. Motins, é só motins. Desesperançado, abandono o Continente, sigo para a Jamaica. Quatro meses depois Cartagena rende-se ao invasor espanhol. Bonaparte é derrotado e Fernando VII reconduzido ao trono. A Espanha deixa de ser a aliada natural da Inglaterra. Só esta nação é que nos poderá ajudar a reconquistar a independência. Escrevo uma carta a um inexistente «Cavaleiro da Jamaica». Conto a servidão a que estão sujeitos os hispanoamericanos. Comovo a opinião pública. Peço ajuda financeira para a nossa luta pela independência. Os espanhóis entendem o perigo. Em Caracas contratam um escravo a quem eu dera alforria. Embarca, chega à Jamaica e tenta assassinar-me. Procuro refúgio junto de um outro ex-escravo, Pétion, presidente do Haiti. Ampara-me, a ideia de libertação comove-o sempre. Conta-me histórias de Toussaint L'Ouverture, o Napoleão Negro que chefiara a luta dos escravos do Haiti até à independência. Falho uma primeira tentativa de desembarque na Venezuela. Não falho a segunda. Em Janeiro de 1817, à frente de setecentos homens, novamente piso o solo pátrio. Não voltarei a abandonar o Continente. Quatro anos de combates. Mariño e Piar tomaram Angostura. Pequenos ditadores locais, conspiram contra a minha autoridade centralizadora. Piar abotoa-se com avultada soma de impostos e retira-se de Angostura. É um herói combatente, por isso espera a impunidade. Mando perseguir, prender, julgar e fuzilar Piar. Desta vez não cedo, não há contemplações, não há cavalheirismos, é mão-de-ferro. Melhor entendo Napoleão. Releio Maquiavel. Saindo da Argentina, o Gen. San Martin sobe o Continente em campanha vitoriosa contra os espanhóis. Remeto-lhe missiva entusiasta. Convido-o a forjar comigo a unidade da América meridional. Mando um pequeno destacamento a Nova Granada. Os meus soldados anunciam vitórias que gostaríamos de ter mas não tivemos ainda. Entusiasmo, Nova Granada adere à ideia de libertação global. Em 1818 fundo um jornal revolucionário. Na imprensa inglesa espalho a ficção das nossas vitórias decisivas sobre o exército de Morillo, o espanhol. Em breve reúnem-se a nós 300, depois 1000 e finalmente 6000 voluntários britânicos. Reinicio a leitura de Maquiavel. Cada vez estou mais sozinho. Paez é meu lugar-tenente. Arregimentara contra o espanhóis os mesmos llaneros que tinham liquidado a nossa segunda República. Um coronel inglês propõe proclamá-lo Chefe Supremo da Revolução. Paez hesita, entusiasma-se, volta a hesitar. Lembra-se do que acontecera a Piar. Denuncia-me o plano. Desterro o inglês e nomeio Paez chefe da cavalaria. Fica satisfeito. Já posso dedicar-me a escrever a Constituição e a organizar o Congresso. Em Janeiro de 1819 reuno 29 deputados em Angostura.
Durante o meu discurso vem-me à memória a coroação de Bonaparte em Roma. Proponho a eleição de um Senado hereditário (como a Câmara dos Lordes inglesa) e a eleição de um Presidente vitalício. Consigo apenas que o Senado passe a vitalício e o Presidente a elegível. Em contrapartida é aprovada a fusão da Venezuela e Nova Granada num único Estado ao qual é dado o nome simbólico de Grã-Colômbia. Há que defender esta unidade. Outra vez escalo os Andes, mas agora de leste para oeste. A surpresa é a nossa grande aliada. Derrotamos os espanhóis em Boyacá. O Vice-rei de Nova Granada, em fuga, abandona na capital meio milhão de pesos de prata. Em Cartagena sou aplaudido. Mas em Angostura o Senado conspira contra mim. Ali surjo de repente. Não como acusado, mas como acusador. Não permito que outra vez estilhacem a independência, motins, é só motins... Assumo poderes ditatoriais. Lembro-me do banquete em Paris, eu a acusar o tirano Bonaparte... A conquista de Nova Granada decide a guerra. Em 1820 o Gen. Morillo propõe um armistício e reconhece a nossa independência. Em consequência, renuncio aos meus poderes ditatoriais. A renúncia é aceite pelo Senado, precipitadamente... Melancolia, o pior irá acontecer. MANUELA E SAN MARTIN
E acontece. O Senado retira direito de voto a índios e negros. Estúpidos! Os senadores passaram a ser elegíveis. Recomeça o conflito de interesses, a politicagem, o voto de cabresto. Estúpidos, estúpidos! Mas sou ainda o Chefe do Exército. Missão maior espera por mim. Missão? Ou Manuela? Ambas, sei hoje que ambas! Vou ao encontro de San Martin. Com O'Higgins libertara o Chile e agora avança pelo Peru. Marcho sobre Quito. Sucre, o meu fiel tenente, com um punhado de homens toma a antiquíssima capital dos Incas. Entro na cidade, aplausos ao Libertador, sinos e flores, Manuela Saenz numa varanda. Danço com ela até de madrugada, finalmente a paixão a chamuscar o solitário. Manuela monta, esgrime e dispara como o mais hábil dos meus oficiais. Chegará a comandar a repressão de sediciosos. Vestida com o uniforme de dragão, acompanhar-me-á em campanhas. Com sangue-frio, durante um atentado, salvar-me-á a vida em Bogotá. Também nas lides de amor luta comigo de igual para igual, ardemos. Escreve ao seu marido, um sombrio médico inglês: Meu caro, agradeço o seu perdão e declaro que, na pátria celestial, ambos poderemos levar uma vida angélica; mas a terrena pertence-me inteiramente, só para poder ser a amante do Gen. Bolívar. Graceja com o povo nos mercados, brinca com as sentinelas do palácio, sabe Tasso e Plutarco de cor, domina qualquer reunião. Os meus oficiais são como seus escravos. Escrevo ao taciturno San Martin. Convido-o para uma conferência em Guayaquil e logo avanço sobre a cidade. Hasteio o pavilhão da GrãColômbia, fica evidente o meu programa. A população recebe-me com desconfiança. Espero 14 dias por San Martin. Aproveito-os para me desdobrar em discursos inflamados, comícios, festas, bailes, ditos de espírito, gentilezas. Preparo uma recepção triunfal ao Libertador do sul, mas já sou eu o vencedor. Não tem uma visão alargada, é tacanho, é hesitante.
À sua volta há conspiradores activos e ele hesita em cortar as suas garras. Não nos entendemos politicamente. O primeiro ponto de fricção é Guayaquil. Vamos a votos! proponho. Não pode recusar e a população vota por mim. San Martin receia a liberdade, a democracia, a confederação das repúblicas sul-americanas e acaba por renunciar à vida política. Gen. Bolívar, o tempo e os acontecimentos futuros dirão qual de nós viu o futuro com maior clarividência. Retira-se para o estrangeiro. Era um homem íntegro, um patriota, um mau político. E o que serei eu? O que dirá de mim, o futuro? ESTILHAÇOS
Em 1 de Setembro de 1823 entro em Callao, Peru. Acabo com o banditismo, drasticamente. Requisito o ouro das igrejas, organizo escolas. Pesadelos, só vejo sombras. Manuela tenta apaziguar-me mas da Grã-Colômbia chegam notícias da iminência de uma guerra civil. Última resistência dos espanhóis. Vencemo-los na batalha de Junin, em 6 de Agosto de 1824. Venezuelanos, granadinos e peruanos, lado a lado. Será, por fim, a unidade? Sempre aclamado como Libertador, marcho para o sul até à montanha de prata do Potosi. O Alto Peru proclama-se República independente. Em minha homenagem dão-lhe o nome de República de Bolívar. Querem-me para presidente, indico-lhes Sucre. Para não ter que fuzilar oficiais conspiradores, antigos companheiros de luta, demitir-se-á pouco depois. Motins, é só motins...
