Conto Zen - O Homem E Suas Crenças

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UM CONTO SOBRE O HOMEM E SUAS CRENÇAS

(Parte do meu livro UM GPS PARA SUA VIDA – que está sendo lido por uma Editora)

O Mestre e o Discípulo caminhavam silenciosos ao lado de um rio de um tom verde esmeralda, que margeava de um lado uma cadeia de montanhas, e de outro uma planície abundante em vales férteis. O dia de um azul intenso contornava o horizonte e o sinal do recolher havia sido dado; pássaros voavam velozes a busca de seu ninho, e também os homens caminhavam mais rapidamente em busca de suas casas, ninhos humanos. - Mestre! Perguntou o Discípulo, depois de uma longa pausa de silêncio. - Sim! Respondeu o Mestre, pode falar. - Tenho me questionado sobre as crenças das pessoas. Não é estranho que todos crêem em algo diferente e mesmo assim, a crença de cada um o satisfaz e o compraz na busca de algo superior ou divino? Pergunto-lhe então, afinal faz alguma diferença em crer em algo específico? Não importa no final se aquela alma encontra Deus a seu modo? - Sim meu caro, no final o que importa é que o homem busque a Deus, não importa se o que move sua fé seja fruto de um ardil, de uma meia verdade, ou de uma mera crença em algo forjado pelos homens. - Mas então Mestre, qual o valor de se buscar por uma verdade absoluta ou uma verdade mais coerente, ou de desmascarar crenças consideradas pagãs ou recheadas de dogmas, ou de provar que muitos livros ditos sagrados não foram tão sagrados e outros foram adulterados? - Veja, preferirias viver na Idade da Pedra do que na Era Moderna onde um conforto digno é a grande conquista desta era? Dirias que todo progresso é negativo? Que toda evolução foi em vão? E como isto foi possível senão contradizendo teorias e conceitos? Todo progresso foi construído em cima da desconstrução de uma teoria que foi superada ou aperfeiçoada graças à contestação dela ou de algum elemento dela.

HELE NA SCH AFFNER – MAIO 20 09 - JARINU – SP – BR ASIL - PG 1 - 6

UM CONTO SOBRE O HOMEM E SUAS CRENÇAS

Não há meta mais sagrada do que se aproximar da absoluta simplicidade da Verdade, ou da Divindade, que são sinônimas. Portanto, o que não se deve é desmascarar algo para alguém que não tenha demonstrado desconfiança e ceticismo em relação ao seu sistema de crença, assim como não iríeis tirar a doce fantasia da criança em relação ao Papai Noel, só porque de fato ele não existe. Ou iríeis zombar do aluno primário só porque ele ainda não chegou ao ginásio e não entende algumas fórmulas? Que diremos então de se tornar um aluno universitário? Dirias que não faz sentido estudar até um nível superior? Que seria melhor que todos tivessem apenas um nível primário ou que continuassem analfabetos em seu sistema de vida infanto-pueril? Assim, meu Caro, a Vida prossegue e exige a evolução de tudo, tudo evolui paralelamente: a mente, alma, a matéria, o espírito. Se de um lado devemos respeitar um sistema enquanto ele estiver “levando algum conforto para alguma alma”, de outro lado, não podemos ignorar que muitos contestam seus sistemas e isto também deve ser respeitado, significa que a alma quer saltar a níveis superiores de compreensão. A mensagem central é esta meu caro: - Não excluir! A vida não é isto ou aquilo. Ela sempre é ambos. Ela é tudo. É preciso apenas aprender a diferenciar e a respeitar as diferenças ou aprender a transcendêlas, mas não por mera exclusão, e sim por transcender aquele nível! Esta diferença é fundamental em tudo! Dizendo isto, o Mestre aproveitou um trecho com areia e desenhou a seguinte figura no chão:

HELE NA SCH AFFNER – MAIO 20 09 - JARINU – SP – BR ASIL - PG 2 - 6

UM CONTO SOBRE O HOMEM E SUAS CRENÇAS

Centro: a meta!

Nível médio

Nível elementar

A meta do ser humano é atingir o Centro Divino vivendo na matéria e por meio da matéria. Ele caminha, atravessa vários círculos menores até que a alma um dia alcança o menor dos círculos: o ponto final! Vede, a Alma anseia pelo Eterno, pelo Centro, pelo Ponto Final. Desmascarar meias verdades, superar etapas, questionar modelos, equivale a não girar em círculos! Equivale a transcender círculos e um dia atingir a Meta Sagrada: - a União com o Eterno! Não podemos desprezar o valor do primário, de modelos religiosos baseados em dogmas, em meias verdades: eles têm sua função para a alma, ou para algumas até certo ponto, e um dia, quando muitas almas individualmente questionam algo, pode-se dar um salto coletivo e um povo ou raça pode superar um dogma, desmistificar uma meia verdade e saltar para outro círculo! Portanto, existe um valor extraordinário em cada alma que amadurece e questiona sistemas! Elas, um dia, somadas, farão a diferença para ocorrer um salto quântico coletivo. Assim, meu caro e dileto discípulo, existem sistemas religiosos ou grupos que satisfazem o círculo primário, outras o círculo secundário e outras que correspondem a almas altamente maduras, que não requerem mais rituais, etapas, preparos, tudo isto já experenciado: elas seguem métodos simples, diretos, retos ao Centro.

