Mundos Platão parte da análise da alma do homem e estabelece um paralelo com a cidade que surge da incapacidade do indivíduo de satisfazer sozinho as suas necessidades o homem depende inteiramente da coletividade. Distingue dois mundos: Mundo das almas que corresponde ao Divino, imortal, inteligível, onde reside a verdadeira realidade. Entende que depois de Deus, a alma é o há de mais sagrado e digno de honra. Nela reside a verdadeira realidade – “Tudo o que existe na terra é uma representação das ideias”; e o Mundo corpóreo → humano, mortal, não inteligível, dissolúvel. “O corpo é a prisão da alma” - o verdadeiro empecilho para se atingir a verdade. Morte Total desvalorização do corpo humano, desprezo pela vida humana. É depois da morte que o homem atinge a felicidade suprema, é a salvação, o momento de libertação da alma face ao corpo. A morte é o (sentido último de liberdade em Platão e em Sócrates), é a felicidade. República A forma de governo perfeita para Platão, descrita em A República é a aristocracia. Esta degenera em timocracia, oligarquia, democracia e tirania. Considera que em democracia os sofistas transformavam os valores morais conforme os seus apetites, impondo a sua superioridade física, intelectual e social, banindo os sábios do poder. Em A República, Platão idealiza uma cidade, na qual dirigentes e guerreiros representam a pura racionalidade e compreendem todas a renúncias impostas pela razão. Partidário de uma elite sobre uma massa desprezível, Platão confia aos sábios o governo do Estado (Governo dos Homens) detentores de sabedoria e de virtude que não se encontram subordinados à lei. Esta ausência de limites normativos do poder é fundante em modelos ditatoriais e totalitários. Platão acredita que o homem nunca escolhe voluntariamente o mal e se o faz é por ignorância ou incontinência – Absolutismo paternalista – Crença ilimitada na motivação do Homem, no filósofo sábio como governante, desconfiança na lei. Para implantar o seu sistema de governo, Platão imagina que se deve começar da estaca zero. Defende que a sociedade humana se aperfeiçoa através do processo seletivo e confere ao Estado o poder de selecionar os cidadãos. O estado educa os filhos, separando-os dos progenitores “justificando-se que se usem todos os meios possíveis para que nenhum deles reconheça a progenitora”.
(Os que têm deficiências ou qualquer problema genético serão mais lentos na evolução coletiva que visa a perfeição (sociedade utópica) através do aperfeiçoamento individual, logo deverão ser eliminados. Lança as bases para o Eugenismo → deploração e seleção racial, do século XIX.) (Dizer só as 3 classes) O objetivo da seleção dos cidadãos seria a sua distribuição destes em três o rdens da sociedade, de acordo com o carácter que demonstrassem: à ordem dos governantes (pertenceriam os sábios, que se deixam conduzir pela justiça, cabendo ao melhor dos quais, após um longo período de formação, o cargo de Filósofo-Rei, autoridade última da cidade); aqueles que se distinguissem pela coragem deveriam integrar a ordem dos guardiões/guerreiros, com a tarefa de zelar pela segurança interna e externa da cidade; os restantes, que se deixam dominar pelas coisas dos sentidos, fariam parte da ordem dos produtores ou artífices, com a função de prover às necessidades materiais da cidade, cuidando da agricultura, da indústria e do comércio. Para Platão a sua cidade era composta por uma diversidade de classes distinta (camponeses, chefes, operários…) em que cada classe representa um aspeto da alma inteira, que é a cidade. A cidade seria justa se cada uma das classes cumprisse a sua função - a perfeição é o conjunto. Platão propõe-nos uma sociedade hierarquizada, mas ao mesmo tempo unificada. No entanto, receia a divisão de pobres contra ricos. O individuo só existe dentro do Estado e para o Estado (fica liberto de qualquer responsabilidade pessoal) e este controla tudo, nomeadamente os casamentos procriação, etc. - Ausência de qualquer noção de direitos humanos; Esta particularidade acaba por conferir o caráter utópico da República. (“As Leis”: Platão abandona o radicalismo da solução de “A República” e acaba por reconhecer a necessidade de leis e de os homens lhe obedecerem, parecendo conferir importância à vida e ao corpo humano. Formulação do princípio geral de justiça – a melhor demonstração de bondade é não abusar do poder quando se o pode fazer, relativamente a pessoas que lhe são mais débeis.)
Posto isto, numa breve introdução aos capítulos da obra, analisados e aprofundados pelos restantes colegas. Podemos evidenciar que; A obra é composta por 10 livros (assim designado), sendo que podemos propor cinco partes principais:
● O livro I é uma espécie de prólogo em que é retratado o problema da justiça nos seus termos mais simples. A este problema são propostas diversas soluções, demonstrando-se as suas insuficiências. ● Os livros, II, III e IV tem por objeto definir a justiça, estudando-a na cidade perfeita, ideal. Ora, como não se encontra semelhante cidade nem na história, nem na realidade presente, cumpre fundá-la completamente na imaginação. ● Nos livros V, VI e VII estudar-se-ão a particularidade da sua organização, o seu governo, as qualidades requeridas aos seus magistrados, e estabelecer-se-á um plano completo de educação. ● Nos livros VIII e IX vemos que as vantagens da justiça estão a assumir todo o valor se não forem opostas aos malefícios provenientes da injustiça. Depois de descrita a cidade justa é necessário recorrer os olhos sobre as cidades injustas e estudar os males que as conduzem à ruína. O mesmo acontece na alma humana. Platão parece reconhecer o caráter utópico do projeto político, no final do livro IX. ● No livro X após desfrutar da felicidade que a felicidade de sabedoria proporciona no mundo, a alma justa receberá recompensas dignas da sua natureza e prosseguirá o seu imortal destino