Pormenor de um quadro que mostra Simón Bolívar no seu leito de morte (17 de Dezembro de 1830). Em 1826 convoco o Congresso do Panamá. Entre o Atlântico e o Pacífico, canal que ali seja aberto pode encurtar as distâncias do mundo. Possa o istmo do Panamá ser para nós o que foi para os gregos o istmo de Corinto! Talvez o Panamá seja um dia a capital da Terra. Por agora, quero a América para os americanos, como bem o disse Monroe. Quero a sua neutralidade ante as guerras europeias, não somos peões de mais ninguém. Quero as nossas legislações nacionais subordinadas ao Direito Internacional. Quero a abolição da escravatura. Quero a organização democrática dos Estados americanos. Quero que sejam federais os exércitos e as frotas do nosso Continente. Quero, quero... Queria, mas desastre! O Brasil recusa-se a comparecer. Ausência da Argentina porque não a ajudámos na guerra
contra o Brasil. O Chile inventa desculpas. Presentes apenas os delegados da Grã-Colômbia, do Peru, da Guatemala, do México e dos Estados Unidos. Os norte-americanos fingem preocupar-se apenas com o direito marítimo, o principal é iludido. Bem sei o que eles desejam: não querem uma América Latina fora da hegemonia de Washington ou de Londres. E os hispanoamericanos, por desleixo ou ingenuidade, não conseguem ver que já está a ser sabotada a nossa independência nascida ontem. Desastres, é só desastres... Agitação, tentativas de separatismo na Grã-Colômbia. Sucre, o meu fiel Sucre, assassinado em Quito. Um general peruano invade Guayaquil e declara guerra à Grã-Colômbia. Paez quer autonomizar a Venezuela. Tenho que impor outra vez a ditadura para tentar salvar a liberdade. Cansado estou. Lavrei o mar, apenas me limitei a lavrar o mar. Aprendemos a má lição, herança de fratricidas. Vou morrer com a Grã-Colômbia. A tísica devora os meus pulmões. O nosso palacete de Caracas, Simoncito não sejas tão rebelde, vais sofrer muito na vida. Robinson amarinhado num ipê, nem escravos nem senhores, todos livres como pássaros! Maria Tereza del Toro, a meiguice a morrer nos meus braços. Onde está Juan Vicente? Napoleão, o amado, o odiado, mas depois Maquiavel. Miranda, o desencanto, motins, é só motins. Nós a descer os Andes como avalanche. San Martin a partir para o estrangeiro e amanhece sobre Cartagena. No Congresso do Panamá fui como aquele grego que pensava poder dirigir uma batalha naval plantado no alto de um rochedo... Também eu já deveria ter partido para o estrangeiro. Mas não tenho dinheiro para a viagem, gastei-o todo atrás de um sonho. Por que tarda tanto Manuela? Fim das memórias apócrifas de Simón Bolívar PROCLAMAÇÃO
Simón Bolívar falece em Santa Marta a 17 de Dezembro de 1830. Deixa uma última proclamação que remata assim: Colombianos! A minha última vontade é a felicidade da pátria. Se a minha morte contribuir para o fim do partidarismo e para a consolidação da União, baixarei em paz à sepultura.
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SIMÃO BOLÍVAR
Simão Bolívar Simón José Antonio de La Santísima Trinidad Bolívar y Ponte Palacios y Blanco, nasceu em Caracas, atual capital da Venezuela, em 24-07-1783. Estudou na Europa, onde presenciou uma série de movimentos populares contrários ao poder do rei. Liderou as tropas que entraram na cidade de Caracas em 1813, mas acabou sendo perseguido. Refugiou-se na Jamaica, onde escreveu um texto defendendo a independência das colônias hispano-americanas. Mais tarde, liderou o exército que tomou Bogotá (na atual Colômbia) e proclamou a República da Colômbia (1819). Participou também das lutas de independência dos atuais Peru, Venezuela, Equador e Bolívia. Foi presidente da Grã-Colômbia (união entre Colômbia, Venezuela, Equador e Panamá) e da Bolívia e chefe supremo do Peru (1826). Defendia a adoção do regime republicano de governo e pretendia ver as colônias hispano-americanas formando uma só nação. Morreu na Colômbia em 1830. Fonte: www.historiamais.com
Simão Bolívar 1783 – 1830
Simão Bolívar Bolívar, também conhecido pelo Libertador, era um soldado revolucionário venezuelano, que conduziu as colónias espanholas da metade norte da América do Sul na sua luta pela independência. Libertou Nova Granada a actual Colômbia e a Venezuela em 1821, o Equador em 1822, o Peru em 1824 e o Alto Peru, actualmente a Bolívia em 1825. Uma figura histórica e venerada em toda a América Latina. Bolívar era filho de um aristocrata venezuelano e era uma criança bastante disciplinada. Os pais morreram quando tinha apenas 9 anos, e aos 16 anos partiu para a Europa para completar a sua educação. Após 3 anos em Espanha, regressou em 1801, casado com uma espanhola que morreu logo de seguida com febre-amarela. A resposta de Bolívar a esta tragédia foi lançar-se na política, embora ainda fosse muito jovem. Regressou à Europa, onde amadureceu a ideia que havia de libertar o seu país do Governo Espanhol e jurou conseguir, no Monte Aventino em Roma. Bolívar assistiu à coroação de Napoleão em 1804, ficando profundamente impressionado com a demonstração da capacidade que um homem era capaz de conseguir. Não ficando tão impressionado com a pompa imperial, acreditando que Napoleão traíra a Revolução Francesa. No auge do seu sucesso, nos anos que seguiriam, nunca exigiu honrar imperiais, ficando satisfeito com o simples título de Libertador. As primeiras tentativas de Bolívar para libertar a Venezuela e a Colômbia em 1815 terminaram na derrota, pelas forças monárquicas espanholas, depois do sucesso inicial. Bolívar procurou refúgio na Jamaica, regressando á luta em 1818, com uma força voluntária inglesa. Nesta altura, reuniu um exército e fez uma travessia audaciosa pelos Andes, apanhando os monárquicos espanhóis de surpresa ao chegar de uma direcção inesperada. Libertou a Venezuela e a Colômbia, e no ano seguinte estendeu o seu domínio sobre o Equador. As forças reais foram forçadas a regressar ao Peru, onde Bolívar as seguiu em 1824. Juntou-se aí ao libertador do sul, San Martin, um homem modesto e despretensioso que abandonou o seu exército nas mãos de Bolívar. Em 1825, os feitos de Bolívar foram completados com a conquista do Alto Peru, que se chamou Bolívia em sua honra. Bolívar era um homem cuja grande visão e força de carácter eram mais importantes que os defeitos de temperamento que muitas vezes davam origem a que fosse cruel e violento, e que outras vezes o deprimiam devido ao fracasso.
Bolívar sonhou que a América do Sul se iria unir numa confederação que a transformaria numa potência mundial. O próprio bolívar tornou-se uma figura conhecida internacionalmente, mas foi incapaz de se opor aos sentimentos nacionais divisórios dos novos republicanos. As tentativas de Bolívar para impor as suas ideias pela ditadura falharam, e Bolívar morreu desapontado, quando se preparava para partir para a Europa. Os feitos de Bolívar foram no entanto, monumentais, e actualmente é venerado como o principal obreiro da independência sul-americana. Fonte: alex-yuli.spaces.live.com
SIMÃO BOLÍVAR
Simão Bolívar Simão Bolívar nasceu em Caracas, capital da Venezuela no dia 24 de Julho de 1783 e viveu longos anos na Europa. Cumpridos os primeiros estudos, em Madrid, seguiu depois para Paris. No início do século passado, foi à Itália, em Roma, e aqui, na sagrada terra do Aventino, jurou consagrar toda a sua vida à santa causa da independência americana. As vicissitudes políticas da Espanha, naquela época, eram turvas e confusas e, naturalmente, mesma desordem repercutia também nas colônias latinas. E como, desde muito tempo, os germes da rebelião minavam a alma dos indígenas, sobretudo dos crioulos, gente mais ou menos culta e inteligente, os povos oprimidos começaram a agitar-se. Em Caracas, os primeiros movimentos revolucionários explodiram em 1810.