HELE NA SCH AFFNER – MAIO 20 09 - JARINU – SP – BR ASIL - PG 3 - 6

UM CONTO SOBRE O HOMEM E SUAS CRENÇAS

Na periferia encontram-se todos os sistemas religiosos baseados em alguma teologia adaptada por mentes humanas tendo por centro algumas revelações que consideram chaves; são sistemas de massa, que correspondem a pessoas que não podem ainda pensar por si, deixam-se guiar plenamente por tais sistemas, onde suas almas amadurecem! No meio encontram-se seres que já tomaram alguma decisão de vincular-se a algum grupo ou escola que vise o nível da Alma, ou seja, a alma sempre pensa em termos grupais. Aqui temos outro vasto tapete colorido de formas e métodos, cada um achando seu o único e o certo! Próximo ao Grande Centro encontramos pequenos grupos ligados a algum mestre de fato, ou escolas semi-fechadas, mas não de caráter oculto ou metafísico, ou então Almas tão maduras que seguem “individualmente” seu caminho, não por falta de adaptação em grupos, mas por não responderem mais a seus anseios profundos por um contato direto e reto! O círculo externo corresponde a haste horizontal da cruz; o mediano à vertical e o centro, como o próprio nome diz, a convergência de ambos! A cruz é um elemento simbólico antigo, tão antigo quanto o Planeta Terra que busca realizar sua via crucis pelo Universo de Nebadon, cumprindo a mais misteriosa das funções já vividas por algum planeta, por isto, de fato, esta é a Escola das Escolas! Estar aqui e atingir as alturas do Eterno Centro é o prêmio máximo já alcançado nas últimas Eras Cósmicas. Portanto sede mansos, mas a mansidão fruto da reflexão, da profundidade de vossa Alma Anelante por Paz e Pureza! Esta mansidão é provida de grande atividade, no interior e exterior, mas não uma atividade nervosa e tensa, e sim fervorosa e intensa! Dizendo isto, ele se calou por um longo tempo. As estrelas ainda brilhavam no mesmo céu, mas já não eram mais as mesmas estrelas. Apenas os dois homens permaneciam silenciosos contemplando, foi quando o Discípulo perguntou ansioso:

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UM CONTO SOBRE O HOMEM E SUAS CRENÇAS

- Mestre, qual a metáfora do Filho em relação à Criação? Calado, mas atento, o Mestre se levantou e deu dez passos para frente. - Isto é o Filho: o Futuro! Toda a Criação é o Filho Único, o Futuro, a Semente do Pai germinada no seio da Matéria em suas infinitas graduações e densidades, nem todas perceptíveis aos falhos olhos humanos! Lembre-se, portanto, que ninguém vem ao Pai senão por Mim, também pode ser interpretado assim, pois todos somos partes do Futuro do Pai. Todos somos seus Filhos realizando sua Idéia. Você é Filho do Universo, seus irmãos são também as Estrelas e as Árvores, e, portanto, trate a tudo e todos com carinho, pois o Universo é seu Caminho para o Pai! Não há nada que não seja digno de ser vivido, não há nada que um dia não deva ser incluído, porque a Vida é esta estranha experiência de viver para ganhar consciência. E o que seria da Vida sem sua consciência? Seria como uma casa sem habitante! Como ser adulto sem ter tido infância! Como ser sábio sem ter sido ignorante! Como ser pássaro e não saber cantar! A Vida é, pois, esta singular maneira de se expressar e cada Ser Humano é único, especial, viva pois tua vida como tal! Seja um pouco mais corajoso: viva como um homem e não como um bicho medroso! Seja um pouco mais audacioso: viva sua vida, única, tão temporária, com mais ardor, mais amor! Realize algo de ti, algo pleno, mesmo que pequeno, mas que seja teu melhor presente para este Futuro que tem tanto tempo pela frente e, ao mesmo tempo, está contido no Eterno Presente.

Dizendo isto, o Mestre se calou.

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UM CONTO SOBRE O HOMEM E SUAS CRENÇAS

O discípulo, cansado, mas apenas fisicamente, entendeu que a Vida não dá para ser definida, resolvida, calculada, pois toda ela é um gigante palco de experiências simples e complexas ao mesmo tempo e que só o tempo, nesta terceira dimensão, pode trazer as respostas ao coração, feitas pela mente que tenta entender a criação. - Isto mesmo! Respondeu o Mestre atento! A vida não é algo para ser definido e concluído. Ela é um processo, não uma conclusão, apenas quanto às etapas. Algumas almas concluem o primário, outras o nível secundário e algumas estão se doutorando na Arte de Viver. Portanto, viva, mas faça perguntas sim, porque apesar de tudo, o ato de se perguntar vai dinamizar todos os processos e torná-los menos complicados e vai evitar uma perda de tempo preciosa para esta personalidade, que só tem uma Vida enquanto esta personalidade, para alavancar a alma e garantir sua imortalização. PERGUNTAR TEM O EFEITO DE CRIAR UMA CHAVE PARA UMA PORTA CUJO ACESSO ESTARIA NATURALMENTE NEGADO. - PEDI E DAR-SE-VOS-Á! - BATEI E ABRIR-SE-VOS-Á! - Entendei a mensagem! Dizendo isto o Mestre se levantou e caminhou em direção ao sol nascente e para o espanto do Discípulo ele se dissolveu na sua frente! Ponderou as últimas palavras e concluiu que estava na hora de parar de perguntar fora, e sim para si, para dentro! Agradeceu mentalmente pela grande graça de ter tido um mestre externo para inspirar sua busca interna! Sorriu para o sol e caminhou em direção a sua casa, sabendo que o Centro do Universo está em seu Coração! O Mestre, aproveitando o poder do sorriso de abrir o coração, pulou de mansinho num cantinho do Coração e sorriu também! Afinal, agora podia voltar pra sua casa e preparar um banquete para quando o “seu ego” externo entendesse que ele não era alguém externo, separado, mas seu Eu interno sagrado! Helena Schaffner – Maio 2009

HELE NA SCH AFFNER – MAIO 20 09 - JARINU – SP – BR ASIL - PG 6 - 6

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