Os patriotas eram chefiados pelo general Francisco Miranda, "o aventureiro da liberdade", que chamou a si Bolívar, e o fez ingressar no exército venezuelano, com o posto de coronel. Miranda, após 13 meses de governo da Nova República da Venezuela, foi obrigado a capitular, sob os duros golpes do general espanhol Monteverde. Em 1810 os crioulos (espanhóis nascidos na América) destituíram o governador e capitão geral Vicente Emparán, integrando uma Junta Conservadora dos Direitos de Fernando VII, eufemismo que ocultava verdadeiras intenções de independência política. Com a patente de coronel foi a Londres para arregimentar apoio para a revolução venezuelana. Na capital inglesa encontrou-se com Francisco de Miranda e o convidou para regressar à Venezuela. Perdida a primeira República, obteve passaporte para Curaçao, de onde viajou para Cartagena das Índias (atual Colômbia). Ali publicou o Manifesto de Cartagena (2 de novembro de 1812), no qual criticava a irresoluta actuação de Miranda, que conduziu a capitulação; e na Memória aos cidadãos de Nova Granada (15 de dezembro de 1812), convidava-os a acompanhá-lo para libertar a Venezuela. Mas nem tudo de sua obra ficou perdido, porque Bolívar passou à acção. Ele não conheceu repouso em sua luta e, refugiando-se em Nova Granada, reuniu logo, em torno de si, os exilados e os voluntários de todas as nações, inflamando com sua palavra, os corações, pelo sagrado amor à liberdade. Aos valentes que o acompanharam, ele lhes deu trabalho, fadiga e vida dura, mas seu entusiasmo excitou aqueles poucos homens, que realizaram verdadeiros prodígios, tanto que, em 1813, pôde empreender sua primeira campanha de desforra, que ficou célebre na História. Aos massacres, às violências, às crueldades dos espanhóis, Bolívar respondeu com uma famosa proclamação, que revela a força desesperada dos povos que invocavam seu direito de resistir. "Espanhóis, contem com a morte, ainda que inocentes! Americanos, contém com a liberdade, ainda que culpados!" Com este brado nos lábios e no coração, Bolívar, guiando através de regiões desoladas e agrestes um punhado de soldados cansados, maltrapilhos famintos, com poucas armas, mantidos apenas pelo entusiasmo, entrou de novo em Caracas reerguendo o abatido lábaro da República Independente. Fonte: atonito.blogspot.com
SIMÃO BOLÍVAR
Simão Bolívar Um dos maiores vultos da história latino-americana, Bolivar comandou as revoluções que promoveram a independência da Venezuela, Colômbia, Equador, Peru e Bolívia. Simón José Antonio de la Santísima Trinidad Bolívar Palacios y Blanco nasceu na aristocracia colonial. Recebeu excelente educação de seus tutores e conheceu as obras filosóficas grecoromanas e as iluministas. Aos nove anos, perdeu os pais e ficou a cargo de um tio. Este o enviou à Espanha, aos 15 anos, para continuar os estudos. Lá, Bolívar conheceu María Teresa Rodríguez del Toro y Alayza, com quem casou em 1802. Pouco depois de terem voltado para a Venezuela, a esposa morreu de febre amarela. Bolívar então jurou nunca mais casar. Em 1804, retornou para a Espanha. Na Europa, presenciou a proclamação de Napoleão como imperador da França e perdeu o respeito por ele, considerando-o traidor das idéias republicanas. Após breve visita aos EUA, regressou para a Venezuela em 1807. No ano seguinte, Napoleão provocou uma grande revolução popular na Espanha, conhecida como Guerra Peninsular. Na América, organizações regionais se formaram para lutar contra o novo rei, irmão de Napoleão. Caracas declarou a independência, e Bolívar participou de uma missão diplomática à Inglaterra. Na volta, fez um discurso em favor da independência da América espanhola. Em 13 de agosto de 1811, forças patriotas, sob o comando de Francisco de Miranda, venceram em Valencia. Mas, no ano seguinte, depois de vários desastres militares, os dirigentes revolucionários entregaram Miranda às tropas espanholas. Bolívar escreveu o famoso "Manifesto de Cartagena", sustentando que Nova Granada deveria apoiar a libertação da Venezuela. Em 1813, invadiu a Venezuela e foi aclamado Libertador. Em junho daquele ano, tomou Caracas e, em agosto, proclamou a segunda república venezuelana. Em 1819, organizou o Congresso de Angostura, que fundou a Grande Colômbia (federação que abrangia os atuais territórios da Colômbia, Venezuela, Panamá e Equador), a qual nomeou Bolivar presidente. Após a
vitória de Antonio José de Sucre sobre as forças espanholas (1822), o norte da América do Sul foi enfim libertado. Em julho de 1822, Bolívar discutiu com José de San Martín a estratégia para libertar o Peru, mais ao sul. Em setembro de 1823, ele e Sucre chegaram a Lima para planejar o ataque. Em agosto de 1824, derrotaram o exército espanhol. No ano seguinte, Sucre criou o Congresso do Alto Peru e a República da Bolívia (assim batizada em homenagem a Bolívar). Em 1826, Bolívar concebeu o Congresso do Panamá, a primeira conferência hemisférica. Em 1827, devido a rivalidades pessoais entre os generais da revolução, eclodiram guerras civis na Grande Colômbia. Em 25 de setembro de 1828, em Bogotá, Bolívar sofreu um atentado, conhecido como "conspiração setembrina", da qual saiu ileso graças à ajuda de sua companheira, Manuela Sáenz. Com a guerra civil de 1829, a Venezuela e a Colômbia se separaram; o Peru aboliu a Constituição bolivariana; e a província de Quito tornou-se independente, adotando o nome de Equador. Acuado e tuberculoso, o Libertador morreu no ano seguinte, aos 47 anos. Fonte: educacao.uol.com.br
SIMÃO BOLÍVAR Estamos no início do século XX: e já, a mais de três séculos, a Espanha explora suas colônias na América Latina, negando a todos os indígenas e aos crioulos (descendentes de pais europeus e levados para a América espanhola), qualquer possibilidade de participação na vida pública. A rígida vigilância dos governadores espanhóis torna extremamente difícil qualquer tentativa de rebelião. Todavia, afinal, o engenho de um único homem, patriota fervoroso, de natureza resoluta e apaixonada, faz com que os países da América do Sul consigam libertar-se da escravidão. O herói chamado "O Libertador" (El Libertador) é Simão Bolívar. Simão Bolívar nasceu em Caracas, capital da Venezuela, em 1783 e viveu longos anos na Europa. Cumpridos os primeiros estudos, em Madri, seguiu depois para Paris. No início do século passado, foi à Itália, em Roma, e aqui, na sagrada terra do Aventino, jurou consagrar toda a sua vida à santa causa da independência americana. As vicissitudes políticas da Espanha, naquela época, eram turvas e confusas e, naturalmente, mesma desordem repercutia também nas colônias latinas. E como, desde muito tempo, os germes da rebelião minavam a alma dos indígenas, sobretudo dos crioulos, gente mais ou menos culta e inteligente, os povos oprimidos começaram a agitar-se. Em Caracas, os primeiros movimentos revolucionários explodiram em 1810. Os patriotas eram chefiados pelo general Francisco Miranda, "o aventureiro da liberdade", que chamou a si Bolívar, e o fez ingressar no exército
venezuelano, com o posto de coronel. Miranda, após 13 meses de governo da Nova República da Venezuela, foi obrigado a capitular, sob os duros golpes do general espanhol Monteverde. Em 1810 os crioulos (espanhóis nascidos na América) destituíram o governador e capitão geral Vicente Emparán, integrando uma Junta Conservadora dos Direitos de Fernando VII, eufemismo que ocultava verdadeiras intenções de independência política. Com a patente de coronel foi a Londres para arregimentar apoio para a revolução venezuelana. Na capital inglesa encontrou-se com Francisco de Miranda e o convidou para regressar à Venezuela. Perdida a primeira República, obteve passaporte para Curaçao, de onde viajou para Cartagena das Índias (atual Colômbia). Ali publicou o Manifesto de Cartagena (2 de novembro de 1812), no qual criticava a irresoluta atuação de Miranda, que conduziu a capitulação; e na Memória aos cidadãos de Nova Granada (15 de dezembro de 1812), convidava-os a acompanhá-lo para libertar a Venezuela. Mas nem tudo de sua obra ficou perdido, porque Bolívar passou à ação. Ele não conheceu repouso em sua luta e, refugiando-se em Nova Granada, reuniu logo, em torno de si, os exilados e os voluntários de todas as nações, inflamando com sua palavra, os corações, pelo sagrado amor à liberdade. Aos valentes que o acompanharam, ele lhes deu trabalho, fadiga e vida dura, mas seu entusiasmo excitou aqueles poucos homens, que realizaram verdadeiros prodígios, tanto que, em 1813, pôde empreender sua primeira campanha de desforra, que ficou célebre na História. Aos massacres, às violências, às crueldades dos espanhóis, Bolívar respondeu com uma famosa proclamação, que revela a força desesperada dos povos que invocavam seu direito de resistir. "Espanhóis, contem com a morte, ainda que inocentes! Americanos, contém com a liberdade, ainda que culpados!" Com este brado nos lábios e no coração, Bolívar, guiando através de regiões desoladas e agrestes um punhado de soldados cansados, maltrapilhos famintos, com poucas armas, mantidos apenas pelo entusiasmo, entrou de novo em Caracas reerguendo o abatido lábaro da República Independente. Mas a luta não terminara: o comandante espanhol, que ainda dominava algumas partes do país, retomou uma guerra sem quartel, semeando, em seu caminho, violências e massacres. Em fins de 1814, de novo a Venezuela teve que ceder diante da força dos espanhóis dominadores. O Libertador, obrigado a fugir para o exílio, refugiou-se na ilha de Jamaica e, daí, para o Haiti, procurando organizar uma nova insurreição. Não lhe importava haver conhecido a derrota: ele devia conduzir à civilização sua gente, restituir a liberdade à sua pátria. Reconquistada a capital, Bolívar governou através de três Secretarias de Estado. Os triunfos dos realistas o obrigam a viajar para Cartagena das Índias e, um ano depois, para a Jamaica, onde tornou conhecida sua famosa Carta de Jamaica (1815). Em Angostura (atual Cidade Bolívar) expôs seu plano político, apresentando um projeto de constituição onde propunha a criação de um grande estado, sob o nome de Grande Colômbia. Bolívar criou o Conselho de Estado e o Conselho de Governo. Instalou na cidade o segundo congresso da Venezuela (1819).
O Discurso de Angostura é a sua peça de oratória mais importante. Faz uma análise sociológica dos venezuelanos, pronuncia-se contra a escravidão e pela democracia; mantém sua preferência pela centralização política e administrativa e propõe um poder moral para prevenir a corrupção administrativa. Eleito presidente do país, se dirigiu a Nova Granada. Empreendeu a ‘Campanha dos Andes’ que culminou com a batalha de Boyacá, a 7 de agosto de 1819, e três dias depois entrou vitorioso em Bogotá. Neste mesmo ano Constituiu a República da grande Colômbia, foi em auxílio dos peruanos insurretos e conseguiu libertá-los do jugo espanhol, fundando dois novos estados: o Peru, de que se tornou ditador, e o Alto Peru, que, em sua honra, assumiu o nome de Bolívia. Em 1820 assinou um tratado de armistício com o espanhol Pablo Morillo, que fracassou, o que levou ao recrudescimento da guerra que terminou na batalha de Carabobo e pôs fim ao domínio espanhol na Venezuela. A Antônio José de Sucre, lugar-tenente de Bolívar, coube a incorporação de Guayaquil à Colômbia e a libertação de Quito. Em 1824, depois da batalha de Ayacucho, a América do Sul ficava livre do domínio espanhol e as rebeliões de Chuquisaca e La Paz levaram à criação da Bolívia, cuja Constituição foi redigida por Bolívar. Em 1826 o Peru nomeou-o presidente vitalício, mas o Libertador não aceitou. Em 1826, convocado o Congresso dos Estados Libertadores, em Panamá, ele propôs reunir todas as novas nações em uma só confederação. Mas foi acusado de desejar um governo tirânico, personalista, e a suspeita e a desconfiança armaram os braços dos conspiradores, que atentaram contra sua vida. Amargurado com tanta iniqüidade e incompreensão, Bolívar apresentou várias vezes demissão, mas, sempre, chamado por aqueles que ainda acreditavam nele, soube recalcar a amargura no fundo do coração, para recomeçar a lutar pelo bem de sua pátria. Afinal, porém, sua decisão foi irrevogável porque disse ele ao partir para o exílio: — "Eu não tenho mais pátria a oferecer meu sacrifício. Os tiranos do meu país tiraram-me a pátria". Retirando-se à vida privada, pobre, sozinho, renegado pelos seus concidadãos, Bolívar morreu em dezembro de 1830. Na história da América do Sul, a figura de Simão Bolívar ocupa lugar de destaque. Realmente, depois da morte da esposa, ocorrida em 1803, deu toda sua vida pela independência, não só do seu país mas também por outras nações da América do Sul. Esteve sempre pronto para esquecer as ofensas recebidas, assim que verificava que sua presença e as suas qualidades de homem político poderiam ajudar uma nação a tornar-se independente dos dominadores estrangeiros.
Independência da América Espanhola No decorrer do século XVIII, o sistema colonial implementado pelos espanhóis na América passou a sofrer importantes transformações, fruto do envolvimento metropolitano nas guerras européias e da crise da mineração. O NOVO COLONIALISMO
O Tratado de Ultrecht ( 1713) foi uma decorrência da derrota da Espanha na "Guerra de Sucessão Espanhola", sendo forçada a fazer concessões à Inglaterra, garantindo-lhes a possibilidade de intervir no comércio colonial através do asiento - fornecimento anual de escravos africanos - e do permiso - venda direta de manufaturados às colônias. Esse tratado marca o início da influência econômica britânica sobre a região e ao mesmo tempo, o fim do monopólio espanhol sobre suas colônias na América. Se os direitos reservados aos ingleses quebravam o pacto colonial, a Espanha ainda manteve o controle sobre a maior parte do comércio colonial, assim como preservou o controle político, porém foi obrigada a modificar de maneira significativa sua relação com as colônias, promovendo um processo de abertura. As principais mudanças adotadas pela Espanha foram: A abolição do sistema de frotas, e abolição do sistema de porto único, tanto na metrópole, como nas colônias, pretendendo dinamizar o comércio, favorecendo a burguesia metropolitana e indiretamente o próprio Estado. Na América foi liberado o comércio intercolonial (desde que não concorresse com a Espanha) e os criollos passaram a ter o direito de comercializar diretamente com a metrópole. AS TRANSFORMAÇÕES NAS COLÔNIAS
As mudanças efetuadas pela Espanha em sua política colonial possibilitaram o aumento do lucro da elite criolla na América, no entanto, o desenvolvimento econômico ainda estava muito limitado por várias restrições ao comércio, pela proibição de instalação de manufaturas e pelos interesses da burguesia espanhola, que dominava as atividades dos principais portos coloniais. Os criollos enfrentavam ainda grande obstáculo à ascensão social, na medida em que as leis garantiam privilégios aos nascidos na Espanha. Os cargos políticos e administrativos , as patentes mais altas do exército e os principais cargos eclesiásticos eram vetados à elite colonial. Soma-se à situação sócio econômica, a influência das idéias iluministas, difundidas na Europa no decorrer do século XVIII e que tiveram reflexos na América, particularmente sobre a elite colonial, que adaptou-as a seus interesses de classe, ou seja, a defesa da liberdade frente ao domínio espanhol e a preservação das estruturas produtivas que lhes garantiriam a riqueza.
O MOVIMENTO DE INDEPENDÊNCIA
O elemento que destravou o processo de ruptura colonial foi a invasão das tropas de Napoleão Bonaparte sobre a Espanha; no entanto é importante considerar o conjunto de alterações ocorridas tanto nas colônias como na metrópole, percebendo a crise do Antigo regime e do próprio sistema colonial, como a Revolução Industrial e a revolução Francesa. A resistência à ocupação francesa iniciou-se tanto na Espanha como nas colônias; netas a elite criolla iniciaram a formação de Juntas Governativas, que em várias cidades passaram a defender a idéia de ruptura definitiva com a metrópole, como vimos, para essa elite a liberdade representava a independência e foi essa visão liberal iluminista que predominou. Assim como o movimento de independência das colônias espanholas é tradicionalmente visto a partir dos interesses da elite, costuma-se compara-lo com o movimento que ocorreu no Brasil, destacando-se: A grande participação popular, porém sob liderança dos criollos O caráter militar, envolvendo anos de conflito com a Espanha A fragmentação territorial, processo caracterizado pela transformação de 1 colônia em vários países livres Adoção do regime republicano - exceção feita ao México Fonte: www.historianet.com.br
INDEPENDÊNCIA DA AMÉRICA ESPANHOLA Processo de emancipação das colônias espanholas no continente americano durante as primeiras décadas do século XIX. Resulta das transformações nas relações entre metrópole e colônia e da difusão das idéias liberais trazidas pela Revolução Francesa e pela independência dos EUA. Recebe influência também das mudanças na relação de poder na Europa em conseqüência das guerras napoleônicas. Durante o século XVIII, a Espanha reformula aspectos de seu pacto colonial. A suspensão do monopólio comercial da Casa de Contratação de Sevilha dá maior flexibilidade às relações comerciais entre metrópole e colônia. Mas, ao mesmo tempo, procura impedir o desenvolvimento das manufaturas coloniais e combate o contrabando inglês. Essas medidas contrariam os interesses da elite colonial, os criollos (descendentes de espanhóis nascidos na América), que lideram a maioria dos movimentos emancipacionistas. Eles são considerados inferiores pela elite e proibidos de ocupar cargos públicos, civis ou militares. As guerras travadas pelo Império Napoleônico alteram o equilíbrio de forças na Europa, que se reflete nos domínios coloniais. Em junho de 1808, Napoleão Bonaparte invade a Espanha, destrona o rei Carlos IV e seu respectivo herdeiro, Fernando VII. Impõe aos espanhóis um rei francês, seu
irmão, José Napoleão (José I). Na América, os cabildos (instituições municipais que são a base da administração colonial), sob comando dos criollos, declaram-se fiéis a Fernando VII e desligam-se do governo de José I. Passam a exigir ainda maior autonomia, liberdade comercial e igualdade com os espanhóis. Com a restauração da Monarquia após a derrota de Napoleão, a Espanha passa a reprimir os movimentos emancipacionistas. Diante dessa situação, a elite criolla decide-se pela ruptura com a metrópole. Conta com a aprovação da Inglaterra, que, interessada na liberação dos mercados latinoamericanos para seus produtos industrializados, contribui militar, financeira e diplomaticamente com as jovens nações. O Paraguai proclama a independência em 1811 e a Argentina, em 1816, com o apoio das forças do general José de San Martín. No Uruguai, José Artigas lidera as lutas contra as tropas espanholas e obtém vitória em 1811. No entanto, a região é dominada em 1821 pelo rei dom João VI e anexada ao Brasil, sob o nome de Província Cisplatina, até 1828, quando consegue sua independência. San Martín organiza também no Chile a luta contra a Espanha e, com o auxílio do líder chileno Bernardo O''Higginsjump: BAHFF, liberta o país em 1818. Com isso, alcança o Peru e, com a ajuda da esquadra marítima chefiada pelo oficial inglês Lord Cockrane, torna-se independente do país em 1822. Enquanto isso, no norte da América do Sul, Simón Bolívar atua nas lutas pela libertação da Venezuela (1819), da Colômbia (1819), do Equador (1822) e da Bolívia (1825). Em 1822, os dois líderes, Bolívar e San Martín, reúnem-se na cidade de Guayaquil, no Equador, para discutir o futuro da América hispânica. Bolívar defende a unidade das ex-colônias e a formação de uma federação de repúblicas, e San Martín é partidário de governos formados por príncipes europeus. A tese de Bolívar volta a ser discutida no Congresso do Panamá, em 1826, mas é rejeitada. Em toda a América hispânica há participação popular nas lutas pela independência, mas a elite criolla se mantém hegemônica. No México, no entanto, a mobilização popular adquire contornos de revolução social: a massa da população, composta de índios e mestiços, rebela-se ao mesmo tempo contra a dominação espanhola e contra os criollos. Liderados pelos padres Hidalgo e Morelos, os camponeses reivindicam o fim da escravidão, a divisão das terras e a abolição de tributos, mas são derrotados. Os criollos assumem a liderança do movimento pela independência, que se completa em 1821, quando o general Itúrbide se torna imperador do México. O movimento pela emancipação propaga-se pela América Central (que havia sido anexada por Itúrbide), resultando na formação da República Unida da América Central (1823-1838), que mais tarde dá origem a Guatemala, Honduras, Nicarágua, Costa Rica e El Salvador. O Panamá obtém independência em 1821 e a República Dominicana, em 1844. Cuba permanece como a última possessão espanhola no continente até a Guerra Hispano-Americana. Ao contrário da América portuguesa, que mantém a unidade territorial após a independência, a América espanhola divide-se em várias nações, apesar de tentativas de promover a unidade, como a Grã-Colômbia, reunindo Venezuela e Colômbia, de 1821 a 1830, a República Unida da América Central e a Confederação Peru-Boliviana, entre
1835 e 1838. A fragmentação política da América hispânica pode ser explicada pelo próprio sistema colonial, uma vez que as diversas regiões do império espanhol eram isoladas entre si. Essa situação favorece também o surgimento de lideranças locais fortes, os caudilhos, dificultando a realização de um projeto de unidade colonial. Fonte: geocities.yahoo.com.br
INDEPENDÊNCIA DA AMÉRICA ESPANHOLA COMÉRCIO LIVRE COM PAÍSES LIVRES
No início do século XIX a América hispânica, inspirada nas idéias liberais do Iluminismo, travou sua guerra de independência vitoriosa contra colonialismo espanhol para, em seguida, fragmentar-se em um grande número de jovens repúblicas oprimidas por caudilhos militares, exploradas por oligarquias rurais e acorrentadas a uma nova dependência econômica imposta pelo capitalismo industrial inglês. A CRISE DO SISTEMA COLONIAL
O fim do Antigo Regime nas últimas décadas do século XVIII foi conseqüência das transformações ideológicas, econômicas e políticas produzidas pelo Iluminismo, pela Revolução Industrial, pela independência dos Estados Unidos e pela Revolução Francesa. Estes acontecimentos, que se condicionaram e se influenciaram reciprocamente, desempenharam um papel decisivo no processo de independência da América espanhola. As elites da América colonial encontraram na filosofia iluminista o embasamento ideológico para seus ideais autonomistas. A luta pela liberdade política encontrava sua justificativa no direito dos povos oprimidos à rebelião contra os governos tirânicos e á luta pela liberdade econômica na substituição do monopólio comercial pelo regime de livre concorrência. "A Revolução Industrial Inglesa: Viu-se a necessidade de substituir o monopólio comercial por livre concorrência". Indústrias Early séc. XIX
Por esta época a Revolução Industrial inglesa inaugurava a era da indústria fabril e da produção mecanizada. A exportação das mercadorias inglesas exigia a abertura dos mercados americanos ao livre comércio e esbarrava nos entraves criados pelo pacto colonial. O monopólio comercial favorecia apenas as metrópoles que lucravam duplamente revendendo os produtos coloniais à Europa e as manufaturas inglesas às suas colônias. Esta política monopolista, entretanto, prejudicava tanto a burguesia inglesa quanto as elites coloniais, e, assim, o desenvolvimento do moderno capitalismo industrial acelerou a crise do antigo sistema colonial mercantilista. E a quebra do pacto colonial e sua substituição pelo libre comércio só poderia
se fazer através da independência das colônias em relação às antigas metrópoles. "A independência dos Estados Unidos e a Revolução Francesa aceleraram o fim do sistema colonial luso-espanhol". Batalha de Boston 1770
A independência das treze colônias e a formação dos Estados Unidos, primeiro país soberano do Novo Mundo, tornaram-se o exemplo e a fonte de inspiração para os movimentos latino - americanos que lutavam pela emancipação política e pela ruptura do pacto colonial. O regime republicano, baseado no pensamento iluminista, exerceu enorme fascínio sobre a aristocracia "criolla" da América Espanhola. O maior impacto veio, entretanto, da Revolução Francesa, cujas conseqüências se fizeram sentir tanto na Europa quanto na América. A ascensão de Napoleão Bonaparte, a imposição da supremacia francesa à Europa e o estabelecimento do Bloqueio Continental contra a Inglaterra desferiram um golpe de morte no decadente sistema colonial iberoamericano. A invasão de Portugal pelos franceses rompeu o pacto colonial luso-brasileiro e acelerou a independência do Brasil, ao mesmo tempo em que a ocupação da Espanha por Napoleão e a imposição de José Bonaparte como rei do país desencadearam as lutas de independência nas colônias da América espanhola. A CONJUNTURA HISPANO - AMERICANA
No início do século XIX, quando ocorreu o choque entre a Revolução Industrial inglesa e a Revolução Francesa, o império colonial espanhol na América estava dividido, em termos administrativos, em quatro vicereinados e quatro capitanias gerais. "A administração colonial: vice-reinados e capitanias gerais. Os entraves do monopólio comercial". Os vice-reinados existentes eram Nova Espanha ( México e parte do território atualmente pertencente aos Estados Unidos), Nova Granada ( Colômbia e Equador), Peru e Prata ( Argentina, Uruguai, Bolívia e Paraguai). As capitanias gerais eram Cuba, Guatemala, Venezuela e Chile. Os cargos de vice-rei e capitão-geral eram exercidos por representantes da Coroa vidos diretamente da Espanha, como o eram igualmente todos os altos postos da administração colonial. Desta forma, o aparelho políticoadministrativo colonial era dominado e monopolizado por espanhóis natos. A economia colonial baseava-se na exportação de matérias-primas e, portanto, era dependente do mercado externo monopolizado pela metrópole através do pacto colonial. A mineração baseava-se na extração de ouro e prata e estava concentrada no México e na Bolívia. A agricultura tropical desenvolveu-se na América Central e nas Antilhas, com base no sistema de "plantation", ou seja, grandes propriedades monoculturas, trabalhadas por escravos. A pecuária concentrava-se principalmente no México e no vice-
reinado do Prata. O comércio era praticado nas grandes cidades portuárias, como Buenos Aires, Valparaíso, Cartagena e Vera Cruz. A Espanha exercia o monopólio comercial entre suas colônias e a Europa, o que afetava os interesses econômicos da elite colonial, obrigada a vender, a baixos preços, seus produtos à metrópole e dela comprar, a altos preços, as manufaturas importadas. O mesmo acontecia com os comerciantes e industriais ingleses, forçados a aceitar a intermediação da Espanha e impedidos de vender diretamente as suas mercadorias à América. O fim do monopólio comercial interessava, assim, tanto à elite colonial como à burguesia inglesa, à medida que ambas aumentariam seus lucros com a adoção do livre comércio. Esta convergência de interesses foi um fator decisivo para a vitória do movimento de independência hispano-americano. "A sociedade colonial: brancos, mestiços, índios e negros. Os conflitos entre a aristocracia ‘criolla’ e os ‘chapetones’.". Por essa época a sociedade colonial era formada por uma população de dez milhões de habitantes, divididos em diversas classes sociais. Os brancos constituíam cerca de três milhões e trezentos mil e classificavam-se em chapetones e criollos. Os chapetones, perto de trezentos mil, eram os espanhóis natos que, monopolizando o poder político, dominavam os altos cargos da administração colonial. Os criollos, cerca de três milhões, eram descendentes de espanhóis nascidos na América e formavam a elite econômica e intelectual da colônia, à qual pertenciam os latifundiários, comerciantes, profissionais liberais e membros do baixo clero. A contradição entre a estrutura econômica, dominada elos criollos (partidários do livre comércio), e a estrutura política, controlada pelos chapetones (defensores do monopólio metropolitano), foi também um dos fatores importantes do processo de independência. Os mestiços, descendentes de espanhóis e índios, eram cerca de cinco milhões e dedicavam-se ao pequeno comércio e ao artesanato, enquanto os índios, mais de dez milhões, constituíam a mão-de-obra explorada na mineração e na agricultura. Os negros, perto de oitocentos mil, concentravam-se principalmente nas Antilhas e formavam a mão-de-obra escrava utilizada nas plantations tropicais. Embora sendo esmagadora minoria, eram os criollos e os chapetones que dominavam e determinavam a condução das relações econômicas e políticas das colônias hispano-americanas e era a eles que interessava a ligação com a metrópole ou o rompimento de laços com ela. Assim, a guerra de independência caracterizou-se por ser uma luta entre os criollos, apoiados pela Inglaterra, e os chapetones, apoiados pela Espanha, pelo domínio do aparelho político-administrativo. A GUERRA DE INDEPENDÊNCIA
O processo de independência hispano-americano dividiu-se, grosso modo, em três fases principais: os movimentos precursores (1780 - 1810), as rebeliões fracassadas (1810 - 1816) e as rebeliões vitoriosas (1817 - 1824).
"Os movimentos precursores da guerra de independência: revoltas de Tupac Amaru e de Francisco Miranda". Os movimentos precursores, deflagrados prematuramente, foram severamente reprimidos pelas autoridades metropolitanas. Ainda que derrotados, contribuíram para enfraquecer a dominação colonial e amadurecer as condições para a guerra de independência travada posteriormente. A mais importante dessas insurreições iniciou-se no território peruano em 1780 e foi comandada por Tupac Amaru. Essa rebelião indígena mobilizou mais de sessenta mil índios e só foi totalmente esmagada pelos espanhóis em 1783, quando foram igualmente reprimidas outras revoltas no Chile e na Venezuela. Inspirado no exemplo dos Estados Unidos, o criollo venezuelano Francisco Miranda liderou, a partir desta época, vários levantes e se tornou o maior precursor da independência hispano-americana. Após os Estados Unidos, a segunda independência da América foi realizada pelos escravos trabalhadores das plantations que, em 1793, através de uma insurreição popular contra a elite branca libertaram o Haiti. "As rebeliões de independência fracassadas: a falta de apoio da Inglaterra e dos Estados Unidos". Em 1808, a ascensão de José Bonaparte ao trono da Espanha iria desencadear a guerra de independência na América espanhola, devido aos desdobramentos políticos daquela situação. Na Espanha, o povo pegou em armas contra a dominação francesa; na América, os criollos pronunciaramse pelo "lealismo" e se colocaram ao lado de Fernando VII, herdeiro legítimo de Coroa espanhola. Os criollos, entretanto, evoluíram rapidamente do "lealismo" para posições emancipacionistas e, em 1810, iniciaram a luta pela independência. O fracasso das rebeliõs iniciadas em 1810, foi conseqüência, em grande parte, da falta de apoio da Inglaterra, que empenhada na luta contra a França napoleônica, não pôde fornecer ajuda aos movimentos de independência liderados pela aristocracia criolla. Os Estados Unidos, que possuíam acordos comerciais com a Junta de Sevillha, também não forneceram qualquer ajuda aos rebeldes hispano-americanos. Em 1816, os movimentos emancipacionistas, isolados internamente e sem apoio internacional, foram momentaneamente vencidos pelas tropas espanholas. "A vitória do movimento de independência: apoio da Inglaterra e dos Estados Unidos. A doutrina Monroe". Após a derrota de Napoleão e 1815, a Inglaterra, liberta da ameaça francesa, passou a apoia efetivamente as rebeliões de independência na América, que se reiniciaram em 1817 e só terminariam em 1824 com a derrota dos espanhóis e a emancipação de suas colônias americanas. Naquele ano Simon Bolívar desencadeou a campanha militar que culminaria com a libertação da Venezuela, da Colômbia e do Equador e, mais ao sul, José de San Martín promovia a libertação da Argentina, do Chile e do Peru. Em 1822 os dois libertadores encontraram-se em Guayaquil, no Equador, onde San Martín entregou a Bolívar o comando supremo do exército de libertação.
O processo de independência tornou-se irreversível quando, em 1823, os EUA proclamaram a Doutrina Monroe, opondo-se a qualquer tentativa de intervenção militar, imperialista ou colonizadora, da Santa Aliança, no continente americano. Em 1824, os últimos remanescentes do exército espanhol foram definitivamente derrotados pelo general Sucre, lugartenente de Bolivar, no interior do Peru, na Batalha de Ayacucho. Ao norte, a independência do México fora realizada em 1822 pelo general Iturbide, que se sagrou imperador sob o nome de Agustín I. Um ano de pois, foi obrigado a abdicar e, ao tentar retomar o poder, foi executado, adotando o país o regime republicano. Em 1825, após a guerra de independência, apenas as ilhas de Cuba e Porto Rico permaneceram sob o domínio espanhol. AS CONSEQÜÊNCIAS DA INDEPENDÊNCIA
Em 1826, Bolivar convocou os representantes dos países recémindependentes para participarem da Conferência do Panamá, cujo objetivo era a criação de uma confederação pan-americana. O sonho boliviano de unidade política chocou-se, entretanto, com os interesses das oligarquias locais e com a oposição da Inglaterra e dos Estados Unidos, a quem não interessavam países unidos e fortes. Após o fracasso da Conferência do Panamá, a América Latina fragmentou-se politicamente em quase duas dezenas de pequenos Estados soberanos, governados pelas aristocracia criolla. Outros fatores que interferiram nessa grande divisão política foram o isolamento geográfico das diversas regiões, a compartimentação populacional, a divisão administrativa colonial e a ausência de integração econômica do continente. O pan-americanismo foi vencido pela política do "divida e domine". "À emancipação e divisão política latino-americana segue-se nova dependência em reação à Inglaterra". Assim, entre as principais conseqüências do processo de emancipação da América espanhola merecem destaque: a conquista da independência política, a conseqüente divisão política e a persistência da dependência econômica dos novos Estados. O processo de independência propiciou sobretudo a emancipação política, ou seja, uma separação da metrópole através da quebra do pacto colonial. A independência política não foi acompanhada de uma revolução social ou econômica: as velhas estruturas herdadas do passado colonial sobreviveram à guerra de independência e foram conservadas intactas pelos novos Estados soberanos. Assim, a divisão política e a manutenção das estruturas coloniais contribuíram para perpetuar a secular dependência econômica latinoamericana, agora não mais em relação à Espanha, mas em relação ao capitalismo industrial inglês. As jovens repúblicas latino-americanas, divididas e enfraquecidas, assumiram novamente o duplo papel de fontes fornecedoras de matérias-primas essenciais agora à expansão do industrialismo e de mercados consumidores para as manufaturas produzidas pelo capitalismo inglês. Fonte: www.velloso.com
INDEPENDÊNCIA DA AMÉRICA ESPANHOLA Processo de emancipação das colônias espanholas no continente americano durante as primeiras décadas do século XIX. Resulta das transformações nas relações entre metrópole e colônia e da difusão das idéias liberais trazidas pela Revolução Francesa e pela independência dos EUA. Recebe influência também das mudanças na relação de poder na Europa em conseqüência das guerras napoleônicas. Durante o século XVIII, a Espanha reformula aspectos de seu pacto colonial. A suspensão do monopólio comercial da Casa de Contratação de Sevilha dá maior flexibilidade às relações comerciais entre metrópole e colônia. Mas, ao mesmo tempo, procura impedir o desenvolvimento das manufaturas coloniais e combate o contrabando inglês. Essas medidas contrariam os interesses da elite colonial, os criollos (descendentes de espanhóis nascidos na América), que lideram a maioria dos movimentos emancipacionistas. Eles são considerados inferiores pela elite e proibidos de ocupar cargos públicos, civis ou militares. As guerras travadas pelo Império Napoleônico alteram o equilíbrio de forças na Europa, que se reflete nos domínios coloniais. Em junho de 1808, Napoleão Bonaparte invade a Espanha, destrona o rei Carlos IV e seu respectivo herdeiro, Fernando VII. Impõe aos espanhóis um rei francês, seu irmão, José Napoleão (José I). Na América, os cabildos (instituições municipais que são a base da administração colonial), sob comando dos criollos, declaram-se fiéis a Fernando VII e desligam-se do governo de José I. Passam a exigir ainda maior autonomia, liberdade comercial e igualdade com os espanhóis. Com a restauração da Monarquia após a derrota de Napoleão, a Espanha passa a reprimir os movimentos emancipacionistas. Diante dessa situação, a elite criolla decide-se pela ruptura com a metrópole. Conta com a aprovação da Inglaterra, que, interessada na liberação dos mercados latinoamericanos para seus produtos industrializados, contribui militar, financeira e diplomaticamente com as jovens nações. O Paraguai proclama a independência em 1811 e a Argentina, em 1816, com o apoio das forças do general José de San Martín. No Uruguai, José Artigas lidera as lutas contra as tropas espanholas e obtém vitória em 1811. No entanto, a região é dominada em 1821 pelo rei dom João VI e anexada ao Brasil, sob o nome de Província Cisplatina, até 1828, quando consegue sua independência. San Martín organiza também no Chile a luta contra a Espanha e, com o auxílio do líder chileno Bernardo O''Higginsjump: BAHFF, liberta o país em 1818. Com isso, alcança o Peru e, com a ajuda da esquadra marítima chefiada pelo oficial inglês Lord Cockrane, torna-se independente do país em 1822. Enquanto isso, no norte da América do Sul, Simón Bolívar atua nas lutas pela libertação da Venezuela (1819), da Colômbia (1819), do Equador (1822) e da Bolívia (1825). Em 1822, os dois líderes, Bolívar e San Martín, reúnem-se na cidade de Guayaquil, no Equador, para discutir o
futuro da América hispânica. Bolívar defende a unidade das ex-colônias e a formação de uma federação de repúblicas, e San Martín é partidário de governos formados por príncipes europeus. A tese de Bolívar volta a ser discutida no Congresso do Panamá, em 1826, mas é rejeitada. Em toda a América hispânica há participação popular nas lutas pela independência, mas a elite criolla se mantém hegemônica. No México, no entanto, a mobilização popular adquire contornos de revolução social: a massa da população, composta de índios e mestiços, rebela-se ao mesmo tempo contra a dominação espanhola e contra os criollos. Liderados pelos padres Hidalgo e Morelos, os camponeses reivindicam o fim da escravidão, a divisão das terras e a abolição de tributos, mas são derrotados. Os criollos assumem a liderança do movimento pela independência, que se completa em 1821, quando o general Itúrbide se torna imperador do México. O movimento pela emancipação propaga-se pela América Central (que havia sido anexada por Itúrbide), resultando na formação da República Unida da América Central (1823-1838), que mais tarde dá origem a Guatemala, Honduras, Nicarágua, Costa Rica e El Salvador. O Panamá obtém independência em 1821 e a República Dominicana, em 1844. Cuba permanece como a última possessão espanhola no continente até a Guerra Hispano-Americana. Ao contrário da América portuguesa, que mantém a unidade territorial após a independência, a América espanhola divide-se em várias nações, apesar de tentativas de promover a unidade, como a Grã-Colômbia, reunindo Venezuela e Colômbia, de 1821 a 1830, a República Unida da América Central e a Confederação Peru-Boliviana, entre 1835 e 1838. A fragmentação política da América hispânica pode ser explicada pelo próprio sistema colonial, uma vez que as diversas regiões do império espanhol eram isoladas entre si. Essa situação favorece também o surgimento de lideranças locais fortes, os caudilhos, dificultando a realização de um projeto de unidade colonial. Fonte: www.superzap.com
INDEPENDÊNCIA DA AMÉRICA ESPANHOLA A independência da América espanhola está relacionada às transformações que ocorreram no século XVIII na Europa e que levaram à ruína o Absolutismo. A independência das colônias inglesas na América do Norte, a Revolução Industrial, o Iluminismo e a Revolução Francesa causaram um grande impacto na América Espanhola. Entre o final do século XV e o inicio do século XVI, a Espanha constituiu na América um imenso império colonial, riquíssimo em metais preciosos e que, até o final do século XVIII, foi a principal fonte de sustento da Coroa espanhola. A Coroa dividiu a administração em quatro vice-reinos; Nova Granada, Nova Espanha, Rio do Patra e Peru. Junto foram criadas quatro capitanias com função de defesa: Guatemala, Chile, Cuba e Venezuela.
O Pacto Colonial visava permanecer com o monopólio comercial através de uma série de limitações comerciais e de algumas obrigações por parte da colônia. Em meados do século XVIII, a riqueza das colônias espanholas já não era a mesma. Em séculos anteriores sugou praticamente toda riqueza de algumas regiões. A Espanha tornou-se grande devedora da Inglaterra e da França, pois importava produtos, já que seu desenvolvimento industrial era atrasado. Para contornar a situação, a Coroa espanhola, aumentou os impostos e restringiu ainda mais o comércio colonial. Tais medidas desagradaram os colonos, em especial os criollos. Além dessas restrições econômicas, os criollos também eram proibidos de tomar decisões políticas, pois o controle estava nas mãos dos Chapetones. No século XIX, ocorreram diversas transformações no continente americano. As colônias espanholas e o Brasil se transformaram em Estados nacionais. Simultaneamente, os Estados Unidos se expandiram para o Oeste, enfrentaram uma violenta guerra civil, conhecida como Guerra da Secessão e, por fim, estabeleceram o seu domínio na América Latina. No século XIX, teve inicio o processo de descolonização da América Latina. No século XIX, teve inicio o processo de descolonização da América Latina, levando à formação de Estados independentes, cujo modelo econômico era o agrário-exportador. Pouco antes da emancipação descolonias espanholas, a sociedade colonial se apresentava rigidamente hierarquizado, onde o nascimento, a tradição e a riqueza definiam a posição social do individuo. A elite colonial, dividia-se em: Criollos
Eram descendentes de espanhóis nascidos na América. Chapetones
Eram pessoas nascidas na metrópole e que possuíam todos os privilégios e ocupavam os altos cargos administrativos. Camada intermediaria
Era formada por comerciantes, advogados, médicos, professores, artesões, etc. Camada dominada
Era formada pela grande maioria da população.
Independencia da América Espanhola (resumo)? 1=crise do sistema colonial 2=sociedade colonial 3=Revoltas populares 4=As idéias e a importância de Simon Bolivar •
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Melhor resposta - Escolhida pelo autor da pergunta No início do século XIX a América hispânica, inspirada nas idéias liberais do Iluminismo, travou sua guerra de independência vitoriosa contra colonialismo espanhol para, em seguida, fragmentar-se em um grande número de jovens repúblicas oprimidas por caudilhos militares, exploradas por oligarquias rurais e acorrentadas a uma nova dependência econômica imposta pelo capitalismo industrial inglês. 1 – A CRISE DO SISTEMA COLONIAL O fim do Antigo Regime nas últimas décadas do século XVIII foi conseqüência das transformações ideológicas, econômicas e políticas produzidas pelo Iluminismo, pela Revolução Industrial, pela independência dos Estados Unidos e pela Revolução Francesa. Estes acontecimentos, que se condicionaram e se influenciaram reciprocamente, desempenharam um papel decisivo no processo de independência da América espanhola. As elites da América colonial encontraram na filosofia iluminista o embasamento ideológico para seus ideais autonomistas. A luta pela liberdade política encontrava sua justificativa no direito dos povos oprimidos à rebelião contra os governos tirânicos e á luta pela liberdade econômica na substituição do monopólio comercial pelo regime de livre concorrência. "A Revolução Industrial Inglesa: Viu-se a necessidade de substituir o monopólio comercial por livre concorrência". Por esta época a Revolução Industrial inglesa inaugurava a era da indústria fabril e da produção mecanizada. A exportação das mercadorias inglesas exigia a abertura dos mercados americanos ao livre comércio e esbarrava
nos entraves criados pelo pacto colonial. O monopólio comercial favorecia apenas as metrópoles que lucravam duplamente revendendo os produtos coloniais à Europa e as manufaturas inglesas às suas colônias. Esta política monopolista, entretanto, prejudicava tanto a burguesia inglesa quanto as elites coloniais, e, assim, o desenvolvimento do moderno capitalismo industrial acelerou a crise do antigo sistema colonial mercantilista. E a quebra do pacto colonial e sua substituição pelo libre comércio só poderia se fazer através da independência das colônias em relação às antigas metrópoles. "A independência dos Estados Unidos e a Revolução Francesa aceleraram o fim do sistema colonial luso-espanhol". A independência das treze colônias e a formação dos Estados Unidos, primeiro país soberano do Novo Mundo, tornaram-se o exemplo e a fonte de inspiração para os movimentos latino - americanos que lutavam pela emancipação política e pela ruptura do pacto colonial. O regime republicano, baseado no pensamento iluminista, exerceu enorme fascínio sobre a aristocracia "criolla" da América Espanhola. O maior impacto veio, entretanto, da Revolução Francesa, cujas conseqüências se fizeram sentir tanto na Europa quanto na América. A ascensão de Napoleão Bonaparte, a imposição da supremacia francesa à Europa e o estabelecimento do Bloqueio Continental contra a Inglaterra desferiram um golpe de morte no decadente sistema colonial iberoamericano. A invasão de Portugal pelos franceses rompeu o pacto colonial luso-brasileiro e acelerou a independência do Brasil, ao mesmo tempo em que a ocupação da Espanha por Napoleão e a imposição de José Bonaparte como rei do país desencadearam as lutas de independência nas colônias da América espanhola.
2 – A CONJUNTURA HISPANO - AMERICANA No início do século XIX, quando ocorreu o choque entre a Revolução Industrial inglesa e a Revolução Francesa, o império colonial espanhol na América estava dividido, em termos administrativos, em quatro vicereinados e quatro capitanias gerais. "A administração colonial: vice-reinados e capitanias gerais. Os entraves do monopólio comercial". Os vice-reinados existentes eram Nova Espanha ( México e parte do território atualmente pertencente aos Estados Unidos), Nova Granada ( Colômbia e Equador), Peru e Prata ( Argentina, Uruguai, Bolívia e Paraguai). As capitanias gerais eram Cuba, Guatemala, Venezuela e Chile. Os cargos de vice-rei e capitão-geral eram exercidos por representantes da
Coroa vidos diretamente da Espanha, como o eram igualmente todos os altos postos da administração colonial. Desta forma, o aparelho políticoadministrativo colonial era dominado e monopolizado por espanhóis natos. A economia colonial baseava-se na exportação de matérias-primas e, portanto, era dependente do mercado externo monopolizado pela metrópole através do pacto colonial. A mineração baseava-se na extração de ouro e prata e estava concentrada no México e na Bolívia. A agricultura tropical desenvolveu-se na América Central e nas Antilhas, com base no sistema de "plantation", ou seja, grandes propriedades monoculturas, trabalhadas por escravos. A pecuária concentrava-se principalmente no México e no vicereinado do Prata. O comércio era praticado nas grandes cidades portuárias, como Buenos Aires, Valparaíso, Cartagena e Vera Cruz. A Espanha exercia o monopólio comercial entre suas colônias e a Europa, o que afetava os interesses econômicos da elite colonial, obrigada a vender, a baixos preços, seus produtos à metrópole e dela comprar, a altos preços, as manufaturas importadas. O mesmo acontecia com os comerciantes e industriais ingleses, forçados a aceitar a intermediação da Espanha e impedidos de vender diretamente as suas mercadorias à América. O fim do monopólio comercial interessava, assim, tanto à elite colonial como à burguesia inglesa, à medida que ambas aumentariam seus lucros com a adoção do livre comércio. Esta convergência de interesses foi um fator decisivo para a vitória do movimento de independência hispano-americano. "A sociedade colonial: brancos, mestiços, índios e negros. Os conflitos entre a aristocracia ‘criolla’ e os ‘chapetones’.". Por essa época a sociedade colonial era formada por uma população de dez milhões de habitantes, divididos em diversas classes sociais. Os brancos constituíam cerca de três milhões e trezentos mil e classificavam-se em chapetones e criollos. Os chapetones, perto de trezentos mil, eram os espanhóis natos que, monopolizando o poder político, dominavam os altos cargos da administração colonial. Os criollos, cerca de três milhões, eram descendentes de espanhóis nascidos na América e formavam a elite econômica e intelectual da colônia, à qual pertenciam os latifundiários, comerciantes, profissionais liberais e membros do baixo clero. A contradição entre a estrutura econômica, dominada elos criollos (partidários do livre comércio), e a estrutura política, controlada pelos chapetones (defensores do monopólio metropolitano), foi também um dos fatores importantes do processo de independência. Os mestiços, descendentes de espanhóis e índios, eram cerca de cinco milhões e dedicavam-se ao pequeno comércio e ao artesanato, enquanto os índios, mais de dez milhões, constituíam a mão-de-obra explorada na
mineração e na agricultura. Os negros, perto de oitocentos mil, concentravam-se principalmente nas Antilhas e formavam a mão-de-obra escrava utilizada nas plantations tropicais. Embora sendo esmagadora minoria, eram os criollos e os chapetones que dominavam e determinavam a condução das relações econômicas e políticas das colônias hispano-americanas e era a eles que interessava a ligação com a metrópole ou o rompimento de laços com ela. Assim, a guerra de independência caracterizou-se por ser uma luta entre os criollos, apoiados pela Inglaterra, e os chapetones, apoiados pela Espanha, pelo domínio do aparelho político-administrativo. 3 – A GUERRA DE INDEPENDÊNCIA O processo de independência hispano-americano dividiu-se, grosso modo, em três fases principais: os movimentos precursores (1780 - 1810), as rebeliões fracassadas (1810 - 1816) e as rebeliões vitoriosas (1817 - 1824). "Os movimentos precursores da guerra de independência: revoltas de Tupac Amaru e de Francisco Miranda". Os movimentos precursores, deflagrados prematuramente, foram severamente reprimidos pelas autoridades metropolitanas. Ainda que derrotados, contribuíram para enfraquecer a dominação colonial e amadurecer as condições para a guerra de independência travada posteriormente. A mais importante dessas insurreições iniciou-se no território peruano em 1780 e foi comandada por Tupac Amaru. Essa rebelião indígena mobilizou mais de sessenta mil índios e só foi totalmente esmagada pelos espanhóis em 1783, quando foram igualmente reprimidas outras revoltas no Chile e na Venezuela. Inspirado no exemplo dos Estados Unidos, o criollo venezuelano Francisco Miranda liderou, a partir desta época, vários levantes e se tornou o maior precursor da independência hispano-americana. Após os Estados Unidos, a segunda independência da América foi realizada pelos escravos trabalhadores das plantations que, em 1793, através de uma insurreição popular contra a elite branca libertaram o Haiti. "As rebeliões de independência fracassadas: a falta de apoio da Inglaterra e dos Estados Unidos". Em 1808, a ascensão de José Bonaparte ao trono da Espanha iria desencadear a guerra de independência na América espanhola, devido aos desdobramentos políticos daquela situação. Na Espanha, o povo pegou em armas contra a dominação francesa; na América, os criollos pronunciaramse pelo "lealismo" e se colocaram ao lado de Fernando VII, herdeiro legítimo de Coroa espanhola. Os criollos, entretanto, evoluíram rapidamente do
"lealismo" para posições emancipacionistas e, em 1810, iniciaram a luta pela independência. O fracasso das rebeliõs iniciadas em 1810, foi conseqüência, em grande parte, da falta de apoio da Inglaterra, que empenhada na luta contra a França napoleônica, não pôde fornecer ajuda aos movimentos de independência liderados pela aristocracia criolla. Os Estados Unidos, que possuíam acordos comerciais com a Junta de Sevillha, também não forneceram qualquer ajuda aos rebeldes hispano-americanos. Em 1816, os movimentos emancipacionistas, isolados internamente e sem apoio internacional, foram momentaneamente vencidos pelas tropas espanholas. "A vitória do movimento de independência: apoio da Inglaterra e dos Estados Unidos. A doutrina Monroe". Após a derrota de Napoleão e 1815, a Inglaterra, liberta da ameaça francesa, passou a apoia efetivamente as rebeliões de independência na América, que se reiniciaram em 1817 e só terminariam em 1824 com a derrota dos espanhóis e a emancipação de suas colônias americanas. Naquele ano Simon Bolívar desencadeou a campanha militar que culminaria com a libertação da Venezuela, da Colômbia e do Equador e, mais ao sul, José de San Martín promovia a libertação da Argentina, do Chile e do Peru. Em 1822 os dois libertadores encontraram-se em Guayaquil, no Equador, onde San Martín entregou a Bolívar o comando supremo do exército de libertação. O processo de independência tornou-se irreversível quando, em 1823, os EUA proclamaram a Doutrina Monroe, opondo-se a qualquer tentativa de intervenção militar, imperialista ou colonizadora, da Santa Aliança, no continente americano. Em 1824, os últimos remanescentes do exército espanhol foram definitivamente derrotados pelo general Sucre, lugartenente de Bolivar, no interior do Peru, na Batalha de Ayacucho. Ao norte, a independência do México fora realizada em 1822 pelo general Iturbide, que se sagrou imperador sob o nome de Agustín I. Um ano de pois, foi obrigado a abdicar e, ao tentar retomar o poder, foi executado, adotando o país o regime republicano. Em 1825, após a guerra de independência, apenas as ilhas de Cuba e Porto Rico permaneceram sob o domínio espanhol. 4 – AS CONSEQÜÊNCIAS DA INDEPENDÊNCIA Em 1826, Bolivar convocou os representantes dos países recémindependentes para participarem da Conferência do Panamá, cujo objetivo era a criação de uma confederação pan-americana. O sonho boliviano de unidade política chocou-se, entretanto, com os interesses das oligarquias locais e com a oposição da Inglaterra e dos Estados Unidos, a quem não interessavam países unidos e fortes. Após o fracasso da Conferência do Panamá, a América Latina fragmentou-se politicamente em quase duas
dezenas de pequenos Estados soberanos, governados pelas aristocracia criolla. Outros fatores que interferiram nessa grande divisão política foram o isolamento geográfico das diversas regiões, a compartimentação populacional, a divisão administrativa colonial e a ausência de integração econômica do continente. O pan-americanismo foi vencido pela política do "divida e domine". "À emancipação e divisão política latino-americana segue-se nova dependência em reação à Inglaterra". Assim, entre as principais conseqüências do processo de emancipação da América espanhola merecem destaque: a conquista da independência política, a conseqüente divisão política e a persistência da dependência econômica dos novos Estados. O processo de independência propiciou sobretudo a emancipação política, ou seja, uma separação da metrópole através da quebra do pacto colonial. A independência política não foi acompanhada de uma revolução social ou econômica: as velhas estruturas herdadas do passado colonial sobreviveram à guerra de independência e foram conservadas intactas pelos novos Estados soberanos. Assim, a divisão política e a manutenção das estruturas coloniais contribuíram para perpetuar a secular dependência econômica latinoamericana, agora não mais em relação à Espanha, mas em relação ao capitalismo industrial inglês. As jovens repúblicas latino-americanas, divididas e enfraquecidas, assumiram novamente o duplo papel de fontes fornecedoras de matérias-primas essenciais agora à expansão do industrialismo e de mercados consumidores para as manufaturas produzidas pelo capitalismo inglês.